Vi muita gente falando mal desse filme e resolvi finalmente assistir. Que nada, achei um filmaço. O clima dele é muito divertido e a Anne Hathaway e a Meryl Streep estavam fenomenais, mas o que mais adorei foram as personagens delas.
A Andy é inteligente, querida e muito esperta. Aprendeu muito, fez coisas erradas pra sobreviver na profissão, mas tomou muito shade desnecessário de todo mundo ao seu redor. No fim, não perdeu seu brilho e sua querideza, até nos momentos ruins. Aparentemente se livrou de um namorado péssimo, de amigos péssimos e de um emprego péssimo. Ninguém, absolutamente ninguém dos círculos dela, apoiou ela, mas todo mundo sentiu/sentirá falta dela. Jornada muito interessante para uma protagonista.
Já a Miranda é uma figuraça. Inteligente também, bastante conceituada e infeliz com isso. É muito boa no que faz, ao custo de uma vida mais feliz talvez? Precisa manter sua fachada de pessoa que não se importa, e todo mundo puxa saco dela. Todo mundo fala o que ela quer ouvir e todo mundo realiza os pedidos absurdos dela (até porque famosos e poderosos, quando ouvem o que não querem, se afastam desse tipo de pessoa e vão atrás dos puxa-saco, e a Andy, esperta, tolerou ser essa pessoa por pouco menos de 1 ano para se dar bem e se deu bem ainda bem)(chega de usar a palavra bem).
Diante de toda grandeza do nome Miranda Priestly tem também um quê de infantilidade, de criança birrenta que nunca cresceu e com medo de encarar inseguranças. Uma personagem fascinante. No fundo ela é gente como a gente, mas precisa agir como se não fosse pra manter viva sua persona pública.
Além de um Marlon Brando completamente magnético em cena (a meu ver a principal qualidade artística de um ator), Sindicato de Ladrões (ou On the Waterfront) contém também algo inusitado e que eu jamais imaginei que precisava ver:
O PADRE MAIS BADASS DE TODOS OS TEMPOS. Para muito mais que um ator excepcional como Karl Madden, o Padre Barry em nenhum se apavorou ao encarar a máfia, arriscou sua vida em todos os momentos fazendo isso, entendendo perfeitamente sua posição de vulnerabilidade por conta de sua filosofia essencialmente enraizada em sua interpretação religiosa de pacifismo, mas ao mesmo tempo também extremamente espiritual ao se sentir protegido por Deus.
Diante de todas as críticas infindáveis que podemos fazer à religião, esse personagem representa um lado que na minha opinião é muito positivo que a religião pode trazer. O Padre Barry se importava com o bem-estar da sua comunidade e com as injustiças, exploração e violência cometidas por uma máfia que se adonou de um sindicato.
Sobre a questão dos sindicatos, aliás, importante fazer uma ressalva quanto a este filme e seu contexto histórico. Os anos 50 foram marcados pelo Macarthismo nos EUA e pela perseguição implacável vindo da elite política de Washington a tudo que era visto como "comunista" ou "antiamericano". Na época, os sindicatos e uniões de trabalhadores foram demonizados e perseguidos e, como consequência dessa perseguição e enfraquecimento dos sindicatos, até hoje a questão de direito trabalhista é um tema delicado por lá e só recentemente, na atual década de 2020, pós-pandemia e pós Grande Resignação que os sindicatos estão voltando a tomar forma nos EUA, com destaque para sindicatos formados por funcionários de big techs como Apple e Amazon como resposta às condições de trabalho cada vez mais exigentes e deteriorantes.
Após essa breve divagada hahaha, acho importante destacar alguns pontos: 1) o contexto da época do filme não anula a corrupção que existia em sindicatos e sua consequente violência, logo, acho que a crítica é muito justa; 2) é preciso levar em consideração, por outro lado, que o filme foi promovido e exaltado por conta desse ataque aos sindicatos, visto que demonstrar ao público que os sindicatos são problemáticos era algo útil na época para a máquina de propaganda de Hollywood. É possível apreciar as qualidades do filme e ao mesmo tempo levar em consideração a problemática da época.
Outro possível spoiler, agora da excepcional série de TV The Wire e sua relação com este filme:
Incrível como a 2ª temporada da série parece ter se inspirado nessa obra. Toda a temática de Frank Sobotka, corrupção no sindicato, condições ruins de trabalho, mas com essa adequação à temática atual de tráfico internacional de drogas fez total sentido. Pra mim, ter assistido On the Waterfront engrandeceu ainda mais minha relação com a ótima 2ª temporada de The Wire.
Enfim, no geral, um excelente filme. Cativante do início ao fim, muito bem ambientado e com temáticas muito interessantes.
Gostei bastante deste filme. Ele funciona muito como um jogo de xadrez no sentido de sua aparente simplicidade que revela sua complexidade e capacidade de ser fascinante conforme avança.
Na superfície, esse filme é algo tão simples como 12 homens sentados em uma mesa (ou como peças dispostas num tabuleiro), mas quando eles começam a discutir o caso em questão o bagulho fica cada vez mais complexo e é possível capturar diversas nuances em cada um dos 12 personagens e nas infinitas relações que cada um deles tem entre si (assim como no xadrez cada peça e movimento muda dramaticamente o que acontece no jogo e aumenta a complexidade do que está acontecendo).
Ao mesmo tempo, se detalhezinhos pequenos mudam completamente um jogo de xadrez, poderiam mudado esse filme também. E se fosse assistir novamente tenho certeza que capturaria outras particularidades incríveis que não peguei de primeira.
Poderia escrever parágrafos sobre cada um dos personagens e de suas relações. Qualquer um poderia. Muitos já fizeram e isso é impressionante para um filme de uma hora e meia.
O filme prende demais a atenção muito por conta também da relação de nós, audiência, cada um com sua convicção e seu senso de justiça, com os personagens.
Minha raiva com a postura de alguns personagens me manteve com os olhos colados na tela o tempo todo. Eu tava doido para entrar naquela sala, questionar e usar argumentos para convencer os preconceituosos teimosos. Justamente por isso, inclusive, que o personagem que mais me deu raiva foi o crianção que queria terminar logo pra ir embora e assistir um jogo de beisebol. Não era nem ódio e preconceito, era simplesmente um descolamento do que estava acontecendo. Para mim esse tipo de indiferença egoísta é um dos piores tipos de maldade, pois não é uma maldade direta nem agressiva nem intencional, mas tem potencial de ser tão danosa quanto.
Recomendo demais 12 Homens e uma Sentença para quem quer se manter vidrado assistindo e para isso não se importa em ter ou não efeitos especiais ou ação violenta o tempo todo. Tenho certeza que é um filme que vai te trazer insights muito legais. No meu coração esse filme deu um xeque-mate.
Um filme que o Tarantino fez homenageando seus fãs, mas também a Hollywood como um todo. No fim, o diretor admitiu qual a sua "fórmula secreta", agradou a todos nós fãs e mais uma vez usou um excelente Brad Pitt fazer justiça histórica.
Ao que me parece, em nenhum momento o roteiro ou a direção de "A Hora Mais Escura" fez julgamento de valor em favor (ou contra) das operações americanas no Paquistão. Em nenhum momento exaltou tortura e ataques de drone, apenas os descreveu da forma mais crua possível.
As queixas sobre viés vão da maneira como o telespectador aborda a obra que está assistindo. Infelizmente muitos deixam isso atrapalhar a experiência de um filme muito bem feito que não julga, mas tenta RETRATAR o evento-tema de sua história: a morte de Osama Bin Laden.
Pessoalmente, achei o filme acelerado e um pouco superficial, com pouca coisa para se extrair. Também senti dificuldade em simpatizar com os personagens. Em nenhum o momento a protagonista tratada pelo filme como uma heroína (se isso acontecesse, aí sim daria pra dizer que houve julgamento de valor). Porém, além de ótimo entretenimento, é uma obra bem escrita e bem dirigida, que tenta explicar um evento importante da história moderna.
Junho de 2013, foi quando aconteceu toda essa história que o filme Citizenfour nos mostrou. Aqui no Brasil, aquilo era notícia de segundo plano, devido aos famosos protestos de 2013, que aconteceram justamente em Junho. Anos se passaram, e apesar de ao longo do tempo eu ter buscado me informar sobre o caso Snowden pela imprensa e pela internet, toda essa coisa da NSA sempre foi algo muito nebuloso pra mim, algo que não conseguia entender o suficiente ao ponto de conseguir criar um raciocínio em cima de toda essa situação. Citizenfour expandiu este assunto para mim. Nada explica melhor o caso Snowden do que este documentário, que mostrou os acontecimentos em questão "in loco". Espetacular por parte de Laura Poitras.
Qual seria, no mundo de hoje, a "entidade" comandada por humanos mais poderosa do nosso planeta? Certamente seria o governo dos Estados Unidos da America. E é justamente um cidadão americano que trabalha para tal entidade, que, sozinho, decide arriscar sua vida pessoal tranquila e sua vida profissional promissora e estável, por algo maior do que ele (segundo suas palavras: "a maior máquina de opressão já criada pelo homem"). Goste ou não, concorde com ele ou não, apoie ele ou não, Edward Snowden é, pelo que fez, um dos seres humanos mais corajosos do século XXI, e, guardadas as devidas proporções, talvez um dos mais corajosos de toda a história documentada da humanidade.
Graças a Snowden, sei que o governo americano provavelmente terá em mãos este meu comentário sobre o filme Citizenfour publicado no site Filmow. Anos depois, quase ninguém fala ou se importa com o que Snowden, Greenwald e cia revelaram com detalhes ao mundo, aparentemente nem eu mesmo. Só o tempo mostrará quais as consequências disso.
'Dr. No' é um filme que está na média, não é algo sensacional, porém está longe de ser ruim. Definitivamente, como primeiro da franquia, a introduz muito bem e praticamente dita o ritmo da mesma.
Sean Connery é o James Bond. Há papéis em que apenas um ator específico interpreta de forma satisfatória. Dificilmente outra pessoa foi um Bond melhor que o Sean. Já Ursula Andress ficou marcada pela cena do biquíni e tornou regra a existência de uma Bond Girl, porém ela vai além de uma mulher bonita, pois interpreta de forma competente uma personagem bem legal.
Putz, este é um exemplar perfeito daqueles filmes que te deixam perguntando: "como é que eu não vi antes?". 'C'era una volta il West' - ou 'Once Upon a Time in the West' é um filme épico que beira a perfeição em quase todos os aspectos técnicos/artísticos.
Entre Claudia Cardinale, Charles Bronson e Henry Fonda fica difícil definir um "melhor", se é que houve um entre eles.
CHEYENNE: "By the way, you know anything about a man going around playing the harmonica? He's somebody you'd remember. Instead of talking, he plays. And when he better play, he talks"
O roteiro desse filme é genial! O enredo de Incendies é complexo e intrigante, recheado de detalhes minuciosos que, primeiramente, passam despercebidos pelo telespectador e possui um plot twist chocante que me deixou boquiaberto até o último segundo da obra. Definitivamente fui feito de bobo, levei um belo de um soco no estômago.
Sobre a direção de Denis Villeneuve não tenho o que falar, o cara manda muito. O mesmo vale para o diretor de fotografia André Turpin.
Muito sexo, muitas drogas, um pouquinho de rock'n roll, uma direção de alto nível do Scorsese, e um roteiro do Terence Winter que soou perfeitamente como uma adaptação cômica da vida do Jordan Belfort.
Achei que foi um filme muito gostoso de assistir. Fora do comum, e muito autêntico. Adorei!
Um filme absurdamente bem-escrito e com uma direção excelente. Mais um excelente trabalho do Tarantino (e seu primeiro como diretor) Gostei bastante.
Acredito que, mesmo com vários grandes nomes envolvidos, o que mais me chamou a atenção foi o Steve Buscemi. Além de o Mr. Pink ter sido o meu personagem favorito, eu me impressiono cada vez mais com a atuação do Buscemito a cada trabalho dele que eu vejo (ainda falta Boardwalk Empire).
POSSÍVEIS SPOILERS DE "PULP FICTION", "NATURAL BORN KILLERS" E "RESERVOIR DOGS":
- O nome verdadeiro do Mr. Blonde é Vic Vega. Seria ele irmão do Vincent Vega de Pulp Fiction, interpretado pelo John Travolta? Os dois atores são até parecidos fisicamente.
E durante o filme, outras duas coisas me chamaram a atenção para este "universo tarantinesco". Numa cena, o Joe pergunta ao Mr. Blonde o que tinha acontecido com um tal de Marsellus, provavelmente em referência ao Marsellus Wallace de Pulp Fiction. O Mr. Blonde também cita que seu oficial da condicional é um policial chamado Scagnetti. Em Natural Born Killers (com roteiro originalmente escrito por Tarantino, mas vendido ao diretor Oliver Stone, que consequentemente o dirigiu), um dos personagens centrais do filme era um policial com o sobrenome Scagnetti.
É no mínimo curioso. Agora percebi que o tal universo tarantinesco realmente pode existir, e que todos os filmes do diretor possuem pequenas conexões.
Gente chamando de clichê? Sério. Podem não gostar do filme, eu respeito isso, é bom uma diversidade de opiniões. Mas poxa, esse é um dos filmes mais autênticos e singulares da história do cinema! Vocês sabem ao menos o que significa a palavra "clichê"?
Adorei o filme. Decidi assistir após o Wes Anderson ter dito que "Trouble In Paradise" foi uma das inspirações para "The Grand Budapest Hotel". E realmente, há muitas semelhanças no roteiro de ambos os filmes, com o mesmo humor bobinho e divertido, dividindo espaço com uma história que mescla drama e comédia com perfeição (e também aliados a excelentes interpretações por parte do elenco).
Acima de tudo, um filme divertido. Vale a pena assistir. Lubitsch é um monstro na direção. Na década de 30, com tantas limitações visuais, ele conseguiu fazer melhor do que muita gente dos tempos atuais.
Antes de tudo, preciso dizer que não sou um grande admirador de ficção científica. Apesar de eu gostar de assistir coisas desse gênero, é um dos que menos costumo "amar", na falta de uma palavra mais adequada. Porém, Blade Runner foi uma ótima surpresa para mim. É o melhor filme de ficção científica que já vi, ou melhor dizendo, o meu favorito do gênero.
Posso dizer que renovei minha fé em filmes deste estilo. Aliás, nem sei se o considero como ficção científica acima de tudo, pois pareceu bastante com um drama, questionando muitos aspectos interessantes em seus brilhantes personagens, sendo a humanidade deles, a maior e mais relevante delas.
Excelente filme! Pretendo assistir Blade Runner novamente e recomendo para quem estiver em busca de entretenimento de qualidade.
Quando eu estava no 2º ano do Ensino Médio, meu ousado e inteligentíssimo professor de português decidiu passar este filme para toda minha turma. A rejeição a ele (o filme) havia sido quase unânime, eu tinha sido um dos poucos a gostar. Só que, curiosamente, apesar de o filme ter incitado bastante o meu senso crítico, eu não havia entendido quase nada dos temas que ele havia abordado. Foi pouca coisa mesmo, mas já havia ligado meu desejo por ideias e percepções.
Hoje, mais maduro do que na época, assisti ao filme novamente, e posso dizer que mudou bastante minha percepção sobre as coisas. Entendi muito mais das várias mensagens que este denso filme quis passar. Digo com segurança que me ajudou a "ver" as coisas de forma menos simplista.
Nem preciso elogiar muito a qualidade audiovisual também, que fica bastante ofuscada pela tentativa do filme em expor ideias. O roteiro é excelente, ele prende a sua atenção (caso você esteja, obviamente, interessado nele), e é admirável como usaram apenas uma locação para todo o filme, e fizeram todos esses pequenos cenários interagirem com os diálogos, quase formando um sistema de interdependência, como propõe uma das ideias do filme hehehe.
É uma excelente obra. Uma verdadeira caminhada pela mente, como o próprio nome original propõe. Não o recomendo ao grande público, mas apenas a pessoas específicas que gostem de refletir/filosofar, e que também curtam obras parecidas.
O Diabo Veste Prada
3.8 2,4K Assista AgoraVi muita gente falando mal desse filme e resolvi finalmente assistir. Que nada, achei um filmaço. O clima dele é muito divertido e a Anne Hathaway e a Meryl Streep estavam fenomenais, mas o que mais adorei foram as personagens delas.
A Andy é inteligente, querida e muito esperta. Aprendeu muito, fez coisas erradas pra sobreviver na profissão, mas tomou muito shade desnecessário de todo mundo ao seu redor. No fim, não perdeu seu brilho e sua querideza, até nos momentos ruins. Aparentemente se livrou de um namorado péssimo, de amigos péssimos e de um emprego péssimo. Ninguém, absolutamente ninguém dos círculos dela, apoiou ela, mas todo mundo sentiu/sentirá falta dela. Jornada muito interessante para uma protagonista.
Já a Miranda é uma figuraça. Inteligente também, bastante conceituada e infeliz com isso. É muito boa no que faz, ao custo de uma vida mais feliz talvez? Precisa manter sua fachada de pessoa que não se importa, e todo mundo puxa saco dela. Todo mundo fala o que ela quer ouvir e todo mundo realiza os pedidos absurdos dela (até porque famosos e poderosos, quando ouvem o que não querem, se afastam desse tipo de pessoa e vão atrás dos puxa-saco, e a Andy, esperta, tolerou ser essa pessoa por pouco menos de 1 ano para se dar bem e se deu bem ainda bem)(chega de usar a palavra bem).
Diante de toda grandeza do nome Miranda Priestly tem também um quê de infantilidade, de criança birrenta que nunca cresceu e com medo de encarar inseguranças. Uma personagem fascinante. No fundo ela é gente como a gente, mas precisa agir como se não fosse pra manter viva sua persona pública.
Sindicato de Ladrões
4.2 295 Assista AgoraAlém de um Marlon Brando completamente magnético em cena (a meu ver a principal qualidade artística de um ator), Sindicato de Ladrões (ou On the Waterfront) contém também algo inusitado e que eu jamais imaginei que precisava ver:
O PADRE MAIS BADASS DE TODOS OS TEMPOS. Para muito mais que um ator excepcional como Karl Madden, o Padre Barry em nenhum se apavorou ao encarar a máfia, arriscou sua vida em todos os momentos fazendo isso, entendendo perfeitamente sua posição de vulnerabilidade por conta de sua filosofia essencialmente enraizada em sua interpretação religiosa de pacifismo, mas ao mesmo tempo também extremamente espiritual ao se sentir protegido por Deus.
Diante de todas as críticas infindáveis que podemos fazer à religião, esse personagem representa um lado que na minha opinião é muito positivo que a religião pode trazer. O Padre Barry se importava com o bem-estar da sua comunidade e com as injustiças, exploração e violência cometidas por uma máfia que se adonou de um sindicato.
Sobre a questão dos sindicatos, aliás, importante fazer uma ressalva quanto a este filme e seu contexto histórico. Os anos 50 foram marcados pelo Macarthismo nos EUA e pela perseguição implacável vindo da elite política de Washington a tudo que era visto como "comunista" ou "antiamericano". Na época, os sindicatos e uniões de trabalhadores foram demonizados e perseguidos e, como consequência dessa perseguição e enfraquecimento dos sindicatos, até hoje a questão de direito trabalhista é um tema delicado por lá e só recentemente, na atual década de 2020, pós-pandemia e pós Grande Resignação que os sindicatos estão voltando a tomar forma nos EUA, com destaque para sindicatos formados por funcionários de big techs como Apple e Amazon como resposta às condições de trabalho cada vez mais exigentes e deteriorantes.
Após essa breve divagada hahaha, acho importante destacar alguns pontos: 1) o contexto da época do filme não anula a corrupção que existia em sindicatos e sua consequente violência, logo, acho que a crítica é muito justa; 2) é preciso levar em consideração, por outro lado, que o filme foi promovido e exaltado por conta desse ataque aos sindicatos, visto que demonstrar ao público que os sindicatos são problemáticos era algo útil na época para a máquina de propaganda de Hollywood. É possível apreciar as qualidades do filme e ao mesmo tempo levar em consideração a problemática da época.
Outro possível spoiler, agora da excepcional série de TV The Wire e sua relação com este filme:
Incrível como a 2ª temporada da série parece ter se inspirado nessa obra. Toda a temática de Frank Sobotka, corrupção no sindicato, condições ruins de trabalho, mas com essa adequação à temática atual de tráfico internacional de drogas fez total sentido. Pra mim, ter assistido On the Waterfront engrandeceu ainda mais minha relação com a ótima 2ª temporada de The Wire.
Enfim, no geral, um excelente filme. Cativante do início ao fim, muito bem ambientado e com temáticas muito interessantes.
12 Homens e Uma Sentença
4.6 1,2K Assista AgoraGostei bastante deste filme. Ele funciona muito como um jogo de xadrez no sentido de sua aparente simplicidade que revela sua complexidade e capacidade de ser fascinante conforme avança.
Na superfície, esse filme é algo tão simples como 12 homens sentados em uma mesa (ou como peças dispostas num tabuleiro), mas quando eles começam a discutir o caso em questão o bagulho fica cada vez mais complexo e é possível capturar diversas nuances em cada um dos 12 personagens e nas infinitas relações que cada um deles tem entre si (assim como no xadrez cada peça e movimento muda dramaticamente o que acontece no jogo e aumenta a complexidade do que está acontecendo).
Ao mesmo tempo, se detalhezinhos pequenos mudam completamente um jogo de xadrez, poderiam mudado esse filme também. E se fosse assistir novamente tenho certeza que capturaria outras particularidades incríveis que não peguei de primeira.
Poderia escrever parágrafos sobre cada um dos personagens e de suas relações. Qualquer um poderia. Muitos já fizeram e isso é impressionante para um filme de uma hora e meia.
O filme prende demais a atenção muito por conta também da relação de nós, audiência, cada um com sua convicção e seu senso de justiça, com os personagens.
Minha raiva com a postura de alguns personagens me manteve com os olhos colados na tela o tempo todo. Eu tava doido para entrar naquela sala, questionar e usar argumentos para convencer os preconceituosos teimosos. Justamente por isso, inclusive, que o personagem que mais me deu raiva foi o crianção que queria terminar logo pra ir embora e assistir um jogo de beisebol. Não era nem ódio e preconceito, era simplesmente um descolamento do que estava acontecendo. Para mim esse tipo de indiferença egoísta é um dos piores tipos de maldade, pois não é uma maldade direta nem agressiva nem intencional, mas tem potencial de ser tão danosa quanto.
Recomendo demais 12 Homens e uma Sentença para quem quer se manter vidrado assistindo e para isso não se importa em ter ou não efeitos especiais ou ação violenta o tempo todo. Tenho certeza que é um filme que vai te trazer insights muito legais. No meu coração esse filme deu um xeque-mate.
Era Uma Vez em... Hollywood
3.8 2,3K Assista AgoraUm filme que o Tarantino fez homenageando seus fãs, mas também a Hollywood como um todo. No fim, o diretor admitiu qual a sua "fórmula secreta", agradou a todos nós fãs e mais uma vez usou um excelente Brad Pitt fazer justiça histórica.
Ótimo filme!
O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei
4.5 1,8K Assista AgoraOBRA-PRIMA!
Este filme é a sétima arte elevada ao seu máximo potencial.
Heima
4.7 140 Assista Agora97 minutos de pura paz de espírito e contemplação.
A Hora Mais Escura
3.6 1,1K Assista AgoraAo que me parece, em nenhum momento o roteiro ou a direção de "A Hora Mais Escura" fez julgamento de valor em favor (ou contra) das operações americanas no Paquistão. Em nenhum momento exaltou tortura e ataques de drone, apenas os descreveu da forma mais crua possível.
As queixas sobre viés vão da maneira como o telespectador aborda a obra que está assistindo. Infelizmente muitos deixam isso atrapalhar a experiência de um filme muito bem feito que não julga, mas tenta RETRATAR o evento-tema de sua história: a morte de Osama Bin Laden.
Pessoalmente, achei o filme acelerado e um pouco superficial, com pouca coisa para se extrair. Também senti dificuldade em simpatizar com os personagens. Em nenhum o momento a protagonista tratada pelo filme como uma heroína (se isso acontecesse, aí sim daria pra dizer que houve julgamento de valor). Porém, além de ótimo entretenimento, é uma obra bem escrita e bem dirigida, que tenta explicar um evento importante da história moderna.
Cidadãoquatro
4.2 146Junho de 2013, foi quando aconteceu toda essa história que o filme Citizenfour nos mostrou. Aqui no Brasil, aquilo era notícia de segundo plano, devido aos famosos protestos de 2013, que aconteceram justamente em Junho. Anos se passaram, e apesar de ao longo do tempo eu ter buscado me informar sobre o caso Snowden pela imprensa e pela internet, toda essa coisa da NSA sempre foi algo muito nebuloso pra mim, algo que não conseguia entender o suficiente ao ponto de conseguir criar um raciocínio em cima de toda essa situação. Citizenfour expandiu este assunto para mim. Nada explica melhor o caso Snowden do que este documentário, que mostrou os acontecimentos em questão "in loco". Espetacular por parte de Laura Poitras.
Qual seria, no mundo de hoje, a "entidade" comandada por humanos mais poderosa do nosso planeta? Certamente seria o governo dos Estados Unidos da America. E é justamente um cidadão americano que trabalha para tal entidade, que, sozinho, decide arriscar sua vida pessoal tranquila e sua vida profissional promissora e estável, por algo maior do que ele (segundo suas palavras: "a maior máquina de opressão já criada pelo homem"). Goste ou não, concorde com ele ou não, apoie ele ou não, Edward Snowden é, pelo que fez, um dos seres humanos mais corajosos do século XXI, e, guardadas as devidas proporções, talvez um dos mais corajosos de toda a história documentada da humanidade.
Graças a Snowden, sei que o governo americano provavelmente terá em mãos este meu comentário sobre o filme Citizenfour publicado no site Filmow. Anos depois, quase ninguém fala ou se importa com o que Snowden, Greenwald e cia revelaram com detalhes ao mundo, aparentemente nem eu mesmo. Só o tempo mostrará quais as consequências disso.
Filmaço!
007 Contra o Satânico Dr. No
3.7 293 Assista Agora'Dr. No' é um filme que está na média, não é algo sensacional, porém está longe de ser ruim. Definitivamente, como primeiro da franquia, a introduz muito bem e praticamente dita o ritmo da mesma.
Sean Connery é o James Bond. Há papéis em que apenas um ator específico interpreta de forma satisfatória. Dificilmente outra pessoa foi um Bond melhor que o Sean. Já Ursula Andress ficou marcada pela cena do biquíni e tornou regra a existência de uma Bond Girl, porém ela vai além de uma mulher bonita, pois interpreta de forma competente uma personagem bem legal.
No mais, só fiquei triste pela morte do Quarrel :(
JAMES BOND: "That's a Smith & Wesson, and you've had your six".
Era uma Vez no Oeste
4.4 730 Assista AgoraPutz, este é um exemplar perfeito daqueles filmes que te deixam perguntando: "como é que eu não vi antes?". 'C'era una volta il West' - ou 'Once Upon a Time in the West' é um filme épico que beira a perfeição em quase todos os aspectos técnicos/artísticos.
Entre Claudia Cardinale, Charles Bronson e Henry Fonda fica difícil definir um "melhor", se é que houve um entre eles.
CHEYENNE: "By the way, you know anything about a man going around playing the harmonica? He's somebody you'd remember. Instead of talking, he plays. And when he better play, he talks"
Incêndios
4.5 1,9KO roteiro desse filme é genial! O enredo de Incendies é complexo e intrigante, recheado de detalhes minuciosos que, primeiramente, passam despercebidos pelo telespectador e possui um plot twist chocante que me deixou boquiaberto até o último segundo da obra. Definitivamente fui feito de bobo, levei um belo de um soco no estômago.
Sobre a direção de Denis Villeneuve não tenho o que falar, o cara manda muito. O mesmo vale para o diretor de fotografia André Turpin.
SIMON: "One plus one, does it make one?"
MVP: Lubna Azabal
O Lobo de Wall Street
4.1 3,4K Assista AgoraMuito sexo, muitas drogas, um pouquinho de rock'n roll, uma direção de alto nível do Scorsese, e um roteiro do Terence Winter que soou perfeitamente como uma adaptação cômica da vida do Jordan Belfort.
Achei que foi um filme muito gostoso de assistir. Fora do comum, e muito autêntico. Adorei!
Cães de Aluguel
4.2 1,9K Assista AgoraUm filme absurdamente bem-escrito e com uma direção excelente. Mais um excelente trabalho do Tarantino (e seu primeiro como diretor) Gostei bastante.
Acredito que, mesmo com vários grandes nomes envolvidos, o que mais me chamou a atenção foi o Steve Buscemi. Além de o Mr. Pink ter sido o meu personagem favorito, eu me impressiono cada vez mais com a atuação do Buscemito a cada trabalho dele que eu vejo (ainda falta Boardwalk Empire).
Enfim, adorei Reservoir Dogs!
POSSÍVEIS SPOILERS DE "PULP FICTION", "NATURAL BORN KILLERS" E "RESERVOIR DOGS":
- O nome verdadeiro do Mr. Blonde é Vic Vega. Seria ele irmão do Vincent Vega de Pulp Fiction, interpretado pelo John Travolta? Os dois atores são até parecidos fisicamente.
E durante o filme, outras duas coisas me chamaram a atenção para este "universo tarantinesco". Numa cena, o Joe pergunta ao Mr. Blonde o que tinha acontecido com um tal de Marsellus, provavelmente em referência ao Marsellus Wallace de Pulp Fiction. O Mr. Blonde também cita que seu oficial da condicional é um policial chamado Scagnetti. Em Natural Born Killers (com roteiro originalmente escrito por Tarantino, mas vendido ao diretor Oliver Stone, que consequentemente o dirigiu), um dos personagens centrais do filme era um policial com o sobrenome Scagnetti.
É no mínimo curioso. Agora percebi que o tal universo tarantinesco realmente pode existir, e que todos os filmes do diretor possuem pequenas conexões.
Laranja Mecânica
4.3 3,8K Assista AgoraGente chamando de clichê? Sério. Podem não gostar do filme, eu respeito isso, é bom uma diversidade de opiniões. Mas poxa, esse é um dos filmes mais autênticos e singulares da história do cinema! Vocês sabem ao menos o que significa a palavra "clichê"?
Ladrão de Alcova
4.0 34Adorei o filme. Decidi assistir após o Wes Anderson ter dito que "Trouble In Paradise" foi uma das inspirações para "The Grand Budapest Hotel". E realmente, há muitas semelhanças no roteiro de ambos os filmes, com o mesmo humor bobinho e divertido, dividindo espaço com uma história que mescla drama e comédia com perfeição (e também aliados a excelentes interpretações por parte do elenco).
Acima de tudo, um filme divertido. Vale a pena assistir. Lubitsch é um monstro na direção. Na década de 30, com tantas limitações visuais, ele conseguiu fazer melhor do que muita gente dos tempos atuais.
Blade Runner: O Caçador de Andróides
4.1 1,6K Assista AgoraAntes de tudo, preciso dizer que não sou um grande admirador de ficção científica. Apesar de eu gostar de assistir coisas desse gênero, é um dos que menos costumo "amar", na falta de uma palavra mais adequada. Porém, Blade Runner foi uma ótima surpresa para mim. É o melhor filme de ficção científica que já vi, ou melhor dizendo, o meu favorito do gênero.
Posso dizer que renovei minha fé em filmes deste estilo. Aliás, nem sei se o considero como ficção científica acima de tudo, pois pareceu bastante com um drama, questionando muitos aspectos interessantes em seus brilhantes personagens, sendo a humanidade deles, a maior e mais relevante delas.
Excelente filme! Pretendo assistir Blade Runner novamente e recomendo para quem estiver em busca de entretenimento de qualidade.
Ponto de Mutação
4.0 149Quando eu estava no 2º ano do Ensino Médio, meu ousado e inteligentíssimo professor de português decidiu passar este filme para toda minha turma. A rejeição a ele (o filme) havia sido quase unânime, eu tinha sido um dos poucos a gostar. Só que, curiosamente, apesar de o filme ter incitado bastante o meu senso crítico, eu não havia entendido quase nada dos temas que ele havia abordado. Foi pouca coisa mesmo, mas já havia ligado meu desejo por ideias e percepções.
Hoje, mais maduro do que na época, assisti ao filme novamente, e posso dizer que mudou bastante minha percepção sobre as coisas. Entendi muito mais das várias mensagens que este denso filme quis passar. Digo com segurança que me ajudou a "ver" as coisas de forma menos simplista.
Nem preciso elogiar muito a qualidade audiovisual também, que fica bastante ofuscada pela tentativa do filme em expor ideias. O roteiro é excelente, ele prende a sua atenção (caso você esteja, obviamente, interessado nele), e é admirável como usaram apenas uma locação para todo o filme, e fizeram todos esses pequenos cenários interagirem com os diálogos, quase formando um sistema de interdependência, como propõe uma das ideias do filme hehehe.
É uma excelente obra. Uma verdadeira caminhada pela mente, como o próprio nome original propõe. Não o recomendo ao grande público, mas apenas a pessoas específicas que gostem de refletir/filosofar, e que também curtam obras parecidas.