O trailer e a arte da capa do filme são mais interessantes que o próprio filme. Esperava muito mais desse filme e no fim foi apenas uma amalgama insossa e entediante de um roteiro perdido, personagens chatos e sonoplastia brega. O filme é excessivamente expositivo e parece que sua existência se justifica apenas para inserir algumas falas e diálogos de uma luta/orgulho racial que sinceramente não atingirá que precisa ser atingido. É triste dizer, mas a obra falha magistralmente como experiência estética, como obra de protesto e falha como entretenimento.
Juliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho conseguiram ao meu ver construir em uma única trama diversas camadas interpretativas que se cruzam, entrelaçam e ao mesmo tempo permanecem independente. O filme é um retrato da história recôndita do povo brasileiro, que sofre, que resiste e persiste ao todo tipo de mácula imposta por potências, por políticos, pela própria "elite" que não se reconhece como parte do povo. Para além de todas as camadas críticas quase que atemporais em nosso percurso como nação a direção de arte e o desenvolvimento da história são de uma capacidade imersiva intensa e presta justa homagem à riqueza do nordeste que é assolado, esquecido e tratado como uma apátrida pela "elite". Vale ressaltar, o paralelo histórico entre os acontecimentos de Mossoró em 1927 x Bacurau x Brasil em 2019 como um alerta/chamado para os povo brasileiro. Em suma, não consigo descrever a magnanimidade dessa obra tal qual ela mereceria sem dar spoilers, portanto só posso definir esse filme como o um retrato do Brasil desnudo, impudico e perfeito.
Desnecessário é a palavra que define minha experiência com esse filme. Embora seja um grande fã do diretor os dois últimos filmes dele foram decepcionantes em escala crescente, sinceramente eu esperava uma recuperação na qualidade geral da produção em relação aos Oito Odiados, mas o que experienciei foi apenas uma versão piorada do que já havia acontecido. A fotografia, a trilha sonora assim como a ambientação temporal impecável são ofuscadas por uma história desconexa, personagens pouco construídos que se justificam apenas para se encaixar no final. A coisa mais cansativa entretanto, foi o uso excessivo de recursos metalinguísticos, onde a maior parte do filme é uma boneca russa de metalinguagem (uma gravação dentro de outra gravação... a personagem se vendo como outra personagem...) que não acrescenta nada para o roteiro além de uma simples nostalgia do diretor. Em resumo, esse filme é mais uma obra à la Birdman, que fala somente da indústria do cinema holywoodiano para a própria indústria do cinema holywoodiano como uma masturbação narcísica e nostálgica.
Embora tenha um ritmo lento até o meio do filme isso não atrapalha em nada a experiência visual que a direção de arte e fotografia do filme impregnam no olhar do espectador. Com uma estética ao meu ver inspirada nas capas dos discos de heavy metal dos anos 80, assistir à Mandy é assistir as representações oníricas e muitas vezes nonsense das referidas capas encadeadas em uma sequência crescente de violência que enche os olhos. É um bom filme, fiel no que se propõe e apesar da simplicidade do roteiro consegue ser criativo na maneira de executá-lo.
O filme parte de uma premissa original, é em si uma grande metáfora que dispensa explicações, consegue transmitir a crítica que pretende, porém o filme não oferece mais do que isso e em certo ponto torna-se circular, monótono e enjoativo. Embora tenha uma boa direção de arte, fotografia e todo aparato técnico bem estruturado não consegue prender a atenção ou instigar a curiosidade para permanecer assistindo até o final.
Não esperava muito do filme, assisiti apenas pela minha namorada, confesso que acreditei que seriam esses filmes "ativistas e melosos", esse filme, apesar da monotonia ao final me supreendeu, mesmo sendo um filme de Oscar, coisa que não vale muito para meus padrões. Não falerei dos cenário e da vida bucólica burguesa que é o desejo de qualquer um que vislumbre tais cenas. O diretor foi de um precisão ímpar ao construir gradualmente um primeiro amor, é justamente esse ponto em que o filme vence, pois o filme constrói uma situação que todos já viveram ou viverão, o de um amor arrebatador que se inscreve na nossa existência como as frases de um epitáfio em uma lápide, onde o cinzel a golpes de martelo tritura a pedra com delicadeza e profundidade, deixando-a uma marca que não se apagará. O filme é um retrado do nosso próprio âmago, que em sua simplicidade e sutileza nos conta mais sobre nós mesmos do que a história das personagens. P.S.: o diálogo final entre o pai de Eliot e Eliot para mim é o ponto mais bonito e fundamental do filme.
[/spoiler]O que vale mais? É através da angústia, da injustiça e principalmente no exercício de sua liberdade (no sentido mais sartreano possível) Selma nos leva a refletir sobre os valores éticos que pautam nossas escolhas e definem nossas vidas. Lars é muito preciso em construir gradualmente uma empatia com a personagem que nos leva a experienciar o sentido da empatheia em sua origem grega, de estar com a paixão do outro (Selma), de sentir com. Sentri medo, a esperança, a determinação, o objetivo cumprido e a [spoiler]agonia em seus momentos finais.
Esse filme introduz o dilema ético pelo sofrimento duplo (personagem e espectador) e nos faz pensar, o que vale mais?
Viver uma vida condenada à cegueira, privação e dependência ou livrar um ente querido do mesmo destino trágico? O que vale mais? Deixar seu filho sofrer sem a presença da mãe ou pela privação da visão?
Selma é a heroína clássica nos mesmos moldes de Antígona e o filme em si é uma tragédia moderna, onde nos faz parceber que não há escolha sem sofrimento,
e já que o sofrimento é inevitável, podemos ao menos escolher como vamos sofrer. Selma é em tese uma suícida em prol da vida...“O suicida quer a vida; não está descontente senão das contradições em que a vida se lhe oferece. Destruindo o corpo não renuncia ao querer-viver, mas unicamente ao viver”. (Schopenhauer). Ela não escolhe morrer por não gostar da vida, mas por querer afirmá-la em sua total potência em seu filho, é pelo amor ao "viver" pleno de seu filho que Selma se entrega à sua própria anulação.
Sutil, delicado e profudamente estético. Embora o roteiro seja monótono, sua elaboração foi muito assertiva em construir Van Gogh sem Van Gogh. Escolher o método de animação reproduzindo o estilo do pintor foi uma estratégia que nos permite uma imersão estética ao imaginário do artista, é como ver o mundo com os olhos hipotéticos de Van Gogh. O filme tem um duplo mérito, o primeiro da beleza (melhor se for no cinema), o segundo da sutileza de transmitir a sensibilidade e os conflitos do pintor de uma maneira simples e tocante.
Uma bela metáfora do caminho budista do desapego e anulação das ilusões que constituem a falsa noção do "Eu". O garoto que vaga sem noção de propriedade e desejo, sempre deixando tudo para trás, em um cíclico exercício de desapego que o torna livre. A esposa que deixa para trás uma vida luxosa, porém infeliz encontra a paz e a liberdade no "não possuir". O esposo possessivo como uma bela alusão ao apego e a ilusão de individualidade que nos prende (esposa) e nos impede de nos libertarmos do ciclo interrupto de desejo e sofrimento que só é possível com a anulação da noção do "Eu". Esse três ingredientes conceituais foram magistralmente materializados nesse filme silencioso, calmo e sensível.
A progresso do garoto na prisão, parte mais "estranha" do filme demonstra 2 estágios iniciais da anulação dos fenômenos constitutivos da individualidade: 1-forma corporal (torna-se invisível, sem peso)/2-sensações (não sente dor ao apenhar do guarda. .
No final, a esposa que encontra-se em paz, com o marido possessivo e a vida luxosa, mas ainda sim, em contato com o garoto, representa em minha livre interpretação a ideia do sábio que contempla a iluminação, a liberdade, mas permanece no mundo em paz, sem ser afetado por ele (marido), assim como a flor de lótus que nasce da lama e se expande para a superfície sem se sujar, mas ainda com suas raízes na lama da qual se originou.
Estava buscando um conceito para definir esse filme e não encontrei um que existia e me dei a liberdade de cunhar o termo pessimismo cômico que os Coreanos dominam tão bem, ao mesmo tempo que ria sentia uma profunda empatia e tristeza por ver nas personagens o retrado da minha e na nossa vida pós-moderna. A alienação, a solidão, a depressão que assola o sujeito contemporâneo com suas expectativas de "sucesso" que afastam o homem de si mesmo é máxima do filme que sintetiza sutilemente um esforço de Sísifo com o enquadramento de normalidade à lógica da sociedade burguesa foucaultina. Por mais que tente e descubra que existe outra alternativa, você não vai escapar da miséria existêncial que o mundo pós-moderno inflige às pessoas em troca do lucro material de poucos.
O que sustenta o filme é a atuação de J.K. Simmons, do resto é chato, repetitivo, previsível e com finalzinho sem graça típico do padrão de filmes de Oscar. Sem sal nem açúcar, não provoca nenhuma reflexão ou experiência estética além de simples distração. As personagens são pouco exploradas e mal construídas. Podemos resumir o filme em um garoto que pratica bateria até as mão sangrarem e no fim ele aprende e pronto.
Poucas personagens, roteiro simples e realista. Realismo é justamente a grande ponto do filme, acredito que muitos devem se perguntar o que será de nossas vidas quando chegarmos no limítrofe do tempo que temos? Quando o passado é maior do que o futuro o que nos restará? Esse filme em sua tocante simplicidade nos apresenta a liberdade que a velhice nos dá, pois sem preocupações com o futuro, os dias se presentificam, deixam de ser apenas mais um dia riscado no calendário. A única coisa que se espera é a morte, mas não uma espera passiva, é o aproveitar cada momento que ainda resta, por mais simples e rotineiro que seja, pois "Ninguém é tão velho que não espere que depois de um dia não venha outro". (Sêneca)
A mais bela representação dos conceitos de dukha e samsâra. É um filme belo, delicado e ao mesmo tempo impactante, não é um filme que se assiste esperando grandes reviravoltas ou alguma sacada genial. Em sua simplicidade e previsibilidade a obra ultrapassa qualquer recurso narrativo para se validar, é justamente na assertividade da sua falta de pretensão que está sua riqueza. Munir-se de conceitos básicos do budismo antes de assisti-lo torna a experiência estética mais rica, no entanto, não é um pré-requisito, pois a dinâmica da obra é simples e crua como a vida.
Cada estação representa didaticamente uma das quatro nobre verdades búdicas: 1. Verdade do sofrimento "condição existência" (verão - criança maltratando animais); 2. Verdade da origem do sofrimento "desejo e apego" (primavera - paixão); 3. Verdade do fim do sofrimento "desapego" (outono - o monge que entrega o discípulo/suicídio); 4. Verdade do caminho para o fim do sofrimento "o caminho óctuplo" novo monge que retoma os princípios búdicos e nova criança, restabelecimento da ordem inicial (inverno - recolhimento para a retomada do ciclo).
Contemplar essa obra é contemplar o budismo através de poesia visual.
Poderia ser um bom filme do gênero, seu enredo apresenta sobriedade e em certos pontos desenvolve uma tensão a princípio cativante, porém não há um desenvolvimento muito claro do roteiro, o que deixa o filme um pouco sem graça, talvez tenha faltado tempo para desenvolver melhor a história, pois são nos 15 minutos finais que a trama chega ao seu ápice para abruptamente ser encerrada.
Poucos diálogos, poucos acontecimentos, pouco tempo e muita estética no sentido mais literal de aisthesis. Existir é reconhecer o mundo e ser reconhecido pelo mundo, o reconhecer sem ser reconhecido anula nossa existência, é justamente esse olhar sobre a morte que o filme desenvolve sua metáfora. A morte em si é veiculo para uma reflexão sobre a vida, e o que nos faz validar e perceber nossa existência. O fantasma é uma perfeita alegoria para como muitos de nós passa pela vida; sem a capacidade de aceitar o que não podemos controlar, presos as lembranças ao passado, anulando nosso presente e nosso "vir a ser". Estar preso ao passado é estar morto é ser um fantasma que está no presente, mas não é percebido por ele "pois cada dia que passa entra no domínio da morte. (...) porque vemos a morte mais à frente: grande parte dela já está no passado. Sêneca". Esse filme trata ao meu ver, sobre o fantasma que insistimos em ser.
Esse filme me decepcionou, assisti logo na estreia e não soube o que comentar. Em aspectos técnicos o filme é bom, boa direção de arte, trilha sonora...mas como filme em si não vejo nenhuma qualidade, são 2:45h de absoluto nada. Roteiro arrastado, enrolado sem um desenvolvimento claro do que se pretende abordar. As personagens não são construidas ao longo da "trama", tornando-as antipáticas e sem expressividade, sendo que muitas são dispensáveis. Os diálogos são pobres, mecânicos e não contribuem para um suposto direcionamento filosófico/antropológico como se constrói em seu antecessor. O climax do filme é um plot twist pobre, previsível e clichê, não há nada de inovador que não tenha sido explorado em outros filmes de uma maneira mais sólida, direta e contundente. Villeneuve transformou algo que poderia ser uma obra prima em um filme oco, recheado com uma bela direção de arte em um ambiente cansativo, chato e pouco explorado em sua potência. A única questão que esse filme induz a pensar é: qual o seu objetivo?
Sensível, delicado e contundente no que se propõe. O filme utiliza de elementos da tragédia clássica para transmitir de uma maneira densa as maiores contradições do âmago humano. Nossos conflitos mais íntimos são transpostos para história de Miguel e Santiago, e ao assistir o filme, nos deparamos com um retrato fidedigno de nossa própria condição existencial no que concerne às nossas escolhas e aceitação das consequências que deles advém. Negar os nossos desejos é negar quem somos, esconder-se de si mesmo é tarefa sisífica que o filme retrata da maneira mais bela e sóbria que já vi. Acredito que ninguém passará incólume depois de assisti-lo.
O filme é espetacularmente sublime em significações, a partir de uma única narrativa é possível abrir um leque enorme e inesgotável de sentidos a serem construídos. Aronofsky explora de uma maneira poética e perturbadora
o trajeto da criativo de Deus, no entanto, não se limita a isso, ultrapassando os conceitos cristãos
ele sinaliza o constante e repetitivo esforço criativo divino em superar constantemente sua obra transvalorando-a a cada vez que essa se completa, destruindo-a e reconstruindo-a a cada vez que a mesma alcança seu ápice e degenera.
A relação entre a depredação da casa e a necrose do coração da mãe é o indicador da iminente apocatástase, ciclo infindável de destruição/renovação. Dessa forma Aronofsky nos apresenta um Deus egóico, artífice de um universo criado para satisfazer seu desejo de ser amado e de amar o amor que os outros (criaturas) possuem por ele.
Todo herói precisa morrer, e é justamente na morte que se revela toda a metáfora da humanidade presente em todo inumano. De Dom Quixote à Aquiles, seja o anti-herói de Cervantes ou o herói de Homero é a morte como escolha ou acaso que dignifica e significa as ações regressas. É sempre a última aventura do herói que demarca a qualidade de sua existência, oferecendo a possibilidade de expurgar os pecados cometidos com um último sacrifício de sangue. A construção da trama do fim catártico da personagem no filme Logan é uma mistura de western à luz da construção trágica clássica, fazendo deste filme o melhor e mais notável da série de mutantes, transcendendo em muito o estilo e qualidade dos filmes anteriores da personagem.
É um bom filme, acredito que é melhor do que as avaliações que li, pois, embora tenha um roteiro simples e um desenvolvimento intermitente ele vale como experiência fotográfica com um uso de cores muito bem casada, além de uma trilha sonora bem contextualizada e significativa para o tema pretendido. Não espere um filme que te leve à questionamentos existencias, pois não é sua proposta. No entanto, para quem possui dificuldade com filmes de ação eu recomendo, pois o diretor foi capaz de unir uma sensibilidade estética muito apurada com cenas de perseguições e lutas intensas muitas vezes sóbrias.
É possível condensar as personagens na estrofe da música semi homônima de Mozart "Condenados malditos/Lançados às chamas devoradoras". A obra é uma elegia visual que narra o percurso dos sonhos natimortos das personagens. Os recursos visuais simples, porém com uma linguagem inovadora aliados à uma trilha sonora forte dão um ar de tensão e desespero que progridem em tensão conforme a agonia das personagens aumenta. Cada personagem é condenado por seu sonho que nasce de um vício e o afunda ora em delírio ora em desespero. O trágico dos sonhos é o reflexo do vazio do âmago das personagens.
O amor é um estado anímico paradoxal, supera os ditames da razão e nos faz desejar justamente aquilo que racionalmente sabemos ser impossível. E sabendo ser impossível insistimos desejar, pois amamos, e por amar sofremos pelo que é sabido ser inconcebível. Assim como os andrógenos de Platão que passaram a perambular em busca de seu ser complementar vivemos nos experimentando no outro, buscando preencher o vazio de nossa existência através do reconhecimento de sermos únicos para alguém que satisfaça em nós o que somos incapazes de conceber autonomamente. No entanto, querer ser único para alguém que amamos constitui na exclusão do pressuposto de que ninguém é único, pois existem milhares de pessoas por quem poderemos nos apaixonar no mundo, apenas não as encontramos e talvez não as encontraremos devido às nossas limitações físicas, espaciais e temporais. Contudo se pudéssemos nos conectar a milhares de pessoas simultaneamente, a exclusividade paradoxalmente desejada esvai-se, porém isso não exclui deixar de amar um porque se ama outros milhares, pois o amor não muda seu estado por mudar de objeto. É justamente nesse ponto que o filme mais me tocou, criamos a ilusão de sermos únicos para alguém, e desejamos que seja assim, porém um simples acaso estatístico pode desmantelar essa ilusão, quando nos deparamos com as infinitas possibilidades de sermos sistematicamente trocados pelo fato de não sabermos conviver com o fato de não sermos únicos, mas apenas mais uma pessoa compatível. Ou seja, a possibilidade de um relacionamento durar significativamente apenas depende das pessoas que encontraremos casualmente em nossas vidas.
Ruim, roteiro previsível, recheado de clichês com forte apelo religioso é quase uma reprodução de roteiro e clichês de Coração Valente e Patriota. Não apresentada nada de novo e não estimula o espectador a assistir o resto do filme (como eu), uma vez que já todos os acontecimentos já estão dados. Sem contar nas cenas de batalhas ultra romantizadas e saturadas de explosões a lá Michel Bay, por exemplo nas primeiras cenas do filmes os corpos dos soldados saltavam aleatoriamente como se estivessem em um pula-pula. Não recomendo, se quiser ver um bom filme de guerra veja Além da Linha Vermelha.
Esse filme me remeteu à célebre máxima de Platão "Seja gentil, pois todos que você encontrar estarão enfrentando uma dura batalha". É justamente a última parte da máxima que encontramos a personagem em certos momentos delirantes, seja por conta do abuso de álcool, drogas ou pelo sofrimento hercúleo que se inscreve em seu âmago, transparecendo em seus atos desmedidos justamente aquilo que lhe atormenta pela falta. Seu sofrer quer se fazer sofrer, fazer os outros à sua volta sofrer, pelos simples fato da ausência de empatia de seus pares. Mesmo sendo um filme curto é capaz de ser intenso e sensível, sem falar no ritmo frenético, que se não foi proposital calhou perfeitamente para ajudar a transparecer a essência atormentada da personagem.
Destacamento Blood
3.8 448 Assista AgoraO trailer e a arte da capa do filme são mais interessantes que o próprio filme. Esperava muito mais desse filme e no fim foi apenas uma amalgama insossa e entediante de um roteiro perdido, personagens chatos e sonoplastia brega. O filme é excessivamente expositivo e parece que sua existência se justifica apenas para inserir algumas falas e diálogos de uma luta/orgulho racial que sinceramente não atingirá que precisa ser atingido. É triste dizer, mas a obra falha magistralmente como experiência estética, como obra de protesto e falha como entretenimento.
Bacurau
4.3 2,7K Assista AgoraJuliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho conseguiram ao meu ver construir em uma única trama diversas camadas interpretativas que se cruzam, entrelaçam e ao mesmo tempo permanecem independente. O filme é um retrato da história recôndita do povo brasileiro, que sofre, que resiste e persiste ao todo tipo de mácula imposta por potências, por políticos, pela própria "elite" que não se reconhece como parte do povo.
Para além de todas as camadas críticas quase que atemporais em nosso percurso como nação a direção de arte e o desenvolvimento da história são de uma capacidade imersiva intensa e presta justa homagem à riqueza do nordeste que é assolado, esquecido e tratado como uma apátrida pela "elite".
Vale ressaltar, o paralelo histórico entre os acontecimentos de Mossoró em 1927 x Bacurau x Brasil em 2019 como um alerta/chamado para os povo brasileiro.
Em suma, não consigo descrever a magnanimidade dessa obra tal qual ela mereceria sem dar spoilers, portanto só posso definir esse filme como o um retrato do Brasil desnudo, impudico e perfeito.
Era Uma Vez em... Hollywood
3.8 2,3K Assista AgoraDesnecessário é a palavra que define minha experiência com esse filme. Embora seja um grande fã do diretor os dois últimos filmes dele foram decepcionantes em escala crescente, sinceramente eu esperava uma recuperação na qualidade geral da produção em relação aos Oito Odiados, mas o que experienciei foi apenas uma versão piorada do que já havia acontecido. A fotografia, a trilha sonora assim como a ambientação temporal impecável são ofuscadas por uma história desconexa, personagens pouco construídos que se justificam apenas para se encaixar no final. A coisa mais cansativa entretanto, foi o uso excessivo de recursos metalinguísticos, onde a maior parte do filme é uma boneca russa de metalinguagem (uma gravação dentro de outra gravação... a personagem se vendo como outra personagem...) que não acrescenta nada para o roteiro além de uma simples nostalgia do diretor. Em resumo, esse filme é mais uma obra à la Birdman, que fala somente da indústria do cinema holywoodiano para a própria indústria do cinema holywoodiano como uma masturbação narcísica e nostálgica.
Mandy: Sede de Vingança
3.3 537 Assista AgoraEmbora tenha um ritmo lento até o meio do filme isso não atrapalha em nada a experiência visual que a direção de arte e fotografia do filme impregnam no olhar do espectador. Com uma estética ao meu ver inspirada nas capas dos discos de heavy metal dos anos 80, assistir à Mandy é assistir as representações oníricas e muitas vezes nonsense das referidas capas encadeadas em uma sequência crescente de violência que enche os olhos. É um bom filme, fiel no que se propõe e apesar da simplicidade do roteiro consegue ser criativo na maneira de executá-lo.
O Lagosta
3.8 1,4K Assista AgoraO filme parte de uma premissa original, é em si uma grande metáfora que dispensa explicações, consegue transmitir a crítica que pretende, porém o filme não oferece mais do que isso e em certo ponto torna-se circular, monótono e enjoativo. Embora tenha uma boa direção de arte, fotografia e todo aparato técnico bem estruturado não consegue prender a atenção ou instigar a curiosidade para permanecer assistindo até o final.
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista AgoraNão esperava muito do filme, assisiti apenas pela minha namorada, confesso que acreditei que seriam esses filmes "ativistas e melosos", esse filme, apesar da monotonia ao final me supreendeu, mesmo sendo um filme de Oscar, coisa que não vale muito para meus padrões. Não falerei dos cenário e da vida bucólica burguesa que é o desejo de qualquer um que vislumbre tais cenas.
O diretor foi de um precisão ímpar ao construir gradualmente um primeiro amor, é justamente esse ponto em que o filme vence, pois o filme constrói uma situação que todos já viveram ou viverão, o de um amor arrebatador que se inscreve na nossa existência como as frases de um epitáfio em uma lápide, onde o cinzel a golpes de martelo tritura a pedra com delicadeza e profundidade, deixando-a uma marca que não se apagará.
O filme é um retrado do nosso próprio âmago, que em sua simplicidade e sutileza nos conta mais sobre nós mesmos do que a história das personagens.
P.S.: o diálogo final entre o pai de Eliot e Eliot para mim é o ponto mais bonito e fundamental do filme.
Dançando no Escuro
4.4 2,3K Assista Agora[/spoiler]O que vale mais? É através da angústia, da injustiça e principalmente no exercício de sua liberdade (no sentido mais sartreano possível) Selma nos leva a refletir sobre os valores éticos que pautam nossas escolhas e definem nossas vidas. Lars é muito preciso em construir gradualmente uma empatia com a personagem que nos leva a experienciar o sentido da empatheia em sua origem grega, de estar com a paixão do outro (Selma), de sentir com. Sentri medo, a esperança, a determinação, o objetivo cumprido e a [spoiler]agonia em seus momentos finais.
Esse filme introduz o dilema ético pelo sofrimento duplo (personagem e espectador) e nos faz pensar, o que vale mais?
Viver uma vida condenada à cegueira, privação e dependência ou livrar um ente querido do mesmo destino trágico? O que vale mais? Deixar seu filho sofrer sem a presença da mãe ou pela privação da visão?
e já que o sofrimento é inevitável, podemos ao menos escolher como vamos sofrer.
Selma é em tese uma suícida em prol da vida...“O suicida quer a vida; não está descontente senão das contradições em que a vida se lhe oferece. Destruindo o corpo não renuncia ao querer-viver, mas unicamente ao viver”. (Schopenhauer). Ela não escolhe morrer por não gostar da vida, mas por querer afirmá-la em sua total potência em seu filho, é pelo amor ao "viver" pleno de seu filho que Selma se entrega à sua própria anulação.
Com Amor, Van Gogh
4.3 1,0K Assista AgoraSutil, delicado e profudamente estético. Embora o roteiro seja monótono, sua elaboração foi muito assertiva em construir Van Gogh sem Van Gogh. Escolher o método de animação reproduzindo o estilo do pintor foi uma estratégia que nos permite uma imersão estética ao imaginário do artista, é como ver o mundo com os olhos hipotéticos de Van Gogh. O filme tem um duplo mérito, o primeiro da beleza (melhor se for no cinema), o segundo da sutileza de transmitir a sensibilidade e os conflitos do pintor de uma maneira simples e tocante.
Casa Vazia
4.2 409Uma bela metáfora do caminho budista do desapego e anulação das ilusões que constituem a falsa noção do "Eu". O garoto que vaga sem noção de propriedade e desejo, sempre deixando tudo para trás, em um cíclico exercício de desapego que o torna livre. A esposa que deixa para trás uma vida luxosa, porém infeliz encontra a paz e a liberdade no "não possuir". O esposo possessivo como uma bela alusão ao apego e a ilusão de individualidade que nos prende (esposa) e nos impede de nos libertarmos do ciclo interrupto de desejo e sofrimento que só é possível com a anulação da noção do "Eu". Esse três ingredientes conceituais foram magistralmente materializados nesse filme silencioso, calmo e sensível.
A progresso do garoto na prisão, parte mais "estranha" do filme demonstra 2 estágios iniciais da anulação dos fenômenos constitutivos da individualidade: 1-forma corporal (torna-se invisível, sem peso)/2-sensações (não sente dor ao apenhar do guarda. .
No final, a esposa que encontra-se em paz, com o marido possessivo e a vida luxosa, mas ainda sim, em contato com o garoto, representa em minha livre interpretação a ideia do sábio que contempla a iluminação, a liberdade, mas permanece no mundo em paz, sem ser afetado por ele (marido), assim como a flor de lótus que nasce da lama e se expande para a superfície sem se sujar, mas ainda com suas raízes na lama da qual se originou.
Náufrago da Lua
4.3 89Estava buscando um conceito para definir esse filme e não encontrei um que existia e me dei a liberdade de cunhar o termo pessimismo cômico que os Coreanos dominam tão bem, ao mesmo tempo que ria sentia uma profunda empatia e tristeza por ver nas personagens o retrado da minha e na nossa vida pós-moderna. A alienação, a solidão, a depressão que assola o sujeito contemporâneo com suas expectativas de "sucesso" que afastam o homem de si mesmo é máxima do filme que sintetiza sutilemente um esforço de Sísifo com o enquadramento de normalidade à lógica da sociedade burguesa foucaultina. Por mais que tente e descubra que existe outra alternativa, você não vai escapar da miséria existêncial que o mundo pós-moderno inflige às pessoas em troca do lucro material de poucos.
Whiplash: Em Busca da Perfeição
4.4 4,1K Assista AgoraO que sustenta o filme é a atuação de J.K. Simmons, do resto é chato, repetitivo, previsível e com finalzinho sem graça típico do padrão de filmes de Oscar. Sem sal nem açúcar, não provoca nenhuma reflexão ou experiência estética além de simples distração. As personagens são pouco exploradas e mal construídas. Podemos resumir o filme em um garoto que pratica bateria até as mão sangrarem e no fim ele aprende e pronto.
Lucky
4.1 193 Assista AgoraPoucas personagens, roteiro simples e realista. Realismo é justamente a grande ponto do filme, acredito que muitos devem se perguntar o que será de nossas vidas quando chegarmos no limítrofe do tempo que temos? Quando o passado é maior do que o futuro o que nos restará? Esse filme em sua tocante simplicidade nos apresenta a liberdade que a velhice nos dá, pois sem preocupações com o futuro, os dias se presentificam, deixam de ser apenas mais um dia riscado no calendário. A única coisa que se espera é a morte, mas não uma espera passiva, é o aproveitar cada momento que ainda resta, por mais simples e rotineiro que seja, pois "Ninguém é tão velho que não espere que depois de um dia não venha outro". (Sêneca)
Primavera, Verão, Outono, Inverno e... Primavera
4.3 377A mais bela representação dos conceitos de dukha e samsâra. É um filme belo, delicado e ao mesmo tempo impactante, não é um filme que se assiste esperando grandes reviravoltas ou alguma sacada genial. Em sua simplicidade e previsibilidade a obra ultrapassa qualquer recurso narrativo para se validar, é justamente na assertividade da sua falta de pretensão que está sua riqueza.
Munir-se de conceitos básicos do budismo antes de assisti-lo torna a experiência estética mais rica, no entanto, não é um pré-requisito, pois a dinâmica da obra é simples e crua como a vida.
Cada estação representa didaticamente uma das quatro nobre verdades búdicas: 1. Verdade do sofrimento "condição existência" (verão - criança maltratando animais); 2. Verdade da origem do sofrimento "desejo e apego" (primavera - paixão); 3. Verdade do fim do sofrimento "desapego" (outono - o monge que entrega o discípulo/suicídio); 4. Verdade do caminho para o fim do sofrimento "o caminho óctuplo" novo monge que retoma os princípios búdicos e nova criança, restabelecimento da ordem inicial (inverno - recolhimento para a retomada do ciclo).
Contemplar essa obra é contemplar o budismo através de poesia visual.
Ao Cair da Noite
3.1 976 Assista AgoraPoderia ser um bom filme do gênero, seu enredo apresenta sobriedade e em certos pontos desenvolve uma tensão a princípio cativante, porém não há um desenvolvimento muito claro do roteiro, o que deixa o filme um pouco sem graça, talvez tenha faltado tempo para desenvolver melhor a história, pois são nos 15 minutos finais que a trama chega ao seu ápice para abruptamente ser encerrada.
Sombras da Vida
3.8 1,3K Assista AgoraPoucos diálogos, poucos acontecimentos, pouco tempo e muita estética no sentido mais literal de aisthesis.
Existir é reconhecer o mundo e ser reconhecido pelo mundo, o reconhecer sem ser reconhecido anula nossa existência, é justamente esse olhar sobre a morte que o filme desenvolve sua metáfora. A morte em si é veiculo para uma reflexão sobre a vida, e o que nos faz validar e perceber nossa existência. O fantasma é uma perfeita alegoria para como muitos de nós passa pela vida; sem a capacidade de aceitar o que não podemos controlar, presos as lembranças ao passado, anulando nosso presente e nosso "vir a ser". Estar preso ao passado é estar morto é ser um fantasma que está no presente, mas não é percebido por ele "pois cada dia que passa entra no domínio da morte. (...) porque vemos a morte mais à frente: grande parte dela já está no passado. Sêneca".
Esse filme trata ao meu ver, sobre o fantasma que insistimos em ser.
Blade Runner 2049
4.0 1,7K Assista AgoraEsse filme me decepcionou, assisti logo na estreia e não soube o que comentar. Em aspectos técnicos o filme é bom, boa direção de arte, trilha sonora...mas como filme em si não vejo nenhuma qualidade, são 2:45h de absoluto nada. Roteiro arrastado, enrolado sem um desenvolvimento claro do que se pretende abordar. As personagens não são construidas ao longo da "trama", tornando-as antipáticas e sem expressividade, sendo que muitas são dispensáveis. Os diálogos são pobres, mecânicos e não contribuem para um suposto direcionamento filosófico/antropológico como se constrói em seu antecessor. O climax do filme é um plot twist pobre, previsível e clichê, não há nada de inovador que não tenha sido explorado em outros filmes de uma maneira mais sólida, direta e contundente. Villeneuve transformou algo que poderia ser uma obra prima em um filme oco, recheado com uma bela direção de arte em um ambiente cansativo, chato e pouco explorado em sua potência. A única questão que esse filme induz a pensar é: qual o seu objetivo?
Contra Corrente
4.0 408Sensível, delicado e contundente no que se propõe. O filme utiliza de elementos da tragédia clássica para transmitir de uma maneira densa as maiores contradições do âmago humano. Nossos conflitos mais íntimos são transpostos para história de Miguel e Santiago, e ao assistir o filme, nos deparamos com um retrato fidedigno de nossa própria condição existencial no que concerne às nossas escolhas e aceitação das consequências que deles advém.
Negar os nossos desejos é negar quem somos, esconder-se de si mesmo é tarefa sisífica que o filme retrata da maneira mais bela e sóbria que já vi. Acredito que ninguém passará incólume depois de assisti-lo.
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraO filme é espetacularmente sublime em significações, a partir de uma única narrativa é possível abrir um leque enorme e inesgotável de sentidos a serem construídos. Aronofsky explora de uma maneira poética e perturbadora
o trajeto da criativo de Deus, no entanto, não se limita a isso, ultrapassando os conceitos cristãos
A relação entre a depredação da casa e a necrose do coração da mãe é o indicador da iminente apocatástase, ciclo infindável de destruição/renovação. Dessa forma Aronofsky nos apresenta um Deus egóico, artífice de um universo criado para satisfazer seu desejo de ser amado e de amar o amor que os outros (criaturas) possuem por ele.
Logan
4.3 2,6K Assista AgoraTodo herói precisa morrer, e é justamente na morte que se revela toda a metáfora da humanidade presente em todo inumano. De Dom Quixote à Aquiles, seja o anti-herói de Cervantes ou o herói de Homero é a morte como escolha ou acaso que dignifica e significa as ações regressas. É sempre a última aventura do herói que demarca a qualidade de sua existência, oferecendo a possibilidade de expurgar os pecados cometidos com um último sacrifício de sangue. A construção da trama do fim catártico da personagem no filme Logan é uma mistura de western à luz da construção trágica clássica, fazendo deste filme o melhor e mais notável da série de mutantes, transcendendo em muito o estilo e qualidade dos filmes anteriores da personagem.
Atômica
3.6 1,1K Assista AgoraÉ um bom filme, acredito que é melhor do que as avaliações que li, pois, embora tenha um roteiro simples e um desenvolvimento intermitente ele vale como experiência fotográfica com um uso de cores muito bem casada, além de uma trilha sonora bem contextualizada e significativa para o tema pretendido. Não espere um filme que te leve à questionamentos existencias, pois não é sua proposta. No entanto, para quem possui dificuldade com filmes de ação eu recomendo, pois o diretor foi capaz de unir uma sensibilidade estética muito apurada com cenas de perseguições e lutas intensas muitas vezes sóbrias.
Réquiem para um Sonho
4.3 4,4K Assista AgoraÉ possível condensar as personagens na estrofe da música semi homônima de Mozart "Condenados malditos/Lançados às chamas devoradoras". A obra é uma elegia visual que narra o percurso dos sonhos natimortos das personagens. Os recursos visuais simples, porém com uma linguagem inovadora aliados à uma trilha sonora forte dão um ar de tensão e desespero que progridem em tensão conforme a agonia das personagens aumenta. Cada personagem é condenado por seu sonho que nasce de um vício e o afunda ora em delírio ora em desespero. O trágico dos sonhos é o reflexo do vazio do âmago das personagens.
Ela
4.2 5,8K Assista AgoraO amor é um estado anímico paradoxal, supera os ditames da razão e nos faz desejar justamente aquilo que racionalmente sabemos ser impossível. E sabendo ser impossível insistimos desejar, pois amamos, e por amar sofremos pelo que é sabido ser inconcebível. Assim como os andrógenos de Platão que passaram a perambular em busca de seu ser complementar vivemos nos experimentando no outro, buscando preencher o vazio de nossa existência através do reconhecimento de sermos únicos para alguém que satisfaça em nós o que somos incapazes de conceber autonomamente. No entanto, querer ser único para alguém que amamos constitui na exclusão do pressuposto de que ninguém é único, pois existem milhares de pessoas por quem poderemos nos apaixonar no mundo, apenas não as encontramos e talvez não as encontraremos devido às nossas limitações físicas, espaciais e temporais. Contudo se pudéssemos nos conectar a milhares de pessoas simultaneamente, a exclusividade paradoxalmente desejada esvai-se, porém isso não exclui deixar de amar um porque se ama outros milhares, pois o amor não muda seu estado por mudar de objeto. É justamente nesse ponto que o filme mais me tocou, criamos a ilusão de sermos únicos para alguém, e desejamos que seja assim, porém um simples acaso estatístico pode desmantelar essa ilusão, quando nos deparamos com as infinitas possibilidades de sermos sistematicamente trocados pelo fato de não sabermos conviver com o fato de não sermos únicos, mas apenas mais uma pessoa compatível. Ou seja, a possibilidade de um relacionamento durar significativamente apenas depende das pessoas que encontraremos casualmente em nossas vidas.
Até o Último Homem
4.2 2,0K Assista AgoraRuim, roteiro previsível, recheado de clichês com forte apelo religioso é quase uma reprodução de roteiro e clichês de Coração Valente e Patriota. Não apresentada nada de novo e não estimula o espectador a assistir o resto do filme (como eu), uma vez que já todos os acontecimentos já estão dados. Sem contar nas cenas de batalhas ultra romantizadas e saturadas de explosões a lá Michel Bay, por exemplo nas primeiras cenas do filmes os corpos dos soldados saltavam aleatoriamente como se estivessem em um pula-pula. Não recomendo, se quiser ver um bom filme de guerra veja Além da Linha Vermelha.
Filth: O Nome da Ambição
3.7 488 Assista AgoraEsse filme me remeteu à célebre máxima de Platão "Seja gentil, pois todos que você encontrar estarão enfrentando uma dura batalha". É justamente a última parte da máxima que encontramos a personagem em certos momentos delirantes, seja por conta do abuso de álcool, drogas ou pelo sofrimento hercúleo que se inscreve em seu âmago, transparecendo em seus atos desmedidos justamente aquilo que lhe atormenta pela falta. Seu sofrer quer se fazer sofrer, fazer os outros à sua volta sofrer, pelos simples fato da ausência de empatia de seus pares. Mesmo sendo um filme curto é capaz de ser intenso e sensível, sem falar no ritmo frenético, que se não foi proposital calhou perfeitamente para ajudar a transparecer a essência atormentada da personagem.