O artifício da quebra de realidade usado na cena final é de uma perspicácia tremenda... Algo que transcende o cinema como arte e nos afeta como seres humanos de forma direta e necessariamente reflexiva.
Tudo de melhor referente ao gênero sci-fi, aventura, épico etc, o filme revitaliza e oferece a nata do que uma experiência cinematográfica deve ser. Evocando Star Wars, Senhor dos Anéis e até Blade Runner 2049 do próprio Villeneuve, o filme não só extrai o melhor desses mundos, como também consegue criar o seu próprio com exímia maestria. Um marco geracional colossal do gênero, que será eternizado como um dos maiores e melhores de sua época. Lindo.
Greta constrói uma alegoria super perspicaz, ácida, satírica, reflexiva e assertiva sobre os moldes arcaicos da sociedade, e de como (muita das vezes) as imperceptíveis imposições externas influenciam na nossa perda de identidade. Uma sensível, verdadeira e necessária jornada de autodescoberta e amor próprio.
Fico maravilhado com a originalidade e a linguagem inusitada (tanto nesse quanto no primeiro) que a animação usa para tecer toda a trama. Humor, dramaticidade, evolução de personagem, cinematografia, trilha sonora... O filme consegue sabiamente equilibrar tudo isso com profundidade e entregar a história de forma revigorante e sem cair na superficialidade... Lindo em todos os aspectos.
Documentário apaixonante. Sempre me sinto revigorado após assistir a um ótimo documentário... Pra mim é um deleite acompanhar e presenciar a admiração, o amor e a dedicação que alguém possa ter por algo, pois independente do que seja, o sentimento será sempre identificável. A devoção que o casal tem para com os vulcões e todo seu trabalho para estuda-los e entende-los é fascinante e contagiante. Todo o arquivo de filmagens da jornada dos dois ao longo dos anos é riquíssima em conteúdo, as imagens são absurdas de lindas e fornecem a diretora um excelente material. Realmente algo sem precedentes... Deslumbrante e memorável.
"Para alguns, a dor bate como uma onda. Para outros, a dor dilui lentamente como tinta na água."
Sempre achei fascinante a capacidade inventiva que o sul-coreano tem de fazer cinema, e aqui não foi diferente... É sempre um deleite acompanhar uma obra que claramente foi feita com esmero por todos seus realizadores. Aqui, toda a mise-en-scène do filme é riquíssima em detalhes, não só os ângulos de câmera escolhidos nas cenas, mas a cinematografia de forma geral, dão uma identidade estética ímpar para a obra. Cada frame, cada captura de movimento dos personagens, é orquestrada com maestria e compõe o filme de forma excepcional.
Uma verdadeira odisseia surrealista, existencialista, sensorial e autorreflexiva por parte do Iñárritu. Tecnicamente impecável, de uma cinematografia sublime. Um filme com diversas camadas e que carrega consigo uma atmosfera única e peculiar, uma mistura de Paolo Sorrentino com Terrence Malick. Um tipo de narrativa que foge completamente dos moldes convencionais de "storytelling"... Quando bem feita, muito me agrada essa abordagem de cunho pessoal, pois traz uma irreverência e originalidade que poucas vezes vemos sendo feita no cinema. Acredito que esse seja um daqueles filmes que serão apreciados, reverenciados e redescobertos por quem ama cinema, daqui a anos e mais anos... Uma viagem única.
Todo o filme é uma verdadeira jornada intimista, sensível e contemplativa, uma abordagem quase que experimental. A variedade de cenários e situações inusitadas que a trama oferece é o que nos mantém engajado na história. Sendo uma narrativa com molde não convencional (em termos de ponto de vista), o filme sofre um pouco com o ritmo, mas nada que tire o brilho, a sutileza e a originalidade da obra.
A Céline Sciamma é de fato uma cineasta fora da curva... Aqui ela consegue mesclar a dramaticidade da realidade com a fantasia de forma simples, fluida e orgânica. De uma sensibilidade ímpar. Todo o filme possui uma aura melancólica e simultaneamente encantadora, daqueles filmes que você está o tempo todo com um sorriso no rosto por presenciar algo puramente belo em sua essência e execução. Lindo.
Mais uma vez o cinema Argentino não decepciona. Apesar da trama formulaica, o contexto real na qual o filme se baseia, dá um peso significativo para história. Contexto esse, que poderia facilmente ser traçado um paralelo com a história do nosso país... A direção aqui é mais do que competente, mas o diferencial e o que sempre desequilibra quando seu nome está no elenco, é o Ricardo Darín. Toda sua performance está nas nuances... Ele é um ator que possui um magnetismo único, e cuja presença por si só já faz qualquer um que esteja familiarizado (o mínimo que seja) com o seu trabalho, embarcar na história de imediato. E aqui não foi diferente... Se tem Darín, tem minha atenção.
Um thriller cujo tema já foi visto diversas vezes no cinema convencional, mas aqui, através da ótica Iraniana, envolvendo todo o escopo religioso/cultural do país, ganha um peso completamente distinto e substancial. O contexto faz toda diferença, e dá o peso necessário para implementar uma trama extremamente envolvente e imersiva. Independente da influência cultural do país, a repercussão dos fatos não deixa de ser revoltante... Em outros tempos, seria algo que veríamos à distância, sem temor que chegasse até nós, mas, nos tempos atuais, toda alienação e idolatria a uma figura com um discurso messiânico, justificando atos horrendos com base na religião e no suposto bem estar da maioria, é algo que todos nós infelizmente conhecemos muito bem.
Uma trama austera que relata resignadamente a deterioração mental e o declínio profissional de uma figura perturbada por sua própria obstinação e por suas aflições. Cate Blanchett (como sempre) está fenomenal, ela some na personagem e traz consigo uma performance hipnotizante. Testemunhar sua jornada, é como observar uma pedra de gelo derretendo lentamente em um dia frio... Por mais que eventualmente ela consiga voltar ao seu estado original, ela nunca mais será a mesma. Enigmático.
Um drama intimista, sensível e humano. Esse tipo de filme sempre me pega... Aqui a trama não utiliza uma estrutura típica, (amo filmes assim) os personagens não tem um objetivo a alcançar, ou uma jornada tradicional propriamente dita, você simplesmente acompanha o seguimento da vida de dois jovens melhores amigos e todos os contratempos que uma amizade está sujeita a enfrentar. As nuances dos atos de cada personagem são absorvidas de maneiras diferentes, e assim é a vida, nós nunca sabemos como nossas ações repercutem verdadeiramente no próximo, e como a percepção julgadora alheia nos molda sem que percebamos... A simplicidade em filmes assim (vulgo Aftersun) quando bem retratada, tem um poder incrível e tocam no nosso coração de um jeito que a gente nunca esquece.
Toda premissa investigativa combinada com o magnetismo envolvendo a presença do Edgar Allan Poe (interpretado excelentemente bem pelo subestimado Harry Melling) é o que torna o filme interessante. Gosto da atuação contida e melancólica do Christian Bale aqui, ele é o tipo de ator que se basta apenas com sua presença em cena. Se não fosse por algumas divagações narrativas, e o desperdício de atores (como o da maravilhosa Charlotte Gainsbourg) teria sido um filme mais congruente e memorável.
Sempre me encanto quando a metalinguagem é usada no cinema... A arte como ferramenta para exaltar a arte. O filme não é só uma ode ao cinema (e a trajetória do Spielberg) como também um presente para todos aqueles que amam a sétima arte. Lindo!
Amo filmes em que a ambientação e toda landscape do local são parte vital da história... A locação faz a gente se transportar para o lugar e se vislumbrar em cada situação do filme. Aqui, além da localidade ser um personagem à parte, a trama um tanto quanto absurda (para dizer o mínimo) é engajante de imediato. Colin Farrell e Brendan Gleeson estão ótimos, seus personagens compõe uma dupla cativante e peculiar, que com apenas uma troca de olhares, já transmitem o necessário para sabermos a bagagem que os dois carregam.
Um filme com diversas camadas, e que ao mesmo tempo é despretensioso e pode ser apreciado como o espectador bem entender. Uma comédia escatológica gradual absurda, e que introduz a famosa "crítica social foda" na trama de forma fluida e natural. O prêmio da Palma de Ouro no festival de Cannes foi merecidíssimo. Imprescindível.
Apesar do filme ter uma premissa que choca, a trama consegue trazer uma naturalidade ímpar para algo que de fato é abominável. A beleza da cinematografia, somada a pontual trilha sonora e a ótima química entre os protagonistas, contribuem para que o filme carregue esse tom contrastante comparado a toda bestialidade que é o alicerce principal da história.
Que debut incrível da diretora. De uma sensibilidade e beleza ímpar. Um combo de nostalgia e melancolia. Sensações que se encontram e se misturam de forma realista e imprevisível. (Além de tudo, o filme conseguiu ressignificar "Under Pressure" do Queen/Bowie.) Lindo. Um dos melhores filmes do ano.
Mais uma vez o cinema dinamarquês não decepciona. Incômodo, perverso e extremamente inquietante. Deveras cruel. Pra mim, dificilmente um filme de terror com temática sobrenatural supera filmes como esse... Afinal, não há nada mais assombroso do que quando a malevolência é originária do próprio ser humano.
Assim como disse no meu registro do filme "Titane", repito aqui novamente: Esse é o meu tipo favorito de filme. Aquele que intriga, desafia e entrega algo diferente, e que pra mim tem uma contribuição enorme para o cinema como arte de modo geral. Em filmes assim eu termino com a sensação de pura admiração mesmo... A sequência final é o perfeito exemplo disso, além de ser o clímax da trama, ela é o que me fez questionar: "Como esse cara fez isso?" a cena é uma mistura de Cronenberg, com Um Lobisomem Americano em Londres. Assombroso.
Esse é o meu tipo favorito de filme. Aquele em que a maioria gosta de discutir suas possíveis metáforas, nuances, subtextos... Mas que no fim das contas, a obra por si só já se basta.
Parafraseando Tarkovsky: "Se você procura por um significado, você perde tudo que acontece."
O fato da existência desse filme por si só, já é um acontecimento único e admirável. Poder testemunhar a culminação dessa campanha iniciada por nós, fãs, é algo indescritível... Uma sensação sem igual. Após assistir aquela versão pífia e completamente desastrosa nos cinemas em 2017, eu estava completamente descontente e frustrado, pois conseguiram destruir uma coisa importante pra tanta gente, deturparam esses personagens que tanto amo, descaracterizaram suas nuances essenciais, e entregaram uma versão que não fez jus algum a trajetória dos personagens e nem aos seus fãs. Um potencial gigantesco desperdiçado... Aqui, Snyder põe tudo de volta nos eixos, e toda mitologia e construção de universo feita por ele desde o Homem de Aço, ganha vida, e finalmente teve a resolução que merecia. Cresci assistindo a animação da Liga da Justiça na TV, os filmes, seus derivados, brincando com os bonecos, usando camiseta temática... Meu apego emocional com esses personagens é gigante. Me senti de fato representado e verdadeiramente realizado. Que privilégio... Assim como deram esse presente para o Snyder, de enfim poder lançar o filme com a sua visão, ele nos presenteia de volta, reunindo esses personagens de forma respeitosa, digna e revigorante. Feito de fã, para fã. A única frustração real que fica dessa vez, foi não ter tido a oportunidade de presenciar esse feito histórico nos cinemas...
Não esperava me envolver tanto assim com a história... A sensibilidade com que a diretora trata cada detalhe é impressionante. Tudo extremamente identificável, fui levado por completo. Esse tipo de filme, que tem uma abordagem mais intimista e humana, sempre me pega de jeito... Aqui a câmera desaparece, a persona da atriz desaparece junto, e você se vê imerso na vida daquela mulher sem nem perceber. Desde o primeiro instante, a obra te faz assumir aquele ponto de vista, você vai onde ela for, vive o que ela vive, sente o que ela sente, você é ela. A linguagem cinematográfica se esvai, e o filme se torna a vida em si.
Zona de Interesse
3.6 582 Assista AgoraO artifício da quebra de realidade usado na cena final é de uma perspicácia tremenda... Algo que transcende o cinema como arte e nos afeta como seres humanos de forma direta e necessariamente reflexiva.
Duna: Parte 2
4.4 606Tudo de melhor referente ao gênero sci-fi, aventura, épico etc, o filme revitaliza e oferece a nata do que uma experiência cinematográfica deve ser. Evocando Star Wars, Senhor dos Anéis e até Blade Runner 2049 do próprio Villeneuve, o filme não só extrai o melhor desses mundos, como também consegue criar o seu próprio com exímia maestria. Um marco geracional colossal do gênero, que será eternizado como um dos maiores e melhores de sua época. Lindo.
Barbie
3.9 1,6K Assista AgoraGreta constrói uma alegoria super perspicaz, ácida, satírica, reflexiva e assertiva sobre os moldes arcaicos da sociedade, e de como (muita das vezes) as imperceptíveis imposições externas influenciam na nossa perda de identidade. Uma sensível, verdadeira e necessária jornada de autodescoberta e amor próprio.
Homem-Aranha: Através do Aranhaverso
4.3 520 Assista AgoraFico maravilhado com a originalidade e a linguagem inusitada (tanto nesse quanto no primeiro) que a animação usa para tecer toda a trama. Humor, dramaticidade, evolução de personagem, cinematografia, trilha sonora... O filme consegue sabiamente equilibrar tudo isso com profundidade e entregar a história de forma revigorante e sem cair na superficialidade... Lindo em todos os aspectos.
Vulcões: A Tragédia de Katia e Maurice Krafft
3.9 68 Assista AgoraDocumentário apaixonante. Sempre me sinto revigorado após assistir a um ótimo documentário... Pra mim é um deleite acompanhar e presenciar a admiração, o amor e a dedicação que alguém possa ter por algo, pois independente do que seja, o sentimento será sempre identificável. A devoção que o casal tem para com os vulcões e todo seu trabalho para estuda-los e entende-los é fascinante e contagiante. Todo o arquivo de filmagens da jornada dos dois ao longo dos anos é riquíssima em conteúdo, as imagens são absurdas de lindas e fornecem a diretora um excelente material. Realmente algo sem precedentes... Deslumbrante e memorável.
Decisão de Partir
3.6 143"Para alguns, a dor bate como uma onda. Para outros, a dor dilui lentamente como tinta na água."
Sempre achei fascinante a capacidade inventiva que o sul-coreano tem de fazer cinema, e aqui não foi diferente... É sempre um deleite acompanhar uma obra que claramente foi feita com esmero por todos seus realizadores. Aqui, toda a mise-en-scène do filme é riquíssima em detalhes, não só os ângulos de câmera escolhidos nas cenas, mas a cinematografia de forma geral, dão uma identidade estética ímpar para a obra. Cada frame, cada captura de movimento dos personagens, é orquestrada com maestria e compõe o filme de forma excepcional.
Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades
3.3 83Uma verdadeira odisseia surrealista, existencialista, sensorial e autorreflexiva por parte do Iñárritu. Tecnicamente impecável, de uma cinematografia sublime. Um filme com diversas camadas e que carrega consigo uma atmosfera única e peculiar, uma mistura de Paolo Sorrentino com Terrence Malick. Um tipo de narrativa que foge completamente dos moldes convencionais de "storytelling"... Quando bem feita, muito me agrada essa abordagem de cunho pessoal, pois traz uma irreverência e originalidade que poucas vezes vemos sendo feita no cinema. Acredito que esse seja um daqueles filmes que serão apreciados, reverenciados e redescobertos por quem ama cinema, daqui a anos e mais anos... Uma viagem única.
Eo
3.3 96 Assista AgoraTodo o filme é uma verdadeira jornada intimista, sensível e contemplativa, uma abordagem quase que experimental. A variedade de cenários e situações inusitadas que a trama oferece é o que nos mantém engajado na história. Sendo uma narrativa com molde não convencional (em termos de ponto de vista), o filme sofre um pouco com o ritmo, mas nada que tire o brilho, a sutileza e a originalidade da obra.
Pequena Mamãe
3.8 84A Céline Sciamma é de fato uma cineasta fora da curva... Aqui ela consegue mesclar a dramaticidade da realidade com a fantasia de forma simples, fluida e orgânica. De uma sensibilidade ímpar. Todo o filme possui uma aura melancólica e simultaneamente encantadora, daqueles filmes que você está o tempo todo com um sorriso no rosto por presenciar algo puramente belo em sua essência e execução. Lindo.
Argentina, 1985
4.3 334Mais uma vez o cinema Argentino não decepciona. Apesar da trama formulaica, o contexto real na qual o filme se baseia, dá um peso significativo para história. Contexto esse, que poderia facilmente ser traçado um paralelo com a história do nosso país... A direção aqui é mais do que competente, mas o diferencial e o que sempre desequilibra quando seu nome está no elenco, é o Ricardo Darín. Toda sua performance está nas nuances... Ele é um ator que possui um magnetismo único, e cuja presença por si só já faz qualquer um que esteja familiarizado (o mínimo que seja) com o seu trabalho, embarcar na história de imediato. E aqui não foi diferente... Se tem Darín, tem minha atenção.
Holy Spider
4.0 117 Assista AgoraUm thriller cujo tema já foi visto diversas vezes no cinema convencional, mas aqui, através da ótica Iraniana, envolvendo todo o escopo religioso/cultural do país, ganha um peso completamente distinto e substancial. O contexto faz toda diferença, e dá o peso necessário para implementar uma trama extremamente envolvente e imersiva. Independente da influência cultural do país, a repercussão dos fatos não deixa de ser revoltante... Em outros tempos, seria algo que veríamos à distância, sem temor que chegasse até nós, mas, nos tempos atuais, toda alienação e idolatria a uma figura com um discurso messiânico, justificando atos horrendos com base na religião e no suposto bem estar da maioria, é algo que todos nós infelizmente conhecemos muito bem.
Tár
3.8 393 Assista AgoraUma trama austera que relata resignadamente a deterioração mental e o declínio profissional de uma figura perturbada por sua própria obstinação e por suas aflições. Cate Blanchett (como sempre) está fenomenal, ela some na personagem e traz consigo uma performance hipnotizante. Testemunhar sua jornada, é como observar uma pedra de gelo derretendo lentamente em um dia frio... Por mais que eventualmente ela consiga voltar ao seu estado original, ela nunca mais será a mesma. Enigmático.
Close
4.2 470 Assista AgoraUm drama intimista, sensível e humano. Esse tipo de filme sempre me pega... Aqui a trama não utiliza uma estrutura típica, (amo filmes assim) os personagens não tem um objetivo a alcançar, ou uma jornada tradicional propriamente dita, você simplesmente acompanha o seguimento da vida de dois jovens melhores amigos e todos os contratempos que uma amizade está sujeita a enfrentar. As nuances dos atos de cada personagem são absorvidas de maneiras diferentes, e assim é a vida, nós nunca sabemos como nossas ações repercutem verdadeiramente no próximo, e como a percepção julgadora alheia nos molda sem que percebamos... A simplicidade em filmes assim (vulgo Aftersun) quando bem retratada, tem um poder incrível e tocam no nosso coração de um jeito que a gente nunca esquece.
O Pálido Olho Azul
3.3 272 Assista AgoraToda premissa investigativa combinada com o magnetismo envolvendo a presença do Edgar Allan Poe (interpretado excelentemente bem pelo subestimado Harry Melling) é o que torna o filme interessante. Gosto da atuação contida e melancólica do Christian Bale aqui, ele é o tipo de ator que se basta apenas com sua presença em cena. Se não fosse por algumas divagações narrativas, e o desperdício de atores (como o da maravilhosa Charlotte Gainsbourg) teria sido um filme mais congruente e memorável.
Os Fabelmans
4.0 388Sempre me encanto quando a metalinguagem é usada no cinema... A arte como ferramenta para exaltar a arte. O filme não é só uma ode ao cinema (e a trajetória do Spielberg) como também um presente para todos aqueles que amam a sétima arte. Lindo!
(O Lynch interpretando John Ford na cena final foi a cereja do bolo.)
Os Banshees de Inisherin
3.9 567 Assista AgoraAmo filmes em que a ambientação e toda landscape do local são parte vital da história... A locação faz a gente se transportar para o lugar e se vislumbrar em cada situação do filme. Aqui, além da localidade ser um personagem à parte, a trama um tanto quanto absurda (para dizer o mínimo) é engajante de imediato. Colin Farrell e Brendan Gleeson estão ótimos, seus personagens compõe uma dupla cativante e peculiar, que com apenas uma troca de olhares, já transmitem o necessário para sabermos a bagagem que os dois carregam.
Triângulo da Tristeza
3.6 730 Assista AgoraUm filme com diversas camadas, e que ao mesmo tempo é despretensioso e pode ser apreciado como o espectador bem entender. Uma comédia escatológica gradual absurda, e que introduz a famosa "crítica social foda" na trama de forma fluida e natural. O prêmio da Palma de Ouro no festival de Cannes foi merecidíssimo. Imprescindível.
Até os Ossos
3.3 262 Assista AgoraApesar do filme ter uma premissa que choca, a trama consegue trazer uma naturalidade ímpar para algo que de fato é abominável. A beleza da cinematografia, somada a pontual trilha sonora e a ótima química entre os protagonistas, contribuem para que o filme carregue esse tom contrastante comparado a toda bestialidade que é o alicerce principal da história.
Aftersun
4.1 701Que debut incrível da diretora. De uma sensibilidade e beleza ímpar. Um combo de nostalgia e melancolia. Sensações que se encontram e se misturam de forma realista e imprevisível. (Além de tudo, o filme conseguiu ressignificar "Under Pressure" do Queen/Bowie.) Lindo. Um dos melhores filmes do ano.
Não Fale o Mal
3.6 673Mais uma vez o cinema dinamarquês não decepciona. Incômodo, perverso e extremamente inquietante. Deveras cruel. Pra mim, dificilmente um filme de terror com temática sobrenatural supera filmes como esse... Afinal, não há nada mais assombroso do que quando a malevolência é originária do próprio ser humano.
Men: Faces do Medo
3.2 396 Assista AgoraAssim como disse no meu registro do filme "Titane", repito aqui novamente: Esse é o meu tipo favorito de filme. Aquele que intriga, desafia e entrega algo diferente, e que pra mim tem uma contribuição enorme para o cinema como arte de modo geral. Em filmes assim eu termino com a sensação de pura admiração mesmo... A sequência final é o perfeito exemplo disso, além de ser o clímax da trama, ela é o que me fez questionar: "Como esse cara fez isso?" a cena é uma mistura de Cronenberg, com Um Lobisomem Americano em Londres. Assombroso.
Titane
3.5 390 Assista AgoraEsse é o meu tipo favorito de filme. Aquele em que a maioria gosta de discutir suas possíveis metáforas, nuances, subtextos... Mas que no fim das contas, a obra por si só já se basta.
Parafraseando Tarkovsky: "Se você procura por um significado, você perde tudo que acontece."
Liga da Justiça de Zack Snyder
4.0 1,3KO fato da existência desse filme por si só, já é um acontecimento único e admirável. Poder testemunhar a culminação dessa campanha iniciada por nós, fãs, é algo indescritível... Uma sensação sem igual. Após assistir aquela versão pífia e completamente desastrosa nos cinemas em 2017, eu estava completamente descontente e frustrado, pois conseguiram destruir uma coisa importante pra tanta gente, deturparam esses personagens que tanto amo, descaracterizaram suas nuances essenciais, e entregaram uma versão que não fez jus algum a trajetória dos personagens e nem aos seus fãs. Um potencial gigantesco desperdiçado... Aqui, Snyder põe tudo de volta nos eixos, e toda mitologia e construção de universo feita por ele desde o Homem de Aço, ganha vida, e finalmente teve a resolução que merecia. Cresci assistindo a animação da Liga da Justiça na TV, os filmes, seus derivados, brincando com os bonecos, usando camiseta temática... Meu apego emocional com esses personagens é gigante. Me senti de fato representado e verdadeiramente realizado. Que privilégio... Assim como deram esse presente para o Snyder, de enfim poder lançar o filme com a sua visão, ele nos presenteia de volta, reunindo esses personagens de forma respeitosa, digna e revigorante. Feito de fã, para fã. A única frustração real que fica dessa vez, foi não ter tido a oportunidade de presenciar esse feito histórico nos cinemas...
Snyder, muito obrigado.
Nomadland
3.9 896 Assista AgoraNão esperava me envolver tanto assim com a história... A sensibilidade com que a diretora trata cada detalhe é impressionante. Tudo extremamente identificável, fui levado por completo. Esse tipo de filme, que tem uma abordagem mais intimista e humana, sempre me pega de jeito... Aqui a câmera desaparece, a persona da atriz desaparece junto, e você se vê imerso na vida daquela mulher sem nem perceber. Desde o primeiro instante, a obra te faz assumir aquele ponto de vista, você vai onde ela for, vive o que ela vive, sente o que ela sente, você é ela. A linguagem cinematográfica se esvai, e o filme se torna a vida em si.