Pereio nas mãos do Sieber (na minha opinião, ao lado do Angeli, o melhor cartunista em atividade)??!! Quero MUITO ver. Para mim, já é o mais aguardado de 2013!
Não engulo essa de que "o roteiro não é bom mas a técnica é ótima". Esse filme é de regular a ruim. Um argumento interessante desperdiçado num desenrolar medíocre, Os maravilhosos planos-sequencia não salva essa obra de ser considerada "SUPRAestimada". Cuaron não precisava disso.
Ainda aproveitaram mal "Life in a Glasshouse", essa sim a música do apocalipse.
Interessante, quando adolescente esse filme figurava no meu Top Five. Era a afirmação de que eu tinha encontrado meu cinema favorito: em tematica, em atuação, roteiro e etc. Paixão estética despertada surgiu a voraz necessidade de consumir coisas similares. Hoje depois de tantos anos, tantos filmes, tantas águas e giros no moinho já não o coloco entre meus cinquenta favoritos, talvez nunca mais o assistirei, mas lhe sou grato.
Emmerich é um ressentido. Acho que ele não suporta a idéia de que existiram homens geniais cujo seu trabalho passa a léguas de distancia. Vide a pequena e vazia citação de "Niti" em seu "O dia Depois de Amanhã". Cretinice total.
Contudo esse filme-projeto-pessoal é o seu trabalho mais interessante. Sem contar os erros históricos, as viagens dramáticas e o mal uso dos trechos textuais shakesperianos no decorrer da historia, tem-se uma sintese interessante dessas, já antigas, teorias da conspiração. Só não vale acreditar... rs
Devo ser sincero: fui ao cinema ver "Avatar" com um pé atrás. As imagens, o trailer com aquelas criaturas azuis, bichos estranhos e florestas tropicais não eram para mim, atraentes. Os resumos e sinopses então, quase que escritos em outra lingua: Pandora, avatares e na'vis não faziam sentido nenhum e passavam longe de qualquer referência mítica conhecida em meu imaginário.
Fiquei surpreso com que encontrei.
É possível entender e aceitar toda demora, trabalho e altos números de orçamento e divulgação do filme. Um dos grandes espetáculos sensoriais feito foi entregue.
Não é filme para ser listado como "filme da vida" ou mesmo "filme do ano", o mais interessante é descobrir que surgiu uma nova possibilidade de uso e criação de ferramentas para compor um trabalho artistico. Um nova rédea oferecida ao cinema. Se virar uma referência futura será uma certeza de trabalho minucioso e delicado.
Quanto a história, a conquista de um novo mundo é tão conhecida quanto aquela do amor impossível durante uma trágico naufrágio. Sabemos para onde vai a narrativa e o que se tira de proveito reflexivo. Mas assim como Cameron foi capaz de nos fazer passageiros do Titanic, também foi capaz de nos fazer habitantes de Pandora. A construção de um universo próprio, tão particular em cada detalhe, o faz figurar entre os os grandes criadores de imagens. Lembrando que não ele teve referência descritiva como as grandes adaptações de livros e quadrinhos. Compreendi o porquê dos quinze anos de gestação da obra.
Por fim, tudo aquilo que para mim era estranho ou bizarro antes da sessão foi ganhando formas, contornos, cores e beleza.
Que outra experiência assim não aconteça apenas na próxima década.
P.S: * É um filme para ser visto em 3D. Não espere coisas saltando no seu colo ou voando em sua direção. O aproveitamento da tecnologia é muito mais complexo e requintado.
Como não comparar? E ficar indiferentes a duas visões de uma mesma obra? Claro que comparações merecem ser feitas com ressalvas: idéia, verba, tempo, tecnologia e cansaço. Afinal há um espaço de três décadas que separa o filme de Tim Burton da primeira adaptação.
A palavra que talvez definiria essa versão é pressa.
O filme se atropela o tempo todo, preenchendo espaços que seriam reservados às conexões que dão sentido mais profundo a uma obra. Metáforas existem pra serem "sacadas" e apreciadas. Se no cinema não há tempo de ruminá-las, a cena tem que ser memorável. Um bom filme se curte depois com a lembrança dele.
A primeira parte do filme continua comovendo com a triste pobreza da família de Charlie. Helena Bonham Carter como mãe do menino consegue mais uma vez jogar seu olhar - propositalmente perdido- e se faz a melhor em cena.
O diretor nos conduz bem a sorte do menino em encontrar o "cupom dourado". .
Tudo muito bom até começar toda correria do filme.
Não há tempo de conhecer mais nenhum personagem: o que são, o que pensam e o que sonham. Acontece tudo de uma vez de forma muito fria. O filme se deixa comparar com o primeiro, por refazer com desleixo cenas e desfechos conhecidos. Tudo isso misturado a uma vida infantil de Willy Wonka colocada propositalmente para coerir com um novo final.Todo o pecado do filme.
Não é má idéia um final não visto, mas desde que se faça envolver durante o filme.O que o filme não faz.
Após assistirmos nos deparamos com mais uma obra que tentou "mexer" conosco e não conseguiu.
Fica na lembrança do público somente as cores e técnicas de uma estética inconfundível que é a de Tim Burton (sabiamente cotado para dirigir o filme) . Porém uma pena que este não conseguiu fazer de sua originalidade uma boa releitura da obra.
"Uma mente brilhante!" Nunca um jogo de forças foi tão sutil e perigoso como no filme de David Fincher..
Ao que parece a primeira vista cru, acaba se tornando um prato delicado e minuciosamente bem feito para os mais atentos.
O engodo existencial ante uma sociedade consumista e fútil sempre foi principal tema para artistas de diversas áreas. Poucos são os que "enlaçaram" visceralmente o público cansado do que sabem e do que vivem.
Em "Clube da Luta", um panorama imaginario se faz em torno de constantes rompimentos éticos. A ética é desfeita e impressionantemente se justifica no filme a ponto de aceitarmos tudo o que é proposto. A violencia é constante e não é gratuita. Nada é gratuito. Talvez não se aproxime totalmente da realidade e nem esse é o dever do filme, mas cada ato de vandalismo, de subversão social está aliado a algo maior que por vezes chamamos de "ideologia". O que não é isso ainda.
A luta maior do filme é o humano. É o vacuo de sentido e sentimento.
O que sentimos em pequenos momentos e esquecemos é transposto separadamente como vida de cada personagem do filme. Não se sabe quem realmente precisa de cuidados profissionais : o executivo, o homem de tetas enormes,a fumante inveterada ou nós que o assitimos da platéia. Todos somos processo historico, politico e cultural ligados por um mesmo peso na alma: a certeza que definhamos e a urgência de permanência, de transformação, e quiçá, de legado.
Depois de 139 minutos nos sentimos como saidos a força de um super cérebro de um jovem esquizofrenico.
Esta ferida poderia ser cutucada dezenas de vezes mais., mas requer uma enorme coragem por fazer escárnio direto de uma rede, de um aparelho que esconde sua sujeira com a melhor das intenções.
Comparado a outros "filmes-denúncias", este se diferencia por exigir esclarecimento imediatos a quem foi tocante, por ser muito bem argumentado e principalmente por não condicionar distanciamentos com o que se mostra.
Como cinema melhor se o tema fosse explorado de maneira documental. Algumas coisas soam caricatas, o que não impedem o funcionamento da crítica...
Um filme sobre si mesmo, baseado num quadrinho sobre si mesmo e um si mesmo baseado sobre um "si" inconstante em um universo apático.
Não conheço "American Splendor" a ponto de exigir fidedignidade na transposição ao cinema.
Mas se o mote da HQ era fazer retrato de que o cotidiano pode ser absurdo e rísivel no qual apenas atitudes impacientes são capaz de sustentá-lo então o filme consegue fazer continuação disso com sucesso.
O mundo do Pekar a primeira vista parece uma caricatura extraída de um "Stand-Up Sem Exagero" mas o desenrolar da história (com uma aula de roteiro bem construído) só nos insere como um dos seus objetos de escárnio e nos coloca seu próprio "óculos do rídiculo". Impossível sair desse filme sem rir nervosamente de si mesmo.
Ser gente é uma rabugice.
Paul Giamatti fez um trabalho espetacular, superior até o bom Miles de "Sideways".
Maior barato! Risos rasgados das desventuras do apaixonante "The Dude"!!
E cheio de escrachadas referencias pop (até Kraftwerk tem! haha)
Esse filme é um grande exemplo de que as personagens são realmente "paridas" pelo realizador. A compreensão do mundo, os gestos, as conexões e opiniões do "The Dude" são tão originais e próprias que se liberta de quem o escreveu. Ele poderia ser um escárnio de um esteriótipo apenas, mas vai além.
"Comecei a escrever quando eu tinha oito anos. Eu não sabia então que ficaria preso para sempre a um nobre e implacável mestre. Quando Deus dá um dom em alguém também lhe dá um chicote e o chicote é para autoflagelação." (Truman Capote)
"Caçadores de autógrafos! Não são pessoas, são animais que vem em bando como coiotes. Não admiram ninguém. São delinqüentes juvenis, retardados mentais. Não são público de nada." ( A Malvada)
"Obrigada! Seja o senhor quem for, sempre confiei na bondade dos desconhecidos." (Tenesse Willians - Um Bonde Chamado Desejo)
Acho que consigo entender essa sensação de perda de força do decorrer do filme, porque o problema Manuela é enorme, gigantesco demais e parece que o clímax da história é o seu inicio. E é. Contudo o que é mais precioso em TSMM é o labirinto que se forma a partir disso.
Já nos primeiros 10 minutos somos apresentados à protagonista, seu problema e principalmente a essas referencias que o próprio diretor chama de “roubos” e que latejarão por toda a história numa relação simbiótica.
Eis em resumo o problema: Manuela, mulher, enfermeira coordenadora responsável pelo departamento de doação de órgãos, mãe solteira, vive com o filho, Esteban, escritor aspirante uma relação de extremo cuidado a ponto de confessar que faria qualquer coisa por ele. Em seu aniversário ambos vão assistir a uma montagem de “Um Bonde Chamado Desejo”. Percebendo a emoção da mãe, Esteban a questiona e descobre que a peça está ligada a sua historia pois numa montagem de um grupo amador, Manuela conheceu seu desconhecido pai. Esteban pede de presente que sua mãe lhe conte sobre ele e esta promete que sim. Contudo seus planos são interrompidos quando numa tentativa de colher um autografo da atriz da peça, Esteban é atropelado e morre. Manuela está agora numa situação oposta a sua profissão, ante a frieza da conduta profissional, vive a emoção em decidir sobre uma doação. Mas não é esse o mote do filme, diante da promessa não cumprida e da leitura do diário do filho onde percebe a importância do saber sobre o pai , Manuela decide encontrar o pai do garoto e regressar ao que a muito tempo abandonou: o seu passado, a sua história como mulher. Eis o seu sacrifício.
Tal argumento poderia pender ao dramalhão de tão rocambolesco. Mas é a partir daí que desenvolve a teia de relações paradoxais, cujos personagens são dotados de uma carga marginal, contruidos a partir de transgressões morais em nome do desejo e muito distantes dos padrões conservadores e convencionais de sua sexualidade, posição social e etc. A principal habilidade do diretor é conduzir o espectador de forma tão natural ao seu mundo de forma com que qualquer preconceito fique suspenso.
O dialogo com as referencias é contante e atinge o ponto de ressignificação de ambos os textos. Afinal o que acontece em A Malvada e é subvertido em TSMM? Melhor ainda, e uma curiosidade. Na montagem inserida no filme de Um Bonde Chamado Desejo, o desfecho da peça é diferente do proposto por Tenesse Willians. No original a personagem Stella cede as investidas eróticas de seu marido e dá continuidade ao seu casamento. No filme de Almodóvar, Stella abandona o lar com o filho na mão com o intuito de refazer a sua vida. Não é esse o ponto inicial da história de Manuela?
E tem muito mais temas e questionamentos que podem ser levantados por diversos prismas: o papel da mulher, da maternidade e etc. Que força é essa que o amor materno subjulga a posição da mulher na sociedade? Será a mãe do filme do Almodóvar transgressora o suficiente para ressignificar um papel de mãe historicamente imposto? Ser mãe está depende apenas de laços consangüíneos ou de construções de relações interpessoais? Que outros exemplos da relação pai-filho somos apresentados durante o filme?
Toda uma costura para compreendermos a seguinte fala da Manuela:
- Você não é um ser humano Lola, você é uma epidemia.
Phoooda! Agora não tem arremate melhor do que o uso do texto da peça que homenageia o Lorca na montagem de Huma:
"Há pessoa que pensa que os filhos são coisa de um dia. Mas se leva muito, muito. Por isso é tão horrível ver o sangue de um filho derramado pelo chão. Uma fonte que corre durante um minuto e a nós nos custaram anos. Quando vi meu filho, estava tombado no meio da rua. Molhei minhas mãos de sangue e as lambi com a língua. Porque era meu. Os animais os lambem, verdade? Não tenho nojo de meu filho. Tu não sabes o que é isso. Em uma custódia de cristal e topázios, eu colocaria a terra empapada por seu sangue.”
Não parece que o Lorca escreveu para Manuela? Genial! Lindo e dolorido.
Acredito que quando uma obra se trata de subverter uma fórmula encontra grandes chances de se tornar especial.
"Pequena Miss Sunshine" o é.
Esse filme com cara de "Sessão da Tarde" é poderoso naquilo que propõe a discutir. O que não quer dizer que seja pedante, muito pelo contrário, há um bom humor e uma "leveza travestida" que se embrenham por toda a história.
História essa que em sinopse renderia uma linha apenas.
Eis seu ponto crucial: o que ver então?
Quem espera uma fita com uma história sobre superação ou vitória, largue esse, e corra atrás dos "filmes de beisebol" da vida.
É um filme sobre perdedores e nada dá certo. O que não quer dizer depressivo. Até porque a depressão é uma de suas piadas.
Quem fácil se identifica acaba rindo de si mesmo, afinal, há um canto cômodo no próprio jeito "loser" de ser permeado por justificativas várias.
Além dessas muitas outras críticas percorrem dentro daquela kombi: o protótipo de beleza vazia, a academia, a auto-ajuda, a burocracia,a adultização infantil, a impossibilidade de aceitar a velhice e etc.
Tudo isso com muitas descobertas, que ficam a cargo de quem vê.
Só digo: vejam.
Se não bastasse o filme ainda conta com uma trilha soberba, cheia de Devotchka (ai meu sagrado pop!)
Que figura especial esse Spike Jonze! Fico imaginando o que passa nas entranhas psiquicas de um sujeito que é capaz de oferecer ao mundo trabalhos sensíveis como esse e tenebrosidades como Jackass. Não que sejam opostos, mas imagino o quão violento é carregar todo esse caos misturado dentro de si.
Bem como os realizados em parceria com o Kaufman, "Onde Vivem os Monstros" leva o espectador a travar uma guerra com o "estranhamento". Talvez por isso tantas opiniões divergentes. O exercício de se deparar o que é novo, estranho, exótico, diferente poderia ser uma constante da atividade humana ante a manutenção do mesmo e da comodidade.
é um filme inclassificavel e não pretende nada além do que está posto. Ame, adore, odeie, despreze e tudo o mais que estiver entre isso.
Sério que grande parte dos filmes e séries de ação deve à essa #bixamá sua existência??! hahahahaha
Brincadeiras de lado, esse filme é bom. Um tanto aquém dos melhores do diretor na verdade, mas nem por isso um erro.
Não apenas o caráter obscuro de um homem poderoso ou a criação de seu famoso birô devem ser observados. O sujeito modificador e expoente naquilo que faz, parece carregar o que a tendencia histórica lhe exige. J. Edgar foi um dos corpos que pôs em pratica a tecno-ciencia, que viria modificar toda a estrutura do século XX.
Vale a pena, se possivel ver após ou emendar com Inimigos Publicos.
Pereio Eu te Odeio
4.0 14Pereio nas mãos do Sieber (na minha opinião, ao lado do Angeli, o melhor cartunista em atividade)??!! Quero MUITO ver. Para mim, já é o mais aguardado de 2013!
Filhos da Esperança
3.9 940 Assista AgoraNão engulo essa de que "o roteiro não é bom mas a técnica é ótima". Esse filme é de regular a ruim. Um argumento interessante desperdiçado num desenrolar medíocre, Os maravilhosos planos-sequencia não salva essa obra de ser considerada "SUPRAestimada". Cuaron não precisava disso.
Ainda aproveitaram mal "Life in a Glasshouse", essa sim a música do apocalipse.
Beleza Americana
4.1 2,9K Assista AgoraInteressante, quando adolescente esse filme figurava no meu Top Five. Era a afirmação de que eu tinha encontrado meu cinema favorito: em tematica, em atuação, roteiro e etc. Paixão estética despertada surgiu a voraz necessidade de consumir coisas similares. Hoje depois de tantos anos, tantos filmes, tantas águas e giros no moinho já não o coloco entre meus cinquenta favoritos, talvez nunca mais o assistirei, mas lhe sou grato.
Velvet Goldmine
3.9 333 Assista AgoraDigo que antes da internet esse filme era o mais alternative-cult das mesas de boteco.
Filmaço! Pena que o Bowie não cedeu o direito de ser citado como fonte inspiradora. O filme é ele.
Quem está acostumado com o machola-sério Bale, vai se surpreender ou estranhar ele aqui.
Anônimo
3.8 365 Assista AgoraEmmerich é um ressentido. Acho que ele não suporta a idéia de que existiram homens geniais cujo seu trabalho passa a léguas de distancia. Vide a pequena e vazia citação de "Niti" em seu "O dia Depois de Amanhã". Cretinice total.
Contudo esse filme-projeto-pessoal é o seu trabalho mais interessante. Sem contar os erros históricos, as viagens dramáticas e o mal uso dos trechos textuais shakesperianos no decorrer da historia, tem-se uma sintese interessante dessas, já antigas, teorias da conspiração. Só não vale acreditar... rs
Avatar
3.6 4,5K Assista AgoraDevo ser sincero: fui ao cinema ver "Avatar" com um pé atrás. As imagens, o trailer com aquelas criaturas azuis, bichos estranhos e florestas tropicais não eram para mim, atraentes. Os resumos e sinopses então, quase que escritos em outra lingua: Pandora, avatares e na'vis não faziam sentido nenhum e passavam longe de qualquer referência mítica conhecida em meu imaginário.
Fiquei surpreso com que encontrei.
É possível entender e aceitar toda demora, trabalho e altos números de orçamento e divulgação do filme. Um dos grandes espetáculos sensoriais feito foi entregue.
Não é filme para ser listado como "filme da vida" ou mesmo "filme do ano", o mais interessante é descobrir que surgiu uma nova possibilidade de uso e criação de ferramentas para compor um trabalho artistico. Um nova rédea oferecida ao cinema. Se virar uma referência futura será uma certeza de trabalho minucioso e delicado.
Quanto a história, a conquista de um novo mundo é tão conhecida quanto aquela do amor impossível durante uma trágico naufrágio. Sabemos para onde vai a narrativa e o que se tira de proveito reflexivo. Mas assim como Cameron foi capaz de nos fazer passageiros do Titanic, também foi capaz de nos fazer habitantes de Pandora. A construção de um universo próprio, tão particular em cada detalhe, o faz figurar entre os os grandes criadores de imagens. Lembrando que não ele teve referência descritiva como as grandes adaptações de livros e quadrinhos. Compreendi o porquê dos quinze anos de gestação da obra.
Por fim, tudo aquilo que para mim era estranho ou bizarro antes da sessão foi ganhando formas, contornos, cores e beleza.
Que outra experiência assim não aconteça apenas na próxima década.
P.S: * É um filme para ser visto em 3D. Não espere coisas saltando no seu colo ou voando em sua direção. O aproveitamento da tecnologia é muito mais complexo e requintado.
A Fantástica Fábrica de Chocolate
3.7 2,2K Assista AgoraComo não comparar? E ficar indiferentes a duas visões de uma mesma obra? Claro que comparações merecem ser feitas com ressalvas: idéia, verba, tempo, tecnologia e cansaço. Afinal há um espaço de três décadas que separa o filme de Tim Burton da primeira adaptação.
A palavra que talvez definiria essa versão é pressa.
O filme se atropela o tempo todo, preenchendo espaços que seriam reservados às conexões que dão sentido mais profundo a uma obra. Metáforas existem pra serem "sacadas" e apreciadas. Se no cinema não há tempo de ruminá-las, a cena tem que ser memorável. Um bom filme se curte depois com a lembrança dele.
A primeira parte do filme continua comovendo com a triste pobreza da família de Charlie. Helena Bonham Carter como mãe do menino consegue mais uma vez jogar seu olhar - propositalmente perdido- e se faz a melhor em cena.
O diretor nos conduz bem a sorte do menino em encontrar o "cupom dourado". .
Tudo muito bom até começar toda correria do filme.
Não há tempo de conhecer mais nenhum personagem: o que são, o que pensam e o que sonham. Acontece tudo de uma vez de forma muito fria. O filme se deixa comparar com o primeiro, por refazer com desleixo cenas e desfechos conhecidos. Tudo isso misturado a uma vida infantil de Willy Wonka colocada propositalmente para coerir com um novo final.Todo o pecado do filme.
Não é má idéia um final não visto, mas desde que se faça envolver durante o filme.O que o filme não faz.
Após assistirmos nos deparamos com mais uma obra que tentou "mexer" conosco e não conseguiu.
Fica na lembrança do público somente as cores e técnicas de uma estética inconfundível que é a de Tim Burton (sabiamente cotado para dirigir o filme) . Porém uma pena que este não conseguiu fazer de sua originalidade uma boa releitura da obra.
Clube da Luta
4.5 4,9K Assista Agora"Uma mente brilhante!" Nunca um jogo de forças foi tão sutil e perigoso como no filme de David Fincher..
Ao que parece a primeira vista cru, acaba se tornando um prato delicado e minuciosamente bem feito para os mais atentos.
O engodo existencial ante uma sociedade consumista e fútil sempre foi principal tema para artistas de diversas áreas. Poucos são os que "enlaçaram" visceralmente o público cansado do que sabem e do que vivem.
Em "Clube da Luta", um panorama imaginario se faz em torno de constantes rompimentos éticos. A ética é desfeita e impressionantemente se justifica no filme a ponto de aceitarmos tudo o que é proposto. A violencia é constante e não é gratuita. Nada é gratuito. Talvez não se aproxime totalmente da realidade e nem esse é o dever do filme, mas cada ato de vandalismo, de subversão social está aliado a algo maior que por vezes chamamos de "ideologia". O que não é isso ainda.
A luta maior do filme é o humano. É o vacuo de sentido e sentimento.
O que sentimos em pequenos momentos e esquecemos é transposto separadamente como vida de cada personagem do filme. Não se sabe quem realmente precisa de cuidados profissionais : o executivo, o homem de tetas enormes,a fumante inveterada ou nós que o assitimos da platéia. Todos somos processo historico, politico e cultural ligados por um mesmo peso na alma: a certeza que definhamos e a urgência de permanência, de transformação, e quiçá, de legado.
Depois de 139 minutos nos sentimos como saidos a força de um super cérebro de um jovem esquizofrenico.
Ainda bem.
Quanto Vale ou É por Quilo?
4.0 253BOM!
Esta ferida poderia ser cutucada dezenas de vezes mais., mas requer uma enorme coragem por fazer escárnio direto de uma rede, de um aparelho que esconde sua sujeira com a melhor das intenções.
Comparado a outros "filmes-denúncias", este se diferencia por exigir esclarecimento imediatos a quem foi tocante, por ser muito bem argumentado e principalmente por não condicionar distanciamentos com o que se mostra.
Como cinema melhor se o tema fosse explorado de maneira documental.
Algumas coisas soam caricatas, o que não impedem o funcionamento da crítica...
Anti-Herói Americano
4.0 160 Assista AgoraÓTIMO!!
Um filme sobre si mesmo, baseado num quadrinho sobre si mesmo e um si mesmo baseado sobre um "si" inconstante em um universo apático.
Não conheço "American Splendor" a ponto de exigir fidedignidade na transposição ao cinema.
Mas se o mote da HQ era fazer retrato de que o cotidiano pode ser absurdo e rísivel no qual apenas atitudes impacientes são capaz de sustentá-lo então o filme consegue fazer continuação disso com sucesso.
O mundo do Pekar a primeira vista parece uma caricatura extraída de um "Stand-Up Sem Exagero" mas o desenrolar da história (com uma aula de roteiro bem construído) só nos insere como um dos seus objetos de escárnio e nos coloca seu próprio "óculos do rídiculo". Impossível sair desse filme sem rir nervosamente de si mesmo.
Ser gente é uma rabugice.
Paul Giamatti fez um trabalho espetacular, superior até o bom Miles de "Sideways".
Filme impecável. Imperdível e o mundo imperfeito.
O Grande Lebowski
3.9 1,1K Assista AgoraMaior barato! Risos rasgados das desventuras do apaixonante "The Dude"!!
E cheio de escrachadas referencias pop (até Kraftwerk tem! haha)
Esse filme é um grande exemplo de que as personagens são realmente "paridas" pelo realizador. A compreensão do mundo, os gestos, as conexões e opiniões do "The Dude" são tão originais e próprias que se liberta de quem o escreveu. Ele poderia ser um escárnio de um esteriótipo apenas, mas vai além.
Tudo Sobre Minha Mãe
4.2 1,3K Assista Agora"Comecei a escrever quando eu tinha oito anos. Eu não sabia então que ficaria preso para sempre a um nobre e implacável mestre. Quando Deus dá um dom em alguém também lhe dá um chicote e o chicote é para autoflagelação." (Truman Capote)
"Caçadores de autógrafos! Não são pessoas, são animais que vem em bando como coiotes. Não admiram ninguém. São delinqüentes juvenis, retardados mentais. Não são público de nada." ( A Malvada)
"Obrigada! Seja o senhor quem for, sempre confiei na bondade dos desconhecidos." (Tenesse Willians - Um Bonde Chamado Desejo)
Acho que consigo entender essa sensação de perda de força do decorrer do filme, porque o problema Manuela é enorme, gigantesco demais e parece que o clímax da história é o seu inicio. E é. Contudo o que é mais precioso em TSMM é o labirinto que se forma a partir disso.
Já nos primeiros 10 minutos somos apresentados à protagonista, seu problema e principalmente a essas referencias que o próprio diretor chama de “roubos” e que latejarão por toda a história numa relação simbiótica.
Eis em resumo o problema: Manuela, mulher, enfermeira coordenadora responsável pelo departamento de doação de órgãos, mãe solteira, vive com o filho, Esteban, escritor aspirante uma relação de extremo cuidado a ponto de confessar que faria qualquer coisa por ele. Em seu aniversário ambos vão assistir a uma montagem de “Um Bonde Chamado Desejo”. Percebendo a emoção da mãe, Esteban a questiona e descobre que a peça está ligada a sua historia pois numa montagem de um grupo amador, Manuela conheceu seu desconhecido pai. Esteban pede de presente que sua mãe lhe conte sobre ele e esta promete que sim. Contudo seus planos são interrompidos quando numa tentativa de colher um autografo da atriz da peça, Esteban é atropelado e morre. Manuela está agora numa situação oposta a sua profissão, ante a frieza da conduta profissional, vive a emoção em decidir sobre uma doação. Mas não é esse o mote do filme, diante da promessa não cumprida e da leitura do diário do filho onde percebe a importância do saber sobre o pai , Manuela decide encontrar o pai do garoto e regressar ao que a muito tempo abandonou: o seu passado, a sua história como mulher. Eis o seu sacrifício.
Tal argumento poderia pender ao dramalhão de tão rocambolesco. Mas é a partir daí que desenvolve a teia de relações paradoxais, cujos personagens são dotados de uma carga marginal, contruidos a partir de transgressões morais em nome do desejo e muito distantes dos padrões conservadores e convencionais de sua sexualidade, posição social e etc. A principal habilidade do diretor é conduzir o espectador de forma tão natural ao seu mundo de forma com que qualquer preconceito fique suspenso.
O dialogo com as referencias é contante e atinge o ponto de ressignificação de ambos os textos. Afinal o que acontece em A Malvada e é subvertido em TSMM? Melhor ainda, e uma curiosidade. Na montagem inserida no filme de Um Bonde Chamado Desejo, o desfecho da peça é diferente do proposto por Tenesse Willians. No original a personagem Stella cede as investidas eróticas de seu marido e dá continuidade ao seu casamento. No filme de Almodóvar, Stella abandona o lar com o filho na mão com o intuito de refazer a sua vida. Não é esse o ponto inicial da história de Manuela?
E tem muito mais temas e questionamentos que podem ser levantados por diversos prismas: o papel da mulher, da maternidade e etc. Que força é essa que o amor materno subjulga a posição da mulher na sociedade? Será a mãe do filme do Almodóvar transgressora o suficiente para ressignificar um papel de mãe historicamente imposto? Ser mãe está depende apenas de laços consangüíneos ou de construções de relações interpessoais? Que outros exemplos da relação pai-filho somos apresentados durante o filme?
Toda uma costura para compreendermos a seguinte fala da Manuela:
- Você não é um ser humano Lola, você é uma epidemia.
Phoooda! Agora não tem arremate melhor do que o uso do texto da peça que homenageia o Lorca na montagem de Huma:
"Há pessoa que pensa que os filhos são coisa de um dia. Mas se leva muito, muito. Por isso é tão horrível ver o sangue de um filho derramado pelo chão. Uma fonte que corre durante um minuto e a nós nos custaram anos. Quando vi meu filho, estava tombado no meio da rua. Molhei minhas mãos de sangue e as lambi com a língua. Porque era meu. Os animais os lambem, verdade? Não tenho nojo de meu filho. Tu não sabes o que é isso. Em uma custódia de cristal e topázios, eu colocaria a terra empapada por seu sangue.”
Não parece que o Lorca escreveu para Manuela? Genial! Lindo e dolorido.
Pequena Miss Sunshine
4.1 2,8K Assista AgoraAcredito que quando uma obra se trata de subverter uma fórmula encontra grandes chances de se tornar especial.
"Pequena Miss Sunshine" o é.
Esse filme com cara de "Sessão da Tarde" é poderoso naquilo que propõe a discutir.
O que não quer dizer que seja pedante, muito pelo contrário, há um bom humor e uma "leveza travestida" que se embrenham por toda a história.
História essa que em sinopse renderia uma linha apenas.
Eis seu ponto crucial: o que ver então?
Quem espera uma fita com uma história sobre superação ou vitória, largue esse, e corra atrás dos "filmes de beisebol" da vida.
É um filme sobre perdedores e nada dá certo. O que não quer dizer depressivo. Até porque a depressão é uma de suas piadas.
Quem fácil se identifica acaba rindo de si mesmo, afinal, há um canto cômodo no próprio jeito "loser" de ser permeado por justificativas várias.
Além dessas muitas outras críticas percorrem dentro daquela kombi: o protótipo de beleza vazia, a academia, a auto-ajuda, a burocracia,a adultização infantil, a impossibilidade de aceitar a velhice e etc.
Tudo isso com muitas descobertas, que ficam a cargo de quem vê.
Só digo: vejam.
Se não bastasse o filme ainda conta com uma trilha soberba, cheia de Devotchka (ai meu sagrado pop!)
Onde Vivem os Monstros
3.8 2,4K Assista AgoraQue figura especial esse Spike Jonze! Fico imaginando o que passa nas entranhas psiquicas de um sujeito que é capaz de oferecer ao mundo trabalhos sensíveis como esse e tenebrosidades como Jackass. Não que sejam opostos, mas imagino o quão violento é carregar todo esse caos misturado dentro de si.
Bem como os realizados em parceria com o Kaufman, "Onde Vivem os Monstros" leva o espectador a travar uma guerra com o "estranhamento". Talvez por isso tantas opiniões divergentes. O exercício de se deparar o que é novo, estranho, exótico, diferente poderia ser uma constante da atividade humana ante a manutenção do mesmo e da comodidade.
é um filme inclassificavel e não pretende nada além do que está posto. Ame, adore, odeie, despreze e tudo o mais que estiver entre isso.
J. Edgar
3.5 646 Assista AgoraSério que grande parte dos filmes e séries de ação deve à essa #bixamá sua existência??! hahahahaha
Brincadeiras de lado, esse filme é bom. Um tanto aquém dos melhores do diretor na verdade, mas nem por isso um erro.
Não apenas o caráter obscuro de um homem poderoso ou a criação de seu famoso birô devem ser observados. O sujeito modificador e expoente naquilo que faz, parece carregar o que a tendencia histórica lhe exige. J. Edgar foi um dos corpos que pôs em pratica a tecno-ciencia, que viria modificar toda a estrutura do século XX.
Vale a pena, se possivel ver após ou emendar com Inimigos Publicos.
Grande ressalva: maquiagem péssima.