[/spoiler]"Olha, vocês não precisam vir comigo. Mas o que vai acontecer quando outro Jorge sumir? Ou outra Betty? Outro Ed Corcoran? Ou um de nós? Vão fingir que nada está acontecendo como o resto da cidade? Porque eu não consigo." [spoiler]
Esse é oficialmente o 1º remake que assisti de um filme clássico e gostei. Amo filmes que conseguem trabalhar com a importância e o poder da coletividade e, ao mesmo tempo, desenvolver muito bem a individualidade de cada personagem. Porque, geralmente, os personagens que encontramos nos filmes de terror são egoístas e cheios de traços desumanos. Abandonam uns aos outros na 1ª oportunidade. E o Andy Muschietti conseguiu fazer tudo isso em um tempo bem menor que o clássico de 1990. Não é um filme de sustos fáceis, dá até pra assistir só. Recomendo demais. Inclusive pra quem tem coulrofobia. Acredito que quando o Stephen King escreveu a história seu foco não era intensificar o medo que as pessoas sentem de palhaço, muito pelo contrário.
Único filme de zumbi que me fez chorar com o enredo, de longe o melhor que já assisti. Mas não é de hoje que as produções asiáticas me encantam, do terror psicológico aos doramas e animes. Esse filme coreano em si não traz nenhuma novidade sobre zumbis, porém o modo como tudo se desenrola faz toda diferença. A maior parte das cenas se passam dentro do trem, o que intensifica o clima sufocante daquele universo que, por ser apocalíptico, já é claustrofóbico. Porém o centro de tudo é crítica que existe por trás: a importância da empatia e da coletividade. Especialmente em momentos de crise em que muitos acreditam que a melhor saída é ser cada um por si. Nós sempre vamos precisar do outro e vice-versa. Achei original demais. Super recomendo não só para os fãs de zumbis, mas também pra quem curte um drama intenso.
“- A primeira fase foi a hipnose. Eles te hipnotizaram. A fase dois é esta. A preparação mental. É um pré-operatório psicológico. Para a 3ª fase. O Transplante. Bem, parcialmente, na verdade. O pedaço do seu cérebro que será conectado ficará em seu sistema nervoso... para manter intactas essas conexões complicadas. Então você não morre. Pelo menos não completamente. Um pequeno pedaço de você ainda estará aí. Consciência limitada. Você será capaz de ver e ouvir... Com o seu corpo, mas você vai ser apenas um passageiro. Uma plateia. Você vai viver... -Submerso. [...] Por que nós? Por que os negros? ”
O filme me agradou duplamente porque meu gênero favorito é terror (acontece tudo que todo fã sempre esperou que o personagem perseguido fizesse ao longo do enredo, acredite vai te agradar) e ter o racismo metaforizado como pauta central com o Daniel Kaluuya no papel de protagonista me ganhou totalmente. Nem sei por onde começar porque esse filme é muito rico, muitos simbolismos a todo momento, mas vamos lá.
Em entrevista, Jordan Peele disse que queria dirigir um filme de terror em que o negro não seria o primeiro a morrer. Vou deixar essa listinha de 87 filmes aqui como dado: (https://filmow.com/…/racismo-no-terror-filmes-que-o-person…/).
Get Out cumpre seu papel em tentar descrever como funciona a estrutura racista de uma forma extremamente profunda. Foca em como uma pessoa negra se sente e quais os efeitos desse processo na mente dela. Temos Jeremy como o retrato daquelas pessoas que são racistas explícitas, de início parece ser o mais detestável. No desenrolar do filme percebemos que não se configura como o pior. Isso porque o resto do elenco branco, especialmente a família dele, faz isso por baixo dos panos, por meio de pequenas ações. São os racistas velados. Que dizem coisas como "meus pais não são racistas" “ser escuro está na moda”, “votaria pela terceira vez no Obama”. É então que entram os simbolismos:
O fato da mãe de Rose ser psiquiatra e fazer uso da hipnose para “tratar” seus pacientes não é à toa. A hipnose equivale a um episódio de microagressão, pois a pessoa que está no controle (Missy) recorre a recursos (xícara e feridas mal resolvidas e abertas do passado) que oprimem a vítima (Chris). Há um momento em que isso se confirma: Missy bate na xícara e Jeremy pergunta se Chris está ferido. Chris é levado para um campo de flutuação, onde não consegue ter reação diante do momento, não é ouvido e se sente distante das pessoas brancas com quem interagia, como se essa ação fosse inalcançável. Se vê preso dentro da própria mente sem conseguir se mover. A partir daí ele fica totalmente perturbado com a situação e revela a Rose: “acho que sua mãe está na minha cabeça. ” Esse tipo de ação tem muito mais influência negativa do que uma frase imediatista como “você parece uma besta” porque ela se prolonga e permanece. Não adianta, você pode ter lido, mudado, se fortalecido ao longo dos anos, mas diante de uma microagressão se sentir impotente ou não conseguir reagir é muito comum.
Os simbolismos mais fortes são as mensagens contidas no olhar dos personagens negros. É um pedido de socorro. Eles estão totalmente controlados pela hipnose e já sofreram o processo de transplante. É como se isso equivalesse ao discurso de democracia racial, em que eles são forçados a acreditarem que não há nada de errado nas coisas que ouvem diariamente de pessoas brancas. Há até tentativas de justificar: “Eles nos tratam como da família. ” Porém, a todo momento, as frases que os/as negros/as proferem têm um duplo significado. Georgina: “Eu só queria uma semana tranquila. ” “Não, não, não, não, não...”. E Chris tem o poder de captar essas mensagens e boa parte dos personagens brancos sabem disso: “Você tem um grande olho. Captura o melancólico, processo de acordar. ” O sofrimento e prisão psicológica estão estampados ali.
O recurso do flash do celular é como retirar a venda que tampa o racismo, dar voz, permitir reflexão e ação. Um processo na maioria das vezes doloroso.
Aquele curta que obrigam o Chris a assistir é um discurso de cunho totalmente meritocrático, afirma que somente brancos têm direito a existir sem morrer simbolicamente.
A principal mensagem que o filme quer passar é que a branquitude ainda nos vê somente como UM CORPO OCO, desprovido de humanidade, que pode ser controlado de todas as formas possíveis. Solução para realização de trabalho braçal a objeto sexual.
Só acho que toda pessoa negra deveria ter um amigo do nível do Rod. Preocupado, fiel e sincero: "eu te avisei". Nunca confie em espaços totalmente brancos e não seja palmiteiro.
P.S.: a experiência fica melhor se você assistir acompanhado/a com pessoas negras. Os comentários ao longo do filme são os melhores e nos momentos finais para cada ação é uma chuva de aplausos.
"Acredito que os personagens que lemos nas páginas acabam sendo mais reais do que homens que estão ao nosso lado." A Natalie vestiu completamente a pele da personagem.
Natalie Portman em Jackie >>> Emma Stone em La la land
“- Essa brisa é boa pra caramba, mano. - É mesmo. - Às vezes, lá onde moro... bate essa brisa. Ela passa pela quebrada e tudo para por um segundo. Todo mundo quer sentir. Fica tudo quieto, sabe? - E você só escuta o próprio coração batendo. Né? - É bom demais, mano. - Bom demais. - Dá até vontade de chorar. - Você chora? - Não. Só dá vontade. E você, chora por quê? - Choro tanto que, às vezes, acho que vou virar lágrimas. ”
Um filme sobre a dor da solidão do negro. O enredo cria um clima claustrofóbico usando como recurso os acontecimentos da vida de Chiron, principalmente através de seu silêncio, que diz muito. Um garoto negro e gay, esmagado por várias opressões, se torna introvertido e isolado pela própria estrutura que o cerca. Não vê outra opção a não ser viver dentro dele mesmo, com os sofrimentos e cicatrizes que acumulou com todas as experiências negativas que viveu/vive. A trajetória de uma vida, que representa várias, mostra de maneira detalhada que, para quem fecharam todas as portas da oportunidade, não há opção a não ser se tornar alguém que nunca quis ser.
"A partir de agora, essa criança tem mãe. Mas você não tem mulher".
Enredo visceral, focando no poder do diálogo. Elenco quase todo negro, dirigido e protagonizado pelo Denzel Washington ao lado da espetacular Viola Davis. Ninguém sabe vestir a pele do personagem tão bem quanto ela, ir da alegria ao sofrimento.
"Onde você esteve? Sempre que olho, você não está onde preciso. [...] Então aonde vai todo dia? - Ao banheiro, senhor. - Ao banheiro? Na merda do banheiro! Por 40 min por dia? O que você faz lá? Estamos no limite aqui, pus muita fé em você. - Não há banheiro para mim aqui. - O que quer dizer com isso? - Não tem banheiro! Não há banheiros para pessoas de cor neste prédio, em nenhum prédio fora do Campus Oeste. Que fica a quase 1km daqui! Sabia disso? Tenho que andar até o Timbuktu só para me aliviar. E não posso usar uma das bicicletas. Imagine isso, Senhor Harrison: Meu uniforme... Saia abaixo do joelho, dos calcanhares. E um simples colar de pérolas. Não tenho pérolas! DEUS SABE QUE PESSOAS DE COR NÃO GANHAM O BASTANTE PARA ISSO! E TRABALHO COMO UMA CADELA, DIA E NOITE, BEBENDO CAFÉ DE UMA GARRAFA NA QUAL NENHUM DE VOCÊS QUER ENCOSTAR."
Desintegrei várias vezes, porque esse filme é muito pesado, especialmente a segregação explícita entre "pessoas de cor" e "pessoas brancas" em todos os espaços públicos e privados. Sem Katherine Johnson (Henson), Dorothy Vaughn e Mary Jackson, os avanços da NASA não seriam possíveis. John Glenn não faria uma órbita em volta da Terra com sucesso e, posteriormente, o homem não chegaria à Lua com tanta excelência. Mesmo assim, tudo o que fizeram foi secundarizado, elas foram invisibilizadas e humilhadas diariamente enquanto homens brancos ganharam o crédito por muito tempo e só recentemente as três tiveram o devido reconhecimento.
E muita coisa ainda não mudou, ainda esperam que mão negras sejam responsáveis somente pelo trabalho braçal. Nos confundem com as faxineiras, acham que somos babás dos nossos filhos, empregadas da própria casa, nos olham torto em espaços brancos porque é INEGÁVEL que a ascensão dos/as negro/as incomoda. Assim como a Mary disse, "cada vez que temos a chance de avançar, eles mudam a chegada."
"- Por que você é tão motivado para escrever? - Acho que é uma maneira de manter as coisas vivas. Salvando coisas que acabarão morrendo. Se eu escrevê-las... então vão durar para sempre. "
Esse diálogo é a chave para entender e ligar cada uma das narrativas: os acontecimentos da vida de Susan, o desenrolar da história dos personagens do manuscrito de Edward e os flashs do relacionamento de Susan com Edward. Tom Ford foi genial também no uso de tons de cores diferentes para o espectador identificar cada uma delas.
Geralmente eu não curto adaptação de livro, mas esse é um daqueles filmes que você assiste e fica pensando sobre vários dias depois, as escolhas ruins acabam se refletindo em todos os aspectos da vida dos personagens.
"Você já sentiu que sua vida se transformou em algo que você nunca quis?"
Extremismo, independente da vertente a qual pertença, não é um bom caminho. Seja na política, direita ou esquerda (talvez seja por isso que estejamos tão divididos e socialistas e comunistas não consigam se entender), tanto quanto no feminismo (não procurando entender bifobia e até rolando transfobia entre as radicais) e também entre os LGBTs, o movimento não é constituído somente por gays. É necessário realmente que exista uma união nos grupos, mas isso não pode impedir eles de olharem com empatia uns para os outros. A revolução não acontece se você fica retido dentro de uma bolha.
Fazia tempo que eu não ficava tão aflita assistindo algo do gênero. Apesar de não ser algo tão clichê e ao mesmo tempo não ser tão inovador, gostei muito do enredo. O succubus/incubus se mostrou algo maligno justamente pelo modo simplório que perseguia suas vítimas, e isso aumentou muito a minha aflição. O filme provou que não é preciso que a "coisa" seja rápida ou sanguinária pra assustar.
Desintegrei completamente. Um dos filmes mais tristes que já assisti na minha vida. Acho que a frase que a Lilya fala para mãe, "Não vá, fique comigo! Não vou suportar!", resume tudo o que acontece depois que ela é proferida. Abandono dói, em todos os sentido possíveis.
Engraçado é que de acordo com o trailer do filme e com as minhas expectativas, eu esperava um filme clássico de boneco assassino/amaldiçoado, por isso gostei bastante do enredo embora o filme ainda siga os padrões de susto clássicos. E o que dizer da Lauren Cohan? Essa mulher dá um show de interpretação quando o tema é terror ou suspense.
Gostei do filme porque já fui esperando por um terror diferente. O objetivo principal do filme não é dar os famigerados sustos que vemos em filmes desse gênero hoje em dia. Muito pelo contrário, há uma energia incômoda poderosa que está presente ao longo de todo o filme. Se você prestar muita atenção e captar todo o simbolismo que é transmitido nas entrelinhas, vai perceber como os animais, a energia da floresta, o sangue a todo o momento nas mais diferentes matérias transmitem ao negativo. Nisso ele se diferencia de vários filmes que assisti nos últimos anos.
Brilhante, como tudo que Bergman faz. Filme cheio de diálogos complexos e inteligentes, é impossível não se identificar com seus personagens. A vida é tão breve e quando algo ruim acontece, nossa dor parece nos isolar do resto do mundo a ponto de estranhar o porquê de todos estarem vivendo normalmente quando a realidade parece pesar como nunca antes. E a juventude? Época em que vivemos momentos que podem ser breves, mas que se eternizam na nossa memória e influenciam o nosso "eu" pelo resto da existência.
Filme polêmico e que divide muitas opiniões a respeito do desenrolar da história. Eu particularmente gosto porque adoro esses filmes em que acontece uma reviravolta e os personagens injustiçados conseguem resolver suas questões no final. Mas, acredito que para gostar ou pelo menos tentar entender o que se passa com a Jennifer é necessário vestir a pele da personagem e sentir toda dor e sofrimento para compreender a origem de seus traumas e desejo de vingança. E claro, ter estômago forte para acompanhar as cenas sangrentas.
Simplesmente genial, assim como tudo que o David Lynch faz. É o tipo de filme em que a ideia de montar uma sinopse é simplesmente absurda porque o roteiro é tão complexo e difícil de decifrar que quem consegue ir até o fim, acaba tirando as próprias conclusões de acordo com a sua perspectiva pessoal. Linda e polêmica obra.
"Comandante Lewis, talvez precise fazer uma coisa para mim. Se eu morrer, eu quero que vá falar com os meus pais, eles vão querer saber de tudo que aconteceu aqui em Marte. [...] Não estou desistindo, só precisamos estar prontos para qualquer desfecho. Por favor, diga a eles que eu amo o que eu faço, que eu sou muito bom nisso e que eu estou morrendo por algo grande e bonito, e maior do que eu."
Starman está na trilha sonora, foi a primeira vez que escutei Bowie depois de sua morte. Melhor contexto pra isso.
Meu filme preferido dentre todos que foram indicados ao Oscar. Lindamente triste. Acho que o que torna o filme tão encantador é o fato dele ser contado a partir da perspectiva de uma criança com uma visão inocente em relação ao mundo e as relações humanas. É impossível conter as lágrimas depois que o filme passa da metade. É uma história envolvente, que te prende do começo ao fim e o interessante é que tudo é revelado aos poucos e o trailer não deixa a história muito clara, o que contribui para nos comover fortemente. E o que dizer da atuação do Jacob? Esse garoto é fantástico, sabe mesmo vestir o papel. Espero muito o ver em outras produções, ele vai longe!
O que mais me encanta no Eddie é essa capacidade que ele possui de vestir totalmente o papel do personagem a ponto de não ser possível ligá-lo a outro personagem que já tenha feito antes, em outro filme. Ele tem o poder de tornar cada personagem único. Ele e a Alicia Vikander deram um show de interpretação. E o filme passou a mensagem de que amar é acima de tudo dar liberdade ao outro para fazer e, principalmente, ser quem ele quiser.
It: A Coisa
3.9 3,0K Assista Agora[/spoiler]"Olha, vocês não precisam vir comigo. Mas o que vai acontecer quando outro Jorge sumir? Ou outra Betty? Outro Ed Corcoran? Ou um de nós? Vão fingir que nada está acontecendo como o resto da cidade? Porque eu não consigo."
[spoiler]
Esse é oficialmente o 1º remake que assisti de um filme clássico e gostei. Amo filmes que conseguem trabalhar com a importância e o poder da coletividade e, ao mesmo tempo, desenvolver muito bem a individualidade de cada personagem. Porque, geralmente, os personagens que encontramos nos filmes de terror são egoístas e cheios de traços desumanos. Abandonam uns aos outros na 1ª oportunidade. E o Andy Muschietti conseguiu fazer tudo isso em um tempo bem menor que o clássico de 1990. Não é um filme de sustos fáceis, dá até pra assistir só. Recomendo demais. Inclusive pra quem tem coulrofobia. Acredito que quando o Stephen King escreveu a história seu foco não era intensificar o medo que as pessoas sentem de palhaço, muito pelo contrário.
Ansiosa pra que façam um capítulo II.
Invasão Zumbi
4.0 2,1K Assista AgoraÚnico filme de zumbi que me fez chorar com o enredo, de longe o melhor que já assisti. Mas não é de hoje que as produções asiáticas me encantam, do terror psicológico aos doramas e animes. Esse filme coreano em si não traz nenhuma novidade sobre zumbis, porém o modo como tudo se desenrola faz toda diferença. A maior parte das cenas se passam dentro do trem, o que intensifica o clima sufocante daquele universo que, por ser apocalíptico, já é claustrofóbico. Porém o centro de tudo é crítica que existe por trás: a importância da empatia e da coletividade. Especialmente em momentos de crise em que muitos acreditam que a melhor saída é ser cada um por si. Nós sempre vamos precisar do outro e vice-versa. Achei original demais. Super recomendo não só para os fãs de zumbis, mas também pra quem curte um drama intenso.
Corra!
4.2 3,6K Assista Agora“- A primeira fase foi a hipnose. Eles te hipnotizaram. A fase dois é esta. A preparação mental. É um pré-operatório psicológico. Para a 3ª fase. O Transplante. Bem, parcialmente, na verdade. O pedaço do seu cérebro que será conectado ficará em seu sistema nervoso... para manter intactas essas conexões complicadas. Então você não morre. Pelo menos não completamente. Um pequeno pedaço de você ainda estará aí. Consciência limitada. Você será capaz de ver e ouvir... Com o seu corpo, mas você vai ser apenas um passageiro. Uma plateia. Você vai viver...
-Submerso. [...] Por que nós? Por que os negros? ”
O filme me agradou duplamente porque meu gênero favorito é terror (acontece tudo que todo fã sempre esperou que o personagem perseguido fizesse ao longo do enredo, acredite vai te agradar) e ter o racismo metaforizado como pauta central com o Daniel Kaluuya no papel de protagonista me ganhou totalmente. Nem sei por onde começar porque esse filme é muito rico, muitos simbolismos a todo momento, mas vamos lá.
Em entrevista, Jordan Peele disse que queria dirigir um filme de terror em que o negro não seria o primeiro a morrer. Vou deixar essa listinha de 87 filmes aqui como dado: (https://filmow.com/…/racismo-no-terror-filmes-que-o-person…/).
Get Out cumpre seu papel em tentar descrever como funciona a estrutura racista de uma forma extremamente profunda. Foca em como uma pessoa negra se sente e quais os efeitos desse processo na mente dela. Temos Jeremy como o retrato daquelas pessoas que são racistas explícitas, de início parece ser o mais detestável. No desenrolar do filme percebemos que não se configura como o pior. Isso porque o resto do elenco branco, especialmente a família dele, faz isso por baixo dos panos, por meio de pequenas ações. São os racistas velados. Que dizem coisas como "meus pais não são racistas" “ser escuro está na moda”, “votaria pela terceira vez no Obama”. É então que entram os simbolismos:
O fato da mãe de Rose ser psiquiatra e fazer uso da hipnose para “tratar” seus pacientes não é à toa. A hipnose equivale a um episódio de microagressão, pois a pessoa que está no controle (Missy) recorre a recursos (xícara e feridas mal resolvidas e abertas do passado) que oprimem a vítima (Chris). Há um momento em que isso se confirma: Missy bate na xícara e Jeremy pergunta se Chris está ferido. Chris é levado para um campo de flutuação, onde não consegue ter reação diante do momento, não é ouvido e se sente distante das pessoas brancas com quem interagia, como se essa ação fosse inalcançável. Se vê preso dentro da própria mente sem conseguir se mover. A partir daí ele fica totalmente perturbado com a situação e revela a Rose: “acho que sua mãe está na minha cabeça. ” Esse tipo de ação tem muito mais influência negativa do que uma frase imediatista como “você parece uma besta” porque ela se prolonga e permanece. Não adianta, você pode ter lido, mudado, se fortalecido ao longo dos anos, mas diante de uma microagressão se sentir impotente ou não conseguir reagir é muito comum.
Os simbolismos mais fortes são as mensagens contidas no olhar dos personagens negros. É um pedido de socorro. Eles estão totalmente controlados pela hipnose e já sofreram o processo de transplante. É como se isso equivalesse ao discurso de democracia racial, em que eles são forçados a acreditarem que não há nada de errado nas coisas que ouvem diariamente de pessoas brancas. Há até tentativas de justificar: “Eles nos tratam como da família. ” Porém, a todo momento, as frases que os/as negros/as proferem têm um duplo significado. Georgina: “Eu só queria uma semana tranquila. ” “Não, não, não, não, não...”. E Chris tem o poder de captar essas mensagens e boa parte dos personagens brancos sabem disso: “Você tem um grande olho. Captura o melancólico, processo de acordar. ” O sofrimento e prisão psicológica estão estampados ali.
O recurso do flash do celular é como retirar a venda que tampa o racismo, dar voz, permitir reflexão e ação. Um processo na maioria das vezes doloroso.
Aquele curta que obrigam o Chris a assistir é um discurso de cunho totalmente meritocrático, afirma que somente brancos têm direito a existir sem morrer simbolicamente.
A principal mensagem que o filme quer passar é que a branquitude ainda nos vê somente como UM CORPO OCO, desprovido de humanidade, que pode ser controlado de todas as formas possíveis. Solução para realização de trabalho braçal a objeto sexual.
Só acho que toda pessoa negra deveria ter um amigo do nível do Rod. Preocupado, fiel e sincero: "eu te avisei". Nunca confie em espaços totalmente brancos e não seja palmiteiro.
P.S.: a experiência fica melhor se você assistir acompanhado/a com pessoas negras. Os comentários ao longo do filme são os melhores e nos momentos finais para cada ação é uma chuva de aplausos.
Fragmentado
3.9 3,0K Assista AgoraDepois de assistir esse filme, há uma questão que não paro de me perguntar: será que o Fernando Pessoa sofria do mesmo distúrbio psicológico?
Jackie
3.4 740 Assista Agora"Acredito que os personagens que lemos nas páginas acabam sendo mais reais do que homens que estão ao nosso lado."
A Natalie vestiu completamente a pele da personagem.
Natalie Portman em Jackie >>> Emma Stone em La la land
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista Agora“- Essa brisa é boa pra caramba, mano.
- É mesmo.
- Às vezes, lá onde moro... bate essa brisa. Ela passa pela quebrada e tudo para por um segundo. Todo mundo quer sentir. Fica tudo quieto, sabe?
- E você só escuta o próprio coração batendo. Né?
- É bom demais, mano.
- Bom demais.
- Dá até vontade de chorar.
- Você chora?
- Não. Só dá vontade. E você, chora por quê?
- Choro tanto que, às vezes, acho que vou virar lágrimas. ”
Um filme sobre a dor da solidão do negro. O enredo cria um clima claustrofóbico usando como recurso os acontecimentos da vida de Chiron, principalmente através de seu silêncio, que diz muito. Um garoto negro e gay, esmagado por várias opressões, se torna introvertido e isolado pela própria estrutura que o cerca. Não vê outra opção a não ser viver dentro dele mesmo, com os sofrimentos e cicatrizes que acumulou com todas as experiências negativas que viveu/vive. A trajetória de uma vida, que representa várias, mostra de maneira detalhada que, para quem fecharam todas as portas da oportunidade, não há opção a não ser se tornar alguém que nunca quis ser.
Um Limite Entre Nós
3.8 1,1K Assista Agora"A partir de agora, essa criança tem mãe. Mas você não tem mulher".
Enredo visceral, focando no poder do diálogo. Elenco quase todo negro, dirigido e protagonizado pelo Denzel Washington ao lado da espetacular Viola Davis. Ninguém sabe vestir a pele do personagem tão bem quanto ela, ir da alegria ao sofrimento.
Estrelas Além do Tempo
4.3 1,5K Assista Agora"Onde você esteve? Sempre que olho, você não está onde preciso. [...] Então aonde vai todo dia?
- Ao banheiro, senhor.
- Ao banheiro? Na merda do banheiro! Por 40 min por dia? O que você faz lá? Estamos no limite aqui, pus muita fé em você.
- Não há banheiro para mim aqui.
- O que quer dizer com isso?
- Não tem banheiro! Não há banheiros para pessoas de cor neste prédio, em nenhum prédio fora do Campus Oeste. Que fica a quase 1km daqui! Sabia disso? Tenho que andar até o Timbuktu só para me aliviar. E não posso usar uma das bicicletas. Imagine isso, Senhor Harrison: Meu uniforme... Saia abaixo do joelho, dos calcanhares. E um simples colar de pérolas. Não tenho pérolas!
DEUS SABE QUE PESSOAS DE COR NÃO GANHAM O BASTANTE PARA ISSO! E TRABALHO COMO UMA CADELA, DIA E NOITE, BEBENDO CAFÉ DE UMA GARRAFA NA QUAL NENHUM DE VOCÊS QUER ENCOSTAR."
Desintegrei várias vezes, porque esse filme é muito pesado, especialmente a segregação explícita entre "pessoas de cor" e "pessoas brancas" em todos os espaços públicos e privados. Sem Katherine Johnson (Henson), Dorothy Vaughn e Mary Jackson, os avanços da NASA não seriam possíveis. John Glenn não faria uma órbita em volta da Terra com sucesso e, posteriormente, o homem não chegaria à Lua com tanta excelência. Mesmo assim, tudo o que fizeram foi secundarizado, elas foram invisibilizadas e humilhadas diariamente enquanto homens brancos ganharam o crédito por muito tempo e só recentemente as três tiveram o devido reconhecimento.
E muita coisa ainda não mudou, ainda esperam que mão negras sejam responsáveis somente pelo trabalho braçal. Nos confundem com as faxineiras, acham que somos babás dos nossos filhos, empregadas da própria casa, nos olham torto em espaços brancos porque é INEGÁVEL que a ascensão dos/as negro/as incomoda. Assim como a Mary disse, "cada vez que temos a chance de avançar, eles mudam a chegada."
Animais Noturnos
4.0 2,2K Assista Agora"- Por que você é tão motivado para escrever?
- Acho que é uma maneira de manter as coisas vivas. Salvando coisas que acabarão morrendo. Se eu escrevê-las... então vão durar para sempre. "
Esse diálogo é a chave para entender e ligar cada uma das narrativas: os acontecimentos da vida de Susan, o desenrolar da história dos personagens do manuscrito de Edward e os flashs do relacionamento de Susan com Edward. Tom Ford foi genial também no uso de tons de cores diferentes para o espectador identificar cada uma delas.
Geralmente eu não curto adaptação de livro, mas esse é um daqueles filmes que você assiste e fica pensando sobre vários dias depois, as escolhas ruins acabam se refletindo em todos os aspectos da vida dos personagens.
"Você já sentiu que sua vida se transformou em algo que você nunca quis?"
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraArrepiada. Astrofísica, linguística e protagonismo feminino, tudo o que eu amo em um filme só. A Amy Adams nunca me decepciona.
A Onda
4.2 1,9KExtremismo, independente da vertente a qual pertença, não é um bom caminho. Seja na política, direita ou esquerda (talvez seja por isso que estejamos tão divididos e socialistas e comunistas não consigam se entender), tanto quanto no feminismo (não procurando entender bifobia e até rolando transfobia entre as radicais) e também entre os LGBTs, o movimento não é constituído somente por gays. É necessário realmente que exista uma união nos grupos, mas isso não pode impedir eles de olharem com empatia uns para os outros. A revolução não acontece se você fica retido dentro de uma bolha.
Tomboy
4.2 1,6K Assista AgoraAs crianças no geral deram um show de atuação, tudo foi tão verdadeiro que por um momento me esqueci que estava assistindo a um filme.
[/spoiler]
Acho que a atitude da mãe foi mais cruel do que a reação das crianças ao descobrirem a verdade.
[spoiler]
Esse vai pra minha lista daqueles filmes que ficam vários dias transitando meus pensamentos. Um dos melhores que já assisti sobre gênero.
Corrente do Mal
3.2 1,8K Assista AgoraFazia tempo que eu não ficava tão aflita assistindo algo do gênero. Apesar de não ser algo tão clichê e ao mesmo tempo não ser tão inovador, gostei muito do enredo. O succubus/incubus se mostrou algo maligno justamente pelo modo simplório que perseguia suas vítimas, e isso aumentou muito a minha aflição. O filme provou que não é preciso que a "coisa" seja rápida ou sanguinária pra assustar.
Confissões
4.2 855Não sei o que amei mais nesse filme, se foi o roteiro bem desenvolvido, a fotografia impecável ou a trilha sonora que é embalada até pelo Radiohead.
Para Sempre Lilya
4.2 868Desintegrei completamente. Um dos filmes mais tristes que já assisti na minha vida. Acho que a frase que a Lilya fala para mãe, "Não vá, fique comigo! Não vou suportar!", resume tudo o que acontece depois que ela é proferida. Abandono dói, em todos os sentido possíveis.
O Sono da Morte
3.2 575 Assista AgoraJacob Tremblay é um verdadeiro talento em todo papel que atua. Adorrei ver essas cenas bizarras atreladas a fofura dele, fez toda a diferença.
Boneco do Mal
2.7 1,2K Assista AgoraEngraçado é que de acordo com o trailer do filme e com as minhas expectativas, eu esperava um filme clássico de boneco assassino/amaldiçoado, por isso gostei bastante do enredo embora o filme ainda siga os padrões de susto clássicos. E o que dizer da Lauren Cohan? Essa mulher dá um show de interpretação quando o tema é terror ou suspense.
A Bruxa
3.6 3,4K Assista AgoraGostei do filme porque já fui esperando por um terror diferente. O objetivo principal do filme não é dar os famigerados sustos que vemos em filmes desse gênero hoje em dia. Muito pelo contrário, há uma energia incômoda poderosa que está presente ao longo de todo o filme. Se você prestar muita atenção e captar todo o simbolismo que é transmitido nas entrelinhas, vai perceber como os animais, a energia da floresta, o sangue a todo o momento nas mais diferentes matérias transmitem ao negativo. Nisso ele se diferencia de vários filmes que assisti nos últimos anos.
Juventude
4.2 82 Assista AgoraBrilhante, como tudo que Bergman faz. Filme cheio de diálogos complexos e inteligentes, é impossível não se identificar com seus personagens. A vida é tão breve e quando algo ruim acontece, nossa dor parece nos isolar do resto do mundo a ponto de estranhar o porquê de todos estarem vivendo normalmente quando a realidade parece pesar como nunca antes. E a juventude? Época em que vivemos momentos que podem ser breves, mas que se eternizam na nossa memória e influenciam o nosso "eu" pelo resto da existência.
Doce Vingança
3.4 2,4K Assista AgoraFilme polêmico e que divide muitas opiniões a respeito do desenrolar da história. Eu particularmente gosto porque adoro esses filmes em que acontece uma reviravolta e os personagens injustiçados conseguem resolver suas questões no final. Mas, acredito que para gostar ou pelo menos tentar entender o que se passa com a Jennifer é necessário vestir a pele da personagem e sentir toda dor e sofrimento para compreender a origem de seus traumas e desejo de vingança. E claro, ter estômago forte para acompanhar as cenas sangrentas.
Eraserhead
3.9 929 Assista AgoraSimplesmente genial, assim como tudo que o David Lynch faz. É o tipo de filme em que a ideia de montar uma sinopse é simplesmente absurda porque o roteiro é tão complexo e difícil de decifrar que quem consegue ir até o fim, acaba tirando as próprias conclusões de acordo com a sua perspectiva pessoal. Linda e polêmica obra.
Perdido em Marte
4.0 2,3K Assista Agora"Comandante Lewis, talvez precise fazer uma coisa para mim. Se eu morrer, eu quero que vá falar com os meus pais, eles vão querer saber de tudo que aconteceu aqui em Marte. [...] Não estou desistindo, só precisamos estar prontos para qualquer desfecho. Por favor, diga a eles que eu amo o que eu faço, que eu sou muito bom nisso e que eu estou morrendo por algo grande e bonito, e maior do que eu."
Starman está na trilha sonora, foi a primeira vez que escutei Bowie depois de sua morte. Melhor contexto pra isso.
O Quarto de Jack
4.4 3,3K Assista AgoraMeu filme preferido dentre todos que foram indicados ao Oscar. Lindamente triste. Acho que o que torna o filme tão encantador é o fato dele ser contado a partir da perspectiva de uma criança com uma visão inocente em relação ao mundo e as relações humanas. É impossível conter as lágrimas depois que o filme passa da metade. É uma história envolvente, que te prende do começo ao fim e o interessante é que tudo é revelado aos poucos e o trailer não deixa a história muito clara, o que contribui para nos comover fortemente. E o que dizer da atuação do Jacob? Esse garoto é fantástico, sabe mesmo vestir o papel. Espero muito o ver em outras produções, ele vai longe!
A Garota Dinamarquesa
4.0 2,2K Assista AgoraO que mais me encanta no Eddie é essa capacidade que ele possui de vestir totalmente o papel do personagem a ponto de não ser possível ligá-lo a outro personagem que já tenha feito antes, em outro filme. Ele tem o poder de tornar cada personagem único. Ele e a Alicia Vikander deram um show de interpretação. E o filme passou a mensagem de que amar é acima de tudo dar liberdade ao outro para fazer e, principalmente, ser quem ele quiser.