Coitado do Jake Gyllenhaal após O Abutre (Por sinal do mesmo diretor), como se diz na expressão: "Não deu mais nenhuma dentro". Sempre personagens caricatos ou afetados, como em Okja, Demolition e por aí vai (Com pequenas exceções, como em The Sisters Brothers e Wildlife, esse último que não conferi). No novo filme do Gilroy, que estreou hoje no Netflix e anteriormente no festival de Sundance 2019, Jake interpreta Morf Vanderwalt, um crítico de arte, homossexual, mas que no decorrer do filme mostra-se muito inseguro quanto às suas escolhas e opiniões. Ora tem trejeitos afetados e um parceiro homem, ora se sente confuso ao se apaixonar pela colega Josephina (Zawe Ashton).
Após a misteriosa morte de um artista desconhecido, descobre-se que existiam inúmeras obras suas na residência. E incrível que as artes são fenomenais. Como ninguém conhecia esse artista? Aproveitam-se então para ganhar em cima do falecido, porém suas obras carregam uma maldição que vai perseguir cada um daquela galeria de artes.
O filme que deveria ser uma sátira ao mundo das artes vira um terror sobrenatural, com boas cenas quando investe nelas. O elenco é excelente. Temos Rene Russo, John Malkovich, Toni Collette, Daveed Diggs (Visto no sensacional Blindspotting) e Natalia Dyer (Stranger Things). O título do filme se refere a uma antiga banda de punk rock que a personagem de Russo tinha no passado, Sem muita influência na história. Tem créditos iniciais bacanas, misturando uma animação artística e a música-tema de Marco Beltrami, trilha que fica tímida no restante do filme.
Apesar das boas ideias e da crítica à ganância sobre a arte, passa vergonha quando comparamos à acidez de um The Square, por exemplo. Além do quesito sobrenatural não ser tão bem explorado, mas o filme ainda diverte em poucos momentos.
E o primeiro filme de 2019 foi Under the Silver Lake, aguardado filme do diretor David Robert Mitchell, mesmo do fenômeno It Follows (Que confesso nem ser grande fã também, apesar de achar um bom filme). Esse seu segundo trabalho teve uma recepção mista no último Festival de Cannes, em que muitos críticos saíram durante a sessão e assisti com a maior vontade, sem expectativas.
Fato é que, apesar de extremamente bem dirigido, com uma excelente trilha sonora e várias referências cinematográficas, achei o filme muito pretensioso, tipo "olha como entendo de cinema, com vários posters de clássicos na parede do protagonista e outras referências visuais". "Ah, a trama do meu filme foi um sonho que eu tive que conectei todos os pontos e transformei nessa mistureba investigativa hipster".
As referências a Hitchcock são óbvias, desde a trilha sonora, o cara observando a vizinhança como em Janela Indiscreta, poster de Psicose na parede, dentre outras coisas. A trama me lembrou algo do Thomas Pynchon, como o Inherent Vice dirigido por Paul Thomas Anderson, mas sem o brilhantismo desse último. Um filme de 2 horas e 19 minutos, bastante longo, que desfila uma série de surrealismos, como vi numa crítica aí, é um Cidade dos Sonhos escrito por um aluno do ensino médio, com referências a Mario Bros, Zelda, mas que não têm sentido prático. Uma pena, porém o filme tem boas cenas, bons momentos e Andrew Garfield carrega bem a obra.
Baseado no livro de Josh Malerman, Caixa de Pássaros tem uma trama intrigante e que é um amálgama de elementos que lembra outras obras, como o recente filme Um Lugar Silencioso, Fim dos Tempos e Ensaio sobre a Cegueira. Um Lugar Silencioso porque troca os sentidos: enquanto no filme do John Krasinski existem monstros guiados pelo som, aqui as criaturas não podem ser vistas, espécie de Medusa. Caso as avistem, as pessoas cometem suicídio, o que lembra Fim dos Tempos, de M. Night Shyamalan. E por fim, Ensaio Sobre a Cegueira, já que é um filme pós-apocalíptico que as pessoas têm que viver como cegos, embora permaneçam com os sentidos intactos, mas impossibilitados de usá-los plenamente.
O elenco é excelente, Sandra Bullock como protagonista, John Malkovich, Sarah Paulson, Trevante Rhodes, Jacki Weaver o completando. No entanto, com exceção talvez de Bullock e Trevante, os atores não são bem aproveitados em tela. Paulson em uma ponta como a irmã da protagonista, aparece muito pouco em tela. Malkovich interpreta um personagem caricato semeador de discórdia e Jacki Weaver tão insignificante e sem camadas que poderia nem estar lá. Tem outros do elenco que sinceramente sua falta nem é sentida e somem da história sem mais nem menos.
Bullock interpreta uma mulher grávida diante do apocalipse e sem um senso de maternidade, desinteressada em ser mãe, característica que vai ganhando no decorrer do filme. A atriz ainda segura bem o filme, apesar de não ter grande destaque e Trevante Rhodes, visto em Moonlight, está bem, como um homem bondoso e par romântico da protagonista.
Dirigido por Susanne Bier, diretora dinamarquesa de altos e baixos na carreira, é um filme bem conduzido, com belas imagens, boa fotografia e a direção é o que menos atrapalha. O roteiro escrito por Eric Heisserer que não é tão feliz. Não li o livro no qual o filme é baseado, mas o lance dos pássaros não tem grande importância a não ser alertar os personagens da presença dos monstros e no filme é pouco explorado. Os personagens como já falado acima não causam empatia no espectador. A divisão de linhas temporais entre presente e passado é um pouco problemática, por não causar surpresas ao espectador sobre o destino de outros personagens e tem um desfecho simples para uma narrativa de duas linhas temporais, ou seja, sem surpresas.
Eu gostei particularmente da não-aparição das criaturas, nem explicações sobre origem, pontos fracos, etc. As criaturas são apenas sugeridas, nunca mostradas a não ser em desenhos de determinado personagem. Outro fator que achei interessante é que personagens com distúrbios psicológicos não são afetados pelas criaturas, já que não têm mais sanidade, elemento que deveria ser melhor explorado.
Caixa de Pássaros é um filme que tem boas ideias, mas uma série de problemas de roteiro. Susanne Bier, que geralmente se dá bem em seus filmes dinamarqueses, como Em um mundo Melhor, Depois do Casamento, Open Hearts, Brothers, não teve a mesma sorte em Hollywood quanto à qualidade de suas obras.
Spike Lee, junto a Jason Blum, Jordan Peele e mais vários produtores e roteiro escrito a "3 mãos", criou essa biografia diferente. Apesar de seguir a história real de Ron Stallworth (John David Washington, filho de Denzel Washington), o filme tem bastante parte da história ficcionalizada, fazendo homenagem ao subgênero Blaxpoitation, além de fazer várias alusões aos problemas políticos e sociais da atualidade, apesar da história se passar nos anos 70.
Desde o "A Spike Lee Joint" até a apresentação do filme ao dizer que é baseado em uma história real com um vocabulário informal negro americano, o Blaxpoitation está sempre presente: O título do filme, a trilha sonora, o visual do protagonista entusiasta do Black Power, tudo remete à estética do subgênero policial.
Os membros da Ku Klux Klan são representados como verdadeiros idiotas, como o Ivanhoe, que possui uma risada digna de um retardado mental e Connie, mulher de um dos membros, que aceita tudo que o marido se envolve. Filmes como Super Fly, Shaft, Coffy e Cleopatra Jones são citados, o que ressalta o Blaxpoitation.
O longa perde um pouco o seu tom ácido no final para se tornar mais sério, em um desfecho impactante, assim como o de um outro grande filme que trata sobre o racismo lançado em 2018, o excelente Ponto Cego, que merecia maior atenção. As diversas alusões à Trump e à direita mostra que vivemos uma realidade parecida no Brasil, com a eleição de um Presidente que segue à risca muitas das características, assim como seus eleitores. Um filme importante e que retrata uma realidade de uma América virada de cabeça pra baixo, como a bandeira dos Estados Unidos aparece em determinado momento do filme. Uma dobradinha com Ponto Cego faz virar uma sessão de extrema qualidade. E exemplos não faltam esse ano do cinema negro: Além desses 2 precisamos citar os aclamados If Beale Street Could Talk, Sorry to Bother You, The Hate U Give, outros 3 que pretendo ver em breve.
Filme bastante aclamado em festivais e que a crítica adorou. Baseado em um curta-metragem de mesmo nome, conseguiu um feito de ser premiado por ser cinema independente, por ter justamente baixo orçamento e ser a estréia na direção de um longa-metragem do Jim Cummings (Ele que além de diretor, é ator e roteirista).
A trama acompanha Jimmy (Cummings), que perdeu a mãe recentemente e seus problemas estavam apenas começando, como um processo de divórcio e guarda da filha, além de discussões no trabalho. Um dos motivos disso é por conta de seu temperamento explosivo em que ele acaba piorando ainda mais a situação.
Para mim ele não funcionou nem como comédia nem como drama. As situações em si não são tão engraçadas e o drama também não é acentuado. O título do filme é baseado na música de Bruce Springsteen, que é uma das favoritas do personagem principal. As atuações são o principal destaque. Jim Cummings esteve ótimo, apesar de certos exageros. Kendal Farr interpreta a filha e é bastante espontânea, assim como o melhor amigo Nate interpretado por Nican Robinson.
Thunder Road tem seus bons momentos, o ator é muito bom, mas não vi motivo pra tanto hype.
Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça. Essa frase poderia muito bem resumir esse filme, pois não foi preciso um grande orçamento para fazê-lo e se passa praticamente em um único lugar. Fato que não é preciso só isso para um filme ser bom, o diretor ou roteiro também precisam ser eficientes e esse é mais um exemplo do minimalismo no cinema que deu certo. Menos é mais.
Assim como o filme Locke, que acompanha Tom Hardy dentro de um carro o filme inteiro, em Culpa acompanhamos Asger Holm (Jakob Cedergren), um policial que trabalha em uma central de emergências atendendo a pedidos de socorro e o longa se passa somente nesse local.
Asger é um sujeito misterioso, não sabemos nada sobre ele, a não ser uma audiência que ele irá participar no outro dia e a rotina do seu trabalho, que atende a diversas ligações no dia, drogados, acidentes, coisas mais triviais. Porém, não demora para ele receber uma ligação que vai colocá-lo em uma encruzilhada, em um suposto caso de sequestro.
O trabalho de campo se confunde com o interno e o policial tenta fazer os dois, através apenas de ligações. Tenta enviar oficiais para determinados locais e atender aos chamados telefônicos ao mesmo tempo. O ritmo do filme ajuda e sua duração é justa, o que não cansa o espectador.
Asger vive um dilema grande e a partir de informações não totalmente escancaradas aprendemos um pouco mais sobre o personagem e sua busca de redenção. Ele é culpado por algo do passado e tenta salvar uma vida a qualquer custo. Situações espinhosas aparecem para o personagem e acompanhamos um sujeito prestes a explodir seu temperamento.
O ator protagonista carrega o filme inteiro com sobriedade e o diretor também segue o sofrimento e angústia do policial com closes e como um espectador da situação. Um filme simples, mas muito bem realizado e mais um exemplo que não precisamos de muita coisa pra se fazer um bom longa-metragem.
Nem só de violência vive o homem. Eu adoro filmes de pancadaria e com bastante violência. Gareth Evans dirigiu de forma magistral os dois The Raid e o amigo Timo Tjahjanto, um dos "Mo Brothers", seguiu seus passos. Apesar dele estar mais ligado ao terror, Timo se inclinou para os filmes de ação, utilizando os mesmos atores de The Raid. Acompanho tanto o trabalho do Timo e irmão, quanto de Gareth Evans e posso falar uma coisa: Timo, fique com o terror mesmo.
Não gostei tanto de Killers, Headshot achei fraco e agora esse novo filme, que é o melhor do diretor, mas ainda peca em coisas básicas. O roteiro nem é o mais importante em um filme desse tipo, mas aqui beira o ridículo. Uma história de gangsters sendo perseguidos e tome cenas de violência over the top e ação. O filme começa até tímido, até a sua segunda cena de ação numa boate. A partir da próxima que se passa num açougue o filme não pisa o pé no freio. Mutilação de todas as formas e sangue a rodo.
Algumas cenas são cruas e bem realizadas, temos ótimas cenas aqui (A do açougue, uma luta num espaço minúsculo muito foda, um ataque residencial e a sequência final), mas o roteiro é tão aleatório que não nos preocupamos com os personagens e fiquei disperso, tanto é que pausei o filme diversas vezes para beber água.
Até as coreografias de luta não são tão elaboradas quanto às do Evans. Os melhores personagens que são os do Iko Uwais e da Julie Estelle são pouco explorados e colocam Joe Taslim como protagonista, que é bom, mas que não achei tão carismatico. Aliás, Estelle precisa de um filme como protagonista, a moça é muito fodona. Enfim, Timo tem talento nas cenas de violência, resta aprimorar mais a ação e roteiro, quem sabe um dia chegue lá?
Com um início muito bom, apresentando os personagens, Nasce uma Estrela peca miseravelmente ao ter um desenvolvimento problemático. O drama contido no filme é clichê em dramas musicais assim e o filme vira bem piegas. A cena
do Grammy é incrivelmente forçada, assim como aquela briga entre eles, que resulta em um "Você é feia". Por favor, né?
O fraco "miolo" do filme não me cativou e não me emocionou. O que deveria ter um drama melhor trabalhado falha no que deveria ser a cena mais emocionante do filme. Ao seu desfecho, simplesmente não senti nenhuma comoção. Lady Gaga está ótima, assim como Bradley Cooper, mas infelizmente o filme é bem superestimado. Com certeza terá algumas indicações ao Oscar, mas se ganhar Melhor Filme a qualidade dos concorrentes não será tão alta.
Por um lado é o melhor filme do Jeremy Saulnier em termos de direção e fotografia. Tomadas aéreas muito bonitas enfatizando as montanhas do Alasca (Aquelas cenas do avião são lindas). Por outro lado é o mais fraco em termos de roteiro e sua execução. É até instigante, o próprio título do filme em português nos faz pensar que será de sobrevivência a lobos. E confesso que achei estranho aquele início, como alguém chama outro pra MATAR um lobo por vingança em ter matado seu filho? Não tem muito cabimento, no entanto o filme logo se mostra bem mais que isso e a premissa inicial se justifica, apesar de ter achado previsível.
Depois o filme toma um rumo que fica cada vez mais estranho, motivações estranhas dos personagens e ficamos sem entender muita coisa. Com a chegada do desfecho estava aguardando respostas não tão didáticas, mas pelo menos pistas e vi que não iam aparecer, o que de certa forma faz a gente terminar o filme com uma cara de "ok". Achei interessante não dar respostas mastigadas, mas o filme não dá muitas pistas sobre, para que possamos interpretar de uma forma razoável.
O elenco esteve ótimo. Riley Keough mostra que desde o início tem algo estranho em sua personagem. Alexander Skarsgard muito bom em um papel frio e psicótico, Jeffrey Wright correto e aquela sequência de tiroteio é sensacional.
Um frágil adestrador de cães que não consegue domar a si mesmo nem ao seu antagonista. Esse é o principal mote de Dogman, novo filme do talentoso diretor Matteo Garrone. O início já mostra o frágil Marcello (Marcello Fonte, que venceu merecidamente o prêmio de melhor ator em Cannes) em seu trabalho, ao tentar dar banho carinhosamente em um cão raivoso e consegue facilmente, o que alguém que não trabalhasse com isso teria medo.
No entanto, Marcello, apesar de se dar bem com seus amigos, sente um problema na figura de Simone, um sujeito irrecuperável que apronta todas naquele subúrbio italiano. Apesar de todos levarem a vida com seus comércios, a vida ali é permeada pelo crime e drogas. Há um descaso naquela região pobre, um esquecimento das autoridades e a fotografia evoca isso, em ambientes abertos, sujos e esquecidos.
As tentativas de Marcello em se livrar de seu algoz são revoltantes. Pela estrutura corpórea, Simone aproveita que é um touro para subjugar o franzino protagonista. A transformação nada gratificante de Marcello é algo triste de se ver. O quanto é difícil domar a si mesmo, lutar contra as injustiças da vida e ainda mais lidar com alguém que quer tolher sua liberdade. Tão bom como dramas "caninos" crus a exemplo de Amores Brutos, Deus Branco ou Cão Branco, Dogman entra no rol de filmes que nos compara aos nossos queridos amigos cães. A nossa natureza humana quando adere ao instinto animal na luta pela sobrevivência.
O filme gerou um hype enorme que achei apenas ok. E essa mania de querer elogiar Nicolas Cage por seus surtos pra mim não funciona, como ocorreu com o péssimo Mom And Dad. "Ah, ver Cage surtando é ótimo, ele na melhor forma". Quero ver o cara numa atuação de respeito e não numa caricatura que ele mesmo fez de si mesmo. Não que ele esteja ruim em ambos os filmes, mas só isso não se justifica.
Mandy tem suas qualidades. O diretor como fã de rock coloca muitas referências no filme, desde a frase inicial, até o logo do filme que lembra de uma banda de Black Metal. Sem contar o excelente início com a faixa Starless, do grande King Crimson. Personagens também andam com camisetas do Black Sabbath e Motley Crue. Em alguns momentos, aparecem animações que lembram do clássico Heavy Metal. O machado que o Cage cria lembra o logo do Celtic Frost, enfim ótimas referências ao rock e metal.
A trilha sonora do saudoso Johan Johansson, que faleceu precocemente, é bastante imersiva, ótima para a viagem lisérgica que o filme propõe. E o método da narrativa é algo que beira o experimento, com cores saturadas em vermelho e outras loucuras. A primeira hora inteira serve para situar a trama, que lembra um misto de David Lynch, Alejandro Jodorowsky e Nicolas Winding Refn. Quase não ocorre uma cena de ação ou terror. A outra hora final mostra o já esperado surto de Cage, que tem o seu início em uma cena bem colorida que se passa num banheiro. O ator aqui faz caras e bocas e faz caretas insanas para ilustrar seu senso de vingança.
Quanto ao aspecto gore, achava que o filme fosse mais violento, não contém nada de tão extremo assim. Apesar de todas as "diferenças", achei um filme comum, que tem suas qualidades visuais e sonoras, mas que não traz algo realmente novo. Demora 1 hora pra realmente embarcar e quando começa não empolga tanto assim.
A necessidade de explicar, mastigar a trama ao espectador é algo que incomoda bastante a alguns e o cinema sul-coreano em muitos de seus trabalhos fazem justamente o oposto: deixam o espectador interpretar da maneira que ele quiser de acordo com o visto em tela.
Chang-dong Lee é um cineasta que não se preocupa em acelerar o ritmo de seus filmes, todos premiados e que contêm personagens solitários, com certas críticas à sociedade coreana. Nesse aqui, muitos assuntos são tratados sutilmente, como a disparidade entre as classes ricas e pobres na Coréia, desemprego e mais uma vez a solidão.
Baseado em uma curta história de Haruki Murakami, Burning é um filme que, como o nome diz, "queima" lentamente na mente no espectador, sem pressa. E quando o desfecho se aproxima respostas não chegam facilmente, o que pode decepcionar àqueles ansiosos por explicações fáceis. O protagonista é um aspirante a escritor, então de certa forma a própria trama pode vir a ser uma tentativa de criar uma história. Elementos de noir são adicionados ao filme, com uma excelente trilha sonora de mistério.
O trio de atores principais é ótimo. Ah-in Yoo interpreta um jovem sem perspectivas, frustrado e que se vê diante de um mundo que, como ele diz, é um mistério. Jong-seo Jeon é a misteriosa mulher que entra na vida de Ben e Jong-su. Uma pessoa enigmática e que deixa mais perguntas que respostas. E o mais famoso do elenco, Steven Yeun (O eterno Glenn de The Walking Dead) também tem o seu ar misterioso, um grande Gatsby coreano que ninguém sabe o que faz para ganhar dinheiro.
Longe de subestimar a inteligência do espectador, Burning é um filme que recompensa o espectador mais paciente e repleto de símbolos espalhados por sua narrativa.
Um heist movie, com bom elenco, uma montagem magnífica, trilha sonora composta de hits que retrata uma história real. O diretor Bart Layton do ótimo documentário The Imposter, lança seu primeiro longa-metragem, mas utiliza muitos elementos do documentário na narrativa. Contando uma história de um assalto a uma biblioteca repleta de livros valiosos na Universidade da Pensylvania, o filme alterna entre relatos dos 4 assaltantes reais com suas versões fictícias, com destaque para Barry Kheogan e Evan Peters. Lembra um pouco o anterior The Imposter nesse aspecto semi-documental.
Kheogan continua surpreendente, totalmente diferente do seu papel em O Sacrifício do Cervo Sagrado, aqui ele é um jovem frágil. Evan Peters ótimo como o mais rebelde do grupo. Vale a pena, não traz muitas novidades ao genero, mas diverte, além de ser extremamente bem realizado.
Apesar de em poucos momentos o filme ser meio panfletário contra a Direita ao redor do mundo, ao realçar que o autor do massacre que ocorreu em Oslo em 2011 fora um homem de 32 anos de extrema direita e as vítimas terem sido do Partido dos Trabalhadores da Noruega, em um acampamento, o filme não tem como intuito discutir política.
No final do filme algumas outras sentenças fecham a obra dizendo que o crescimento da extrema direita no Ocidente é cada vez maior, outro fator que obviamente o diretor toma partido. No entanto, o filme retrata de maneira realista as horas de terror que jovens sofreram diante dos disparos efetuados por um maníaco. O diretor não criou, o assassino de quase 70 pessoas nessa ilha se proclamou de extrema direita, católico fundamentalista e contra imigração. O diretor apenas joga a questão no ar sobre esse crescimento xenófobo e racista pelo mundo, inclusive nos países nórdicos.
Deixando a política de lado (E que inclusive valeria a pena comentar sobre armamento e outros temas de determinado candidato do nosso país, portanto vejam o filme), o longa-metragem de Erik Poppe funciona em nos deixar desconfortáveis, em um único plano-sequência. Seguimos a personagem Kaja como se estivéssemos lá, enquanto ouvimos diversos disparos de arma de fogo e a correria dos jovens.
Um dos méritos do filme é o medo do invisível e não vimos o assassino com detalhes, apenas silhuetas e o aspecto sonoro dos disparos. O medo é criado através do desconhecido: Quem será o atirador? O que está acontecendo? Quantos são? É a polícia?
Os eventos catastróficos ocorridos em Oslo em 2011 deixaram marcas no país e inclusive o diretor Paul Greengrass dirigirá outro filme sobre a tragédia, que estreará no Festival de Veneza que começa fim de semana. Duas versões dessa história.
A atriz Andrea Berntzen é o principal destaque e todo o terror vivido por ela é muito bem externado pela atriz. A direção de Erik Poppe é impecável, sem muitos floreios ou virtuosismos, apesar do plano-sequência único. Nem as tremedeiras na câmera percebemos muito. Um filme desconfortável em ver um sofrimento de pessoas que embora fictícias retratam uma tragédia real. A câmera muito tempo estática focando rostos em sofrimento não é muito legal de se ver, mas é um filme que deixa espaço para muito debate.
Tenho uma memória afetiva com os filmes da franquia Mestre dos Brinquedos, desde o saudoso Cine Trash que passava na Band. Achava aqueles brinquedos muito bacanas. Não cheguei a ver todos, tem vários filmes na franquia, esse aqui é uma espécie de reboot produzido pelo site de terror Fangoria e com roteiro de S. Craig Zahler, o demente por trás das pérolas Bone Tomahawk e Brawl on Cell Block 99. Por esses detalhes já esperava algo no mínimo divertido.
O fiapo de história porém não causa tanta diversão. É um amontoado de brinquedos matando pessoas possíveis vítimas de nazistas, como judeus, negros, gays, lésbicas e qualquer outra pessoa que aparecer, desde crianças até mulheres grávidas. Sim, os bonecos dessa vez não poupam ninguém, o gore é alto, mas o roteiro em si que é o que mais esperava não agradou. O mestre Toulon interpretado por Udo Kier é um nazista e a história não se prende muito na sua origem ou dos brinquedos. O que importa aqui é a matança.
O elenco, estrelas classe A do cinema de horror, como Udo Kier, Barbara Crampton e Michael Paré dão um toque de nostalgia. O excesso de brinquedos no filme atrapalhou um pouco, o que não tinha tanto assim nos outros filmes. Aqui tem vários, o que deixa mais confuso de quantos possam ter. O que me fez dar risada foi o Júnior Fuhrer, que é hilário quando é revelado. Enfim, um filme altamente politicamente incorreto, sem pudores, mas que não passa muito disso. Outro destaque é a canção tema tocada nos créditos iniciais composta por Fabio Frizzi.
Quem diria que esse diretor que fez Sobrenatural: A Origem iria criar esse filme impressionante? Com produção da Blumhouse o filme tem simplesmente um dos universos cyberpunks mais embasbacantes que imaginava. Sempre imaginei realidades cyberpunks assim, com seres aprimorados, uma trilha sonora futurista, cenários simples, mas muito bem construídos e um roteiro inteligente. Isso faz de Upgrade uma das sci-fi mais memoráveis de 2018. Dá aquele gosto de quero mais ao fim. Logan Marshall Green, para muitos um sósia do Tom Hardy, cada vez mais crescendo desde The Invitation. O hype não decepcionou
Paul Schrader disse que seu filme mais recente ia ser diferente, com influências de Bergman e Robert Bresson. Tais influências são claras através dos filmes Luz de Inverno e Diário de um Pároco de Aldeia. Além de outra influência óbvia que prefiro não comentar, mas tudo isso cria um filme único, atento aos dias de hoje e preocupado com as mudanças climáticas.
Ethan Hawke na atuação da carreira, um filme com um texto muito inteligente que me lembrou dos filmes da Brit Marling, como The East, em relação às críticas à poluição ambiental. Um filme ousado e que trata de muitos temas difíceis de uma forma madura. Um dos melhores do ano.
Toda Arte é Perigosa
2.6 496 Assista AgoraCoitado do Jake Gyllenhaal após O Abutre (Por sinal do mesmo diretor), como se diz na expressão: "Não deu mais nenhuma dentro". Sempre personagens caricatos ou afetados, como em Okja, Demolition e por aí vai (Com pequenas exceções, como em The Sisters Brothers e Wildlife, esse último que não conferi). No novo filme do Gilroy, que estreou hoje no Netflix e anteriormente no festival de Sundance 2019, Jake interpreta Morf Vanderwalt, um crítico de arte, homossexual, mas que no decorrer do filme mostra-se muito inseguro quanto às suas escolhas e opiniões. Ora tem trejeitos afetados e um parceiro homem, ora se sente confuso ao se apaixonar pela colega Josephina (Zawe Ashton).
Após a misteriosa morte de um artista desconhecido, descobre-se que existiam inúmeras obras suas na residência. E incrível que as artes são fenomenais. Como ninguém conhecia esse artista? Aproveitam-se então para ganhar em cima do falecido, porém suas obras carregam uma maldição que vai perseguir cada um daquela galeria de artes.
O filme que deveria ser uma sátira ao mundo das artes vira um terror sobrenatural, com boas cenas quando investe nelas. O elenco é excelente. Temos Rene Russo, John Malkovich, Toni Collette, Daveed Diggs (Visto no sensacional Blindspotting) e Natalia Dyer (Stranger Things). O título do filme se refere a uma antiga banda de punk rock que a personagem de Russo tinha no passado, Sem muita influência na história. Tem créditos iniciais bacanas, misturando uma animação artística e a música-tema de Marco Beltrami, trilha que fica tímida no restante do filme.
Apesar das boas ideias e da crítica à ganância sobre a arte, passa vergonha quando comparamos à acidez de um The Square, por exemplo. Além do quesito sobrenatural não ser tão bem explorado, mas o filme ainda diverte em poucos momentos.
Nota: 6,0/10,0
O Mistério de Silver Lake
3.0 292 Assista AgoraE o primeiro filme de 2019 foi Under the Silver Lake, aguardado filme do diretor David Robert Mitchell, mesmo do fenômeno It Follows (Que confesso nem ser grande fã também, apesar de achar um bom filme). Esse seu segundo trabalho teve uma recepção mista no último Festival de Cannes, em que muitos críticos saíram durante a sessão e assisti com a maior vontade, sem expectativas.
Fato é que, apesar de extremamente bem dirigido, com uma excelente trilha sonora e várias referências cinematográficas, achei o filme muito pretensioso, tipo "olha como entendo de cinema, com vários posters de clássicos na parede do protagonista e outras referências visuais". "Ah, a trama do meu filme foi um sonho que eu tive que conectei todos os pontos e transformei nessa mistureba investigativa hipster".
As referências a Hitchcock são óbvias, desde a trilha sonora, o cara observando a vizinhança como em Janela Indiscreta, poster de Psicose na parede, dentre outras coisas. A trama me lembrou algo do Thomas Pynchon, como o Inherent Vice dirigido por Paul Thomas Anderson, mas sem o brilhantismo desse último. Um filme de 2 horas e 19 minutos, bastante longo, que desfila uma série de surrealismos, como vi numa crítica aí, é um Cidade dos Sonhos escrito por um aluno do ensino médio, com referências a Mario Bros, Zelda, mas que não têm sentido prático. Uma pena, porém o filme tem boas cenas, bons momentos e Andrew Garfield carrega bem a obra.
Caixa de Pássaros
3.4 2,3K Assista AgoraMetáfora de c... é r.... O filme é só isso e pronto. Ainda tem vídeo explicando o final. Espectadores estão muito preguiçosos
Caixa de Pássaros
3.4 2,3K Assista AgoraBaseado no livro de Josh Malerman, Caixa de Pássaros tem uma trama intrigante e que é um amálgama de elementos que lembra outras obras, como o recente filme Um Lugar Silencioso, Fim dos Tempos e Ensaio sobre a Cegueira. Um Lugar Silencioso porque troca os sentidos: enquanto no filme do John Krasinski existem monstros guiados pelo som, aqui as criaturas não podem ser vistas, espécie de Medusa. Caso as avistem, as pessoas cometem suicídio, o que lembra Fim dos Tempos, de M. Night Shyamalan. E por fim, Ensaio Sobre a Cegueira, já que é um filme pós-apocalíptico que as pessoas têm que viver como cegos, embora permaneçam com os sentidos intactos, mas impossibilitados de usá-los plenamente.
O elenco é excelente, Sandra Bullock como protagonista, John Malkovich, Sarah Paulson, Trevante Rhodes, Jacki Weaver o completando. No entanto, com exceção talvez de Bullock e Trevante, os atores não são bem aproveitados em tela. Paulson em uma ponta como a irmã da protagonista, aparece muito pouco em tela. Malkovich interpreta um personagem caricato semeador de discórdia e Jacki Weaver tão insignificante e sem camadas que poderia nem estar lá. Tem outros do elenco que sinceramente sua falta nem é sentida e somem da história sem mais nem menos.
Bullock interpreta uma mulher grávida diante do apocalipse e sem um senso de maternidade, desinteressada em ser mãe, característica que vai ganhando no decorrer do filme. A atriz ainda segura bem o filme, apesar de não ter grande destaque e Trevante Rhodes, visto em Moonlight, está bem, como um homem bondoso e par romântico da protagonista.
Dirigido por Susanne Bier, diretora dinamarquesa de altos e baixos na carreira, é um filme bem conduzido, com belas imagens, boa fotografia e a direção é o que menos atrapalha. O roteiro escrito por Eric Heisserer que não é tão feliz. Não li o livro no qual o filme é baseado, mas o lance dos pássaros não tem grande importância a não ser alertar os personagens da presença dos monstros e no filme é pouco explorado. Os personagens como já falado acima não causam empatia no espectador. A divisão de linhas temporais entre presente e passado é um pouco problemática, por não causar surpresas ao espectador sobre o destino de outros personagens e tem um desfecho simples para uma narrativa de duas linhas temporais, ou seja, sem surpresas.
Eu gostei particularmente da não-aparição das criaturas, nem explicações sobre origem, pontos fracos, etc. As criaturas são apenas sugeridas, nunca mostradas a não ser em desenhos de determinado personagem. Outro fator que achei interessante é que personagens com distúrbios psicológicos não são afetados pelas criaturas, já que não têm mais sanidade, elemento que deveria ser melhor explorado.
Caixa de Pássaros é um filme que tem boas ideias, mas uma série de problemas de roteiro. Susanne Bier, que geralmente se dá bem em seus filmes dinamarqueses, como Em um mundo Melhor, Depois do Casamento, Open Hearts, Brothers, não teve a mesma sorte em Hollywood quanto à qualidade de suas obras.
Infiltrado na Klan
4.3 1,9K Assista AgoraSpike Lee, junto a Jason Blum, Jordan Peele e mais vários produtores e roteiro escrito a "3 mãos", criou essa biografia diferente. Apesar de seguir a história real de Ron Stallworth (John David Washington, filho de Denzel Washington), o filme tem bastante parte da história ficcionalizada, fazendo homenagem ao subgênero Blaxpoitation, além de fazer várias alusões aos problemas políticos e sociais da atualidade, apesar da história se passar nos anos 70.
Desde o "A Spike Lee Joint" até a apresentação do filme ao dizer que é baseado em uma história real com um vocabulário informal negro americano, o Blaxpoitation está sempre presente: O título do filme, a trilha sonora, o visual do protagonista entusiasta do Black Power, tudo remete à estética do subgênero policial.
Os membros da Ku Klux Klan são representados como verdadeiros idiotas, como o Ivanhoe, que possui uma risada digna de um retardado mental e Connie, mulher de um dos membros, que aceita tudo que o marido se envolve. Filmes como Super Fly, Shaft, Coffy e Cleopatra Jones são citados, o que ressalta o Blaxpoitation.
O longa perde um pouco o seu tom ácido no final para se tornar mais sério, em um desfecho impactante, assim como o de um outro grande filme que trata sobre o racismo lançado em 2018, o excelente Ponto Cego, que merecia maior atenção. As diversas alusões à Trump e à direita mostra que vivemos uma realidade parecida no Brasil, com a eleição de um Presidente que segue à risca muitas das características, assim como seus eleitores. Um filme importante e que retrata uma realidade de uma América virada de cabeça pra baixo, como a bandeira dos Estados Unidos aparece em determinado momento do filme. Uma dobradinha com Ponto Cego faz virar uma sessão de extrema qualidade. E exemplos não faltam esse ano do cinema negro: Além desses 2 precisamos citar os aclamados If Beale Street Could Talk, Sorry to Bother You, The Hate U Give, outros 3 que pretendo ver em breve.
Thunder Road
3.6 28Filme bastante aclamado em festivais e que a crítica adorou. Baseado em um curta-metragem de mesmo nome, conseguiu um feito de ser premiado por ser cinema independente, por ter justamente baixo orçamento e ser a estréia na direção de um longa-metragem do Jim Cummings (Ele que além de diretor, é ator e roteirista).
A trama acompanha Jimmy (Cummings), que perdeu a mãe recentemente e seus problemas estavam apenas começando, como um processo de divórcio e guarda da filha, além de discussões no trabalho. Um dos motivos disso é por conta de seu temperamento explosivo em que ele acaba piorando ainda mais a situação.
Para mim ele não funcionou nem como comédia nem como drama. As situações em si não são tão engraçadas e o drama também não é acentuado. O título do filme é baseado na música de Bruce Springsteen, que é uma das favoritas do personagem principal. As atuações são o principal destaque. Jim Cummings esteve ótimo, apesar de certos exageros. Kendal Farr interpreta a filha e é bastante espontânea, assim como o melhor amigo Nate interpretado por Nican Robinson.
Thunder Road tem seus bons momentos, o ator é muito bom, mas não vi motivo pra tanto hype.
Culpa
3.9 356 Assista AgoraUma câmera na mão e uma ideia na cabeça. Essa frase poderia muito bem resumir esse filme, pois não foi preciso um grande orçamento para fazê-lo e se passa praticamente em um único lugar. Fato que não é preciso só isso para um filme ser bom, o diretor ou roteiro também precisam ser eficientes e esse é mais um exemplo do minimalismo no cinema que deu certo. Menos é mais.
Assim como o filme Locke, que acompanha Tom Hardy dentro de um carro o filme inteiro, em Culpa acompanhamos Asger Holm (Jakob Cedergren), um policial que trabalha em uma central de emergências atendendo a pedidos de socorro e o longa se passa somente nesse local.
Asger é um sujeito misterioso, não sabemos nada sobre ele, a não ser uma audiência que ele irá participar no outro dia e a rotina do seu trabalho, que atende a diversas ligações no dia, drogados, acidentes, coisas mais triviais. Porém, não demora para ele receber uma ligação que vai colocá-lo em uma encruzilhada, em um suposto caso de sequestro.
O trabalho de campo se confunde com o interno e o policial tenta fazer os dois, através apenas de ligações. Tenta enviar oficiais para determinados locais e atender aos chamados telefônicos ao mesmo tempo. O ritmo do filme ajuda e sua duração é justa, o que não cansa o espectador.
Asger vive um dilema grande e a partir de informações não totalmente escancaradas aprendemos um pouco mais sobre o personagem e sua busca de redenção. Ele é culpado por algo do passado e tenta salvar uma vida a qualquer custo. Situações espinhosas aparecem para o personagem e acompanhamos um sujeito prestes a explodir seu temperamento.
O ator protagonista carrega o filme inteiro com sobriedade e o diretor também segue o sofrimento e angústia do policial com closes e como um espectador da situação. Um filme simples, mas muito bem realizado e mais um exemplo que não precisamos de muita coisa pra se fazer um bom longa-metragem.
A Noite nos Persegue
3.6 174Nem só de violência vive o homem. Eu adoro filmes de pancadaria e com bastante violência. Gareth Evans dirigiu de forma magistral os dois The Raid e o amigo Timo Tjahjanto, um dos "Mo Brothers", seguiu seus passos. Apesar dele estar mais ligado ao terror, Timo se inclinou para os filmes de ação, utilizando os mesmos atores de The Raid. Acompanho tanto o trabalho do Timo e irmão, quanto de Gareth Evans e posso falar uma coisa: Timo, fique com o terror mesmo.
Não gostei tanto de Killers, Headshot achei fraco e agora esse novo filme, que é o melhor do diretor, mas ainda peca em coisas básicas. O roteiro nem é o mais importante em um filme desse tipo, mas aqui beira o ridículo. Uma história de gangsters sendo perseguidos e tome cenas de violência over the top e ação. O filme começa até tímido, até a sua segunda cena de ação numa boate. A partir da próxima que se passa num açougue o filme não pisa o pé no freio. Mutilação de todas as formas e sangue a rodo.
Algumas cenas são cruas e bem realizadas, temos ótimas cenas aqui (A do açougue, uma luta num espaço minúsculo muito foda, um ataque residencial e a sequência final), mas o roteiro é tão aleatório que não nos preocupamos com os personagens e fiquei disperso, tanto é que pausei o filme diversas vezes para beber água.
Até as coreografias de luta não são tão elaboradas quanto às do Evans. Os melhores personagens que são os do Iko Uwais e da Julie Estelle são pouco explorados e colocam Joe Taslim como protagonista, que é bom, mas que não achei tão carismatico. Aliás, Estelle precisa de um filme como protagonista, a moça é muito fodona. Enfim, Timo tem talento nas cenas de violência, resta aprimorar mais a ação e roteiro, quem sabe um dia chegue lá?
A Noite nos Persegue
3.6 174Dia 19 no Netflix, ansioso
Nasce Uma Estrela
4.0 2,4K Assista AgoraCom um início muito bom, apresentando os personagens, Nasce uma Estrela peca miseravelmente ao ter um desenvolvimento problemático. O drama contido no filme é clichê em dramas musicais assim e o filme vira bem piegas. A cena
do Grammy é incrivelmente forçada, assim como aquela briga entre eles, que resulta em um "Você é feia". Por favor, né?
O fraco "miolo" do filme não me cativou e não me emocionou. O que deveria ter um drama melhor trabalhado falha no que deveria ser a cena mais emocionante do filme. Ao seu desfecho, simplesmente não senti nenhuma comoção. Lady Gaga está ótima, assim como Bradley Cooper, mas infelizmente o filme é bem superestimado. Com certeza terá algumas indicações ao Oscar, mas se ganhar Melhor Filme a qualidade dos concorrentes não será tão alta.
Black 47
3.4 22Renderia algo melhor, pela época retratada. Tem seus bons momentos, mas é bem previsível e sem nenhuma novidade
Sem Rastros
3.5 192 Assista AgoraQue atuação da Thomasin McKenzie, gigante. Sentimos afeição por sua personagem precoce, inteligente e extremamente cativante. Ben Foster também ótimo.
Noite de Lobos
2.5 304 Assista AgoraPor um lado é o melhor filme do Jeremy Saulnier em termos de direção e fotografia. Tomadas aéreas muito bonitas enfatizando as montanhas do Alasca (Aquelas cenas do avião são lindas). Por outro lado é o mais fraco em termos de roteiro e sua execução. É até instigante, o próprio título do filme em português nos faz pensar que será de sobrevivência a lobos. E confesso que achei estranho aquele início, como alguém chama outro pra MATAR um lobo por vingança em ter matado seu filho? Não tem muito cabimento, no entanto o filme logo se mostra bem mais que isso e a premissa inicial se justifica, apesar de ter achado previsível.
Depois o filme toma um rumo que fica cada vez mais estranho, motivações estranhas dos personagens e ficamos sem entender muita coisa. Com a chegada do desfecho estava aguardando respostas não tão didáticas, mas pelo menos pistas e vi que não iam aparecer, o que de certa forma faz a gente terminar o filme com uma cara de "ok". Achei interessante não dar respostas mastigadas, mas o filme não dá muitas pistas sobre, para que possamos interpretar de uma forma razoável.
O elenco esteve ótimo. Riley Keough mostra que desde o início tem algo estranho em sua personagem. Alexander Skarsgard muito bom em um papel frio e psicótico, Jeffrey Wright correto e aquela sequência de tiroteio é sensacional.
Dogman
3.7 113 Assista AgoraUm frágil adestrador de cães que não consegue domar a si mesmo nem ao seu antagonista. Esse é o principal mote de Dogman, novo filme do talentoso diretor Matteo Garrone. O início já mostra o frágil Marcello (Marcello Fonte, que venceu merecidamente o prêmio de melhor ator em Cannes) em seu trabalho, ao tentar dar banho carinhosamente em um cão raivoso e consegue facilmente, o que alguém que não trabalhasse com isso teria medo.
No entanto, Marcello, apesar de se dar bem com seus amigos, sente um problema na figura de Simone, um sujeito irrecuperável que apronta todas naquele subúrbio italiano. Apesar de todos levarem a vida com seus comércios, a vida ali é permeada pelo crime e drogas. Há um descaso naquela região pobre, um esquecimento das autoridades e a fotografia evoca isso, em ambientes abertos, sujos e esquecidos.
As tentativas de Marcello em se livrar de seu algoz são revoltantes. Pela estrutura corpórea, Simone aproveita que é um touro para subjugar o franzino protagonista. A transformação nada gratificante de Marcello é algo triste de se ver. O quanto é difícil domar a si mesmo, lutar contra as injustiças da vida e ainda mais lidar com alguém que quer tolher sua liberdade. Tão bom como dramas "caninos" crus a exemplo de Amores Brutos, Deus Branco ou
Cão Branco, Dogman entra no rol de filmes que nos compara aos nossos queridos amigos cães. A nossa natureza humana quando adere ao instinto animal na luta pela sobrevivência.
Mandy: Sede de Vingança
3.3 537 Assista AgoraO filme gerou um hype enorme que achei apenas ok. E essa mania de querer elogiar Nicolas Cage por seus surtos pra mim não funciona, como ocorreu com o péssimo Mom And Dad. "Ah, ver Cage surtando é ótimo, ele na melhor forma". Quero ver o cara numa atuação de respeito e não numa caricatura que ele mesmo fez de si mesmo. Não que ele esteja ruim em ambos os filmes, mas só isso não se justifica.
Mandy tem suas qualidades. O diretor como fã de rock coloca muitas referências no filme, desde a frase inicial, até o logo do filme que lembra de uma banda de Black Metal. Sem contar o excelente início com a faixa Starless, do grande King Crimson. Personagens também andam com camisetas do Black Sabbath e Motley Crue. Em alguns momentos, aparecem animações que lembram do clássico Heavy Metal. O machado que o Cage cria lembra o logo do Celtic Frost, enfim ótimas referências ao rock e metal.
A trilha sonora do saudoso Johan Johansson, que faleceu precocemente, é bastante imersiva, ótima para a viagem lisérgica que o filme propõe. E o método da narrativa é algo que beira o experimento, com cores saturadas em vermelho e outras loucuras. A primeira hora inteira serve para situar a trama, que lembra um misto de David Lynch, Alejandro Jodorowsky e Nicolas Winding Refn. Quase não ocorre uma cena de ação ou terror. A outra hora final mostra o já esperado surto de Cage, que tem o seu início em uma cena bem colorida que se passa num banheiro. O ator aqui faz caras e bocas e faz caretas insanas para ilustrar seu senso de vingança.
Quanto ao aspecto gore, achava que o filme fosse mais violento, não contém nada de tão extremo assim. Apesar de todas as "diferenças", achei um filme comum, que tem suas qualidades visuais e sonoras, mas que não traz algo realmente novo. Demora 1 hora pra realmente embarcar e quando começa não empolga tanto assim.
Pyewacket: Entidade Maligna
2.9 96 Assista AgoraO filme me ganhou desde o início, estava achando um baita filme, pena que da metade para o final o filme se perde.
Em Chamas
3.9 378 Assista AgoraA necessidade de explicar, mastigar a trama ao espectador é algo que incomoda bastante a alguns e o cinema sul-coreano em muitos de seus trabalhos fazem justamente o oposto: deixam o espectador interpretar da maneira que ele quiser de acordo com o visto em tela.
Chang-dong Lee é um cineasta que não se preocupa em acelerar o ritmo de seus filmes, todos premiados e que contêm personagens solitários, com certas críticas à sociedade coreana. Nesse aqui, muitos assuntos são tratados sutilmente, como a disparidade entre as classes ricas e pobres na Coréia, desemprego e mais uma vez a solidão.
Baseado em uma curta história de Haruki Murakami, Burning é um filme que, como o nome diz, "queima" lentamente na mente no espectador, sem pressa. E quando o desfecho se aproxima respostas não chegam facilmente, o que pode decepcionar àqueles ansiosos por explicações fáceis. O protagonista é um aspirante a escritor, então de certa forma a própria trama pode vir a ser uma tentativa de criar uma história. Elementos de noir são adicionados ao filme, com uma excelente trilha sonora de mistério.
O trio de atores principais é ótimo. Ah-in Yoo interpreta um jovem sem perspectivas, frustrado e que se vê diante de um mundo que, como ele diz, é um mistério. Jong-seo Jeon é a misteriosa mulher que entra na vida de Ben e Jong-su. Uma pessoa enigmática e que deixa mais perguntas que respostas. E o mais famoso do elenco, Steven Yeun (O eterno Glenn de The Walking Dead) também tem o seu ar misterioso, um grande Gatsby coreano que ninguém sabe o que faz para ganhar dinheiro.
Longe de subestimar a inteligência do espectador, Burning é um filme que recompensa o espectador mais paciente e repleto de símbolos espalhados por sua narrativa.
Uma Aventura Perigosa
3.5 110Um heist movie, com bom elenco, uma montagem magnífica, trilha sonora composta de hits que retrata uma história real. O diretor Bart Layton do ótimo documentário The Imposter, lança seu primeiro longa-metragem, mas utiliza muitos elementos do documentário na narrativa. Contando uma história de um assalto a uma biblioteca repleta de livros valiosos na Universidade da Pensylvania, o filme alterna entre relatos dos 4 assaltantes reais com suas versões fictícias, com destaque para Barry Kheogan e Evan Peters. Lembra um pouco o anterior The Imposter nesse aspecto semi-documental.
Kheogan continua surpreendente, totalmente diferente do seu papel em O Sacrifício do Cervo Sagrado, aqui ele é um jovem frágil. Evan Peters ótimo como o mais rebelde do grupo. Vale a pena, não traz muitas novidades ao genero, mas diverte, além de ser extremamente bem realizado.
Utøya - 22 de Julho
3.8 78Apesar de em poucos momentos o filme ser meio panfletário contra a Direita ao redor do mundo, ao realçar que o autor do massacre que ocorreu em Oslo em 2011 fora um homem de 32 anos de extrema direita e as vítimas terem sido do Partido dos Trabalhadores da Noruega, em um acampamento, o filme não tem como intuito discutir política.
No final do filme algumas outras sentenças fecham a obra dizendo que o crescimento da extrema direita no Ocidente é cada vez maior, outro fator que obviamente o diretor toma partido. No entanto, o filme retrata de maneira realista as horas de terror que jovens sofreram diante dos disparos efetuados por um maníaco. O diretor não criou, o assassino de quase 70 pessoas nessa ilha se proclamou de extrema direita, católico fundamentalista e contra imigração. O diretor apenas joga a questão no ar sobre esse crescimento xenófobo e racista pelo mundo, inclusive nos países nórdicos.
Deixando a política de lado (E que inclusive valeria a pena comentar sobre armamento e outros temas de determinado candidato do nosso país, portanto vejam o filme), o longa-metragem de Erik Poppe funciona em nos deixar desconfortáveis, em um único plano-sequência. Seguimos a personagem Kaja como se estivéssemos lá, enquanto ouvimos diversos disparos de arma de fogo e a correria dos jovens.
Um dos méritos do filme é o medo do invisível e não vimos o assassino com detalhes, apenas silhuetas e o aspecto sonoro dos disparos. O medo é criado através do desconhecido: Quem será o atirador? O que está acontecendo? Quantos são? É a polícia?
Os eventos catastróficos ocorridos em Oslo em 2011 deixaram marcas no país e inclusive o diretor Paul Greengrass dirigirá outro filme sobre a tragédia, que estreará no Festival de Veneza que começa fim de semana. Duas versões dessa história.
A atriz Andrea Berntzen é o principal destaque e todo o terror vivido por ela é muito bem externado pela atriz. A direção de Erik Poppe é impecável, sem muitos floreios ou virtuosismos, apesar do plano-sequência único. Nem as tremedeiras na câmera percebemos muito. Um filme desconfortável em ver um sofrimento de pessoas que embora fictícias retratam uma tragédia real. A câmera muito tempo estática focando rostos em sofrimento não é muito legal de se ver, mas é um filme que deixa espaço para muito debate.
Puppet Master: The Littlest Reich
2.5 21Tenho uma memória afetiva com os filmes da franquia Mestre dos Brinquedos, desde o saudoso Cine Trash que passava na Band. Achava aqueles brinquedos muito bacanas. Não cheguei a ver todos, tem vários filmes na franquia, esse aqui é uma espécie de reboot produzido pelo site de terror Fangoria e com roteiro de S. Craig Zahler, o demente por trás das pérolas Bone Tomahawk e Brawl on Cell Block 99. Por esses detalhes já esperava algo no mínimo divertido.
O fiapo de história porém não causa tanta diversão. É um amontoado de brinquedos matando pessoas possíveis vítimas de nazistas, como judeus, negros, gays, lésbicas e qualquer outra pessoa que aparecer, desde crianças até mulheres grávidas. Sim, os bonecos dessa vez não poupam ninguém, o gore é alto, mas o roteiro em si que é o que mais esperava não agradou. O mestre Toulon interpretado por Udo Kier é um nazista e a história não se prende muito na sua origem ou dos brinquedos. O que importa aqui é a matança.
O elenco, estrelas classe A do cinema de horror, como Udo Kier, Barbara Crampton e Michael Paré dão um toque de nostalgia. O excesso de brinquedos no filme atrapalhou um pouco, o que não tinha tanto assim nos outros filmes. Aqui tem vários, o que deixa mais confuso de quantos possam ter. O que me fez dar risada foi o Júnior Fuhrer, que é hilário quando é revelado. Enfim, um filme altamente politicamente incorreto, sem pudores, mas que não passa muito disso. Outro destaque é a canção tema tocada nos créditos iniciais composta por Fabio Frizzi.
Upgrade: Atualização
3.7 689 Assista AgoraQuem diria que esse diretor que fez Sobrenatural: A Origem iria criar esse filme impressionante? Com produção da Blumhouse o filme tem simplesmente um dos universos cyberpunks mais embasbacantes que imaginava. Sempre imaginei realidades cyberpunks assim, com seres aprimorados, uma trilha sonora futurista, cenários simples, mas muito bem construídos e um roteiro inteligente. Isso faz de Upgrade uma das sci-fi mais memoráveis de 2018. Dá aquele gosto de quero mais ao fim. Logan Marshall Green, para muitos um sósia do Tom Hardy, cada vez mais crescendo desde The Invitation. O hype não decepcionou
Fé Corrompida
3.7 376 Assista AgoraPaul Schrader disse que seu filme mais recente ia ser diferente, com influências de Bergman e Robert Bresson. Tais influências são claras através dos filmes Luz de Inverno e Diário de um Pároco de Aldeia. Além de outra influência óbvia que prefiro não comentar, mas tudo isso cria um filme único, atento aos dias de hoje e preocupado com as mudanças climáticas.
Ethan Hawke na atuação da carreira, um filme com um texto muito inteligente que me lembrou dos filmes da Brit Marling, como The East, em relação às críticas à poluição ambiental. Um filme ousado e que trata de muitos temas difíceis de uma forma madura. Um dos melhores do ano.
Prece ao Nascer do Dia
3.7 74Um bom filme, mas existem exemplares bem melhores
Objetos Cortantes
4.3 837 Assista AgoraInstigante, ritmo lento que pode afastar espectadores ávidos por respostas. Amy Adams linda demais