Felipe

O filme me trouxe de volta o dia em que assisti o último Harry Potter nos cinemas...Eu não tenho palavras, é um evento que respeita os últimos 11 anos que uma galera passou acompanhando esses personagens, e finaliza com coragem. O recomeço, por isso, será excitante.

Chorei como Harry Potter me fez chorar um dia, e pra mim isso é muito. Demais.

O que eu costumo escrever aqui quase nunca chega a ser um texto crítico, às vezes nem texto é direito. Esse aqui tá mais pra texto de fanboy mesmo, galera.

Shazam! foi lá no fundo do peito e falo sem ressalvas. Eu saí do cinema com o sorriso de orelha a orelha, não me lembro qual foi a última vez que saí tão feliz de uma sessão.

O primeiro filme desse moleque que grita Shazam! e vira um super-herói me fez sentir o quão gostoso, libertador e emocionante é ter 14 anos. Em um momento do filme, um garoto desabafa sobre como ele gostaria de ter poderes, como ele gostaria de deixar de ser invisível. Vi a mim mesmo, vi meus melhores amigos, e veio em minha memória nós todos vendo filmes como esse, era o que nos inspirava.

Shazam! parece um cinema de outra época, ele resgata o humor de grandes clássicos da infância de volta para um cinema blockbuster que parece ter se esquecido do lado inocente das coisas. Vi tanta comparação com a "fórmula Marvel" e na real? Se for pra comparar, Shazam! ensina metade dos filmes da concorrência a fazer tua própria fórmula direito.

Humor genuíno, 90% do tempo bem encaixado, que se funde a narrativa naturalmente, pois essa história pede isso! A ação é divertidissima e nunca extrapola para escalas desnecessárias, é um moleque aprendendo a ser super-herói.

E por isso, ainda que hilário, o filme tem um coração gigante! Pensando em exemplos mais recentes, me lembra de Spider-Man Into the Spider-Verse até os Guardiões da Galáxia, é sobre conexão, família (!!!), sonhos e grandes amizades. Imagino as crianças saindo da sala de cinema como eu me sentia sentado no sofá da sala nos dias das melhores Sessões da Tarde, quando saía correndo pelo quintal acreditando que eu poderia ser um herói.

E quando eu olho pra trás, esse caminho tempestuoso da DC, Shazam! é uma prova que apesar dos pesares personalidade é o que não falta. Identidades distintas para cada um de seus heróis, cada um com tuas cores e atmosferas. Largo de mão aquele rolê de unidade, DC tá provando aos poucos que é capaz de fazer do A ao Z e é esse teu caminho.

Feliz, feliz mesmo, com o coração quentinho. Queria ser Shazam.

Fico muito feliz de ter alguém como Jordan Peele no horror. O cara prova mais uma vez que conhece de cabo a rabo o gênero e por isso sabre muito bem brincar com expectativas, ter paciência e acelerar o ritmo quando se precisa. Ele faz o batido parecer novo, é fantástico.

Na época de Get Out ele recebeu muitas críticas pelo humor do filme, que parecia desnecessário. Eu discordo. Aqui em Us ele mistura horror e comédia em níveis ainda maiores, mas dessa vez eu não gostei tanto. A culpa recai mais sobre um personagem específico, até porque algumas piadas funcionam bastante, mas me incomodou demais o senso de humor de um personagem quebrar todo o clima e lógica de algumas cenas. A atmosfera de horror perde as forças todas as vezes, a seriedade das situações vão para o ralo, igual quando um outro personagem corre extremo perigo e o primeiro senta para contar piadas como se ele não fosse familiar de quem está quase morrendo.

Mas mesmo não curtindo esses momentos, consigo ver certa malandragem, uma piscadela de Peele ao apresentar essas escolhas. Ele mesmo já disse que horror e comédia são semelhantes, Torço para ele continuar com esse "estilo", mas que na próxima as coisas estejam mais encaixadas.

Já Lupita, finalmente tendo a oportunidade de protagonizar um longa, é um monstro. Ela tá espetacular, mesmo. Todas as personagens tem seus "duplos" e todos são ótimos, mas ela se destaca. Assistir suas duas versões é esquecer que são interpretações da mesma atriz.

Assim como Get Out, acho que Us vai ficar martelando na minha cabeça por muito tempo, Peele tá botando o dedo em nossas feridas e acho que deveríamos todos estar prestando atenção.