Tecnicamente muito bem dirigido, mas de um roteiro um pouco preguiçoso. Pode-se resumir o roteiro de maneira esdrúxula dizendo que se trata da trama de um adolescente em busca de uma resposta para a pergunta: "como é ser adulto?". A partir de tal indagação a solução do personagem é trancar os pais em um bunker e tentar viver uma vida de adulto por conta própria. Uma solução porca e sem nexo, sem a menor coerência, uma vez que o roteiro não apresenta os indicativos psicológicos que serviriam como motivação para o personagem.
Enfim, enquanto o protagonista "viveu" uma vida de adulto por demanda espontânea, a outra garota teve que amadurecer às pressas devido o abandono da mãe. Metáfora tão solta que facilmente passa despercebida pelo espectador e ainda pode ser causa de constrangimento.
Um bando de adolescentes decide destruir a única cidade que resta no planeta - e que possuía os principais recursos pra salvar a humanidade - pra ir morar na praia.
A identidade cinematográfica que Lanthimos adquiriu é tão singular que chega a ser atemorizante. A marca do diretor é grifada de maneira tão nítida em suas obras que às tornam completamente inconfundíveis (e até mesmo incomparáveis, eu diria).
Não há hesitação em sua forma particular de contar histórias; o grotesco encontra o estapafúrdio e dá origem ao excêntrico. Ao passo em que tudo é estranhamente artificial, supérfluo e inexpressivo, suas narrativas demonstram as mais profundas inquietações humanas!
Absurdo. Simplesmente absurdo! Esse é um daqueles filmes que te deixa completamente devastado ao te jogar informações que exigem grande esforço pra engolir, em um momento onde você não está preparado para tanto. O desfecho te pega desprevenido, desce seco pela garganta. Pesado o suficiente pra te deixar com a cabeça latejando de tanto refletir.
Poucas vezes um final de filme me proporcionou sentimento tão ambíguo. Uma mistura de alívio com angústia. Alívio por finalmente vir à tona uma história que permaneceu por anos silenciada; angústia pelo próprio caráter da história.
Sem dúvida alguma mais tarde vou poder dizer que foi um dos melhores longas que assisti no ano.
O que eu senti foi o seguinte: a gente pode levar o filme apenas como a história de um rapaz que pela mediocridade de sua vida decide entrar em um jogo assombroso com um cavaleiro, na busca de ter uma história pra contar pra alta sociedade, ou podemos deixar de lado essa concepção trivial e levar em conta que o filme é cheio de simbolismos que falam sobre a busca inconsequente pelo poder.
Essa busca pelo poder é tão amarga e egocentrada que trás mais prejuízos do que benefícios. O poder, no filme, não passa de uma máscara vestida para camuflar sujeitos completamente supérfluos e fúteis. Pois bem, Sir Gawain, o protagonista, é aquele cara que vive de farra, bebedeiras e irresponsabilidades, totalmente desprovido de virtudes. O próprio Rei Arthur o coloca numa situação constrangedora quando lhe pede que conte uma de suas histórias de vida e o rapaz se vê sem nenhuma informação relevante sobre si mesmo, vendo-se defronte o caráter miserável de sua existência.
Em busca de ter uma história para se vangloriar e de possuir o mínimo traço de identidade venerável, Sir Gawain aceita o desafio do cavaleiro verde para finalmente "ser alguém" e poder empossar o posto de Rei Arthur, seu tio, quando este vir a falecer - algo que está para acontecer em um futuro muito próximo. No entanto, durante todo o percurso do personagem até seu destino final, a capela verde, vemos ele passar por diversas tentações e provações que mostram que na verdade ele não é nada mais do que uma pessoa medrosa, insegura, frágil e completamente influenciável.
Diante das tentações e provações que encontra pelo caminho - que me parecem terem sido arquitetadas por sua mãe, uma feiticeira - ele falhou em todas. A ambição fez com que ele fechasse seus olhos para tudo e fosse em busca de seu único objetivo: provar da sua coragem até então encubada. Entretanto, o próprio protagonista sabe que não é capaz de um feito desses.
Quando todo mundo pensa que ele poderia ter morrido no embate com o cavaleiro verde, ele retorna vivo e é tido por todos como um grande rapaz destemido, um homem bravo e indomável, mas ele sabe que isso não passa de uma farsa; não é a toa que, mesmo sendo vangloriado, seu semblante de rapaz frágil ainda se faz presente.
Temos aqui uma sequência de cenas excelentes que encerram o longa: Sir Gawain retira o cinto enfeitiçado de sua cintura por acreditar que ele é o causador de sua infelicidade; ao abandonar a magia que lhe protegia e que ao mesmo tempo era a causa de sua melancolia, ele passa a viver no plano da realidade e, quase que instantaneamente, ele presencia seu verdadeiro destino: sua cabeça é simplesmente decapitada, como deveria ter sido desde o princípio.
O filme mostra como algumas coisas são puramente consequência de nossos atos, e por mais que tentemos mascarar seus efeitos, o destino é inevitável. De forma alguma Gawain tinha os requisitos para suceder o trono de Arthur, ele mesmo sabia disso
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Eu acho impossível não mencionar Dev Patel aqui, seria até mesmo injusto! Mas, fala sério, que ator foda, em todos os personagens que ele interpreta ele consegue deixar uma identidade muito marcante, e aqui não foi diferente. Depois de assistir a interpretação dele eu simplesmente não consigo pensar em mais ninguém que conseguiria fazer o que ele fez com tamanha maestria. O cara fala até com os olhos!
O maior destaque, pra mim, foi o fato da diretora ter conseguido apresentar uma mensagem muito pertinente sobre a maternidade sem precisar fazer um grande discurso sobre isso!
A história é contada a partir da mescla de duas linhas de tempo que são apresentadas em forma de flashbacks do passado e muitas vezes apenas como devaneios de Leda. Aos poucos as coisas vão se encaixando e tomando seu sentido, e isso, de certa forma, nos deixa engajados em acompanhar os possíveis efeitos em que as ações da protagonista irão resultar. No entanto, a direção opta por não oferecer muitas repostas, o que torna o filme um tanto quanto especulativo - no melhor sentido da palavra.
Incômodo e tenso mas ao mesmo tempo leve e sensível, assim que eu descreveria o filme!
É um filme que literalmente subverte o gênero western clássico ao optar por deixar de lado os duelos armados, o famoso bang-bang, e optar por narrar sua história através de imagens e com o recurso do silêncio.
É um filme simplista e minimalista e ao mesmo tempo complexo e profundo. A história é contada através da quietude, da calmaria; e aqui a trilha sonora, as atuações e os enquadramentos contam muito mais do que imaginamos. Por um lado temos a ambientação de uma atmosfera árida e melancólica da fazenda onde os personagens vivem; aqui os planos abertos demonstram a pequenez dos sujeitos frente a um ambiente de proporções imensamente catastróficas. Por outro lado temos a compreensão da angústia subjetiva de cada personagem, do cowboy durão ao adolescente que rebela a imagem de masculinidade. Cenas longas, com poucos diálogos e enquadramentos fechados nos fazem sentir que cada personagem possui um universo particular emaranhado em segredos.
O mais interessante é que o filme nos apresenta cenas simples e muito, mas muito eficazes. Nada do que vemos em tela é feito por acaso, tudo engrandece a história. O que faz tudo isso funcionar é um jogo semiótico incrível. Com a cadência das cenas os segredos de Phill vão vindo à tona sem muita pressa, de uma maneira tão delicada que nos instiga a ir em busca de mais respostas sobre o passado do personagem. Por mais que Phill demonstre ser durão e insensível, temos uma noção de que seu passado esconde muitas coisas que nos fazem pensar que na verdade sua personalidade não passa de uma carcaça que ele vestiu para esconder seu sentimentalismo. isso fica evidente devido as cansativas menções sobre sua relação com um antigo amigo, Bronco Henry.
As diversas menções sobre Bronco, somadas à outros detalhes, nos mostram que talvez a relação dos dois tenha ido para além de uma simples amizade. Isso fica evidente nas cenas onde Peter encontra revistas antigas que Phill mantém escondidas e que pertenciam à Bronco, revistas sobre cultura física, com imagens de homens com corpos esculturais. Outra cena que também nos apresenta fortes indícios, é quando Phill vai à seu "paraíso escondido" e passa a se acariciar com um lenço que possui as iniciais de Bronco Henry (B.H). Isso é linguagem cinematográfica pura!
Talvez seja exatamente por isso que diversas vezes Phill é aversivo à presença de Peter, pois Peter vive uma vida sem receios quanto às nuances de sua masculinidade, tudo o que Phill sempre quis mas jamais conseguirá.
O terror psicológico que a presença de Phill trás para todo mundo é assombroso. É impossível não sentir um nó na garganta e uma angústia à flor da pele. Phill atormenta Rose muitas vezes sem dizer uma palavra. Rose adoece com o tempo e tudo o que vemos são suas ressacas diárias de whisky.
Não obstante, o que me deixou muito surpreso (e o que também justifica minha nota ao filme) é que desde o momento onde Peter vai morar na fazenda ele arquiteta um plano engenhoso contra Phill, e não temos a menor noção disso se não levarmos em consideração que tudo o que é mostrado em tela, por mais simples que seja, será somado e usado posteriormente para revelar algo. Essas revelações podem ser igualmente tão simples ao ponto de passarem batidas.
De início não ficou muito óbvio, mas depois de refletir um pouco percebemos que Peter foi literalmente quem Matou Phill. Não é tão nítido, mas Peter percebe a perturbação que Phill causa em Rose, sua mãe. Em vista disso, vemos Peter se aproveitar da inesperada aproximação de Phill. Não é à toa que Pete aprende a cavalgar, sobe nas montanhas, retira um pedaço do couro de uma vaca que foi morta pelo ataque de lobos - animal altamente contagioso e que é mencionado diversas vezes no filme - e deposita esse pedaço contaminado na bacia de água pela qual Phill lava suas mãos. Phill, com um corte aberto em sua mão, cai na armadilha de Peter e se limpa na água contaminada (temos um take longo dessa cena). Pois bem, dito e feito, dentro de algumas horas Phill adoece e vem a falecer no dia seguinte. Logo após, na cena que encerra o filme, vemos Peter sorrindo após ver sua mãe e seu padrasto expressando o mínimo de felicidade depois de muito tempo. Não obstante, toda essa construção é feita lentamente, desde o momento onde Phill tira sarro das flores artesanais que Peter confecciona e que estavam presentes nas mesas do restaurante de Rose.
Não diria que é um filme que possui um grande clímax, mas é um filme onde cada cena é apresentada de maneira muito sutil de forma que a sequência dos fatos cria uma lógica implícita para a construção do desfecho. É tudo muito coerente e coeso.
Em resumo é um filme engenhoso, muito bem construído, eu diria até que foi a primeira adaptação do livro que deu certo. É um filme bonito visualmente e muito sentimental. É um filme pra assistir de cabeça aberta e sentir o terror psicológico e a angústia junto com os personagens.
Atuação da Elisabeth Moss impecável como sempre. A cena inicial é muito boa, muito bem dirigida, tensa e angustiante pra caramba; mesmo que naquele momento ainda não sabemos os motivos da fuga da protagonista, tem algo ali que nos faz torcer pelo bom êxito dela!
O filme em si é um bom entretenimento, mas pra mim não passou muito disso: vários furos de roteiro, pontas soltas, uso ultrapassado do jump scare, etc. Além do mais, sempre me irrita muito essa narrativa do personagem que tem a razão de todos os fatos mas ninguém acredita, julgam-no como louco pra no final da história - previsível, como sempre - tudo ser revelado e o protagonista enfim, mostrar que sempre esteve certo.
Por se tratar de uma adaptação, não sei em que medida as cenas são condizentes com a narrativa literária, mas que é previsível, é!
Também não entendi como o longa ganhou um AACTA Award de Melhor Som?? Achei a mixagem bem mais ou menos.
Pra quem se interessou pela trama, o livro retrata com muita maestria a ideia de uma sociedade distópica onde bombeiros, ao invés de apagar chamas, causam-nas. Recomendo muito! O livro em si já um clássico, uma das 3 maiores distopias de todos os tempos; o filme também tem seu mérito reconhecido com muita asserção. Entretanto, apesar de tratarem-se de dois modos de linguagem completamente diferentes e difíceis de serem sincronizados ou equiparados, confesso que a experiência literária em relação à trama é incomparavelmente mais imersiva; o que, de todo modo, não é uma característica que desqualifica o longa, muito pelo contrário, é uma peculiaridade que nos dá um empurrãozinho para ir de encontro com a experiência de leitura!
No entanto não dá pra negar que o terceiro ato do filme, o momento onde a telefonista Jordan decide ir atrás do sequestrador por conta própria, é meio sem noção, a partir dali desandou um pouco, começaram a aparecer muitas incoerências, furos, pontas soltas e exageros típicos do personagem "salvador da pátria".
Mas de maneira alguma é um defeito que não faça valer a pena assistir, muito pelo contrário, durante toda a trama a narrativa principal se sustenta com muita coerência. Houve apenas um deslize "nos finalmentes".
Ok, tenho que admitir que isso aqui foi muito bom. Uma ideia muito simples mas que foi executada com muita perspicácia!
Apesar de contar com vários personagens, somente Asger aparece durante o filme inteiro, os outros estão presentes apenas através das ligações telefônicas. E eu achei isso genial pois transmite um senso aguçado de presencialidade, principalmente se tratando de que tudo ali está ocorrendo em "tempo real". São 1 hora e 25 minutos de telefonemas angustiantes e com diversos plot twists!
E, ao contrário do que possa parecer, o fato dos principais personagens da trama não aparecerem em tela não diminui nossa identificação com eles, exatamente por ter um roteiro que cuidou muito bem disso trabalhando duro nos diálogos.
Além do mais, essa escolha do diretor tinha tudo pra tornar o longa monótono e arrastado, mas foi um tiro certeiro! O filme é frenético, eletrizante, desafiador!
Um filme de poucos recursos mas que soube utilizar muito bem o que tinha em mãos!
Isso aqui é semiologia cinematográfica pura: takes longos, poucos movimentos de câmera, planos muito abertos, cenas quase estáticas e enquadramentos não convencionais. Tudo isso para dar a precisão do sentimento de monotonia que os integrantes da casa vivem.
Por vezes os enquadramentos deixam personagens fora da tela durante os diálogos, as vezes até tiram de cena parte de seus corpos: foi comum presenciar conversas entre personagens enquanto suas cabeças não apareciam na tela, como se a câmera estivesse mal enquadrada ou completamente assimétrica.
E é exatamente isso que Dente Canino é: assimétrico. Enquanto o mundo acontece lá fora, dentro dos muros a vida é sempre a mesma, inclusive um tanto quanto desajustada; exemplo disso é a bizarra educação dos filhos, de uma moral contraditória, completamente sem lógica. A omissão de palavras do mundo externo que sugerem emancipação faz com eles eles simplesmente desconheçam o conceito de liberdade, e isso tem consequências até a última gota de subjetividade.
Alias, "subjetividade" talvez não seja um termo que caiba aqui, os filhos são desprovidos de qualquer traço que os identifique enquanto unidade, nem se quer possuem nomes. As atuações excessivamente teatrais e robóticas denotam isso, pois mostram exatamente a falta de personalidade de sujeitos enjaulados em um universo simbólico precário.
O que se evidencia aqui é o poder que a linguagem têm na estrutura dos sujeitos. Os filhos cresceram com interação social extremamente limitada, portanto, é de se esperar que o agir deles seja igualmente limitado. Isso é pautado com peso durante o longa: a ingenuidade dos personagens, os diálogos fora da realidade, as ideias fantasiosas, as concepções infantis...
A alegoria dos cães e dos gatos é muito criativa: cães são adestráveis e gatos são a personificação da liberdade. Portanto, mate os gatos e aja como um cachorro (E eles agem mesmo!)
É um baita filme! Mostra os efeitos de um caos moral
O trabalho dos atores e as linhas da história nos convencem e conduzem emocionalmente de uma forma espetacular. É impossível não se sentir incomodado aqui, principalmente pela maneira explícita pela qual o universo psicológico dos dois protagonistas é construído.
Achei interessante o desfecho da história ser algo que podemos presumir desde o início do filme, pois isso alimenta muito nossa identificação com os protagonistas e nos induz a construir junto com eles o desejo por uma vingança violenta. Não é à toa que ao final dificilmente sentimos empatia pelas "vítimas" (muito entre aspas, inclusive).
É um trabalho muito corajoso, ainda mais se tratando da aposta em um elenco com pouca experiência de atuação. E diga-se de passagem, foi um trabalho muito bem executado, a direção de fotografia entrega umas sacadas muito interessantes, dando um aspecto de fugacidade e fluidez ao longa. A opção de contar a história através de 7 capítulos, ou dias, também foi um bom acerto criativo.
Revolucionário e original! Só por se tratar do primeiro filme de terror brasileiro já tem uma enorme relevância histórica, sem contar que marcou o nascimento de um dos maiores personagens da cultua pop do Brasil!
O plano sequência da cena em que ele é atormentado pelas almas de suas vítimas é muito bom, ainda mais num contexto onde essa técnica não era muito utilizada por aqui. Os efeitos especiais também são muito criativos, por exemplo,
na cena onde Zé decepa os dedos da mão de um rapaz num bar, as larvas no rosto de um cadáver, o uso do negativo para representar os espíritos, etc.
Bom, e sobre a construção do personagem do Zé do caixão não precisamos ir muito longe, foi muito bem construído, com uma filosofia única, antirreligioso, iconoclasta e blasfemo!
Rever esse clássico que foi o filme favorito de muitos adolescentes que mantinham relação estreita com o rock é nostalgia pura! KISS era uma das minhas bandas preferidas. Envelheceu muito bem!
A sensação é de estar frente à uma obra de arte surrealista. O longa é extremamente futurístico pra época. Tem tantos temas sendo abordados simultaneamente que eu não saberia por onde começar, mas é fascinante a perspectiva metafísica pelo qual os assuntos são retratados.
Praticamente tudo é abordado de maneira simbólica; música, sons, cores e fotografia contam mais a história do que o próprio roteiro. E diga-se de passagem, o filme é lindo que só, a direção de arte é impecável. Ouso dizer que é um daqueles filmes que nos proporciona uma experiência visual única, psicodélica, quase um exercício sensorial!
O diferencial aqui é a falta de um desfecho pro suspense central da trama. Pra mim não colou muito bem, deixou tudo muito cansativo para chegar a lugar algum.
Uma produção muito minimalista, de uma sutileza graciosa e ao mesmo tempo muito sombria.
A atmosfera minunciosamente misteriosa transparece muito nas atuações. Cada diálogo, cada movimentação, cada expressão facial, os olhares, o tom de voz, etc, são muito bem calculados para nos colocarem na posição de dúvida a todo instante: estamos diante de uma intervenção divina, de uma psicose desencadeada, uma alucinação ou uma possível possessão demoníaca?
O longa inteiro tem um ar muito enigmático, de uma imprevisibilidade que nos faz desconfiar de tudo, dos personagens à própria veracidade da narrativa religiosa.
Impossível deixar passar por despercebida a genialidade da produção técnica do filme. Esses movimentos de câmera são geniais, inovadores, muito bem pensados. Da mesma forma, os efeitos visuais são no mínimo criativos para a época.
Mas convenhamos... o roteiro tem lá suas inconsistências.
Um Lugar Secreto
2.3 152 Assista AgoraTecnicamente muito bem dirigido, mas de um roteiro um pouco preguiçoso. Pode-se resumir o roteiro de maneira esdrúxula dizendo que se trata da trama de um adolescente em busca de uma resposta para a pergunta: "como é ser adulto?". A partir de tal indagação a solução do personagem é trancar os pais em um bunker e tentar viver uma vida de adulto por conta própria. Uma solução porca e sem nexo, sem a menor coerência, uma vez que o roteiro não apresenta os indicativos psicológicos que serviriam como motivação para o personagem.
Enfim, enquanto o protagonista "viveu" uma vida de adulto por demanda espontânea, a outra garota teve que amadurecer às pressas devido o abandono da mãe. Metáfora tão solta que facilmente passa despercebida pelo espectador e ainda pode ser causa de constrangimento.
E o que foi o pai do garoto perguntando "se ele já havia olhado debaixo da cama?"
Maze Runner: A Cura Mortal
3.3 562 Assista AgoraUm bando de adolescentes decide destruir a única cidade que resta no planeta - e que possuía os principais recursos pra salvar a humanidade - pra ir morar na praia.
Alpes
3.5 89A identidade cinematográfica que Lanthimos adquiriu é tão singular que chega a ser atemorizante. A marca do diretor é grifada de maneira tão nítida em suas obras que às tornam completamente inconfundíveis (e até mesmo incomparáveis, eu diria).
Não há hesitação em sua forma particular de contar histórias; o grotesco encontra o estapafúrdio e dá origem ao excêntrico. Ao passo em que tudo é estranhamente artificial, supérfluo e inexpressivo, suas narrativas demonstram as mais profundas inquietações humanas!
Titane
3.5 390 Assista AgoraCronenberg caminhou pra Ducournal correr!
Uma História Americana
3.8 63 Assista Agora100% white savior!
Vale pra conhecer um pedacinho da filmografia da Whoopi. Nada muito além disso.
O Último Suspiro
3.0 138 Assista AgoraNão tem pulso nem pra ser chamado de apático!
Incêndios
4.5 1,9K Assista AgoraAbsurdo. Simplesmente absurdo! Esse é um daqueles filmes que te deixa completamente devastado ao te jogar informações que exigem grande esforço pra engolir, em um momento onde você não está preparado para tanto. O desfecho te pega desprevenido, desce seco pela garganta. Pesado o suficiente pra te deixar com a cabeça latejando de tanto refletir.
Poucas vezes um final de filme me proporcionou sentimento tão ambíguo. Uma mistura de alívio com angústia. Alívio por finalmente vir à tona uma história que permaneceu por anos silenciada; angústia pelo próprio caráter da história.
Sem dúvida alguma mais tarde vou poder dizer que foi um dos melhores longas que assisti no ano.
A Lenda do Cavaleiro Verde
3.6 475 Assista AgoraO que eu senti foi o seguinte: a gente pode levar o filme apenas como a história de um rapaz que pela mediocridade de sua vida decide entrar em um jogo assombroso com um cavaleiro, na busca de ter uma história pra contar pra alta sociedade, ou podemos deixar de lado essa concepção trivial e levar em conta que o filme é cheio de simbolismos que falam sobre a busca inconsequente pelo poder.
Essa busca pelo poder é tão amarga e egocentrada que trás mais prejuízos do que benefícios. O poder, no filme, não passa de uma máscara vestida para camuflar sujeitos completamente supérfluos e fúteis. Pois bem, Sir Gawain, o protagonista, é aquele cara que vive de farra, bebedeiras e irresponsabilidades, totalmente desprovido de virtudes. O próprio Rei Arthur o coloca numa situação constrangedora quando lhe pede que conte uma de suas histórias de vida e o rapaz se vê sem nenhuma informação relevante sobre si mesmo, vendo-se defronte o caráter miserável de sua existência.
Em busca de ter uma história para se vangloriar e de possuir o mínimo traço de identidade venerável, Sir Gawain aceita o desafio do cavaleiro verde para finalmente "ser alguém" e poder empossar o posto de Rei Arthur, seu tio, quando este vir a falecer - algo que está para acontecer em um futuro muito próximo. No entanto, durante todo o percurso do personagem até seu destino final, a capela verde, vemos ele passar por diversas tentações e provações que mostram que na verdade ele não é nada mais do que uma pessoa medrosa, insegura, frágil e completamente influenciável.
Diante das tentações e provações que encontra pelo caminho - que me parecem terem sido arquitetadas por sua mãe, uma feiticeira - ele falhou em todas. A ambição fez com que ele fechasse seus olhos para tudo e fosse em busca de seu único objetivo: provar da sua coragem até então encubada. Entretanto, o próprio protagonista sabe que não é capaz de um feito desses.
Quando todo mundo pensa que ele poderia ter morrido no embate com o cavaleiro verde, ele retorna vivo e é tido por todos como um grande rapaz destemido, um homem bravo e indomável, mas ele sabe que isso não passa de uma farsa; não é a toa que, mesmo sendo vangloriado, seu semblante de rapaz frágil ainda se faz presente.
Temos aqui uma sequência de cenas excelentes que encerram o longa: Sir Gawain retira o cinto enfeitiçado de sua cintura por acreditar que ele é o causador de sua infelicidade; ao abandonar a magia que lhe protegia e que ao mesmo tempo era a causa de sua melancolia, ele passa a viver no plano da realidade e, quase que instantaneamente, ele presencia seu verdadeiro destino: sua cabeça é simplesmente decapitada, como deveria ter sido desde o princípio.
O filme mostra como algumas coisas são puramente consequência de nossos atos, e por mais que tentemos mascarar seus efeitos, o destino é inevitável. De forma alguma Gawain tinha os requisitos para suceder o trono de Arthur, ele mesmo sabia disso
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Eu acho impossível não mencionar Dev Patel aqui, seria até mesmo injusto! Mas, fala sério, que ator foda, em todos os personagens que ele interpreta ele consegue deixar uma identidade muito marcante, e aqui não foi diferente. Depois de assistir a interpretação dele eu simplesmente não consigo pensar em mais ninguém que conseguiria fazer o que ele fez com tamanha maestria. O cara fala até com os olhos!
A Filha Perdida
3.6 573O maior destaque, pra mim, foi o fato da diretora ter conseguido apresentar uma mensagem muito pertinente sobre a maternidade sem precisar fazer um grande discurso sobre isso!
A história é contada a partir da mescla de duas linhas de tempo que são apresentadas em forma de flashbacks do passado e muitas vezes apenas como devaneios de Leda. Aos poucos as coisas vão se encaixando e tomando seu sentido, e isso, de certa forma, nos deixa engajados em acompanhar os possíveis efeitos em que as ações da protagonista irão resultar. No entanto, a direção opta por não oferecer muitas repostas, o que torna o filme um tanto quanto especulativo - no melhor sentido da palavra.
Incômodo e tenso mas ao mesmo tempo leve e sensível, assim que eu descreveria o filme!
Duna: Parte 1
3.8 1,6K Assista AgoraQue filme prazeroso de se assistir, os visuais e efeitos especiais são hipnotizantes!
Pena que a Parte II sai só no final de 2023...
Ataque dos Cães
3.7 932Que filme sensacional!
É um filme que literalmente subverte o gênero western clássico ao optar por deixar de lado os duelos armados, o famoso bang-bang, e optar por narrar sua história através de imagens e com o recurso do silêncio.
É um filme simplista e minimalista e ao mesmo tempo complexo e profundo. A história é contada através da quietude, da calmaria; e aqui a trilha sonora, as atuações e os enquadramentos contam muito mais do que imaginamos. Por um lado temos a ambientação de uma atmosfera árida e melancólica da fazenda onde os personagens vivem; aqui os planos abertos demonstram a pequenez dos sujeitos frente a um ambiente de proporções imensamente catastróficas. Por outro lado temos a compreensão da angústia subjetiva de cada personagem, do cowboy durão ao adolescente que rebela a imagem de masculinidade. Cenas longas, com poucos diálogos e enquadramentos fechados nos fazem sentir que cada personagem possui um universo particular emaranhado em segredos.
O mais interessante é que o filme nos apresenta cenas simples e muito, mas muito eficazes. Nada do que vemos em tela é feito por acaso, tudo engrandece a história. O que faz tudo isso funcionar é um jogo semiótico incrível. Com a cadência das cenas os segredos de Phill vão vindo à tona sem muita pressa, de uma maneira tão delicada que nos instiga a ir em busca de mais respostas sobre o passado do personagem. Por mais que Phill demonstre ser durão e insensível, temos uma noção de que seu passado esconde muitas coisas que nos fazem pensar que na verdade sua personalidade não passa de uma carcaça que ele vestiu para esconder seu sentimentalismo. isso fica evidente devido as cansativas menções sobre sua relação com um antigo amigo, Bronco Henry.
As diversas menções sobre Bronco, somadas à outros detalhes, nos mostram que talvez a relação dos dois tenha ido para além de uma simples amizade. Isso fica evidente nas cenas onde Peter encontra revistas antigas que Phill mantém escondidas e que pertenciam à Bronco, revistas sobre cultura física, com imagens de homens com corpos esculturais. Outra cena que também nos apresenta fortes indícios, é quando Phill vai à seu "paraíso escondido" e passa a se acariciar com um lenço que possui as iniciais de Bronco Henry (B.H). Isso é linguagem cinematográfica pura!
Talvez seja exatamente por isso que diversas vezes Phill é aversivo à presença de Peter, pois Peter vive uma vida sem receios quanto às nuances de sua masculinidade, tudo o que Phill sempre quis mas jamais conseguirá.
O terror psicológico que a presença de Phill trás para todo mundo é assombroso. É impossível não sentir um nó na garganta e uma angústia à flor da pele. Phill atormenta Rose muitas vezes sem dizer uma palavra. Rose adoece com o tempo e tudo o que vemos são suas ressacas diárias de whisky.
Não obstante, o que me deixou muito surpreso (e o que também justifica minha nota ao filme) é que desde o momento onde Peter vai morar na fazenda ele arquiteta um plano engenhoso contra Phill, e não temos a menor noção disso se não levarmos em consideração que tudo o que é mostrado em tela, por mais simples que seja, será somado e usado posteriormente para revelar algo. Essas revelações podem ser igualmente tão simples ao ponto de passarem batidas.
De início não ficou muito óbvio, mas depois de refletir um pouco percebemos que Peter foi literalmente quem Matou Phill. Não é tão nítido, mas Peter percebe a perturbação que Phill causa em Rose, sua mãe. Em vista disso, vemos Peter se aproveitar da inesperada aproximação de Phill. Não é à toa que Pete aprende a cavalgar, sobe nas montanhas, retira um pedaço do couro de uma vaca que foi morta pelo ataque de lobos - animal altamente contagioso e que é mencionado diversas vezes no filme - e deposita esse pedaço contaminado na bacia de água pela qual Phill lava suas mãos. Phill, com um corte aberto em sua mão, cai na armadilha de Peter e se limpa na água contaminada (temos um take longo dessa cena). Pois bem, dito e feito, dentro de algumas horas Phill adoece e vem a falecer no dia seguinte. Logo após, na cena que encerra o filme, vemos Peter sorrindo após ver sua mãe e seu padrasto expressando o mínimo de felicidade depois de muito tempo. Não obstante, toda essa construção é feita lentamente, desde o momento onde Phill tira sarro das flores artesanais que Peter confecciona e que estavam presentes nas mesas do restaurante de Rose.
Não diria que é um filme que possui um grande clímax, mas é um filme onde cada cena é apresentada de maneira muito sutil de forma que a sequência dos fatos cria uma lógica implícita para a construção do desfecho. É tudo muito coerente e coeso.
Em resumo é um filme engenhoso, muito bem construído, eu diria até que foi a primeira adaptação do livro que deu certo. É um filme bonito visualmente e muito sentimental. É um filme pra assistir de cabeça aberta e sentir o terror psicológico e a angústia junto com os personagens.
Sem dúvidas é um dos meus favoritos pro Oscar!
O Homem Invisível
3.8 2,0K Assista AgoraAtuação da Elisabeth Moss impecável como sempre. A cena inicial é muito boa, muito bem dirigida, tensa e angustiante pra caramba; mesmo que naquele momento ainda não sabemos os motivos da fuga da protagonista, tem algo ali que nos faz torcer pelo bom êxito dela!
O filme em si é um bom entretenimento, mas pra mim não passou muito disso: vários furos de roteiro, pontas soltas, uso ultrapassado do jump scare, etc. Além do mais, sempre me irrita muito essa narrativa do personagem que tem a razão de todos os fatos mas ninguém acredita, julgam-no como louco pra no final da história - previsível, como sempre - tudo ser revelado e o protagonista enfim, mostrar que sempre esteve certo.
Por se tratar de uma adaptação, não sei em que medida as cenas são condizentes com a narrativa literária, mas que é previsível, é!
Também não entendi como o longa ganhou um AACTA Award de Melhor Som?? Achei a mixagem bem mais ou menos.
Fahrenheit 451
4.2 419Pra quem se interessou pela trama, o livro retrata com muita maestria a ideia de uma sociedade distópica onde bombeiros, ao invés de apagar chamas, causam-nas. Recomendo muito! O livro em si já um clássico, uma das 3 maiores distopias de todos os tempos; o filme também tem seu mérito reconhecido com muita asserção. Entretanto, apesar de tratarem-se de dois modos de linguagem completamente diferentes e difíceis de serem sincronizados ou equiparados, confesso que a experiência literária em relação à trama é incomparavelmente mais imersiva; o que, de todo modo, não é uma característica que desqualifica o longa, muito pelo contrário, é uma peculiaridade que nos dá um empurrãozinho para ir de encontro com a experiência de leitura!
Chamada de Emergência
3.7 1,5K Assista AgoraÉ um filme muito bom, eletrizante, com ótimas atuações. Daqueles que te deixam em êxtase no sofá torcendo pelos personagens!
No entanto não dá pra negar que o terceiro ato do filme, o momento onde a telefonista Jordan decide ir atrás do sequestrador por conta própria, é meio sem noção, a partir dali desandou um pouco, começaram a aparecer muitas incoerências, furos, pontas soltas e exageros típicos do personagem "salvador da pátria".
Mas de maneira alguma é um defeito que não faça valer a pena assistir, muito pelo contrário, durante toda a trama a narrativa principal se sustenta com muita coerência. Houve apenas um deslize "nos finalmentes".
Culpa
3.9 355 Assista AgoraOk, tenho que admitir que isso aqui foi muito bom. Uma ideia muito simples mas que foi executada com muita perspicácia!
Apesar de contar com vários personagens, somente Asger aparece durante o filme inteiro, os outros estão presentes apenas através das ligações telefônicas. E eu achei isso genial pois transmite um senso aguçado de presencialidade, principalmente se tratando de que tudo ali está ocorrendo em "tempo real". São 1 hora e 25 minutos de telefonemas angustiantes e com diversos plot twists!
E, ao contrário do que possa parecer, o fato dos principais personagens da trama não aparecerem em tela não diminui nossa identificação com eles, exatamente por ter um roteiro que cuidou muito bem disso trabalhando duro nos diálogos.
Além do mais, essa escolha do diretor tinha tudo pra tornar o longa monótono e arrastado, mas foi um tiro certeiro! O filme é frenético, eletrizante, desafiador!
Um filme de poucos recursos mas que soube utilizar muito bem o que tinha em mãos!
Dente Canino
3.8 1,2KIsso aqui é semiologia cinematográfica pura: takes longos, poucos movimentos de câmera, planos muito abertos, cenas quase estáticas e enquadramentos não convencionais. Tudo isso para dar a precisão do sentimento de monotonia que os integrantes da casa vivem.
Por vezes os enquadramentos deixam personagens fora da tela durante os diálogos, as vezes até tiram de cena parte de seus corpos: foi comum presenciar conversas entre personagens enquanto suas cabeças não apareciam na tela, como se a câmera estivesse mal enquadrada ou completamente assimétrica.
E é exatamente isso que Dente Canino é: assimétrico. Enquanto o mundo acontece lá fora, dentro dos muros a vida é sempre a mesma, inclusive um tanto quanto desajustada; exemplo disso é a bizarra educação dos filhos, de uma moral contraditória, completamente sem lógica. A omissão de palavras do mundo externo que sugerem emancipação faz com eles eles simplesmente desconheçam o conceito de liberdade, e isso tem consequências até a última gota de subjetividade.
Alias, "subjetividade" talvez não seja um termo que caiba aqui, os filhos são desprovidos de qualquer traço que os identifique enquanto unidade, nem se quer possuem nomes. As atuações excessivamente teatrais e robóticas denotam isso, pois mostram exatamente a falta de personalidade de sujeitos enjaulados em um universo simbólico precário.
O que se evidencia aqui é o poder que a linguagem têm na estrutura dos sujeitos. Os filhos cresceram com interação social extremamente limitada, portanto, é de se esperar que o agir deles seja igualmente limitado. Isso é pautado com peso durante o longa: a ingenuidade dos personagens, os diálogos fora da realidade, as ideias fantasiosas, as concepções infantis...
A alegoria dos cães e dos gatos é muito criativa: cães são adestráveis e gatos são a personificação da liberdade. Portanto, mate os gatos e aja como um cachorro (E eles agem mesmo!)
É um baita filme! Mostra os efeitos de um caos moral
The Class
4.1 177O trabalho dos atores e as linhas da história nos convencem e conduzem emocionalmente de uma forma espetacular. É impossível não se sentir incomodado aqui, principalmente pela maneira explícita pela qual o universo psicológico dos dois protagonistas é construído.
Achei interessante o desfecho da história ser algo que podemos presumir desde o início do filme, pois isso alimenta muito nossa identificação com os protagonistas e nos induz a construir junto com eles o desejo por uma vingança violenta. Não é à toa que ao final dificilmente sentimos empatia pelas "vítimas" (muito entre aspas, inclusive).
É um trabalho muito corajoso, ainda mais se tratando da aposta em um elenco com pouca experiência de atuação. E diga-se de passagem, foi um trabalho muito bem executado, a direção de fotografia entrega umas sacadas muito interessantes, dando um aspecto de fugacidade e fluidez ao longa. A opção de contar a história através de 7 capítulos, ou dias, também foi um bom acerto criativo.
À Meia-Noite Levarei Sua Alma
3.9 286 Assista AgoraRevolucionário e original! Só por se tratar do primeiro filme de terror brasileiro já tem uma enorme relevância histórica, sem contar que marcou o nascimento de um dos maiores personagens da cultua pop do Brasil!
O plano sequência da cena em que ele é atormentado pelas almas de suas vítimas é muito bom, ainda mais num contexto onde essa técnica não era muito utilizada por aqui. Os efeitos especiais também são muito criativos, por exemplo,
na cena onde Zé decepa os dedos da mão de um rapaz num bar, as larvas no rosto de um cadáver, o uso do negativo para representar os espíritos, etc.
Bom, e sobre a construção do personagem do Zé do caixão não precisamos ir muito longe, foi muito bem construído, com uma filosofia única, antirreligioso, iconoclasta e blasfemo!
Detroit, a Cidade do Rock
4.0 550 Assista AgoraRever esse clássico que foi o filme favorito de muitos adolescentes que mantinham relação estreita com o rock é nostalgia pura! KISS era uma das minhas bandas preferidas. Envelheceu muito bem!
Dragão Elétrico 80.000V
3.7 11Punk!
A Montanha Sagrada
4.3 465A sensação é de estar frente à uma obra de arte surrealista. O longa é extremamente futurístico pra época. Tem tantos temas sendo abordados simultaneamente que eu não saberia por onde começar, mas é fascinante a perspectiva metafísica pelo qual os assuntos são retratados.
Praticamente tudo é abordado de maneira simbólica; música, sons, cores e fotografia contam mais a história do que o próprio roteiro. E diga-se de passagem, o filme é lindo que só, a direção de arte é impecável. Ouso dizer que é um daqueles filmes que nos proporciona uma experiência visual única, psicodélica, quase um exercício sensorial!
Blow-Up: Depois Daquele Beijo
3.9 370 Assista AgoraO diferencial aqui é a falta de um desfecho pro suspense central da trama. Pra mim não colou muito bem, deixou tudo muito cansativo para chegar a lugar algum.
Caminhou pra não sair do lugar.
Saint Maud
3.5 334 Assista AgoraUma produção muito minimalista, de uma sutileza graciosa e ao mesmo tempo muito sombria.
A atmosfera minunciosamente misteriosa transparece muito nas atuações. Cada diálogo, cada movimentação, cada expressão facial, os olhares, o tom de voz, etc, são muito bem calculados para nos colocarem na posição de dúvida a todo instante: estamos diante de uma intervenção divina, de uma psicose desencadeada, uma alucinação ou uma possível possessão demoníaca?
O longa inteiro tem um ar muito enigmático, de uma imprevisibilidade que nos faz desconfiar de tudo, dos personagens à própria veracidade da narrativa religiosa.
Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio
3.8 1,4K Assista AgoraImpossível deixar passar por despercebida a genialidade da produção técnica do filme. Esses movimentos de câmera são geniais, inovadores, muito bem pensados. Da mesma forma, os efeitos visuais são no mínimo criativos para a época.
Mas convenhamos... o roteiro tem lá suas inconsistências.