Seria uma aventura adulta? Apenas entretenimento fora dos blockbusters de franquia, ou seja, o cinema realmente se tornou um jardim de infância apenas com quadrinhos e The Mountain Between Us viu uma brecha ai.
O diretor entrega uma obra dinâmica, que não perde tempo, e já nos situa logo de cara na ação. A narrativa girando, sem muito espaço para floreios. Por outro lado, a dupla de protagonistas, Elba e Winslet, obviamente tem cacife de sobra para segurar o filme basicamente por conta própria, e a química entre os dois funciona que é uma beleza. Todos os percalços enfrentados pelos protagonistas são perfeitamente plausíveis dentro da realidade apresentada. É um cine pipoca, vale uma tarde.
Que filme denso, esse roteiro coloca o espectador de um lado da trama (baseada em fatos) que impõe ao ódio, mostra o climax do filme sendo uma guerra, e seguindo para o porquê o desatar desses laços é quase inevitável, tratando de racismo precisamos ser realistas e não partir para o extremismo para nenhum dos lados, sendo que um deles não tem a razão e deve ser condenado, quando não é condenado por todos deixamos de ser uma sociedade que prima o bem comum e passamos a lei da selva.
Poderia ter 30 minutos a menos, ainda que esse desmantelamento das estruturas seja uma mobilização estética para apontar as tristes condições que tornaram possíveis o resultado do ato final, entre muitos outros grandes erros e injustiças, o longa perde um pouco de seu ritmo ao retomar aos poucos para seu começo, se recolocando enquanto um constatador de fatos.
As atuações do elenco como um todo são excelentes, mas não é possível não destacar o desempenho de Will Poulter, que domina boa parte da ação na metade do longa. Por tratar diversos personagens quase com o mesmo espaço não parece ser o caso de apontar um protagonista em um dos retratados, mas o protagonismo assustador da proximidade dos fatos com a nossa atualidade. As narrativas carregadas de uma tensão elétrica, com muita adrenalina e desconforto, uma habilidade cirúrgica de controle na direção.
O mais surpreende é tirar uma história tão densa que poderia muito bem ser contada em único filme e fazer uma serie com 8 eps, mas que nos prende até o último segundo. Após a virada no roteiro, nos damos conta de uma condução enigmática de suspense investigativo. Essa condução se desenvolve devagar, mas o que não permite que ela canse é o desconhecimento da história de vida de Cora. Esse elemento nos mantém atentos, curiosos e, aos poucos, nos é revelado por seus flashes de lembrança… até que no último episódio tudo se conecte e faça sentido.
Ainda que o roteiro e a direção seja compartilhada por várias pessoas diferentes, a serie vai além dos clichês do suspense e do drama quando se trata de desenvolvimento de narrativa. Tudo é muito bem construído, como o relacionamento de Cora com sua irmã Phoebe, a preocupação de Cora em ver seu filho, e o objetivo e determinação de Harry em provar que Cora é inocente. Jessica Biel está em um dos papéis mais cativantes e dramáticos de sua carreira, sempre com um olhar atento, porém triste.
A obra vale a pena ser vista por qualquer um que adore uma boa e amarrada história criminal. Não só pelo roteiro, mas também pelos ótimos movimentos de câmera, a oportuna montagem e sobretudo pela envolvente direção que conhece os meios de se destacar com um ritmo lento, porém interessantíssimo. Além disso, esta é uma ótima oportunidade para ver Bill Pullman interpretando um personagem de dar gosto.
É extraordinário a sensibilidade do ser humano em uma sala de cinema, precisamos disso fora dela também, tantos sofrimentos acontecem na vida real e nós simplesmente colocamos uma máscara e repetimos o ódio, não levamos em consideração a dor que cada um carrega e que por muitas vezes não foi por escolha. Entre está certo e ser gentil, seja gentil.
A empatia por Auggie aumenta devido ao desempenho cativante de Tremblay, esse pequeno ser já tinha superado as expectativas em o “O quarto de Jack”, mas aqui ele surpreende por está atrás de uma máscara e demonstrar no olhar tanta emoção. Os coadjuvantes tem uma boa parcela nesse tom pesado e melancólico até atingir a superação.
O roteiro prova saber equilibrar bem o contar de histórias, pincelando fortemente outras camadas dos personagens; sempre direcionando-as, no entanto, para o extraordinário protagonista do título. O foco é clarividente, não sendo esse o caso de um filme que acaba destoando no tom ou ritmo. O que acontece, contudo, é que o material, extremamente comovente em sua própria natureza, acaba exagerando esse seu lado mais emotivo ao projetar lições de vida à beira do genérico. Em contraponto, a narrativa do longa prova-se ser bastante perspicaz, visto que Extraordinário nunca tende nem para uma abordagem completamente leve, nem para um tratamento extremamente cru, impiedoso. Tratando de crianças, prevalece um espírito de esperança concreta, uma mensagem de superação, o que, retomando o aspecto negativo da didática do viver, acaba não sendo exposto da maneira mais orgânica, soando como se fosse, em alguns poucos momentos, empurrada para nós goela abaixo. Não deixe de ver no cinema, é emocionante acompanhar 150 pessoas chorando.
Pode-se dizer também que este O Sequestro é uma das maiores furadas na qual Halle Berry já se meteu. Deveria se chamar Tudo o que NÃO fazer caso seu filho seja sequestrado. Berry é uma atriz talentosa e o problema aqui está longe de ser, ela se esforça e tem bons momentos dramáticos inclusive, o roteiro é muito ruim, no primeiro ato apresentam um a sequência de videos caseiros para tentar causar uma empatia ou identificação, mas não é o bastante para convencer e que você possa comprar a história, quanto na ação apenas no quarto ato tem uma ligeira melhora e monotonia de plots ruins. .
Uma hora e meia e eu não via a hora de acabar, massante e sem novidade. O tradicional twist da franquia retorna, mas é extremamente previsível e nem mesmo o deslocamento temporal proposto joga a favor da produção. O desenvolvimento dos personagens continua horroroso (e isso se deve tanto as más atuações quanto ao roteiro), por exemplo. Os avanços ocorrem no restabelecimento de pequenos padrões narrativos, voltando mais atenção para as consequências das escolhas feitas nas armadilhas. Dependendo da resposta da bilheteria no exterior, considerando que nos EUA o filme continuou com números bem abaixo do padrão da franquia, talvez possamos ter mais episódios de Saw utilizando este filme como ponto de partida.
A ficção cientifica só está aqui para ilustrar, transformar em metáforas uma critica a imortalidade, limites da ciência e a espiritualidade, apesar de algumas falhas na história.
Basicamente a crença que o pensamento filosófico começa com o sujeito humano, não meramente o sujeito pensante, mas as suas ações, sentimentos e a vivência de um ser humano individual. No existencialismo, o ponto de partida do indivíduo é caracterizado pelo que se tem designado por "atitude existencial", ou uma sensação de desorientação e confusão face a um mundo aparentemente sem sentido e absurdo.
Eu teria gostado de ler este romance. Eu acredito que teria adorado mais e provavelmente não teria razões para não dar 5 estrelas por conta de alguns fios soltos, e uma parte que fala sobre o pai do detetive que no livro é interessante, mas no filme não achei que ajudou não. O filme não se limita ao traço clássico, falando apenas dos protagonistas suspeitos de trazer, talvez a descoberta do assassino ou assassina. A história também fala de relações entre diferentes classes sociais explorando a dinâmica de uma família rica em torno da década de 1950 (o romance foi realizado em 1947) onde a sociedade estava prestes a mudar, houve o nascimento de Rock and Roll, estabelecendo algumas cenas em Swinging Soho, com os Teddy Boys, destacando um confronto político claro, e isso sem dúvida completa a história, mas também ajuda na imersão, acredito que os apaixonados por Agatha Christie não se decepcionaram.
O filme não é ruim, só se perde um pouco no final, tem até uma ideia bem legal, as atuações são boas, o roteiro que desviou com um assunto muito pesado no final e tirou o foco do que vinha sendo apresentado.
4 estrelas???? Não, não mesmo. Meu 100or, perdi dinheiro com 3D e ainda acabaram com as minhas expectativas, esse retorno do superman (snif snif), era melhor seguir o edit do filme da mulher maravilha, frustante. Esse excesso de cgi, parece que eu to no ps4, não cola, eu fico inconformado porque não tem mortos no chão e o vilão não é vilão.
Depois deste 4 ep infelizmente fui forçado há não continuar assistindo, não está ruim, está péssimo, parece filminho de faculdade, conseguiram acabar com uma das séries mais vista no mundo. Essa coisa de arrastar sem conteúdo nenhum, lotada de clichê barato de filme anos 80 não colou na sétima temporada e agora muito menos, eles estão apelando tanto que parece um stand up sem roteiro.
O melhor filme de Pattinson e o melhor dos diretores, sem sombra de dúvidas. Mas a fixação com a personificação de um anti-herói aliada com o final previsível acaba afetando toda a experiência positiva das cenas passadas. A condução do filme é feita de forma precisa, abrindo e fechando arcos narrativos com incrível sensibilidade, tem uma complexa cadeia de eventos que acabam criando consequências de grande impacto na narrativa moldada em bons diálogos com merecido destaque para o protagonista. A fotografia é muito boa, construída com uma linguagem visual que mostra a rua através dos olhos de Nikas, com um ótimo destaque para o contraste da violência e da calmaria antes de uma perseguição, por exemplo.
Eu acabei de assistir, e eu to no chão. Que sensibilidade incrível para retratar cada detalhe, esse formato de tela que vai deixando a gente com um senso de claustrofobia, mas cativa desde a primeira cena e provoca uma sessão explosiva ao atrelar isso ao estado de espírito dos personagens. Quando por duas vezes a tela se abre com o intuito de arregaçar as emoções que aliviam o drama ao máximo, a partir da ideia central de "liberdade" (nunca pensei que ele pudesse representar algo triste). Afinal, este é um filme de impactos, colisões e contrastes. E tudo o que é encadeado pela edição de timing certeiro, desde as músicas que conectam até as ações que inspiram, consegue dialogar com a luz e sombra de cada personagem, com cores que aquecem a paleta e dão uma concepção de profundidade à narrativa.
Pra quem é de São Paulo, no 25ª edição do Festival Mix Brasil, no próximo dia 15 de novembro, corre pra verificar a disponibilidade com a organização, pois por todos os festivais foi bem procurado e desta vez não será diferente.
com a sensualidade. O trabalho artístico em torno do filme é espetacular, sem sombra de dúvida um dos melhores dos últimos anos. Tanto a maquiagem quanto as vestimentas resgatam a essência da década de 80, comprovada ainda pelas bicicletas características do período ou pelos populares carros italianos que faziam sucesso naquela época. A narrativa do filme ganha vida com a perfeita fotografia, que faz da exuberante paisagem uma aliada vital para criar a atmosfera desejada pelo diretor, o filme constrói com perfeição o romance, com um continuidade extremamente sólida e com atuações maravilhosas.
Call Me by Your Name, por fim, torna a arte como objeto de discussão para criar sua própria arte. História, literatura e música são temas centrais que rondam o filme e que não deixam o romance de Oliver e Elio ficar monótono. Produção Impecável.
1922 oferece uma uma boa experiência. É óbvio que os fãs de King vão fazer comparações entre o texto e o filme. Neste caso, minha sugestão é tentar deixar isso de lado, já que a visão extremamente peculiar de interpretação de Hilditch deve irritar os mais puristas.
Faltou aproveitar o ritmo acelerado proposto por King. O grande trunfo do livro era explorar a maldade do homem a partir de um elegante drama psicológico que conseguia amarrar sua existência no suspense de cada troca de página. O que temos no filme é um teste de paciência, já que o personagem de Jane tem uma construção apressada, deixando o tempo restante do filme para discutir a série de eventos negativos que tomam conta de sua vida, esquecendo de fazer a essencial ponte para olhar para si mesmo e para sua vida. Hilditch até tenta propor uma discussão rápida deste tópico na conclusão, mas muito aquém do potencial do livro.
No geral a produção é interessante. Obviamente estamos falando de um filme com orçamento baixo, o que explica a opção por explorar majoritariamente a vastidão da fazenda ao invés de captar com mais precisão o estilo de vida da década de 1920. Ainda assim, a interessante parceria musical com Mike Patton e a fotografia competente de Ben Richardson, que aos poucos ganha espaço em Hollywood, são dois pontos altos que merecem destaque.
Sem dúvida é o novo clássico. Blade Runner 2049 é o tipo de filme que deve ser visto na maior tela possível. Trabalho impecável que me deixa a vontade para afirmar com tranquilidade que este filme é tão bom quanto seu antecessor. O tempo dirá, no entanto, se a obra prima de Villeneuve se firmará como melhor do que a de Scott.
O roteiro tem um desenvolvimento extremamente sólido, deixando espaço para a abordagem da relação de K com sua ‘namorada’ holograma, Joi e com uma vasta contextualização que abre as portas para o retorno de Rick Deckard. É impressionante ver como Villeneuve conseguiu manter a mesma pegada cyberpunk e neo-noir proposta por Scott e, ao mesmo tempo, teve competência o suficiente para colocar seu toque autoral e criar uma identidade visual própria. O trabalho com o diretor de fotografia Roger Deakins é espetacular, e será na sua décima quarta nomeação ao Oscar que o veterano finalmente levará o prêmio da Academia. Roger trabalha com o neon com uma enorme facilidade e faz a transição para o deserto de uma forma espetacular, mostrando a perfeita dimensão da obra.
Outro fator essencial para o sucesso desta produção está no impecável trabalho sonoro de Hans Zimmer, que segue os tons eletrônicos com a mesma competência que explora grandes hits do passado, como Elvis e Sinatra. A parte técnica também é primorosa, especialmente na mixagem de som.
A assinatura de Denis Villeneuve, a mente mais brilhante desta geração de diretores (na minha visão) e o competente trabalho da Columbia e da Warner criaram um trabalho excepcional, que será lembrado pelas futuras gerações.
A Netflix encontrou o seu caminho e em filmes como este prova que adaptação com roteiro bem escrito e com muita criatividade faz sucesso. O filme faz você experimentar diferentes níveis de dor, oferecendo uma perspectiva única sobre a quantidade de abusos que podem ser tolerados por uma mulher ao longo de sua vida. Contado através de uma perspectiva masculina, tanto a de King quanto a de Flanagan, o filme se desenrola como uma espécie de narrativa de auto-reflexão, ainda que imerso em uma atmosfera que flerta o tempo todo com o sadismo implícito na situação.
Vale ressaltar o excelente trabalho da bela Carla Gugino, atriz que infelizmente nunca chegou ao primeiro time de Hollywood, apesar de ter beleza para isso. Aqui, Gugino carrega o filme praticamente sozinha, construindo uma personagem ímpar, em uma interpretação que equilibra com maestria a coragem e a vulnerabilidade de sua sofrida Jessie.
A experiência de Mother é incrível! Definitivamente não é para todos, dica veja duas vezes e de preferencia na primeira não procure saber nada. É interessante ver um típico filme de estúdio abrindo espaço para discussões amplas que tornam-se possíveis a partir do final aberto,
se volte para a análise da conjuntura religiosa sendo que Javier é Deus e em seguida entenderá tudo sobre ele, nada a mais ele mostrará que o mundo e o que estamos fazendo com ele.
O trabalho do diretor de fotografia é o que mais se destaca. É interessante como ele usa o foco e trabalha bem com filtros e cores para mostrar as fases da relação do casal, desde a ensolarada manhã sem nuvens da introdução até os tons mais negros que crescem ao desenrolar da narrativa. E na metade final do filme o brilho excessivo é utilizado em duas ocasiões diferentes para trazer ao público justamente as memórias do cotidiano do casal durante os primeiros minutos do filme.
As atuações de Bardem e Lawrence são pontos altos do filme. Os dois transformam um relacionamento entre homem e mulher em um diálogo sobre idolatria, obsessão e devoção. Neste sentido, aliás, a interpretação do conteúdo de Mother! é extremamente subjetiva, e acredito que isso interfira totalmente na opinião final do público. Para quem busca uma história sequencial, este é o tipo de filme que causa profunda irritação, já que este não é o objetivo do diretor. Sua própria adaptação da história de Jesus ou mesmo a visão de um cineasta sobre o processo de construção de um filme a partir de uma crítica social e cultural mostram o tipo de abertura dada por Darren Aronofsky.
É altamente recomendável para qualquer um que goste de cinema, é o filme mais polêmico de 2017.
Gosta de filme lento? Parado, monótono? É uma produção profundamente triste e melancólica. É um filme sobre o quanto menos você souber sobre ele, melhor ele será. Não por causa de plot twists ou reviravoltas porque vai por mim não há, mas sim porque trata-se de uma produção incomum e de natureza inesperada. Confesso que ao final de longos 90 minutos, eu não consegui nem mesmo discernir se gostei ou não do filme, mas definitivamente eu respeitei o que Lowery estava tentando alcançar com sua narrativa minimalista.
Não é um filme fácil. É devagar, metódico, consistentemente moroso e melancólico. No entanto, sua ambição é impressionante, mesmo sendo uma produção indie de baixo orçamento. A Ghost Story é necessariamente um filme do qual as pessoas irão “gostar” (não sei), com certeza é uma produção digna de tomar o tempo do espectador, desde que este goste de cinema que desafia as convenções e o faça pensar. Trata-se de um filme inventivo, trágico, emocionante, e contado com um toque hábil, que com certeza irá assombrá-lo.
Infelizmente o experimento não foi bem sucedido, e Anne Hathaway parece longe de seu potencial em um papel fraquíssimo, é um fracasso monumental. Essa tentativa de combinar elementos de ficção com o humor negro que é típico de sua proposta narrativa, Vigalondo faz de seu novo filme uma história sem qualquer nexo, contradizendo seu próprio histórico pessoal, que engajava propostas de histórias com forte tensão e pensamento por parte do público.
Seria extremamente válido tornar a ligação de Gloria com o monstro em uma forma de trabalhar de forma secundária os inúmeros desafios impostos a partir do momento em a moça busca curar seu vício. O monstro, portanto, seria o demônio dentro de seu corpo que pede por mais um gole de cerveja. O problema é que nem o diretor sabe como trabalhar com o que tem em mãos, já que a participação de Sudeikis desestabiliza o plano narrativo ao invés de atuar como forma positiva no contexto geral da história.
Foda! muito foda! Por muito tempo esperei por um filme de suspense/ terror desse estilo. Ele é revolucionário na medida em que consegue criar um ar de tensão real,mas ainda assim consegue mesclar uma porção interessantíssima de humor ácido que é responsável pelo gran finale.
O desenrolar da narrativa de Get Out explora vários tópicos, que passam desde o privilégio e poder da “sociedade branca” até o impacto de questões de racismo na sociedade contemporânea, tratada como tabu por algumas famílias. O diretor torna muito confortável lidar com esses assuntos na medida em que eles estão enraizados no roteiro e acompanham o protagonista desde o primeiro minuto.
É claro que o filme presta homenagem indireta a alguns clássicos do gênero. A suspeita do público de que algo está errado, por exemplo, lembra muito o rítimo de The Wicker Man. Mas a originalidade sempre se sobrepõe com destaque total para a entrega de Daniel Kaluuya e da atriz Alison Williams, que revela um potencial incrível. Get Out é mais um belo exemplo de um filme de baixo orçamento que aposta apenas em um poderoso e criativo roteiro.
É um projeto bem legal e fica longe de ser ruim, além de possuir uma temática bastante atraente para os fãs de rock. Não é nenhuma obra-prima, mas é bastante divertido.
A trilha sonora é boa é só com as melhores, há The Kinks, The Who, The Beach Boys, The Rolling Stones, entre outros. Só achei curioso que eles não tocaram Beatles, é um dos grupos mais populares do período, mas como tocaram Beach Boys, que é melhor, não me incomodou tanto assim.
Que sintonia. Que direção, e eu nem sabia quem era Guomundur Amar Guomudsson, colocou no primeiro longa muita maturidade, vertida num aparente naturalismo e com direção sem falhas, no domínio difícil dos "coming of age", que tem lista de grandes obras como de Jean Vigo a Truffaut, sem esquecer o recentíssimo Moonlight de Barry Jenkins.
Esta temática do amor impossível e as problemáticas interligadas, nomeadamente, o bullying não é propriamente original, no entanto, o diretor consegue inovar, ao demarcar-se dos clichés, tal como também resiste à tentação da militância, com uma sensibilidade com que coloca a intimidade consegue transmitir uma intensa carga emocional, os pequenos atores são na inocência perfeitos, quer pelo recurso as metáforas e atenção ao(s) significado(s) dos mais pequenos detalhes, é pura poesia - tragédia e a beleza surgem sempre de "mãos dadas".
Há uma metáfora sobre o peixe-pedra, cuja estranheza leva a que as crianças o rejeitem. Mas o olhar é franco, sensível e Gudmunsson filma à altura deles. Uma agradável surpresa. Elenco jovem notável, que interpretam personagens reais, sobre a amizade, o preconceito e o amor frio e violento no interior da Islândia, sempre com uma fotografia encantadora da paisagem natural islandesa. São muitos os filmes sobre o coming of age, mas poucos tem a força e a frieza de “Corações de Pedra”.
Depois Daquela Montanha
3.2 389 Assista AgoraSeria uma aventura adulta? Apenas entretenimento fora dos blockbusters de franquia, ou seja, o cinema realmente se tornou um jardim de infância apenas com quadrinhos e The Mountain Between Us viu uma brecha ai.
O diretor entrega uma obra dinâmica, que não perde tempo, e já nos situa logo de cara na ação. A narrativa girando, sem muito espaço para floreios. Por outro lado, a dupla de protagonistas, Elba e Winslet, obviamente tem cacife de sobra para segurar o filme basicamente por conta própria, e a química entre os dois funciona que é uma beleza. Todos os percalços enfrentados pelos protagonistas são perfeitamente plausíveis dentro da realidade apresentada. É um cine pipoca, vale uma tarde.
Detroit em Rebelião
4.0 193 Assista AgoraQue filme denso, esse roteiro coloca o espectador de um lado da trama (baseada em fatos) que impõe ao ódio, mostra o climax do filme sendo uma guerra, e seguindo para o porquê o desatar desses laços é quase inevitável, tratando de racismo precisamos ser realistas e não partir para o extremismo para nenhum dos lados, sendo que um deles não tem a razão e deve ser condenado, quando não é condenado por todos deixamos de ser uma sociedade que prima o bem comum e passamos a lei da selva.
Poderia ter 30 minutos a menos, ainda que esse desmantelamento das estruturas seja uma mobilização estética para apontar as tristes condições que tornaram possíveis o resultado do ato final, entre muitos outros grandes erros e injustiças, o longa perde um pouco de seu ritmo ao retomar aos poucos para seu começo, se recolocando enquanto um constatador de fatos.
As atuações do elenco como um todo são excelentes, mas não é possível não destacar o desempenho de Will Poulter, que domina boa parte da ação na metade do longa. Por tratar diversos personagens quase com o mesmo espaço não parece ser o caso de apontar um protagonista em um dos retratados, mas o protagonismo assustador da proximidade dos fatos com a nossa atualidade. As narrativas carregadas de uma tensão elétrica, com muita adrenalina e desconforto, uma habilidade cirúrgica de controle na direção.
The Sinner (1ª Temporada)
4.2 717 Assista AgoraO mais surpreende é tirar uma história tão densa que poderia muito bem ser contada em único filme e fazer uma serie com 8 eps, mas que nos prende até o último segundo. Após a virada no roteiro, nos damos conta de uma condução enigmática de suspense investigativo. Essa condução se desenvolve devagar, mas o que não permite que ela canse é o desconhecimento da história de vida de Cora. Esse elemento nos mantém atentos, curiosos e, aos poucos, nos é revelado por seus flashes de lembrança… até que no último episódio tudo se conecte e faça sentido.
Ainda que o roteiro e a direção seja compartilhada por várias pessoas diferentes, a serie vai além dos clichês do suspense e do drama quando se trata de desenvolvimento de narrativa. Tudo é muito bem construído, como o relacionamento de Cora com sua irmã Phoebe, a preocupação de Cora em ver seu filho, e o objetivo e determinação de Harry em provar que Cora é inocente. Jessica Biel está em um dos papéis mais cativantes e dramáticos de sua carreira, sempre com um olhar atento, porém triste.
A obra vale a pena ser vista por qualquer um que adore uma boa e amarrada história criminal. Não só pelo roteiro, mas também pelos ótimos movimentos de câmera, a oportuna montagem e sobretudo pela envolvente direção que conhece os meios de se destacar com um ritmo lento, porém interessantíssimo. Além disso, esta é uma ótima oportunidade para ver Bill Pullman interpretando um personagem de dar gosto.
Extraordinário
4.3 2,1K Assista AgoraÉ extraordinário a sensibilidade do ser humano em uma sala de cinema, precisamos disso fora dela também, tantos sofrimentos acontecem na vida real e nós simplesmente colocamos uma máscara e repetimos o ódio, não levamos em consideração a dor que cada um carrega e que por muitas vezes não foi por escolha. Entre está certo e ser gentil, seja gentil.
A empatia por Auggie aumenta devido ao desempenho cativante de Tremblay, esse pequeno ser já tinha superado as expectativas em o “O quarto de Jack”, mas aqui ele surpreende por está atrás de uma máscara e demonstrar no olhar tanta emoção. Os coadjuvantes tem uma boa parcela nesse tom pesado e melancólico até atingir a superação.
O roteiro prova saber equilibrar bem o contar de histórias, pincelando fortemente outras camadas dos personagens; sempre direcionando-as, no entanto, para o extraordinário protagonista do título. O foco é clarividente, não sendo esse o caso de um filme que acaba destoando no tom ou ritmo. O que acontece, contudo, é que o material, extremamente comovente em sua própria natureza, acaba exagerando esse seu lado mais emotivo ao projetar lições de vida à beira do genérico. Em contraponto, a narrativa do longa prova-se ser bastante perspicaz, visto que Extraordinário nunca tende nem para uma abordagem completamente leve, nem para um tratamento extremamente cru, impiedoso. Tratando de crianças, prevalece um espírito de esperança concreta, uma mensagem de superação, o que, retomando o aspecto negativo da didática do viver, acaba não sendo exposto da maneira mais orgânica, soando como se fosse, em alguns poucos momentos, empurrada para nós goela abaixo. Não deixe de ver no cinema, é emocionante acompanhar 150 pessoas chorando.
O Sequestro
3.2 295 Assista AgoraPode-se dizer também que este O Sequestro é uma das maiores furadas na qual Halle Berry já se meteu. Deveria se chamar Tudo o que NÃO fazer caso seu filho seja sequestrado. Berry é uma atriz talentosa e o problema aqui está longe de ser, ela se esforça e tem bons momentos dramáticos inclusive, o roteiro é muito ruim, no primeiro ato apresentam um a sequência de videos caseiros para tentar causar uma empatia ou identificação, mas não é o bastante para convencer e que você possa comprar a história, quanto na ação apenas no quarto ato tem uma ligeira melhora e monotonia de plots ruins. .
Jogos Mortais: Jigsaw
2.8 707 Assista AgoraUma hora e meia e eu não via a hora de acabar, massante e sem novidade. O tradicional twist da franquia retorna, mas é extremamente previsível e nem mesmo o deslocamento temporal proposto joga a favor da produção. O desenvolvimento dos personagens continua horroroso (e isso se deve tanto as más atuações quanto ao roteiro), por exemplo. Os avanços ocorrem no restabelecimento de pequenos padrões narrativos, voltando mais atenção para as consequências das escolhas feitas nas armadilhas. Dependendo da resposta da bilheteria no exterior, considerando que nos EUA o filme continuou com números bem abaixo do padrão da franquia, talvez possamos ter mais episódios de Saw utilizando este filme como ponto de partida.
Reviver
3.1 43 Assista AgoraA ficção cientifica só está aqui para ilustrar, transformar em metáforas uma critica a imortalidade, limites da ciência e a espiritualidade, apesar de algumas falhas na história.
Basicamente a crença que o pensamento filosófico começa com o sujeito humano, não meramente o sujeito pensante, mas as suas ações, sentimentos e a vivência de um ser humano individual. No existencialismo, o ponto de partida do indivíduo é caracterizado pelo que se tem designado por "atitude existencial", ou uma sensação de desorientação e confusão face a um mundo aparentemente sem sentido e absurdo.
O existencialismo é um humanismo! Bom filme.
A Casa Torta
3.3 70 Assista AgoraEu teria gostado de ler este romance. Eu acredito que teria adorado mais e provavelmente não teria razões para não dar 5 estrelas por conta de alguns fios soltos, e uma parte que fala sobre o pai do detetive que no livro é interessante, mas no filme não achei que ajudou não. O filme não se limita ao traço clássico, falando apenas dos protagonistas suspeitos de trazer, talvez a descoberta do assassino ou assassina. A história também fala de relações entre diferentes classes sociais explorando a dinâmica de uma família rica em torno da década de 1950 (o romance foi realizado em 1947) onde a sociedade estava prestes a mudar, houve o nascimento de Rock and Roll, estabelecendo algumas cenas em Swinging Soho, com os Teddy Boys, destacando um confronto político claro, e isso sem dúvida completa a história, mas também ajuda na imersão, acredito que os apaixonados por Agatha Christie não se decepcionaram.
Zona Mortal
3.1 91 Assista AgoraO filme não é ruim, só se perde um pouco no final, tem até uma ideia bem legal, as atuações são boas, o roteiro que desviou com um assunto muito pesado no final e tirou o foco do que vinha sendo apresentado.
Liga da Justiça
3.3 2,5K Assista Agora4 estrelas???? Não, não mesmo. Meu 100or, perdi dinheiro com 3D e ainda acabaram com as minhas expectativas, esse retorno do superman (snif snif), era melhor seguir o edit do filme da mulher maravilha, frustante. Esse excesso de cgi, parece que eu to no ps4, não cola, eu fico inconformado porque não tem mortos no chão e o vilão não é vilão.
The Walking Dead (8ª Temporada)
3.4 555 Assista AgoraDepois deste 4 ep infelizmente fui forçado há não continuar assistindo, não está ruim, está péssimo, parece filminho de faculdade, conseguiram acabar com uma das séries mais vista no mundo. Essa coisa de arrastar sem conteúdo nenhum, lotada de clichê barato de filme anos 80 não colou na sétima temporada e agora muito menos, eles estão apelando tanto que parece um stand up sem roteiro.
Bom Comportamento
3.8 393O melhor filme de Pattinson e o melhor dos diretores, sem sombra de dúvidas. Mas a fixação com a personificação de um anti-herói aliada com o final previsível acaba afetando toda a experiência positiva das cenas passadas. A condução do filme é feita de forma precisa, abrindo e fechando arcos narrativos com incrível sensibilidade, tem uma complexa cadeia de eventos que acabam criando consequências de grande impacto na narrativa moldada em bons diálogos com merecido destaque para o protagonista. A fotografia é muito boa, construída com uma linguagem visual que mostra a rua através dos olhos de Nikas, com um ótimo destaque para o contraste da violência e da calmaria antes de uma perseguição, por exemplo.
Mommy
4.3 1,2K Assista AgoraEu acabei de assistir, e eu to no chão. Que sensibilidade incrível para retratar cada detalhe, esse formato de tela que vai deixando a gente com um senso de claustrofobia, mas cativa desde a primeira cena e provoca uma sessão explosiva ao atrelar isso ao estado de espírito dos personagens. Quando por duas vezes a tela se abre com o intuito de arregaçar as emoções que aliviam o drama ao máximo, a partir da ideia central de "liberdade" (nunca pensei que ele pudesse representar algo triste). Afinal, este é um filme de impactos, colisões e contrastes. E tudo o que é encadeado pela edição de timing certeiro, desde as músicas que conectam até as ações que inspiram, consegue dialogar com a luz e sombra de cada personagem, com cores que aquecem a paleta e dão uma concepção de profundidade à narrativa.
Vale muita a pena,
apesar de frustrar um pouco, principalmente por nos deixar para baixo com seu final.
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista AgoraPra quem é de São Paulo, no 25ª edição do Festival Mix Brasil, no próximo dia 15 de novembro, corre pra verificar a disponibilidade com a organização, pois por todos os festivais foi bem procurado e desta vez não será diferente.
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista AgoraÉ muito mais do que um “filme gay”. É uma experiência de amor que prende a atenção e ganha força a partir da exploração do proibido
(reconhecido pelos próprios protagonistas)
Call Me by Your Name, por fim, torna a arte como objeto de discussão para criar sua própria arte. História, literatura e música são temas centrais que rondam o filme e que não deixam o romance de Oliver e Elio ficar monótono. Produção Impecável.
1922
3.2 799 Assista Agora1922 oferece uma uma boa experiência. É óbvio que os fãs de King vão fazer comparações entre o texto e o filme. Neste caso, minha sugestão é tentar deixar isso de lado, já que a visão extremamente peculiar de interpretação de Hilditch deve irritar os mais puristas.
Faltou aproveitar o ritmo acelerado proposto por King. O grande trunfo do livro era explorar a maldade do homem a partir de um elegante drama psicológico que conseguia amarrar sua existência no suspense de cada troca de página. O que temos no filme é um teste de paciência, já que o personagem de Jane tem uma construção apressada, deixando o tempo restante do filme para discutir a série de eventos negativos que tomam conta de sua vida, esquecendo de fazer a essencial ponte para olhar para si mesmo e para sua vida. Hilditch até tenta propor uma discussão rápida deste tópico na conclusão, mas muito aquém do potencial do livro.
No geral a produção é interessante. Obviamente estamos falando de um filme com orçamento baixo, o que explica a opção por explorar majoritariamente a vastidão da fazenda ao invés de captar com mais precisão o estilo de vida da década de 1920. Ainda assim, a interessante parceria musical com Mike Patton e a fotografia competente de Ben Richardson, que aos poucos ganha espaço em Hollywood, são dois pontos altos que merecem destaque.
Blade Runner 2049
4.0 1,7K Assista AgoraSem dúvida é o novo clássico. Blade Runner 2049 é o tipo de filme que deve ser visto na maior tela possível. Trabalho impecável que me deixa a vontade para afirmar com tranquilidade que este filme é tão bom quanto seu antecessor. O tempo dirá, no entanto, se a obra prima de Villeneuve se firmará como melhor do que a de Scott.
O roteiro tem um desenvolvimento extremamente sólido, deixando espaço para a abordagem da relação de K com sua ‘namorada’ holograma, Joi e com uma vasta contextualização que abre as portas para o retorno de Rick Deckard. É impressionante ver como Villeneuve conseguiu manter a mesma pegada cyberpunk e neo-noir proposta por Scott e, ao mesmo tempo, teve competência o suficiente para colocar seu toque autoral e criar uma identidade visual própria. O trabalho com o diretor de fotografia Roger Deakins é espetacular, e será na sua décima quarta nomeação ao Oscar que o veterano finalmente levará o prêmio da Academia. Roger trabalha com o neon com uma enorme facilidade e faz a transição para o deserto de uma forma espetacular, mostrando a perfeita dimensão da obra.
Outro fator essencial para o sucesso desta produção está no impecável trabalho sonoro de Hans Zimmer, que segue os tons eletrônicos com a mesma competência que explora grandes hits do passado, como Elvis e Sinatra. A parte técnica também é primorosa, especialmente na mixagem de som.
A assinatura de Denis Villeneuve, a mente mais brilhante desta geração de diretores (na minha visão) e o competente trabalho da Columbia e da Warner criaram um trabalho excepcional, que será lembrado pelas futuras gerações.
Jogo Perigoso
3.5 1,1K Assista AgoraA Netflix encontrou o seu caminho e em filmes como este prova que adaptação com roteiro bem escrito e com muita criatividade faz sucesso. O filme faz você experimentar diferentes níveis de dor, oferecendo uma perspectiva única sobre a quantidade de abusos que podem ser tolerados por uma mulher ao longo de sua vida. Contado através de uma perspectiva masculina, tanto a de King quanto a de Flanagan, o filme se desenrola como uma espécie de narrativa de auto-reflexão, ainda que imerso em uma atmosfera que flerta o tempo todo com o sadismo implícito na situação.
Vale ressaltar o excelente trabalho da bela Carla Gugino, atriz que infelizmente nunca chegou ao primeiro time de Hollywood, apesar de ter beleza para isso. Aqui, Gugino carrega o filme praticamente sozinha, construindo uma personagem ímpar, em uma interpretação que equilibra com maestria a coragem e a vulnerabilidade de sua sofrida Jessie.
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraA experiência de Mother é incrível! Definitivamente não é para todos, dica veja duas vezes e de preferencia na primeira não procure saber nada. É interessante ver um típico filme de estúdio abrindo espaço para discussões amplas que tornam-se possíveis a partir do final aberto,
se volte para a análise da conjuntura religiosa sendo que Javier é Deus e em seguida entenderá tudo sobre ele, nada a mais ele mostrará que o mundo e o que estamos fazendo com ele.
O trabalho do diretor de fotografia é o que mais se destaca. É interessante como ele usa o foco e trabalha bem com filtros e cores para mostrar as fases da relação do casal, desde a ensolarada manhã sem nuvens da introdução até os tons mais negros que crescem ao desenrolar da narrativa. E na metade final do filme o brilho excessivo é utilizado em duas ocasiões diferentes para trazer ao público justamente as memórias do cotidiano do casal durante os primeiros minutos do filme.
As atuações de Bardem e Lawrence são pontos altos do filme. Os dois transformam um relacionamento entre homem e mulher em um diálogo sobre idolatria, obsessão e devoção. Neste sentido, aliás, a interpretação do conteúdo de Mother! é extremamente subjetiva, e acredito que isso interfira totalmente na opinião final do público. Para quem busca uma história sequencial, este é o tipo de filme que causa profunda irritação, já que este não é o objetivo do diretor. Sua própria adaptação da história de Jesus ou mesmo a visão de um cineasta sobre o processo de construção de um filme a partir de uma crítica social e cultural mostram o tipo de abertura dada por Darren Aronofsky.
É altamente recomendável para qualquer um que goste de cinema, é o filme mais polêmico de 2017.
Sombras da Vida
3.8 1,3K Assista AgoraGosta de filme lento? Parado, monótono? É uma produção profundamente triste e melancólica. É um filme sobre o quanto menos você souber sobre ele, melhor ele será. Não por causa de plot twists ou reviravoltas porque vai por mim não há, mas sim porque trata-se de uma produção incomum e de natureza inesperada. Confesso que ao final de longos 90 minutos, eu não consegui nem mesmo discernir se gostei ou não do filme, mas definitivamente eu respeitei o que Lowery estava tentando alcançar com sua narrativa minimalista.
Não é um filme fácil. É devagar, metódico, consistentemente moroso e melancólico. No entanto, sua ambição é impressionante, mesmo sendo uma produção indie de baixo orçamento. A Ghost Story é necessariamente um filme do qual as pessoas irão “gostar” (não sei), com certeza é uma produção digna de tomar o tempo do espectador, desde que este goste de cinema que desafia as convenções e o faça pensar. Trata-se de um filme inventivo, trágico, emocionante, e contado com um toque hábil, que com certeza irá assombrá-lo.
Colossal
3.1 340 Assista AgoraInfelizmente o experimento não foi bem sucedido, e Anne Hathaway parece longe de seu potencial em um papel fraquíssimo, é um fracasso monumental. Essa tentativa de combinar elementos de ficção com o humor negro que é típico de sua proposta narrativa, Vigalondo faz de seu novo filme uma história sem qualquer nexo, contradizendo seu próprio histórico pessoal, que engajava propostas de histórias com forte tensão e pensamento por parte do público.
Seria extremamente válido tornar a ligação de Gloria com o monstro em uma forma de trabalhar de forma secundária os inúmeros desafios impostos a partir do momento em a moça busca curar seu vício. O monstro, portanto, seria o demônio dentro de seu corpo que pede por mais um gole de cerveja. O problema é que nem o diretor sabe como trabalhar com o que tem em mãos, já que a participação de Sudeikis desestabiliza o plano narrativo ao invés de atuar como forma positiva no contexto geral da história.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraFoda! muito foda! Por muito tempo esperei por um filme de suspense/ terror desse estilo. Ele é revolucionário na medida em que consegue criar um ar de tensão real,mas ainda assim consegue mesclar uma porção interessantíssima de humor ácido que é responsável pelo gran finale.
O desenrolar da narrativa de Get Out explora vários tópicos, que passam desde o privilégio e poder da “sociedade branca” até o impacto de questões de racismo na sociedade contemporânea, tratada como tabu por algumas famílias. O diretor torna muito confortável lidar com esses assuntos na medida em que eles estão enraizados no roteiro e acompanham o protagonista desde o primeiro minuto.
É claro que o filme presta homenagem indireta a alguns clássicos do gênero. A suspeita do público de que algo está errado, por exemplo, lembra muito o rítimo de The Wicker Man. Mas a originalidade sempre se sobrepõe com destaque total para a entrega de Daniel Kaluuya e da atriz Alison Williams, que revela um potencial incrível. Get Out é mais um belo exemplo de um filme de baixo orçamento que aposta apenas em um poderoso e criativo roteiro.
Os Piratas do Rock
4.0 614 Assista AgoraÉ um projeto bem legal e fica longe de ser ruim, além de possuir uma temática bastante atraente para os fãs de rock. Não é nenhuma obra-prima, mas é bastante divertido.
A trilha sonora é boa é só com as melhores, há The Kinks, The Who, The Beach Boys, The Rolling Stones, entre outros. Só achei curioso que eles não tocaram Beatles, é um dos grupos mais populares do período, mas como tocaram Beach Boys, que é melhor, não me incomodou tanto assim.
Corações de Pedra
3.9 185Que sintonia. Que direção, e eu nem sabia quem era Guomundur Amar Guomudsson, colocou no primeiro longa muita maturidade, vertida num aparente naturalismo e com direção sem falhas, no domínio difícil dos "coming of age", que tem lista de grandes obras como de Jean Vigo a Truffaut, sem esquecer o recentíssimo Moonlight de Barry Jenkins.
Esta temática do amor impossível e as problemáticas interligadas, nomeadamente, o bullying não é propriamente original, no entanto, o diretor consegue inovar, ao demarcar-se dos clichés, tal como também resiste à tentação da militância, com uma sensibilidade com que coloca a intimidade consegue transmitir uma intensa carga emocional, os pequenos atores são na inocência perfeitos, quer pelo recurso as metáforas e atenção ao(s) significado(s) dos mais pequenos detalhes, é pura poesia - tragédia e a beleza surgem sempre de "mãos dadas".
Há uma metáfora sobre o peixe-pedra, cuja estranheza leva a que as crianças o rejeitem. Mas o olhar é franco, sensível e Gudmunsson filma à altura deles. Uma agradável surpresa. Elenco jovem notável, que interpretam personagens reais, sobre a amizade, o preconceito e o amor frio e violento no interior da Islândia, sempre com uma fotografia encantadora da paisagem natural islandesa. São muitos os filmes sobre o coming of age, mas poucos tem a força e a frieza de “Corações de Pedra”.