Galera podia parar de falar que tem arco sem fim ou personagem inútil né? Vamo pensar um pouco nos temas que a série trata que logo você percebe que praticamente TODOS os personagens tem algum ponto de existir, até a mãe drogada ou o cara que mata o casal Tarantino. Mas vamo lá, facilitando pra vocês:
Audrey: provavelmente em um hospital ou na white lodge/derivados - tem suas cenas que são ótimas e bem Existencialism 101, além de falar sobre sonhos, um dos grandes pontos da série.
Becky: repetindo a história da mãe e do pai (se envolvendo com drogas e etc - repetição um dos grandes pontos também), repete também questão de relacionamento com os pais a lá a ótima cena do Major com o Bobby na 2ª temporada (que foi chave pra redenção do Bobby nessa temporada, outro tema da série - busca pelo bem). Mas no fim a Shelly ainda sai com um traficante (e um envolvido com a Black Lodge) - repetição de novo.
Freddy, o da luva: pessoas comuns envolvidas com as misteriosas forças do universo ("why me?" "why not you?"). Assim como Lucy, que junto com o Andy são os personagens com o coração mais puro da série, atira no Mr. C., derrotar o Bob foi tarefa de uma pessoa qualquer - a bondade no mundo, outro tema da série.
Drunk e Chad: Chad pra falar da corrupção da polícia - a maldade no mundo - e, junto com o Drunk, se juntarem todos nas celas para reforçar o caráter de "destino" para o que culminou na cena em que o Bob morre.
Outros pontos chave: paranóia, hipocrisia suburbana, instituições precárias e mentirosas, pós-guerra, brincadeira com a violência na televisão (assim como a série original brincava com novela), a própria violência, o espírito americano, o capitalismo atual, os mistérios da existência - e como nunca teremos uma resposta concreta disso - etc etc etc. São 18 horas e dá pra escrever um livro sobre tudo que a série aborda.
Mais alguma coisa ou vocês vão continuar reclamando de "roteiro ruim" e "montagem problemática"? Não ligo de não gostarem da série, mas parem de inventar motivo que não foi e nem nunca vai ser o ponto dela - é como se vocês tivessem falando que tal filme de terror não é bom porque não tem comédia.
Eu de verdade não sei que atrativo a série pode ter hoje se a pessoa não gosta do Dougie. Ele é o cerne de toda essa discussão sobre a cultura norte-americana e sobre a vida como um todo que a série tá tentando fazer agora. "Watch and listen to the dream of time and space". O que você faz quando passa 25 anos preso em um lugar que nem tempo, nem espaço existem? Lynch com essa redescoberta da vida pelo Cooper brinca com todo o significado de estar vivo: trabalhar, amar, socializar, transar e por aí vai. É lindo como o Coop cai nesse universo no meio ultra-capitalista de um cassino e, no alto de sua ingenuidade, acaba parando nos braços da Janey-E - e aprende tudo que pode vir junto com o companheirismo. É tudo lindo pra caralho, e não me deixem começar a falar sobre como a série tá abordando a velhice que eu vou chorar pensando em quem faleceu após as filmagens.
Se a série original tinha como um foco o isolamento da cidade de Twin Peaks do resto do mundo (mesmo que esse mundo se impusesse a ela), aqui Lynch isola todo o universo da série do resto, tornando o seu cinema (ou sua obra) como grande objeto de estudo nesses 4 primeiros episódios. Ele parece tratar tudo de uma forma tão canônica, como, mesmo elementos completamente novos, fossem coisas consagradas tendo seu curto tempo de tela ali naquele momento, criando algo que vai muito além da mera exposição ou de um exibicionismo, algo que entra numa esfera plenamente contemplativa mesmo. Lynch abstraiu toda uma noção tanto espacial, quanto temporal, e (re)criou um universo onde cortinas vermelhas, caixas de vidro e quadros imensos do Kafka apenas flutuam no espaço (literalmente), não significando nada e tudo ao mesmo tempo. A série original sempre se pautou em um exercício de clima, mas a série abandonar o onírico e mergulhar fundo no absurdo era bem inesperado (e bem-vindo). Não sei se o cinema desse ano vai ver umas cenas tão inspiradas quanto as do Agent Cooper perdido entre os multi-universos e, logo após, entre a vida ultra-capitalista suburbana. Ou as cenas do Gordon, que, quase sem verbalizar isso, carregam uma carga imensa de nostalgia e de velhice. Na verdade, os 4 episódios parecem carregar tanta coisa sem de fato abordar tudo isso - até a própria trama deles que, difusa, é quase inexistente até então, mas Lynch entende tão bem o conceito narrativo televiso que só tá criando uma jornada artística absurda, o resto pode ficar pra depois mesmo (muito provavelmente, ficar para nunca mais).
Na sociedade pós-apocalíptica, o filme de terror não existe para punir a promiscuidade dos jovens, mas sim o moralismo dos pais. Hooper basicamente pega uma série que grita BAD TELEVISION para todos os lado e iguala ela a arte mesmo. Atente que Hooper iguala, não transforma a série: quem sabe tanto desprezo que ele recebe nos anos 00 venha desse gosto que ele tomou por essa vulgaridade evidente no que ele filma, que já existia no seu cinema dos anos 80, mas aqui ele assume de corpo e alma - empurrando uma experimentação formal até onde essa imagem aguenta. É basicamente se Domino e Southland Tales tivesse um filho e ele fosse um telefilme de baixo orçamento. Eu apoio.
"Por que fazer simples quando você pode fazer complicado?"
Esse filme/série é simplesmente um absurdo. É uma montagem poética prolongada, cheia de ritmo e repetições, que mais se preocupa numa construção quase anti-didática dessa sua proposta de falar da história do cinema, e é incrível como tudo funciona no final. A montagem é coisa de outro mundo mesmo, a justaposição com que o Godard trabalha é basicamente uma das coisas mais simples, porém mais lindas que já vi - desde quando ele trabalha com coisas fixas (frames de filmes com pinturas) até com filmes mesmo, com dois ou mais rodando ao mesmo tempo, é algo completamente maravilhoso em sua forma. É uma pena que, quando se trata do som (e, consequentemente, o conteúdo que o som propõe), para quem não fala francês, há um prejuízo no entendimento: ele trabalha essa justaposição da mesma forma, com dois diálogos de filmes/do próprio Godard/gravações acontecendo ao mesmo tempo, e, muitas vezes ainda acompanhados dos letreiros, a legenda dificilmente dá conta de traduzir tudo. Mas, como falei antes, o Godard tem um trabalho de ritmar o diálogo, junto com a montagem sempre em movimento, que, mesmo sem a compreensão completa, forma algo tão incrível e único que você quase esquece disso tudo.
E acho que quem sabe isso resume bem o filme em relação ao seu conteúdo propriamente dito também. É um material extremamente rico, extremamente mesmo. De cada um dos 8 episódios dá pra tirar uns 3, 4 temas - relacionados ao cinema ou não. Mas o Godard trabalha com uma abstração tão grande que tem episódios ou segmentos que você para e pensa "calma que que acabou de acontecer". Não que não tenha o que abstrair daquilo, como falei, tem MUITA coisa, mas é uma questão de como o conteúdo se apresenta - e aqui o Godard vai pra uma linha completamente absurda. O que faz tudo funcionar, porém, é quem sabe a forma que ele realmente abraça isso. É um exibicionismo experimental sim, mas ele tem tanta paixão nas suas convicções (mesmo que elas se contradigam de tempos em tempos) e tanta maestria ao colocar tudo junto que cria uma experiência completamente única.
É quem sabe, também, a experiência que finaliza não só o cinema dele, mas o século XX como um todo. A falha humana em seu ápice: na diplomacia, nas relações e na arte. As constantes construções e desconstruções do filme que, a cima de qualquer coisa, te fazem questionar a honestidade e o papel de tudo e de todos no que vivemos no século passado - principalmente a do cinema. Se em momentos o Godard parece extasiado por seus autores favoritos do cinema hollywoodiano (no episódio 7 tem um segmento maravilhoso que basicamente ilustra a Política dos Autores), em outros ele parece carregado dum ódio mortal de tudo que vem dos EUA, da influência que a indústria de lá exerceu no mundo todo e na falha dessa indústria em retratar a realidade, ignorando o papel inicial do cinema. Mas em outros momentos o Godard só parece triste em relação a isso - assim como, em outros momentos, ele parece ignorar isso e focar em coisas que o agrada. São quase 4 horas de filme que ele expressa todos os lados de sua visão tão difusa e ampla sobre o cinema. E é essa pluralidade que fecha com chave de ouro essa obra única. Godard culpa e desculpa o cinema, olha o passado dele com desgosto e amor, e vê ele não como uma arte, mas nem como uma ferramenta: o cinema é tudo e nada ao mesmo tempo.
Só uma observação: essa é a página do primeiro episódio da série, 1A, não da série como um todo. Essa aqui deveria ser a da série inteira: https://filmow.com/histoire-s-du-cinema-t203122/
É interessante julgar o tom/objetivo da série com essa segunda temporada. Acho que aqui ela se assume sim completamente irônica e non-sense, como a primeira temporada já apontava, mas acaba errando no tom em certos momentos - principalmente porque faltou uma mão mais forte pra amarrar a história pós-Laura Palmer.
A série sempre se deliciou com suas histórias secundárias absurdas ou super dramáticas, mas, no meio disso tudo, sempre havia a história da Laura que fazia a série andar, mesmo com todos os defeitos - a série começou a sofrer com esses arcos secundários mesmo durante a investigação, a trama da Donna e do James é bem chata. Só que havia uma evolução e, consequentemente, a série não parecia tão maçante. Porém, após a resolução do caso, as três histórias "principais" que surgem são muito prolongadas e apresentadas em doses homeopáticas: a questão do FBI/o lance das drogas/desaparecimento do Major/Windom Earle - que, por mais que seja uma quantidade significativa de histórias para 12 episódios, a série não consegue fazer elas preencher realmente a duração deles. E aí que as histórias secundárias tomam conta e a série perde o controle daquele tom uniforme que sempre existiu e que fazia ela funcionar tanto.
Não acho que a série se tornou ruim, como muitos acham: acho que, por ela manter aquele sentimento non-sense absurdo engraçado da série, ela tem seus méritos. Gosto muito da trama do Benjamin Horne e da Lucy e Andy, por exemplo, assim como a do Andrew Packard se torna interessante (finalmente) depois de algum tempo. Mas fica complicado você basicamente colocar nas mãos da NADINE NO ENSINO MÉDIO ou do LÉO EM COMA ou, pior, do JAMES TRISTE a tarefa de levar a série em frente. Existem momentos que essas tramas funcionam, principalmente a da Nadine que cria um paralelo interessante com o Ed/Norma pro final da temporada, mas em geral elas deixam a série meio instável.
Tendo em vista que a resposta do assassinato da Laura Palmer era algo que o Frost e o Lynch não queriam ter que dar naquele momento, meio que se torna justificável tudo o que aconteceu. Muitas tramas ali (as mais legais - Windom Earle e Black Lodge) poderiam ocorrer simultaneamente à de Laura, e quem sabe a unidade que falei ali em cima seria mantida. Você conseguiria ter o mínimo de história para fazer a série andar e aí se permitiria a desfrutar das outras histórias que cria em volta daquilo - que, nesse contexto, é capaz até da trama da Nadine funcionar melhor.
Mas enfim, acho que tudo isso pouco importa quando a série sabe tratar tão bem de seus personagens (que são quase todos ótimos) e tem uma mitologia tão interessante. Em nenhum momento ela perde completamente sua força, sempre tem algo, mesmo que fosse o carisma dos personagens ou alguma trama que finalmente engatava (como a das drogas), que fazia tudo funcionar, de certa forma. Em relação à mitologia, é meio claro que ela poderia ser desenvolvida de um modo mais interessante durante essa segunda temporada, mas o ponto que a série chega no último episódio é simplesmente coisa de louco - o episódio em si é coisa de louco. Existe um universo à parte, de uma complexidade ímpar, que o Lynch filma com uma destreza absurda, mas que infelizmente a série não pode levar mais a frente. Nem tem muito o que comentar sobre aquilo, sobre temas e tal: acaba sendo o absurdo pelo absurdo, o mal pelo mal, e, com personagens que tanto nos importamos, Lynch faz isso como ninguém.
É uma coisa meio louca como a série consegue não só conciliar bem o drama, o social e o humor, como meio que brincar com nossa expectativa e misturar os três de forma incrível. Desde o episódio da espada samurai (que parte duma construção humorística pra uma finalização dramática e social), passando pelo episódio do Juneneenth (sátira social que vira construção da relação da Val e do Earn), e até mesmo a season finale (construído no maior estilo Community de trama humorística dinamicazinha, mas que no fim parte pro drama pessoal do Earn), a série sempre parece querer brincar com essa questão estrutural de sitcom. Até esse cuidado meio artístico da série - pegando muito bem o indivíduo X ambiente, algo que, pelo formato, me lembra Mad Men -, junto com uma ironia sempre presente e uma trama que não parece avançar muito apontam isso: você constrói um clima e só continua contando história e casos, sérios ou não, sem muito se entregar a um objetivo certo.
E o mais incrível é que, no fim, a série parece tratar todos os objetivos que se propõe de forma totalmente satisfatória. O social acho algo impecável, desde coisas que envolvem a indústria do entretenimento até a questão racial (e, muitas vezes, os dois juntos), é tudo muito bem trabalhado e explorado. O drama também, por mais que a série meio que esqueça deles em muitos momentos, quando ela se dá o trabalho de olhar pra ele, ela o faz de forma magnífica e extremamente sensível (só olhar o fim dos eps 3 e 10). E, por fim, a série é engraçada pra caralho. Glover aprendeu bem demais com Community a fazer um humor non-sense (o. carro. invisível.), mas é ótimo como, conforme os episódios vão avançando, a série ganha uma identidade própria nesse quesito. Se no início é meio estranho uma série tão séria e cuidadosa com alguns pontos ter um humor tão escrachado, depois aquilo se torna o seu melhor atributo. Vale muito a pena assistir.
Revendo a série me surpreendi como se trata de algo divertido mesmo, acima de tudo. Ela parece uma constante quebra de expectativa do telespectador, mas que não quebra o ritmo da série, até porque, lá pelo meio do segundo episódio, ela já estabelece perfeitamente seu tom irônico - criando as situações, dramas e investigações, mas, constante, apontando o absurdo de tudo isso, de toda a sociedade. Os próprios dramas que a série cria, na verdade, parecem crer muito mais nessa ideia de se divertir com uma representação exagerada e absurda (apoiada principalmente na deliciosa e breguíssima trilha sonora), realmente novelesca, do que crer num potencial dramático ou narrativo deles mesmo. E isso que faz a série funcionar tanto, ao meu ver.
A história do assassinato da Laura, apesar de tratar bem alguns temas, não é das mais criativas, nem a forma que a investigação é levada (mais de duas vezes eles colocam nos ombros da quirkness do Agent Cooper pra levar ela a frente - o que não tem nada de errado, já que ele é um personagem nada menos que sensacional), assim como em questões "artísticas" a série não vai muito além do que uma boa série de TV faz, mas a questão dela acaba realmente sendo o tom e o clima criado, que fazem ela não só andar, mas ser de fácil conexão com quem assiste e realmente criar os laços que tanto falam aqui. Já falei da ironia, mas vale destacar o quão onírica a série é também, e aí o mérito vai pra toda produção. Locação, novamente a trilha sonora, casting (a série com mais mulher bonita por metro quadrado da história), figurino: tudo contribui para a criação duma coisa que parece só existir à parte de todo o resto, de todo o mundo - como a própria série sustenta ser a cidade de Twin Peaks.
E aí que entra o grande ponto da série: um paraíso cheio de problemas - mas que não deixa de ser um paraíso. A série desde seu ponto de partida demonstra essas contradições da cidade (todo mundo trai, todo mundo engana, todo mundo mente), mas ao mesmo tempo consegue criar essa imagem de ser sim uma cidade à parte do mundo, o que é muito interessante. Ela não nos engana, não cria algo bom para depois desconstruir; desde o princípio Twin Peaks é uma cidade falha, mas linda, como a maioria das coisas na vida e no mundo. Creio que na segunda temporada devem elaborar mais na questão dos espíritos e isso leve adiante uma ideia mais interessante de dualidade no mundo e em como isso afeta o microcosmo da cidade. Esperemos.
O filme reflete um pouco sobre o ato de amar cinema, o que é bem interessante. Se vai ao cinema em busca do mistério, da lembrança ou até da fuga, mas tudo envolve a confiança naquele ato, no que se assiste. É um filme sobre como filmes podem realmente ter efeito na vida de seu telespectador. E, como toda obra de Carpenter, ele transforma seu mote em gênero: a confiança do telespectador é traída pelo filme. Uma pena que o arco dramático do protagonista seja tão fraco, o que acaba tirando muita força da obra, que faz um bom trabalho em mitificar o tal filme perdido, mas falha nos diversos temas que quer abordar com o drama (obsessão, desprendimento e até mesmo a investigação).
Acho uma pena o episódio ter sido tão longo e, consequentemente, ambicioso, que é a falha dele. Você querer resumir toda a primeira temporada num episódio, tratando de todos os temas, só que com uns 400 minutos a menos não dá certo. A orgia é maravilhosa, mas é jogada, toda a cena do aniversário é. O Natal funciona porque é mais sútil, as cenas de ação também, mas muita coisa fica na superfície porque o episódio quer ir direto ao ponto - que é justamente por não ter feito isso que a primeira temporada foi tão boa, ela teve uma paciência absurda para construir seus temas e personagens.
Mas eu passei muito longe de não gostar do episódio. Os personagens são todos maravilhosos mesmo - destaque pra Bae Doona, que destrói a porra toda -, a química nas relações é ótima (fica fácil querer falar da beleza das relações humanas quando você tem tanta relação bem construída e desenvolvida entre os personagens), e o especial cumpre o papel de aproximar aquilo do telespectador. É um fan-service gratuito pra uma série de 1 temporada, o que é estranho, porém que no fim acaba alimentando muito mais que o amor do fã: alimenta a própria temática ultra-humanista da série - nesse ecossistema, o telespectador está muito mais próximo de ser um sensate do que um mero observador daquilo. A gente sente, compartilha e, de certa forma, busca refugio e se ajuda com os personagens. A gente é tudo humano pra cacete.
A tênue linha entre rir com eles X rir deles. Não acho que a série sempre acerta nisso (acho que no último episódio, por ex, eles entram mais na primeira categoria), mas eles geralmente acertam muito ao entrar na segunda - algo que alguns fãs e detratores não devem enxergar. Cria-se um ar tão absurdo (pela amor de deus o episódio da Barbra Streisand e do Robert Smith), tão tosco e fora da realidade, que se torna capaz enxergar a realidade de forma mais clara do que nunca. Afastamos tanto aquilo do nosso dia a dia, se permitindo rir e aceitando aquilo, que, quando percebemos, os pormenores retratam o nosso mundo hoje como poucas coisas conseguem. E ainda é engraçado pra cacete. Ótima temporada.
A temporada que os roteiristas pensaram "ok, já que vamos poder fazer 20 temporadas dessa série se quisermos, vamos pelo menos desenvolver os personagens né", o que tornou o final algo totalmente desastroso. A Zoey é uma ótima personagem, mas toda a trama dela é um saco, isso inclui o Arcadian.
(eu revi sem querer quase a série inteira no netflix do celular e acabei de perceber que muitas das temporadas eu não tinha dado nota)
Eu falo no comentário sobre Cloud Atlas sobre um limbo que filmes com diversas histórias tendem a abordar como morte, amor, esperança e etc, mas o motivo disso se tratar de um "limbo" é porque pouquíssimos filmes, com os seus 180 minutos no máximo, conseguem retratar de forma realmente satisfatória essas questões; porém é exatamente nisso que Sense8 se baseia: enquanto Cloud Atlas flerta com o limbo, focando numa ideia de "relações pessoais" muito direta, Sense8 foca justamente nesse limbo. É uma série sobre a vida, sobre nós, sobre o sexo e o amor, sobre a necessidade que cada um tem do próximo, sobre as decisões que cada um tomamos e sobre a união necessária entre as pessoas. É inclusive engraçado que a série deixa de lado totalmente as críticas às opressões e ao capitalismo que os irmãos retrataram em todos (sim, absolutamente todos) os seus filmes, para fazer praticamente uma celebração da vida dentro do ~sistema~. Uma celebração da diversidade e de tudo o que nós, humanos, somos e podemos fazer. Até os que mais se aproximam a críticas, principalmente nas partes da Índia e do Quênia, tratam muito mais de um contraste e de uma busca por algo melhor do que as críticas pesadas e usuais que vemos na filmografia dos realizadores.
E o mais incrível é que tudo, absolutamente tudo, é bem retratado. Quem sabe a série é a maior prova que os Wachowskis só precisam de tempo para poderem atingir o que querem. Fiquei a série inteira como Cloud Atlas seria nesse formato de série, quem sabe um dia... Vale ainda ressaltar que, não sei se foi devido a presença desse terceiro realizador que já trabalhava com o formato antes, mas a série tem total consciência de seu formato e linguagem, e funciona perfeitamente como tal. Não, não é um filme de 720 minutos, é realmente uma série de TV. E tem como seu maior mérito muito provavelmente o fato que TODOS os personagens da série são interessantes e geram empatia, não tinha nenhum que eu não gostava ou algo do tipo. Não me recordo de nenhuma outra série, além de sitcoms, me trazerem isso. Todos também possuíam arcos interessantes e diferentes entre si. Enquanto uns vinham como dramas de alguma sociedade específica (Sun, Kala e Van Damme - que carregou por alguns episódios uma ideia muito legalzinha e fantasiosa da criação de um herói), outros tratavam da personagem simples e pura (Riley), além dos mais especificamente de gênero (Wolfgang e Tito - que flertava deliciosamente com as novelas mexicanas) e dos que mais se baseavam na trama da série do que num drama pessoal (WIll e Nomi).
Aliás, para fechar com chave de ouro, tenho que falar da trama em si. É simplesmente inacreditável como tudo isso que falei é sustentado por essa trama fantasiosa. Tudo é extremamente criativo, mas mesmo assim é meio espantoso que os Wachowskis conseguiram equilibrar um sci-fi total que eles tanto trabalham com algo no estilo do Cloud Atlas (que só flertava com o sci-fi). A trama além disso abre as brechas para as experimentações com todos os gêneros já citados aqui e também para mais alguns outros que acabei não citando, como um humor bobo tipo Speed Racer e cenas de ação fetichistas tipo Matrix (todas as cenas do Tito filmando são show de bola). E ainda, no meio disso tudo, a série arranjou tempo para achar seus momentos próprios, como o modo que o "poder" dos personagens é retratado e a dinâmica criada, principalmente no final, para o uso do mesmo. Há um quê fantasioso muito característico da dupla de diretores que funciona perfeitamente nisso, e, inclusive, é muito bom ver ele funcionando para um público geral novamente, já era tempo. Também há a própria mitologia dos sensates que é muito legalzinha e interessante, novamente a cara dos diretores.
Por mais que eu ache difícil a série conseguir repetir tudo que citei aqui numa segunda temporada, até porque se, de fato, repetir vai ser algo muito repetitivo (ambiguidade, mas enfim), então tenho minhas dúvidas em relação a uma nova temporada. A [ótima] trama facilmente pode ser levada a outros lugares, mas essa sensação de série sobre a condição humana dificilmente irá se repetir. Pois bem, de qualquer maneira essa primeira temporada estará disponível para sempre para nós podermos nos deliciar com essa pequena grande obra-prima.
Se a temporada passada teve como foco Don atingindo o limite emocional [ou existencial], essa possui como foco ele atingindo o limite profissional. Esse pôster que tá aqui ilustra perfeitamente o que é a temporada. Único ponto negativo é o lance do Hilton, que começa com o nada e nos leva ao lugar nenhum, quem sabe as únicas coisas boas que gerou foram as cenas em Roma.
E ah, engraçado notar como a série brinca com a mentalidade atual do espectador né. Desde as primeiras cenas da série vemos Don pegar todo mundo. Se for parar pra pensar, até agora, ele deve ter tido uns bons 10 casos dos quais vimos. Ninguém liga direito. Mas foi só a Betty esboçar um interesse em outra pessoa que já fica difícil de engolir. O próprio modo que o Henry foi apresentado indica essa inclinação da série pro espectador não gostar muito dele. Obviamente se você parar pra pensar em tudo você percebe o quanto é injusto ir contra o caso, mas a primeira impressão... Provando meu ponto, é só olhar aqui embaixo pra ver que tem gente que cai na armação da série, crucificando a Betty. E o Draper tá cada vez mais anti do que herói hein, difícil engolir como idolatram ele por ai, apesar da redenção ali no finalzinho. Campbell foi outro que tava começando a ficar bem, esquecendo as besteiras que fez daí me aparece com outra. Homens, não é mesmo...
Me prometeram uma obra de arte, recebi um Hannibal com um personagem profundo [mas mal aproveitado um grande pedaço da série] e algum cuidado artístico, porém que nada valem perante a uma história bem boba e/ou mal executada. Claro que é bem superior a coisas tipo as últimas temporadas de Dexter, mas não é tudo isso.
Cá estou com mais um texto, esse é mais do mesmo, mas é o que li que melhor organiza os problemas do final e ainda tem um bônus que é em português: http://judao.com.br/ted-mae-barney-e-o-timing-como-o-final-de-met-mother-nos-decepcionou/
To say I was disappointed in the series finale of How I Met Your Mother is a gross understatement. I am disconcertingly, irretrievably, unfathomably disappointed in the way you chose to end what used to be my absolute favorite television series of all time, to the point where it makes me physically ill to think about. For nine seasons you taught us to believe in magic, and in destiny, and happy endings, and in the fates always working out in the end, no matter how bumpy the road to get there was. This ending absolutely destroyed everything that was magical about this series. A few things you destroyed:
Barney Stinson. From the moment we saw Barney asking about his tie at the end of season 6, and realized that he was getting married, we have seen the character of Barney Stinson evolve, albiet slowly from a manipulative womanizer to a gentlemen worthy of marrying Robin Sherbatsky. When he finally vowed to always tell Robin the truth the moment before he married her, I was proud of him and the full circle that he had done. And then, in one episode, you destroyed three seasons of character development for Barney and made him devolve into an unfunny, immature scumbag of a guy who knocked somebody up and who wasn't even happy about having a child until the moment he held her in his arms. What a SAD, MISERABLE ending for one of the most diverse characters in the show.
Robin Sherbatsky. Ruined her character as well. So she becomes famous, ditches all of her friends and her husband for her career, and lives an anti-social life where she eventually ends up all alone in her old apartment with more dogs?
I could have lived with the mother dying. I could have lived with this. I could have been happy. I could have made it work.
But you decided to take it one step further.
You decided to ruin Ted Mosby. You decided to turn Ted Mosby from a hopeless romantic telling an amazingly beautiful story of how he met the mother of his children into some elaborate ploy to ask his kids' permission to pursue Robin again. Robin. THE SAME WOMAN WHO MARRIED HIS BEST FRIEND AND WHO TOLD TED SHE DID NOT LOVE HIM AND THAT THEY WOULD NEVER WORK OUT EVER BECAUSE THEY WERE TOO FUNDAMENTALLY DIFFERENT PEOPLE. By the way, way to break the bro code, Ted. You shattered Ted's character by convincing us he finally moved on from Robin. But no. Still pining after the same woman after 20+ years. Makes me physically ill.
But the worst thing....
You ruined The Mother and her story. You turned her death into a minor part, another hurdle Ted had to jump to finally reach Robin. We did not see ANY mourning from Ted for the death of his wife. We did not see their final moments together. We did not see the funeral. We did not hear any sadness from her kids. All we heard was "Oh by the way, the mother got sick and died, let's talk about Robin instead". Makes me absolutely sick to my stomach.
You ruined the magic. And for that, I will forever be disappointed.
In my mind, the series ended with Barney and Robin's wedding. A snippet of Ted seeing the mother playing bass on stage. Finally meeting her at the train station. Flash forwards of their lives together. Ted proposes. They have an amazing life and two children together. She slowly gets sick and eventually passes away. And in order to honor her memory, he sits his kids down and tells them the long, amazing story of how he met the love of his life.
And that's the true story of how Ted met the mother, the love of his life. At least, that's the story I will be remembering.
O problema do finale é a mudança de rumo. Não era segredo pra ninguém que a série nunca foi sobre como o Ted conheceu a mãezoca, mas todos podemos concordar que foi uma série sobre os 5 amigos, "the gang", sobre os problemas de cada um, etc, a série tinha que ter um final coletivo, como, muita gente pediu no IMDB, um final dos 5 (6, desnecessário matar a mãe) velhos numa varanda no litoral, coisa do tipo. Mas eles mudaram tudo, a série é sobre a Robin. SOBRE. A. ROBIN. A personagem mais mala da série. Não é sobre o Ted, não é sobre a "gang", não é sobre como o Ted conheceu a mãe, é - exagerando para não falar que é sobre ela - sobre o relacionamento inacabável do Ted e da Robin (e que teve a cena final mal abordada, achei que seria daquele lance dos 40 anos sabe, imagina eles se reencontrando no bar já velhos, sobrou só os dois e ela comenta do trato, acaba - melhor final que consigo pensar com essa ideia imbecil dos dois ficarem juntos no final). Enfim, isso tirando a desconstrução do personagem do Barney (que tinha sido construído durante as últimas temporadas e especialmente nessa) e da Robin (fizeram a malisse da personagem x1000 nesse episódio) [nem conto a babaquice final do Ted porque a Robin sempre foi o defeito do personagem dele durante toda a série]
Tá, pra finalizar: muita gente, quando defendia a tese que a mãe morria, falava que a série era "realista" quando se tratava de certas coisas. Amigos se distanciam. Filhos mudam as coisas. Pessoas morrem. etc. Mas o final da Robin é simplesmente TOO GOOD para uma série que quer ser "realista" e, também, a morte da mãe foi abordada de um jeito tão... normal? Eu senti que eles mostraram como algo que todo mundo já devia saber - e no caso como quem "mostrou" foi o Ted do futuro falando, teoricamente, para seus filhos, ele "mostrou" para pessoas que já sabiam da morte -, sei lá, senti que foi muito mal abordado, assim como o final da Robin. Justificam a coisa desnecessária com uma coisa e depois vão lá e fazem outra...
Twin Peaks (3ª Temporada)
4.4 621 Assista AgoraGalera podia parar de falar que tem arco sem fim ou personagem inútil né? Vamo pensar um pouco nos temas que a série trata que logo você percebe que praticamente TODOS os personagens tem algum ponto de existir, até a mãe drogada ou o cara que mata o casal Tarantino. Mas vamo lá, facilitando pra vocês:
Audrey: provavelmente em um hospital ou na white lodge/derivados - tem suas cenas que são ótimas e bem Existencialism 101, além de falar sobre sonhos, um dos grandes pontos da série.
Becky: repetindo a história da mãe e do pai (se envolvendo com drogas e etc - repetição um dos grandes pontos também), repete também questão de relacionamento com os pais a lá a ótima cena do Major com o Bobby na 2ª temporada (que foi chave pra redenção do Bobby nessa temporada, outro tema da série - busca pelo bem). Mas no fim a Shelly ainda sai com um traficante (e um envolvido com a Black Lodge) - repetição de novo.
Freddy, o da luva: pessoas comuns envolvidas com as misteriosas forças do universo ("why me?" "why not you?"). Assim como Lucy, que junto com o Andy são os personagens com o coração mais puro da série, atira no Mr. C., derrotar o Bob foi tarefa de uma pessoa qualquer - a bondade no mundo, outro tema da série.
Drunk e Chad: Chad pra falar da corrupção da polícia - a maldade no mundo - e, junto com o Drunk, se juntarem todos nas celas para reforçar o caráter de "destino" para o que culminou na cena em que o Bob morre.
Outros pontos chave: paranóia, hipocrisia suburbana, instituições precárias e mentirosas, pós-guerra, brincadeira com a violência na televisão (assim como a série original brincava com novela), a própria violência, o espírito americano, o capitalismo atual, os mistérios da existência - e como nunca teremos uma resposta concreta disso - etc etc etc. São 18 horas e dá pra escrever um livro sobre tudo que a série aborda.
Mais alguma coisa ou vocês vão continuar reclamando de "roteiro ruim" e "montagem problemática"? Não ligo de não gostarem da série, mas parem de inventar motivo que não foi e nem nunca vai ser o ponto dela - é como se vocês tivessem falando que tal filme de terror não é bom porque não tem comédia.
Twin Peaks (3ª Temporada)
4.4 621 Assista AgoraEu de verdade não sei que atrativo a série pode ter hoje se a pessoa não gosta do Dougie. Ele é o cerne de toda essa discussão sobre a cultura norte-americana e sobre a vida como um todo que a série tá tentando fazer agora. "Watch and listen to the dream of time and space". O que você faz quando passa 25 anos preso em um lugar que nem tempo, nem espaço existem? Lynch com essa redescoberta da vida pelo Cooper brinca com todo o significado de estar vivo: trabalhar, amar, socializar, transar e por aí vai. É lindo como o Coop cai nesse universo no meio ultra-capitalista de um cassino e, no alto de sua ingenuidade, acaba parando nos braços da Janey-E - e aprende tudo que pode vir junto com o companheirismo. É tudo lindo pra caralho, e não me deixem começar a falar sobre como a série tá abordando a velhice que eu vou chorar pensando em quem faleceu após as filmagens.
Twin Peaks (3ª Temporada)
4.4 621 Assista AgoraSe a série original tinha como um foco o isolamento da cidade de Twin Peaks do resto do mundo (mesmo que esse mundo se impusesse a ela), aqui Lynch isola todo o universo da série do resto, tornando o seu cinema (ou sua obra) como grande objeto de estudo nesses 4 primeiros episódios. Ele parece tratar tudo de uma forma tão canônica, como, mesmo elementos completamente novos, fossem coisas consagradas tendo seu curto tempo de tela ali naquele momento, criando algo que vai muito além da mera exposição ou de um exibicionismo, algo que entra numa esfera plenamente contemplativa mesmo. Lynch abstraiu toda uma noção tanto espacial, quanto temporal, e (re)criou um universo onde cortinas vermelhas, caixas de vidro e quadros imensos do Kafka apenas flutuam no espaço (literalmente), não significando nada e tudo ao mesmo tempo. A série original sempre se pautou em um exercício de clima, mas a série abandonar o onírico e mergulhar fundo no absurdo era bem inesperado (e bem-vindo). Não sei se o cinema desse ano vai ver umas cenas tão inspiradas quanto as do Agent Cooper perdido entre os multi-universos e, logo após, entre a vida ultra-capitalista suburbana. Ou as cenas do Gordon, que, quase sem verbalizar isso, carregam uma carga imensa de nostalgia e de velhice. Na verdade, os 4 episódios parecem carregar tanta coisa sem de fato abordar tudo isso - até a própria trama deles que, difusa, é quase inexistente até então, mas Lynch entende tão bem o conceito narrativo televiso que só tá criando uma jornada artística absurda, o resto pode ficar pra depois mesmo (muito provavelmente, ficar para nunca mais).
Is it future? Or is it past?
NON-EXIST-ENT
O Lynch é foda mesmo.
Mestres do Terror (1ª Temporada)
3.2 780Na sociedade pós-apocalíptica, o filme de terror não existe para punir a promiscuidade dos jovens, mas sim o moralismo dos pais. Hooper basicamente pega uma série que grita BAD TELEVISION para todos os lado e iguala ela a arte mesmo. Atente que Hooper iguala, não transforma a série: quem sabe tanto desprezo que ele recebe nos anos 00 venha desse gosto que ele tomou por essa vulgaridade evidente no que ele filma, que já existia no seu cinema dos anos 80, mas aqui ele assume de corpo e alma - empurrando uma experimentação formal até onde essa imagem aguenta. É basicamente se Domino e Southland Tales tivesse um filho e ele fosse um telefilme de baixo orçamento. Eu apoio.
Mestres do Terror (1ª Temporada)
3.2 780Como diz o ditado popular: foi salvo pelo rato com rosto humano sem nenhum propósito para existir feito com um efeito extremamente tosco.
História(s) do Cinema
4.2 19"Por que fazer simples quando você pode fazer complicado?"
Esse filme/série é simplesmente um absurdo. É uma montagem poética prolongada, cheia de ritmo e repetições, que mais se preocupa numa construção quase anti-didática dessa sua proposta de falar da história do cinema, e é incrível como tudo funciona no final. A montagem é coisa de outro mundo mesmo, a justaposição com que o Godard trabalha é basicamente uma das coisas mais simples, porém mais lindas que já vi - desde quando ele trabalha com coisas fixas (frames de filmes com pinturas) até com filmes mesmo, com dois ou mais rodando ao mesmo tempo, é algo completamente maravilhoso em sua forma. É uma pena que, quando se trata do som (e, consequentemente, o conteúdo que o som propõe), para quem não fala francês, há um prejuízo no entendimento: ele trabalha essa justaposição da mesma forma, com dois diálogos de filmes/do próprio Godard/gravações acontecendo ao mesmo tempo, e, muitas vezes ainda acompanhados dos letreiros, a legenda dificilmente dá conta de traduzir tudo. Mas, como falei antes, o Godard tem um trabalho de ritmar o diálogo, junto com a montagem sempre em movimento, que, mesmo sem a compreensão completa, forma algo tão incrível e único que você quase esquece disso tudo.
E acho que quem sabe isso resume bem o filme em relação ao seu conteúdo propriamente dito também. É um material extremamente rico, extremamente mesmo. De cada um dos 8 episódios dá pra tirar uns 3, 4 temas - relacionados ao cinema ou não. Mas o Godard trabalha com uma abstração tão grande que tem episódios ou segmentos que você para e pensa "calma que que acabou de acontecer". Não que não tenha o que abstrair daquilo, como falei, tem MUITA coisa, mas é uma questão de como o conteúdo se apresenta - e aqui o Godard vai pra uma linha completamente absurda. O que faz tudo funcionar, porém, é quem sabe a forma que ele realmente abraça isso. É um exibicionismo experimental sim, mas ele tem tanta paixão nas suas convicções (mesmo que elas se contradigam de tempos em tempos) e tanta maestria ao colocar tudo junto que cria uma experiência completamente única.
É quem sabe, também, a experiência que finaliza não só o cinema dele, mas o século XX como um todo. A falha humana em seu ápice: na diplomacia, nas relações e na arte. As constantes construções e desconstruções do filme que, a cima de qualquer coisa, te fazem questionar a honestidade e o papel de tudo e de todos no que vivemos no século passado - principalmente a do cinema. Se em momentos o Godard parece extasiado por seus autores favoritos do cinema hollywoodiano (no episódio 7 tem um segmento maravilhoso que basicamente ilustra a Política dos Autores), em outros ele parece carregado dum ódio mortal de tudo que vem dos EUA, da influência que a indústria de lá exerceu no mundo todo e na falha dessa indústria em retratar a realidade, ignorando o papel inicial do cinema. Mas em outros momentos o Godard só parece triste em relação a isso - assim como, em outros momentos, ele parece ignorar isso e focar em coisas que o agrada. São quase 4 horas de filme que ele expressa todos os lados de sua visão tão difusa e ampla sobre o cinema. E é essa pluralidade que fecha com chave de ouro essa obra única. Godard culpa e desculpa o cinema, olha o passado dele com desgosto e amor, e vê ele não como uma arte, mas nem como uma ferramenta: o cinema é tudo e nada ao mesmo tempo.
Esse filme é tudo e nada ao mesmo tempo.
História(s) do Cinema
4.2 19Só uma observação: essa é a página do primeiro episódio da série, 1A, não da série como um todo. Essa aqui deveria ser a da série inteira: https://filmow.com/histoire-s-du-cinema-t203122/
Twin Peaks (2ª Temporada)
4.2 299É interessante julgar o tom/objetivo da série com essa segunda temporada. Acho que aqui ela se assume sim completamente irônica e non-sense, como a primeira temporada já apontava, mas acaba errando no tom em certos momentos - principalmente porque faltou uma mão mais forte pra amarrar a história pós-Laura Palmer.
A série sempre se deliciou com suas histórias secundárias absurdas ou super dramáticas, mas, no meio disso tudo, sempre havia a história da Laura que fazia a série andar, mesmo com todos os defeitos - a série começou a sofrer com esses arcos secundários mesmo durante a investigação, a trama da Donna e do James é bem chata. Só que havia uma evolução e, consequentemente, a série não parecia tão maçante. Porém, após a resolução do caso, as três histórias "principais" que surgem são muito prolongadas e apresentadas em doses homeopáticas: a questão do FBI/o lance das drogas/desaparecimento do Major/Windom Earle - que, por mais que seja uma quantidade significativa de histórias para 12 episódios, a série não consegue fazer elas preencher realmente a duração deles. E aí que as histórias secundárias tomam conta e a série perde o controle daquele tom uniforme que sempre existiu e que fazia ela funcionar tanto.
Não acho que a série se tornou ruim, como muitos acham: acho que, por ela manter aquele sentimento non-sense absurdo engraçado da série, ela tem seus méritos. Gosto muito da trama do Benjamin Horne e da Lucy e Andy, por exemplo, assim como a do Andrew Packard se torna interessante (finalmente) depois de algum tempo. Mas fica complicado você basicamente colocar nas mãos da NADINE NO ENSINO MÉDIO ou do LÉO EM COMA ou, pior, do JAMES TRISTE a tarefa de levar a série em frente. Existem momentos que essas tramas funcionam, principalmente a da Nadine que cria um paralelo interessante com o Ed/Norma pro final da temporada, mas em geral elas deixam a série meio instável.
Tendo em vista que a resposta do assassinato da Laura Palmer era algo que o Frost e o Lynch não queriam ter que dar naquele momento, meio que se torna justificável tudo o que aconteceu. Muitas tramas ali (as mais legais - Windom Earle e Black Lodge) poderiam ocorrer simultaneamente à de Laura, e quem sabe a unidade que falei ali em cima seria mantida. Você conseguiria ter o mínimo de história para fazer a série andar e aí se permitiria a desfrutar das outras histórias que cria em volta daquilo - que, nesse contexto, é capaz até da trama da Nadine funcionar melhor.
Mas enfim, acho que tudo isso pouco importa quando a série sabe tratar tão bem de seus personagens (que são quase todos ótimos) e tem uma mitologia tão interessante. Em nenhum momento ela perde completamente sua força, sempre tem algo, mesmo que fosse o carisma dos personagens ou alguma trama que finalmente engatava (como a das drogas), que fazia tudo funcionar, de certa forma. Em relação à mitologia, é meio claro que ela poderia ser desenvolvida de um modo mais interessante durante essa segunda temporada, mas o ponto que a série chega no último episódio é simplesmente coisa de louco - o episódio em si é coisa de louco. Existe um universo à parte, de uma complexidade ímpar, que o Lynch filma com uma destreza absurda, mas que infelizmente a série não pode levar mais a frente. Nem tem muito o que comentar sobre aquilo, sobre temas e tal: acaba sendo o absurdo pelo absurdo, o mal pelo mal, e, com personagens que tanto nos importamos, Lynch faz isso como ninguém.
Atlanta (1ª Temporada)
4.5 294 Assista AgoraÉ uma coisa meio louca como a série consegue não só conciliar bem o drama, o social e o humor, como meio que brincar com nossa expectativa e misturar os três de forma incrível. Desde o episódio da espada samurai (que parte duma construção humorística pra uma finalização dramática e social), passando pelo episódio do Juneneenth (sátira social que vira construção da relação da Val e do Earn), e até mesmo a season finale (construído no maior estilo Community de trama humorística dinamicazinha, mas que no fim parte pro drama pessoal do Earn), a série sempre parece querer brincar com essa questão estrutural de sitcom. Até esse cuidado meio artístico da série - pegando muito bem o indivíduo X ambiente, algo que, pelo formato, me lembra Mad Men -, junto com uma ironia sempre presente e uma trama que não parece avançar muito apontam isso: você constrói um clima e só continua contando história e casos, sérios ou não, sem muito se entregar a um objetivo certo.
E o mais incrível é que, no fim, a série parece tratar todos os objetivos que se propõe de forma totalmente satisfatória. O social acho algo impecável, desde coisas que envolvem a indústria do entretenimento até a questão racial (e, muitas vezes, os dois juntos), é tudo muito bem trabalhado e explorado. O drama também, por mais que a série meio que esqueça deles em muitos momentos, quando ela se dá o trabalho de olhar pra ele, ela o faz de forma magnífica e extremamente sensível (só olhar o fim dos eps 3 e 10). E, por fim, a série é engraçada pra caralho. Glover aprendeu bem demais com Community a fazer um humor non-sense (o. carro. invisível.), mas é ótimo como, conforme os episódios vão avançando, a série ganha uma identidade própria nesse quesito. Se no início é meio estranho uma série tão séria e cuidadosa com alguns pontos ter um humor tão escrachado, depois aquilo se torna o seu melhor atributo. Vale muito a pena assistir.
Twin Peaks (1ª Temporada)
4.5 522Revendo a série me surpreendi como se trata de algo divertido mesmo, acima de tudo. Ela parece uma constante quebra de expectativa do telespectador, mas que não quebra o ritmo da série, até porque, lá pelo meio do segundo episódio, ela já estabelece perfeitamente seu tom irônico - criando as situações, dramas e investigações, mas, constante, apontando o absurdo de tudo isso, de toda a sociedade. Os próprios dramas que a série cria, na verdade, parecem crer muito mais nessa ideia de se divertir com uma representação exagerada e absurda (apoiada principalmente na deliciosa e breguíssima trilha sonora), realmente novelesca, do que crer num potencial dramático ou narrativo deles mesmo. E isso que faz a série funcionar tanto, ao meu ver.
A história do assassinato da Laura, apesar de tratar bem alguns temas, não é das mais criativas, nem a forma que a investigação é levada (mais de duas vezes eles colocam nos ombros da quirkness do Agent Cooper pra levar ela a frente - o que não tem nada de errado, já que ele é um personagem nada menos que sensacional), assim como em questões "artísticas" a série não vai muito além do que uma boa série de TV faz, mas a questão dela acaba realmente sendo o tom e o clima criado, que fazem ela não só andar, mas ser de fácil conexão com quem assiste e realmente criar os laços que tanto falam aqui. Já falei da ironia, mas vale destacar o quão onírica a série é também, e aí o mérito vai pra toda produção. Locação, novamente a trilha sonora, casting (a série com mais mulher bonita por metro quadrado da história), figurino: tudo contribui para a criação duma coisa que parece só existir à parte de todo o resto, de todo o mundo - como a própria série sustenta ser a cidade de Twin Peaks.
E aí que entra o grande ponto da série: um paraíso cheio de problemas - mas que não deixa de ser um paraíso. A série desde seu ponto de partida demonstra essas contradições da cidade (todo mundo trai, todo mundo engana, todo mundo mente), mas ao mesmo tempo consegue criar essa imagem de ser sim uma cidade à parte do mundo, o que é muito interessante. Ela não nos engana, não cria algo bom para depois desconstruir; desde o princípio Twin Peaks é uma cidade falha, mas linda, como a maioria das coisas na vida e no mundo. Creio que na segunda temporada devem elaborar mais na questão dos espíritos e isso leve adiante uma ideia mais interessante de dualidade no mundo e em como isso afeta o microcosmo da cidade. Esperemos.
Mestres do Terror (1ª Temporada)
3.2 780O filme reflete um pouco sobre o ato de amar cinema, o que é bem interessante. Se vai ao cinema em busca do mistério, da lembrança ou até da fuga, mas tudo envolve a confiança naquele ato, no que se assiste. É um filme sobre como filmes podem realmente ter efeito na vida de seu telespectador. E, como toda obra de Carpenter, ele transforma seu mote em gênero: a confiança do telespectador é traída pelo filme. Uma pena que o arco dramático do protagonista seja tão fraco, o que acaba tirando muita força da obra, que faz um bom trabalho em mitificar o tal filme perdido, mas falha nos diversos temas que quer abordar com o drama (obsessão, desprendimento e até mesmo a investigação).
Sense8 (2ª Temporada)
4.3 891 Assista AgoraAcho uma pena o episódio ter sido tão longo e, consequentemente, ambicioso, que é a falha dele. Você querer resumir toda a primeira temporada num episódio, tratando de todos os temas, só que com uns 400 minutos a menos não dá certo. A orgia é maravilhosa, mas é jogada, toda a cena do aniversário é. O Natal funciona porque é mais sútil, as cenas de ação também, mas muita coisa fica na superfície porque o episódio quer ir direto ao ponto - que é justamente por não ter feito isso que a primeira temporada foi tão boa, ela teve uma paciência absurda para construir seus temas e personagens.
Mas eu passei muito longe de não gostar do episódio. Os personagens são todos maravilhosos mesmo - destaque pra Bae Doona, que destrói a porra toda -, a química nas relações é ótima (fica fácil querer falar da beleza das relações humanas quando você tem tanta relação bem construída e desenvolvida entre os personagens), e o especial cumpre o papel de aproximar aquilo do telespectador. É um fan-service gratuito pra uma série de 1 temporada, o que é estranho, porém que no fim acaba alimentando muito mais que o amor do fã: alimenta a própria temática ultra-humanista da série - nesse ecossistema, o telespectador está muito mais próximo de ser um sensate do que um mero observador daquilo. A gente sente, compartilha e, de certa forma, busca refugio e se ajuda com os personagens. A gente é tudo humano pra cacete.
South Park (1ª Temporada)
4.4 113A tênue linha entre rir com eles X rir deles. Não acho que a série sempre acerta nisso (acho que no último episódio, por ex, eles entram mais na primeira categoria), mas eles geralmente acertam muito ao entrar na segunda - algo que alguns fãs e detratores não devem enxergar. Cria-se um ar tão absurdo (pela amor de deus o episódio da Barbra Streisand e do Robert Smith), tão tosco e fora da realidade, que se torna capaz enxergar a realidade de forma mais clara do que nunca. Afastamos tanto aquilo do nosso dia a dia, se permitindo rir e aceitando aquilo, que, quando percebemos, os pormenores retratam o nosso mundo hoje como poucas coisas conseguem. E ainda é engraçado pra cacete. Ótima temporada.
Como Eu Conheci Sua Mãe (6ª Temporada)
4.5 350 Assista AgoraA temporada que os roteiristas pensaram "ok, já que vamos poder fazer 20 temporadas dessa série se quisermos, vamos pelo menos desenvolver os personagens né", o que tornou o final algo totalmente desastroso. A Zoey é uma ótima personagem, mas toda a trama dela é um saco, isso inclui o Arcadian.
(eu revi sem querer quase a série inteira no netflix do celular e acabei de perceber que muitas das temporadas eu não tinha dado nota)
Sense8 (1ª Temporada)
4.4 2,1K Assista AgoraQue troço lindo, meu deus.
Eu falo no comentário sobre Cloud Atlas sobre um limbo que filmes com diversas histórias tendem a abordar como morte, amor, esperança e etc, mas o motivo disso se tratar de um "limbo" é porque pouquíssimos filmes, com os seus 180 minutos no máximo, conseguem retratar de forma realmente satisfatória essas questões; porém é exatamente nisso que Sense8 se baseia: enquanto Cloud Atlas flerta com o limbo, focando numa ideia de "relações pessoais" muito direta, Sense8 foca justamente nesse limbo. É uma série sobre a vida, sobre nós, sobre o sexo e o amor, sobre a necessidade que cada um tem do próximo, sobre as decisões que cada um tomamos e sobre a união necessária entre as pessoas. É inclusive engraçado que a série deixa de lado totalmente as críticas às opressões e ao capitalismo que os irmãos retrataram em todos (sim, absolutamente todos) os seus filmes, para fazer praticamente uma celebração da vida dentro do ~sistema~. Uma celebração da diversidade e de tudo o que nós, humanos, somos e podemos fazer. Até os que mais se aproximam a críticas, principalmente nas partes da Índia e do Quênia, tratam muito mais de um contraste e de uma busca por algo melhor do que as críticas pesadas e usuais que vemos na filmografia dos realizadores.
E o mais incrível é que tudo, absolutamente tudo, é bem retratado. Quem sabe a série é a maior prova que os Wachowskis só precisam de tempo para poderem atingir o que querem. Fiquei a série inteira como Cloud Atlas seria nesse formato de série, quem sabe um dia... Vale ainda ressaltar que, não sei se foi devido a presença desse terceiro realizador que já trabalhava com o formato antes, mas a série tem total consciência de seu formato e linguagem, e funciona perfeitamente como tal. Não, não é um filme de 720 minutos, é realmente uma série de TV. E tem como seu maior mérito muito provavelmente o fato que TODOS os personagens da série são interessantes e geram empatia, não tinha nenhum que eu não gostava ou algo do tipo. Não me recordo de nenhuma outra série, além de sitcoms, me trazerem isso. Todos também possuíam arcos interessantes e diferentes entre si. Enquanto uns vinham como dramas de alguma sociedade específica (Sun, Kala e Van Damme - que carregou por alguns episódios uma ideia muito legalzinha e fantasiosa da criação de um herói), outros tratavam da personagem simples e pura (Riley), além dos mais especificamente de gênero (Wolfgang e Tito - que flertava deliciosamente com as novelas mexicanas) e dos que mais se baseavam na trama da série do que num drama pessoal (WIll e Nomi).
Aliás, para fechar com chave de ouro, tenho que falar da trama em si. É simplesmente inacreditável como tudo isso que falei é sustentado por essa trama fantasiosa. Tudo é extremamente criativo, mas mesmo assim é meio espantoso que os Wachowskis conseguiram equilibrar um sci-fi total que eles tanto trabalham com algo no estilo do Cloud Atlas (que só flertava com o sci-fi). A trama além disso abre as brechas para as experimentações com todos os gêneros já citados aqui e também para mais alguns outros que acabei não citando, como um humor bobo tipo Speed Racer e cenas de ação fetichistas tipo Matrix (todas as cenas do Tito filmando são show de bola). E ainda, no meio disso tudo, a série arranjou tempo para achar seus momentos próprios, como o modo que o "poder" dos personagens é retratado e a dinâmica criada, principalmente no final, para o uso do mesmo. Há um quê fantasioso muito característico da dupla de diretores que funciona perfeitamente nisso, e, inclusive, é muito bom ver ele funcionando para um público geral novamente, já era tempo. Também há a própria mitologia dos sensates que é muito legalzinha e interessante, novamente a cara dos diretores.
Por mais que eu ache difícil a série conseguir repetir tudo que citei aqui numa segunda temporada, até porque se, de fato, repetir vai ser algo muito repetitivo (ambiguidade, mas enfim), então tenho minhas dúvidas em relação a uma nova temporada. A [ótima] trama facilmente pode ser levada a outros lugares, mas essa sensação de série sobre a condição humana dificilmente irá se repetir. Pois bem, de qualquer maneira essa primeira temporada estará disponível para sempre para nós podermos nos deliciar com essa pequena grande obra-prima.
Mad Men (7ª Temporada)
4.6 387 Assista AgoraDesfecho simpático, quem sabe até demais.
Mad Men (6ª Temporada)
4.5 165 Assista AgoraEspero que na sétima temporada o Don Draper fique chapado todos os episódios. Não tem nada melhor do que isso.
Mad Men (3ª Temporada)
4.5 155 Assista AgoraSe a temporada passada teve como foco Don atingindo o limite emocional [ou existencial], essa possui como foco ele atingindo o limite profissional. Esse pôster que tá aqui ilustra perfeitamente o que é a temporada. Único ponto negativo é o lance do Hilton, que começa com o nada e nos leva ao lugar nenhum, quem sabe as únicas coisas boas que gerou foram as cenas em Roma.
E ah, engraçado notar como a série brinca com a mentalidade atual do espectador né. Desde as primeiras cenas da série vemos Don pegar todo mundo. Se for parar pra pensar, até agora, ele deve ter tido uns bons 10 casos dos quais vimos. Ninguém liga direito. Mas foi só a Betty esboçar um interesse em outra pessoa que já fica difícil de engolir. O próprio modo que o Henry foi apresentado indica essa inclinação da série pro espectador não gostar muito dele. Obviamente se você parar pra pensar em tudo você percebe o quanto é injusto ir contra o caso, mas a primeira impressão... Provando meu ponto, é só olhar aqui embaixo pra ver que tem gente que cai na armação da série, crucificando a Betty.
E o Draper tá cada vez mais anti do que herói hein, difícil engolir como idolatram ele por ai, apesar da redenção ali no finalzinho. Campbell foi outro que tava começando a ficar bem, esquecendo as besteiras que fez daí me aparece com outra. Homens, não é mesmo...
Mad Men (1ª Temporada)
4.4 346 Assista AgoraAnalise de personagens pura para, consequentemente, causar a analise da sociedade americana dos anos 50 como um todo. Que coisa linda.
True Detective (1ª Temporada)
4.7 1,6K Assista AgoraMe prometeram uma obra de arte, recebi um Hannibal com um personagem profundo [mas mal aproveitado um grande pedaço da série] e algum cuidado artístico, porém que nada valem perante a uma história bem boba e/ou mal executada. Claro que é bem superior a coisas tipo as últimas temporadas de Dexter, mas não é tudo isso.
Como Eu Conheci Sua Mãe (9ª Temporada)
4.1 1,3K Assista AgoraCá estou com mais um texto, esse é mais do mesmo, mas é o que li que melhor organiza os problemas do final e ainda tem um bônus que é em português: http://judao.com.br/ted-mae-barney-e-o-timing-como-o-final-de-met-mother-nos-decepcionou/
Como Eu Conheci Sua Mãe (9ª Temporada)
4.1 1,3K Assista AgoraPra quem entende dos ingrêis, vale a pena ler (tirei de uma página do IMDB que o usuário falou que pegou da página da série no FB):
Dear How I Met Your Mother Creators,
To say I was disappointed in the series finale of How I Met Your Mother is a gross understatement. I am disconcertingly, irretrievably, unfathomably disappointed in the way you chose to end what used to be my absolute favorite television series of all time, to the point where it makes me physically ill to think about. For nine seasons you taught us to believe in magic, and in destiny, and happy endings, and in the fates always working out in the end, no matter how bumpy the road to get there was. This ending absolutely destroyed everything that was magical about this series. A few things you destroyed:
Barney Stinson. From the moment we saw Barney asking about his tie at the end of season 6, and realized that he was getting married, we have seen the character of Barney Stinson evolve, albiet slowly from a manipulative womanizer to a gentlemen worthy of marrying Robin Sherbatsky. When he finally vowed to always tell Robin the truth the moment before he married her, I was proud of him and the full circle that he had done. And then, in one episode, you destroyed three seasons of character development for Barney and made him devolve into an unfunny, immature scumbag of a guy who knocked somebody up and who wasn't even happy about having a child until the moment he held her in his arms. What a SAD, MISERABLE ending for one of the most diverse characters in the show.
Robin Sherbatsky. Ruined her character as well. So she becomes famous, ditches all of her friends and her husband for her career, and lives an anti-social life where she eventually ends up all alone in her old apartment with more dogs?
I could have lived with the mother dying. I could have lived with this. I could have been happy. I could have made it work.
But you decided to take it one step further.
You decided to ruin Ted Mosby. You decided to turn Ted Mosby from a hopeless romantic telling an amazingly beautiful story of how he met the mother of his children into some elaborate ploy to ask his kids' permission to pursue Robin again. Robin. THE SAME WOMAN WHO MARRIED HIS BEST FRIEND AND WHO TOLD TED SHE DID NOT LOVE HIM AND THAT THEY WOULD NEVER WORK OUT EVER BECAUSE THEY WERE TOO FUNDAMENTALLY DIFFERENT PEOPLE. By the way, way to break the bro code, Ted. You shattered Ted's character by convincing us he finally moved on from Robin. But no. Still pining after the same woman after 20+ years. Makes me physically ill.
But the worst thing....
You ruined The Mother and her story. You turned her death into a minor part, another hurdle Ted had to jump to finally reach Robin. We did not see ANY mourning from Ted for the death of his wife. We did not see their final moments together. We did not see the funeral. We did not hear any sadness from her kids. All we heard was "Oh by the way, the mother got sick and died, let's talk about Robin instead". Makes me absolutely sick to my stomach.
You ruined the magic. And for that, I will forever be disappointed.
In my mind, the series ended with Barney and Robin's wedding. A snippet of Ted seeing the mother playing bass on stage. Finally meeting her at the train station. Flash forwards of their lives together. Ted proposes. They have an amazing life and two children together. She slowly gets sick and eventually passes away. And in order to honor her memory, he sits his kids down and tells them the long, amazing story of how he met the love of his life.
And that's the true story of how Ted met the mother, the love of his life. At least, that's the story I will be remembering.
Sincerely,
A Disappointed Viewer
The Walking Dead (4ª Temporada)
4.1 1,6K Assista AgoraWalking Dead é tipo a Skyler do Breaking Bad: Se você parar pra pensar, é até realista, algo que você faria no lugar, mas porra, é muito mala...
Como Eu Conheci Sua Mãe (9ª Temporada)
4.1 1,3K Assista AgoraO problema do finale é a mudança de rumo. Não era segredo pra ninguém que a série nunca foi sobre como o Ted conheceu a mãezoca, mas todos podemos concordar que foi uma série sobre os 5 amigos, "the gang", sobre os problemas de cada um, etc, a série tinha que ter um final coletivo, como, muita gente pediu no IMDB, um final dos 5 (6, desnecessário matar a mãe) velhos numa varanda no litoral, coisa do tipo. Mas eles mudaram tudo, a série é sobre a Robin. SOBRE. A. ROBIN. A personagem mais mala da série. Não é sobre o Ted, não é sobre a "gang", não é sobre como o Ted conheceu a mãe, é - exagerando para não falar que é sobre ela - sobre o relacionamento inacabável do Ted e da Robin (e que teve a cena final mal abordada, achei que seria daquele lance dos 40 anos sabe, imagina eles se reencontrando no bar já velhos, sobrou só os dois e ela comenta do trato, acaba - melhor final que consigo pensar com essa ideia imbecil dos dois ficarem juntos no final).
Enfim, isso tirando a desconstrução do personagem do Barney (que tinha sido construído durante as últimas temporadas e especialmente nessa) e da Robin (fizeram a malisse da personagem x1000 nesse episódio) [nem conto a babaquice final do Ted porque a Robin sempre foi o defeito do personagem dele durante toda a série]
Tá, pra finalizar: muita gente, quando defendia a tese que a mãe morria, falava que a série era "realista" quando se tratava de certas coisas. Amigos se distanciam. Filhos mudam as coisas. Pessoas morrem. etc. Mas o final da Robin é simplesmente TOO GOOD para uma série que quer ser "realista" e, também, a morte da mãe foi abordada de um jeito tão... normal? Eu senti que eles mostraram como algo que todo mundo já devia saber - e no caso como quem "mostrou" foi o Ted do futuro falando, teoricamente, para seus filhos, ele "mostrou" para pessoas que já sabiam da morte -, sei lá, senti que foi muito mal abordado, assim como o final da Robin. Justificam a coisa desnecessária com uma coisa e depois vão lá e fazem outra...