Jess

Não tem como não se emocionar com a relação desenvolvida ao longo do filme entre Hans e Viktor, seja ela uma relação romântica ou não. Pra mim já estava bem claro que o Hans cometeria um crime só pra voltar para a cadeia. Na cena que ele vai atrás do rapaz na boate e encontra os homens se relacionando escondidos em uma espécie de túnel subterrâneo, onde haviam até alguns espaços com grades, deu pra sentir o peso de que mesmo que a homossexualidade não fosse mais considerada um crime, viver em sociedade ainda seria uma espécie de prisão. Hans e Viktor criaram laços que provavelmente nunca tiveram com outras pessoas, muito menos com outros homens. Um talvez por ter passado a vida se escondendo e pela violência que sofria em decorrência dessa situação. E o outro um criminoso, que possivelmente se criara nos modos da brutalidade e do preconceito. Quando essas duas almas solitárias e feridas se permitem conhecer um ao outro, deixando de lado seus estigmas, nasce aí um vínculo, por vezes até ingênuo, de escuta, afeto e cuidado mútuo. Por isso entendo que para eles seria melhor viver essa relação cheia de sentido dentro da prisão, do que uma liberdade vazia e mascarada.

Ps: A cena em que Hans descobre que seu parceiro se jogou do telhado e é amparado pelo Viktor no meio do pátio acabou comigo.