Queria um clichezinho para finalizar o dia, mas nem isso o filme conseguiu entregar. Protagonistas nada carismáticos, diálogos forçados. Péssimo em tudo.
Louvável iniciativa de nos trazer a história de São Nektários. Só senti falta de mencionarem Agni Parthene, esse hino belíssimo à Santíssima Virgem, composto por ele. ♥
É um filme inteiramente alegórico - o que faz das discussões acerca dele muito mais interessantes que ele próprio. Alegorias inteligentes, de fato, porém a ausência de enredo torna esses 144 minutos arrastados e (bem) difíceis.
Mais um documentário sensacionalista, tendencioso e que não chega a lugar algum. A premissa parecia interessante em princípio, mas resulta em uma dicotomia mal desenvolvida do "amar ou odiar" o próprio pai, desconsiderando aquela dose saudável de imparcialidade, meios termos e contexto histórico - que, deixando claro, está bem longe da cegueira e justificações desnecessárias e repetitivas que vemos aqui.
Brinde: a forma como a Ucrânia é mostrada me fez ficar em dúvida se ria ou chorava.
The Girl in The Book é uma história de superação - na verdade, do processo de superação de Alice, a respeito de uma situação ocorrida ainda em sua adolescência. Percebemos o quanto a protagonista adiou o momento de encarar seu próprio trauma, uma situação mal resolvida dentro dela própria e que lhe deixou sequelas - as quais o filme explorou bem.
A promiscuidade da Alice, por exemplo, é um reflexo do abuso e desilusão por ela sofridos. Há um vazio em seu interior que tenta preencher com rostos aleatórios e relacionamentos efêmeros. Ela vai a bares, sorrindo a alguém que levará para a cama, e se frustra na manhã seguinte, porque isso não tirou dela o que a incomoda. O problema maior é quando, finalmente, se envolve com uma pessoa de quem passa a gostar e conhece a reciprocidade - a partir de então suas atitudes passam a refletir em outro alguém, e essa é uma situação para a qual não está preparada. Alice ainda não sabe lidar com o fato de ter conhecido Emmett, mas a presença dele e o que ele representa é importante para ela e, sabendo disso, ele se torna um motivo a mais para deixar de ser a coadjuvante da própria vida. Desse modo, o romance se justifica, embora não tenha me convencido.
Outro reflexo do trauma pode ser percebido nas dificuldades que ela tem para escrever. Somente após uma breve conversa com Milan, seu antigo fantasma, ela consegue se libertar da personagem que a eclipsava. A partir de então, sente-se finalmente pronta para escrever. Nesse quesito, achei o filme bem sucedido.
Gostei também do cenário no qual o filme se passa: o mercado editorial, movido por quem tem o poder de, num estalar de dedos, fazer as coisas acontecerem - a exemplo da influência do pai de Alice. Além disso, são levantadas questões como a apropriação de ideias, plágio e outras.
Ainda com algumas romantizações excessivas e arcos mal explorados, o filme é finalizado de forma satisfatória, mas sem surpresas.
Uma vez assistindo a uma ficção, seria de se esperar o confronto entre Alice e Milan, mas, particularmente, a ausência deste não me desapontou. A sensação que fica é que, para ela, bastava concluir o seu trabalho e ter uma breve conversa com a pessoa que teve um impacto tão negativo em sua vida. É desse modo que ela se liberta do que a aprisionou por anos. Sobre isso, penso que é bem mais próximo da realidade, em que nossos traumas e fantasmas são superados, resolvidos e esquecidos não com um desfecho deslumbrante, mas de uma forma muito mais interna e reservada.
Grandes expectativas, decepções ainda maiores. É como se todos esses minutos fossem construídos para te surpreender de novo e de novo, para te deixar mais e mais desconfiado, e de tanto esperar para ser surpreendido você... percebe que era "só isso" mesmo, e não haverá nada além.
Ao menos para mim, a agonia lenta que é esse filme não vale a pena considerando seu desfecho - e raramente considero um desfecho frustrante capaz de frustrar todo o processo. Não sei se por insensibilidade minha ou expectativas elevadas, ou ambas as coisas.
O deleite cinematográfico (se existe) está em algumas raras cenas e, nesse quesito, destaque para a cena de perseguição no estádio - cada movimento daquela câmera soou como poesia para mim, faltou fôlego e faltam também palavras para descrevê-la. Mas essa mesma técnica peca a ponto de provocar uma alergia aos mais sensíveis: é a maquiagem que funciona muito bem em um ator, mas não em outro; é a cena do carro na estrada com uma luz estática na cara do motorista, que te permite até sentir o cheiro do estúdio, e por aí vai.
Excelente documentário. Gostei do modo como levantou a questão do culto ao feio, chocante, vazio e prático: é o fiel retrato do nosso tempo, em que qualquer ruído pode ser chamado de música, a crítica é tomada como "julgamento pessoal arrogante" e uma mísera pincelada em uma tela branca pode valer milhões. Seria possível dizer que qualquer coisa é arte? Não teria esse conceito se esvaziado?
É aquela do faxineiro que, apertado para ir ao banheiro, deixa a vassoura encostada em uma parede. Ao retornar, um grupo de pessoas cercam o objeto com olhares reflexivos e comovidos.
Mais um filme que entrará para o "grupo dos que poderiam ter sido", mas não foram. O que mais me incomodou, além da falta de profundidade na relação dos protagonistas, foi a passagem de tempo - muito confusa, muito rápida e em menos de um minuto você já verá todos os cortes de cabelo possíveis em um ator. O que é uma pena, pois a ideia me parecia excelente a princípio.
Encontrei o título buscando pela temática da Ocupação, e gostei de tê-lo visto - embora tenha me decepcionado bastante com ele. Tinha a fórmula do sucesso em mãos, mas conseguiu perdê-la ao focar em arcos secundários desinteressantes.
Mais da metade do filme não é o desenvolvimento do romance em questão, mas o problema um camponês x que a protagonista decide defender. Além de não me convencer minimamente me fez pensar que a autora tinha ideias muitíssimo melhores para sua obra que, por uma infelicidade do destino, não fora concluída. Além disso, cai nos maniqueísmos chatos e típicos da época.
Michelle razoável em uma personagem razoável - isso para não citar as cenas bregas como
apontar a arma para o teu amor quando TODOS sabem que ela não atiraria. blehhh
Contudo, gostei do trabalho do Matthias e pretendo procurar outros filmes do ator.
De qualquer modo, indicaria o longa àqueles que pesquisam sobre o tema e desejam um filminho com trilha sonora agradável e um romance doce para ilustrá-lo.
Conheci Dennis Gansel por A Onda, aquele conhecido filme onde um professor decide mostrar, na prática, como é possível que uma ditadura aconteça. Ver um trabalho dele agora dentro da temática foi extremamente gratificante! E, preciso dizer, essa parceria dele e do Max Riemelt é incrível. ♥
É comum que as pessoas se questionem sobre o motivo que levou tantos a apoiar o partido nazista. Napola exemplifica bem a situação ao colocar Friedrich, um garoto jovem, que fica fascinado com a oportunidade de integrar a elite do seu país através do seu talento com o boxe. Que importa o que diz seu pai sobre "eles não serem como a gente"? É a elite, é a oportunidade e o futuro dele! E assim mais um adentrou esse universo cruel.
Sobre a suposta tendência homoerótica dos dois rapazes, tenho que discordar:
Não consigo enxergar desse modo. Aquela escola é um ambiente ausente de compaixão, onde eles são ensinados a serem cruéis e não pensar nos outros. Criados para servir, não para pensar ou se comover. Albrecht é a pontinha de humanidade que existe no lugar e essa aparente fraqueza comove Friedrich, que não é cruel como os outros - ou pelo menos não deseja ser. Isso fica evidente em sua hesitação ao bater desnecessariamente naquele que já está nocauteado e em outras cenas.
Dá para perceber como ele era seu único amigo, alguém que se importava de ler seus textos, com quem podia conversar. Eu chamo essa relação de amizade, cumplicidade, algo no qual outros estudantes não estavam interessados - eles que matam crianças fugitivas que nem armadas estavam e não se questionam minimamente; veem um colega tentando suicídio e não movem um dedinho que seja para impedi-lo...
Com a morte de Albrecht, o outro enxerga (de forma ainda mais clara) as injustiças daquele lugar. E desse modo impiedoso é expulso dali.
Lendo os comentários vi que não só eu lembrei de Brokeback Mountain, só em uma versão alemã e inserida no contexto moderno.
Adoro esse tom de "realidade", com atuações convincentes e seguras. Os atores principais não deixam a desejar nesse quesito.
Marc é o pior tipo de homem que se pode imaginar: o covarde. Tanto que ele mal dialoga - tanto com a Bettina quanto com o Kay, ele só oferece respostas vagas e silêncios profundos. Além disso, persiste no erro de mentir para si mesmo durante todo o filme.
Não surpreende que a maior preocupação no filme é a foto para a escola. O filme fala essencialmente dessa busca por uma imagem, que leva pessoas - desde cedo - e não aceitarem a si mesmas do jeito que são.
Gostei de ver os estudantes se expressando, contando sobre o processo de adaptação e a forma como aprendem e lidam com os métodos novos. O documentário se faz válido ao levantar o debate sobre a educação no Brasil, a partir de alternativas de ensino. Saindo daquela sala de aula abafada com "alunos" enfileirados, para disseminar conhecimento aos estudantes e, o melhor, COM os estudantes. Embora nem todos os métodos pareçam realmente eficientes (o que não entra em discussão aqui), é inspirador ver que existe quem queira mudar e, não obstante, está fazendo sua parte por isso.
As personagens e atrizes se misturam; a metalinguagem provoca uma deliciosa confusão. O envelhecimento é o tema sensível que toca Juliette Binoche ao decidir atuar em uma peça, só que interpretando a personagem mais velha, destruída e que tem a cena roubada por uma jovem e enérgica atriz. São inúmeras boas questões levantadas pelo diretor, e sobre isso não tenho do que reclamar.
A primeira cena já me trouxe uma impressão positiva sobre a Stewart, de quem eu desgostava pelo motivo que todos nós sabemos: a ausência de expressão, a falta de um trabalho de voz, aquela mesma postura de sempre. Porém, as falas iniciais quebraram, em partes, essa minha visão. Senti uma maturidade da parte dela que jamais encontrei em outros filmes; Kristen estava mais segura e firme, e embora no decorrer do filme volte ao que conhecemos, seu papel não deixou de ser interessante. Dá até para sentir uma autocrítica repleta de ironia entre a Valentina e sua vida real. Fiquei agradavelmente surpresa com ela, e espero que outros diretores sejam capazes de explorar melhor sua capacidade de atuar. E, sim, ela é capaz, e eu espero que ainda nos brinde com atuações maravilhosas e memoráveis (o que mesmo aqui ainda não aconteceu).
Por outro lado, a edição e montagem são irritantes. Há cenas muito deslocadas e sem sentido no filme; isso sem falar da forma vaga como deixou várias personagens são deixadas. Excessos de fade, cortes bruscos, cenas vagas; isso chegou a me irritar várias vezes, por mais entretida que estivesse com a história.
Por fim, gostei, mas senti falta de algo. Acredito que análise pós-filme me gostar muito mais dele, e entendê-lo melhor. É realmente o tipo que sobe os créditos, mas não acaba ali. Continua em nós, com o peso de suas críticas, com a brecha para que nós preenchamos as lacunas deixadas.
Um dos pontos que mais me agradaram no filme são os silêncios da Julianne Moore, aquelas cenas em que ela não precisa dizer uma única palavra para que saibamos exatamente o que sua personagem sente. A atuação dela é sem dúvidas o ápice do longa e faz válida toda a experiência de assisti-lo. O tema é delicado e abordado de uma forma linda.
Cotidiano de um casal retratado de forma natural e realista, com direito a cenas explícitas regadas à boa música. É um filme que flui deliciosamente, mas não espere que vá além dos fragmentos de memória do Matt. Ele relembra seus momentos com Lisa, e intercala com o vazio de sua vida atual. Simples assim, e lindo ao seu modo.
Filmes jorrando sangue à torto e à direito temos aos montes. Vender a violência merece um troféu, mas uma retratação tão natural da nudez e da paixão entre duas pessoas é um absurdo, é vazio, é chato e afins. Hipocrisia é eufemismo.
Esperava encontrar a Zoe de Ruby Sparks, exalando aquela fofura do filme em que a conheci, mas me decepcionei bastante com o que vi aqui.
Ser previsível e não fazer o menor esforço para fugir do clichê não é o grande problema do filme. O pedantismo dos diálogos é insuportável - frases de efeito vindas de adultos que se comportam como adolescentes, e não sabem resolver suas situações sem as trapalhadas "cômicas" nas quais o roteiro se sustenta. No mínimo, eu diria que isso é uma tentativa de soar inteligente, mas que soa bem ridícula e torna o filme, além de ruim, um tédio.
Entre uma e outra piadinha que funcionam, o longa se mantém na linha da regularidade e daí para pior. Isso para não citar as referências explícitas e mal feitas de 500 Days of Summer, que, aliás, me irritaram bastante.
Definitivamente, fiz uma péssima escolha e se você procura algum filme do gênero que seja, no mínimo, bom, passe longe.
Posso não ser a maior fã do diretor, mas a qualidade das suas obras é inquestionável. Agradei-me de todos os filmes do Nolan que assisti. E aquele que conseguiu me arrastar para uma trilogia do Batman e, de quebra, torná-la uma das minhas favoritas, agora me levou para o sci-fi.
Minhas expectativas estavam altíssimas a respeito dos efeitos e qualidade técnica - que, acredito eu, é o que se espera do gênero. Porém, não esperava lidar com questões delicadas como o drama familiar envolvente dos Cooper, e tampouco acreditei que tal filme pudesse me deixar com aquele nó na garganta e coração apertado. Não poderiam ter feito melhor escolha para o protagonista: Matthew nos brinda com uma atuação impecável.
Mal vi o tempo passar - coisa que soa irônica para um filme de quase três horas, mas é a mais pura verdade. Embora eu não tenha saído extasiada da sala, tenho certeza que essas cenas girarão em minha mente pela próxima semana. Uma bela reflexão, um belo filme.
Está tudo perfeitamente claro desde o primeiro olhar de Catherine, mas assim como Nick, somos fisgados por essa mulher. Também nos apaixonamos por ela e a sombra do "E se...?" se mantém até o último segundo.
Filme inteiramente da Sharon Stone. Ela brilha da primeira à última cena em uma atuação impecável. Belo suspense. ♥
Antes de tudo, Scarlett foi uma escolha brilhante para o papel.
Antes mesmo do seu lançamento, "vazou" uma foto da atriz completamente nua e então choveram comentários do tipo: "está acima do peso", "não é grande coisa", "tem celulite", tem "isso e aquilo". Mesmo se tratando de um símbolo de beleza, Scarlett não foi poupada da crueldade e futilidade das pessoas quando se trata de aparência.
Uma imagem perfeita, um rosto perfeito, uma máscara perfeita. Será isso mesmo que somos? As relações humanas são terrivelmente afetadas por esses ideais, temos pessoas em busca incessante e quase obsessiva pela beleza, pela carne, pelo externo. E eis que ficamos cada vez mais distantes de nós mesmos. É nesse ponto que Sob A Pele atinge.
As mensagens não são facilitadas ao longo do filme, que também não possui uma grande história. Ele se demora em fazer uma crítica profunda através de uma alienígena buscando um modo de adaptar-se ao mundo. É interessante ver as nuances da personagem no decorrer de sua busca.
O típico filme que me proporciona a experiência de assistir primeiro, analisar depois. Passei boa parte do filme sem entender realmente do que se tratava. Embora sentisse a necessidade "humana" de saber o que estou assistindo, permiti-me provar da angústia, da solidão, do profundo abismo no qual nos afundamos diante da tela. Aos poucos as peças vão se encaixando, pontos de vista se misturam, uma deliciosa discussão pós-filme faz com que a experiência seja completa. Particularmente adoro isso!
Dentro
2.8 89 Assista AgoraO cansaço de assistir ao filme é proporcional ao confinamento do protagonista. Nunca fiquei tão aliviada com o final de um filme.
Saltburn
3.5 843Estético, mas doentio ao extremo.
Upgrade: As Cores do Amor
2.8 70 Assista AgoraQueria um clichezinho para finalizar o dia, mas nem isso o filme conseguiu entregar. Protagonistas nada carismáticos, diálogos forçados. Péssimo em tudo.
Infiltrado
3.6 318 Assista AgoraParece que o diretor perdeu o fôlego na cena final e desistiu de uma bela oportunidade para entregar apenas um clichê sobre vingança.
Mariya – O Simbolo de Uma Guerra
3.3 3 Assista AgoraAs cenas de Santa Matrona compensam ♥
Homem de Fé
3.1 9 Assista AgoraLouvável iniciativa de nos trazer a história de São Nektários. Só senti falta de mencionarem Agni Parthene, esse hino belíssimo à Santíssima Virgem, composto por ele. ♥
Entardecer
2.8 26 Assista AgoraÉ um filme inteiramente alegórico - o que faz das discussões acerca dele muito mais interessantes que ele próprio. Alegorias inteligentes, de fato, porém a ausência de enredo torna esses 144 minutos arrastados e (bem) difíceis.
O Que Nossos Pais Fizeram: Um Legado Nazista
3.6 11Mais um documentário sensacionalista, tendencioso e que não chega a lugar algum. A premissa parecia interessante em princípio, mas resulta em uma dicotomia mal desenvolvida do "amar ou odiar" o próprio pai, desconsiderando aquela dose saudável de imparcialidade, meios termos e contexto histórico - que, deixando claro, está bem longe da cegueira e justificações desnecessárias e repetitivas que vemos aqui.
Brinde: a forma como a Ucrânia é mostrada me fez ficar em dúvida se ria ou chorava.
A Garota do Livro
3.1 147 Assista AgoraThe Girl in The Book é uma história de superação - na verdade, do processo de superação de Alice, a respeito de uma situação ocorrida ainda em sua adolescência. Percebemos o quanto a protagonista adiou o momento de encarar seu próprio trauma, uma situação mal resolvida dentro dela própria e que lhe deixou sequelas - as quais o filme explorou bem.
A promiscuidade da Alice, por exemplo, é um reflexo do abuso e desilusão por ela sofridos. Há um vazio em seu interior que tenta preencher com rostos aleatórios e relacionamentos efêmeros. Ela vai a bares, sorrindo a alguém que levará para a cama, e se frustra na manhã seguinte, porque isso não tirou dela o que a incomoda. O problema maior é quando, finalmente, se envolve com uma pessoa de quem passa a gostar e conhece a reciprocidade - a partir de então suas atitudes passam a refletir em outro alguém, e essa é uma situação para a qual não está preparada. Alice ainda não sabe lidar com o fato de ter conhecido Emmett, mas a presença dele e o que ele representa é importante para ela e, sabendo disso, ele se torna um motivo a mais para deixar de ser a coadjuvante da própria vida. Desse modo, o romance se justifica, embora não tenha me convencido.
Outro reflexo do trauma pode ser percebido nas dificuldades que ela tem para escrever. Somente após uma breve conversa com Milan, seu antigo fantasma, ela consegue se libertar da personagem que a eclipsava. A partir de então, sente-se finalmente pronta para escrever. Nesse quesito, achei o filme bem sucedido.
Gostei também do cenário no qual o filme se passa: o mercado editorial, movido por quem tem o poder de, num estalar de dedos, fazer as coisas acontecerem - a exemplo da influência do pai de Alice. Além disso, são levantadas questões como a apropriação de ideias, plágio e outras.
Ainda com algumas romantizações excessivas e arcos mal explorados, o filme é finalizado de forma satisfatória, mas sem surpresas.
Uma vez assistindo a uma ficção, seria de se esperar o confronto entre Alice e Milan, mas, particularmente, a ausência deste não me desapontou. A sensação que fica é que, para ela, bastava concluir o seu trabalho e ter uma breve conversa com a pessoa que teve um impacto tão negativo em sua vida. É desse modo que ela se liberta do que a aprisionou por anos. Sobre isso, penso que é bem mais próximo da realidade, em que nossos traumas e fantasmas são superados, resolvidos e esquecidos não com um desfecho deslumbrante, mas de uma forma muito mais interna e reservada.
O Segredo dos Seus Olhos
4.3 2,1K Assista AgoraGrandes expectativas, decepções ainda maiores. É como se todos esses minutos fossem construídos para te surpreender de novo e de novo, para te deixar mais e mais desconfiado, e de tanto esperar para ser surpreendido você... percebe que era "só isso" mesmo, e não haverá nada além.
Ao menos para mim, a agonia lenta que é esse filme não vale a pena considerando seu desfecho - e raramente considero um desfecho frustrante capaz de frustrar todo o processo. Não sei se por insensibilidade minha ou expectativas elevadas, ou ambas as coisas.
O deleite cinematográfico (se existe) está em algumas raras cenas e, nesse quesito, destaque para a cena de perseguição no estádio - cada movimento daquela câmera soou como poesia para mim, faltou fôlego e faltam também palavras para descrevê-la. Mas essa mesma técnica peca a ponto de provocar uma alergia aos mais sensíveis: é a maquiagem que funciona muito bem em um ator, mas não em outro; é a cena do carro na estrada com uma luz estática na cara do motorista, que te permite até sentir o cheiro do estúdio, e por aí vai.
Why Beauty Matters
3.9 41Excelente documentário. Gostei do modo como levantou a questão do culto ao feio, chocante, vazio e prático: é o fiel retrato do nosso tempo, em que qualquer ruído pode ser chamado de música, a crítica é tomada como "julgamento pessoal arrogante" e uma mísera pincelada em uma tela branca pode valer milhões. Seria possível dizer que qualquer coisa é arte? Não teria esse conceito se esvaziado?
É aquela do faxineiro que, apertado para ir ao banheiro, deixa a vassoura encostada em uma parede. Ao retornar, um grupo de pessoas cercam o objeto com olhares reflexivos e comovidos.
O Amigo Alemão
3.1 12Mais um filme que entrará para o "grupo dos que poderiam ter sido", mas não foram. O que mais me incomodou, além da falta de profundidade na relação dos protagonistas, foi a passagem de tempo - muito confusa, muito rápida e em menos de um minuto você já verá todos os cortes de cabelo possíveis em um ator. O que é uma pena, pois a ideia me parecia excelente a princípio.
Suite Francesa
3.6 259 Assista AgoraEncontrei o título buscando pela temática da Ocupação, e gostei de tê-lo visto - embora tenha me decepcionado bastante com ele. Tinha a fórmula do sucesso em mãos, mas conseguiu perdê-la ao focar em arcos secundários desinteressantes.
Mais da metade do filme não é o desenvolvimento do romance em questão, mas o problema um camponês x que a protagonista decide defender. Além de não me convencer minimamente me fez pensar que a autora tinha ideias muitíssimo melhores para sua obra que, por uma infelicidade do destino, não fora concluída. Além disso, cai nos maniqueísmos chatos e típicos da época.
Michelle razoável em uma personagem razoável - isso para não citar as cenas bregas como
apontar a arma para o teu amor quando TODOS sabem que ela não atiraria. blehhh
Contudo, gostei do trabalho do Matthias e pretendo procurar outros filmes do ator.
De qualquer modo, indicaria o longa àqueles que pesquisam sobre o tema e desejam um filminho com trilha sonora agradável e um romance doce para ilustrá-lo.
Napola
4.1 78Conheci Dennis Gansel por A Onda, aquele conhecido filme onde um professor decide mostrar, na prática, como é possível que uma ditadura aconteça. Ver um trabalho dele agora dentro da temática foi extremamente gratificante! E, preciso dizer, essa parceria dele e do Max Riemelt é incrível. ♥
É comum que as pessoas se questionem sobre o motivo que levou tantos a apoiar o partido nazista. Napola exemplifica bem a situação ao colocar Friedrich, um garoto jovem, que fica fascinado com a oportunidade de integrar a elite do seu país através do seu talento com o boxe. Que importa o que diz seu pai sobre "eles não serem como a gente"? É a elite, é a oportunidade e o futuro dele! E assim mais um adentrou esse universo cruel.
Sobre a suposta tendência homoerótica dos dois rapazes, tenho que discordar:
Não consigo enxergar desse modo. Aquela escola é um ambiente ausente de compaixão, onde eles são ensinados a serem cruéis e não pensar nos outros. Criados para servir, não para pensar ou se comover. Albrecht é a pontinha de humanidade que existe no lugar e essa aparente fraqueza comove Friedrich, que não é cruel como os outros - ou pelo menos não deseja ser. Isso fica evidente em sua hesitação ao bater desnecessariamente naquele que já está nocauteado e em outras cenas.
Dá para perceber como ele era seu único amigo, alguém que se importava de ler seus textos, com quem podia conversar. Eu chamo essa relação de amizade, cumplicidade, algo no qual outros estudantes não estavam interessados - eles que matam crianças fugitivas que nem armadas estavam e não se questionam minimamente; veem um colega tentando suicídio e não movem um dedinho que seja para impedi-lo...
Com a morte de Albrecht, o outro enxerga (de forma ainda mais clara) as injustiças daquele lugar. E desse modo impiedoso é expulso dali.
Queda Livre
3.6 591Lendo os comentários vi que não só eu lembrei de Brokeback Mountain, só em uma versão alemã e inserida no contexto moderno.
Adoro esse tom de "realidade", com atuações convincentes e seguras. Os atores principais não deixam a desejar nesse quesito.
Marc é o pior tipo de homem que se pode imaginar: o covarde. Tanto que ele mal dialoga - tanto com a Bettina quanto com o Kay, ele só oferece respostas vagas e silêncios profundos. Além disso, persiste no erro de mentir para si mesmo durante todo o filme.
Pelo Malo
4.0 121 Assista AgoraNão surpreende que a maior preocupação no filme é a foto para a escola. O filme fala essencialmente dessa busca por uma imagem, que leva pessoas - desde cedo - e não aceitarem a si mesmas do jeito que são.
Quando Sinto que Já Sei
4.4 41Gostei de ver os estudantes se expressando, contando sobre o processo de adaptação e a forma como aprendem e lidam com os métodos novos. O documentário se faz válido ao levantar o debate sobre a educação no Brasil, a partir de alternativas de ensino. Saindo daquela sala de aula abafada com "alunos" enfileirados, para disseminar conhecimento aos estudantes e, o melhor, COM os estudantes. Embora nem todos os métodos pareçam realmente eficientes (o que não entra em discussão aqui), é inspirador ver que existe quem queira mudar e, não obstante, está fazendo sua parte por isso.
Acima das Nuvens
3.6 400As personagens e atrizes se misturam; a metalinguagem provoca uma deliciosa confusão. O envelhecimento é o tema sensível que toca Juliette Binoche ao decidir atuar em uma peça, só que interpretando a personagem mais velha, destruída e que tem a cena roubada por uma jovem e enérgica atriz. São inúmeras boas questões levantadas pelo diretor, e sobre isso não tenho do que reclamar.
A primeira cena já me trouxe uma impressão positiva sobre a Stewart, de quem eu desgostava pelo motivo que todos nós sabemos: a ausência de expressão, a falta de um trabalho de voz, aquela mesma postura de sempre. Porém, as falas iniciais quebraram, em partes, essa minha visão. Senti uma maturidade da parte dela que jamais encontrei em outros filmes; Kristen estava mais segura e firme, e embora no decorrer do filme volte ao que conhecemos, seu papel não deixou de ser interessante. Dá até para sentir uma autocrítica repleta de ironia entre a Valentina e sua vida real. Fiquei agradavelmente surpresa com ela, e espero que outros diretores sejam capazes de explorar melhor sua capacidade de atuar. E, sim, ela é capaz, e eu espero que ainda nos brinde com atuações maravilhosas e memoráveis (o que mesmo aqui ainda não aconteceu).
Por outro lado, a edição e montagem são irritantes. Há cenas muito deslocadas e sem sentido no filme; isso sem falar da forma vaga como deixou várias personagens são deixadas. Excessos de fade, cortes bruscos, cenas vagas; isso chegou a me irritar várias vezes, por mais entretida que estivesse com a história.
Por fim, gostei, mas senti falta de algo. Acredito que análise pós-filme me gostar muito mais dele, e entendê-lo melhor. É realmente o tipo que sobe os créditos, mas não acaba ali. Continua em nós, com o peso de suas críticas, com a brecha para que nós preenchamos as lacunas deixadas.
Para Sempre Alice
4.1 2,3K Assista AgoraUm dos pontos que mais me agradaram no filme são os silêncios da Julianne Moore, aquelas cenas em que ela não precisa dizer uma única palavra para que saibamos exatamente o que sua personagem sente. A atuação dela é sem dúvidas o ápice do longa e faz válida toda a experiência de assisti-lo. O tema é delicado e abordado de uma forma linda.
Nove Canções
2.6 384Cotidiano de um casal retratado de forma natural e realista, com direito a cenas explícitas regadas à boa música. É um filme que flui deliciosamente, mas não espere que vá além dos fragmentos de memória do Matt. Ele relembra seus momentos com Lisa, e intercala com o vazio de sua vida atual. Simples assim, e lindo ao seu modo.
Filmes jorrando sangue à torto e à direito temos aos montes. Vender a violência merece um troféu, mas uma retratação tão natural da nudez e da paixão entre duas pessoas é um absurdo, é vazio, é chato e afins. Hipocrisia é eufemismo.
Será Que?
3.5 913 Assista AgoraEsperava encontrar a Zoe de Ruby Sparks, exalando aquela fofura do filme em que a conheci, mas me decepcionei bastante com o que vi aqui.
Ser previsível e não fazer o menor esforço para fugir do clichê não é o grande problema do filme. O pedantismo dos diálogos é insuportável - frases de efeito vindas de adultos que se comportam como adolescentes, e não sabem resolver suas situações sem as trapalhadas "cômicas" nas quais o roteiro se sustenta. No mínimo, eu diria que isso é uma tentativa de soar inteligente, mas que soa bem ridícula e torna o filme, além de ruim, um tédio.
Entre uma e outra piadinha que funcionam, o longa se mantém na linha da regularidade e daí para pior. Isso para não citar as referências explícitas e mal feitas de 500 Days of Summer, que, aliás, me irritaram bastante.
Definitivamente, fiz uma péssima escolha e se você procura algum filme do gênero que seja, no mínimo, bom, passe longe.
Interestelar
4.3 5,7K Assista AgoraPosso não ser a maior fã do diretor, mas a qualidade das suas obras é inquestionável. Agradei-me de todos os filmes do Nolan que assisti. E aquele que conseguiu me arrastar para uma trilogia do Batman e, de quebra, torná-la uma das minhas favoritas, agora me levou para o sci-fi.
Minhas expectativas estavam altíssimas a respeito dos efeitos e qualidade técnica - que, acredito eu, é o que se espera do gênero. Porém, não esperava lidar com questões delicadas como o drama familiar envolvente dos Cooper, e tampouco acreditei que tal filme pudesse me deixar com aquele nó na garganta e coração apertado. Não poderiam ter feito melhor escolha para o protagonista: Matthew nos brinda com uma atuação impecável.
Mal vi o tempo passar - coisa que soa irônica para um filme de quase três horas, mas é a mais pura verdade. Embora eu não tenha saído extasiada da sala, tenho certeza que essas cenas girarão em minha mente pela próxima semana. Uma bela reflexão, um belo filme.
Instinto Selvagem
3.6 550 Assista AgoraEstá tudo perfeitamente claro desde o primeiro olhar de Catherine, mas assim como Nick, somos fisgados por essa mulher. Também nos apaixonamos por ela e a sombra do "E se...?" se mantém até o último segundo.
Filme inteiramente da Sharon Stone. Ela brilha da primeira à última cena em uma atuação impecável. Belo suspense. ♥
Sob a Pele
3.2 1,4K Assista AgoraAntes de tudo, Scarlett foi uma escolha brilhante para o papel.
Antes mesmo do seu lançamento, "vazou" uma foto da atriz completamente nua e então choveram comentários do tipo: "está acima do peso", "não é grande coisa", "tem celulite", tem "isso e aquilo". Mesmo se tratando de um símbolo de beleza, Scarlett não foi poupada da crueldade e futilidade das pessoas quando se trata de aparência.
Uma imagem perfeita, um rosto perfeito, uma máscara perfeita. Será isso mesmo que somos? As relações humanas são terrivelmente afetadas por esses ideais, temos pessoas em busca incessante e quase obsessiva pela beleza, pela carne, pelo externo. E eis que ficamos cada vez mais distantes de nós mesmos. É nesse ponto que Sob A Pele atinge.
As mensagens não são facilitadas ao longo do filme, que também não possui uma grande história. Ele se demora em fazer uma crítica profunda através de uma alienígena buscando um modo de adaptar-se ao mundo. É interessante ver as nuances da personagem no decorrer de sua busca.
O típico filme que me proporciona a experiência de assistir primeiro, analisar depois. Passei boa parte do filme sem entender realmente do que se tratava. Embora sentisse a necessidade "humana" de saber o que estou assistindo, permiti-me provar da angústia, da solidão, do profundo abismo no qual nos afundamos diante da tela. Aos poucos as peças vão se encaixando, pontos de vista se misturam, uma deliciosa discussão pós-filme faz com que a experiência seja completa. Particularmente adoro isso!