Como lésbica, rata de academia e fã de filmes B obscuros, não poderia ter terminado essa sessão mais satisfeita. A mistura entre o realismo brutal e sanguinolento com as pitadas de fantasia psicodélica realmente me agradaram muito.
Admiro a coragem da Rose Glass por não ter descartado o seu final otimista e nonsense - uma mulher gigante e musculosa atacando um velho psicopata prestes a matar o amor da vida dela, uma espécie de "Attack of the 50 foot woman" repaginado.
Era um dos meus filmes mais esperados do ano, uma expectativa incontrolável que foi plenamente satisfeita. Lou, quero você e seu mullet pra mim, mas tenho medo de apanhar da Jackie - hmm, na verdade, acho que isso seria tão satisfatório.
Além do mais, deixou margem para interpretar que o tal "nascimento de uma estrela" pode ser tanto sobre a ascenção da personagem da Lady Gaga quanto sobre a reconstrução/mitificação da figura de Jackson Maine após a sua morte, algo bastante comum no mundo da música.
Esse é um dos principais na minha lista de filmes favoritos da infância. É um daqueles filmes que você acaba preferindo assistir dublado porque, além da dublagem ser excelente, remete a um sentimento de nolstalgia muito gostoso.
O sentimento principal que esse filme causou em mim, apesar de algumas imagens impactantes e momentos macabros, não foi exatamente medo, mas angústia. E grande parte disso se deve ao desenvolvimento da Mia, com todo o seu histórico de luto e traumas que a transformam em uma personagem extremamente vulnerável e, ao mesmo tempo, perigosa. Apesar de toda a dinâmica de grupo da primeira metade do filme, a Sophie Wilde carrega esse filme nas costas. Em alguns momentos, a expressividade e entrega dela me lembrou a Mia Goth surtando/sofrendo em Pearl. Espero ver essa menina em outros filmes de terror, quem sabe um dia atuando ao lado da própria Mia Goth? Não sei, tô sonhando aqui. Gosto também da simplicidade da ideia geral do filme, que trabalha com temas já bem batidos - um grupo de jovens que toma decisões estúpidas, possessão de espíritos e objetos amaldiçoados - de maneira criativa. Os clichês não estão esgotados, sempre dá pra brincar com eles, afinal.
Algo de que eu gosto muito no Clint, como diretor e ator, é que mesmo sendo uma das figuras mais representativas de uma masculinidade dita tradicional, é a maneira como ele sempre consegue subverter essa lógica de dureza que os seus personagens trazem inicialmente pra algo muito mais delicado, afetuoso e humano. Cada filme do Clint, pelo menos desde "Os Imperdoáveis", sempre traz algum ponto interessantíssimo de discussão a respeito do próprio legado de vida que ele carrega consigo, sempre olhando a frente, se colocando de maneira sincera e questionadora diante do símbolo que ele foi e ainda é. É um movimento de olhar para si mesmo e para as diferenças que é fascinante. E esse filme? É lindo, Hilary Swank é uma grande atriz e, dos filmes mais recentes do Clint, provavelmente só fica abaixo mesmo de "Gran Torino" que, na minha opinião, foi o ápice do Clint como diretor.
Imagina viver sozinha (na verdade, nem tão só assim...) num casarão cheio de comôdos vazios e silenciosos, no meio de um pântano imerso em uma neblina que ecoa tragédias do passado e com um fantasma enlutado em eterna amargura assombrando o local? Coragem ou insanidade?
O filme evita ao máximo a identificação com os personagens, exceto no ponto alto da história: a cena final, quando a câmera finalmente foca no rosto da Dani alterando a expressão de dor e desespero pra um sorriso de libertação. Ela encontrou esperança de recomeço e acolhimento na situação mais bizarra possível, em outras palavras, ela finalmente achou uma família e deixou de estar só.
Impecável em sua atmosfera! Uma ótima representação do medo que a assolava o imaginário cristão nestes tempos em que tudo era visto dentro de uma ótica do sagrado/profano. Embora eu acredite que seria mais verossímil se o local da narrativa fosse a própria Inglaterra, ao invés de América. Afinal, ao aportar nas novas terras, os medos do velho mundo receberam ingredientes nativos, algo que não ficou evidente no filme. É um filme que se leva a sério, trabalhando de maneira muito clara com a representação clássica do mito da bruxa enquanto uma figura feminina apodrecida pela corrupção do pecado. Interessantíssimo como o filme mostra isso de forma tão evidente ao mostrar como que a filha mais velha, se tornando mulher, é o tempo inteiro tratada como um ser mais vulnerável à influência maligna, ainda que seja a mais consciente de todos ali.
Rossellini fez um grande retrato do que teria sido a construção da imagem pública de Luís XIV, ressaltando o processo de centralização do poder real após a morte do cardeal Mazzarin, que exercia um papel importante na França. O diretor ressalta o valor da aparência e das etiquetas para a projeção do poder real. O valor dado a imagem não era apenas um mero capricho da vaidade de um rei soberbo e arrogante, mas uma necessidade política necessária para estabilizar de vez a ordem social nas mãos da monarquia. Isso fica bastante evidente ao longo de boa parte do filme, pois o autor nos apresenta o seu personagem como um homem que acima de tudo teria plena consciência do seu papel de representante da coroa francesa. Não é por mera vaidade que, por exemplo, o Delfim decide um novo modelo de vestimentas baseado em trajes muito mais exuberantes. Há sempre uma razão calculada por trás de cada escolha aparentemente simples, e a intenção é de concentrar toda as expectativas da corte, do parlamento e do povo francês a disposição do monarca. E é neste sentido que ele decide transferir a corte para Versalhes, um lugar que segundo Colbert seria apenas uma “casa” se comparada ao Louvre, o “palácio” (BURKE, p. 79).
É curioso imaginar como seria se essa prática existisse na realidade e estivesse sendo comercializada para todas as pessoas, sem restrições. O que têm de gente que preferiria apagar da memória boa parte de suas vidas simplesmente por não conseguir - ou não querer - lidar com decepções, perdas, etc. é uma coisa assustadora. No caso dos personagens, que recorrem ao apagamento por conta de uma decepção amorosa, fica a questão de pensar se realmente vale a pena perder lembranças tão importantes por conta de uma neutralidade sentimental tão vazia e oca. Quantas vezes nós desabafamos com um amigo sobre a vontade de "nunca ter conhecido tal pessoa" pelo simples fato de que, no final das contas, deu ruim? Várias vezes, né?! Mas aí, se realmente pudéssemos "nunca ter conhecido tal pessoa" ou "esquecer que essa pessoa existe" (literalmente!) seria como se um buraco negro sugasse parte de nós - as tristezas, as dores, as decepções - e deixasse no lugar um nada. E qualquer coisa é melhor do que o nada. Comparação meio bizarra e tosca, eu sei, mas acho que vale. O que eu tirei do filme, no final, é que o ser humano realmente não tem limites quando se trata de conseguir comercializar e lucrar em cima das próprias desgraças - a incapacidade de seguir em frente diante de alguns "deu ruim" - e que a fraqueza e impulso tolo são ainda piores uma fossa profunda vivida com dignidade. Os corações partidos podem se remendar com o tempo, então pra quê tentar apagar algo que um dia foi tão bonito? O amor têm dessas coisas, às vezes dá, às vezes não, e vida que segue - de preferência, com um brilho eterno de uma mente rica em lembranças.
O roteiro do filme é fiel ao livro e durante a projeção, quem já leu o livro, pode perceber a transposição de cenas e diálogos escritos por King. O suspense não é nada mais que a fachada da história, não se enganem achando que é o principal. O Nevoeiro não se prende somente ao sobrenatural, mas aborda o contexto psicológico, social e religioso de seus personagens. As alterações do filme em relação ao conto são justificáveis, especialmente o final, capaz de deixar o próprio King com inveja. Creio que O Nevoeiro não é apenas um filme de ficção e não deve ser analisado dessa forma, ele pode ser bem mais interessante e profundo se pararmos para pensar na interação social entre os personagens naquela situação extrema.
Love Lies Bleeding: O Amor Sangra
3.6 85Como lésbica, rata de academia e fã de filmes B obscuros, não poderia ter terminado essa sessão mais satisfeita. A mistura entre o realismo brutal e sanguinolento com as pitadas de fantasia psicodélica realmente me agradaram muito.
Admiro a coragem da Rose Glass por não ter descartado o seu final otimista e nonsense - uma mulher gigante e musculosa atacando um velho psicopata prestes a matar o amor da vida dela, uma espécie de "Attack of the 50 foot woman" repaginado.
Nasce Uma Estrela
4.0 2,4K Assista AgoraEu não tava preparada pro final desse filme, confesso que me entristeceu bem mais do que o esperado.
Além do mais, deixou margem para interpretar que o tal "nascimento de uma estrela" pode ser tanto sobre a ascenção da personagem da Lady Gaga quanto sobre a reconstrução/mitificação da figura de Jackson Maine após a sua morte, algo bastante comum no mundo da música.
Dennis: O Pimentinha
2.7 439Esse é um dos principais na minha lista de filmes favoritos da infância. É um daqueles filmes que você acaba preferindo assistir dublado porque, além da dublagem ser excelente, remete a um sentimento de nolstalgia muito gostoso.
Fale Comigo
3.6 961 Assista AgoraO sentimento principal que esse filme causou em mim, apesar de algumas imagens impactantes e momentos macabros, não foi exatamente medo, mas angústia. E grande parte disso se deve ao desenvolvimento da Mia, com todo o seu histórico de luto e traumas que a transformam em uma personagem extremamente vulnerável e, ao mesmo tempo, perigosa. Apesar de toda a dinâmica de grupo da primeira metade do filme, a Sophie Wilde carrega esse filme nas costas. Em alguns momentos, a expressividade e entrega dela me lembrou a Mia Goth surtando/sofrendo em Pearl. Espero ver essa menina em outros filmes de terror, quem sabe um dia atuando ao lado da própria Mia Goth? Não sei, tô sonhando aqui. Gosto também da simplicidade da ideia geral do filme, que trabalha com temas já bem batidos - um grupo de jovens que toma decisões estúpidas, possessão de espíritos e objetos amaldiçoados - de maneira criativa. Os clichês não estão esgotados, sempre dá pra brincar com eles, afinal.
Menina de Ouro
4.2 1,8K Assista AgoraAlgo de que eu gosto muito no Clint, como diretor e ator, é que mesmo sendo uma das figuras mais representativas de uma masculinidade dita tradicional, é a maneira como ele sempre consegue subverter essa lógica de dureza que os seus personagens trazem inicialmente pra algo muito mais delicado, afetuoso e humano. Cada filme do Clint, pelo menos desde "Os Imperdoáveis", sempre traz algum ponto interessantíssimo de discussão a respeito do próprio legado de vida que ele carrega consigo, sempre olhando a frente, se colocando de maneira sincera e questionadora diante do símbolo que ele foi e ainda é. É um movimento de olhar para si mesmo e para as diferenças que é fascinante. E esse filme? É lindo, Hilary Swank é uma grande atriz e, dos filmes mais recentes do Clint, provavelmente só fica abaixo mesmo de "Gran Torino" que, na minha opinião, foi o ápice do Clint como diretor.
A Mulher de Preto
3.0 50Imagina viver sozinha (na verdade, nem tão só assim...) num casarão cheio de comôdos vazios e silenciosos, no meio de um pântano imerso em uma neblina que ecoa tragédias do passado e com um fantasma enlutado em eterna amargura assombrando o local? Coragem ou insanidade?
Carol
3.9 1,5K Assista AgoraCarol, entre na minha casa e faça o que quiser comigo.
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista AgoraO filme evita ao máximo a identificação com os personagens, exceto no ponto alto da história: a cena final, quando a câmera finalmente foca no rosto da Dani alterando a expressão de dor e desespero pra um sorriso de libertação. Ela encontrou esperança de recomeço e acolhimento na situação mais bizarra possível, em outras palavras, ela finalmente achou uma família e deixou de estar só.
Alucarda
3.5 217 Assista AgoraQue insanidade deliciosa.
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraUma mordida no pêssego e uma lida n'O Capital.
Sombras da Vida
3.8 1,3K Assista AgoraMe fez tentar ir atrás de algum sentido na ausência de sentidos.
A Bruxa
3.6 3,4K Assista AgoraImpecável em sua atmosfera! Uma ótima representação do medo que a assolava o imaginário cristão nestes tempos em que tudo era visto dentro de uma ótica do sagrado/profano. Embora eu acredite que seria mais verossímil se o local da narrativa fosse a própria Inglaterra, ao invés de América. Afinal, ao aportar nas novas terras, os medos do velho mundo receberam ingredientes nativos, algo que não ficou evidente no filme. É um filme que se leva a sério, trabalhando de maneira muito clara com a representação clássica do mito da bruxa enquanto uma figura feminina apodrecida pela corrupção do pecado. Interessantíssimo como o filme mostra isso de forma tão evidente ao mostrar como que a filha mais velha, se tornando mulher, é o tempo inteiro tratada como um ser mais vulnerável à influência maligna, ainda que seja a mais consciente de todos ali.
Não é atoa que por escolha própria ela se entrega ao Sabá das bruxas no final: é a libertação do corpo feminino do ódio cristão.
O Absolutismo - A Ascensão de Luís XIV
3.5 12Rossellini fez um grande retrato do que teria sido a construção da imagem pública de Luís XIV, ressaltando o processo de centralização do poder real após a morte do cardeal Mazzarin, que exercia um papel importante na França. O diretor ressalta o valor da aparência e das etiquetas para a projeção do poder real. O valor dado a imagem não era apenas um mero capricho da vaidade de um rei soberbo e arrogante, mas uma necessidade política necessária para estabilizar de vez a ordem social nas mãos da monarquia. Isso fica bastante evidente ao longo de boa parte do filme, pois o autor nos apresenta o seu personagem como um homem que acima de tudo teria plena consciência do seu papel de representante da coroa francesa. Não é por mera vaidade que, por exemplo, o Delfim decide um novo modelo de vestimentas baseado em trajes muito mais exuberantes. Há sempre uma razão calculada por trás de cada escolha aparentemente simples, e a intenção é de concentrar toda as expectativas da corte, do parlamento e do povo francês a disposição do monarca. E é neste sentido que ele decide transferir a corte para Versalhes, um lugar que segundo Colbert seria apenas uma “casa” se comparada ao Louvre, o “palácio” (BURKE, p. 79).
Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças
4.3 4,7K Assista AgoraÉ curioso imaginar como seria se essa prática existisse na realidade e estivesse sendo comercializada para todas as pessoas, sem restrições. O que têm de gente que preferiria apagar da memória boa parte de suas vidas simplesmente por não conseguir - ou não querer - lidar com decepções, perdas, etc. é uma coisa assustadora. No caso dos personagens, que recorrem ao apagamento por conta de uma decepção amorosa, fica a questão de pensar se realmente vale a pena perder lembranças tão importantes por conta de uma neutralidade sentimental tão vazia e oca. Quantas vezes nós desabafamos com um amigo sobre a vontade de "nunca ter conhecido tal pessoa" pelo simples fato de que, no final das contas, deu ruim? Várias vezes, né?! Mas aí, se realmente pudéssemos "nunca ter conhecido tal pessoa" ou "esquecer que essa pessoa existe" (literalmente!) seria como se um buraco negro sugasse parte de nós - as tristezas, as dores, as decepções - e deixasse no lugar um nada. E qualquer coisa é melhor do que o nada. Comparação meio bizarra e tosca, eu sei, mas acho que vale. O que eu tirei do filme, no final, é que o ser humano realmente não tem limites quando se trata de conseguir comercializar e lucrar em cima das próprias desgraças - a incapacidade de seguir em frente diante de alguns "deu ruim" - e que a fraqueza e impulso tolo são ainda piores uma fossa profunda vivida com dignidade. Os corações partidos podem se remendar com o tempo, então pra quê tentar apagar algo que um dia foi tão bonito? O amor têm dessas coisas, às vezes dá, às vezes não, e vida que segue - de preferência, com um brilho eterno de uma mente rica em lembranças.
O Homem-Leopardo
3.6 23Suspeitei do Dr. Galbraith desde o começo.
O Nevoeiro
3.5 2,6K Assista AgoraO roteiro do filme é fiel ao livro e durante a projeção, quem já leu o livro, pode perceber a transposição de cenas e diálogos escritos por King. O suspense não é nada mais que a fachada da história, não se enganem achando que é o principal. O Nevoeiro não se prende somente ao sobrenatural, mas aborda o contexto psicológico, social e religioso de seus personagens. As alterações do filme em relação ao conto são justificáveis, especialmente o final, capaz de deixar o próprio King com inveja. Creio que O Nevoeiro não é apenas um filme de ficção e não deve ser analisado dessa forma, ele pode ser bem mais interessante e profundo se pararmos para pensar na interação social entre os personagens naquela situação extrema.
Eraserhead
3.9 922 Assista AgoraHenry tem o penteado mais maneiro do cinema.