Completamente confuso porém divertido; muito mais honesto que a mediocridade despreocupada dos filmes da Marvel e que a deprimente seriedade pseudo-cerebral do Nolan. Não quer dizer que mereça ser assistido, mas fica aí a curiosidade histórica.
O melhor da safra ruim d'O Mestre. Gosto de como a saturação exagerada colabora pra gente imaginar um western véio do início do cinema colorido; não gosto do machismo divertido, não é divertido.
The equalizer é um filme de propaganda bem aos moldes clássicos de Hollywood: um agente da CIA, tentando ter uma vida aposentada normal, descobre um braço importantíssimo da máfia russa ao tentar ajudar uma amiga. Washington faz o tipo de justiceiro perfeito-demais-para-este-mundo misturado com a máquina de matar (sabemos que os agentes estadunidenses, em verdade, costumam ter apenas a segunda característica), e descobre os caricatos russos (que, pasmem, são comandados por uma personagem chamada VLADIMIR PUSHKIN) ao tentar ajudar a pobre personagem de Moretz, uma adolescente explorada sexualmente como prostituta.
A descoberta da verdadeira invencibilidade do protagonista é até lenta; há, antes disso, uma continua construção de perigo produzido pelo gato-e-rato que é armado junto com Csokas, que faz um mafioso russo psicopata (como não podia ser diferente — qual russo não o é?), que consegue criar, sim, a sensação de perigo, mas cercado de policias locais, mais ou menos patéticos perto das duas figuras, que seguram as pontas legais da rede de ilegalidade. Denzel vai até a casa de uma amiga aparentemente pedir refúgio, mas em verdade informar o Governo de que solucionará o problema: e lá está ele, de costas, anunciando o desfecho.
Que consegue, pela construção narrativa, ter uma carga explosiva e tanto: qualquer um que realmente goste de filmes de ação sabe que, se a violência é aplicada da maneira correta, instiga, enche os olhos; Fuqua é um bom aluno de De Palma, e monta cenas satisfatórias com mortes heterodoxas com furadeiras, copos de whisky, pinadoras pneumáticas, saca-rolhas e muito mais, inclusive enforcando o enforcável Dan Bilzerian numa bela armadilha, deixando-o pingando sangue como forma de atrair outra vitima. O vilão, por mais que seja um psicopata, tirando boa parte duma possível carga dramática (que tenta ser inscrita com uma back story que é usada como escada para nosso agente imbatível botar o pau na mesa), convence pelo tipo frio e que deixa transparecer momentos de dúvida e confusão quando é tapeado genialmente.
O problema todo é esse: os russos não podem ser personalizados pra que a caracterização humana dos estadunidenses atinja níveis estratosféricos; todos os problemas são gerados não por estes, mas por aqueles. Mesmo os policiais corruptos tem um momento de redenção através de David Harbour, que era um bom policial (até conhecer os malditos comunistas, claro!). Chloë faz a doce menina, inocente, que tem mil sonhos, como todos nós tivemos, que são massacrados pelos dedos sujos dos russos; sua sensualidade, que o filme usa, é um sinônimo de decadência.
O filme está nos "moldes clássicos de Hollywood" também por isso: lembremos que, em 2015 (um ano depois do filme), se mobilizou uma "comemoração" aos 18 anos da atriz; a bizarra objetificação pedófila foi amplamente divulgada pela internet. O evidente mal gosto criminoso disso tudo não impediu a gringaiada se comportar como os tais russos vestindo suas máscaras brancas, pra pegarmos a bela alusão feita por Fanon em seu livro de 52 – o estadunidense desnudo de seu superego e entregue às seus desejos depravados é recalcado e projetado no inimigo russo, e o desejo de foder uma menor de idade pode ser festejado como um meme de internet enquanto não for à vias de fato.
Resta para os não-pretos (usado como a gíria racista para usada para todo não redneck na terra do Tio Sam) abrigarem toda a moralidade e felicidade que só pessoas perfeitas podem carregar, como o personagem de Denzel vivendo cotidianamente a a sua amiga, também agente da CIA, tendo uma vida tranquila de casal em sua luxuosa casa; a violência que o governo acaba tendo que empregar contra os malfeitores acaba sendo plenamente justificada, tendo em vista que, sem eles, o mundo não teria mais problema nenhum; sendo sua psicopatia inconcertável, que outra alternativa seria possível se não a justiça neurótica pela violência? Washington dá recados antes de matar todo mundo, sempre. É só não matar, não roubar, não estuprar, não sequestrar, não praticar latrocínio, que eu não te mato com um martelo, porra!
Tragédia grega noir, um slow-burning histriônico sobre a humanidade ainda não estar morta mas tão ferida — only when I breathe — a ponto de só poder esperar e assistir o fim derradeiro.
A trilha de Goldsmith e a direção de Polanski estão tão perfeitas e alinhadas que parecem uma coisa só; às vezes eu sinceramente pensava que "não é possível que eles não estejam um do lado do outro trabalhando, ao vivaço". Nicholson nos entrega uma personagem tão misteriosa e cínica que só se revela diante da morte, enquanto a de Dunaway dela se protege num amargor silencioso e quase santo, ou sabendo que merece a santidade sem a ter. A última cena é tão grotesca que se parece com Nelson Rodrigues tendo pesadelos. Aliás, Huston é um monstro (aqui, em vários sentidos)... Falando nele, penso que os protagonistas tem muito em comum com a relação Spade-O'Shaughnessy de seu magnânimo The Maltese Falcon (que se tornou uma marca do gênero, eu sei). Enfim, de bônus, é um filme para se gargalhar: o primeiro encontro de Gittes e Evelyn, o detetive pego na fazendo, a investigação e fuga do asilo...
Uma citação shakesperiana pra se encerrar: "You see, Mr. Gits, most people never have to face the fact that at the right time, the right place, they're capable of anything".
O filme é medíocre, um Assault on Precinct 13 (não por acaso DeMonaco foi roteirista do seu remake) de quinta categoria... Mas a idéia é tão boa que, mesmo sendo executado nas coxas, empolga demais. O final é que vale a pena pela diversão: veja acompanhado.
Psicologismo barato, personalismo, pequeno-politiques, devoção quase religiosa misturada com autocrítica rasa... O Brasil como quintal burgues "progressista" que chora sem verdadeiramente entender porque: não consegue dizer a palavra "capitalismo" uma única vez (fica para um dos entrevistados dizerem, pra que a palavra fique tão perdida quanto a utilização maniqueísta da faxineira que diz que nunca houve democracia).
Craig Gillespie faz um bom trabalho que permite a Margot Robbie brilhar, e como, interpretando a sua personagem com tudo, com garra. Até perdoo o roteiro tentar me vendê-la como uma menina de 15 anos, não tem problema: quanto mais Margot, melhor. Aliás, não consigo dizer ninguém que esteja acima da média em seu papel, já que consegui compreender, mais ou menos, toda a humanidade desses tipos de merda. Só penso que Shawn Eckhardt deveria ser interpretado pelo próprio; não sei nem se ele ainda é vivo, mas duvido que negasse se o oferecessem.
Meu mano Spike Lee, o que você fez aqui? O filme começa com uma promessa e tanto, inicia bem mas vai caindo drasticamente de qualidade (tipo, mesmo) por um longo tempo... E então, depois da primeira explosão, tudo muda: o filme entra numa crescente alucinada, com Delroy Lindo dando aula ao misturar The Treasure of the Sierra Madre com Apocalypse Now e com o resto do grupo perdidaço diante de tudo e tentando encontrar o que fazer, como fazer (caralho!, é bom demais).
Tipo, sério: como os monólogos com quebra de quarta parede de Paul podem estar no mesmo filme que essas cenas de batalha onde os soldados claramente são atores? Como pode a analogia política, linda, forte e provocadora que Lee desenvolve pelo arco da dinâmica dos quatro Bloods sobreviventes estar no mesmo filme que os "inserts documentais" da primeira metade? É difícil de entender.
The lovely bones teria sido o primeiro filme pé no chão de Peter Jackson depois da trilogia Senhor dos Anéis e do remake de King Kong: é fácil imaginar um drama psicológico, que poderia ter o fundo espirita de Susie observando tudo, sem nenhum problema, em que a família que ficou aprende a reconstruir a vida mesmo com o brutal desaparecimento da filha e ela, por si, se desprenderia do que foi e permitiria-se o perdão. Obviamente isto não acontece.
E não só porque Jackson precisa ser espalhafatoso (a ponto de bagunçar a narrativa, que é, na verdade, simplória), mas porque esta é uma historinha típica de nossa cultura: nada mais característico do que, ao invés de realmente aprendermos a seguir em frente, ver um tipo miserável como a personagem de Stanley Tucci
caindo, em câmera lenta, de um precipício e acabar todo estrupiado e esquecido no meio da neve
da forma que só nosso diretor saberia fazer: é um prazer, é nosso gozo, é o que justifica o sofrimento histérico de Wahlberg como pai e a negação suicida de Weisz como mãe.
Mais do que o perdão, queremos uma justiça vingativa e, de preferência, sanguinolenta; é assim que queremos nosso Papai do Céu olhando por nós, enquanto, para os injustiçados, haja flores, efeitos de CGI a mil e um beijo romântico de despedida, selando a união, e a própria vida, perfeita que a personagem da boa Ronan nunca terá com seu Mouro -- que provavelmente seria, tal qual Otelo, um tipo detestável assim como o namorado da amiga que, mais tarde, quase mataria o Jack Salmon -- eis aí uma ironia interessante! Buscar dar cabo da razão da filha não mais viver faz com que a família viva como se vive toda a família real... Claramente nada do que poderia aparecer em um filme hollywoodiano ou num conto de fadas.
Ao que tudo indica, o livro em que o longa foi inspirado, que felizmente não li, é bem ruim e o roteiro parece respeitá-lo bastante... O que é uma pena. Os momentos de George Harvey e de Susie Salmon viva e, depois de morta, agoniada, são os melhores. Entretém.
Feito na época da New Hollywood, Papillon consegue manter-se, tematicamente, novo e, estilisticamente, tradicional: a combinação nos traz um filme de fôlego incansável, de uma sabedoria narrativa surpreendente -- o filme é enxuto, apesar das duas horas e meia, e consegue contar uma história complicada e cheia de vais e vens sem muito mistério. McQueen, Schaffner, Trumbo, Hoffman, Goldsmith -- a química de toda a equipe funciona naturalmente.
The Fly é grande em muitos aspectos. O primeiro, que torna a obra adorada entre fãs de terror até hoje, é a carona de filme B que Cronenberg punha em muitos de seus longas, esbanjado gore e violência, que atingem, aqui, seu auge unanime entre os trasheiros. O segundo é se utilizar tão bem de um medo de sua época, o da AIDS, pra emplacar seu espaço na consciência coletiva, outro importante aspecto dos horror movies. Não por acaso estes dois pontos são tão próprios do então incipiente cinema americano de terror nos anos 50, de onde a primeira versão do roteiro de George Langelaan, dirigido por Kurt Neumann em 1958, surgiu.
A paranoia é, necessariamente, psicológica, envolvendo não só preocupações imediatas (a luta pela sobrevivência) como inconscientes (traumas, inseguranças, perversões), mesmo que disfarçado em falas mal interpretadas e efeitos práticos datados, coisa tão comum nos filmes pré-New Hollywood. Este é o motor do nosso diretor canadense, e é isso que dá o terceiro aspecto, o sentido amplo de The Fly de 1986: partir do comum, do medo do real transformado em uma tosca analogia narrativa, para discutir o humano, consciente e subconsciente. Jeff Goldblum, ao transformar-se na criatura mais aberrante do cinema, serve para discutirmos sobre nossa sexualidade, nossos anseios/esperanças/impulsos e medos/tristezas/negações. Não é à toa que a sexualidade escancarada dos personagens se misture com suas aspirações profissionais e suas necessidades básicas (do sexo à morte) numa declarada discussão científica sobre genética e biologia e em outra não declarada conversa sobre a paixão, a posse e o perdão. Todos se juntam no humano e nas suas relações, e todos dizem respeito à amar ao mesmo tempo em que se é egoísta.
Apesar de ser conhecido como o primeiro destaque do cinema noir, que, tal qual o expressionismo alemão, são lembrados por sua singularidade (a extravagância e o soturno, o profundamente psicológico e intrinsecamente histórico), "The Maltese Falcon" é um grande filme, mais do que tudo, por manter-se vivo per si, mérito impagável de um (então) diretor estreante, John Huston, já tão consciente da mise-en-scene, da composição e da narração (como, ressaltamos, diretor e também roteirista) -- uma trama intrincada, complexa, quase confusa, torna-se cristalina em suas mãos. Os detalhes e as minúcias se sobrepõe e formam o todo, esta grande peça do cinema.
Filmão, só o final que se estende demais e perde um tanto da força; eu cortaria na cena em que o Sean Penn sai andando pela rua e se vira pro Kevin Bacon.
Existem dois tipos de pessoa no Filmow: as que vêem filmes pra não precisar reler os livros e os que acham lento qualquer filme com mais de uma hora e meia sem jump-scare.
A Separação
4.2 725 Assista AgoraUm drama moral do nível de Sófocles e Shakespeare.
Batman vs Superman - A Origem da Justiça
3.4 5,0K Assista AgoraCompletamente confuso porém divertido; muito mais honesto que a mediocridade despreocupada dos filmes da Marvel e que a deprimente seriedade pseudo-cerebral do Nolan. Não quer dizer que mereça ser assistido, mas fica aí a curiosidade histórica.
Vampiros de John Carpenter
3.1 268 Assista AgoraO melhor da safra ruim d'O Mestre. Gosto de como a saturação exagerada colabora pra gente imaginar um western véio do início do cinema colorido; não gosto do machismo divertido, não é divertido.
Batman: O Cavaleiro das Trevas
4.5 3,8K Assista AgoraO filme está acima de duas estrelas apenas pelo Ledger; de resto, é melhor ler Miller e Moore.
O Protetor
3.6 919 Assista AgoraThe equalizer é um filme de propaganda bem aos moldes clássicos de Hollywood: um agente da CIA, tentando ter uma vida aposentada normal, descobre um braço importantíssimo da máfia russa ao tentar ajudar uma amiga. Washington faz o tipo de justiceiro perfeito-demais-para-este-mundo misturado com a máquina de matar (sabemos que os agentes estadunidenses, em verdade, costumam ter apenas a segunda característica), e descobre os caricatos russos (que, pasmem, são comandados por uma personagem chamada VLADIMIR PUSHKIN) ao tentar ajudar a pobre personagem de Moretz, uma adolescente explorada sexualmente como prostituta.
A descoberta da verdadeira invencibilidade do protagonista é até lenta; há, antes disso, uma continua construção de perigo produzido pelo gato-e-rato que é armado junto com Csokas, que faz um mafioso russo psicopata (como não podia ser diferente — qual russo não o é?), que consegue criar, sim, a sensação de perigo, mas cercado de policias locais, mais ou menos patéticos perto das duas figuras, que seguram as pontas legais da rede de ilegalidade. Denzel vai até a casa de uma amiga aparentemente pedir refúgio, mas em verdade informar o Governo de que solucionará o problema: e lá está ele, de costas, anunciando o desfecho.
Que consegue, pela construção narrativa, ter uma carga explosiva e tanto: qualquer um que realmente goste de filmes de ação sabe que, se a violência é aplicada da maneira correta, instiga, enche os olhos; Fuqua é um bom aluno de De Palma, e monta cenas satisfatórias com mortes heterodoxas com furadeiras, copos de whisky, pinadoras pneumáticas, saca-rolhas e muito mais, inclusive enforcando o enforcável Dan Bilzerian numa bela armadilha, deixando-o pingando sangue como forma de atrair outra vitima. O vilão, por mais que seja um psicopata, tirando boa parte duma possível carga dramática (que tenta ser inscrita com uma back story que é usada como escada para nosso agente imbatível botar o pau na mesa), convence pelo tipo frio e que deixa transparecer momentos de dúvida e confusão quando é tapeado genialmente.
O problema todo é esse: os russos não podem ser personalizados pra que a caracterização humana dos estadunidenses atinja níveis estratosféricos; todos os problemas são gerados não por estes, mas por aqueles. Mesmo os policiais corruptos tem um momento de redenção através de David Harbour, que era um bom policial (até conhecer os malditos comunistas, claro!). Chloë faz a doce menina, inocente, que tem mil sonhos, como todos nós tivemos, que são massacrados pelos dedos sujos dos russos; sua sensualidade, que o filme usa, é um sinônimo de decadência.
O filme está nos "moldes clássicos de Hollywood" também por isso: lembremos que, em 2015 (um ano depois do filme), se mobilizou uma "comemoração" aos 18 anos da atriz; a bizarra objetificação pedófila foi amplamente divulgada pela internet. O evidente mal gosto criminoso disso tudo não impediu a gringaiada se comportar como os tais russos vestindo suas máscaras brancas, pra pegarmos a bela alusão feita por Fanon em seu livro de 52 – o estadunidense desnudo de seu superego e entregue às seus desejos depravados é recalcado e projetado no inimigo russo, e o desejo de foder uma menor de idade pode ser festejado como um meme de internet enquanto não for à vias de fato.
Resta para os não-pretos (usado como a gíria racista para usada para todo não redneck na terra do Tio Sam) abrigarem toda a moralidade e felicidade que só pessoas perfeitas podem carregar, como o personagem de Denzel vivendo cotidianamente a a sua amiga, também agente da CIA, tendo uma vida tranquila de casal em sua luxuosa casa; a violência que o governo acaba tendo que empregar contra os malfeitores acaba sendo plenamente justificada, tendo em vista que, sem eles, o mundo não teria mais problema nenhum; sendo sua psicopatia inconcertável, que outra alternativa seria possível se não a justiça neurótica pela violência? Washington dá recados antes de matar todo mundo, sempre. É só não matar, não roubar, não estuprar, não sequestrar, não praticar latrocínio, que eu não te mato com um martelo, porra!
The Room
2.3 492Essa festa virou um enterro.
Cemitério Maldito
3.7 1,1K Assista AgoraStephen King deve morrer.
Chinatown
4.1 636 Assista AgoraTragédia grega noir, um slow-burning histriônico sobre a humanidade ainda não estar morta mas tão ferida — only when I breathe — a ponto de só poder esperar e assistir o fim derradeiro.
A trilha de Goldsmith e a direção de Polanski estão tão perfeitas e alinhadas que parecem uma coisa só; às vezes eu sinceramente pensava que "não é possível que eles não estejam um do lado do outro trabalhando, ao vivaço". Nicholson nos entrega uma personagem tão misteriosa e cínica que só se revela diante da morte, enquanto a de Dunaway dela se protege num amargor silencioso e quase santo, ou sabendo que merece a santidade sem a ter. A última cena é tão grotesca que se parece com Nelson Rodrigues tendo pesadelos. Aliás, Huston é um monstro (aqui, em vários sentidos)... Falando nele, penso que os protagonistas tem muito em comum com a relação Spade-O'Shaughnessy de seu magnânimo The Maltese Falcon (que se tornou uma marca do gênero, eu sei). Enfim, de bônus, é um filme para se gargalhar: o primeiro encontro de Gittes e Evelyn, o detetive pego na fazendo, a investigação e fuga do asilo...
Uma citação shakesperiana pra se encerrar: "You see, Mr. Gits, most people never have to face the fact that at the right time, the right place, they're capable of anything".
Filth: O Nome da Ambição
3.7 487 Assista AgoraMcAvoy e Welsh (pelo menos no cinema; nunca o li) são sempre ótimos, mas este filme não é legal...
Uma Noite de Crime
3.2 2,2K Assista AgoraO filme é medíocre, um Assault on Precinct 13 (não por acaso DeMonaco foi roteirista do seu remake) de quinta categoria... Mas a idéia é tão boa que, mesmo sendo executado nas coxas, empolga demais. O final é que vale a pena pela diversão: veja acompanhado.
A Chinesa
3.9 135Adoro o fato de web-revolucionários usarem cenas desse filme para representá-los; é mais ou menos disso que Godard estava rindo.
Democracia em Vertigem
4.1 1,3KPsicologismo barato, personalismo, pequeno-politiques, devoção quase religiosa misturada com autocrítica rasa... O Brasil como quintal burgues "progressista" que chora sem verdadeiramente entender porque: não consegue dizer a palavra "capitalismo" uma única vez (fica para um dos entrevistados dizerem, pra que a palavra fique tão perdida quanto a utilização maniqueísta da faxineira que diz que nunca houve democracia).
Animais Fantásticos e Onde Habitam
4.0 2,2K Assista AgoraJ. K. Rowling precisa morrer.
Eu, Tonya
4.1 1,4K Assista AgoraCraig Gillespie faz um bom trabalho que permite a Margot Robbie brilhar, e como, interpretando a sua personagem com tudo, com garra. Até perdoo o roteiro tentar me vendê-la como uma menina de 15 anos, não tem problema: quanto mais Margot, melhor. Aliás, não consigo dizer ninguém que esteja acima da média em seu papel, já que consegui compreender, mais ou menos, toda a humanidade desses tipos de merda. Só penso que Shawn Eckhardt deveria ser interpretado pelo próprio; não sei nem se ele ainda é vivo, mas duvido que negasse se o oferecessem.
Destacamento Blood
3.8 448 Assista AgoraMeu mano Spike Lee, o que você fez aqui? O filme começa com uma promessa e tanto, inicia bem mas vai caindo drasticamente de qualidade (tipo, mesmo) por um longo tempo... E então, depois da primeira explosão, tudo muda: o filme entra numa crescente alucinada, com Delroy Lindo dando aula ao misturar The Treasure of the Sierra Madre com Apocalypse Now e com o resto do grupo perdidaço diante de tudo e tentando encontrar o que fazer, como fazer (caralho!, é bom demais).
Tipo, sério: como os monólogos com quebra de quarta parede de Paul podem estar no mesmo filme que essas cenas de batalha onde os soldados claramente são atores? Como pode a analogia política, linda, forte e provocadora que Lee desenvolve pelo arco da dinâmica dos quatro Bloods sobreviventes estar no mesmo filme que os "inserts documentais" da primeira metade? É difícil de entender.
Um Olhar do Paraíso
3.7 2,7K Assista AgoraThe lovely bones teria sido o primeiro filme pé no chão de Peter Jackson depois da trilogia Senhor dos Anéis e do remake de King Kong: é fácil imaginar um drama psicológico, que poderia ter o fundo espirita de Susie observando tudo, sem nenhum problema, em que a família que ficou aprende a reconstruir a vida mesmo com o brutal desaparecimento da filha e ela, por si, se desprenderia do que foi e permitiria-se o perdão. Obviamente isto não acontece.
E não só porque Jackson precisa ser espalhafatoso (a ponto de bagunçar a narrativa, que é, na verdade, simplória), mas porque esta é uma historinha típica de nossa cultura: nada mais característico do que, ao invés de realmente aprendermos a seguir em frente, ver um tipo miserável como a personagem de Stanley Tucci
caindo, em câmera lenta, de um precipício e acabar todo estrupiado e esquecido no meio da neve
Mais do que o perdão, queremos uma justiça vingativa e, de preferência, sanguinolenta; é assim que queremos nosso Papai do Céu olhando por nós, enquanto, para os injustiçados, haja flores, efeitos de CGI a mil e um beijo romântico de despedida, selando a união, e a própria vida, perfeita que a personagem da boa Ronan nunca terá com seu Mouro -- que provavelmente seria, tal qual Otelo, um tipo detestável assim como o namorado da amiga que, mais tarde, quase mataria o Jack Salmon -- eis aí uma ironia interessante! Buscar dar cabo da razão da filha não mais viver faz com que a família viva como se vive toda a família real... Claramente nada do que poderia aparecer em um filme hollywoodiano ou num conto de fadas.
Ao que tudo indica, o livro em que o longa foi inspirado, que felizmente não li, é bem ruim e o roteiro parece respeitá-lo bastante... O que é uma pena. Os momentos de George Harvey e de Susie Salmon viva e, depois de morta, agoniada, são os melhores. Entretém.
Cujo
3.3 439 Assista AgoraStephen King deve morrer.
Papillon
4.2 324 Assista AgoraFeito na época da New Hollywood, Papillon consegue manter-se, tematicamente, novo e, estilisticamente, tradicional: a combinação nos traz um filme de fôlego incansável, de uma sabedoria narrativa surpreendente -- o filme é enxuto, apesar das duas horas e meia, e consegue contar uma história complicada e cheia de vais e vens sem muito mistério. McQueen, Schaffner, Trumbo, Hoffman, Goldsmith -- a química de toda a equipe funciona naturalmente.
A Mosca
3.7 1,0KThe Fly é grande em muitos aspectos. O primeiro, que torna a obra adorada entre fãs de terror até hoje, é a carona de filme B que Cronenberg punha em muitos de seus longas, esbanjado gore e violência, que atingem, aqui, seu auge unanime entre os trasheiros. O segundo é se utilizar tão bem de um medo de sua época, o da AIDS, pra emplacar seu espaço na consciência coletiva, outro importante aspecto dos horror movies. Não por acaso estes dois pontos são tão próprios do então incipiente cinema americano de terror nos anos 50, de onde a primeira versão do roteiro de George Langelaan, dirigido por Kurt Neumann em 1958, surgiu.
A paranoia é, necessariamente, psicológica, envolvendo não só preocupações imediatas (a luta pela sobrevivência) como inconscientes (traumas, inseguranças, perversões), mesmo que disfarçado em falas mal interpretadas e efeitos práticos datados, coisa tão comum nos filmes pré-New Hollywood. Este é o motor do nosso diretor canadense, e é isso que dá o terceiro aspecto, o sentido amplo de The Fly de 1986: partir do comum, do medo do real transformado em uma tosca analogia narrativa, para discutir o humano, consciente e subconsciente. Jeff Goldblum, ao transformar-se na criatura mais aberrante do cinema, serve para discutirmos sobre nossa sexualidade, nossos anseios/esperanças/impulsos e medos/tristezas/negações. Não é à toa que a sexualidade escancarada dos personagens se misture com suas aspirações profissionais e suas necessidades básicas (do sexo à morte) numa declarada discussão científica sobre genética e biologia e em outra não declarada conversa sobre a paixão, a posse e o perdão. Todos se juntam no humano e nas suas relações, e todos dizem respeito à amar ao mesmo tempo em que se é egoísta.
Relíquia Macabra
4.0 182 Assista AgoraApesar de ser conhecido como o primeiro destaque do cinema noir, que, tal qual o expressionismo alemão, são lembrados por sua singularidade (a extravagância e o soturno, o profundamente psicológico e intrinsecamente histórico), "The Maltese Falcon" é um grande filme, mais do que tudo, por manter-se vivo per si, mérito impagável de um (então) diretor estreante, John Huston, já tão consciente da mise-en-scene, da composição e da narração (como, ressaltamos, diretor e também roteirista) -- uma trama intrincada, complexa, quase confusa, torna-se cristalina em suas mãos. Os detalhes e as minúcias se sobrepõe e formam o todo, esta grande peça do cinema.
Sobre Meninos e Lobos
4.1 1,5K Assista AgoraFilmão, só o final que se estende demais e perde um tanto da força; eu cortaria na cena em que o Sean Penn sai andando pela rua e se vira pro Kevin Bacon.
Contágio
3.2 1,8K Assista AgoraO filme é tão sem sal que parece até um documentário.
Os Herdeiros
3.5 10 Assista AgoraAlguém sabe onde comprar/baixar/assistir?
O Bebê de Rosemary
3.9 1,9K Assista AgoraExistem dois tipos de pessoa no Filmow: as que vêem filmes pra não precisar reler os livros e os que acham lento qualquer filme com mais de uma hora e meia sem jump-scare.