O documentário “Malala” (2015) estreia no Brasil em um momento muito propício para se discutir a violência advinda do fundamentalismo religioso. O atentado sofrido pela paquistanesa em 2012, quando foi baleada na cabeça por um membro do grupo islâmico fundamentalista Talibã – que também atingiu duas colegas suas de escola - não está diretamente ligado aos recentes ataques de radicais mulçumanos na França, mas eles estão historicamente e culturalmente conectados. Ambos os casos são um reflexo de uma cultura intolerante, alimentada por diversos fatores e acontecimentos históricos, que só terão uma mudança efetiva, se criarmos um contexto mundial para o surgimento de outras meninas como Malala Yousafzai.O próprio longa-metragem deixa evidente a impressão de o quanto à menina já nasceu predestinada, a se tornar um ícone para as mais de sessenta milhões de mulheres, que têm o direito à educação negado em diversos países todos os dias. Seu pai, Ziauddin Yousafzai, lhe batizou com o nome de uma heroína do Afeganistão, quase como numa esperança de concretizar já no nascimento, o que aspirava para sua filha no futuro. Segundo a introdução do filme “Malalai de Maiwand” foi uma mulher que brandiu um estandarte para incitar os guerreiros afegãos, a continuarem combatendo os ingleses durante uma batalha no séc XIX e que acabou perdendo a vida durante seu ato de coragem. Nome, também, de outra conhecida crítica do Talibã, a política afegã Malalai Joya.
Dirigido por Davis Guggenheim, vencedor do Oscar de Melhor Documentário de 2006 com “Uma Verdade Inconveniente”, “He Named Me Malala” já é por si só interessante e encantador por causa da personalidade que documenta. Além disso, ele apresenta uma linguagem narrativa ainda mais atrativa do que a de “An Inconvenient Truth”, utilizando animações e a narração dos próprios documentados para causar uma empatia mais efetiva no espectador. A animação que introduz o longa e aparece em diversos momentos, soma-se a narração da própria Malala e de seu pai Ziauddin, dando uma sensação de intimidade e expressando muito bem os sentimentos de cada um deles ao reviver seu passado.
Mais do que contar os poucos 17 anos da adolescente ativista dos direitos humanos, o documentário aborda o poder das palavras. É por meio do discurso falado, antes do uso das armas, que os líderes do Talibã, organização extremista que ordenou a tentativa de assassinato da garota, tentavam impedir que o povo da cidade do vale do Swat no Paquistão, quisesse aprender conhecimentos considerados "ocidentais". Foi por meio da fala que o professor e pai de Malala, em conjunto com livros e amigos, sejam na sala de aula ou em comícios, influenciaram a menina a utilizar o verbo, primeiro em um blog com pseudônimo e depois no rádio e na TV, mesmo diante do risco de suas vidas.
Mesmo que a Paquistanesa tenha aparecido frequentemente nos noticiários nos últimos três anos, ainda existem muitas pessoas que não conhecem sua história, também contada no livro "Eu sou Malala - A história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã", publicado em 2013. A maioria sabe que ela foi agraciada com um Prêmio Nobel da Paz, talvez lembrem que ela é a pessoa mais jovem a receber a premiação, mas, mesmo assim o filme deixa espaço para a emoção e a surpresa. Quem, ao assistir, não se lembrar exatamente do ano em que foi premiada, vai se decepcionar por ela não ter ganho em 2013 e ficar satisfeito com o anúncio de seu nome, junto com o do indiano Kailash Satyarthi, na edição de 2014, mostrada só nos créditos do longa. Mais do que tudo, vai se revoltar com a descrição de como ela foi baleada junto com as amigas em um ônibus escolar e vibrar com sua recuperação e seu discurso na ONU.
Nos momentos em que é acompanhada nas suas relações familiares é que nos surpreendemos mais com a lembrança de que ela não é muito mais do que uma adolescente, recém saída da infância. As brincadeiras com os irmãos menores e os pais, as responsabilidades escolares como os deveres de casa, num contraste com seus encontros com chefes de estado, mesclam a inocência do mundo infantil com a violência do universo adulto. Isso nos leva a compreender, que sua força vem da pureza de quem foi obrigada a amadurecer muito cedo, de quem foi intelectualmente bem orientada, conseguindo assim lidar com questões sérias, como a fome, a guerra, a intolerância, entre outras, com um carisma que cativa muitas pessoas pelo mundo, em prol de suas causas sociais.
Os recentes debates brasileiros sobre feminismo por causa do ENEM e os projetos de lei que querem alterar as regras para o aborto, também dialogam de certa maneira com a produção audiovisual, já que Malala se declara como feminista. Em entrevista a atriz Emma Watson (a Hermione de Harry Potter), para a divulgação da obra documental, a paquistanesa revelou ter decidido assumir o feminismo após assistir o discurso da inglesa, como embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres em 2014. Após a entrevista, Emma publicou uma postagem com muitos elogios a Malala em seu perfil do Facebook.
Malala não é o documentário mais original e inovador já realizado, algumas ideias se repetem de forma exageradamente didática e emocional. Entretanto, em tempos de Estado Islâmico é consolador assistir um filme destes, para nos lembrar e dar a esperança de que onde existe violência e ignorância, também floresce conhecimento e coragem. Esperamos que muitas "Malalas" surjam nos próximos anos, mas, que repitam apenas seus feitos nobres, sem a necessidade de passar pelo mesmo momento trágico.
pipocadepimenta.com/drama/que-horas-ela-volta/ Minha análise para o site Pipoca De Pimenta, sobre o filme "QUE HORAS ELA VOLTA?". Já é apontado como o candidato brasileiro ao Oscar. Por favor, leiam, curtam, comentem e compartilhem para prestigiar. É um filme que discute toda a configuração da sociedade brasileira do pós-eleições de 2014 e da nossa história recente. pipocadepimenta.com/drama/que-horas-ela-volta/
As mulheres tem conquistado cada vez mais espaço no cinema. No círculo independente não é diferente. Os Últimos Sobreviventes foi exibido no Fantaspoa 2015 e faz muito jus à expressão "girl power". Se você gosta de produções como os Faroestes, Mad Max e Jogos Vorazes, vai gostar deste filme. Análise do filme: pipocadepimenta.com/acao/os-ultimos-sobreviventes/
“Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros” (2015) já era um sucesso de bilheteria anunciado, mesmo que nem todo mundo esperasse que desbancasse “Harry Potter e As Relíquias da Morte – Parte 2” (2011), do posto de estreia mais rentável da história, arrecadando mais de meio bilhão de dólares nos dois primeiros dias de exibição. Seu desempenho excepcional se deve mais a nostalgia, associada principalmente ao primeiro filme, do que as qualidades narrativas do longa-metragem de 2015, que ainda está muito aquém da obra de 1993. ‘Jurassic World’ está longe de ser uma produção perfeita, por ser desleixada com seu roteiro, diálogos, atuações e por consequência na sua construção de personagens, mas não deixa de ser uma deslumbrante diversão, que se apoia em seus efeitos especiais e no apelo que os dinossauros têm no nosso imaginário.
Na última quinta-feira estreou o documentário "Território do Brincar", nos cinemas de todo o país. "Documentários como este, são cada vez mais necessários para orientar as novas gerações de pais". Indicadíssimo para pais, professores e para quem quer sentir aquela nostalgia sobre a própria infância. Leia e saiba por quê! Texto escrito para o site Pipoca De Pimenta.
O longa-metragem nacional Anna K., o filme (2014) do estreante diretor José Roberto Aguilar é uma interessante obra multimídia, que mescla literatura russa, sobreposições de vídeo, dança e teatro. Estrelado por Leona Cavalli com muita sensualidade, utiliza diversas simbologias do feminino (amor, sexo, maternidade, morte). A personagem Anna Karenina, de Liev Tolstói é apenas uma metáfora intertextual, para discutir essas representações. É uma experiência de cinema diferenciada. Prestigiem.
FÃ CULT dica de ESTRÉIA: Entre Abelhas é da nova safra do cinema brasileiro, que nos deixa esperançosos sobre o futuro da nossa produção cultural audiovisual. Sou fã do Porta dos Fundos, assisto todos os seus curtas e gostei ainda mais das suas duas minisséries e do transgressor e polêmico episódio de Natal. Gosto bastante da maioria das atuações do Fábio Porchat, apesar de às vezes sentir um certo desgosto por nosso mercado cinematográfico ser focado em comédias, por vezes repetitivas, que desgastam os atores. Mas este drama tragicômico me deu novos motivos, para continuar atento ao trabalho do PdF e desejar a eles uma vida longa e próspera.
Reese Witherspoon foi a vencedora do Oscar 2006 por "Johnny & June / Walk the Line" de 2005 e quase dez anos depois obtém sua segunda indicação ao apresentar sua melhor performance como atriz até o momento. É quase impossível assistir "Livre / Wild" de 2014 e não comparar com "Na Natureza Selvagem / Into the Wild" de 2007, mas o mais recente, além de conseguir ser "Girl Power", talvez tenha mais conteúdo social na bagagem. O diretor Jean-Marc Vallée, que em 2013 dirigiu "Clube de Compras Dallas / Dallas Buyers Club", rendendo prêmios de melhor ator e coadjuvante para Matthew McConaughey e Jared Leto, neste ano pode ser que emplaque um prêmio da academia para uma atriz principal.
O filme é a cinebiografia de um período da vida de Cheryl Strayed, que após o falecimento da mãe - interpretada por Laura Dern em uma atuação inspirada - começou a levar um modo de vida autodestrutivo. Após trair o marido, Paul (Thomas Sadoski) com diversos homens, utilizar heroína e suspeitar estar grávida de um pai desconhecido, ela resolve radicalizar para se livrar desta fase. Decide percorrer sozinha 1.800 km da Pacific Crest Trail, trilha que se estende da fronteira dos estados unidos com o México até o limite com o Canadá.
Poucos afirmariam que os prêmios recebidos por Witherspoon em 2006, Globo de Ouro, Oscar, entre outros, não foram merecidos de alguma forma. Mas é evidente que Hollywood gosta de premiar jovens atrizes, como uma espécie de incentivo ao seu mercado. Alguns questionariam se foi o caso, no ano em que ela foi vencedora, assim como diz-se de outras, como Jennifer Lawrence em 2013. Porém no filme de 2014 (2015 no Brasil) o que vemos é uma atriz madura e em plena forma dramática, que faz jus a indicação, sem sombras de dúvidas.
Assim como no longa-metragem dirigido por Sean Pen em 2007, a fotografia e as paisagens de Livre são bucólicas e expressam cada sentimento da personagem. Apesar de os dois se passarem em um cenário inóspito, em "Wild" o ambiente se torna mais agressivo, por tratar-se de uma mulher num local frequentado, na sua maioria, por mais testosterona. O irônico é que não é a vida selvagem que oferece o maior perigo, mas sim os próprios seres humanos masculinos, neste caso. Tememos que Cheryl possa ser estuprada cada vez que ela se encontra sozinha com um ou mais homens, preocupação que não tínhamos com Chris McCandless / Alexander Supertramp (Emile Hirsch) em "Into the Wild", por motivos óbvios.
Isto pode nos fazer questionar o que é ser selvagem, são estes aspectos que tornam a jornada de Strayed mais carregada de significados sociais. Durante seu caminho vemos que o que ela carrega na mochila não é apenas o peso das roupas e materiais de sobrevivência, que quase a impedem de seguir em frente. O que mais pesa é a culpa e a sensação de impotência. A cada item que ela vai deixando pelo caminho para ficar mais leve é um passo a mais que ela segue em direção a aceitação de si mesma e das convenções da civilização.
A direção de Vallée é muito competente em comunicar o que ele quer expressar. Cada movimento de câmera, como close-ups ou panorâmicas, transmitem momentos de reflexão ou solidão. Os flashbacks inseridos de modo não-linear e catárticos, em várias partes da edição, também expressam momentos onde os pensamentos da personagem aparecem sem sua vontade. Escolhas simples, como a verdadeira Cheryl transportando Reese - na cena de sua primeira carona, dando o início a sua jornada, gerando um tom metalinguístico - que confere credibilidade a obra, quase como se a protagonista real passa-se um bastão de cumplicidade para seu alter ego, preparando-a para uma experiência similar.
A atriz principal vem de trabalhos menos expressivos nos últimos anos, como "Água para Elefantes / Water for Elephants" de 2011, "Amor Bandido / Mud" de 2012 e destacando-se novamente em "Sem Evidências / Devil's Knot" de Atom Egoyan, também de 2014 e igualmente com uma atuação muito diferente das anteriores. É uma retomada na sua carreira de forma muito contundente e que provavelmente vai render novos bons trabalhos. Ainda neste ano, ela estará em "Vício Inerente" de Paul Thomas Anderson e já está confirmada no elenco de "Downsizing", próximo filme de Alexander Payne . Ela vai disputar o Oscar de melhor atriz de 2015, com Marion Cotillard, Felicity Jones, Julianne Moore, Rosamund Pike e apesar de não haver uma favorita, não seria nenhuma injustiça se vencesse.
Brincante - O Filme (2014) é um documentário sobre Antonio Nobrega, construído sem uma narrativa convencional, abordando o trabalho do artista, através das suas diversas criações. Como ele mesmo afirma, "o filme é uma viagem sobre meu universo artístico". Dirigido por Walter Carvalho, que é conhecido por incontáveis trabalhos como diretor de fotografia, roteirista, diretor de documentários e longa-metragens.
A arte de Nóbrega é espontânea, circense e ao mesmo tempo regional e universal. Ele mesmo se define como multi-artista, já que cria peças de teatro, danças e músicas. É uma expressão folclórica e moderna, que nasceu em meio à paisagem desértica de sua terra natal, no nordeste do país, influenciada por Ariano Suassuna, onde Antonio fez parte do Quinteto Armorial e foi artista mambembe. Mas é também urbana, ambiente onde o artista vive atualmente, mais precisamente na Cidade de São Paulo.
O contraste mais interessante do filme está exatamente nas intervenções que o artista faz em lugares como o minhocão ou a estação de trem, principalmente com sua dança que mistura ritmos como Frevo, Capoeira e com alguns passos que podem lembrar até o Street Dance (Dança de rua). Em seu texto também reside uma miscelânea de referências à ícones culturais, da literatura e da história. Sua sonoridade harmoniza a música clássica com a música popular brasileira, principalmente do nordeste. Seus personagens, que às vezes espelham sua personalidade, são a encarnação da figura quixotesca.
Carvalho é experiente em documentar artistas para o cinema, seja na pintura com Moacir Arte Bruta (2005), na escultura como diretor de fotografia de Francisco Brennand Filme (2012) ou até mesmo de músicos como em Raul - O Início, o Fim e o Meio (2012). O público desacostumado com docudramas e/ou que tenha assistido apenas filmes do diretor, como o de ficção Budapeste (2009) e/ou o biográfico Cazuza - O Tempo não Para (2004) pode sentir um pouco o peso das suas 1 h e 32 min. do longa. Entretanto, o fato de o filme não apresentar um enredo com início, meio e fim explícitos, não diminui em nada a qualidade da obra e o seu poder de narrativa e comunicação artística.
Nota: 8 (Excelente)
"A gente não pode ficar somente na Orquestra Sinfônica. O Brasil precisa ser Brasil".
Em Porto Alegre o filme encontra-se em cartaz no Espaço Itaú de Cinema. ____________________________
Para que quiser conhecer um pouco mais sobre Antonio Nóbrega e Walter Carvalho, recomendamos as entrevistas dos dois no programa Roda Viva. Segue links para elas abaixo.
Roda Viva - Walter Carvalho - 16/04/2012 https://www.youtube.com/watch?v=i3X1AbgiGUo
Roda Viva | Antonio Nóbrega | 24/11/2014 https://www.youtube.com/watch?v=vhxDSRcmJf0&feature=youtu.be&aRoda _________________________________________________ http://jornaldacidadecanoas.weebly.com/fatilde-de-cultura https://www.facebook.com/groups/fancult https://www.facebook.com/facult http://fancult.blogspot.com.br/ https://twitter.com/fvfraga #FÃCULT #fancult — em Itaú Cinemas Bourbon Country
Richard Linklater é um dos diretores americanos, da atualidade, que mais se compromete com um projeto. BOYHOOD – Da Infância à Juventude (Boyhood, 2014), que levou mais de uma década para ser produzido é uma prova disto, pois só alguém que acredite no valor do seu trabalho empreende tamanho esforço. Este longa-metragem audacioso, que estreou em Porto Alegre na última semana, em uma mísera sala, merecia mais destaque.
A história acompanha o personagem Mason (Ellar Coltrane) desde os seus seis anos de idade até os seus dezoito. Aqui está a grande sacada, que faz esse filme ser diferente - o diretor, de fato, filmou ao longo de 12 anos o desenvolvimento e o crescimento do garoto. A equipe iniciou as filmagens em 2002 e todos os anos se reunia durante três ou quatro dias para filmar mais algumas tomadas, até finalizar o projeto em 2013. Desta forma, o que vemos não é uma dramatização do crescimento e amadurecimento de uma pessoa, mas quase um documentário sobre isso.
A vida do personagem, que aos seis anos é filho de pais divorciados e tem uma irmã um pouco mais velha que ele, não tem nenhuma aventura grandiosa como nas histórias dos últimos filmes sobre o público infanto-juvenil que temos visto nos cinemas. Aqui ele vive situações corriqueiras, como as que quase todo mundo vivenciou, problemas com os pais, trocar de cidade ou escola, romper laços com pessoas da família ou amigos, decepções, amor, compartilhar coisas e sentimentos, enfim, coisas sobre a vida humana comum. As passagens de tempo não são marcadas e nem sinalizadas pelo diretor, essa percepção está na transformação da aparência física dos atores, nas músicas e games, nas roupas, na tecnologia e na citação de alguns fatos da cultura em geral dos últimos anos.
O elenco está afinado, transmitindo uma sensação de intimidade familiar, com destaque para Patricia Arquette e Ethan Hawke nos papéis dos pais do menino. Cada um a sua maneira, também em processo de amadurecimento, pois se percebe que eles tiveram filhos e grandes responsabilidades muito cedo, o que resultou no seu divórcio. Ela tendo que criar seus filhos e ao mesmo tempo tentando ter uma profissão e melhorar sua vida. Ele um pai jovem e despreparado, com muitos sonhos, várias frustrações e poucas realizações. Coltraine está preciso como Mason em todo o seu processo de crescimento, até porque se nota que ele está passando por situações de aprendizado, assim como seu personagem. Sua irmã que é interpretada pela filha do diretor, Lorelei Linklater, não tem uma grande atuação, mas também não compromete o filme, bem como o resto do elenco de apoio.
A direção é essencial para a qualidade do filme e o roteiro intimista, cheio de conversas corriqueiras e verossímeis, ao estilo da trilogia “Before” - Antes do Amanhecer "Before Sunrise" (1995), Antes do Pôr-do-sol "Before Sunset" (2004) e Antes da Meia-noite "Before Midnight" (2013) - obras-primas de Linklater, que também tem Hawke no elenco. Para a audiência desatenta, às duas horas e quarenta de filme, podem soar um tanto longas demais e sem grandes ações e reviravoltas. Porém, olhe com atenção e deguste com o coração, pois o que se vê em tela é a sensibilidade de um diretor em mostrar de maneira semidocumental, como os anos transformam um menino em um homem.
Jogos Vorazes - A Esperança: Parte 1 / Mockingjay Part 1 (2014) confirma a crescente escala de qualidade da franquia. Desde o lançamento dos livros Jogos Vorazes - A Trilogia (2008 - 2010) e posteriormente do primeiro filme Jogos Vorazes - O Filme (2012), que a série vem tentando se desvencilhar, com sucesso, da recente enxurrada de narrativas para adolescentes que se multiplicam nos mercados literários e cinematográficos. Nesta terceira parte, que foi dividida em duas no cinema, Suzanne Collins reforça a coragem que teve ao abordar temas socialmente relevantes, ainda que um tanto quanto contraditórios, mas que refletem o anseio pelo protagonismo feminino, de uma forma não masculinizada.
Após os acontecimentos dos dois primeiros filmes, Katniss Everdeen (Jenifer Lawrence) se encontra em um abrigo (búnquer) subterrâneo no 13° distrito e está em conflito com os líderes dos rebeldes, por eles não terem resgatado os outros competidores da arena de Em Chamas - O Filme (2013). Os dilemas e responsabilidades da liderança são bem representados, pois a personagem que até então só havia pensado na própria sobrevivência, do seu parceiro de distrito e da sua família, agora tem que assumir a figura do Mockingjay (Tordo) para inspirar uma revolução. Mesmo contrariada ela vai sendo obrigada a aderir as revoltas ao se deparar com a destruição causada pela capital, quase personificada na figura do presidente Snow, tendo que lidar com a preocupação acerca do sofrimento que será infligido aos companheiros de arena capturados.
E é na representação da figura feminina que a produção se justifica e se destaca. É consenso no cinema que são poucas as protagonistas femininas que levam um grande público as salas e as que conseguem, são um tanto quanto masculinizadas. Jogos Vorazes prova o contrário. A arqueira Everdeen é uma heroína, mas não é na beleza, na força ou apenas na habilidade bélica que suas qualidades se salientam. O que cativa na sua personalidade é a capacidade de se importar e sempre tentar proteger, seja o seu companheiro, sua irmã ou o seu distrito, num instinto quase maternal ou ainda na capacidade de demostrar que a mulher pode fazer frente em uma sociedade ainda demasiadamente machista, sem necessariamente ser radicalmente feminista. Temas tabus que podem ser facilmente relacionados com a nossa própria realidade.
O elenco continua ajustado, sendo reforçado por Juliane moore, que interpreta a presidente Coin, num contraste muito interessante com a já conhecida acompanhante de tributos Effie Trinket (Elizabeth Banks) e a própria Katniss. É nessa dicotomia de classes sociais, que a importância de cada personagem se destaca, demonstrando que todos tem sua própria função na sociedade, sendo corroborada pela escolha acertada de cada ator. A divisão da conclusão da saga em dois filmes é obviamente uma decisão que visa ganhos financeiros, mas cria a oportunidade para que cada ator desenvolva mais o seu trabalho. Woody Harrelson e Philip Seymour Hoffman continuam convincentes em suas atuações. Atores coadjuvantes como Liam Hemsworth, Jeffrey Wright e a novata Natalie Dormer (a Margaery Tyrell de Game of Thrones), ganham mais espaço em tela acrescentando qualidade a história. Só quem perde um pouco é o personagem Peeta Mellark (Josh Josh Hutcherson), que aparece menos, porém em pontos chave não diminuindo sua importância. Este aumento de tempo proporcionado pela adaptação em duas partes do terceiro livro rendeu, também, algumas ótimas cenas de ação, como a de uma resgate em determinado momento do longa.
A mudança de tom em Jogos Vorazes - A Esperança, que vai de uma narrativa sobre um jogo de morte estilo Big Brother (Grande Irmão), para uma história de guerra, não deixa de ser corajosa. É possível reconhecer a analogia com as organizações socialistas no décimo terceiro distrito. As propagandas encenadas retomam as da Segunda Guerra Mundial e Guerra Fria, mostrando que neste tipo de conflito o povo está sujeito a manipulação de decisões tomadas por poucas pessoas. Entretanto é difícil mensurar se o público a que este discurso se destina e que lota as salas de cinema, percebe as verdadeiras qualidades que a obra apresenta.
A IMAGEM QUE FALTA / The Missing Picture / L'image manquante (2013) é dirigido por Rithy Panh e se passa durante a instauração do regime comunista do Khmer Rouge / Khmer Vermelho, pelo ditador Pol Pot. Utilizando-se de imagens de arquivo e uma inovadora linguagem visual com pequenas esculturas de argila, que apesar de serem estáticas, ganham vida e dramaticidade com as excelentes narrações em off, dos narradores Randal Douc (versão original em francês) e Jean-Baptiste Phou (versão em inglês). Selecionado para a mostra Un certain regard, no Festival de Cannes - Page Officielle em 2013 e que apesar de concorrer na categoria de Oscar de melhor filme estrangeiro de 2014, trata-se de um documentário. O longa é uma autobiografia, sobre a infância do diretor, vivida durante os primeiros anos da ditadura nas lavouras de arroz cambojanas, que eram a base econômica do governo, onde morreram seus pais e irmãos, por consequência da subnutrição e carga pesada de trabalhos forçados, além da perseguição da classe artística, como no caso de seu irmão mais velho.
O ATO DE MATAR / The Act of Killing (2013) que levou dez anos para ser concluído é dirigido pelo dinamarquês Joshua Oppenheimer e produzido por Werner Herzog e Errol Morris. É um relato documental chocante do reflexo da Guerra Fria na sociedade atual, que ainda está muito longe de globalizar a democracia e abolir a violência e a perseguição política como prática de alguns governos. O documentário acompanha um grupo paramilitar que assumiu o poder na Indonésia em 1965, com o incentivo de governos ocidentais e que se tornou um esquadrão da morte, matando mais de um milhão de pessoas, consideradas "comunistas", como artistas, líderes sindicais e trabalhadores sem terras. O longa metragem se passa durante os anos 2000, mostrando que os assassinos declarados, vivem como heróis no seu país, chegando ao absurdo de aceitarem participar de reencenamentos das execuções que praticavam, inspiradas pelos filmes de gangsteres hollywoodianos que eles adoram. Paralelamente é mostrado que muitos deles ainda governam o país através de uma organização "filosófica totalitária" denominada Juventude Pancasila. O fato de os carrascos não demonstrarem nenhum remorso e ainda manterem práticas de chantagem e extorsão abertamente em frente às câmeras, passa a impressão de estarmos assistindo um filme surreal, que beira o tragicômico, não fosse a seriedade e o horror da realidade por trás dos fatos. Ganhador do prêmio do público no Festival de Berlim, o filme concorreu ao Oscar (The Academy), na categoria Melhor documentário em 2014 e foi exibido na mostra Limites e Fronteiras do Festival do Rio | Rio International Film Festival.
Nota 9. Ainda existe Caça ás Bruxas Comunistas. (Excelente)
O ABUTRE / Nightcrawler Movie (2014) é estrelado porJake Gyllenhaal e dirigido pelo estreante Dan Gilroy, conhecido por ser roteirista de filmes como O Legado Bourne (2012) e Gigantes de Aço - Filme (2011). Em meio a uma sombria e competente fotografia de Robert Elswit, consagrado por seu trabalho em Sangue Negro(2008), cenas tensas, inclusive uma ótima perseguiçãode carro, Gyllenhaal apresenta sua melhor atuação, demonstrando seu preparo e maturidade como ator.
Lou Bloom é o personagem principal que vive de pequenos furtos de metais, para venda no mercado negro. Ao se deparar com um acidente de carro, fica curioso com a maneira sádica de agir, dos cinegrafistas que cobrem o evento para vender para programas de TV. Ao vislumbrar uma atividade em que poderia se encaixar, adquire equipamentos para sair em incursões atrás de notícias.
Jake já havia provado que está à altura de qualquer desafio em produções como O Homem Duplicado(2013) e Marcados Para Morrer (2012). Se em Enemyteve que interpretar praticamente dois personagens distintos, em Nightcrawler, ele consagra a criação de um personagem de forma convincente e milimétrica. Com trejeitos retirados das melhores partidas de Poker, encarna a expressão "matou e foi ao enterro", com um cinismo e dissimulação psicopata.
O roteiro discute o papel e os limites éticos e morais da mídia sensacionalista, exagerando nas atitudes de Bloom, para debater o máximo de situações possíveis. Temas como as transformações das relações humanas pela tecnologia da informação e a competição social desenfreada, estão presentes de maneira muito expressiva. Provavelmente você vai se reconhecer vendo, repetidas vezes, aquela notícia no jornal ou na TV, sobre um caso de violência. Talvez até vislumbre a dose de sadismo que está por trás desta exposição exagerada e como este comportamento pode estar alimentando alguns "abutres" do mundo real.
Exibido no TIFF (Toronto International Film Festival) em 2014, estréia no Brasil em 11 de dezembro. Esteve em sessão de pré-estreia, na 11ª Seleção de Filmes - Bourbon Shopping, no Cinemark Bourbon Ipiranga de Porto Alegre/RS, em projeção única na terça-feira dia onze de fevereiro de 2014. Vale a pena conferir no cinema.
Nota: 8,0 (Excelente)
"Se você está me vendo, está tendo o pior dia da sua vida"
A Oeste do Fim do Mundo é dirigido pelo gaúcho Paulo Nascimento, de Diário de um Novo Mundo (2005) e Valsa Para Bruno Stein (2007). Estrelado pelo uruguaio César Troncoso, de O Banheiro do Papa(2007) e Faroeste Caboclo - O Filme (2013). O personagem de Troncoso é um ex-combatente da guerra das Malvinas, que se isola em um posto de gasolina em uma estrada, pouco movimentada, na Argentina e acaba abrigando uma brasileira (Fernanda Moro de O Tempo e o Vento - o Filme, 2013), que também foge de seu passado.
A solidão é reforçada pela fotografia desértica e o silêncio dos personagens, além de o filme possuir um leve tom de "Road Movie", através das indas e vindas do motociclista interpretado por Nélson Diniz, deAnahy de las Misiones (1997). Um filme introspectivo, visualmente belo e com ótimas interpretações. Vale conferir no cinema.
RELATOS SELVAGENS / Relatos salvajes (2014) é o selecionado pela Argentina, para concorrer ao Oscar 2015. Dirigido por Damián Szifrón e produzido porPedro Almodóvar é um filme dividido em seis antologias. Apesar de ser uma comédia hilariante, que prende a atenção e causa gargalhadas em meio a cenas que deveria chocar, o longa metragem não exclui a crítica social em seu discurso. Encontramos uma reflexão sobre a intolerância, as diferenças de classes, a burocracia do governo, as relações pessoais conflituosas, bem como um retrato de como o ser humano pode ser mesquinho e violento por motivos medíocres e fugazes.
Temos situações como a que várias pessoas descobrem que estão reunidas por um motivo em comum. Um personagem de ética questionável, que descobre que suas ações podem ter uma consequência, quando menos se espera. A típica briga de transito, que geralmente é encorajada quando se tem a falsa sensação de segurança do automóvel. O cidadão que se estressa com os absurdos do estado burocrático. A discussão sobre o matrimônio, durante um casamento para lá de bizarro, que parece ser a única a acabar bem ou não. E por fim a família de classe média alta que tenta se safar utilizando seu dinheiro e despertando a ganância de todos ao redor.
Os contos lembram muito o estilo de Quentin Tarantino, com cenas violentas, mas engraçadas, tornando as narrativas tragicômicas. No elenco destaca-se Ricardo Darín, que cada vez mais tem sido alçado ao patamar de entidade do Cinema da Argentina. Aliás já faz muitos anos que os hermanos vem produzindo películas excelentes, como o recente ganhador do Oscar de Melhor Filme estrangeiro, O Segredo dos Seus Olhos (El secreto de sus ojos), incluindo-se comédias. Comparado ao Brasil é uma incógnita, como não conseguimos produzir filmes com o mesmo sucesso de público e crítica.
Interestelar (2014) é o novo trabalho do diretor Christopher Nolan escrito em parceria com seu irmão Jonathan Nolan. O elenco principal trás Matthew McConaughey, Jessica Chastain, Anne Hathaway e Michael Caine. É uma ficção científico-filosófica bastante fundamentada nas teorias do físico Kip Thorne.
A terra está com seus alimentos praticamente exauridos e com um estilo de vida digno do clássico Pergunte ao Pó. O personagem de McConaughey é um ex-astronauta, que é recrutado para explorar o espaço em busca de uma solução ao lado de outros cientistas, entre eles a personagem de Hathaway. Ao mesmo tempo acompanhamos o desenvolvimento de sua filha, interpretada por Chastain, tentando lidar com o abandono do pai e a vida difícil no planeta.
A expectativa criada em torno do projeto dos irmão Nolan foi alta desde que foi lançado o primeiro trailer, principalmente por causa do prestígio conquistado com a trilogia Batman (2005 / 2012) e A Origem (2010). Entretanto se você for ao cinema esperando ver o novoGravidade (2013) ou ainda 2001: A Space Odyssey (1968), pode se decepcionar de alguma forma. Além disto, o longa-metragem tem uma duração um tanto extensa e exagera em suas explicações sobre viagens no tempo e espaço. Mas nada diminui a obra, pois para quem estiver à procura de uma ficção científica, com uma belíssima direção de arte, efeitos especiais e sonoros competentíssimos vai saber apreciá-lo imensamente. Se possível, assista em IMAX.
Interstellar é o longa-metragem que mais vale o desembolso do ingresso em 2014. Não é o melhor filme do ano, mas com certeza é uma das melhores produções cinematográficas até agora, ao lado de Garota Exemplar e Boyhood, principalmente por causa de suas atuações. O longa-metragem mistura conceitos de filmes de viagem espacial, como os dois já citados anteriormente e outros como Contatos Imediatos de Terceiro Grau / Close Encounters of the Third Kind de 1977 e Contato / Contact de 1997 (que também tinha Matthew no elenco). Para quem gosta do gênero e é fã do diretor, a experiência visual na tela grande é imperdível, além de poder conferir o melhor trabalho dos Nolan até o momento. Apesar de ser um tanto cedo para especulações parece que Matthew McConaughey, que vem empilhando boas atuações como em Clube de Compras Dallas (2013) e True Detective(2014) já desponta para uma nova disputa no Oscar (The Academy), assim como Robert Downey Jr por O Juiz (2014)
Festa No Céu / The Book of Life (2014) é uma animação "de encher os olhos" dirigida pelo mexicano Jorge R. Gutierrez e produzida por Guillermo del Toro, que adapta a tradição do Dia dos Mortos. A versão dublada conta com as vozes de Marisa Orth e Tiago lacerda, para os personagens Maria e Joaquim (que lembra o Capitão Rodrigo de O Tempo e o Vento - o Filme, o que justifica a escolha do ator), que no original são interpretadas por Zoe Saldana e Channing Tatum.
O longa-metragem tem o desafio de lidar com a morte em uma linguagem voltada para o público infantil. Nisto está o seu mérito, tratar o assunto tabu com naturalidade, tema que é por natureza triste, claro, mas que se torna menos doloroso quando se festeja a vida e as boas lembranças do ente perdido. É neste sentido que a direção de arte impecável, o colorido mexicano e a trilha sonora, casam muito bem com este espírito, celebrando o pós-vida sem a morbidez gótica e a melancolia do luto. A dificuldade de lidar com a temática se refletiu até na escolha do título do filme, optando-se pela escolha de um que não fosse "depressivo", começando como El Matador, mudado depois para Day of the Dead, e por fim Book of Life.
As animações americanas tem buscado produzir filmes que atraiam mercados latinos, como em RIO - O Filme, que trouxe o brasileiro Carlos Saldanha, na direção e coordenação artística, visando o mercado do Brasil. Em Festa no Céu é o folclore do Mexico que é representado para contemplar o país vizinho aos EUAe os inúmeros imigrantes que moram no país. Esta iniciativa é muito bem vinda, pois retratar as diferentes tradições, em um mundo cada vez mais globalizado e "padronizado" é benéfico para que se valorize a cultura de cada região e nos lembre que existem formas diferentes de se pensar e se expressar.
Drácula - A História Nunca Contada / Dracula Untold(2014) está mais para o vampiro de Van Helsing(2004), do que para Drácula de Bram Stoker (1992). O filme é dirigido pelo estreante Gary Shore e segue a linha de filmes como Frankenstein Entre Anjos e Demônios. (2013), que atribuem uma nova roupagem para monstros clássicos do cinema, transformando-os em super-heróis.
Na trama o príncipe romeno Vlad Tepes estivera da infância ao início da vida adulta, servindo como um soldado-refém do Império Turco, ficando famoso comoVlad, o Empalador. Ao voltar para governar em seu reino, onde é conhecido como o Filho do Dragão, acaba por se revoltar contra os turcos. Como suas defesas estão em desvantagem, ele recorre a um pacto com um ser sobrenatural, para obter poderes, mas sob a pena de uma maldição.
O nobre romeno é vivido por Luke Evans (O Hobbit), que se esforça para atribuir gravidade ao roteiro, mas o foco são as cenas de ação, que deixam pouco espaço para a construção do personagem. Os efeitos são competentes e tem suas qualidades na tela grande, mas alguns recursos são utilizados repetidamente fazendo o filme parecer mais longo do que suas 1 h e 35 min.
A Universal Studios Hollywood já anunciou que o longa-metragem do vampiro é o pontapé inicial para uma franquia que vai reunir seus personagens clássicos, como o Lobisomem, Monstro do Lago Negro, a Múmia , o Homem Invisível, etc. Infelizmente este início é mais ação do que épico e não traz nada de surpreendente, fazendo com que o futuro das continuações dependa do sucesso nas bilheterias. Se você gosta deste gênero de filme vai se divertir no cinema, mas se prefere narrativas vampirescas comoEntrevista com o Vampiro (filme) de 1994 ou Amantes Eternos de 2014, provavelmente ele não vai agradá-lo.
Nota 5,0. (Regular) - "Às vezes o mundo não precisa de um herói, e sim de um monstro".
DEDICATÓRIA: Este texto é dedicado ao MAESTRO PLESTKAYA, o primeiro sborniano a voltar para a ilha.
Até que a Sbórnia nos Separe (2014) é uma animação hilariante livremente baseada em Tangos & Tragédias, genial peça de teatro musical, criada em 1984 por Nico Nicolaiewsky e Hique Gomez. Produzida por Otto Guerra, que também assina a direção ao lado de Ennio Torresan Jr, levou dez anos para ser concluída. Traz ainda no seu elenco Fernanda Takai e trilha sonora de André Abujamra.
As animações são raríssimas no Brasil, principalmente as que chegam ao cinema. As últimas que se destacaram, foram Uma História de Amor e Fúria(2013) e Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock'n'Roll (2006). Quando elas conseguem vencer todos os obstáculos, que enfrentam para chegar ao conhecimento de um público reduzido, mas significativo para o gênero, sempre nos surpreendem com sua qualidade e capacidade de representação da sociedade. Até que a Sbórnia nos Separe não é diferente. Em meio as gargalhadas despertadas é quase impossível não reconhecer as referências à antiga União Soviética e países do Leste Europeu, a queda do muro de Berlim, o avanço do Capitalismo e Industrialização vorazes, assim como a representação estereotipada, mas carinhosa, dos imigrantes europeus que se estabeleceram pelo interior do nosso país.
A adaptação em desenho animado sobre a Ilha de Sbørnia, serve de consolo para aqueles que como este que voz fala, cometeu o erro de não conferir o espetáculo, nas temporadas de verão do Teatro São Pedro. O que já não é mais possível, pois a peça que esteve em cartaz durante quase trinta anos, chegou ao seu fim no ano passado com a morte de Nico Nicolaiewsky. Quem carrega este arrependimento, encontrará um alento na narrativa e diálogos protagonizados pelo eterno Maestro Pletskaya ao lado de Kraunus Sang. A Otto Desenhos Animados, que à 35 anos luta pela gênero no Brasil é o estúdio responsável por toda a impecável e deslumbrante criação artística animada e o co-diretor Torresan faz parte da DreamWorks Animation, tendo seu nome nos créditos de filmes como Madagascar e Kung Fu Panda. Em 2013 o longa metragem venceu os prêmios de Melhor filme para o Público, no Festival de Cinema de Gramado e na Mostra Internacional de Cinema / São Paulo International Film Festival. Com certeza todos os aspectos citados, merecem que você prestigie a obra no cinema.
Tim Maia - O Filme (2014) já nasceu como uma boa experiência na telona, por contar com a trilha sonora do músico retratado. Se você é fã das músicas, dificilmente sairá da sala do cinema sem ter batido o pé ou até mesmo cantarolado ao som de canções como Vale Tudo ou Ela Partiu. O filme sobre Tim Maiasegue a linha de outras cinebiografias, como o recente Não Pare Na Pista - A melhor história de Paulo Coelho(2014), onde as interpretações somadas com a musicalidade, tem o poder de nos transportar para o contexto dos personagens.
A cinebiografia é baseada no livro Vale Tudo: O Som e a Fúria de Tim Maia - Nelson Motta. A película conta ainda com a narração de Cauã Reymond, fazendo ás vezes do autor Nelson Motta (que além de ter escrito a biografia, ainda fez a narração para uma ótima versão em audiolivro). Reymond se inspirou em Mota, para sua competente participação para a fita, como narrador e na interpretação do personagem que incorpora vários amigos e músicos que participaram da trajetória de Tim, principalmente do ex-companheiro de banda Fábio, que publicou o livro Até Parece que Foi Sonho - Meus Trinta Anos de Amizade e Trabalho com Tim Maia, que também serviu de base para o filme.
O "Síndico" é interpretado por Robson Nunes e Babu Santana, que dão conta do recado muito bem. E mesmo quem está acostumado a ver o cantor ser interpretado por Tiago Abravanel, no teatro ou TV, vai descobrir que mesmo sem ele, o longa escolheu muito bem seu elenco. Tanto eles quanto o restante dos atores estão bastante inspirados, até mesmo George Sauma, que recebeu a difícil incumbência de interpretar Roberto Carlos. Destaque para Luis Lobianco (Porta dos Fundos), no papel do fanfarrãoCarlos Imperial.
O filme, assim como os discos do artista, garante a diversão. Você vai se emocionar com a trajetória do personagem. Vai ficar feliz quando ele lançar seu primeiro hit. Irritar-se-á com a forma como ele vai lidar com o sucesso. Achará esdrúxulo o seu envolvimento com o culto que levou à composição do Tim Maia Racional. Por fim irá se embalar ao som da Musica Soul brasileira de Maia e descobrir que assim como ele dizia "Na vida a gente tem que entender; que um nasce pra sofrer; enquanto o outro ri... Mas quem sofre sempre tem que procurar; pelo menos vir achar; razão para viver..."
Nota: 7,5 (Ótimo).
"Ah! Se o mundo inteiro me pudesse ouvir. Tenho tanto pra contar, dizer que aprendi."
Malala
4.3 97O documentário “Malala” (2015) estreia no Brasil em um momento muito propício para se discutir a violência advinda do fundamentalismo religioso. O atentado sofrido pela paquistanesa em 2012, quando foi baleada na cabeça por um membro do grupo islâmico fundamentalista Talibã – que também atingiu duas colegas suas de escola - não está diretamente ligado aos recentes ataques de radicais mulçumanos na França, mas eles estão historicamente e culturalmente conectados. Ambos os casos são um reflexo de uma cultura intolerante, alimentada por diversos fatores e acontecimentos históricos, que só terão uma mudança efetiva, se criarmos um contexto mundial para o surgimento de outras meninas como Malala Yousafzai.O próprio longa-metragem deixa evidente a impressão de o quanto à menina já nasceu predestinada, a se tornar um ícone para as mais de sessenta milhões de mulheres, que têm o direito à educação negado em diversos países todos os dias. Seu pai, Ziauddin Yousafzai, lhe batizou com o nome de uma heroína do Afeganistão, quase como numa esperança de concretizar já no nascimento, o que aspirava para sua filha no futuro. Segundo a introdução do filme “Malalai de Maiwand” foi uma mulher que brandiu um estandarte para incitar os guerreiros afegãos, a continuarem combatendo os ingleses durante uma batalha no séc XIX e que acabou perdendo a vida durante seu ato de coragem. Nome, também, de outra conhecida crítica do Talibã, a política afegã Malalai Joya.
Dirigido por Davis Guggenheim, vencedor do Oscar de Melhor Documentário de 2006 com “Uma Verdade Inconveniente”, “He Named Me Malala” já é por si só interessante e encantador por causa da personalidade que documenta. Além disso, ele apresenta uma linguagem narrativa ainda mais atrativa do que a de “An Inconvenient Truth”, utilizando animações e a narração dos próprios documentados para causar uma empatia mais efetiva no espectador. A animação que introduz o longa e aparece em diversos momentos, soma-se a narração da própria Malala e de seu pai Ziauddin, dando uma sensação de intimidade e expressando muito bem os sentimentos de cada um deles ao reviver seu passado.
Mais do que contar os poucos 17 anos da adolescente ativista dos direitos humanos, o documentário aborda o poder das palavras. É por meio do discurso falado, antes do uso das armas, que os líderes do Talibã, organização extremista que ordenou a tentativa de assassinato da garota, tentavam impedir que o povo da cidade do vale do Swat no Paquistão, quisesse aprender conhecimentos considerados "ocidentais". Foi por meio da fala que o professor e pai de Malala, em conjunto com livros e amigos, sejam na sala de aula ou em comícios, influenciaram a menina a utilizar o verbo, primeiro em um blog com pseudônimo e depois no rádio e na TV, mesmo diante do risco de suas vidas.
Mesmo que a Paquistanesa tenha aparecido frequentemente nos noticiários nos últimos três anos, ainda existem muitas pessoas que não conhecem sua história, também contada no livro "Eu sou Malala - A história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã", publicado em 2013. A maioria sabe que ela foi agraciada com um Prêmio Nobel da Paz, talvez lembrem que ela é a pessoa mais jovem a receber a premiação, mas, mesmo assim o filme deixa espaço para a emoção e a surpresa. Quem, ao assistir, não se lembrar exatamente do ano em que foi premiada, vai se decepcionar por ela não ter ganho em 2013 e ficar satisfeito com o anúncio de seu nome, junto com o do indiano Kailash Satyarthi, na edição de 2014, mostrada só nos créditos do longa. Mais do que tudo, vai se revoltar com a descrição de como ela foi baleada junto com as amigas em um ônibus escolar e vibrar com sua recuperação e seu discurso na ONU.
Nos momentos em que é acompanhada nas suas relações familiares é que nos surpreendemos mais com a lembrança de que ela não é muito mais do que uma adolescente, recém saída da infância. As brincadeiras com os irmãos menores e os pais, as responsabilidades escolares como os deveres de casa, num contraste com seus encontros com chefes de estado, mesclam a inocência do mundo infantil com a violência do universo adulto. Isso nos leva a compreender, que sua força vem da pureza de quem foi obrigada a amadurecer muito cedo, de quem foi intelectualmente bem orientada, conseguindo assim lidar com questões sérias, como a fome, a guerra, a intolerância, entre outras, com um carisma que cativa muitas pessoas pelo mundo, em prol de suas causas sociais.
Os recentes debates brasileiros sobre feminismo por causa do ENEM e os projetos de lei que querem alterar as regras para o aborto, também dialogam de certa maneira com a produção audiovisual, já que Malala se declara como feminista. Em entrevista a atriz Emma Watson (a Hermione de Harry Potter), para a divulgação da obra documental, a paquistanesa revelou ter decidido assumir o feminismo após assistir o discurso da inglesa, como embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres em 2014. Após a entrevista, Emma publicou uma postagem com muitos elogios a Malala em seu perfil do Facebook.
Malala não é o documentário mais original e inovador já realizado, algumas ideias se repetem de forma exageradamente didática e emocional. Entretanto, em tempos de Estado Islâmico é consolador assistir um filme destes, para nos lembrar e dar a esperança de que onde existe violência e ignorância, também floresce conhecimento e coragem. Esperamos que muitas "Malalas" surjam nos próximos anos, mas, que repitam apenas seus feitos nobres, sem a necessidade de passar pelo mesmo momento trágico.
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Que Horas Ela Volta?
4.3 3,0K Assista Agorapipocadepimenta.com/drama/que-horas-ela-volta/
Minha análise para o site Pipoca De Pimenta, sobre o filme "QUE HORAS ELA VOLTA?". Já é apontado como o candidato brasileiro ao Oscar. Por favor, leiam, curtam, comentem e compartilhem para prestigiar. É um filme que discute toda a configuração da sociedade brasileira do pós-eleições de 2014 e da nossa história recente.
pipocadepimenta.com/drama/que-horas-ela-volta/
Os Últimos Sobreviventes
2.8 26As mulheres tem conquistado cada vez mais espaço no cinema. No círculo independente não é diferente. Os Últimos Sobreviventes foi exibido no Fantaspoa 2015 e faz muito jus à expressão "girl power". Se você gosta de produções como os Faroestes, Mad Max e Jogos Vorazes, vai gostar deste filme.
Análise do filme: pipocadepimenta.com/acao/os-ultimos-sobreviventes/
Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros
3.6 3,0K Assista AgoraMinha análise para o site Pipoca De Pimenta:
“Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros” (2015) já era um sucesso de bilheteria anunciado, mesmo que nem todo mundo esperasse que desbancasse “Harry Potter e As Relíquias da Morte – Parte 2” (2011), do posto de estreia mais rentável da história, arrecadando mais de meio bilhão de dólares nos dois primeiros dias de exibição. Seu desempenho excepcional se deve mais a nostalgia, associada principalmente ao primeiro filme, do que as qualidades narrativas do longa-metragem de 2015, que ainda está muito aquém da obra de 1993. ‘Jurassic World’ está longe de ser uma produção perfeita, por ser desleixada com seu roteiro, diálogos, atuações e por consequência na sua construção de personagens, mas não deixa de ser uma deslumbrante diversão, que se apoia em seus efeitos especiais e no apelo que os dinossauros têm no nosso imaginário.
Leia o restante no site pipocadepimenta.com/
Paixões Unidas
2.1 20Anélise do filme no link: http://pipocadepimenta.com/drama/paixoes-unidas/
Território do Brincar
4.3 13FÃ CULT dica EDUCACIONAL:
Na última quinta-feira estreou o documentário "Território do Brincar", nos cinemas de todo o país.
"Documentários como este, são cada vez mais necessários para orientar as novas gerações de pais".
Indicadíssimo para pais, professores e para quem quer sentir aquela nostalgia sobre a própria infância.
Leia e saiba por quê!
Texto escrito para o site Pipoca De Pimenta.
http://pipocadepimenta.com/documentario/territorio-do-brincar/
A Capital dos Mortos
2.4 89Minha análise sobre o filme para o site Pipoca de Pimenta:
http://pipocadepimenta.com/terror/a-capital-dos-mortos/
A Capital dos Mortos 2
3.1 13Análise do filme no link:
http://pipocadepimenta.com/acao/a-capital-dos-mortos-mundo-morto/
Anna K.
1.7 5FÃ CULT dica da semana:
O longa-metragem nacional Anna K., o filme (2014) do estreante diretor José Roberto Aguilar é uma interessante obra multimídia, que mescla literatura russa, sobreposições de vídeo, dança e teatro. Estrelado por Leona Cavalli com muita sensualidade, utiliza diversas simbologias do feminino (amor, sexo, maternidade, morte). A personagem Anna Karenina, de Liev Tolstói é apenas uma metáfora intertextual, para discutir essas representações. É uma experiência de cinema diferenciada. Prestigiem.
Em cartaz no Espaço Itaú de Cinema
Entre Abelhas
3.4 832FÃ CULT dica de ESTRÉIA:
Entre Abelhas é da nova safra do cinema brasileiro, que nos deixa esperançosos sobre o futuro da nossa produção cultural audiovisual. Sou fã do Porta dos Fundos, assisto todos os seus curtas e gostei ainda mais das suas duas minisséries e do transgressor e polêmico episódio de Natal. Gosto bastante da maioria das atuações do Fábio Porchat, apesar de às vezes sentir um certo desgosto por nosso mercado cinematográfico ser focado em comédias, por vezes repetitivas, que desgastam os atores. Mas este drama tragicômico me deu novos motivos, para continuar atento ao trabalho do PdF e desejar a eles uma vida longa e próspera.
Livre
3.8 1,2K Assista Agorahttp://fancult.blogspot.com.br/2015/02/livre-wild-2014.html
Reese Witherspoon foi a vencedora do Oscar 2006 por "Johnny & June / Walk the Line" de 2005 e quase dez anos depois obtém sua segunda indicação ao apresentar sua melhor performance como atriz até o momento. É quase impossível assistir "Livre / Wild" de 2014 e não comparar com "Na Natureza Selvagem / Into the Wild" de 2007, mas o mais recente, além de conseguir ser "Girl Power", talvez tenha mais conteúdo social na bagagem. O diretor Jean-Marc Vallée, que em 2013 dirigiu "Clube de Compras Dallas / Dallas Buyers Club", rendendo prêmios de melhor ator e coadjuvante para Matthew McConaughey e Jared Leto, neste ano pode ser que emplaque um prêmio da academia para uma atriz principal.
O filme é a cinebiografia de um período da vida de Cheryl Strayed, que após o falecimento da mãe - interpretada por Laura Dern em uma atuação inspirada - começou a levar um modo de vida autodestrutivo. Após trair o marido, Paul (Thomas Sadoski) com diversos homens, utilizar heroína e suspeitar estar grávida de um pai desconhecido, ela resolve radicalizar para se livrar desta fase. Decide percorrer sozinha 1.800 km da Pacific Crest Trail, trilha que se estende da fronteira dos estados unidos com o México até o limite com o Canadá.
Poucos afirmariam que os prêmios recebidos por Witherspoon em 2006, Globo de Ouro, Oscar, entre outros, não foram merecidos de alguma forma. Mas é evidente que Hollywood gosta de premiar jovens atrizes, como uma espécie de incentivo ao seu mercado. Alguns questionariam se foi o caso, no ano em que ela foi vencedora, assim como diz-se de outras, como Jennifer Lawrence em 2013. Porém no filme de 2014 (2015 no Brasil) o que vemos é uma atriz madura e em plena forma dramática, que faz jus a indicação, sem sombras de dúvidas.
Assim como no longa-metragem dirigido por Sean Pen em 2007, a fotografia e as paisagens de Livre são bucólicas e expressam cada sentimento da personagem. Apesar de os dois se passarem em um cenário inóspito, em "Wild" o ambiente se torna mais agressivo, por tratar-se de uma mulher num local frequentado, na sua maioria, por mais testosterona. O irônico é que não é a vida selvagem que oferece o maior perigo, mas sim os próprios seres humanos masculinos, neste caso. Tememos que Cheryl possa ser estuprada cada vez que ela se encontra sozinha com um ou mais homens, preocupação que não tínhamos com Chris McCandless / Alexander Supertramp (Emile Hirsch) em "Into the Wild", por motivos óbvios.
Isto pode nos fazer questionar o que é ser selvagem, são estes aspectos que tornam a jornada de Strayed mais carregada de significados sociais. Durante seu caminho vemos que o que ela carrega na mochila não é apenas o peso das roupas e materiais de sobrevivência, que quase a impedem de seguir em frente. O que mais pesa é a culpa e a sensação de impotência. A cada item que ela vai deixando pelo caminho para ficar mais leve é um passo a mais que ela segue em direção a aceitação de si mesma e das convenções da civilização.
A direção de Vallée é muito competente em comunicar o que ele quer expressar. Cada movimento de câmera, como close-ups ou panorâmicas, transmitem momentos de reflexão ou solidão. Os flashbacks inseridos de modo não-linear e catárticos, em várias partes da edição, também expressam momentos onde os pensamentos da personagem aparecem sem sua vontade. Escolhas simples, como a verdadeira Cheryl transportando Reese - na cena de sua primeira carona, dando o início a sua jornada, gerando um tom metalinguístico - que confere credibilidade a obra, quase como se a protagonista real passa-se um bastão de cumplicidade para seu alter ego, preparando-a para uma experiência similar.
A atriz principal vem de trabalhos menos expressivos nos últimos anos, como "Água para Elefantes / Water for Elephants" de 2011, "Amor Bandido / Mud" de 2012 e destacando-se novamente em "Sem Evidências / Devil's Knot" de Atom Egoyan, também de 2014 e igualmente com uma atuação muito diferente das anteriores. É uma retomada na sua carreira de forma muito contundente e que provavelmente vai render novos bons trabalhos. Ainda neste ano, ela estará em "Vício Inerente" de Paul Thomas Anderson e já está confirmada no elenco de "Downsizing", próximo filme de Alexander Payne . Ela vai disputar o Oscar de melhor atriz de 2015, com Marion Cotillard, Felicity Jones, Julianne Moore, Rosamund Pike e apesar de não haver uma favorita, não seria nenhuma injustiça se vencesse.
Brincante
3.4 10FÃ CULT dica de ARTE-DOCUMENTÁRIO:
http://fancult.blogspot.com.br/2014/12/brincante-antonio-nobrega-2014.html
Brincante - O Filme (2014) é um documentário sobre Antonio Nobrega, construído sem uma narrativa convencional, abordando o trabalho do artista, através das suas diversas criações. Como ele mesmo afirma, "o filme é uma viagem sobre meu universo artístico". Dirigido por Walter Carvalho, que é conhecido por incontáveis trabalhos como diretor de fotografia, roteirista, diretor de documentários e longa-metragens.
A arte de Nóbrega é espontânea, circense e ao mesmo tempo regional e universal. Ele mesmo se define como multi-artista, já que cria peças de teatro, danças e músicas. É uma expressão folclórica e moderna, que nasceu em meio à paisagem desértica de sua terra natal, no nordeste do país, influenciada por Ariano Suassuna, onde Antonio fez parte do Quinteto Armorial e foi artista mambembe. Mas é também urbana, ambiente onde o artista vive atualmente, mais precisamente na Cidade de São Paulo.
O contraste mais interessante do filme está exatamente nas intervenções que o artista faz em lugares como o minhocão ou a estação de trem, principalmente com sua dança que mistura ritmos como Frevo, Capoeira e com alguns passos que podem lembrar até o Street Dance (Dança de rua). Em seu texto também reside uma miscelânea de referências à ícones culturais, da literatura e da história. Sua sonoridade harmoniza a música clássica com a música popular brasileira, principalmente do nordeste. Seus personagens, que às vezes espelham sua personalidade, são a encarnação da figura quixotesca.
Carvalho é experiente em documentar artistas para o cinema, seja na pintura com Moacir Arte Bruta (2005), na escultura como diretor de fotografia de Francisco Brennand Filme (2012) ou até mesmo de músicos como em Raul - O Início, o Fim e o Meio (2012). O público desacostumado com docudramas e/ou que tenha assistido apenas filmes do diretor, como o de ficção Budapeste (2009) e/ou o biográfico Cazuza - O Tempo não Para (2004) pode sentir um pouco o peso das suas 1 h e 32 min. do longa. Entretanto, o fato de o filme não apresentar um enredo com início, meio e fim explícitos, não diminui em nada a qualidade da obra e o seu poder de narrativa e comunicação artística.
Nota: 8 (Excelente)
"A gente não pode ficar somente na Orquestra Sinfônica. O Brasil precisa ser Brasil".
Em Porto Alegre o filme encontra-se em cartaz no Espaço Itaú de Cinema.
____________________________
Para que quiser conhecer um pouco mais sobre Antonio Nóbrega e Walter Carvalho, recomendamos as entrevistas dos dois no programa Roda Viva. Segue links para elas abaixo.
Roda Viva - Walter Carvalho - 16/04/2012
https://www.youtube.com/watch?v=i3X1AbgiGUo
Roda Viva | Antonio Nóbrega | 24/11/2014
https://www.youtube.com/watch?v=vhxDSRcmJf0&feature=youtu.be&aRoda
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Boyhood: Da Infância à Juventude
4.0 3,7K Assista AgoraDICA da semana FÃ CULT:
http://fancult.blogspot.com.br/2014/12/boyhood-da-infancia-juventude-2014_3.html
Richard Linklater é um dos diretores americanos, da atualidade, que mais se compromete com um projeto. BOYHOOD – Da Infância à Juventude (Boyhood, 2014), que levou mais de uma década para ser produzido é uma prova disto, pois só alguém que acredite no valor do seu trabalho empreende tamanho esforço. Este longa-metragem audacioso, que estreou em Porto Alegre na última semana, em uma mísera sala, merecia mais destaque.
A história acompanha o personagem Mason (Ellar Coltrane) desde os seus seis anos de idade até os seus dezoito. Aqui está a grande sacada, que faz esse filme ser diferente - o diretor, de fato, filmou ao longo de 12 anos o desenvolvimento e o crescimento do garoto. A equipe iniciou as filmagens em 2002 e todos os anos se reunia durante três ou quatro dias para filmar mais algumas tomadas, até finalizar o projeto em 2013. Desta forma, o que vemos não é uma dramatização do crescimento e amadurecimento de uma pessoa, mas quase um documentário sobre isso.
A vida do personagem, que aos seis anos é filho de pais divorciados e tem uma irmã um pouco mais velha que ele, não tem nenhuma aventura grandiosa como nas histórias dos últimos filmes sobre o público infanto-juvenil que temos visto nos cinemas. Aqui ele vive situações corriqueiras, como as que quase todo mundo vivenciou, problemas com os pais, trocar de cidade ou escola, romper laços com pessoas da família ou amigos, decepções, amor, compartilhar coisas e sentimentos, enfim, coisas sobre a vida humana comum. As passagens de tempo não são marcadas e nem sinalizadas pelo diretor, essa percepção está na transformação da aparência física dos atores, nas músicas e games, nas roupas, na tecnologia e na citação de alguns fatos da cultura em geral dos últimos anos.
O elenco está afinado, transmitindo uma sensação de intimidade familiar, com destaque para Patricia Arquette e Ethan Hawke nos papéis dos pais do menino. Cada um a sua maneira, também em processo de amadurecimento, pois se percebe que eles tiveram filhos e grandes responsabilidades muito cedo, o que resultou no seu divórcio. Ela tendo que criar seus filhos e ao mesmo tempo tentando ter uma profissão e melhorar sua vida. Ele um pai jovem e despreparado, com muitos sonhos, várias frustrações e poucas realizações. Coltraine está preciso como Mason em todo o seu processo de crescimento, até porque se nota que ele está passando por situações de aprendizado, assim como seu personagem. Sua irmã que é interpretada pela filha do diretor, Lorelei Linklater, não tem uma grande atuação, mas também não compromete o filme, bem como o resto do elenco de apoio.
A direção é essencial para a qualidade do filme e o roteiro intimista, cheio de conversas corriqueiras e verossímeis, ao estilo da trilogia “Before” - Antes do Amanhecer "Before Sunrise" (1995), Antes do Pôr-do-sol "Before Sunset" (2004) e Antes da Meia-noite "Before Midnight" (2013) - obras-primas de Linklater, que também tem Hawke no elenco. Para a audiência desatenta, às duas horas e quarenta de filme, podem soar um tanto longas demais e sem grandes ações e reviravoltas. Porém, olhe com atenção e deguste com o coração, pois o que se vê em tela é a sensibilidade de um diretor em mostrar de maneira semidocumental, como os anos transformam um menino em um homem.
Nota: 9,0 (Excelente)
“A vida não vai dar traves de proteção”
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Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1
3.8 2,4K Assista AgoraESTREIA da semana FÃ CULT:
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Jogos Vorazes - A Esperança: Parte 1 / Mockingjay Part 1 (2014) confirma a crescente escala de qualidade da franquia. Desde o lançamento dos livros Jogos Vorazes - A Trilogia (2008 - 2010) e posteriormente do primeiro filme Jogos Vorazes - O Filme (2012), que a série vem tentando se desvencilhar, com sucesso, da recente enxurrada de narrativas para adolescentes que se multiplicam nos mercados literários e cinematográficos. Nesta terceira parte, que foi dividida em duas no cinema, Suzanne Collins reforça a coragem que teve ao abordar temas socialmente relevantes, ainda que um tanto quanto contraditórios, mas que refletem o anseio pelo protagonismo feminino, de uma forma não masculinizada.
Após os acontecimentos dos dois primeiros filmes, Katniss Everdeen (Jenifer Lawrence) se encontra em um abrigo (búnquer) subterrâneo no 13° distrito e está em conflito com os líderes dos rebeldes, por eles não terem resgatado os outros competidores da arena de Em Chamas - O Filme (2013). Os dilemas e responsabilidades da liderança são bem representados, pois a personagem que até então só havia pensado na própria sobrevivência, do seu parceiro de distrito e da sua família, agora tem que assumir a figura do Mockingjay (Tordo) para inspirar uma revolução. Mesmo contrariada ela vai sendo obrigada a aderir as revoltas ao se deparar com a destruição causada pela capital, quase personificada na figura do presidente Snow, tendo que lidar com a preocupação acerca do sofrimento que será infligido aos companheiros de arena capturados.
E é na representação da figura feminina que a produção se justifica e se destaca. É consenso no cinema que são poucas as protagonistas femininas que levam um grande público as salas e as que conseguem, são um tanto quanto masculinizadas. Jogos Vorazes prova o contrário. A arqueira Everdeen é uma heroína, mas não é na beleza, na força ou apenas na habilidade bélica que suas qualidades se salientam. O que cativa na sua personalidade é a capacidade de se importar e sempre tentar proteger, seja o seu companheiro, sua irmã ou o seu distrito, num instinto quase maternal ou ainda na capacidade de demostrar que a mulher pode fazer frente em uma sociedade ainda demasiadamente machista, sem necessariamente ser radicalmente feminista. Temas tabus que podem ser facilmente relacionados com a nossa própria realidade.
O elenco continua ajustado, sendo reforçado por Juliane moore, que interpreta a presidente Coin, num contraste muito interessante com a já conhecida acompanhante de tributos Effie Trinket (Elizabeth Banks) e a própria Katniss. É nessa dicotomia de classes sociais, que a importância de cada personagem se destaca, demonstrando que todos tem sua própria função na sociedade, sendo corroborada pela escolha acertada de cada ator. A divisão da conclusão da saga em dois filmes é obviamente uma decisão que visa ganhos financeiros, mas cria a oportunidade para que cada ator desenvolva mais o seu trabalho. Woody Harrelson e Philip Seymour Hoffman continuam convincentes em suas atuações. Atores coadjuvantes como Liam Hemsworth, Jeffrey Wright e a novata Natalie Dormer (a Margaery Tyrell de Game of Thrones), ganham mais espaço em tela acrescentando qualidade a história. Só quem perde um pouco é o personagem Peeta Mellark (Josh Josh Hutcherson), que aparece menos, porém em pontos chave não diminuindo sua importância. Este aumento de tempo proporcionado pela adaptação em duas partes do terceiro livro rendeu, também, algumas ótimas cenas de ação, como a de uma resgate em determinado momento do longa.
A mudança de tom em Jogos Vorazes - A Esperança, que vai de uma narrativa sobre um jogo de morte estilo Big Brother (Grande Irmão), para uma história de guerra, não deixa de ser corajosa. É possível reconhecer a analogia com as organizações socialistas no décimo terceiro distrito. As propagandas encenadas retomam as da Segunda Guerra Mundial e Guerra Fria, mostrando que neste tipo de conflito o povo está sujeito a manipulação de decisões tomadas por poucas pessoas. Entretanto é difícil mensurar se o público a que este discurso se destina e que lota as salas de cinema, percebe as verdadeiras qualidades que a obra apresenta.
Nota: 9,0 (Excelente)
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A Imagem que Falta
4.1 48Dica FÃ CULT de co-produção Camboja / França:
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A IMAGEM QUE FALTA / The Missing Picture / L'image manquante (2013) é dirigido por Rithy Panh e se passa durante a instauração do regime comunista do Khmer Rouge / Khmer Vermelho, pelo ditador Pol Pot. Utilizando-se de imagens de arquivo e uma inovadora linguagem visual com pequenas esculturas de argila, que apesar de serem estáticas, ganham vida e dramaticidade com as excelentes narrações em off, dos narradores Randal Douc (versão original em francês) e Jean-Baptiste Phou (versão em inglês).
Selecionado para a mostra Un certain regard, no Festival de Cannes - Page Officielle em 2013 e que apesar de concorrer na categoria de Oscar de melhor filme estrangeiro de 2014, trata-se de um documentário. O longa é uma autobiografia, sobre a infância do diretor, vivida durante os primeiros anos da ditadura nas lavouras de arroz cambojanas, que eram a base econômica do governo, onde morreram seus pais e irmãos, por consequência da subnutrição e carga pesada de trabalhos forçados, além da perseguição da classe artística, como no caso de seu irmão mais velho.
Nota: 10 imagens perdidas. (Excelente)
Obs. MERECIA TER GANHO O OSCAR!
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O Ato de Matar
4.3 135Dica FÃ CULT de DOCUMENTÁRIO:
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O ATO DE MATAR / The Act of Killing (2013) que levou dez anos para ser concluído é dirigido pelo dinamarquês Joshua Oppenheimer e produzido por Werner Herzog e Errol Morris. É um relato documental chocante do reflexo da Guerra Fria na sociedade atual, que ainda está muito longe de globalizar a democracia e abolir a violência e a perseguição política como prática de alguns governos.
O documentário acompanha um grupo paramilitar que assumiu o poder na Indonésia em 1965, com o incentivo de governos ocidentais e que se tornou um esquadrão da morte, matando mais de um milhão de pessoas, consideradas "comunistas", como artistas, líderes sindicais e trabalhadores sem terras.
O longa metragem se passa durante os anos 2000, mostrando que os assassinos declarados, vivem como heróis no seu país, chegando ao absurdo de aceitarem participar de reencenamentos das execuções que praticavam, inspiradas pelos filmes de gangsteres hollywoodianos que eles adoram. Paralelamente é mostrado que muitos deles ainda governam o país através de uma organização "filosófica totalitária" denominada Juventude Pancasila.
O fato de os carrascos não demonstrarem nenhum remorso e ainda manterem práticas de chantagem e extorsão abertamente em frente às câmeras, passa a impressão de estarmos assistindo um filme surreal, que beira o tragicômico, não fosse a seriedade e o horror da realidade por trás dos fatos.
Ganhador do prêmio do público no Festival de Berlim, o filme concorreu ao Oscar (The Academy), na categoria Melhor documentário em 2014 e foi exibido na mostra Limites e Fronteiras do Festival do Rio | Rio International Film Festival.
Nota 9. Ainda existe Caça ás Bruxas Comunistas. (Excelente)
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O Abutre
4.0 2,5K Assista AgoraFÃ CULT dica de PRÉ-ESTREIA:
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O ABUTRE / Nightcrawler Movie (2014) é estrelado porJake Gyllenhaal e dirigido pelo estreante Dan Gilroy, conhecido por ser roteirista de filmes como O Legado Bourne (2012) e Gigantes de Aço - Filme (2011). Em meio a uma sombria e competente fotografia de Robert Elswit, consagrado por seu trabalho em Sangue Negro(2008), cenas tensas, inclusive uma ótima perseguiçãode carro, Gyllenhaal apresenta sua melhor atuação, demonstrando seu preparo e maturidade como ator.
Lou Bloom é o personagem principal que vive de pequenos furtos de metais, para venda no mercado negro. Ao se deparar com um acidente de carro, fica curioso com a maneira sádica de agir, dos cinegrafistas que cobrem o evento para vender para programas de TV. Ao vislumbrar uma atividade em que poderia se encaixar, adquire equipamentos para sair em incursões atrás de notícias.
Jake já havia provado que está à altura de qualquer desafio em produções como O Homem Duplicado(2013) e Marcados Para Morrer (2012). Se em Enemyteve que interpretar praticamente dois personagens distintos, em Nightcrawler, ele consagra a criação de um personagem de forma convincente e milimétrica. Com trejeitos retirados das melhores partidas de Poker, encarna a expressão "matou e foi ao enterro", com um cinismo e dissimulação psicopata.
O roteiro discute o papel e os limites éticos e morais da mídia sensacionalista, exagerando nas atitudes de Bloom, para debater o máximo de situações possíveis. Temas como as transformações das relações humanas pela tecnologia da informação e a competição social desenfreada, estão presentes de maneira muito expressiva. Provavelmente você vai se reconhecer vendo, repetidas vezes, aquela notícia no jornal ou na TV, sobre um caso de violência. Talvez até vislumbre a dose de sadismo que está por trás desta exposição exagerada e como este comportamento pode estar alimentando alguns "abutres" do mundo real.
Exibido no TIFF (Toronto International Film Festival) em 2014, estréia no Brasil em 11 de dezembro. Esteve em sessão de pré-estreia, na 11ª Seleção de Filmes - Bourbon Shopping, no Cinemark Bourbon Ipiranga de Porto Alegre/RS, em projeção única na terça-feira dia onze de fevereiro de 2014. Vale a pena conferir no cinema.
Nota: 8,0 (Excelente)
"Se você está me vendo, está tendo o pior dia da sua vida"
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A Oeste do Fim do Mundo
3.7 48Dica FÃ CULT de co-produção Brasil/Argentina:
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A Oeste do Fim do Mundo é dirigido pelo gaúcho Paulo Nascimento, de Diário de um Novo Mundo (2005) e Valsa Para Bruno Stein (2007). Estrelado pelo uruguaio César Troncoso, de O Banheiro do Papa(2007) e Faroeste Caboclo - O Filme (2013). O personagem de Troncoso é um ex-combatente da guerra das Malvinas, que se isola em um posto de gasolina em uma estrada, pouco movimentada, na Argentina e acaba abrigando uma brasileira (Fernanda Moro de O Tempo e o Vento - o Filme, 2013), que também foge de seu passado.
A solidão é reforçada pela fotografia desértica e o silêncio dos personagens, além de o filme possuir um leve tom de "Road Movie", através das indas e vindas do motociclista interpretado por Nélson Diniz, deAnahy de las Misiones (1997). Um filme introspectivo, visualmente belo e com ótimas interpretações. Vale conferir no cinema.
Nota: 8 Harley-Davidson.
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Relatos Selvagens
4.4 2,9K Assista AgoraFÃ CULT prévia do Oscar (The Academy) 2015:
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RELATOS SELVAGENS / Relatos salvajes (2014) é o selecionado pela Argentina, para concorrer ao Oscar 2015. Dirigido por Damián Szifrón e produzido porPedro Almodóvar é um filme dividido em seis antologias. Apesar de ser uma comédia hilariante, que prende a atenção e causa gargalhadas em meio a cenas que deveria chocar, o longa metragem não exclui a crítica social em seu discurso. Encontramos uma reflexão sobre a intolerância, as diferenças de classes, a burocracia do governo, as relações pessoais conflituosas, bem como um retrato de como o ser humano pode ser mesquinho e violento por motivos medíocres e fugazes.
Temos situações como a que várias pessoas descobrem que estão reunidas por um motivo em comum. Um personagem de ética questionável, que descobre que suas ações podem ter uma consequência, quando menos se espera. A típica briga de transito, que geralmente é encorajada quando se tem a falsa sensação de segurança do automóvel. O cidadão que se estressa com os absurdos do estado burocrático. A discussão sobre o matrimônio, durante um casamento para lá de bizarro, que parece ser a única a acabar bem ou não. E por fim a família de classe média alta que tenta se safar utilizando seu dinheiro e despertando a ganância de todos ao redor.
Os contos lembram muito o estilo de Quentin Tarantino, com cenas violentas, mas engraçadas, tornando as narrativas tragicômicas. No elenco destaca-se Ricardo Darín, que cada vez mais tem sido alçado ao patamar de entidade do Cinema da Argentina. Aliás já faz muitos anos que os hermanos vem produzindo películas excelentes, como o recente ganhador do Oscar de Melhor Filme estrangeiro, O Segredo dos Seus Olhos (El secreto de sus ojos), incluindo-se comédias. Comparado ao Brasil é uma incógnita, como não conseguimos produzir filmes com o mesmo sucesso de público e crítica.
Nota: 9 Respostas Violentas. (Excelente)
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Interestelar
4.3 5,7K Assista AgoraDICA da semana FÃ CULT:
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Interestelar (2014) é o novo trabalho do diretor Christopher Nolan escrito em parceria com seu irmão Jonathan Nolan. O elenco principal trás Matthew McConaughey, Jessica Chastain, Anne Hathaway e Michael Caine. É uma ficção científico-filosófica bastante fundamentada nas teorias do físico Kip Thorne.
A terra está com seus alimentos praticamente exauridos e com um estilo de vida digno do clássico Pergunte ao Pó. O personagem de McConaughey é um ex-astronauta, que é recrutado para explorar o espaço em busca de uma solução ao lado de outros cientistas, entre eles a personagem de Hathaway. Ao mesmo tempo acompanhamos o desenvolvimento de sua filha, interpretada por Chastain, tentando lidar com o abandono do pai e a vida difícil no planeta.
A expectativa criada em torno do projeto dos irmão Nolan foi alta desde que foi lançado o primeiro trailer, principalmente por causa do prestígio conquistado com a trilogia Batman (2005 / 2012) e A Origem (2010). Entretanto se você for ao cinema esperando ver o novoGravidade (2013) ou ainda 2001: A Space Odyssey (1968), pode se decepcionar de alguma forma. Além disto, o longa-metragem tem uma duração um tanto extensa e exagera em suas explicações sobre viagens no tempo e espaço. Mas nada diminui a obra, pois para quem estiver à procura de uma ficção científica, com uma belíssima direção de arte, efeitos especiais e sonoros competentíssimos vai saber apreciá-lo imensamente. Se possível, assista em IMAX.
Interstellar é o longa-metragem que mais vale o desembolso do ingresso em 2014. Não é o melhor filme do ano, mas com certeza é uma das melhores produções cinematográficas até agora, ao lado de Garota Exemplar e Boyhood, principalmente por causa de suas atuações. O longa-metragem mistura conceitos de filmes de viagem espacial, como os dois já citados anteriormente e outros como Contatos Imediatos de Terceiro Grau / Close Encounters of the Third Kind de 1977 e Contato / Contact de 1997 (que também tinha Matthew no elenco). Para quem gosta do gênero e é fã do diretor, a experiência visual na tela grande é imperdível, além de poder conferir o melhor trabalho dos Nolan até o momento. Apesar de ser um tanto cedo para especulações parece que Matthew McConaughey, que vem empilhando boas atuações como em Clube de Compras Dallas (2013) e True Detective(2014) já desponta para uma nova disputa no Oscar (The Academy), assim como Robert Downey Jr por O Juiz (2014)
Nota: 8,0 (Excelente)
AO INFINITO E ALÉM!
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Festa no Céu
4.0 689 Assista AgoraDica FÃ CULT de ANIMAÇÃO:
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Festa No Céu / The Book of Life (2014) é uma animação "de encher os olhos" dirigida pelo mexicano Jorge R. Gutierrez e produzida por Guillermo del Toro, que adapta a tradição do Dia dos Mortos. A versão dublada conta com as vozes de Marisa Orth e Tiago lacerda, para os personagens Maria e Joaquim (que lembra o Capitão Rodrigo de O Tempo e o Vento - o Filme, o que justifica a escolha do ator), que no original são interpretadas por Zoe Saldana e Channing Tatum.
O longa-metragem tem o desafio de lidar com a morte em uma linguagem voltada para o público infantil. Nisto está o seu mérito, tratar o assunto tabu com naturalidade, tema que é por natureza triste, claro, mas que se torna menos doloroso quando se festeja a vida e as boas lembranças do ente perdido. É neste sentido que a direção de arte impecável, o colorido mexicano e a trilha sonora, casam muito bem com este espírito, celebrando o pós-vida sem a morbidez gótica e a melancolia do luto. A dificuldade de lidar com a temática se refletiu até na escolha do título do filme, optando-se pela escolha de um que não fosse "depressivo", começando como El Matador, mudado depois para Day of the Dead, e por fim Book of Life.
As animações americanas tem buscado produzir filmes que atraiam mercados latinos, como em RIO - O Filme, que trouxe o brasileiro Carlos Saldanha, na direção e coordenação artística, visando o mercado do Brasil. Em Festa no Céu é o folclore do Mexico que é representado para contemplar o país vizinho aos EUAe os inúmeros imigrantes que moram no país. Esta iniciativa é muito bem vinda, pois retratar as diferentes tradições, em um mundo cada vez mais globalizado e "padronizado" é benéfico para que se valorize a cultura de cada região e nos lembre que existem formas diferentes de se pensar e se expressar.
Nota: 7,0 (Bom)
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Drácula: A História Nunca Contada
3.2 1,4K Assista AgoraDICA da semana FÃ CULT:
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Drácula - A História Nunca Contada / Dracula Untold(2014) está mais para o vampiro de Van Helsing(2004), do que para Drácula de Bram Stoker (1992). O filme é dirigido pelo estreante Gary Shore e segue a linha de filmes como Frankenstein Entre Anjos e Demônios. (2013), que atribuem uma nova roupagem para monstros clássicos do cinema, transformando-os em super-heróis.
Na trama o príncipe romeno Vlad Tepes estivera da infância ao início da vida adulta, servindo como um soldado-refém do Império Turco, ficando famoso comoVlad, o Empalador. Ao voltar para governar em seu reino, onde é conhecido como o Filho do Dragão, acaba por se revoltar contra os turcos. Como suas defesas estão em desvantagem, ele recorre a um pacto com um ser sobrenatural, para obter poderes, mas sob a pena de uma maldição.
O nobre romeno é vivido por Luke Evans (O Hobbit), que se esforça para atribuir gravidade ao roteiro, mas o foco são as cenas de ação, que deixam pouco espaço para a construção do personagem. Os efeitos são competentes e tem suas qualidades na tela grande, mas alguns recursos são utilizados repetidamente fazendo o filme parecer mais longo do que suas 1 h e 35 min.
A Universal Studios Hollywood já anunciou que o longa-metragem do vampiro é o pontapé inicial para uma franquia que vai reunir seus personagens clássicos, como o Lobisomem, Monstro do Lago Negro, a Múmia , o Homem Invisível, etc. Infelizmente este início é mais ação do que épico e não traz nada de surpreendente, fazendo com que o futuro das continuações dependa do sucesso nas bilheterias. Se você gosta deste gênero de filme vai se divertir no cinema, mas se prefere narrativas vampirescas comoEntrevista com o Vampiro (filme) de 1994 ou Amantes Eternos de 2014, provavelmente ele não vai agradá-lo.
Nota 5,0. (Regular) - "Às vezes o mundo não precisa de um herói, e sim de um monstro".
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Até que a Sbórnia nos Separe
4.0 62Texto publicado no Jornal JC Canoas:
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Dica FÃ CULT de ANIMAÇÃO GAÚCHA:
DEDICATÓRIA:
Este texto é dedicado ao MAESTRO PLESTKAYA, o primeiro sborniano a voltar para a ilha.
Até que a Sbórnia nos Separe (2014) é uma animação hilariante livremente baseada em Tangos & Tragédias, genial peça de teatro musical, criada em 1984 por Nico Nicolaiewsky e Hique Gomez. Produzida por Otto Guerra, que também assina a direção ao lado de Ennio Torresan Jr, levou dez anos para ser concluída. Traz ainda no seu elenco Fernanda Takai e trilha sonora de André Abujamra.
As animações são raríssimas no Brasil, principalmente as que chegam ao cinema. As últimas que se destacaram, foram Uma História de Amor e Fúria(2013) e Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock'n'Roll (2006). Quando elas conseguem vencer todos os obstáculos, que enfrentam para chegar ao conhecimento de um público reduzido, mas significativo para o gênero, sempre nos surpreendem com sua qualidade e capacidade de representação da sociedade. Até que a Sbórnia nos Separe não é diferente. Em meio as gargalhadas despertadas é quase impossível não reconhecer as referências à antiga União Soviética e países do Leste Europeu, a queda do muro de Berlim, o avanço do Capitalismo e Industrialização vorazes, assim como a representação estereotipada, mas carinhosa, dos imigrantes europeus que se estabeleceram pelo interior do nosso país.
A adaptação em desenho animado sobre a Ilha de Sbørnia, serve de consolo para aqueles que como este que voz fala, cometeu o erro de não conferir o espetáculo, nas temporadas de verão do Teatro São Pedro. O que já não é mais possível, pois a peça que esteve em cartaz durante quase trinta anos, chegou ao seu fim no ano passado com a morte de Nico Nicolaiewsky. Quem carrega este arrependimento, encontrará um alento na narrativa e diálogos protagonizados pelo eterno Maestro Pletskaya ao lado de Kraunus Sang.
A Otto Desenhos Animados, que à 35 anos luta pela gênero no Brasil é o estúdio responsável por toda a impecável e deslumbrante criação artística animada e o co-diretor Torresan faz parte da DreamWorks Animation, tendo seu nome nos créditos de filmes como Madagascar e Kung Fu Panda. Em 2013 o longa metragem venceu os prêmios de Melhor filme para o Público, no Festival de Cinema de Gramado e na Mostra Internacional de Cinema / São Paulo International Film Festival. Com certeza todos os aspectos citados, merecem que você prestigie a obra no cinema.
Nota: 10. (Excelente)
NÓS NASCEMOS NA SBÓRNIA!
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Tim Maia - Não Há Nada Igual
3.6 593 Assista AgoraNossa parceria com o Jornal JC Canoas está de volta, confira nossa crítica no site deles:
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FÃ CULT, estreia da semana no CINEMA (crítica):
Tim Maia - O Filme (2014) já nasceu como uma boa experiência na telona, por contar com a trilha sonora do músico retratado. Se você é fã das músicas, dificilmente sairá da sala do cinema sem ter batido o pé ou até mesmo cantarolado ao som de canções como Vale Tudo ou Ela Partiu. O filme sobre Tim Maiasegue a linha de outras cinebiografias, como o recente Não Pare Na Pista - A melhor história de Paulo Coelho(2014), onde as interpretações somadas com a musicalidade, tem o poder de nos transportar para o contexto dos personagens.
A cinebiografia é baseada no livro Vale Tudo: O Som e a Fúria de Tim Maia - Nelson Motta. A película conta ainda com a narração de Cauã Reymond, fazendo ás vezes do autor Nelson Motta (que além de ter escrito a biografia, ainda fez a narração para uma ótima versão em audiolivro). Reymond se inspirou em Mota, para sua competente participação para a fita, como narrador e na interpretação do personagem que incorpora vários amigos e músicos que participaram da trajetória de Tim, principalmente do ex-companheiro de banda Fábio, que publicou o livro Até Parece que Foi Sonho - Meus Trinta Anos de Amizade e Trabalho com Tim Maia, que também serviu de base para o filme.
O "Síndico" é interpretado por Robson Nunes e Babu Santana, que dão conta do recado muito bem. E mesmo quem está acostumado a ver o cantor ser interpretado por Tiago Abravanel, no teatro ou TV, vai descobrir que mesmo sem ele, o longa escolheu muito bem seu elenco. Tanto eles quanto o restante dos atores estão bastante inspirados, até mesmo George Sauma, que recebeu a difícil incumbência de interpretar Roberto Carlos. Destaque para Luis Lobianco (Porta dos Fundos), no papel do fanfarrãoCarlos Imperial.
O filme, assim como os discos do artista, garante a diversão. Você vai se emocionar com a trajetória do personagem. Vai ficar feliz quando ele lançar seu primeiro hit. Irritar-se-á com a forma como ele vai lidar com o sucesso. Achará esdrúxulo o seu envolvimento com o culto que levou à composição do Tim Maia Racional. Por fim irá se embalar ao som da Musica Soul brasileira de Maia e descobrir que assim como ele dizia "Na vida a gente tem que entender; que um nasce pra sofrer; enquanto o outro ri... Mas quem sofre sempre tem que procurar; pelo menos vir achar; razão para viver..."
Nota: 7,5 (Ótimo).
"Ah! Se o mundo inteiro me pudesse ouvir. Tenho tanto pra contar, dizer que aprendi."
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