A juventude é o principal momento em que descobrimos o mundo, principalmente se você for um Amish. ... Em Rumspringa acompanhamos um jovem Amish que ao atingir a maioridade faz o ritual de sair de sua comunidade para conhecer a sociedade exterior. Nessa jornada de amadurecimento ele entra em contato com uma cultura completamente estranha e experiências que farão questionar seu retorno. ... É uma comédia bem fraquinha, com personagens e situações muito bobas, mas que tem sua graça na brincadeira com os estereótipos. No entanto, o filme é muito mais longo do que deveria e quando resolve partir para momentos mais dramáticos, ele não se sustenta.
A época dos trotes por telefone já passou, eles perderam espaço para as ligações de vindas de presídios e telemarketing. ... Em Não Desligue acompanhamos um Youtuber que ganha visualização com trotes, até que ele liga para alguém que se vinga da "brincadeira". ... Para uma produção de baixo orçamento e despretensiosa ela apresenta um bom potencial inicial, mas vai perdendo força rapidamente e não sustenta nem a já reduzida duração de quase 80 minutos.
Concursos de música não são tão populares no Brasil como em outras partes do mundo, então devo confessar que a primeira vez que ouvi falar de Eurovision foi nesse filme do Will Ferrell, ainda que ele já ocorra desde 1956. ... Em Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars acompanhamos Lars e Sigrit que tem o sonho de participar e ganhar o concurso de música Eurovision. Desacreditados por todos, eles assim passam mais de 40 anos até que o Fire Saga finalmente é tem sua chance. ... A dupla é inicialmente escolhida para uma eliminatória local apenas para cumprir o número mínimo de participantes e, apesar de se saírem muito mal, um evento inesperado os leva para a final europeia. ... A partir de então temos a conhecida e recorrente jornada de histórias sobre músicos e bandas com seus autos e baixos, vitórias e derrotas, separações e arrependimentos. Uma comédia musical escrachada típica do Will Ferrell. ... E ele consegue se sair muito bem num nível de bobo que para ele foi até contido, mas definitivamente esse tipo de filme não faz o estilo de Rachel McAdams, que parece bem forçada e deslocada. ... Ainda assim, o nível de não se levar a sério possibilita esse descompasso e brilha ao apresentar números musicais que caminham entre o engraçado e o deslumbrante. Com a mescla de canções populares com originais que realmente roubam a cena e rendeu até uma indicação ao Oscar em 2021.
Existem projetos que saem do papel pela força e este é um deles. ... Em Rápida e Mortal acompanhamos uma pistoleira solitária que chega ao vilarejo de Redemption em busca de vingança e acaba participando de uma competição de duelos. Lá ela encontra varia estereótipos de atiradores como um garoto arrogante, um jogador, um padre arrependido, o "dono" da cidade. ... É um filme de clichês, que traz todos os tempos mais básicos do western que poderíamos esperar, e isso tanto do ponto de vista de roteiro como estético, então prepare-se para ver diversos closes com olhares malvados e mortes rápidas nos duelos, mas com a marca do diretor que não esconde sua autenticidade brincando com sequências e torcendo ângulos de câmera. ... E embora a trama já tenha sido utilizada à exaustão, ela ganha novos ares ao misturar com outros estilos e colocar uma mulher no papel de protagonista resultando em toda uma série de subtextos de embate contra a sociedade machista que poderíamos esperar. ... No entanto, a produção que ganha pelas trucagens falha do ponto de vista narrativo e se estende além do que deveria, pois por mais rápidos que sejam os confrontos, eles são muitos e tornam-se repetitivos com quase nenhuma surpresa. ... É interessante que o maior produtor/promotor deste filme foi sua protagonista, Sharon Stone que se encontrava no auge em meados da década de 1990 e escolheu o filme sua equipe, exigindo Sam Raimi na direção, assim como Gene Hackman e os ainda não muito conhecidos Leonardo de Caprio e Russel Crowe.
Que histórias com zumbis já cansaram, acho que todos concordamos, mas algumas vezes surge alguma novidade como Train to Busan. . Invasão Zumbi trouxe a claustrofobia de um trem de alta velocidade com mortos-vivos se alimentando a cada vagão. Foi um sucesso de 2016 que deu um novo fôlego para o tipo de filme. Então, em 2020 chegou a inevitável continuação: Península. . Depois de uma introdução interessante com refugiados da Coreia tentando chegar a um lugar seguro em transatlânticos, e saindo tudo errado. A história se transforma numa trama de assalto, onde sobreviventes que passaram a morar em Hong Kong precisam invadir a península para recuperar "tesouros". . Embora este filme tenha vindo antes, o diretor Scott Snyder recentemente retornou para seu cenário de zumbis com a mesma premissa, então soa repetitivo. Mas para facilitar um pouco o que no filme anterior mostrava ser um confronto impossível, descobrimos que as criaturas não se movimentam muito a noite. . Quando o grupo chega de volta à Coreia, além da missão de resgatar dinheiro encontramos uma nova sociedade criada por sobreviventes que a quatro anos perderam o contato com o exterior. . A estrutura apresentada é a de vídeo game, mas que funciona melhor quando estamos com o controle na mão. Os personagens também não tem lá muito carisma e depois das primeiras surpresas, perde-se aquele apelo necessário para continuarmos. Por outro lado, algumas sequências de ação são muito boas, em especial um "Mad Max" nas ruas da cidade. . A comparação com o primeiro filme é inevitável, e isso conspira contra essa continuação que, apesar de ainda trazer esse estilo de gênero híbrido coreano, que sabe misturar ação, aventura, terror, drama e comédia. Desta vez faltou equilibrar melhor, pois o drama quando aparece é excessivo e as crianças inseridas na trama a tornaram mais boba, não importando o quão violenta fossem as mortes. ... Mais fraco, mas ainda assim uma boa diversão que apresenta bom controle de ritmo, sem se tornar cansativo.
Os últimos anos do século XIX e os primeiros do XX ainda mantinham sua aura de descoberta para os aventureiros do ocidente. ... Em Rondon - o Desbravador, acompanhamos trechos da vida do explorador Cândido Rondon pelas suas memórias e alucinações enquanto conta sobre seu passado para um jornalista em seus últimos dias de vida. ... A tentativa foi valida e a qualidade de captação de áudio e vídeo de forma digital permite boas tomadas, mas isso não significa um bom filme, falta um desenvolvimento maior no tratamento do roteiro e uma pós produção com atenção à edição. ... A intenção é boa, mas a produção enfraquece com o uso de uma estética narrativa muito novelesca, além da linguagem enciclopédica que em muitos momentos parece que estamos assistindo um longa metragem do Telecurso 2000. ... Apesar disso, ao aceitarmos o caráter didático, podemos aproveitar a história e elementos como a utilização de imagens de arquivo das expedições do Rondon, documentos históricos muito interessantes.
Predadores sempre pensam esta no topo da cadeia, até que encontram algo pior. ... Em Invasores acompanhamos Anna, uma jovem agorafobica que cuida de seu irmão com uma doença terminal, até que ele morre e durante o velório sua casa é invadida por três bandidos. ... Mas não se engane, não é um simples filme de invasão, embora o título sugira, pois algo bem pior e inesperado acaba acontecendo na casa. ... Um suspense de baixo orçamento, mas com uma ótima somatória de direção, roteiro e atuação que surpreende.
O fim da guerra fria não significou o fim da espionagem, mas uma nova forma de problemas problemas e soluções. ... Um atentado terrorista num avião em Viena no ano de 2012 foi uma mácula na equipe da CIA que Henry Pelham participava, oito anos depois, com a prisão de um dos terroristas e a suspeitas de um espião no grupo, o caso foi reaberto. ... Em Um Jantar entre Espiões acompanhamos uma investigação sobre esse evento em três momentos narrativos: a época do atentado que é mostrada a partir dos relatos obtidos na investigação do presente e flashs de outros momentos que ajudam a conectar e entender as relações entre os personagens. ... Mas alinhe suas expectativas, pois muito longe de um filme com espiões cheio de explosões e troca de tiros, o próprio título nacional indica que as situações aqui serão resolvidas (ou não resolvidas) de forma muito menos explosivas e num ritmo lento, ainda que com boas viradas na trama. ... Ainda assim, esteticamente a fotografia vai a todo momento querer nos levar à iluminação e ambiência de cores que remetem aos anos 1970 quando esse tipo de produção era mais comum.
Chega um momento que até o melhor dos assassinos quer se aposentar, mas quem quer se livrar de um funcionário tão bom? ... Vamos lá, você já viu esse filme, mesmo que não tenha assistido antes, basicamente em Gemini Man conhecemos um matador que já cansou do trabalho, descobre que se os alvos não eram terroristas e antes de se aposentar será substituído por um clone. ... Esse filme é um projeto da Disney de meados da década de 1990 que foi aprovado, mas engavetado e só viu a luz anos depois pela Paramount. Mas por isso acaba com uma trama que ressalta tudo que já foi mostrado nesses anos entre final dos 90 e início de 2000 com uma história para lá de genérica. ... Assim temos sequências de luta e tiroteio muito bem dirigidas com coreografias realistas graças à preferência por efeitos práticos, mas que falha nos poucos momentos de CG como a luta contra a moto e algumas cenas do protagonista rejuvenescido. ... Vale pela curiosidade de ver Will Smith contra um Maluco no Pedaço na paisagem das ruas de Cartagena na Colômbia e do subterrâneo de Budapeste.
Ter consciência do baixo orçamento geralmente ajuda na hora de assumir um projeto, Eles Vivem é simples, mas consegue entregar um "arroz com feijão" muito melhor que grandes franquias. ... Nesse filme acompanhamos um grupo de amigos que vai acampar na floresta durante as férias, mas no meio do caminho atropelam algo que volta para se vingar no dia seguinte. ... Filme de horror found footage que segue os principais clichês do gênero, como as câmeras sendo utilizadas de modo forçado e aquela composição básica com 5 amigos, sendo dois casais héteros e um extra para carregar a câmera e fazer o papel do alívio cômico e ser incômodo. ... Mas ao focarmos na dinâmica da história, tudo funciona muito bem. Temos uma construção que não se demora e nem apressa, um efeito de maquiagem bem feito, o nível crescente de desesperança, e até uma tentativa de esperança final. Nada surpreendente, mas com um suspense bem desenvolvido e que consegue provocar certa tensão ... O pior é assistir pela Amazon, que simplesmente não se importa com os espectadores e apesar de entregar legendas (algo que frequentemente está em falta no streaming) ela é tão inconstante que sem entender o mínimo de inglês, nem adianta dar o play.
O terceiro filme da série After continua sua jornada para justificar o injustificável, mas agora desenvolvendo a questão parental para "explicar" alguns comportamentos. ... Se o filme que não conta com uma boa trama e nem bons atores não seria suficiente, a história insiste em levar Tessa à desistir de sua vida pra ficar com o garoto machista, violento e alcoólatra. ... Se podemos elencar algo de bom nesse terceiro filme é que, além dos clichês, não acontece quase nada, então o relacionamento abusivo, que é marca registrada da série, ficou por conta de outro casal. ... Enfim, um dramalhão que insiste em não desistir e reserva ainda mais um filme para o fim de 2022.
Sempre esquecemos o quanto as fábulas infantis foram amenizadas pela Disney, daí nós surpreendemos quando entramos em contato com outras abordagens. . Boas Maneiras é uma mistura de fábula com horror nacional que acompanha Clara Macedo, uma mulher pobre em busca de emprego, mas que encontra dificuldades por sua personalidade extremamente introspectiva. Ela é contratada como babá e passa a viver na casa da patroa, Ana Proença, uma futura mãe solo ao qual vai dividir os desafios e descobertas. . Até agora parece que estamos num filme sobre questões sociais cotidianas e por um tempo isso se mantém, inclusive com aqueles abusos de função, por parte da patroa que faz a babá também trabalhar com limpeza da casa, acompanhante e secretária. Mas elas se aproximam e estranhos comportamentos são cada vez mais recorrentes a medida que a gravidez avança. . E o desenvolvimento que se segue é bom, mas se resolve na metade do filme e parte para uma segunda história, quase como uma antologia. Isso mesmo, há uma quebra de narrativa e tom entre a gestação e a criação da criança que prejudicam ambas as partes. . O drama da gestação e o relacionamento entre Clara e Ana provoca estranhamentos e se desenvolve aos poucos para um horror com ares de Forma da Água do Guillermo Del Toro. Enquanto a segunda parte mantém o drama a partir da Clara, ainda que numa figura mais leve por seu amor pelo Joel, mas a história se transforma num horror fantástico infantil. . E nessa busca forçada por conexão temos elementos que fragilizam a primeira metade, como as músicas de fábulas infantis que não fazem soam fora de sintonia quando aparecem; enquanto na segunda metade temos trechos com os atores cantando como um musical que destoam completamente. . Visto de forma fragmentada, acredito que, salvo algumas escolhas narrativas musicadas, ambas as narrativas se resolvem em atuação, desenvolvimento e até efeitos práticos e digitais; mas colocados num único projeto os problemas se sobressaem e "o todo se prejudica pelas partes".
Segredos antigos de uma civilização perdida podem significar o fim de tudo que conhecemos. ... O Segredo do Templo chega a sua terceira e última temporada, oito anos se passaram desde que Atiye retornou ao seu universo para o templo Gobekli Tepe. Mas esse tempo não foi tão feliz, pois sua filha foi sequestrada no nascimento sem deixar nenhuma pista sobre seu paradeiro. .. Essa temporada se desenvolve principalmente em relação ao relacionamento da garota que agora tem oito anos e reencontra os pais, mas os poderes que ela manifesta vão servir de motivação para que inimigos obscuros se revelem. E assim, acompanhamos inimigos se tornando aliados e novos perigos aparecendo para tomar o lugar dos antigos. ... Mas infelizmente a série se perde num drama desequilibrado entre os personagens, alguns que exageram nas emoções, enquanto outros parecem acredita tanto num poder superior que se mostram apáticos. ... O ritmo também é muito ruim, desnecessariamente lento, se enrola com as relações familiares, quando poderia dar mais espaço para as investigações históricas e mitológicas, momento que a série brilha com histórias que mesclam lendas de diversos povos árabes com realidades paralelas e uma inevitável destruição da Terra. ... Disponível: #netflix ... Série 7/10 Temporada 6/10
Não acredite muito em aluguéis baratos, alguma coisa pode se esconder nesse ... Em 1 BR: O Apartamento conhecemos Sarah, uma jovem que mudou para Los Angeles em busca de encontrar um novo rumo para sua vida. Ela fica feliz por ter encontrado o lugar perfeito para morar, mas perfeito pode ser também algo muito estranho. ... O horror psicológico se apresenta a partir de uma sensação de bizarro constante que vai escalonando, mas esse estranho se perde um pouco nos trechos de tortura que parecem perdidos e sem motivo. ... A trama desenvolve um senso de comunidade extremo que nega qualquer individualidade e vive para substituir os membros perdidos se organizando como uma seita. Mas falta um melhor tratamento para o roteiro, que desenvolva melhor a motivação, a direção e atuação fracas também prejudicaram no ritmo e imersão.
Se você tiver uma impressora, atente-se ao nível de tinta, ele pode evitar ou provocar grandes problemas. ... No filme O Homem de Toronto conhecemos Randy e Teddy Nilsen, o primeiro é um assassino de aluguel, o segundo um atrapalhado inventor que só quer viajar com a esposa no fim de semana de aniversário. ... Por causa de uma série de erros, o inventor foi confundido com o assassino e agora ele precisa assumir a identidade do Homem de Toronto numa missão em Porto Rico. ... Clássica comédia de duplas, uma variação do policial bonzinho e malvado, mas desta vez com um assassino e uma pessoa comum sem a menor condição de fazer nada. ... Engraçado, boa interação entre os personagens que se vende pelo carisma dos atores, nesse ponto, a substituição do Jason Statham para o Woody Harrelson fez muito bem para o tempo de comédia e pro próprio tom mais sessão da tarde.
Qual laço familiar é o mais forte? Com aquele que nascemos ou os que escolhemos estar ao nosso lado? ... Na segunda temporada de Superman e Lois as crises familiares se tornam-se o motor principal dos conflitos, a começar pelo envolvimento de Lois investigando uma seita de auto ajuda que a irmã se enfiou, enquanto precisa lidar com a "não filha" de outra realidade se acostumando com o novo universo né no qual sua mãe é casada com o responsável por destruir seu mundo; os adolescentes com problemas de drogas, aceitação e relacionamento; e uma versão bizarra/apocalíptica do Superman. ... E se a princípio o maior desafio de Clark parecia ser um conflito com os EUA querendo seu próprio exército de Superman e forçando o Superman a se submeter a ideia de "América em primeiro lugar". Temos uma virada de roteiro que mistura os objetivos da seita de auto ajuda com o Mundo Bizarro e o domínio de duas realidades. ... Essa temporada segue a mesma linha que a anterior com novos conflitos de narrativas divididas em pequenos núcleos que convergem para um único e catastrófico evento. ... Ela mantém a qualidade se desenvolvendo no equilíbrio de temas sérios e complexos como seitas que fazem lavagem cerebral em pessoas com vulnerabilidades e diferentes formas de relacionamento, ao mesmo tempo que tem mundos paralelos inspirados nas HQs da década de 1960 e pancadarias ocasionais. ... O cuidado técnico no trabalho com iluminação e tomadas menos comuns continua, mas os efeitos especiais de vez em quando não funciona como deveria, ainda que não atrapalhe assistir. ... Minha maior crítica, mas que para muitos é um dos motivos para fazer funcionar a série é a relação confusa com o Arrowverso, que na teoria compartilha do mesmo mundo, mas com exceção das aparições pontuais do John Diggle, mais nada é mencionado, o que cria uma incoerência bem grande. ... Disponível: #hboplus ... Temporada 9/10 Série 9.5/10
O preconceito e a violência que vem dele só promove o isolamento e desunião. ... Em Tio Frank acompanhamos uma jornada de descoberta, de um lado uma jovem que sai de casa pela primeira vez, de outro seu tio, que vive longe da família por causa de algo que ocorreu no passado e nunca foi resolvido. ... Apesar de passar por outros tempos, o filme é ambientado em 1973, década onde costumes estavam sendo questionados, a cultura de preconceitos estava sofrendo suas primeiras mudanças, mas se ainda não superamos a homofobia, o racismo e toda a sorte de preconceitos, nesse momento tudo era ainda mais difícil. ... Assim, o espectador observa esse recorte no tempo pelos olhos de Beth, que ao conhecer a si mesma, descobre sobre seu tio, o motivo dele se isolar tanto, ou porque ele foi isolado e é tão difícil assumir sua sexualidade para os familiares. ... O tom se mantém por grade parte do filme com uma certa leveza, mesmo tratando de temas tão duros e de violência sem recair num exagero melodramático, mas mantendo a tensão sempre presente do medo da descoberta. ... A questão dramática se intensifica no ato final, quando os eventos traumáticos do passado que observamos a partir de flashbacks vem de encontro com a situação presente, ainda que esta se manifesta com algum tipo de esperança. ... Além disso, tecnicamente temos uma bela fotografia em cores quentes, remetendo à década de 1970, mas sem exagerar a ponto de tornar a ambientação sufocante, ela é agradável e convida o espectador a fazer parte dos acontecimentos.
Quem nunca perdeu a noção de espaço por causa de um pernilongo ou mosca rondando ... Em Homem X Abelha acompanhamos Trevor Bigley, um zelador itinetante, uma pessoa que é contratada para cuidar de casas quando seus donos viajam. Em seu primeiro trabalho fica responsável por uma residência toda automatizada, com obras de arte caras por todos os cantos e um cachorro arteiro. ... As dificuldades geradas por trapalhadas já seriam inevitáveis, mas tudo fica ainda mais difícil por causa de uma abelha zanzando de um lado para o outro e a obsessão de matá-la de qualquer maneira. ... É impossível ver Rowan Atkinson e não lembrar da comédia física de Mr.Bean, e aqui temos algo muito semelhante, mas com um diferencial: o personagem possui falas. Ok, nada grandioso e até a premissa básica pode ser encontrada em um dos episódios da série de humor inglesa. ... E claro que esse tipo de comédia pressupõe um exagero, mas existe um limite aceitável, e infelizmente o roteiro vai escalonando de tal forma que ultrapassa a melhor das boas intenções até que o bobo perde a graça.
Tudo que o espírito empreendedor quer é encontra um nicho de mercado único onde possa explorar e enriquecer. ... Em Fresh acompanhamos Noa, uma mulher cansada dos relacionamentos superficiais de Tinder e redes sociais, até encontrar alguém que se mostra diferente e promissor num encontro casual no mercadinho. ... Uma passagem num bar e o relacionamento rapidamente evolui para um fim de semana surpresa numa casa de campo afastada de tudo e fora da cobertura de qualquer celular. Vocês já viram que alguma coisa não vai dar certo né? ... Evitem spoilers porque parte do envolvimento é a descoberta, assim não vou ser tão direto sobre o que o filme trata. Mas é um suspense de horror sádico e sarcástico que vai revirando o estômago por meio de sugestões, enquanto constrói um background que financia e suporta o perigo direto da história. ... Essa atmosfera de horror se apresenta a partir de uma montagem feita com muitos recortes e ângulos não muito convencionais que produz um dinamismo diferente ao mesmo tempo que deixa algumas dicas da situação principal e que se complementa no título que só aparece depois de 30 minutos de filme. ... Todas as escolhas de câmera, ritmo e cores vão constituído um suspense que torna claro para o espectador que Noa está se caindo numa armadilha que ela nega existir até não poder mais fazer nada para sair da situação. ... Enfim, fugindo o máximo em revelar qualquer coisa, a direção e roteiro feitos por mulheres ressaltam elementos que o diferenciam do tipo de produção e ainda sobram espaço até para um humor irônico sobre os males do patriarcado.
Depois de uma longa e controversa série de filmes adaptando o cenário dos jogos de Resident Evil por Paul W Anderson, eis que ele mesmo retorna como produtor para um reinício. ... Em Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City acompanhamos dois grupos de policiais recolhendo pistas sobre o que está acontecendo nas últimas horas antes da Umbrella destruir a cidade para conter uma suposta infestação criada pela própria corporação. ... É num filme com estética muito marcada por filtros, primeiro um vermelho sangue (que também pode ser de uma das partes do símbolo da Umbrella) na introdução; em seguida avançamos alguns anos para a fotografia ganhar também uma coloração azulada. ... Essas escolhas dão um aspecto datado, seja para a década de 1980 na introdução, ou nos anos 1990 no decorrer do filme. Ambientação ressaltada pelas roupas, objetos de cena e até mesmo estilo de filmagem e interpretação. ... Do ponto de vista narrativo, esse ar ultrapassado se reflete numa Raccoon City decadente pelo encerramento das atividades da empresa de cosméticos que praticamente dava emprego para todos na região: a Umbrella. ... E esse ponto é um trunfo, mas o ritmo é sofrível, parece que assistimos às cutscenes de um jogo em alguns momentos, e outros vivenciamos os quebra-cabeças. Mas nada funciona, grande parte é para mostrar os bastidores do primeiro e segundo jogo mostrando como determinado caminhão pegando fogo aparece na frente da delegacia e as caixas com munição se espalham pela cidade. ... E se o ritmo é problemático, as sequências de ação que poderiam ser o prato principal da produção, são piores ainda, ora lentas, ora escuras. Isso sem falar dos efeitos especiais, que se sai bem nos práticos de maquiagem e animatrônico, mas os digitais são desesperadores. ... Os atores escolhidos nem são tão ruins assim, mas a construção dos personagens é rasa a ponto o de se estruturar em frases de impacto (sem nenhum impacto). Os zumbis, por outro lado, são ainda piores e quase nem aparecem!!! ... Enfim, o filme tem apenas uma boa estética, todo o resto é desesperadoramente ruins, então por mais controverso que seja, fique com os filmes da Milla Jovovich.
É socialmente mal visto alguém que não gosta de bebês, mas esses pequenos seres que só choram e fazem sujeira também não são amados por todos. ... A mini-série O Bebê vai mostrar como um destes serzinhos com rosto de joelho podem ser demoníacos. Para isso acompanhamos Natasha, uma mulher de 38 anos irritada com os recém nascidos de suas melhores amigas resolve viajar e daí as coisas ficam estranhas. ... A casa escolhida fica no pé de uma colina, de repente cai uma mulher e depois um bebê, este segundo ela salva e vai começar a persegui-la a partir de então, deixando um rastro de mortos por onde ela tenta abandoná-lo. ... Sem precisar de efeitos especiais (embora exista alguns) vamos conhecendo a maldade e os poderes da "inocente" criatura, enquanto sua origem nos é revelada aos poucos com todas as "mães" que ele teve. E as expressões do bebê são sensacionais, pois são naturais, mas ainda assim o tom da cena consegue exprimir o sentimento desejado com louvor. ... Mas não é apenas uma história de humor inglês sádico sobre maternidade, é também sobre depressão pós parto, solidão, mães solo, pressão da sociedade para as mulheres serem mães, homofobia, misoginia e a discussão sobre a responsabilidade de ter um filho. ... Dessa forma, o humor vai aos poucos tomando ares dramáticos ao longo da temporada com o cômico virando apenas pontual até deixar de existir. Talvez essa transição seja o mais fraco, pois embora tenhamos ritmo tanto narrativo, quanto em relação às revelações, de vez em quando os temas pedem mais profundidade e ela não chega, com a continuidade também um pouco prejudicada.
Quando falamos em desligar o cérebro para assistir algo geralmente estamos exagerando para justificar que aquilo é muito ruim. E não estou justificando nada, mas entendi o significado de "desligar o cérebro" ... Em Interceptor acompanhamos dois soldados protegendo o centro de controle da base antimíssil estadunidense localizada no meio do Oceano Pacífico. Esse grupo terrorista roubou bombas atômicas russas e colocou as principais cidades dos EUA sob ameaça. ... Seria um simples filme de ação esquecível, mas o roteiro consegue levantar um tema interessante: o assédio e abuso sexual dentro das forças armadas, e como a denuncia pode colocar a vitima numa situação de ainda mais fragilidade por causa do corporativismo machista. ... Mas continua sendo apenas um filme de ação e ufanista, raso, com péssimos atores, que não tenta enganar ninguém. Ainda que toca em questões que existem dentro das instituições militares como machismo (já citado), mas também a xenofobia, racismo e toda uma série de problemas estruturais da sociedade que refletem nas forças armadas, na política ou qualquer outra instituição. ... Uma curiosidade, Chris Hemsworth é casado com Elsa Pataky, a protagonista, e faz uma participação especial "pro bono" como vendedor de TVs que assiste a transmissão que os terroristas fizeram do ataque à plataforma. Uma sketch de humor ok e completamente destoante do resto do filme.
Isolamento é o novo zumbi? Provavelmente o prazo de validade é muito menor, mas é uma possibilidade de produzir um baixo orçamento. ... Em Distrito 666 somos levados a 2042, a Pandemia nunca foi controlada e o mundo não voltou ao normal, na verdade evoluiu para um estado totalitário mundial dividido em distritos sem comunicação entre os residentes e com controladores que vigiam as ruas respondendo qualquer desvio com força. ... O fie acontece principalmente por meio dos encontros virtuais e os pensamentos do protagonista em longos monólogos. Estrutura que amplia a claustrofobia da situação e a depressão que toma os personagens, mas torna o ritmo bastante lento e cansativo prejudicado também pela atuação irregular. ... Mas o que realmente incomoda é a tentativa de pintar o filme com uma aura gringa, toda a produção é nacional, mas eles forçaram muito na tentativa de tornar internacional. Assim, todos os personagens tem nomes anglófonos, e o pior fica para o grupo cantando o hino Amazing Grace!!! Por que??
Histórias adolescentes geralmente tratam de viver cada dia como se fosse o último da maneira mais intensa possível, mas quando os adolescentes começam a explodir sem motivo isso ganha outra perspectiva. ... É justamente sobre isso Espontaneous, numa cidade dos EUA, jovens formandos começam a explodir sem motivo aparente, e o desespero leva os sobreviventes a repensar sobre suas vidas e futuros. ... A premissa do filme sugere algo louco e surreal, mas basicamente temos uma comédia romântica com adolescentes padrão até o meio do filme, em seguida, quando as consequências das explosão realmente pesam, o filme tem uma guinada para o drama existencial até chegar numa conclusão que aponta para algo mais otimista: a de que vivemos apenas o presente e todos morreremos de uma forma ou outra. ... Ao refletir mais sobre a trama, temos uma espécie de investigação da geração atual que é niilista por excelência e não tem qualquer perspectiva em relação ao futuro. Não é mais o sentimento de imortalidade, mas saber que a morte pode acontecer ao virar a esquina e não se importar com mais nada e nem consigo mesmo. ...
Rumspringa - Ein Amish in Berlin
3.0 15 Assista AgoraA juventude é o principal momento em que descobrimos o mundo, principalmente se você for um Amish.
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Em Rumspringa acompanhamos um jovem Amish que ao atingir a maioridade faz o ritual de sair de sua comunidade para conhecer a sociedade exterior. Nessa jornada de amadurecimento ele entra em contato com uma cultura completamente estranha e experiências que farão questionar seu retorno.
...
É uma comédia bem fraquinha, com personagens e situações muito bobas, mas que tem sua graça na brincadeira com os estereótipos. No entanto, o filme é muito mais longo do que deveria e quando resolve partir para momentos mais dramáticos, ele não se sustenta.
Não Desligue
2.7 262 Assista AgoraA época dos trotes por telefone já passou, eles perderam espaço para as ligações de vindas de presídios e telemarketing.
...
Em Não Desligue acompanhamos um Youtuber que ganha visualização com trotes, até que ele liga para alguém que se vinga da "brincadeira".
...
Para uma produção de baixo orçamento e despretensiosa ela apresenta um bom potencial inicial, mas vai perdendo força rapidamente e não sustenta nem a já reduzida duração de quase 80 minutos.
Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars
3.2 278Concursos de música não são tão populares no Brasil como em outras partes do mundo, então devo confessar que a primeira vez que ouvi falar de Eurovision foi nesse filme do Will Ferrell, ainda que ele já ocorra desde 1956.
...
Em Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars acompanhamos Lars e Sigrit que tem o sonho de participar e ganhar o concurso de música Eurovision. Desacreditados por todos, eles assim passam mais de 40 anos até que o Fire Saga finalmente é tem sua chance.
...
A dupla é inicialmente escolhida para uma eliminatória local apenas para cumprir o número mínimo de participantes e, apesar de se saírem muito mal, um evento inesperado os leva para a final europeia.
...
A partir de então temos a conhecida e recorrente jornada de histórias sobre músicos e bandas com seus autos e baixos, vitórias e derrotas, separações e arrependimentos. Uma comédia musical escrachada típica do Will Ferrell.
...
E ele consegue se sair muito bem num nível de bobo que para ele foi até contido, mas definitivamente esse tipo de filme não faz o estilo de Rachel McAdams, que parece bem forçada e deslocada.
...
Ainda assim, o nível de não se levar a sério possibilita esse descompasso e brilha ao apresentar números musicais que caminham entre o engraçado e o deslumbrante. Com a mescla de canções populares com originais que realmente roubam a cena e rendeu até uma indicação ao Oscar em 2021.
Rápida e Mortal
3.1 180 Assista AgoraExistem projetos que saem do papel pela força e este é um deles.
...
Em Rápida e Mortal acompanhamos uma pistoleira solitária que chega ao vilarejo de Redemption em busca de vingança e acaba participando de uma competição de duelos. Lá ela encontra varia estereótipos de atiradores como um garoto arrogante, um jogador, um padre arrependido, o "dono" da cidade.
...
É um filme de clichês, que traz todos os tempos mais básicos do western que poderíamos esperar, e isso tanto do ponto de vista de roteiro como estético, então prepare-se para ver diversos closes com olhares malvados e mortes rápidas nos duelos, mas com a marca do diretor que não esconde sua autenticidade brincando com sequências e torcendo ângulos de câmera.
...
E embora a trama já tenha sido utilizada à exaustão, ela ganha novos ares ao misturar com outros estilos e colocar uma mulher no papel de protagonista resultando em toda uma série de subtextos de embate contra a sociedade machista que poderíamos esperar.
...
No entanto, a produção que ganha pelas trucagens falha do ponto de vista narrativo e se estende além do que deveria, pois por mais rápidos que sejam os confrontos, eles são muitos e tornam-se repetitivos com quase nenhuma surpresa.
...
É interessante que o maior produtor/promotor deste filme foi sua protagonista, Sharon Stone que se encontrava no auge em meados da década de 1990 e escolheu o filme sua equipe, exigindo Sam Raimi na direção, assim como Gene Hackman e os ainda não muito conhecidos Leonardo de Caprio e Russel Crowe.
Invasão Zumbi 2: Península
2.4 393 Assista AgoraQue histórias com zumbis já cansaram, acho que todos concordamos, mas algumas vezes surge alguma novidade como Train to Busan.
.
Invasão Zumbi trouxe a claustrofobia de um trem de alta velocidade com mortos-vivos se alimentando a cada vagão. Foi um sucesso de 2016 que deu um novo fôlego para o tipo de filme. Então, em 2020 chegou a inevitável continuação: Península.
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Depois de uma introdução interessante com refugiados da Coreia tentando chegar a um lugar seguro em transatlânticos, e saindo tudo errado. A história se transforma numa trama de assalto, onde sobreviventes que passaram a morar em Hong Kong precisam invadir a península para recuperar "tesouros".
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Embora este filme tenha vindo antes, o diretor Scott Snyder recentemente retornou para seu cenário de zumbis com a mesma premissa, então soa repetitivo. Mas para facilitar um pouco o que no filme anterior mostrava ser um confronto impossível, descobrimos que as criaturas não se movimentam muito a noite.
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Quando o grupo chega de volta à Coreia, além da missão de resgatar dinheiro encontramos uma nova sociedade criada por sobreviventes que a quatro anos perderam o contato com o exterior.
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A estrutura apresentada é a de vídeo game, mas que funciona melhor quando estamos com o controle na mão. Os personagens também não tem lá muito carisma e depois das primeiras surpresas, perde-se aquele apelo necessário para continuarmos. Por outro lado, algumas sequências de ação são muito boas, em especial um "Mad Max" nas ruas da cidade.
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A comparação com o primeiro filme é inevitável, e isso conspira contra essa continuação que, apesar de ainda trazer esse estilo de gênero híbrido coreano, que sabe misturar ação, aventura, terror, drama e comédia. Desta vez faltou equilibrar melhor, pois o drama quando aparece é excessivo e as crianças inseridas na trama a tornaram mais boba, não importando o quão violenta fossem as mortes.
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Mais fraco, mas ainda assim uma boa diversão que apresenta bom controle de ritmo, sem se tornar cansativo.
Rondon, O Desbravador
2.8 5Os últimos anos do século XIX e os primeiros do XX ainda mantinham sua aura de descoberta para os aventureiros do ocidente.
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Em Rondon - o Desbravador, acompanhamos trechos da vida do explorador Cândido Rondon pelas suas memórias e alucinações enquanto conta sobre seu passado para um jornalista em seus últimos dias de vida.
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A tentativa foi valida e a qualidade de captação de áudio e vídeo de forma digital permite boas tomadas, mas isso não significa um bom filme, falta um desenvolvimento maior no tratamento do roteiro e uma pós produção com atenção à edição.
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A intenção é boa, mas a produção enfraquece com o uso de uma estética narrativa muito novelesca, além da linguagem enciclopédica que em muitos momentos parece que estamos assistindo um longa metragem do Telecurso 2000.
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Apesar disso, ao aceitarmos o caráter didático, podemos aproveitar a história e elementos como a utilização de imagens de arquivo das expedições do Rondon, documentos históricos muito interessantes.
Invasores
2.6 188 Assista AgoraPredadores sempre pensam esta no topo da cadeia, até que encontram algo pior.
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Em Invasores acompanhamos Anna, uma jovem agorafobica que cuida de seu irmão com uma doença terminal, até que ele morre e durante o velório sua casa é invadida por três bandidos.
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Mas não se engane, não é um simples filme de invasão, embora o título sugira, pois algo bem pior e inesperado acaba acontecendo na casa.
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Um suspense de baixo orçamento, mas com uma ótima somatória de direção, roteiro e atuação que surpreende.
Um Jantar Entre Espiões
2.9 54 Assista AgoraO fim da guerra fria não significou o fim da espionagem, mas uma nova forma de problemas problemas e soluções.
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Um atentado terrorista num avião em Viena no ano de 2012 foi uma mácula na equipe da CIA que Henry Pelham participava, oito anos depois, com a prisão de um dos terroristas e a suspeitas de um espião no grupo, o caso foi reaberto.
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Em Um Jantar entre Espiões acompanhamos uma investigação sobre esse evento em três momentos narrativos: a época do atentado que é mostrada a partir dos relatos obtidos na investigação do presente e flashs de outros momentos que ajudam a conectar e entender as relações entre os personagens.
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Mas alinhe suas expectativas, pois muito longe de um filme com espiões cheio de explosões e troca de tiros, o próprio título nacional indica que as situações aqui serão resolvidas (ou não resolvidas) de forma muito menos explosivas e num ritmo lento, ainda que com boas viradas na trama.
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Ainda assim, esteticamente a fotografia vai a todo momento querer nos levar à iluminação e ambiência de cores que remetem aos anos 1970 quando esse tipo de produção era mais comum.
Projeto Gemini
2.8 460 Assista AgoraChega um momento que até o melhor dos assassinos quer se aposentar, mas quem quer se livrar de um funcionário tão bom?
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Vamos lá, você já viu esse filme, mesmo que não tenha assistido antes, basicamente em Gemini Man conhecemos um matador que já cansou do trabalho, descobre que se os alvos não eram terroristas e antes de se aposentar será substituído por um clone.
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Esse filme é um projeto da Disney de meados da década de 1990 que foi aprovado, mas engavetado e só viu a luz anos depois pela Paramount. Mas por isso acaba com uma trama que ressalta tudo que já foi mostrado nesses anos entre final dos 90 e início de 2000 com uma história para lá de genérica.
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Assim temos sequências de luta e tiroteio muito bem dirigidas com coreografias realistas graças à preferência por efeitos práticos, mas que falha nos poucos momentos de CG como a luta contra a moto e algumas cenas do protagonista rejuvenescido.
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Vale pela curiosidade de ver Will Smith contra um Maluco no Pedaço na paisagem das ruas de Cartagena na Colômbia e do subterrâneo de Budapeste.
Eles Existem
2.8 152 Assista AgoraTer consciência do baixo orçamento geralmente ajuda na hora de assumir um projeto, Eles Vivem é simples, mas consegue entregar um "arroz com feijão" muito melhor que grandes franquias.
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Nesse filme acompanhamos um grupo de amigos que vai acampar na floresta durante as férias, mas no meio do caminho atropelam algo que volta para se vingar no dia seguinte.
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Filme de horror found footage que segue os principais clichês do gênero, como as câmeras sendo utilizadas de modo forçado e aquela composição básica com 5 amigos, sendo dois casais héteros e um extra para carregar a câmera e fazer o papel do alívio cômico e ser incômodo.
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Mas ao focarmos na dinâmica da história, tudo funciona muito bem. Temos uma construção que não se demora e nem apressa, um efeito de maquiagem bem feito, o nível crescente de desesperança, e até uma tentativa de esperança final. Nada surpreendente, mas com um suspense bem desenvolvido e que consegue provocar certa tensão
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O pior é assistir pela Amazon, que simplesmente não se importa com os espectadores e apesar de entregar legendas (algo que frequentemente está em falta no streaming) ela é tão inconstante que sem entender o mínimo de inglês, nem adianta dar o play.
After: Depois do Desencontro
1.9 103 Assista AgoraO terceiro filme da série After continua sua jornada para justificar o injustificável, mas agora desenvolvendo a questão parental para "explicar" alguns comportamentos.
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Se o filme que não conta com uma boa trama e nem bons atores não seria suficiente, a história insiste em levar Tessa à desistir de sua vida pra ficar com o garoto machista, violento e alcoólatra.
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Se podemos elencar algo de bom nesse terceiro filme é que, além dos clichês, não acontece quase nada, então o relacionamento abusivo, que é marca registrada da série, ficou por conta de outro casal.
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Enfim, um dramalhão que insiste em não desistir e reserva ainda mais um filme para o fim de 2022.
As Boas Maneiras
3.5 652 Assista AgoraSempre esquecemos o quanto as fábulas infantis foram amenizadas pela Disney, daí nós surpreendemos quando entramos em contato com outras abordagens.
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Boas Maneiras é uma mistura de fábula com horror nacional que acompanha Clara Macedo, uma mulher pobre em busca de emprego, mas que encontra dificuldades por sua personalidade extremamente introspectiva. Ela é contratada como babá e passa a viver na casa da patroa, Ana Proença, uma futura mãe solo ao qual vai dividir os desafios e descobertas.
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Até agora parece que estamos num filme sobre questões sociais cotidianas e por um tempo isso se mantém, inclusive com aqueles abusos de função, por parte da patroa que faz a babá também trabalhar com limpeza da casa, acompanhante e secretária. Mas elas se aproximam e estranhos comportamentos são cada vez mais recorrentes a medida que a gravidez avança.
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E o desenvolvimento que se segue é bom, mas se resolve na metade do filme e parte para uma segunda história, quase como uma antologia. Isso mesmo, há uma quebra de narrativa e tom entre a gestação e a criação da criança que prejudicam ambas as partes.
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O drama da gestação e o relacionamento entre Clara e Ana provoca estranhamentos e se desenvolve aos poucos para um horror com ares de Forma da Água do Guillermo Del Toro. Enquanto a segunda parte mantém o drama a partir da Clara, ainda que numa figura mais leve por seu amor pelo Joel, mas a história se transforma num horror fantástico infantil.
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E nessa busca forçada por conexão temos elementos que fragilizam a primeira metade, como as músicas de fábulas infantis que não fazem soam fora de sintonia quando aparecem; enquanto na segunda metade temos trechos com os atores cantando como um musical que destoam completamente.
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Visto de forma fragmentada, acredito que, salvo algumas escolhas narrativas musicadas, ambas as narrativas se resolvem em atuação, desenvolvimento e até efeitos práticos e digitais; mas colocados num único projeto os problemas se sobressaem e "o todo se prejudica pelas partes".
O Segredo do Templo – 3ª Temporada
2.9 8Segredos antigos de uma civilização perdida podem significar o fim de tudo que conhecemos.
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O Segredo do Templo chega a sua terceira e última temporada, oito anos se passaram desde que Atiye retornou ao seu universo para o templo Gobekli Tepe. Mas esse tempo não foi tão feliz, pois sua filha foi sequestrada no nascimento sem deixar nenhuma pista sobre seu paradeiro.
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Essa temporada se desenvolve principalmente em relação ao relacionamento da garota que agora tem oito anos e reencontra os pais, mas os poderes que ela manifesta vão servir de motivação para que inimigos obscuros se revelem. E assim, acompanhamos inimigos se tornando aliados e novos perigos aparecendo para tomar o lugar dos antigos.
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Mas infelizmente a série se perde num drama desequilibrado entre os personagens, alguns que exageram nas emoções, enquanto outros parecem acredita tanto num poder superior que se mostram apáticos.
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O ritmo também é muito ruim, desnecessariamente lento, se enrola com as relações familiares, quando poderia dar mais espaço para as investigações históricas e mitológicas, momento que a série brilha com histórias que mesclam lendas de diversos povos árabes com realidades paralelas e uma inevitável destruição da Terra.
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Disponível: #netflix
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Série 7/10
Temporada 6/10
1BR: O Apartamento
2.9 129 Assista AgoraNão acredite muito em aluguéis baratos, alguma coisa pode se esconder nesse
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Em 1 BR: O Apartamento conhecemos Sarah, uma jovem que mudou para Los Angeles em busca de encontrar um novo rumo para sua vida. Ela fica feliz por ter encontrado o lugar perfeito para morar, mas perfeito pode ser também algo muito estranho.
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O horror psicológico se apresenta a partir de uma sensação de bizarro constante que vai escalonando, mas esse estranho se perde um pouco nos trechos de tortura que parecem perdidos e sem motivo.
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A trama desenvolve um senso de comunidade extremo que nega qualquer individualidade e vive para substituir os membros perdidos se organizando como uma seita. Mas falta um melhor tratamento para o roteiro, que desenvolva melhor a motivação, a direção e atuação fracas também prejudicaram no ritmo e imersão.
O Homem de Toronto
3.0 121 Assista AgoraSe você tiver uma impressora, atente-se ao nível de tinta, ele pode evitar ou provocar grandes problemas.
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No filme O Homem de Toronto conhecemos Randy e Teddy Nilsen, o primeiro é um assassino de aluguel, o segundo um atrapalhado inventor que só quer viajar com a esposa no fim de semana de aniversário.
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Por causa de uma série de erros, o inventor foi confundido com o assassino e agora ele precisa assumir a identidade do Homem de Toronto numa missão em Porto Rico.
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Clássica comédia de duplas, uma variação do policial bonzinho e malvado, mas desta vez com um assassino e uma pessoa comum sem a menor condição de fazer nada.
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Engraçado, boa interação entre os personagens que se vende pelo carisma dos atores, nesse ponto, a substituição do Jason Statham para o Woody Harrelson fez muito bem para o tempo de comédia e pro próprio tom mais sessão da tarde.
Superman & Lois (2ª Temporada)
3.7 26 Assista AgoraQual laço familiar é o mais forte? Com aquele que nascemos ou os que escolhemos estar ao nosso lado?
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Na segunda temporada de Superman e Lois as crises familiares se tornam-se o motor principal dos conflitos, a começar pelo envolvimento de Lois investigando uma seita de auto ajuda que a irmã se enfiou, enquanto precisa lidar com a "não filha" de outra realidade se acostumando com o novo universo né no qual sua mãe é casada com o responsável por destruir seu mundo; os adolescentes com problemas de drogas, aceitação e relacionamento; e uma versão bizarra/apocalíptica do Superman.
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E se a princípio o maior desafio de Clark parecia ser um conflito com os EUA querendo seu próprio exército de Superman e forçando o Superman a se submeter a ideia de "América em primeiro lugar". Temos uma virada de roteiro que mistura os objetivos da seita de auto ajuda com o Mundo Bizarro e o domínio de duas realidades.
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Essa temporada segue a mesma linha que a anterior com novos conflitos de narrativas divididas em pequenos núcleos que convergem para um único e catastrófico evento.
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Ela mantém a qualidade se desenvolvendo no equilíbrio de temas sérios e complexos como seitas que fazem lavagem cerebral em pessoas com vulnerabilidades e diferentes formas de relacionamento, ao mesmo tempo que tem mundos paralelos inspirados nas HQs da década de 1960 e pancadarias ocasionais.
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O cuidado técnico no trabalho com iluminação e tomadas menos comuns continua, mas os efeitos especiais de vez em quando não funciona como deveria, ainda que não atrapalhe assistir.
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Minha maior crítica, mas que para muitos é um dos motivos para fazer funcionar a série é a relação confusa com o Arrowverso, que na teoria compartilha do mesmo mundo, mas com exceção das aparições pontuais do John Diggle, mais nada é mencionado, o que cria uma incoerência bem grande.
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Disponível: #hboplus
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Temporada 9/10
Série 9.5/10
Tio Frank
3.9 240 Assista AgoraO preconceito e a violência que vem dele só promove o isolamento e desunião.
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Em Tio Frank acompanhamos uma jornada de descoberta, de um lado uma jovem que sai de casa pela primeira vez, de outro seu tio, que vive longe da família por causa de algo que ocorreu no passado e nunca foi resolvido.
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Apesar de passar por outros tempos, o filme é ambientado em 1973, década onde costumes estavam sendo questionados, a cultura de preconceitos estava sofrendo suas primeiras mudanças, mas se ainda não superamos a homofobia, o racismo e toda a sorte de preconceitos, nesse momento tudo era ainda mais difícil.
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Assim, o espectador observa esse recorte no tempo pelos olhos de Beth, que ao conhecer a si mesma, descobre sobre seu tio, o motivo dele se isolar tanto, ou porque ele foi isolado e é tão difícil assumir sua sexualidade para os familiares.
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O tom se mantém por grade parte do filme com uma certa leveza, mesmo tratando de temas tão duros e de violência sem recair num exagero melodramático, mas mantendo a tensão sempre presente do medo da descoberta.
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A questão dramática se intensifica no ato final, quando os eventos traumáticos do passado que observamos a partir de flashbacks vem de encontro com a situação presente, ainda que esta se manifesta com algum tipo de esperança.
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Além disso, tecnicamente temos uma bela fotografia em cores quentes, remetendo à década de 1970, mas sem exagerar a ponto de tornar a ambientação sufocante, ela é agradável e convida o espectador a fazer parte dos acontecimentos.
Homem X Abelha: A Batalha (1ª Temporada)
3.4 70Quem nunca perdeu a noção de espaço por causa de um pernilongo ou mosca rondando
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Em Homem X Abelha acompanhamos Trevor Bigley, um zelador itinetante, uma pessoa que é contratada para cuidar de casas quando seus donos viajam. Em seu primeiro trabalho fica responsável por uma residência toda automatizada, com obras de arte caras por todos os cantos e um cachorro arteiro.
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As dificuldades geradas por trapalhadas já seriam inevitáveis, mas tudo fica ainda mais difícil por causa de uma abelha zanzando de um lado para o outro e a obsessão de matá-la de qualquer maneira.
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É impossível ver Rowan Atkinson e não lembrar da comédia física de Mr.Bean, e aqui temos algo muito semelhante, mas com um diferencial: o personagem possui falas. Ok, nada grandioso e até a premissa básica pode ser encontrada em um dos episódios da série de humor inglesa.
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E claro que esse tipo de comédia pressupõe um exagero, mas existe um limite aceitável, e infelizmente o roteiro vai escalonando de tal forma que ultrapassa a melhor das boas intenções até que o bobo perde a graça.
Fresh
3.5 526 Assista AgoraTudo que o espírito empreendedor quer é encontra um nicho de mercado único onde possa explorar e enriquecer.
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Em Fresh acompanhamos Noa, uma mulher cansada dos relacionamentos superficiais de Tinder e redes sociais, até encontrar alguém que se mostra diferente e promissor num encontro casual no mercadinho.
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Uma passagem num bar e o relacionamento rapidamente evolui para um fim de semana surpresa numa casa de campo afastada de tudo e fora da cobertura de qualquer celular. Vocês já viram que alguma coisa não vai dar certo né?
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Evitem spoilers porque parte do envolvimento é a descoberta, assim não vou ser tão direto sobre o que o filme trata. Mas é um suspense de horror sádico e sarcástico que vai revirando o estômago por meio de sugestões, enquanto constrói um background que financia e suporta o perigo direto da história.
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Essa atmosfera de horror se apresenta a partir de uma montagem feita com muitos recortes e ângulos não muito convencionais que produz um dinamismo diferente ao mesmo tempo que deixa algumas dicas da situação principal e que se complementa no título que só aparece depois de 30 minutos de filme.
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Todas as escolhas de câmera, ritmo e cores vão constituído um suspense que torna claro para o espectador que Noa está se caindo numa armadilha que ela nega existir até não poder mais fazer nada para sair da situação.
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Enfim, fugindo o máximo em revelar qualquer coisa, a direção e roteiro feitos por mulheres ressaltam elementos que o diferenciam do tipo de produção e ainda sobram espaço até para um humor irônico sobre os males do patriarcado.
Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City
2.2 582Depois de uma longa e controversa série de filmes adaptando o cenário dos jogos de Resident Evil por Paul W Anderson, eis que ele mesmo retorna como produtor para um reinício.
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Em Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City acompanhamos dois grupos de policiais recolhendo pistas sobre o que está acontecendo nas últimas horas antes da Umbrella destruir a cidade para conter uma suposta infestação criada pela própria corporação.
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É num filme com estética muito marcada por filtros, primeiro um vermelho sangue (que também pode ser de uma das partes do símbolo da Umbrella) na introdução; em seguida avançamos alguns anos para a fotografia ganhar também uma coloração azulada.
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Essas escolhas dão um aspecto datado, seja para a década de 1980 na introdução, ou nos anos 1990 no decorrer do filme. Ambientação ressaltada pelas roupas, objetos de cena e até mesmo estilo de filmagem e interpretação.
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Do ponto de vista narrativo, esse ar ultrapassado se reflete numa Raccoon City decadente pelo encerramento das atividades da empresa de cosméticos que praticamente dava emprego para todos na região: a Umbrella.
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E esse ponto é um trunfo, mas o ritmo é sofrível, parece que assistimos às cutscenes de um jogo em alguns momentos, e outros vivenciamos os quebra-cabeças. Mas nada funciona, grande parte é para mostrar os bastidores do primeiro e segundo jogo mostrando como determinado caminhão pegando fogo aparece na frente da delegacia e as caixas com munição se espalham pela cidade.
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E se o ritmo é problemático, as sequências de ação que poderiam ser o prato principal da produção, são piores ainda, ora lentas, ora escuras. Isso sem falar dos efeitos especiais, que se sai bem nos práticos de maquiagem e animatrônico, mas os digitais são desesperadores.
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Os atores escolhidos nem são tão ruins assim, mas a construção dos personagens é rasa a ponto o de se estruturar em frases de impacto (sem nenhum impacto). Os zumbis, por outro lado, são ainda piores e quase nem aparecem!!!
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Enfim, o filme tem apenas uma boa estética, todo o resto é desesperadoramente ruins, então por mais controverso que seja, fique com os filmes da Milla Jovovich.
O Bebê
3.0 28 Assista AgoraÉ socialmente mal visto alguém que não gosta de bebês, mas esses pequenos seres que só choram e fazem sujeira também não são amados por todos.
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A mini-série O Bebê vai mostrar como um destes serzinhos com rosto de joelho podem ser demoníacos. Para isso acompanhamos Natasha, uma mulher de 38 anos irritada com os recém nascidos de suas melhores amigas resolve viajar e daí as coisas ficam estranhas.
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A casa escolhida fica no pé de uma colina, de repente cai uma mulher e depois um bebê, este segundo ela salva e vai começar a persegui-la a partir de então, deixando um rastro de mortos por onde ela tenta abandoná-lo.
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Sem precisar de efeitos especiais (embora exista alguns) vamos conhecendo a maldade e os poderes da "inocente" criatura, enquanto sua origem nos é revelada aos poucos com todas as "mães" que ele teve. E as expressões do bebê são sensacionais, pois são naturais, mas ainda assim o tom da cena consegue exprimir o sentimento desejado com louvor.
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Mas não é apenas uma história de humor inglês sádico sobre maternidade, é também sobre depressão pós parto, solidão, mães solo, pressão da sociedade para as mulheres serem mães, homofobia, misoginia e a discussão sobre a responsabilidade de ter um filho.
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Dessa forma, o humor vai aos poucos tomando ares dramáticos ao longo da temporada com o cômico virando apenas pontual até deixar de existir. Talvez essa transição seja o mais fraco, pois embora tenhamos ritmo tanto narrativo, quanto em relação às revelações, de vez em quando os temas pedem mais profundidade e ela não chega, com a continuidade também um pouco prejudicada.
Interceptor
2.6 82 Assista AgoraQuando falamos em desligar o cérebro para assistir algo geralmente estamos exagerando para justificar que aquilo é muito ruim. E não estou justificando nada, mas entendi o significado de "desligar o cérebro"
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Em Interceptor acompanhamos dois soldados protegendo o centro de controle da base antimíssil estadunidense localizada no meio do Oceano Pacífico. Esse grupo terrorista roubou bombas atômicas russas e colocou as principais cidades dos EUA sob ameaça.
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Seria um simples filme de ação esquecível, mas o roteiro consegue levantar um tema interessante: o assédio e abuso sexual dentro das forças armadas, e como a denuncia pode colocar a vitima numa situação de ainda mais fragilidade por causa do corporativismo machista.
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Mas continua sendo apenas um filme de ação e ufanista, raso, com péssimos atores, que não tenta enganar ninguém. Ainda que toca em questões que existem dentro das instituições militares como machismo (já citado), mas também a xenofobia, racismo e toda uma série de problemas estruturais da sociedade que refletem nas forças armadas, na política ou qualquer outra instituição.
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Uma curiosidade, Chris Hemsworth é casado com Elsa Pataky, a protagonista, e faz uma participação especial "pro bono" como vendedor de TVs que assiste a transmissão que os terroristas fizeram do ataque à plataforma. Uma sketch de humor ok e completamente destoante do resto do filme.
Distrito 666
1.8 6Isolamento é o novo zumbi? Provavelmente o prazo de validade é muito menor, mas é uma possibilidade de produzir um baixo orçamento.
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Em Distrito 666 somos levados a 2042, a Pandemia nunca foi controlada e o mundo não voltou ao normal, na verdade evoluiu para um estado totalitário mundial dividido em distritos sem comunicação entre os residentes e com controladores que vigiam as ruas respondendo qualquer desvio com força.
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O fie acontece principalmente por meio dos encontros virtuais e os pensamentos do protagonista em longos monólogos. Estrutura que amplia a claustrofobia da situação e a depressão que toma os personagens, mas torna o ritmo bastante lento e cansativo prejudicado também pela atuação irregular.
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Mas o que realmente incomoda é a tentativa de pintar o filme com uma aura gringa, toda a produção é nacional, mas eles forçaram muito na tentativa de tornar internacional. Assim, todos os personagens tem nomes anglófonos, e o pior fica para o grupo cantando o hino Amazing Grace!!! Por que??
Espontânea
3.1 118 Assista AgoraHistórias adolescentes geralmente tratam de viver cada dia como se fosse o último da maneira mais intensa possível, mas quando os adolescentes começam a explodir sem motivo isso ganha outra perspectiva.
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É justamente sobre isso Espontaneous, numa cidade dos EUA, jovens formandos começam a explodir sem motivo aparente, e o desespero leva os sobreviventes a repensar sobre suas vidas e futuros.
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A premissa do filme sugere algo louco e surreal, mas basicamente temos uma comédia romântica com adolescentes padrão até o meio do filme, em seguida, quando as consequências das explosão realmente pesam, o filme tem uma guinada para o drama existencial até chegar numa conclusão que aponta para algo mais otimista: a de que vivemos apenas o presente e todos morreremos de uma forma ou outra.
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Ao refletir mais sobre a trama, temos uma espécie de investigação da geração atual que é niilista por excelência e não tem qualquer perspectiva em relação ao futuro. Não é mais o sentimento de imortalidade, mas saber que a morte pode acontecer ao virar a esquina e não se importar com mais nada e nem consigo mesmo.
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