22/12/13 : Mad Men (4ª Temporada) - 9,5 - Foi preciso uma terceira temporada inteira para introduzir esta. A temporada é o avesso da anterior e por utilizar-se desse recurso, a que mais intensifica a proposta de todo trabalho. Roteiristas libertos, é chegada a hora de escancarar a decadência que latejava nos meandros do sucesso. É o super-homem entrincheirado e são nas trincheiras que se desembocam misérias e nobrezas puramente humanas. A temporada que faz valer todo o projeto, por isso, até agora, a melhor.Ter podido acompanhar um trabalho tão fino e ter ficado diante de um episódio como o "The Suitcase" (4x07 e uma das melhores coisas que a tv produziu), tornou o lazer em privilégio de existir.
Bacana o Filmow ter entrado na “viagem” e ter mantido o nome de Donald Kaufman como um dos roteiristas (até ficha técnica ele tem!). Mais interessante ainda é ver alguns comentários citando os "irmãos Kaufman".
Pensei em começar esse texto com a frase "Um roteiro escrito a quatro mãos". Nada mais óbvio. Começaria melhor com "Um roteiro escrito a quatro mãos de um super cérebro" ou "a quatro mãos apenas de um homem que possui inúmeras".
"Adaptação" decepciona e por isso é excelente. Sua construção metalinguística é subversiva e jocosa. Mas antes de analisar o imbróglio da construção narrativa, é melhor não esquecer os temas levantados por Charlie Kaufman (e não pelo Donald) em seu trabalho. Não sei até onde o mérito é exclusivo do livro "The Orchid Thief" (que existe), mas o que foi proposto principalmente na primeira parte do filme, beira o profundo e o poético: a adaptação como condição evolutiva da natureza e – talvez - um exercício de coragem do homem; o bloqueio criativo como inaptidão do artista às exigências de mercado; a existência e falta de alguma "paixão" que impulsione a vida a algo que valha a pena e a fugacidade dessa própria paixão.
Todos esses temas costurados no filme com intercalações de histórias, tempo e imagens soltas fazendo com que nos apaixonemos pela grandiosidade da jornalista, do livro, do roteirista, do botânico, da causa, da natureza e etc.
Até o momento em que, apaixonados, olhamos um pouco mais de perto e percebemos que não conseguiremos ver a flor rara que idealizamos. Que o que nos leva e nos deixa cansados em meio ao pântano, parece tão perdido e frágil quanto nós e por isso nos ofende.
Para não encararmos tal realidade de frente, recorremos aos artifícios que Donald Kaufman sabe oferecer muito bem.
Falei anteriormente em decepção. A decepção é com nós mesmos. É por ficarmos diante do ridículo que consumimos as pencas. Ridículo este que Charlie Kaufman afirma que não está disposto a entregar e, por isso, o mata.
Por fim, uma homenagem ao filme com melhor roteiro já feito. Para saber qual é, só vendo "Adaptação". Vale a pena!
"Querido Leonard, sempre os anos que foram nossos . Sempre os anos. Sempre o amor. Sempre as horas." Uma escreve, outra lê e outra personifica. As três vivem. As histórias de um único dia da vida de três mulheres se entrelaçam no arrebatamento que é existir, escolher e ser feliz. Em suma: ser gente. Falar de ”As Horas” é falar de vida e morte, do engodo súbito que nos arrebata e nos estira aos prantos no canto da cozinha, da inexistência de rota de fuga e da tragicidade a que todos estão sujeitos durante o decurso da existência. Essa que não dá conta de satisfazer, de aquietar ou de cobrar a dignidade que a merece. Essa que é o barulho, as vozes e o silencio que se nega. Diante disso: a morte, o abandono ou o entendimento.
Não foi dessa vez que o cinema português me conquistou. E das grandes artes, só falta ele.
A primeira metade do filme é um curso básico de história da civilização a partir de pontos turísticos. Nada de novo. Depois temos uma conversa natural entre quatro pessoas de origens diferentes falando cada um sua língua nativa, cujo assunto, mesmo quando mais profundo, é encarado da forma mais fútil e trivial possível. Por fim, um final patético.
Um filme que parece feito por quem faltou às aulas básicas de produção narrativa e cinematográfica.
Ainda conta com pontas de John Malkovich e Catherine Deneuve. Caridosos?
Como não haveria de haver um road-movie no curriculo de um diretor romantico?! Romantismo não no sentido usual confundido com amoroso, mas no que impele os sujeitos a forçar uma transfiguração de si, um virar-se do avesso a partir de um deslocamento ou uma nova forma de vida.
Interessante que aqui encontramos um sujeito que se debate com a responsabilidade das consequências geradas por essa prática.
Filme lindo! Mais uma vez Wim Wenders não nos deixa desamparados.
Desça-te do altar mediano, que Brasil também é marrom, gordo, bicha, decrépito, louco e sujo. Nele as relações se tornam tesas por outros códigos e se constituem em espasmos de sensualidade e virulência.
CONSOLO NA PRAIA Vamos, não chores... A infância está perdida. A mocidade está perdida. Mas a vida não se perdeu. O primeiro amor passou. O segundo amor passou. O terceiro amor passou. Mas o coração continua. Perdeste o melhor amigo. Não tentaste qualquer viagem. Não possuis casa, navio, terra. Mas tens um cão. Algumas palavras duras, em voz mansa, te golpearam. Nunca, nunca cicatrizam. Mas, e o 'humour'? A injustiça não se resolve. À sombra do mundo errado murmuraste um protesto tímido. Mas virão outros. Tudo somado, devias precipitar-te, de vez, nas águas. Estás nu na areia, no vento... Dorme, meu filho.
Eu tinha achado a construção do roteiro manjada, depois entendi o motivo ao ver que foi baseada numa peça teatral.
Não consigo "cair" num roteiro cujos diálogos são construídos assim:
Personagem 1: Questiona com assunto A Personagem 2: Responde com assunto B Personagem 1: Reforça a questão com assunto A Personagem 2: Divaga com assunto B.
Quem não for muito calejado vai curtir o filme pois encontrará o retrato de algumas mazelas sociais e engodos existenciais contemporâneos.
Esse título em português afugenta mais espectadores do que a história do filme. Talvez se mantivessem o original, mais olhares seriam atraídos pela lembrança da música do "The Clash".
Não é um mau filme e a história não é nova. Filmes como "Falcão" e - o recente -"Gigantes de Aço" foram construídos sobre o mesmo arcabouço.
O que há de interessante nessa batida história é o seu pano de fundo. Chegou a vez da "Geração Anos 90" ter sua decadência retratada. O tempo aplicando rasteira nos que pensaram ainda estar "dois passos a frente". A decrepitude é reforçada pelo anacronismo que afeta a todos: paixão, criatividade, estilo, música, artista, turnê, groupies e fãs.
A boa atuação dos protagonistas, com um roteiro que não se apega a sentimentalismos excessivos, nos convence de que tais pessoas existem (tá, o filme se aproveita bastante da carinha de choro de Abigail Breslin que, junto com os olhinhos do "Gato de Botas", formam as duas coisas que mais enternecem na cultura pop).
Os trintões saudosistas aproveitarão a trilha recheada de rock e folk.
Não pesquisei para saber se as vozes das canções são dos atores. Se forem, mais um ponto positivo.
Estranho. Adoro esse filme mas não gosto nada da adaptação de "Não Me Abandone Jamais", do mesmo autor.
Mesmo com uma versão romantizada dos bastidores do poder, o que é interessante aqui é o retrato de uma ética e postura britânicas (comumente estereotipadas em outros obras) e as consequências que determinada retidão podem causar durante a vida. Não é uma critica a essa postura, muito pelo contrário, a historia faz aproveitamento dos poderes sugestivos que ela gera, que são tão intensos quantos os arroubos virulentos.
Filmaço muito bem amparado pelas interpretações dos protagonistas. Concorreu ao Oscar de melhor fita, mas aquele ano contou com grandes filmes. Foi uma briga de foices.
Um daqueles filmes que sabe lá por que cargas d'água a gente vê. Daqueles que a gente vira a cara e só sabe da existência quando o tédio nos faz zapear para cima e para baixo os trocentos canais da tv por assinatura. Dos que a gente só se recorda pela raiva ao ver que dois canais de programação feminina bem cafonas estão passando ao mesmo tempo. E reprisam manhã, tarde e noite. Esse filme é o gato para quem não tem cão. Talvez por nos pegar fragilizados, nesses momentos em que não sabemos o que fazer com o tempo, o filme nos toca. Ou talvez nos toque por tratar de temas caríssimos a quem respira e pensa.
"Os Garotos de Minha Vida" a primeira vista é um filme conservador, um tanto careta e moralista em sua mensagem. Mas o quão diferente poderia ser diante das frustrações que as inconsequências geram? Se optarmos por outra perspectiva que não aquela do problema da gravidez precoce de uma jovem talentosa, encontraremos o que o filme tem de melhor em seu retrato: as privações, angústias e embates que travamos em família. As culpas pelas nossas limitações que insistimos em transferir a quem nos cerca, o cordão umbilical invisível que não cortamos e o amor que se torna duvidoso diante da covardia do desapego ou da responsabilidade obrigatória.
Por ser protagonizado pela Drew Barrymore, impossível não lembrar de outra história real estrelada por ela e que encontramos algumas similaridades: Grey Gardens. Talvez aqui o problema de suas personagens apenas se invertam.
"Os Garotos de Minha Vida" é um filme quadradinho, mas possui momentos engraçados e sensíveis. Ao seu final já estamos entregues as suas pieguices pois nos identificamos facilmente com suas personagens. Melhor do que desperdiçar o tempo enxovalhando a atendente da tv a cabo, reclamando com agrugras várias pelo dinheiro desperdiçado diante das repetições na programação.
Não verei pela certeza de que será péssimo, mas sim pelo medo de ser muito bom. Vai que seja uma obra-prima, extremamente poética e transformadora? Como vou chegar pras pessoas e convencer de que o "filme da minha vida" chama-se "Os Sonhos de Um Sonhador - A História de Frank Aguiar"? Não. Vai dar muito trabalho.
Ótimo filme e uma temática pra lá de cascuda. Talvez por isso a identificação com qualquer elemento do filme seja nula. Não é possível se identificar com aqueles muito menos salvar e punir.
O filme se compromete apenas a representar determinado momento com absoluta isenção .Eu sinceramente acho
que o desfecho em aberto é uma das grandes sacadas do roteiro. Ele não está preocupado em punir seja de qual forma for o Michael. Se soubessemos o que a mãe do Michael encontrou ao abrir a porta, se o menino estava vivo e como foi tratado ou o choque para família pelo monstro descoberto, nós, os espectadores, nos sentiriamos vingados. Não foi o que quis o diretor.
Já na primeira sequência é possível perceber a qualidade do vem depois. O esmero e a delicadeza no preparo de um jantar. Os detalhes muito reforçados de um homem prendado, dedicado e que nem de longe seria possível o julga-lo tamanho virtuosismo. É isso que incomoda. Se tentamos - mesmo nas representações - identificar os monstros por características que não pertencem ao comum, o que fazer quando estamos diante das atrocidades que corre no silêncio do cotidiano?
Deus nos conserve a cegueira para com essa miséria.
Filme lindo. Eu adoro personagens trágicos por natureza. Leandra Leal está soberba e com apenas 13 anos!! A canção feita sob encomenda pelo Chico Buarque só é uma das melhores do seu cancioneiro. A primeira vez que o vi, chorei compulsivamente. Já foi um dos meus preferidos, hoje apenas gosto. O tempo deixou datado alguns elementos estéticos da "Retomada".
Não se trata de heroificação de criminoso. O que é interessante a primeira vista são as motivações de outros tempos e o quão essas escolhas vão se tornando um emaranhado viscoso de que não se larga.
A quem interessa a historia da violencia urbana, esse é obrigatório, ainda mais por ter sido realizado quase imediatamente a morte de Lucio Flavio e contar com locaçoes, pesquisa e estrutura recente a epoca.
Não é um bom filme, peca em desenvolvimento da história, reconstituição de época (dado talvez a um problema de orçamento) e em alguns momentos em atuação (por incrivel que pareça Daniel de Oliveira não está bem).
Contudo não deixa de ser interessante para quem se interessa por reais "senhores do crime". Li em algum lugar que o retrato corresponde a um novo olhar sobre a São Paulo "a todo vapor" da década de 50 e o esfacelamento da idéia comum de que na época bandido e malandro só tinha no Rio. São Paulo era lugar de galpões, trabalhadores e otários.
Hiroito de Moraes foi um dos nomes que se mistificou no submundo paulistano disfarçado de suor. Roubos, assassinatos, cafetinagem, tráfico e contravensão estenderam sua quilométrica "capivara".
Aqui também as motivações são o que há de mais interessante de se ver com o acréscimo de se poder identificar uma certa ética do crime da época. Por exemplo, os batedores de carteira (punguistas), não afanavam de pessoas com uniformes de serviço ou acompanhadas com criança. rsrs
Se voce não sabe quem é Christopher McCandless, pare aqui. Vá direto ao filme. Não busque pelo nome no Google e nem na Wikipedia.
Se deseja saber se compensa ver o filme, segue o "feijão com arroz":
Sim, vale a pena. É um bom filme. Bem dirigido pelo Sean Penn e segundo consta, muito bem adaptado do livro homônimo. Bela fotografia, roteiro e montagem. Trilha bacana composta pelo líder do Pearl Jam. Enfim um monte de adjetivos positivos e expressões de entusiasmo para o filme que retrata a história de alguém que formata sua existência de maneira alternativa.
Pronto! Corra lá e depois volte!
Aos que já foram, vamos ao que interessa pois não dá pra sair incólume de Na Natureza Selvagem e ficar revirando o arroz e feijão. É uma história que exige um pouquinho mais da gente, até para podermos nos livrar dela.
A trágica historia do jovem que se embrenhou numa aventura selvagem em busca de auto-conhecimento e afirmação de seus ideais, gera ainda hoje enorme simpatia ao ponto de torná-lo um herói remanescente dos movimentos contraculturais norte-americanos. Frequentemente associado aos famosos Movimentos Hippie e Beat (que na época já sofriam um desgaste), paradoxalmente o legado de McCandless inspira além ideais, produtos de consumo: o livro best-seller , esse filme, documentários, materiais para tv e até pacotes turísticos a região onde o moço foi encontrado.
Essa contradição já gera um bom debate e exige boas pesquisas. Outros aprofundamentos podem ser feitos com essa historia, como por exemplo reforçar a leitura dos autores inspiradores da ascese de McCandless, cujas citações são recorrentes durante todo filme, em destaque o romancista Tolstoy, Jack London e Thoreau. A importância dessa literatura não está disposta apenas como elementos ilustrativos da narrativa do Krakauer e do Penn que devem ter tido muito trabalho em costurar as citações no texto bem como criar diálogos de acordo com o que pensaria o aventureiro (por vezes o filme escorrega na pieguice nesses momentos).
O que poderíamos de imediato colocar em debate? Temos um exercício de solidão, de coragem, uma pratica de si, um corpo marginal resultado de um movimento cultural e político para nos debruçarmos. Afinal, se essa história nos deu vontade de colocar a mochila nas costas, o que nos segurou? Por que? Para que e para onde? Tanta. Tanta coisa!
Que tal começarmos com um debate vigente: muitos acham McCandless um ingênuo, irresponsável e egoísta pois pouco se instrumentalizou para a vida que escolheu, além de abandonar a própria família (um problema bem enfatizado no filme). O que vocês acham?
Eu sempre fico com a sensação de que Mrs Robinson estava certa: não saia com Elaine. Para mim o filme é fantástico até o primeiro encontro do Benjamim com a moça. Se na primeira parte tem-se muito bem pautados e deliciosamente exagerados todos os acontecimentos de um rito de passagem, na segunda parte o filme é todo apressado e e atropelado. Eu não consigo engolir um amor tão arrebatador em uma única noite e sempre acho que o diretor não quis trabalhar "algum" verdadeiro motivo que Mrs Robinson veta o namoro com a filha. E há aquela velha correria do mocinho para ficar a com a mocinha (tão revisitada mais tarde nas comédias românticas) A trilha é uma delícia : "The Sound of The Silence"na abertura é maravilhosa. "Scarborough Fair", "Mrs Robinson" e muitas saudades de um tempo que não vivi!
Na velha mania de dicotomia, sempre (e por anos) defendi o filme do Benigni como superior a esse.
Ambos me faziam chorar e foram importantes para o adolescente que despertava sua sensibilidade.
Hoje, após alguns anos e vivencias, apenas esse me comove pelo seu retrato da delicadeza e apreço ao outro, além de ser mais real, sincero, pungente e possível.
Se tem um profissional no qual eu sou linha dura e pego pesado em exigências, é o que atua na educação. Cobro muito. Mais do que cobro dos artistas. A educação é um exercício de extrema delicadeza e é trabalhosa. É uma tarefa de amor pela humanidade e esse amor exige até as entranhas de quem o pratica.
É um desses seres iluminados que encontramos em O Jarro. Como foi dito, é um filme dotado de simplicidade. Contudo não o impede de ser cruel, tenebroso até em seu retrato de tão dura realidade. Os temas que podem ser levantados são muitos e não se restringem a esfera pedagógica: o homem político x o homem privado, o papel da mulher na sociedade patriarcal, a resignificação do objeto como material e como símbolo, o mundo transformado pela criatividade e pela generosidade e etc.
Eu gosto desse filme apesar da pouca novidade e alguns erros. Pouca novidade em relação ao gênero (até porque se trata de um remake). Quanto aos elementos exigidos, não consigo discorrer sobre pois não sou apegado aos westerns.
Apenas acho um bom filme, pouco lembrado e até subestimado. A história do rancheiro que se embrenha numa comitiva com o objetivo de levar a justiça um perigoso bandido se torna muito mais rica no embate de valores e postura entre os protagonistas do que no bang-bang. Talvez esse seja seu erro, o filme se arrasta um pouco pois deixa as cenas de ação num espaço menor, contudo não leva a relação dos personagens ao ponto de insanidade, tirando pouco proveito das ótimas atuações de Bale e Crowie. Um remake permitiria essa coragem visto que os valores são outros e em outros tempos. Talvez por isso a pouca identificação com o filme.
O pistoleiro estiloso do poster original tambem é pouco desenvolvido.
No mais o filme é riquíssimo. Vale a pena e até arrisco a dizer que depois de Velvet Goldmine nunca vi o Bale tão bem.
Mad Men (4ª Temporada)
4.6 173 Assista Agora22/12/13 : Mad Men (4ª Temporada) - 9,5 - Foi preciso uma terceira temporada inteira para introduzir esta. A temporada é o avesso da anterior e por utilizar-se desse recurso, a que mais intensifica a proposta de todo trabalho. Roteiristas libertos, é chegada a hora de escancarar a decadência que latejava nos meandros do sucesso. É o super-homem entrincheirado e são nas trincheiras que se desembocam misérias e nobrezas puramente humanas. A temporada que faz valer todo o projeto, por isso, até agora, a melhor.Ter podido acompanhar um trabalho tão fino e ter ficado diante de um episódio como o "The Suitcase" (4x07 e uma das melhores coisas que a tv produziu), tornou o lazer em privilégio de existir.
Adaptação.
3.9 707 Assista AgoraBacana o Filmow ter entrado na “viagem” e ter mantido o nome de Donald Kaufman como um dos roteiristas (até ficha técnica ele tem!). Mais interessante ainda é ver alguns comentários citando os "irmãos Kaufman".
Pensei em começar esse texto com a frase "Um roteiro escrito a quatro mãos". Nada mais óbvio. Começaria melhor com "Um roteiro escrito a quatro mãos de um super cérebro" ou "a quatro mãos apenas de um homem que possui inúmeras".
"Adaptação" decepciona e por isso é excelente. Sua construção metalinguística é subversiva e jocosa. Mas antes de analisar o imbróglio da construção narrativa, é melhor não esquecer os temas levantados por Charlie Kaufman (e não pelo Donald) em seu trabalho.
Não sei até onde o mérito é exclusivo do livro "The Orchid Thief" (que existe), mas o que foi proposto principalmente na primeira parte do filme, beira o profundo e o poético: a adaptação como condição evolutiva da natureza e – talvez - um exercício de coragem do homem; o bloqueio criativo como inaptidão do artista às exigências de mercado; a existência e falta de alguma "paixão" que impulsione a vida a algo que valha a pena e a fugacidade dessa própria paixão.
Todos esses temas costurados no filme com intercalações de histórias, tempo e imagens soltas fazendo com que nos apaixonemos pela grandiosidade da jornalista, do livro, do roteirista, do botânico, da causa, da natureza e etc.
Até o momento em que, apaixonados, olhamos um pouco mais de perto e percebemos que não conseguiremos ver a flor rara que idealizamos. Que o que nos leva e nos deixa cansados em meio ao pântano, parece tão perdido e frágil quanto nós e por isso nos ofende.
Para não encararmos tal realidade de frente, recorremos aos artifícios que Donald Kaufman sabe oferecer muito bem.
Falei anteriormente em decepção. A decepção é com nós mesmos. É por ficarmos diante do ridículo que consumimos as pencas. Ridículo este que Charlie Kaufman afirma que não está disposto a entregar e, por isso, o mata.
Por fim, uma homenagem ao filme com melhor roteiro já feito. Para saber qual é, só vendo "Adaptação". Vale a pena!
As Horas
4.2 1,4K"Querido Leonard, sempre os anos que foram nossos . Sempre os anos. Sempre o amor. Sempre as horas."
Uma escreve, outra lê e outra personifica. As três vivem. As histórias de um único dia da vida de três mulheres se entrelaçam no arrebatamento que é existir, escolher e ser feliz. Em suma: ser gente.
Falar de ”As Horas” é falar de vida e morte, do engodo súbito que nos arrebata e nos estira aos prantos no canto da cozinha, da inexistência de rota de fuga e da tragicidade a que todos estão sujeitos durante o decurso da existência. Essa que não dá conta de satisfazer, de aquietar ou de cobrar a dignidade que a merece. Essa que é o barulho, as vozes e o silencio que se nega.
Diante disso: a morte, o abandono ou o entendimento.
Um Filme Falado
3.6 38Uma piada? Uma aula de "Telecurso 2000"?
Não! É uma bomba, gajo!
Não foi dessa vez que o cinema português me conquistou. E das grandes artes, só falta ele.
A primeira metade do filme é um curso básico de história da civilização a partir de pontos turísticos. Nada de novo. Depois temos uma conversa natural entre quatro pessoas de origens diferentes falando cada um sua língua nativa, cujo assunto, mesmo quando mais profundo, é encarado da forma mais fútil e trivial possível. Por fim, um final patético.
Um filme que parece feito por quem faltou às aulas básicas de produção narrativa e cinematográfica.
Ainda conta com pontas de John Malkovich e Catherine Deneuve. Caridosos?
Paris, Texas
4.3 699 Assista AgoraComo não haveria de haver um road-movie no curriculo de um diretor romantico?! Romantismo não no sentido usual confundido com amoroso, mas no que impele os sujeitos a forçar uma transfiguração de si, um virar-se do avesso a partir de um deslocamento ou uma nova forma de vida.
Interessante que aqui encontramos um sujeito que se debate com a responsabilidade das consequências geradas por essa prática.
Filme lindo! Mais uma vez Wim Wenders não nos deixa desamparados.
Amarelo Manga
3.8 543 Assista AgoraDeliciosa manga acrimoniosa.
Desça-te do altar mediano, que Brasil também é marrom, gordo, bicha, decrépito, louco e sujo. Nele as relações se tornam tesas por outros códigos e se constituem em espasmos de sensualidade e virulência.
Umberto D.
4.4 125 Assista AgoraCONSOLO NA PRAIA
Vamos, não chores...
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.
Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o 'humour'?
A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.
Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.
(Carlos Drummond de Andrade)
Carícias
3.2 10REGULAR
Eu tinha achado a construção do roteiro manjada, depois entendi o motivo ao ver que foi baseada numa peça teatral.
Não consigo "cair" num roteiro cujos diálogos são construídos assim:
Personagem 1: Questiona com assunto A
Personagem 2: Responde com assunto B
Personagem 1: Reforça a questão com assunto A
Personagem 2: Divaga com assunto B.
Quem não for muito calejado vai curtir o filme pois encontrará o retrato de algumas mazelas sociais e engodos existenciais contemporâneos.
Mas tem coisa muito melhor por aí.
A Caminho da Felicidade
3.4 66Esse título em português afugenta mais espectadores do que a história do filme. Talvez se mantivessem o original, mais olhares seriam atraídos pela lembrança da música do "The Clash".
Não é um mau filme e a história não é nova. Filmes como "Falcão" e - o recente -"Gigantes de Aço" foram construídos sobre o mesmo arcabouço.
O que há de interessante nessa batida história é o seu pano de fundo. Chegou a vez da "Geração Anos 90" ter sua decadência retratada. O tempo aplicando rasteira nos que pensaram ainda estar "dois passos a frente". A decrepitude é reforçada pelo anacronismo que afeta a todos: paixão, criatividade, estilo, música, artista, turnê, groupies e fãs.
A boa atuação dos protagonistas, com um roteiro que não se apega a sentimentalismos excessivos, nos convence de que tais pessoas existem (tá, o filme se aproveita bastante da carinha de choro de Abigail Breslin que, junto com os olhinhos do "Gato de Botas", formam as duas coisas que mais enternecem na cultura pop).
Os trintões saudosistas aproveitarão a trilha recheada de rock e folk.
Não pesquisei para saber se as vozes das canções são dos atores. Se forem, mais um ponto positivo.
Asas do Desejo
4.3 493 Assista AgoraEsse filme é o anjo que me toca o ombro.
Vestígios do Dia
3.8 219 Assista AgoraEstranho. Adoro esse filme mas não gosto nada da adaptação de "Não Me Abandone Jamais", do mesmo autor.
Mesmo com uma versão romantizada dos bastidores do poder, o que é interessante aqui é o retrato de uma ética e postura britânicas (comumente estereotipadas em outros obras) e as consequências que determinada retidão podem causar durante a vida. Não é uma critica a essa postura, muito pelo contrário, a historia faz aproveitamento dos poderes sugestivos que ela gera, que são tão intensos quantos os arroubos virulentos.
Filmaço muito bem amparado pelas interpretações dos protagonistas. Concorreu ao Oscar de melhor fita, mas aquele ano contou com grandes filmes. Foi uma briga de foices.
Um Amor Para Recordar
3.6 3,3K Assista AgoraAdoro a música que toca no final:
"Bomba, para dançar isso aqui é bomba
Pra balançar isso aqui é bomba
E a mulherada se joga bomba (...)"
Os Garotos da Minha Vida
3.8 408 Assista AgoraUm daqueles filmes que sabe lá por que cargas d'água a gente vê. Daqueles que a gente vira a cara e só sabe da existência quando o tédio nos faz zapear para cima e para baixo os trocentos canais da tv por assinatura. Dos que a gente só se recorda pela raiva ao ver que dois canais de programação feminina bem cafonas estão passando ao mesmo tempo. E reprisam manhã, tarde e noite. Esse filme é o gato para quem não tem cão. Talvez por nos pegar fragilizados, nesses momentos em que não sabemos o que fazer com o tempo, o filme nos toca. Ou talvez nos toque por tratar de temas caríssimos a quem respira e pensa.
"Os Garotos de Minha Vida" a primeira vista é um filme conservador, um tanto careta e moralista em sua mensagem. Mas o quão diferente poderia ser diante das frustrações que as inconsequências geram? Se optarmos por outra perspectiva que não aquela do problema da gravidez precoce de uma jovem talentosa, encontraremos o que o filme tem de melhor em seu retrato: as privações, angústias e embates que travamos em família. As culpas pelas nossas limitações que insistimos em transferir a quem nos cerca, o cordão umbilical invisível que não cortamos e o amor que se torna duvidoso diante da covardia do desapego ou da responsabilidade obrigatória.
Por ser protagonizado pela Drew Barrymore, impossível não lembrar de outra história real estrelada por ela e que encontramos algumas similaridades: Grey Gardens. Talvez aqui o problema de suas personagens apenas se invertam.
"Os Garotos de Minha Vida" é um filme quadradinho, mas possui momentos engraçados e sensíveis. Ao seu final já estamos entregues as suas pieguices pois nos identificamos facilmente com suas personagens. Melhor do que desperdiçar o tempo enxovalhando a atendente da tv a cabo, reclamando com agrugras várias pelo dinheiro desperdiçado diante das repetições na programação.
Os Sonhos de Um Sonhador - A História de Frank …
1.2 790 Assista AgoraNão verei pela certeza de que será péssimo, mas sim pelo medo de ser muito bom. Vai que seja uma obra-prima, extremamente poética e transformadora? Como vou chegar pras pessoas e convencer de que o "filme da minha vida" chama-se "Os Sonhos de Um Sonhador - A História de Frank Aguiar"? Não. Vai dar muito trabalho.
Michael
3.5 194Ótimo filme e uma temática pra lá de cascuda. Talvez por isso a identificação com qualquer elemento do filme seja nula. Não é possível se identificar com aqueles muito menos salvar e punir.
O filme se compromete apenas a representar determinado momento com absoluta isenção .Eu sinceramente acho
que o desfecho em aberto é uma das grandes sacadas do roteiro. Ele não está preocupado em punir seja de qual forma for o Michael. Se soubessemos o que a mãe do Michael encontrou ao abrir a porta, se o menino estava vivo e como foi tratado ou o choque para família pelo monstro descoberto, nós, os espectadores, nos sentiriamos vingados. Não foi o que quis o diretor.
Já na primeira sequência é possível perceber a qualidade do vem depois. O esmero e a delicadeza no preparo de um jantar. Os detalhes muito reforçados de um homem prendado, dedicado e que nem de longe seria possível o julga-lo tamanho virtuosismo. É isso que incomoda. Se tentamos - mesmo nas representações - identificar os monstros por características que não pertencem ao comum, o que fazer quando estamos diante das atrocidades que corre no silêncio do cotidiano?
Deus nos conserve a cegueira para com essa miséria.
Um filme para ruminar depois e por muito tempo.
A Ostra e o Vento
3.6 70Filme lindo. Eu adoro personagens trágicos por natureza. Leandra Leal está soberba e com apenas 13 anos!! A canção feita sob encomenda pelo Chico Buarque só é uma das melhores do seu cancioneiro. A primeira vez que o vi, chorei compulsivamente. Já foi um dos meus preferidos, hoje apenas gosto. O tempo deixou datado alguns elementos estéticos da "Retomada".
Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia
3.7 106Excelente!
Não se trata de heroificação de criminoso. O que é interessante a primeira vista são as motivações de outros tempos e o quão essas escolhas vão se tornando um emaranhado viscoso de que não se larga.
A quem interessa a historia da violencia urbana, esse é obrigatório, ainda mais por ter sido realizado quase imediatamente a morte de Lucio Flavio e contar com locaçoes, pesquisa e estrutura recente a epoca.
Boca do Lixo
2.8 117Não é um bom filme, peca em desenvolvimento da história, reconstituição de época (dado talvez a um problema de orçamento) e em alguns momentos em atuação (por incrivel que pareça Daniel de Oliveira não está bem).
Contudo não deixa de ser interessante para quem se interessa por reais "senhores do crime". Li em algum lugar que o retrato corresponde a um novo olhar sobre a São Paulo "a todo vapor" da década de 50 e o esfacelamento da idéia comum de que na época bandido e malandro só tinha no Rio. São Paulo era lugar de galpões, trabalhadores e otários.
Hiroito de Moraes foi um dos nomes que se mistificou no submundo paulistano disfarçado de suor. Roubos, assassinatos, cafetinagem, tráfico e contravensão estenderam sua quilométrica "capivara".
Aqui também as motivações são o que há de mais interessante de se ver com o acréscimo de se poder identificar uma certa ética do crime da época. Por exemplo, os batedores de carteira (punguistas), não afanavam de pessoas com uniformes de serviço ou acompanhadas com criança. rsrs
Não é um filmão, mas não é de todo descartável.
Na Natureza Selvagem
4.3 4,5K Assista AgoraSe voce não sabe quem é Christopher McCandless, pare aqui. Vá direto ao filme. Não busque pelo nome no Google e nem na Wikipedia.
Se deseja saber se compensa ver o filme, segue o "feijão com arroz":
Sim, vale a pena. É um bom filme. Bem dirigido pelo Sean Penn e segundo consta, muito bem adaptado do livro homônimo. Bela fotografia, roteiro e montagem. Trilha bacana composta pelo líder do Pearl Jam. Enfim um monte de adjetivos positivos e expressões de entusiasmo para o filme que retrata a história de alguém que formata sua existência de maneira alternativa.
Pronto! Corra lá e depois volte!
Aos que já foram, vamos ao que interessa pois não dá pra sair incólume de Na Natureza Selvagem e ficar revirando o arroz e feijão. É uma história que exige um pouquinho mais da gente, até para podermos nos livrar dela.
A trágica historia do jovem que se embrenhou numa aventura selvagem em busca de auto-conhecimento e afirmação de seus ideais, gera ainda hoje enorme simpatia ao ponto de torná-lo um herói remanescente dos movimentos contraculturais norte-americanos. Frequentemente associado aos famosos Movimentos Hippie e Beat (que na época já sofriam um desgaste), paradoxalmente o legado de McCandless inspira além ideais, produtos de consumo: o livro best-seller , esse filme, documentários, materiais para tv e até pacotes turísticos a região onde o moço foi encontrado.
Essa contradição já gera um bom debate e exige boas pesquisas. Outros aprofundamentos podem ser feitos com essa historia, como por exemplo reforçar a leitura dos autores inspiradores da ascese de McCandless, cujas citações são recorrentes durante todo filme, em destaque o romancista Tolstoy, Jack London e Thoreau. A importância dessa literatura não está disposta apenas como elementos ilustrativos da narrativa do Krakauer e do Penn que devem ter tido muito trabalho em costurar as citações no texto bem como criar diálogos de acordo com o que pensaria o aventureiro (por vezes o filme escorrega na pieguice nesses momentos).
O que poderíamos de imediato colocar em debate? Temos um exercício de solidão, de coragem, uma pratica de si, um corpo marginal resultado de um movimento cultural e político para nos debruçarmos. Afinal, se essa história nos deu vontade de colocar a mochila nas costas, o que nos segurou? Por que? Para que e para onde? Tanta. Tanta coisa!
Que tal começarmos com um debate vigente: muitos acham McCandless um ingênuo, irresponsável e egoísta pois pouco se instrumentalizou para a vida que escolheu, além de abandonar a própria família (um problema bem enfatizado no filme). O que vocês acham?
A Separação
4.2 726 Assista AgoraQue belo pedaço de homem esse Nader! Com um desses eu nem de casa saia. #aloca
A Primeira Noite de Um Homem
4.1 809 Assista AgoraEu sempre fico com a sensação de que Mrs Robinson estava certa: não saia com Elaine. Para mim o filme é fantástico até o primeiro encontro do Benjamim com a moça. Se na primeira parte tem-se muito bem pautados e deliciosamente exagerados todos os acontecimentos de um rito de passagem, na segunda parte o filme é todo apressado e e atropelado.
Eu não consigo engolir um amor tão arrebatador em uma única noite e sempre acho que o diretor não quis trabalhar "algum" verdadeiro motivo que Mrs Robinson veta o namoro com a filha.
E há aquela velha correria do mocinho para ficar a com a mocinha (tão revisitada mais tarde nas comédias românticas)
A trilha é uma delícia : "The Sound of The Silence"na abertura é maravilhosa. "Scarborough Fair", "Mrs Robinson" e muitas saudades de um tempo que não vivi!
Central do Brasil
4.1 1,8K Assista AgoraSó uma coisa: muito obrigado mesmo Walter Salles.
Na velha mania de dicotomia, sempre (e por anos) defendi o filme do Benigni como superior a esse.
Ambos me faziam chorar e foram importantes para o adolescente que despertava sua sensibilidade.
Hoje, após alguns anos e vivencias, apenas esse me comove pelo seu retrato da delicadeza e apreço ao outro, além de ser mais real, sincero, pungente e possível.
Como alguns dizem,: é muito mais filme.
O Jarro
4.1 31Se tem um profissional no qual eu sou linha dura e pego pesado em exigências, é o que atua na educação. Cobro muito. Mais do que cobro dos artistas. A educação é um exercício de extrema delicadeza e é trabalhosa. É uma tarefa de amor pela humanidade e esse amor exige até as entranhas de quem o pratica.
É um desses seres iluminados que encontramos em O Jarro. Como foi dito, é um filme dotado de simplicidade. Contudo não o impede de ser cruel, tenebroso até em seu retrato de tão dura realidade. Os temas que podem ser levantados são muitos e não se restringem a esfera pedagógica: o homem político x o homem privado, o papel da mulher na sociedade patriarcal, a resignificação do objeto como material e como símbolo, o mundo transformado pela criatividade e pela generosidade e etc.
Os Indomáveis
3.9 459Eu gosto desse filme apesar da pouca novidade e alguns erros. Pouca novidade em relação ao gênero (até porque se trata de um remake). Quanto aos elementos exigidos, não consigo discorrer sobre pois não sou apegado aos westerns.
Apenas acho um bom filme, pouco lembrado e até subestimado. A história do rancheiro que se embrenha numa comitiva com o objetivo de levar a justiça um perigoso bandido se torna muito mais rica no embate de valores e postura entre os protagonistas do que no bang-bang. Talvez esse seja seu erro, o filme se arrasta um pouco pois deixa as cenas de ação num espaço menor, contudo não leva a relação dos personagens ao ponto de insanidade, tirando pouco proveito das ótimas atuações de Bale e Crowie. Um remake permitiria essa coragem visto que os valores são outros e em outros tempos. Talvez por isso a pouca identificação com o filme.
O pistoleiro estiloso do poster original tambem é pouco desenvolvido.
No mais o filme é riquíssimo. Vale a pena e até arrisco a dizer que depois de Velvet Goldmine nunca vi o Bale tão bem.