Quando The Walking Dead estava mostrando sinais de cansaço ao invés de acabar com a série, uma nova foi lançada. Fear The Walking Dead acompanhava uma família e seu traficante em Los Angeles nos primeiros dias do fim do mundo. A ideia era trazer uma nova perspectiva com novos personagens, testar outras possibilidades de perigos e vilões. ... Nada tão inovador que justificasse, mas que encontrou um caminho interessante a partir da terceira temporada e com um direcionamento diferente na quarta depois da chegada do Morgan. Fear então toma uma linha mais otimista com grupos errantes de caminhoneiros que ajudam sobreviventes. ... Nessa quinta temporada temos dois arcos de histórias, no primeiro o grupo está dividido e parte dele precisa se virar para sobreviver numa área com duas usinas nucleares em perigo de explosão. Basicamente além dos zumbis normais temos duas usinas prestes a explodir e zumbis radioativos. ... O segundo arco volta ao conflito de grupos de sobreviventes, com os protagonistas crescendo sua rede de solidariedade e os antagonistas atrapalhando até os episódios finais quando novos personagens aparecem para apresentar o terreno da próxima temporada. ... É engraçado como um mesmo tema e universo consegue tramas tão díspares, apenas trabalhando com tons narrativos diferentes. Esse enredo mais otimista pode causar estranhamento, mas funciona e surpreende ainda mais quando o pior acontece. ... Temporada 3.5/5 Série 4/5
Alguns anos atrás os showrunners redescobriram a fórmula das séries antológicas e, na esteira de American Horror Story, em 2016 foi lançada Slasher. ... A proposta é pegar a formula dos filmes de assassinos imortais de adolescentes e aplicar a oito episódios por ano. No primeiro acompanhamos o retorno de Sarah à cidade que seus pais moravam antes de morrer num Halloween. ... Assim que ela retorna, o mesmo assassino encapuzado ressurge e começa a matar geral, mas agora seguindo os sete pecados capitais. Ao mesmo tempo que temos as mortes, descobrimos os podres por trás das máscaras de cada cidadão de bem da pequena cidade. A história aos poucos encontra ecos de eventos traumáticos em outras épocas da cidade. ... Vários destes elementos parecem bons juntos, mas a mistura ficou capenga. Os personagens estão fora de tom e soam falsos ou exagerados em alguns momentos, o desenvolvimento da trama também tem mais furos que o corpo retalhado de uma das vítimas, além de ser falho e se preocupar mais com lições de moral que uma boa história. ... Apesar disso, as crítica às ações inescrupulosas da imprensa que não se importa com as vítimas deixadas em prol de uma boa materia se constrói aos poucos e forma um subplot interessante. Mas infelizmente o fio narrativo principal é quase telegráfico e mesmo com o roteiro tentando, ele não consegue nos enganar e descobrimos o vilão por trás da máscara desde o inicio da série. ... As atuações também ficam devendo, com destaque positivo ao Carrasco (Patrick Garrow) de 1988 que consegue roubar a cena sempre que aparece, a Sarah (Katie McGrath) faz no máximo um trabalho ok, enquanto que o resto dos personagens são canastroes e deixam muito a desejar.
Depois da destruição do castelo e da morte do Drácula no fim da segunda temporada, este terceiro ano de Castlevania somos levados a quatro núcleos narrativos independentes. ... Somos apresentados a liga das vampiras que querem conquistar o mundo; o filho do Drácula isolado na floresta que passa a ensinar dois caçadores de monstros; o ex-comandante do Drácula reunindo e criando tropas de monstros para matar a humanidade; e a dupla de caçadores responsável pelo ataque ao Drácula em pequenas missões num vilarejo. ... E é isso, a partir de então temos 10 tediosos episódios com temas interessantes, mas uma narrativa truncada com longos e maçantes diálogos. A melhor parte são algumas sequências de ação, mas mesmo elas são igualmente inexpressivas. ... Não sei se foi o traço ou o uso do 3D (sem falar do roteiro), mas não consigo me conectar a nada nessa animação. Mesmo as cenas de ação eu me sinto assistindo um cutscene de jogo.
Sexta-feira 13 é dia de lançamentos de terror na Netflix, e na esteira de séries de curta duração estreou Coletivo Terror. ... Um seriado antológico com 6 episódios de 30 minutos cada no qual cada um deles vai nos trazer um conto de terror dos viajantes do ônibus para o inferno, pois é substituíram o coveiro do Contos da Cripta por um motorista. ... Mas não é que essa aparente galhofada norueguesa se sai bem? Por fugir das produções norte-americanas eu esperava algo autêntico, e apesar de trabalhar com alguns clichês típicos do gênero, os pontos de viradas de roteiro fazem a série valer a pena. ... Uma pena que muitas vezes os episódios pareçam corridos, mas não tinha muito como fugir disso, já que optaram por episódios de curta duração. Ao visitar os subgêneros típicos, convido a assistir pelo menos os três primeiros.
Nesse clima de pandemia, nada como uma boa série de infestação zumbi e, coincidências ou não, a #netflix estreou a segunda temporada de Kingdom. ... O seriado coreano apareceu na plataforma sem muito alarde em 2019 e surpreendeu por colocar os comedores de cérebro numa trama palaciana de guerra entre clãs que ocorre logo depois do pais ter resistido à invasão japonesa na península. ... Embora em menor escala, Kingdom nos traz elementos de Game of Thrones com zumbis velocistas no cenário histórico conturbado da Coreia no início do século XVII. ... Roteiro, direção, fotografia, atores, tudo se encaixa com perfeição ao dosar tensão e ação, com pitadas bem pontuais de humor numa trama que faz inveja em grandes produções norte-americanas. Mas não podemos nos enganar, pois todo esse conjunto de elementos entrega um produto diferenciado e elaborado com bastante cuidado. A série tem um cuidado de produção (pré, durante e pós) de mega produções para cinema. ... Pena que são apenas seis episódios e os espectadores são obrigados a esperar um ano para ver mais uma temporada.
O sonho de fazer sucesso na internet persegue muitos youtubers, mas poucos conquistam realmente alguma coisa. ... Alce & Alice é uma minissérie gaúcha de 2018, que entrou recentemente na Netflix e nos traz uma comédia onde o filho fracassado de uma política reúne um ator sem emprego e uma estudante de cinema para fazer uma série na internet sobre o triângulo amoroso entre um alce e um casal. ... O tom da comédia não é ruim, e existe algumas críticas ao cinema nacional de massa ou como a audiência e bilheteria é o menor dos problemas se o poder político estiver garantido. ... Criticas boas, mas mal trabalhadas, perdendo o impacto em resposta a uma metralhadora de referências à filmes e séries. ... Mas o major problema é que excederem no bobo e sempre, sempre exageram nas atuações que se tornam forçadas e irreais. Existe potencial, mas é preciso aprimorar um pouco mais.
O assassinato de uma criança numa cidade pequena dos EUA leva um detetive a prender o culpado com certa facilidade. ... Todas as provas apontam para uma mesma pessoa, até que surge um mistério: como o assassino estava em dois lugares ao mesmo tempo? ... Essa é a trama de Outsider, um livro do Stephen King que antes mesmo de chegar às livrarias ganhou um seriado em dez episódios pela HBO. ... Claro que se temos o mestre do terror contemporâneo o sobrenatural é mais do que esperado, mas aqui ele se mostra de forma bastante sutil. ... Essencialmente temos uma investigação policial, mas com o porém de apresentar provas que normalmente seriam conclusivas, com algumas falhas de encaixe. ... É uma boa série, com bons atores, direção e ambientação, de ritmo lento na qual o mistério se revela aos poucos com questões secundárias à trama que ficam sem resposta. ... Além disso, embora tenhamos uma obra de King como base, atente-se de assistir a série sem esperar pelo sobrenatural. Ele existe, mas como elemento dentro de uma trama de investigação policial como tantos programas deste gênero, e não falo depreciando, pois é um bom representante, mas é bom calibrar as expectativas.
Antes do MMA fazer sucesso era a luta livre que conquistava o público, um misto de teatro com briga de rua que tem mais técnica que podemos imaginar. ... E como grande parte do que existe no nosso mundo, essa luta era dominada por homens e seus campeonatos que levava outros homens a gastar toda sua adrenalina na torcida. ... Poucos conhecem sobre a liga feminina de luta livre, e mais especificamente um programa de TV que fez sucesso nos EUA na década década de 1980. ... A série Glow é produzida pela Netflix e se inspirou no programa que foi exibido entre 1985 e 1989 com mulheres em trajes sumários se batendo. Na primeira temporada acompanhamos o inicio desse show que de forma amadora tenta encontrar seu público na TV local. ... As produtoras Liz Flahive e Carly Mensch investiga esse cenário pós movimentos feministas da década de 1970 e nos apresenta mulheres com falhas, sonhos, vitórias e contradições tentando viver a própria vida. ... E uma série sobre empoderamento, com personagens que ganham força para questionar os estereótipos impostos e autoimpostos, quebrando as expectativas criadas pela sociedade. ... Além de todo o texto, temos também toda a ambientação oitentista que nos joga para aquela época desde os vestuários e penteados, até as cores e música. Tudo grita a década de 1980 e nos ajuda a embarcar ainda mais na história.
Depois de finalmente conquistar o público com uma narrativa livre feita para a TV, as garotas de Glow retornam para uma segunda temporada em que precisam aprender a lidar com as interferências da emissora. ... Com um desenvolvimento maior das protagonistas, o machismo ainda é o grande tema que permeia todas as tramas. A todo momento vemos a necessidade das garotas em provar a capacidade de ser algo mais que apenas alguém que baixa a cabeça para a decisão dos homens. ... Os estereótipos das lutadoras começam a incomoda-las, mas isso ressalta o tom da crítica. E acompanhamos como a liberdade em seguir os próprios desejos sempre esbarra no desrespeito, em inferiorizar e culpar a mulher por tudo, sem que elas tenham oportunidade de errar. Infelizmente algo que não fica restrito à ficção.
O terceiro ano de Glow mudou tudo, o sucesso da temporada final veio com a notícia do cancelamento do programa e a proibição de vender o show para outro canal, mas não para Las Vegas. ... A temporada começa com uma noite conturbada de estreia que reencena as histórias contadas na TV, interessante a transposição pra algo ainda mais teatral. ... Mas isso fica concentrado em apenas dois episódios, pois a narrativa desta temporada deixa as lutas um pouco de lado para aprofundar nos dramas e sonhos de algumas das personagens. Não preciso nem falar que o tema do machismo Vs. a sororidade entre as garotas continua como peca central na trama. ... Os estereótipos ofensivos começam a cansar as lutadoras, as performances diárias e repetitivas passam a não fazer mais sentido. E esse cansaço é evidente quando descobrimos que o show é diário e se estende ao longo de um ano inteiro. ... Situação que provoca mudança em todas, primeiro mudando suas personagens durante a apresentação, depois com um episódio especial de natal. Mas principalmente instigando todas a buscar seus sonhos, virar a página para uma nova etapa de vida. ... A quarta temporada virá em junho e tenho boas expectativa de que toda a estrutura da série seja abalada. Ela também será a ultima (de forma planejada), o que me provoca ainda mais.
Não é de hoje que séries antológicas fazem sucesso, muito antes de Black Mirror, era Twilight Zone que apresentava mistérios a cada novo episódio. ... O programa nasceu no fim da década de 1950 e influenciou várias gerações, ao longo dos anos ganhou novas versões e 2019 foi a vez de Jordan Peele (diretor de filmes como Corra e Nós) assumir a cadeira de apresentador dos mistérios da zona do crepúsculo. ... Com histórias sarcásticos e ácidas, cada episódio cutuca fundo uma de nossas várias falhas enquanto sociedade: masculinidade tóxica, preconceito étnico e racismo são apenas alguns dos muitos temas tratados. ... Com temáticas socialmente precisas, essa antologia vale a pena assistir aos poucos, uma maratona não permite a reflexão proposta pelos produtores. ... Com elenco estelar, cada episódio nos surpreendemos com as participações especiais como John Cho, Zazie Beetz, Taissa Farmiga, Seth Rogen, etc. ... Mas caso não tenham tanto interesse, sugiro que assistam três episódios: "Rebobinar" sobre uma mãe com uma câmera de vídeo que pode voltar no tempo e tenta levar seu filho para a universidade; "Nem todo Homem"', quando uma chuva de meteoros libera toda a masculinidade tóxica de uma cidade; e "Criança Prodígio", que mostra uma criança mimada no posto de presidente dos EUA, que parece que estamos vendo um documentário dos governantes atuais de países de primeiro mundo como o próprio, EUA, o Reino Unido ou o Brasil.
A novela de ação espanhola finalmente chegou ao netflix com a quarta parte de La Casa de Papel. ... São os oito episódios nessa quarta parte, depois do grupo se reunir para mais um roubo por causa da prisão do Rio, a temporada passada terminou com o plano indo pro buraco: Lisboa supostamente executada, Nairobi na mesa cirúrgica, Palermo com a liderança questionada, o Professor enlouquecido. ... O seriado sempre se sustentou pela ação e viradas inesperadas de roteiro, mas os níveis estratosféricos dos absurdos que acontecem na trama com o tempo cansam e logo o surpreendente perde potência. ... A participação forçada de Berlim também não se sustenta, suas aparições em flashbacks servem mais para satisfazer os fãs que uma real função na trama. Destaque para Nairóbi, que continua a melhor personagem e rouba a cena sempre que aparece. ... Mas o balanço foi negativo, ao fim dos oito episódios fiquei com a sensação de que a trama não se moveu quase nada, e ainda temos mais duas temporadas. ... Série 4/5 Temporada 3/5
O Bazar de Caridade era um evento anual promovido pela aristocracia católica francesa para arrecadação de fundos de caridade. Em 1897 o local pegou fogo e por estar abarrotado de gente e ter apenas uma saída, muita gente morreu. ... A causa provável que deu início ao incêndio foi um acidente no cinematógrafo, mas as 129 mortes, das quais apenas 6 eram homens foi decorrência do espaço inadequado somado à sociedade machista que atropelou mulheres e crianças na fuga. ... Toda a sequência dramática do incêndio e dos sobreviventes é retratada no primeiro episódio da minissérie Le Bazar de la Charité lançado pela Netflix. ... A partir de então, a história se divide em alguns núcleos narrativos acompanhando as sobreviventes: Alice que viu seu namorado empurrar a criada no fogo durante a fuga e precisa se casar para a família não ir a falência, mas está apaixonada por seu salvador, um anarquista; a criada de Alice, Rose, acaba sobrevivendo, mas é sequestrada por uma aristocrata que quer garantir a herança do seu neto e vê uma oportunidade na semelhança da sua filha morta com a criada; e Adrienne que aproveita o incêndio para fugir do marido violento e recuperar a filha. ... E como pano de fundo acompanhamos duas linhas de investigativas sobre o incêndio: a polícia que tenta entender o acidente e busca por encontrar culpados, manipulando os fatos para acusar os anarquistas de terrorismo; e um jornalista que levanta depoimentos e evidências que apontam os homens da aristocracia como grandes responsáveis pelo massacre. ... Com estrutura de folhetim, essa novela em oito episódios transita entre gêneros narrativos com um ótimo primeiro episódio focado exclusivamente no incêndio, seguido por romances e intrigas até o enredo culminar numa trama de espionagem, assassinato e venda de segredos de estado.
A mente sempre teve seus mistérios e aqueles que dedicam sua vida para estudá-la, uma das mais reconhecidas personalidades nesse campo, embora ainda controverso, foi Sigmund Freud. ... Médico neurologista que criou a psicanálise teve sua vida romantizada numa série alemã em oito episódios produzida pelo Nerflix. ... O cenário é o de Vienna por volta de 1880, Freud ainda tenta provar suas teorias sobre o inconsciente e as técnicas de hipnotismo, a Áustria se recupera da guerra contra a Bósnia, e a pobreza assola parte da população. ... A série vai mostrar Freud e seu envolvimento com uma médium na resolução de crimes da alta sociedade vienense numa subtrama de vingança contra a coroa austríaca. ... Os títulos dos episódios trazem palavras chave do trabalho do médico e figuraram seus livros, aqui elas são costuradas na trama policial com tons sobrenaturais, uma mistura de Penny Dreadful com Sherlock Holmes. ... Detalhe para o vício em cocaína do protagonista que toma a droga misturada na água como se fosse um antiácido.
Quem diria que ao prender o vilaozão de Freeland, a cidade cairia nas garras de um inimigo ainda pior, o governo norte-americano. ... Sob a ameaça de uma invasão de Markóvia, a série Raio Negro entra na terceira temporada num estado militar de excessos. Testando toda a população para o metagene e encarcerando quem apresenta algum poder para ser testado, sofrer experiências e entrar nas fileiras do exército norte-americano. ... Os campos de concentração e experiências remetem ao que o próprio EUA já fez com camadas sociais menos favorecidas, negros e latinos em épocas passadas. Não apenas no período escravocrata, mas na história recente com os testes de vacinas de varíola, ou mesmo as denúncias atuais de que negros recebem um tratamento menos cuidado ou com economia de anestesia. Curioso que essa prática racista também é bastante corrente em terras brazilis. ... Na série começamos com o Raio Negro e sua esposa presos, enquanto sua filha atua como vigilante e ajuda na fuga dos residentes de Freeland do cerco com ajuda de Peter Gambi. ... O exército markoviano realmente existe, mas isso não da direito aos EUA de sitiar uma cidade, sequestrar seus moradores e usá-los como cobaias e armas mentalmente controladas. ... Enfim, foi mais uma boa temporada que tem no tema racial uma linha mestra bem clara. Gosto muito também da forma como a série é estrutura da em arcos menores que juntos compõe a temporada, da dinamismo e permite tratar de personagens e temas variados a cada momento sem perder o foco. ... Infelizmente ela recai em alguns problemas típicos das franquias super-heroicas, com resoluções de poderes sem imaginação. Um ponto baixo foi o crossover com a Crise nas Infinitas Terras, focado na Jen, pareceu ter sido feito as pressas e nem roteiro, nem efeitos foram satisfatórios.
Em geral vemos filmes e séries de pessoas fugindo para os EUA e não dele. Em Nada Ortodoxa acompanhamos justamente o movimento contrário, uma garota da comunidade judaico ortodoxa que viva em Nova York e foge da opressão das tradições para Berlim em busca de uma nova vida. ... Casamentos arranjados, não ter direto sobre o próprio corpo, são apenas alguns dos elementos apresentados ao espectador através da narrativa que se alterna com flashbacks de Esty antes do casamento arranjado e se adequar a uma vida estranha. ... Baseado numa biografia, essa minissérie de apenas quatro episódios nos mostra vitimas de tradições paradas no tempo. ... Embora até tenham colocado alguém no papel de vilão para gerar conflito, o grande inimigo esta na religião objetificando as mulheres e relegando elas a um papel secundário na sociedade (a cena do mercado é emblemática). E mesmo os homens, nessa divisão de papéis misógina, também recebem obrigações que lhes tiram a autonomia da própria vida.
Achei estranho o país do futebol não falar nada sobre a minissérie em 6 episódios sobre os primórdios deste esporte. Pessoalmente nem assisto jogo, mas The English Game é muito mais que a história do futebol, é o embate da luta de classes na Inglaterra do fim do século XIX. ... Na época de sua criação, o futebol tinha campeonatos com onde os times de operários eram apenas suportados, apenas para serem massacrados pela elite que se acha a dona da bola. ... O embate nos campos reflete a condição das fábricas contra seus donos e investidores e funciona como uma metáfora da exploração que os proprietários das fábricas praticavam. ... Não é de hoje que vemos algumas poucas pessoas decidindo arbitrariamente diminuir salários dos trabalhadores para não perder o próprio lucro, ou bancos que lucram sem limites e que forçam ainda mais a exploração. ... Além desse cenário político/econômico acompanhamos a formação da indústria e profissionalização do esporte, para o bem ou para o mal. ... Greves, lutas, desigualdades sociais abissais, violência, sindicatos e o jogo como única alegria de uma população que ganha força na vitória dos seus jogadores são a força motriz da série. ... E em paralelo e complementando temos debates sobre questões de gênero numa sociedade machista e capitalista que nos mostra como o enriquecimento inescrupuloso pode vir dos lugares mais inesperados como abrigo para mulheres que vende as crianças como promessa da redenção dos pecados.
Em meados dos anos 2000 eu acompanhava Eureka, uma série de comédia sobre uma cidadezinha no interior dos EUA onde todos eram cientistas super avançados. Uma mistura de investigação com bom humor, onde acompanhávamos o xerife recém chegado que descobria as maravilhas científicas. ... Em Contos do Loop, série da Amazon em oito episódios, eu senti algo semelhante, mas com tom melancólico e depressivo. ... Esta cidadezinha orbita um centro de pesquisa tecnológico subterrâneo, mas os estranhos robôs e aparatos não são vivos como em Eureka, parecem perdidos e sucatas do passado. Eles fazem parte do cenário e a cada episódio um novo acontecimento fantástico ocorre com roupagem tecnológica. ... Mais uma vez vemos uma ambientação oitentista, que nesse caso serve para potencializar a sensação de melancolia, o passado que pode ser reconhecido e idealizado, mas que a cada episódio é decomposto para uma realidade dura e triste. ... E assim, temas clássicos da ficção científica como viagem no tempo, realidades paralelas, robôs e inteligências artificiais servem para discutir temas bastante humanos. Aceitar as transformações do tempo, o envelhecimento e a morte, o fato que precisamos querer viver e não apenas sobreviver, convivem com toda a tecnologia retrô apresentada. ... Outro elemento bastante interessante é a estrutura quase antológica da série, ao longo da temporada acompanhamos moradores dessa cidadezinha que vive em orbitando o misterioso laboratório e, apesar dos personagens se encontrarem, cada episódio desenvolve um tema com um núcleo diferente. São histórias que completam seu arco e podem voltar a aparecer em momentos futuros, em especial quando observamos a família da Loretta e do Jakob. ... Como curiosidade, a série nasceu inspirada na arte gráfica do artista sueco Simon Stalenhag que em suas pinturas insere imagens digitais retro-futuristas em paisagens bucólicas e rurais da Suécia.
Os EUA pós Segunda Guerra Mundial vivia sua época de ouro e Hollywood refletia todos os sonhos que eram vendidos para o mundo. Mas a realidade sempre está longe dos sonhos e a maior parte das pessoas vive na frustração de nunca conseguir virar o grande sucesso. ... A nova minissérie da Netflix, Hollywood, nos leva ao final da década de 1940, o período do glamour, mas pelos olhos de excluídos que fazem de tudo para entrar nesse mundo, mas sofrem com todo tipo de preconceito. Afinal sonhar parece que não é para todos. ... A minissérie foi produzida por Ryan Murphy, então quem o conhece de Glee ou American Horror Story sabe que seus programas equilibram humor com sarcasmo regado com uma ácida crítica sobre a sociedade. ... E assim acompanhamos a hipocrisia de um mundo que vive de criar ilusões, onde o todos sobrevivem de suas máscaras. ... Em meio às recentes revelações dos escândalos sexuais de produtores e seus testes do sofá que dominam Hollywood, Murphy no leva de volta no tempo para discutir essa prática e ainda encontra espaço para expor a homofobia, machismos e racismos. ... No decorrer da trama percebemos estarmos em mais uma ficção de história alternativa, não apenas com personagens fictícios, mas com interações naquele momento cronológico que seriam responsáveis por mudar tudo que temos atualmente, adiantando movimentos e reivindicações em décadas. ... No fim, a história se encontra num tom otimismo que apesar de todos os problemas, mostra como Hollywood pode continuar a ser o local de sonhos e esperanças. Que as necessárias mudanças precisam ser conquistadas e elas não ocorrem com pessoas individualistas e egoístas, mas pela união, compreensão, empatia e representatividade.
Parece que o último episódio de Westworld se tornou o Exterminador do Futuro, com a Dolores como T800 e o Caleb um John Connor do livre arbítrio. ... Mas nada é tão fácil, pois Maeve e Charlotte, cada uma com sua motivação, se colocam como pedras no sapato impedindo o desenvolvimento do plano. ... No entanto, mesmo sabendo que continua no próximo ano, esse final de temporada tem um gosto morno. Grande parte fica rodando no caminho de um Caleb que parece jogar no fácil, com ele sendo levado de checkpoint em checkpoint até sobrar apenas a assistir o que acontece na sua frente com uma ilusão de agência. ... William, Charlotte e Bernard ficarão para a próxima temporada, com o homem de preto e a secretária da Dellos como novos/velhos vilões, e o programador dos hosts com a chave para o pós apocalipse.
Sofrer não dá direito de ser babaca e foi isso que Tony aprendeu na primeira temporada de After Life. ... O personagem interpretado por Ricky Gervais sofre pela perda da esposa e se escondeu atrás do sarcasmo e isolamento, sem nunca conseguir encerrar a própria vida. ... Depois de aprender a se reconectar com as pessoas a sua volta, neste segundo ano a próxima etapa do luto esta em encontrar a paz. ... Aprendemos que superar a morte de um ente querido não é esquece-lo, mas viver apesar da memória que estará sempre presente, se permitir a novas experiências e conhecer novas pessoas. ... É uma série complexa e cheia de gatilhos psicológicos, exigindo do espectador estar muito bem consigo mesmo. Mas ela é também muito bonita e tem uma mensagem importante e que todos vivemos, uma hora ou outra.
Séries adolescentes que mostram o desenvolvimento e a superação de problemas no caminho da vida adulta são muito comuns. Então, o segredo para se destacar não é o "o que" mostrar, mas o "como". ... Assim, Eu Nunca chamou atenção por apresentar uma personalidade própria, e muito disso resultado da protagonista de descendência indiana. ... Nela, acompanhamos Devi e seus dramas adolescentes que tenta compreender a si mesma e que seus problemas não a colocam no centro do mundo. ... Seu roteiro apresenta problemas autênticos que nos permite reconhecer a realidade nos personagens com um tempero étnico indiano que possibilita mostra como alguns de seus traços culturais entram em conflito com os ocidentais
Na esteira de Westworld a HBO Brasil estreou Todxs Nós, uma série que discute preconceitos na cidade de São Paulo. ... Nele acompanhamos Rafa,uma garota do interior do estado que vai morar na capital para se libertar da pressão e preconceito do pai. ... Junto com a descoberta da protagonista, temos também seu primo e a colega de apartamento. Ambos tem seus arcos independentes que desenvolvem também questões de relacionamento, mercado de trabalho e racismo. ... Todxs Nós tem um papel quase educativo e mostra o "bê a bá" dos debates de gênero, peca pelo didatismo exagerado que muitas vezes torna os diálogos falsos, mas tem uma função narrativa e papel social.
A família King está dominando o terror/aventura sobrenatural no cinema e TV, depois das dezenas de filmes e séries adaptando as obras do pai, cada vez mais temos produções de seu filho Joe Hill. ... Nos4a2 (isso mesmo, com os números no lugar das letras) estreou no início do mês na Amazon Prime e adapta um livro de Hill, com ele como produtor executivo nessa história de quebradores da realidade. ... A historia se passa numa cidadezinha pacata e se desenvolve em três núcleos: Vic, garota pobre e com os pais prestes a se separar; Maggie, uma médium e o misterioso motorista de Rolls Royce que leva criancinhas para a "Terra do Natal". ... E o sequestro de um garoto dá início a uma investigação enquanto Vic descobre uma ponte antiga perto de casa que a leva para qualquer lugar que precise chegar. O cenário é realista e a fantasia desperta através de pessoas supercriativas que rompem a barreira do real com pontes mágicas ou pedras de um jogo de palavras cruzadas. ... O vilão tem um pouco de stalker, pedófilo, abusador que funciona como uma reimagnação do mito do vampiro interpretado por Zachary Quinto. ... Quem acompanha as obras de Hill consegue perceber as repetições nas regras de mundo de cada produção, mas ainda se coloca de forma criativa. ... O que me incomodou um pouco foi algumas resoluções tomadas pelos personagens, eles não precisam ser burros e enfrentar qualquer perigo de peito aberto.
Fear the Walking Dead (4ª Temporada)
3.3 177 Assista AgoraQuando The Walking Dead estava mostrando sinais de cansaço ao invés de acabar com a série, uma nova foi lançada. Fear The Walking Dead acompanhava uma família e seu traficante em Los Angeles nos primeiros dias do fim do mundo. A ideia era trazer uma nova perspectiva com novos personagens, testar outras possibilidades de perigos e vilões.
...
Nada tão inovador que justificasse, mas que encontrou um caminho interessante a partir da terceira temporada e com um direcionamento diferente na quarta depois da chegada do Morgan. Fear então toma uma linha mais otimista com grupos errantes de caminhoneiros que ajudam sobreviventes.
...
Nessa quinta temporada temos dois arcos de histórias, no primeiro o grupo está dividido e parte dele precisa se virar para sobreviver numa área com duas usinas nucleares em perigo de explosão. Basicamente além dos zumbis normais temos duas usinas prestes a explodir e zumbis radioativos.
...
O segundo arco volta ao conflito de grupos de sobreviventes, com os protagonistas crescendo sua rede de solidariedade e os antagonistas atrapalhando até os episódios finais quando novos personagens aparecem para apresentar o terreno da próxima temporada.
...
É engraçado como um mesmo tema e universo consegue tramas tão díspares, apenas trabalhando com tons narrativos diferentes. Esse enredo mais otimista pode causar estranhamento, mas funciona e surpreende ainda mais quando o pior acontece.
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Temporada 3.5/5
Série 4/5
Slasher: The Executioner (1ª Temporada)
3.1 234 Assista AgoraAlguns anos atrás os showrunners redescobriram a fórmula das séries antológicas e, na esteira de American Horror Story, em 2016 foi lançada Slasher.
...
A proposta é pegar a formula dos filmes de assassinos imortais de adolescentes e aplicar a oito episódios por ano. No primeiro acompanhamos o retorno de Sarah à cidade que seus pais moravam antes de morrer num Halloween.
...
Assim que ela retorna, o mesmo assassino encapuzado ressurge e começa a matar geral, mas agora seguindo os sete pecados capitais. Ao mesmo tempo que temos as mortes, descobrimos os podres por trás das máscaras de cada cidadão de bem da pequena cidade. A história aos poucos encontra ecos de eventos traumáticos em outras épocas da cidade.
...
Vários destes elementos parecem bons juntos, mas a mistura ficou capenga. Os personagens estão fora de tom e soam falsos ou exagerados em alguns momentos, o desenvolvimento da trama também tem mais furos que o corpo retalhado de uma das vítimas, além de ser falho e se preocupar mais com lições de moral que uma boa história.
...
Apesar disso, as crítica às ações inescrupulosas da imprensa que não se importa com as vítimas deixadas em prol de uma boa materia se constrói aos poucos e forma um subplot interessante. Mas infelizmente o fio narrativo principal é quase telegráfico e mesmo com o roteiro tentando, ele não consegue nos enganar e descobrimos o vilão por trás da máscara desde o inicio da série.
...
As atuações também ficam devendo, com destaque positivo ao Carrasco (Patrick Garrow) de 1988 que consegue roubar a cena sempre que aparece, a Sarah (Katie McGrath) faz no máximo um trabalho ok, enquanto que o resto dos personagens são canastroes e deixam muito a desejar.
Castlevania (3ª Temporada)
4.1 185Depois da destruição do castelo e da morte do Drácula no fim da segunda temporada, este terceiro ano de Castlevania somos levados a quatro núcleos narrativos independentes.
...
Somos apresentados a liga das vampiras que querem conquistar o mundo; o filho do Drácula isolado na floresta que passa a ensinar dois caçadores de monstros; o ex-comandante do Drácula reunindo e criando tropas de monstros para matar a humanidade; e a dupla de caçadores responsável pelo ataque ao Drácula em pequenas missões num vilarejo.
...
E é isso, a partir de então temos 10 tediosos episódios com temas interessantes, mas uma narrativa truncada com longos e maçantes diálogos. A melhor parte são algumas sequências de ação, mas mesmo elas são igualmente inexpressivas.
...
Não sei se foi o traço ou o uso do 3D (sem falar do roteiro), mas não consigo me conectar a nada nessa animação. Mesmo as cenas de ação eu me sinto assistindo um cutscene de jogo.
Coletivo Terror (1ª Temporada)
3.1 138 Assista AgoraSexta-feira 13 é dia de lançamentos de terror na Netflix, e na esteira de séries de curta duração estreou Coletivo Terror.
...
Um seriado antológico com 6 episódios de 30 minutos cada no qual cada um deles vai nos trazer um conto de terror dos viajantes do ônibus para o inferno, pois é substituíram o coveiro do Contos da Cripta por um motorista.
...
Mas não é que essa aparente galhofada norueguesa se sai bem? Por fugir das produções norte-americanas eu esperava algo autêntico, e apesar de trabalhar com alguns clichês típicos do gênero, os pontos de viradas de roteiro fazem a série valer a pena.
...
Uma pena que muitas vezes os episódios pareçam corridos, mas não tinha muito como fugir disso, já que optaram por episódios de curta duração. Ao visitar os subgêneros típicos, convido a assistir pelo menos os três primeiros.
Kingdom (2ª Temporada)
4.3 146Nesse clima de pandemia, nada como uma boa série de infestação zumbi e, coincidências ou não, a #netflix estreou a segunda temporada de Kingdom.
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O seriado coreano apareceu na plataforma sem muito alarde em 2019 e surpreendeu por colocar os comedores de cérebro numa trama palaciana de guerra entre clãs que ocorre logo depois do pais ter resistido à invasão japonesa na península.
...
Embora em menor escala, Kingdom nos traz elementos de Game of Thrones com zumbis velocistas no cenário histórico conturbado da Coreia no início do século XVII.
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Roteiro, direção, fotografia, atores, tudo se encaixa com perfeição ao dosar tensão e ação, com pitadas bem pontuais de humor numa trama que faz inveja em grandes produções norte-americanas. Mas não podemos nos enganar, pois todo esse conjunto de elementos entrega um produto diferenciado e elaborado com bastante cuidado. A série tem um cuidado de produção (pré, durante e pós) de mega produções para cinema.
...
Pena que são apenas seis episódios e os espectadores são obrigados a esperar um ano para ver mais uma temporada.
Alce e Alice
2.9 7O sonho de fazer sucesso na internet persegue muitos youtubers, mas poucos conquistam realmente alguma coisa.
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Alce & Alice é uma minissérie gaúcha de 2018, que entrou recentemente na Netflix e nos traz uma comédia onde o filho fracassado de uma política reúne um ator sem emprego e uma estudante de cinema para fazer uma série na internet sobre o triângulo amoroso entre um alce e um casal.
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O tom da comédia não é ruim, e existe algumas críticas ao cinema nacional de massa ou como a audiência e bilheteria é o menor dos problemas se o poder político estiver garantido.
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Criticas boas, mas mal trabalhadas, perdendo o impacto em resposta a uma metralhadora de referências à filmes e séries.
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Mas o major problema é que excederem no bobo e sempre, sempre exageram nas atuações que se tornam forçadas e irreais. Existe potencial, mas é preciso aprimorar um pouco mais.
The Outsider
3.7 233 Assista AgoraO assassinato de uma criança numa cidade pequena dos EUA leva um detetive a prender o culpado com certa facilidade.
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Todas as provas apontam para uma mesma pessoa, até que surge um mistério: como o assassino estava em dois lugares ao mesmo tempo?
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Essa é a trama de Outsider, um livro do Stephen King que antes mesmo de chegar às livrarias ganhou um seriado em dez episódios pela HBO.
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Claro que se temos o mestre do terror contemporâneo o sobrenatural é mais do que esperado, mas aqui ele se mostra de forma bastante sutil.
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Essencialmente temos uma investigação policial, mas com o porém de apresentar provas que normalmente seriam conclusivas, com algumas falhas de encaixe.
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É uma boa série, com bons atores, direção e ambientação, de ritmo lento na qual o mistério se revela aos poucos com questões secundárias à trama que ficam sem resposta.
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Além disso, embora tenhamos uma obra de King como base, atente-se de assistir a série sem esperar pelo sobrenatural. Ele existe, mas como elemento dentro de uma trama de investigação policial como tantos programas deste gênero, e não falo depreciando, pois é um bom representante, mas é bom calibrar as expectativas.
GLOW (1ª Temporada)
3.9 161 Assista AgoraAntes do MMA fazer sucesso era a luta livre que conquistava o público, um misto de teatro com briga de rua que tem mais técnica que podemos imaginar.
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E como grande parte do que existe no nosso mundo, essa luta era dominada por homens e seus campeonatos que levava outros homens a gastar toda sua adrenalina na torcida.
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Poucos conhecem sobre a liga feminina de luta livre, e mais especificamente um programa de TV que fez sucesso nos EUA na década década de 1980.
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A série Glow é produzida pela Netflix e se inspirou no programa que foi exibido entre 1985 e 1989 com mulheres em trajes sumários se batendo. Na primeira temporada acompanhamos o inicio desse show que de forma amadora tenta encontrar seu público na TV local.
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As produtoras Liz Flahive e Carly Mensch investiga esse cenário pós movimentos feministas da década de 1970 e nos apresenta mulheres com falhas, sonhos, vitórias e contradições tentando viver a própria vida.
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E uma série sobre empoderamento, com personagens que ganham força para questionar os estereótipos impostos e autoimpostos, quebrando as expectativas criadas pela sociedade.
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Além de todo o texto, temos também toda a ambientação oitentista que nos joga para aquela época desde os vestuários e penteados, até as cores e música. Tudo grita a década de 1980 e nos ajuda a embarcar ainda mais na história.
GLOW (2ª Temporada)
4.3 93Depois de finalmente conquistar o público com uma narrativa livre feita para a TV, as garotas de Glow retornam para uma segunda temporada em que precisam aprender a lidar com as interferências da emissora.
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Com um desenvolvimento maior das protagonistas, o machismo ainda é o grande tema que permeia todas as tramas. A todo momento vemos a necessidade das garotas em provar a capacidade de ser algo mais que apenas alguém que baixa a cabeça para a decisão dos homens.
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Os estereótipos das lutadoras começam a incomoda-las, mas isso ressalta o tom da crítica. E acompanhamos como a liberdade em seguir os próprios desejos sempre esbarra no desrespeito, em inferiorizar e culpar a mulher por tudo, sem que elas tenham oportunidade de errar. Infelizmente algo que não fica restrito à ficção.
GLOW (3ª Temporada)
4.0 48O terceiro ano de Glow mudou tudo, o sucesso da temporada final veio com a notícia do cancelamento do programa e a proibição de vender o show para outro canal, mas não para Las Vegas.
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A temporada começa com uma noite conturbada de estreia que reencena as histórias contadas na TV, interessante a transposição pra algo ainda mais teatral.
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Mas isso fica concentrado em apenas dois episódios, pois a narrativa desta temporada deixa as lutas um pouco de lado para aprofundar nos dramas e sonhos de algumas das personagens. Não preciso nem falar que o tema do machismo Vs. a sororidade entre as garotas continua como peca central na trama.
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Os estereótipos ofensivos começam a cansar as lutadoras, as performances diárias e repetitivas passam a não fazer mais sentido. E esse cansaço é evidente quando descobrimos que o show é diário e se estende ao longo de um ano inteiro.
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Situação que provoca mudança em todas, primeiro mudando suas personagens durante a apresentação, depois com um episódio especial de natal. Mas principalmente instigando todas a buscar seus sonhos, virar a página para uma nova etapa de vida.
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A quarta temporada virá em junho e tenho boas expectativa de que toda a estrutura da série seja abalada. Ela também será a ultima (de forma planejada), o que me provoca ainda mais.
The Twilight Zone (1ª Temporada)
3.5 174 Assista AgoraNão é de hoje que séries antológicas fazem sucesso, muito antes de Black Mirror, era Twilight Zone que apresentava mistérios a cada novo episódio.
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O programa nasceu no fim da década de 1950 e influenciou várias gerações, ao longo dos anos ganhou novas versões e 2019 foi a vez de Jordan Peele (diretor de filmes como Corra e Nós) assumir a cadeira de apresentador dos mistérios da zona do crepúsculo.
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Com histórias sarcásticos e ácidas, cada episódio cutuca fundo uma de nossas várias falhas enquanto sociedade: masculinidade tóxica, preconceito étnico e racismo são apenas alguns dos muitos temas tratados.
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Com temáticas socialmente precisas, essa antologia vale a pena assistir aos poucos, uma maratona não permite a reflexão proposta pelos produtores.
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Com elenco estelar, cada episódio nos surpreendemos com as participações especiais como John Cho, Zazie Beetz, Taissa Farmiga, Seth Rogen, etc.
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Mas caso não tenham tanto interesse, sugiro que assistam três episódios: "Rebobinar" sobre uma mãe com uma câmera de vídeo que pode voltar no tempo e tenta levar seu filho para a universidade; "Nem todo Homem"', quando uma chuva de meteoros libera toda a masculinidade tóxica de uma cidade; e "Criança Prodígio", que mostra uma criança mimada no posto de presidente dos EUA, que parece que estamos vendo um documentário dos governantes atuais de países de primeiro mundo como o próprio, EUA, o Reino Unido ou o Brasil.
La Casa de Papel (Parte 4)
3.7 658 Assista AgoraA novela de ação espanhola finalmente chegou ao netflix com a quarta parte de La Casa de Papel.
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São os oito episódios nessa quarta parte, depois do grupo se reunir para mais um roubo por causa da prisão do Rio, a temporada passada terminou com o plano indo pro buraco: Lisboa supostamente executada, Nairobi na mesa cirúrgica, Palermo com a liderança questionada, o Professor enlouquecido.
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O seriado sempre se sustentou pela ação e viradas inesperadas de roteiro, mas os níveis estratosféricos dos absurdos que acontecem na trama com o tempo cansam e logo o surpreendente perde potência.
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A participação forçada de Berlim também não se sustenta, suas aparições em flashbacks servem mais para satisfazer os fãs que uma real função na trama. Destaque para Nairóbi, que continua a melhor personagem e rouba a cena sempre que aparece.
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Mas o balanço foi negativo, ao fim dos oito episódios fiquei com a sensação de que a trama não se moveu quase nada, e ainda temos mais duas temporadas.
... Série 4/5
Temporada 3/5
Chamas do Destino
4.1 67O Bazar de Caridade era um evento anual promovido pela aristocracia católica francesa para arrecadação de fundos de caridade. Em 1897 o local pegou fogo e por estar abarrotado de gente e ter apenas uma saída, muita gente morreu.
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A causa provável que deu início ao incêndio foi um acidente no cinematógrafo, mas as 129 mortes, das quais apenas 6 eram homens foi decorrência do espaço inadequado somado à sociedade machista que atropelou mulheres e crianças na fuga.
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Toda a sequência dramática do incêndio e dos sobreviventes é retratada no primeiro episódio da minissérie Le Bazar de la Charité lançado pela Netflix.
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A partir de então, a história se divide em alguns núcleos narrativos acompanhando as sobreviventes: Alice que viu seu namorado empurrar a criada no fogo durante a fuga e precisa se casar para a família não ir a falência, mas está apaixonada por seu salvador, um anarquista; a criada de Alice, Rose, acaba sobrevivendo, mas é sequestrada por uma aristocrata que quer garantir a herança do seu neto e vê uma oportunidade na semelhança da sua filha morta com a criada; e Adrienne que aproveita o incêndio para fugir do marido violento e recuperar a filha.
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E como pano de fundo acompanhamos duas linhas de investigativas sobre o incêndio: a polícia que tenta entender o acidente e busca por encontrar culpados, manipulando os fatos para acusar os anarquistas de terrorismo; e um jornalista que levanta depoimentos e evidências que apontam os homens da aristocracia como grandes responsáveis pelo massacre.
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Com estrutura de folhetim, essa novela em oito episódios transita entre gêneros narrativos com um ótimo primeiro episódio focado exclusivamente no incêndio, seguido por romances e intrigas até o enredo culminar numa trama de espionagem, assassinato e venda de segredos de estado.
Freud (1ª Temporada)
3.0 186 Assista AgoraA mente sempre teve seus mistérios e aqueles que dedicam sua vida para estudá-la, uma das mais reconhecidas personalidades nesse campo, embora ainda controverso, foi Sigmund Freud.
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Médico neurologista que criou a psicanálise teve sua vida romantizada numa série alemã em oito episódios produzida pelo Nerflix.
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O cenário é o de Vienna por volta de 1880, Freud ainda tenta provar suas teorias sobre o inconsciente e as técnicas de hipnotismo, a Áustria se recupera da guerra contra a Bósnia, e a pobreza assola parte da população.
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A série vai mostrar Freud e seu envolvimento com uma médium na resolução de crimes da alta sociedade vienense numa subtrama de vingança contra a coroa austríaca.
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Os títulos dos episódios trazem palavras chave do trabalho do médico e figuraram seus livros, aqui elas são costuradas na trama policial com tons sobrenaturais, uma mistura de Penny Dreadful com Sherlock Holmes.
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Detalhe para o vício em cocaína do protagonista que toma a droga misturada na água como se fosse um antiácido.
Raio Negro (3ª Temporada)
3.6 17 Assista AgoraQuem diria que ao prender o vilaozão de Freeland, a cidade cairia nas garras de um inimigo ainda pior, o governo norte-americano.
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Sob a ameaça de uma invasão de Markóvia, a série Raio Negro entra na terceira temporada num estado militar de excessos. Testando toda a população para o metagene e encarcerando quem apresenta algum poder para ser testado, sofrer experiências e entrar nas fileiras do exército norte-americano.
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Os campos de concentração e experiências remetem ao que o próprio EUA já fez com camadas sociais menos favorecidas, negros e latinos em épocas passadas. Não apenas no período escravocrata, mas na história recente com os testes de vacinas de varíola, ou mesmo as denúncias atuais de que negros recebem um tratamento menos cuidado ou com economia de anestesia. Curioso que essa prática racista também é bastante corrente em terras brazilis.
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Na série começamos com o Raio Negro e sua esposa presos, enquanto sua filha atua como vigilante e ajuda na fuga dos residentes de Freeland do cerco com ajuda de Peter Gambi.
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O exército markoviano realmente existe, mas isso não da direito aos EUA de sitiar uma cidade, sequestrar seus moradores e usá-los como cobaias e armas mentalmente controladas.
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Enfim, foi mais uma boa temporada que tem no tema racial uma linha mestra bem clara. Gosto muito também da forma como a série é estrutura da em arcos menores que juntos compõe a temporada, da dinamismo e permite tratar de personagens e temas variados a cada momento sem perder o foco.
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Infelizmente ela recai em alguns problemas típicos das franquias super-heroicas, com resoluções de poderes sem imaginação. Um ponto baixo foi o crossover com a Crise nas Infinitas Terras, focado na Jen, pareceu ter sido feito as pressas e nem roteiro, nem efeitos foram satisfatórios.
Nada Ortodoxa
4.3 334Em geral vemos filmes e séries de pessoas fugindo para os EUA e não dele. Em Nada Ortodoxa acompanhamos justamente o movimento contrário, uma garota da comunidade judaico ortodoxa que viva em Nova York e foge da opressão das tradições para Berlim em busca de uma nova vida.
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Casamentos arranjados, não ter direto sobre o próprio corpo, são apenas alguns dos elementos apresentados ao espectador através da narrativa que se alterna com flashbacks de Esty antes do casamento arranjado e se adequar a uma vida estranha.
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Baseado numa biografia, essa
minissérie de apenas quatro episódios nos mostra vitimas de tradições paradas no tempo.
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Embora até tenham colocado alguém no papel de vilão para gerar conflito, o grande inimigo esta na religião objetificando as mulheres e relegando elas a um papel secundário na sociedade (a cena do mercado é emblemática). E mesmo os homens, nessa divisão de papéis misógina, também recebem obrigações que lhes tiram a autonomia da própria vida.
The English Game
4.0 39 Assista AgoraAchei estranho o país do futebol não falar nada sobre a minissérie em 6 episódios sobre os primórdios deste esporte. Pessoalmente nem assisto jogo, mas The English Game é muito mais que a história do futebol, é o embate da luta de classes na Inglaterra do fim do século XIX.
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Na época de sua criação, o futebol tinha campeonatos com onde os times de operários eram apenas suportados, apenas para serem massacrados pela elite que se acha a dona da bola.
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O embate nos campos reflete a condição das fábricas contra seus donos e investidores e funciona como uma metáfora da exploração que os proprietários das fábricas praticavam.
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Não é de hoje que vemos algumas poucas pessoas decidindo arbitrariamente diminuir salários dos trabalhadores para não perder o próprio lucro, ou bancos que lucram sem limites e que forçam ainda mais a exploração.
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Além desse cenário político/econômico acompanhamos a formação da indústria e profissionalização do esporte, para o bem ou para o mal.
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Greves, lutas, desigualdades sociais abissais, violência, sindicatos e o jogo como única alegria de uma população que ganha força na vitória dos seus jogadores são a força motriz da série.
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E em paralelo e complementando temos debates sobre questões de gênero numa sociedade machista e capitalista que nos mostra como o enriquecimento inescrupuloso pode vir dos lugares mais inesperados como abrigo para mulheres que vende as crianças como promessa da redenção dos pecados.
Contos do Loop (1ª Temporada)
4.3 218 Assista AgoraEm meados dos anos 2000 eu acompanhava Eureka, uma série de comédia sobre uma cidadezinha no interior dos EUA onde todos eram cientistas super avançados. Uma mistura de investigação com bom humor, onde acompanhávamos o xerife recém chegado que descobria as maravilhas científicas.
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Em Contos do Loop, série da Amazon em oito episódios, eu senti algo semelhante, mas com tom melancólico e depressivo.
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Esta cidadezinha orbita um centro de pesquisa tecnológico subterrâneo, mas os estranhos robôs e aparatos não são vivos como em Eureka, parecem perdidos e sucatas do passado. Eles fazem parte do cenário e a cada episódio um novo acontecimento fantástico ocorre com roupagem tecnológica.
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Mais uma vez vemos uma ambientação oitentista, que nesse caso serve para potencializar a sensação de melancolia, o passado que pode ser reconhecido e idealizado, mas que a cada episódio é decomposto para uma realidade dura e triste.
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E assim, temas clássicos da ficção científica como viagem no tempo, realidades paralelas, robôs e inteligências artificiais servem para discutir temas bastante humanos. Aceitar as transformações do tempo, o envelhecimento e a morte, o fato que precisamos querer viver e não apenas sobreviver, convivem com toda a tecnologia retrô apresentada.
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Outro elemento bastante interessante é a estrutura quase antológica da série, ao longo da temporada acompanhamos moradores dessa cidadezinha que vive em orbitando o misterioso laboratório e, apesar dos personagens se encontrarem, cada episódio desenvolve um tema com um núcleo diferente. São histórias que completam seu arco e podem voltar a aparecer em momentos futuros, em especial quando observamos a família da Loretta e do Jakob.
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Como curiosidade, a série nasceu inspirada na arte gráfica do artista sueco Simon Stalenhag que em suas pinturas insere imagens digitais retro-futuristas em paisagens bucólicas e rurais da Suécia.
Hollywood
4.1 331 Assista AgoraOs EUA pós Segunda Guerra Mundial vivia sua época de ouro e Hollywood refletia todos os sonhos que eram vendidos para o mundo. Mas a realidade sempre está longe dos sonhos e a maior parte das pessoas vive na frustração de nunca conseguir virar o grande sucesso.
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A nova minissérie da Netflix, Hollywood, nos leva ao final da década de 1940, o período do glamour, mas pelos olhos de excluídos que fazem de tudo para entrar nesse mundo, mas sofrem com todo tipo de preconceito. Afinal sonhar parece que não é para todos.
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A minissérie foi produzida por Ryan Murphy, então quem o conhece de Glee ou American Horror Story sabe que seus programas equilibram humor com sarcasmo regado com uma ácida crítica sobre a sociedade.
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E assim acompanhamos a hipocrisia de um mundo que vive de criar ilusões, onde o todos sobrevivem de suas máscaras.
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Em meio às recentes revelações dos escândalos sexuais de produtores e seus testes do sofá que dominam Hollywood, Murphy no leva de volta no tempo para discutir essa prática e ainda encontra espaço para expor a homofobia, machismos e racismos.
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No decorrer da trama percebemos estarmos em mais uma ficção de história alternativa, não apenas com personagens fictícios, mas com interações naquele momento cronológico que seriam responsáveis por mudar tudo que temos atualmente, adiantando movimentos e reivindicações em décadas.
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No fim, a história se encontra num tom otimismo que apesar de todos os problemas, mostra como Hollywood pode continuar a ser o local de sonhos e esperanças. Que as necessárias mudanças precisam ser conquistadas e elas não ocorrem com pessoas individualistas e egoístas, mas pela união, compreensão, empatia e representatividade.
Westworld (3ª Temporada)
3.6 322Parece que o último episódio de Westworld se tornou o Exterminador do Futuro, com a Dolores como T800 e o Caleb um John Connor do livre arbítrio.
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Mas nada é tão fácil, pois Maeve e Charlotte, cada uma com sua motivação, se colocam como pedras no sapato impedindo o desenvolvimento do plano.
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No entanto, mesmo sabendo que continua no próximo ano, esse final de temporada tem um gosto morno. Grande parte fica rodando no caminho de um Caleb que parece jogar no fácil, com ele sendo levado de checkpoint em checkpoint até sobrar apenas a assistir o que acontece na sua frente com uma ilusão de agência.
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William, Charlotte e Bernard ficarão para a próxima temporada, com o homem de preto e a secretária da Dellos como novos/velhos vilões, e o programador dos hosts com a chave para o pós apocalipse.
After Life: Vocês Vão Ter de Me Engolir (2ª Temporada)
4.2 94Sofrer não dá direito de ser babaca e foi isso que Tony aprendeu na primeira temporada de After Life.
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O personagem interpretado por Ricky Gervais sofre pela perda da esposa e se escondeu atrás do sarcasmo e isolamento, sem nunca conseguir encerrar a própria vida.
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Depois de aprender a se reconectar com as pessoas a sua volta, neste segundo ano a próxima etapa do luto esta em encontrar a paz.
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Aprendemos que superar a morte de um ente querido não é esquece-lo, mas viver apesar da memória que estará sempre presente, se permitir a novas experiências e conhecer novas pessoas.
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É uma série complexa e cheia de gatilhos psicológicos, exigindo do espectador estar muito bem consigo mesmo. Mas ela é também muito bonita e tem uma mensagem importante e que todos vivemos, uma hora ou outra.
Eu Nunca... (1ª Temporada)
4.0 421 Assista AgoraSéries adolescentes que mostram o desenvolvimento e a superação de problemas no caminho da vida adulta são muito comuns. Então, o segredo para se destacar não é o "o que" mostrar, mas o "como".
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Assim, Eu Nunca chamou atenção por apresentar uma personalidade própria, e muito disso resultado da protagonista de descendência indiana.
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Nela, acompanhamos Devi e seus dramas adolescentes que tenta compreender a si mesma e que seus problemas não a colocam no centro do mundo.
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Seu roteiro apresenta problemas autênticos que nos permite reconhecer a realidade nos personagens com um tempero étnico indiano que possibilita mostra como alguns de seus traços culturais entram em conflito com os ocidentais
Todxs Nós (1ª Temporada)
3.5 25Na esteira de Westworld a HBO Brasil estreou Todxs Nós, uma série que discute preconceitos na cidade de São Paulo.
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Nele acompanhamos Rafa,uma garota do interior do estado que vai morar na capital para se libertar da pressão e preconceito do pai.
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Junto com a descoberta da protagonista, temos também seu primo e a colega de apartamento. Ambos tem seus arcos independentes que desenvolvem também questões de relacionamento, mercado de trabalho e racismo.
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Todxs Nós tem um papel quase educativo e mostra o "bê a bá" dos debates de gênero, peca pelo didatismo exagerado que muitas vezes torna os diálogos falsos, mas tem uma função narrativa e papel social.
NOS4A2 (1ª Temporada)
3.1 40A família King está dominando o terror/aventura sobrenatural no cinema e TV, depois das dezenas de filmes e séries adaptando as obras do pai, cada vez mais temos produções de seu filho Joe Hill.
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Nos4a2 (isso mesmo, com os números no lugar das letras) estreou no início do mês na Amazon Prime e adapta um livro de Hill, com ele como produtor executivo nessa história de quebradores da realidade.
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A historia se passa numa cidadezinha pacata e se desenvolve em três núcleos: Vic, garota pobre e com os pais prestes a se separar; Maggie, uma médium e o misterioso motorista de Rolls Royce que leva criancinhas para a "Terra do Natal".
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E o sequestro de um garoto dá início a uma investigação enquanto Vic descobre uma ponte antiga perto de casa que a leva para qualquer lugar que precise chegar. O cenário é realista e a fantasia desperta através de pessoas supercriativas que rompem a barreira do real com pontes mágicas ou pedras de um jogo de palavras cruzadas.
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O vilão tem um pouco de stalker, pedófilo, abusador que funciona como uma reimagnação do mito do vampiro interpretado por Zachary Quinto.
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Quem acompanha as obras de Hill consegue perceber as repetições nas regras de mundo de cada produção, mas ainda se coloca de forma criativa.
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O que me incomodou um pouco foi algumas resoluções tomadas pelos personagens, eles não precisam ser burros e enfrentar qualquer perigo de peito aberto.