Um filme não se resume a sua história. Vi que algumas pessoas acharam ela fraca, mas apesar de mesmo nesse ponto eu discordar dessas pessoas, vale lembrar que um filme não é só isso.
Esse filme tem uma produção de arte fenomenal, o uso das cores ajuda na construção de uma atmosfera pitoresca, estranha, mas linda, a utilização dos cenários como elemento não só estético, mas interativo e importante pra narrativa, pra crítica social do filme e pras piadas. Fora isso, tem o fato do Hulot ser um personagem super carismático e divertido, mesmo não tendo fala. O humor físico é sutil e não acho que a intensão do diretor tenha sido fazer o espectador se mijar de rir.
Curti a crítica que o filme faz a nova classe média industrial em ascensão e altamente materialista daquele período (não só daquele, né?). Achei o final super terno, fofo e mantendo o mesmo tom sutil que o filme utilizou em suas piadas. Curti demais! :DD
Acredito que focar muito no protagonista em si - sua personalidade, caráter, neuras - é um erro quando se trata desse filme. Vejo Carlos apenas como um personagem que alude ao arquétipo do paulistano médio, branco, pequeno burguês (pros padrões da época), ordinário, que é devorado pela industrialização e abrupta urbanização do Brasil daquele período.
Por não comprar totalmente a propaganda capitalista-desenvolvimentista (a ideia do viver para crescer economicamente, "subir" seu padrão de vida, acumular patrimônio e capital), Carlos acaba sendo uma pessoa vazia, melancólica, amargurada e frustrada. Porém, a crítica não se dirige ao Carlos, mas à engrenagem como um todo.
Possui uma estética maravilhosa (tanto fotografia quanto cinematografia), além de uma montagem que acho foda. Ademais, é um interessante documento da cidade de São Paulo daquele período. Curti muito.
"[...] Otimismo, Carlos, otimismo! O Brasil precisa de otimismo! Seu dólar sobe, seu café vai mal... Não tem importância. Esse país sempre esteve à beira do abismo." - Adorei essa fala hahaha.
Diálogos interessantes e divertidos, porém algumas referências são meio forçadas e certas coisas não envelheceram bem.
Não tem como não achar a relação do protagonista (Woody Allen, 44 anos) com a Tracy (Meril Hamingway, que tinha 18 anos) enauseante e abusiva - SIM! é abusiva, mesmo que seja satírico. No mais, o filme tem um tamanho ideal, é uma comédia leve e divertida, possui uma fotografia muito bonita e a personagem Jill (Meryl Streep), sua história de fundo e seu livro são dos pontos mais altos do filme. Gostei bastante.
Não tem como falar muito das atuações de Woody Allen e Diane Keaton, pois são basicamente os mesmos personagens de filmes anteriores a nível de personalidade, neuroses e diria que até de história romântica.
Enfim, esteticamente lindo, história divertidinha, bom filme, com certeza influenciou muita coisa, mas certos pontos não são muito tragáveis hoje em dia.
Conclusão meio apressada, obviamente algumas coisas são bem datadas, mas não podemos ser anacrônicos. Filme que trouxe muita inovação pro gênero, é sim bem divertido e a semente de uma grande franquia nascia aí.
"Ceci n'est pas une pipe" - levado ao máximo e de um jeito charmoso.
Acho que é um dos filmes em que a quebra de convenções hollywoodianas mais ficou divertida e interessante, pelo menos pra mim. Gostei de como ele não busca, meramente, nos mostrar a história de um plano de assalto, mas sim, fazer uma representação escrachadamente artística, em que ele esfrega em nossas caras constantemente que estamos vendo um filme. Com isso, fazendo uma declaração de que a representação por meio da mídia utilizada, por si só, é mais interessante do que o que estão tentando retratar.
Enfim, o filme, a arte, é mais legal do que um assalto. Se quiser realismo e fidelidade, procure uma notícia sobre um assalto no jornal ou um documentário sobre um, mas se quiser se deleitar com uma boa experiência de arte, veja esse filme.
Quando penso em boa direção, é nisso que tô pensando!
Simplesmente incrível a maneira como os diretores conseguem nos transmitir uma atmosfera frenética e caótica por meio da linguagem utilizada nesse filme. Lindo mesmo ver como a escolha de trilha sonora, o modo como tudo é filmado com um zoom da porra, os personagens falando um em cima do outro, a cinematografia, a estética da fotografia, enfim, como a direção dos irmãos Safdie nos coloca no ritmo de vida e na mente do personagem principal, ao mesmo tempo em que nos passa um realismo maior.
Dessa forma, os diretores nos conduzem a uma sensação de angústia constante, causada por um perigo que nos parece ser sempre iminente.
Adam Sandler tá muito convincente como esse picareta/trambiqueiro, totalmente transtornado. Bem fora da zona de conforto de atuação dele.
É muito massa ver a evolução da direção dos Safdie nesse filme em relação ao "Good Time". Pois tudo é mais orquestrado e melhor colocado nesse filme do que no de 2017.
E galera, por favor: o "caos" é proposital, a angústia e o desconforto é justamente a sensação que esse "caos" quer causar. O final é pra quebrar a imersão que você tinha e foder com o direcionamento de "final feliz" que nossa mente sempre busca para personagens que nos apegamos. É isso e tá tudo bem, ok? Estejam abertos para uma experiência diferente do que estão acostumados com um filme.
Uma bela jornada antropológica bahavorista que se utiliza de uma trama ficcional com três "protagonistas", que se intercala com momentos de linguagem documental em que prólogos muito interessantes, que se inserem para ilustrar e desenvolver um exame da natureza do comportamento humano em seus vários aspectos.
Confesso que inicialmente não compreendia bem o que via e tudo parecia não ter muito sentido. Porém, ao decorrer do filme, as coisas começaram a se encaixar e me vi em um exercício de reflexão sobre nossa espécie, ao passo em que conseguia estabelecer alguma relação entre as escolhas imagéticas e o que era dito. Após ver esse filme, fico com uma sensação interessante de uma nova compreensão de minhas escolhas e psique, de coisas que eu acreditava serem lógicas, conscientes, mas que na verdade não são. Isso graças à linguagem e escolha narrativa que eu diria até que é bem didática de Alain Resnais. Por favor, não entendam isso como eu dizendo que compreendi a obra por completo, pois não é o que eu disse.
Pra mim, foi uma experiência muito única com um filme, a qual nunca havia tido, até porque não vi muitos filmes na vida. Adorei!
Atuações fenomenais, iluminação linda, efeitos sonoros imersivos, vanguardismo na linguagem adotada e técnicas utilizadas para montagem. Filme perfeito!
Ainda estou processando as indagações e perspectivas que o filme traz sobre nossos papéis na sociedade, até que ponto nossas escolhas são realmente nossas ou estão ligadas às expectativas que terceiros possuem sobre a gente e as máscaras que vestimos ao cumprir esses anseios que nos são impostos e, até mais do que isso, o peso dessas máscaras em nossa face/alma.
Dá pra ficar horas e horas falando dos simbolismos utilizados pelo diretor para passar a mensagem, mas, como disse acima, ainda estou processando tudo.
Bergman, pra mim, ainda é uma feliz novidade (antes tarde do que nunca, afinal...). Estou amando seus aspectos filosóficos-existencialistas e psicológicos.
Filme muito divertido, com um humor ácido e bem crítico a certas convenções. Larry David está incrível no papel desse velho arrogante, niilista e misantropo.
Acredito que assim como o pai da Melodie se utilizava das armas e seu conservadorismo para mascarar e utilizar como mecanismo de defesa contra coisas que ele tinha reprimida dentro dele, o Boris faz a mesma coisa com sua arrogância e niilismo cínico. Ele se sente tão inferiorizado em relação a sua insignificância no universo, até em relação à ex-mulher dele - que era mais rica, mais ou tão brilhante quanto etc. - que precisa se validar o tempo todo dizendo que "quase" recebeu um prêmio Nobel, que é um gênio e demais coisas que ele fala.
Portanto, acredito que o relacionamento dele com Melodie, não só serve para fazer o paralelo entre o novo e o velho, o otimismo e o pessimismo, o niilismo e o romantismo, o cético e o crente, mas também para ele se validar como alguém melhor e superior. Melodie trazia esse senso para ele.
A mensagem que o filme passa com esses personagens é muito bonita e até otimista, no final das contas. Faça o que for necessário para você ser feliz nesse mundo miserável hahaha.
Fora tudo isso, fotografia é muito boa, belas imagens de Nova York, ritmo do filme é delicioso. Realmente, uma comédia ótima! Filmão!
Se esse filme já incomoda hoje em dia, imagina como foi em sua época. Adorei o contraste dos atores com atuações teatrais ao mesmo tempo em que o filme é filmado como se fosse um "documentário" da vida desse casal (contraste do realismo com o semi-caricato). Filme altamente experimental, desde as edições feitas de diversas maneiras distintas, passando pela trilha sonora inconstante e a belíssima fotografia, até às quebras da quarta parede.
Acredito que o filme não incomode só por retratar um casal altamente progressista (mesmo pros dias de hoje), mas, mais ainda, por Goddard quebrar diversas "normas" estabelecidas pro cinema até então.
Achei o filme divertido dentro do que se propõe e, não sejamos anacrônicos aqui, é um filme bem inovador, mesmo com baixo orçamento. Curti.
Simplesmente o melhor filme de guerra que já vi na vida. O filme traz a carga dramática ideal. Densa como o fato histórico retratado pede. Filme fundamental a todos os fãs de cinema e de história.
É muito difícil acreditar que Klimov possui, majoritariamente, filmes de comédia em sua filmografia. Aqui ele prova que não era um diretor de comédias, mas um diretor de cinema, encerrando a carreira em grandíssimo estilo.
As atuações são fenomenais, principalmente do Aleksei Kravchenko que tinha cerca de 15 anos na época. Muito interessante notar suas expressões faciais e desenvolvimento de seu personagem durante o filme.
Enfim, vejam essa obra-prima!
OBS: Uma pena a capa mais votada do filmow, ser simplesmente a mais feia. Arrumem isso, meu povo, votem em outras.
Angustiante. Acredito que esse seja o adjetivo que melhor defina esse filme. Em tempos de "Movimento Me Too", esse filme traz uma narrativa que se utiliza de um terror psicológico como metáfora para discutir questões como "culpar a vítima" e desacreditá-la (principalmente quando a vítima é uma mulher e, mais ainda, mulher de uma pessoa rica e influente).
Gostei muito da fotografia e trilha sonora do filme, pois ajudam no tom de angústia e paranoia constante que é nos causado. Além disso, a atuação da Elisabeth Moss é incrível, ela está muito convincente no papel. Filme ótimo. Recomendo muito.
Vejo o filme como uma grande meditação sobre a natureza da realidade e, também, aí já no campo da linguagem utilizada no filme, uma crítica à "narrativa" (em dado momento do filme ele até explicita isso em certo diálogo, mas utilizando uma espécie de metáfora).
Discordo que o filme seja uma ~masturbação mental~ para "entendidos" em filosofia, pois não vejo como proposta do diretor a mera referência por referência, para os "sabichões" ficarem anotando as que conseguiram identificar. Também não vejo como problema o diretor não se aprofundar nesses temas, pois estamos falando de um filme de 1h40, não uma tese de doutorado, em que o objetivo é lhe instigar a pensar sobre essas questões mais do que compreender a base teórica por trás.
Entendo também a técnica de animação utilizada como uma espécie de "metalinguagem" às indagações do filme. Já que a rotoscopia se utiliza de filmagens reais e, a partir dessa imagem "real", se anima um quadro e o torno uma animação, algo "irreal". Mas aí já é pura viagem minha mesmo hahaha.
No geral, é um filme em que se deve mesmo estar aberto ao que ele te propõe a pensar e aos métodos utilizados para isso. Deve-se tanto prestar muita atenção, como também não "superanalizar" demais as coisas e transformar o filme em uma competição de quem cata mais referências bibliográficas. FILMAÇO! ASSISTAM! MAS VEJAM DE CORAÇÃO E MENTE ABERTOS.
Como diria o grande Dalenogare, se você quer entretenimento por entretenimento, um mero filme de terror (fotografia escura, jump scares, plot twist) pra ficar com medinho e tomar uns sustinhos, por favor, NÃO PERCA SEU TEMPO. O filme tem muitos méritos técnicos e uma proposta inovadora pro gênero. Ao ver esse filme você deve se entregar a história, apreciar a fotografia, o desenvolvimento das personagens e compreender a linguagem e elementos utilizados pelo diretor (soa pretensioso? soa... mas é a verdade). O filme traz um desenvolvimento lento e uma narrativa direta, sem um grande plot twist.
Então minha dica é essa: VÁ COM A MENTE ABERTA E VEJA O FILME AFIM DE UMA EXPERIÊNCIA ÚNICA COM O GÊNERO. NÃO VÁ ESPERANDO ENTRETENIMENTO FÁCIL, SUSTOS GRATUITOS E TERROR BARATO. O FILME É MESMO AMBICIOSO.
Ouro e Maldição
4.1 32 Assista AgoraAssisti à versão restaurada de 4 horas.
Meu Tio
4.1 115Um filme não se resume a sua história. Vi que algumas pessoas acharam ela fraca, mas apesar de mesmo nesse ponto eu discordar dessas pessoas, vale lembrar que um filme não é só isso.
Esse filme tem uma produção de arte fenomenal, o uso das cores ajuda na construção de uma atmosfera pitoresca, estranha, mas linda, a utilização dos cenários como elemento não só estético, mas interativo e importante pra narrativa, pra crítica social do filme e pras piadas. Fora isso, tem o fato do Hulot ser um personagem super carismático e divertido, mesmo não tendo fala. O humor físico é sutil e não acho que a intensão do diretor tenha sido fazer o espectador se mijar de rir.
Curti a crítica que o filme faz a nova classe média industrial em ascensão e altamente materialista daquele período (não só daquele, né?). Achei o final super terno, fofo e mantendo o mesmo tom sutil que o filme utilizou em suas piadas. Curti demais! :DD
São Paulo Sociedade Anônima
4.2 172Acredito que focar muito no protagonista em si - sua personalidade, caráter, neuras - é um erro quando se trata desse filme. Vejo Carlos apenas como um personagem que alude ao arquétipo do paulistano médio, branco, pequeno burguês (pros padrões da época), ordinário, que é devorado pela industrialização e abrupta urbanização do Brasil daquele período.
Por não comprar totalmente a propaganda capitalista-desenvolvimentista (a ideia do viver para crescer economicamente, "subir" seu padrão de vida, acumular patrimônio e capital), Carlos acaba sendo uma pessoa vazia, melancólica, amargurada e frustrada. Porém, a crítica não se dirige ao Carlos, mas à engrenagem como um todo.
Possui uma estética maravilhosa (tanto fotografia quanto cinematografia), além de uma montagem que acho foda. Ademais, é um interessante documento da cidade de São Paulo daquele período. Curti muito.
"[...] Otimismo, Carlos, otimismo! O Brasil precisa de otimismo! Seu dólar sobe, seu café vai mal... Não tem importância. Esse país sempre esteve à beira do abismo." - Adorei essa fala hahaha.
Manhattan
4.1 595 Assista AgoraDiálogos interessantes e divertidos, porém algumas referências são meio forçadas e certas coisas não envelheceram bem.
Não tem como não achar a relação do protagonista (Woody Allen, 44 anos) com a Tracy (Meril Hamingway, que tinha 18 anos) enauseante e abusiva - SIM! é abusiva, mesmo que seja satírico. No mais, o filme tem um tamanho ideal, é uma comédia leve e divertida, possui uma fotografia muito bonita e a personagem Jill (Meryl Streep), sua história de fundo e seu livro são dos pontos mais altos do filme. Gostei bastante.
Não tem como falar muito das atuações de Woody Allen e Diane Keaton, pois são basicamente os mesmos personagens de filmes anteriores a nível de personalidade, neuroses e diria que até de história romântica.
Enfim, esteticamente lindo, história divertidinha, bom filme, com certeza influenciou muita coisa, mas certos pontos não são muito tragáveis hoje em dia.
007 Contra o Satânico Dr. No
3.7 293 Assista AgoraConclusão meio apressada, obviamente algumas coisas são bem datadas, mas não podemos ser anacrônicos. Filme que trouxe muita inovação pro gênero, é sim bem divertido e a semente de uma grande franquia nascia aí.
O Bando à Parte
4.1 211"Ceci n'est pas une pipe" - levado ao máximo e de um jeito charmoso.
Acho que é um dos filmes em que a quebra de convenções hollywoodianas mais ficou divertida e interessante, pelo menos pra mim. Gostei de como ele não busca, meramente, nos mostrar a história de um plano de assalto, mas sim, fazer uma representação escrachadamente artística, em que ele esfrega em nossas caras constantemente que estamos vendo um filme. Com isso, fazendo uma declaração de que a representação por meio da mídia utilizada, por si só, é mais interessante do que o que estão tentando retratar.
Enfim, o filme, a arte, é mais legal do que um assalto. Se quiser realismo e fidelidade, procure uma notícia sobre um assalto no jornal ou um documentário sobre um, mas se quiser se deleitar com uma boa experiência de arte, veja esse filme.
Nós
3.8 2,3K Assista AgoraFilme perfeito! Sem mais.
Joias Brutas
3.7 1,1K Assista AgoraQuando penso em boa direção, é nisso que tô pensando!
Simplesmente incrível a maneira como os diretores conseguem nos transmitir uma atmosfera frenética e caótica por meio da linguagem utilizada nesse filme. Lindo mesmo ver como a escolha de trilha sonora, o modo como tudo é filmado com um zoom da porra, os personagens falando um em cima do outro, a cinematografia, a estética da fotografia, enfim, como a direção dos irmãos Safdie nos coloca no ritmo de vida e na mente do personagem principal, ao mesmo tempo em que nos passa um realismo maior.
Dessa forma, os diretores nos conduzem a uma sensação de angústia constante, causada por um perigo que nos parece ser sempre iminente.
Adam Sandler tá muito convincente como esse picareta/trambiqueiro, totalmente transtornado. Bem fora da zona de conforto de atuação dele.
É muito massa ver a evolução da direção dos Safdie nesse filme em relação ao "Good Time". Pois tudo é mais orquestrado e melhor colocado nesse filme do que no de 2017.
E galera, por favor: o "caos" é proposital, a angústia e o desconforto é justamente a sensação que esse "caos" quer causar. O final é pra quebrar a imersão que você tinha e foder com o direcionamento de "final feliz" que nossa mente sempre busca para personagens que nos apegamos. É isso e tá tudo bem, ok? Estejam abertos para uma experiência diferente do que estão acostumados com um filme.
Meu Tio da América
4.1 45Uma bela jornada antropológica bahavorista que se utiliza de uma trama ficcional com três "protagonistas", que se intercala com momentos de linguagem documental em que prólogos muito interessantes, que se inserem para ilustrar e desenvolver um exame da natureza do comportamento humano em seus vários aspectos.
Confesso que inicialmente não compreendia bem o que via e tudo parecia não ter muito sentido. Porém, ao decorrer do filme, as coisas começaram a se encaixar e me vi em um exercício de reflexão sobre nossa espécie, ao passo em que conseguia estabelecer alguma relação entre as escolhas imagéticas e o que era dito. Após ver esse filme, fico com uma sensação interessante de uma nova compreensão de minhas escolhas e psique, de coisas que eu acreditava serem lógicas, conscientes, mas que na verdade não são. Isso graças à linguagem e escolha narrativa que eu diria até que é bem didática de Alain Resnais. Por favor, não entendam isso como eu dizendo que compreendi a obra por completo, pois não é o que eu disse.
Pra mim, foi uma experiência muito única com um filme, a qual nunca havia tido, até porque não vi muitos filmes na vida. Adorei!
Quando Duas Mulheres Pecam
4.4 1,1K Assista AgoraAtuações fenomenais, iluminação linda, efeitos sonoros imersivos, vanguardismo na linguagem adotada e técnicas utilizadas para montagem. Filme perfeito!
Ainda estou processando as indagações e perspectivas que o filme traz sobre nossos papéis na sociedade, até que ponto nossas escolhas são realmente nossas ou estão ligadas às expectativas que terceiros possuem sobre a gente e as máscaras que vestimos ao cumprir esses anseios que nos são impostos e, até mais do que isso, o peso dessas máscaras em nossa face/alma.
Dá pra ficar horas e horas falando dos simbolismos utilizados pelo diretor para passar a mensagem, mas, como disse acima, ainda estou processando tudo.
Bergman, pra mim, ainda é uma feliz novidade (antes tarde do que nunca, afinal...). Estou amando seus aspectos filosóficos-existencialistas e psicológicos.
Tudo Pode Dar Certo
4.0 1,1KFilme muito divertido, com um humor ácido e bem crítico a certas convenções. Larry David está incrível no papel desse velho arrogante, niilista e misantropo.
Acredito que assim como o pai da Melodie se utilizava das armas e seu conservadorismo para mascarar e utilizar como mecanismo de defesa contra coisas que ele tinha reprimida dentro dele, o Boris faz a mesma coisa com sua arrogância e niilismo cínico. Ele se sente tão inferiorizado em relação a sua insignificância no universo, até em relação à ex-mulher dele - que era mais rica, mais ou tão brilhante quanto etc. - que precisa se validar o tempo todo dizendo que "quase" recebeu um prêmio Nobel, que é um gênio e demais coisas que ele fala.
Portanto, acredito que o relacionamento dele com Melodie, não só serve para fazer o paralelo entre o novo e o velho, o otimismo e o pessimismo, o niilismo e o romantismo, o cético e o crente, mas também para ele se validar como alguém melhor e superior. Melodie trazia esse senso para ele.
A mensagem que o filme passa com esses personagens é muito bonita e até otimista, no final das contas. Faça o que for necessário para você ser feliz nesse mundo miserável hahaha.
Fora tudo isso, fotografia é muito boa, belas imagens de Nova York, ritmo do filme é delicioso. Realmente, uma comédia ótima! Filmão!
Uma Mulher é Uma Mulher
4.1 267Se esse filme já incomoda hoje em dia, imagina como foi em sua época. Adorei o contraste dos atores com atuações teatrais ao mesmo tempo em que o filme é filmado como se fosse um "documentário" da vida desse casal (contraste do realismo com o semi-caricato). Filme altamente experimental, desde as edições feitas de diversas maneiras distintas, passando pela trilha sonora inconstante e a belíssima fotografia, até às quebras da quarta parede.
Acredito que o filme não incomode só por retratar um casal altamente progressista (mesmo pros dias de hoje), mas, mais ainda, por Goddard quebrar diversas "normas" estabelecidas pro cinema até então.
Achei o filme divertido dentro do que se propõe e, não sejamos anacrônicos aqui, é um filme bem inovador, mesmo com baixo orçamento. Curti.
Vá e Veja
4.5 755 Assista AgoraSimplesmente o melhor filme de guerra que já vi na vida. O filme traz a carga dramática ideal. Densa como o fato histórico retratado pede. Filme fundamental a todos os fãs de cinema e de história.
É muito difícil acreditar que Klimov possui, majoritariamente, filmes de comédia em sua filmografia. Aqui ele prova que não era um diretor de comédias, mas um diretor de cinema, encerrando a carreira em grandíssimo estilo.
As atuações são fenomenais, principalmente do Aleksei Kravchenko que tinha cerca de 15 anos na época. Muito interessante notar suas expressões faciais e desenvolvimento de seu personagem durante o filme.
Enfim, vejam essa obra-prima!
OBS: Uma pena a capa mais votada do filmow, ser simplesmente a mais feia. Arrumem isso, meu povo, votem em outras.
O Homem Invisível
3.8 2,0K Assista AgoraAngustiante. Acredito que esse seja o adjetivo que melhor defina esse filme. Em tempos de "Movimento Me Too", esse filme traz uma narrativa que se utiliza de um terror psicológico como metáfora para discutir questões como "culpar a vítima" e desacreditá-la (principalmente quando a vítima é uma mulher e, mais ainda, mulher de uma pessoa rica e influente).
Gostei muito da fotografia e trilha sonora do filme, pois ajudam no tom de angústia e paranoia constante que é nos causado. Além disso, a atuação da Elisabeth Moss é incrível, ela está muito convincente no papel. Filme ótimo. Recomendo muito.
Acordar para a Vida
4.3 789Vejo o filme como uma grande meditação sobre a natureza da realidade e, também, aí já no campo da linguagem utilizada no filme, uma crítica à "narrativa" (em dado momento do filme ele até explicita isso em certo diálogo, mas utilizando uma espécie de metáfora).
Discordo que o filme seja uma ~masturbação mental~ para "entendidos" em filosofia, pois não vejo como proposta do diretor a mera referência por referência, para os "sabichões" ficarem anotando as que conseguiram identificar. Também não vejo como problema o diretor não se aprofundar nesses temas, pois estamos falando de um filme de 1h40, não uma tese de doutorado, em que o objetivo é lhe instigar a pensar sobre essas questões mais do que compreender a base teórica por trás.
Entendo também a técnica de animação utilizada como uma espécie de "metalinguagem" às indagações do filme. Já que a rotoscopia se utiliza de filmagens reais e, a partir dessa imagem "real", se anima um quadro e o torno uma animação, algo "irreal". Mas aí já é pura viagem minha mesmo hahaha.
No geral, é um filme em que se deve mesmo estar aberto ao que ele te propõe a pensar e aos métodos utilizados para isso. Deve-se tanto prestar muita atenção, como também não "superanalizar" demais as coisas e transformar o filme em uma competição de quem cata mais referências bibliográficas. FILMAÇO! ASSISTAM! MAS VEJAM DE CORAÇÃO E MENTE ABERTOS.
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista AgoraComo diria o grande Dalenogare, se você quer entretenimento por entretenimento, um mero filme de terror (fotografia escura, jump scares, plot twist) pra ficar com medinho e tomar uns sustinhos, por favor, NÃO PERCA SEU TEMPO. O filme tem muitos méritos técnicos e uma proposta inovadora pro gênero. Ao ver esse filme você deve se entregar a história, apreciar a fotografia, o desenvolvimento das personagens e compreender a linguagem e elementos utilizados pelo diretor (soa pretensioso? soa... mas é a verdade). O filme traz um desenvolvimento lento e uma narrativa direta, sem um grande plot twist.
Então minha dica é essa: VÁ COM A MENTE ABERTA E VEJA O FILME AFIM DE UMA EXPERIÊNCIA ÚNICA COM O GÊNERO. NÃO VÁ ESPERANDO ENTRETENIMENTO FÁCIL, SUSTOS GRATUITOS E TERROR BARATO. O FILME É MESMO AMBICIOSO.