Claudiane

Para mim, foi um acidente. E com o receio de que não houvesse interpretação nesse sentido, ela apoiou a ideia de suicídio levantada pelo advogado. Não acho que ela tivesse motivos suficientes para assassinar o marido. Faria sentido um divórcio, não um homicídio. Havia afeto, mas o relacionamento estava ruim, daí as discussões irem ficando acaloradas e justificar, por que não?, uma discussão e um acidente decorrente de um empurrão. Que o camarada já havia tentado suicídio uma vez, acho que ficou mais ou menos claro. Que ele tinha sérios problemas psicológicos, as fotos das paredes revelaram que sim. Ele tinha os problemas dele, e ela tinha os problemas dela. Relação conjugal é caos (ela sintetizou bem a maioria dos relacionamentos). O lance é que cada um lidava com seus problemas de seu jeito, gerando um trauma conjugal que, no meu sentir, culminou num bate-boca e possivelmente num acidente.
E a cena dela no final com o advogado, em que ela olha para ele e tenta visualizar a cara de um animal e nada diz, dá a entender que ainda não consegue confiar nele e, talvez, por isso, não possa ser totalmente franca com ele em relação a tudo o que aconteceu.
No final, ela foi declarada inocente de homicídio (porque provavelmente não é o que houve), mas continua guardando segredo em relação ao que aconteceu (para não correr o risco de ser vista como culpada, como ela disse ao assumir a omissão em relação a alguns fatos), assim como o filho também guarda seus segredos (ele ouviu, sim, a discussão dos paus, e também criou toda a história final no tribunal).