Nada de Novo no Front não é um filme ruim, mas achei que ele falha em vários momentos em alcançar o queria em seus primeiros 2/3. As cenas de violência funcionam pra mostrar a guerra, mas as de trégua ficaram com um ritmo estranho e não têm o potencial que poderiam.
Poderia haver bastante força em usar os momentos de calmaria - e até diversão - antes de Paul ir para a guerra e depois, quando interage com seus camaradas, para reforçar os horrores do conflito. Isso é algo que o livro fez muito bem. Mas por algum motivo não funcionou no filme.
Não consigo deixar de dizer também, correndo o risco de ser aquele chato que reclama de adaptação, que o filme... não precisava se chamar Nada de Novo no Front. Ele usa muito bem duas ou três cenas impactantes do livro, mas a maior parte podia facilmente ser desatrelada do livro
Assisti o tal do filme da Netflix de drama com metade do elenco da Marvel e o batman. Pelo trailer pensei que seria terror, mas fui tapeado. O Diabo de Cada Dia tem vários elementos bons, cenas bem construídas, atuações bem feitas, personagens intrigantes (ainda que bidimensionais pois só existem no campo da sua relação com violência e religião), uma fotografia bem a cara de um southern gothic, e outras coisas que achei bem feitas. E no entanto, ainda assim ele acaba sendo mediano. Apesar dos vários compenentes bem executados, a soma de tudo perde força, e apesar do ritmo lento do filme não ser um problema, e sua primeira hora ser boa, ele perde o fôlego quando deveria estar em seu momento de máximo tensão, entregando muito o jogo sobre o roteiro e como cada uma das suas sub-tramas vai se encontrar. Acaba não impressionando e se arrasta nos últimos 40 minutos em uma série de sequências previsíveis. Enfim, link pra um video comentando mais sobre o filme: https:// bit.ly/ 3i2epYl
Esse foi o 12º filme que assisti para meu desafio 365 filmes de 2020. Mais comentários em video https://www.youtube.com/watch?v=cMrEJkbXZ_g
Eu não saquei qual é a desse filme. Ele se vale dos clichês de western e de Yojimbô, do Akira Kurosawa, que veio antes e foi um filme muito melhor. Hideo Gosha apresenta um rônin mulambento que chega em um entreposto meio morto de fome e acaba se envolvendo numa confusão entre dois grupos de entregadores/mensageiros. Acaba precisando tomar um lado (o da mocinha em perigo), combate bandidos e outros ronin, até que enfim o filme acaba.
Não é que seja um filme ruim, mas parece apenas uma repetição de tropos e arquétipos passados, sem trazer muito de novo. É até meio constrangedor, pois Lobo Samurai é menos interessante, menos original, e mais fraco que o primeiro filme dirigido por Gosha, Três Samurais Fora da Lei. A única coisa que consigo pensar como sendo algo diferente foi a trilha sonora, que é utilizada de forma muito mais semelhante a filmes ocidentais (em específico, faroestes), do que em filmes japoneses. A aplicação da trilha sonora é boa, mas... não é o bastante.
Me chamou atenção também umas cenas de câmera lenta que o autor faz em alguns momentos que deveriam ser para criar tensão ou drama. Não sei como o recurso era visto na época, mas olhando com olhos contemporâneos, fizeram momentos apenas chatos e desnecessários. As lutas também são inferiores às de outros filmes do gênero, e muito piores que Três Samurais Fora da Lei. Gostei de um personagem ronin que tem um mico de estimação, mas ele nem tem muita relevância na obra.
Enfim, melhor reassistir Yojimbo ou Sanjuro do que ver Lobo Samurai.
Esse foi o 11º filme que assisti para meu desafio 365 filmes de 2020. Mais comentários em video https://www.youtube.com/watch?v=A5FB4MsBwr8
Esse foi o primeiro filme que assisti de Ozu, um diretor japonês que costuma receber tantos ou mais elogios do que Kurosawa, embora em geral seja menos conhecido. Com O Relato do Proprietário, pude ver que o diretor realmente é muito bom, embora ainda não tenha conseguido ver todo o potencial dele neste pequeno filme de 71 minutos, que marca o retorno dele da segunda guerra mundial.
Eu já sabia que Ozu costuma prezar simplicidade e a vida corriqueira das pessoas comuns, muitas vezes pobres ou de classe média baixa. E nesse aspecto, esse filme parece estar bem situado nessa proposta. A trama aborda um garotinho de por volta de 8-10 anos que estava sozinho, tendo se perdido ou abandonado pelo seu pai, e acaba seguindo Tashiro até o local onde ele mora. Tashiro, um artista empobrecido, mora em uma espécie de cortiço de casas simples e gente simples. A pessoa com quem ele divide morada, no entanto, não aceita que fiquem com a criança, que é "repassada" para alguns vizinhos antes de uma senhora acabar aceitando que ele passe a noite na casa dela, muito a contragosto, e no dia seguinte tente devolvê-lo para sua família. No entanto, não conseguem achar o pai do menino, que acaba ficando mais tempo com a senhora.
A partir daí, Ozu tece suas semanas, partindo da simplicidade da vida das pessoas e da relação que vai surgindo entre os dois personagens. É tudo muito bem dirigido, eu diria que o filme é é basicamente impecável, e a forma como ele foge do drama ou do mirabolante, mas ainda consegue se manter, é bastante especial. O estilo como um todo me pareceu bem característico, embora tenha coisas que eu não consiga apontar bem. Devido à simplicidade, é tudo muito sutil, e determinadas cenas eu fiquei na dúvida se carregavam algum significado adicional, extraído do período que o Japão vivia, ou se era apenas uma busca por mostrar um instante da vida dos personagens.
Enfim, esse foi o primeiro filme do diretor após retornar da guerra, o que marca uma nova fase dele (li na wikipedia cof cof) e fiquei com vontade de conferir alguns de seus trabalhos posteriores, principalmente os em cores. Além de também assistir Tokyo Story, que é considerado como seu melhor filme.
Esse foi o 10º filme que assisti para meu desafio 365 filmes de 2020. Mais comentários em video https://www.youtube.com/watch?v=tI3UdK3_szY
Não tenho tanta experiencia com filmes do Hitchcock ou filmes da década de 30, então é um pouco complicado situar essa obra dentro da produção do diretor ou da época. Não sei o que ele representa em relação a outras películas da época ou para o conjunto da obra do diretor, mas gostei do que assisti e percebi características que penso serem definidoras do diretor, o tipo de sequencia cheia de suspense e tensão que vi em Um Corpo que Cai, de 1958.
A trama do filme é simples, e francamente, não tão bem-desenvolvida. Mr. Verloc é um estrangeiro morando em Londres, e parte de um circulo terrorista que está causando atentados na cidade. Logo no início do filme, em uma cena muito boa, mostrando as ruas na escuridão e as pessoas usando fontes de luz alternativas à elétrica, o personagem retorna para casa, onde também administra um cinema. Em meia a isso, dois outros personagens importantes para a trama são introduzidos, a esposa de Verloc, a Ms. Verloc, Ted, um agente da Scotland Yard disfarçado de quitandeiro, e o irmão pré-adolescente de Ms Verloc.
A trama progride conforme Ted começa a desconfiar de Verloc, revelando sua identidade e pressionando para tentar descobrir a culpa do personagem. Enquanto isso, após o blecaute causado no início do filme trazer apenas risos da população britânica, Verloc recebe a tarefa de plantar uma bomba numa estação. O filme até tenta trabalhar a consciência do personagem, que está mais fazendo por dinheiro do que por ideologia, mas falha completamente nisso, e a motivação de Verloc pouco recebe atenção.
O romance entre Ted e a Ms Verloc também não convence muito, embora leve a uma cena interessante no final da obra. O que brilha mesmo é a relacionamento do casal Verloc quado a esposa fica sabendo da realidade sobre o marido e um acontecimento cria uma grande ruptura entre os dois.
As melhores cenas, onde pude ver toda a maestria de Hitchcock em construir tensão foi quando o jovem irmão da Ms Verloc leva a bomba para o local instruído, sem saber o que carrega, e os acontecimentos finais, onde o destino da mocinha fica incerto conforme todas as tramas da obra vão chegando a sua resolução e culminando em um único evento. Certamente não é a melhor obra de Hitchcock, talvez sequer seja um dos grandes filmes de sua época, eu ainda não saberia dizer, mas ainda assim gostei muito de assistir esse filme, e apesar da idade, ele não causa muito estranhamento.
Esse foi o 9º filme que assisti para meu desafio 365 filmes de 2020. Mais comentários em video https://www.youtube.com/watch?v=3M7vBORf1TI
Estou jogando Yakuza 0 no PS4, então resolvi assistir um filme de yakuza. Apesar de ter assistido vários filmes japoneses, só tinha assistido um desse gênero, então sou bastante inexperiente nele.
Luta Sem Código de Honra já tinha chamado minha atenção a muito tempo, por se tratar de uma série de 5 filmes dentro desse gênero abordando a máfia japonesa, o que me deixou curioso. Ao fim do filme, eu acabei gostando do que assisti, mas foi às duras penas que cheguei à metade da obra.
Nesse filme deFukasaku, a história começa em 1946, quando o Japão ainda estava desorganizado devido ao fim da guerra sob ocupação militar dos Estados Unidos. Nesse período, surgiram vários novos clãs da Yakuza, abraçando jovens que haviam retornado do serviço militar e, sem perspectiva para o futuro, abraçavam o crime e a violência.
Nessa época a yakuza era muito diferente da imagem que temos hoje em dia, de um grupo que tem como política não gerar problemas para cidadãos comuns, não se envolver em tráfico de drogas ou de armas, e que prega uma espécie de código de honra. Para isso, o diretor faz da violência boa parte de sua estética, o filme começa logo querendo chocar, com uma tentativa de estupro por parte de um soldado americano, que logo termina em briga, assassinatos e um yakuza cortando braços alheios. A forma como o sangue é usado me lembrou um tanto Cães de Aluguel. Não me surpreenderia se o filme fosse alguma inspiração de Takeshi Miike e Tarantino.
No entanto, essa sequencia de abertura é extremamente confusa. O filme tenta apresentar bem uns dez personagens rápido demais. Congelando o rosto deles e apresentando o nome e o futuro cargo na Yakuza conforme vão aparecendo. Mas como estão todos com roupas semelhantes, e alguns não possuem nenhum traço muito distinto, é fácil se perder nos personagens, principalmente por alguns terem um papel apenas secundário e toda hora se misturarem em quebra-quebras. As passagens de cena, que às vezes parecem faltar informação que as ligue (um personagem, se for ele mesmo, termina uma cena correndo depois de atirar em um rival, e na seguinte já está almoçando na prisão).
Isso de mostrar vários personagens acaba ficando interessante depois, pois o filme busca mostrar as lutas internas do Clã Yamamori, e conforme a trama avança até 1954, vemos aqueles jovens empolgados cortarem as gargantas uns dos outros devido a intrigas internas, disputas por poder e briga com outros clãs.
A cena final do filme foi realmente ótima, e o protagonista Shozo Hirono se mostrou um baita personagem num estilo meio noir. Mas não consigo deixar de pensar que 1:40 é muito pouco para mostrar todo esse escopo do surgimento e e destruição interna do Clã Yamamori. Tivesse suas mais de 3:00 como Bons Camaradas, o filme teria muito mais tempo para desenvolver seus temas, vários personagens e estabelecer com mais calma o Clã Yamamori.
Pessoalmente, acho até que os eventos desse filme poderiam ter composto todos os 5 filmes da série, pois com tudo o que aconteceu e como acabou, fico até em dúvida sobre como o que as sequencias vão abordar. Talvez a evolução da própria Yakuza? Estranho e um pouco questionável, dado a tanto foco que o Clã Yamamori recebeu, não a ideia geral de yakuza. Mas enfim. Alguma hora verei as continuações.
Esse foi o 8º filme que assisti para meu desafio 365 filmes de 2020. Mais comentários em video https://www.youtube.com/watch?v=9nywEESm8fY
MInha irmãzinha de 10 anos estava passando a tarde toda vendo besteira no youtube. Sugeri ela ir ver qualquer outra coisa. O primeiro filme que apareceu na netflix que eu pensei que poderia ser legal pra ela foi esse, por ter uma protagonista feminina e tal.
Preguiça de falar sobre o filme. Resumo, minha irmã não desgostou, mas ficou um pouco com medo das cenas de Lara apanhando da natureza. Não teve muito problema com um cara levando tiro, contudo. Algum momento talvez ela tente assistir de novo (parou na metade), pois reclama, reclama, mas adora coisa que deixa ela com medo. Tipo IT, que assistiu com a prima, ou Stranger Things, que a aterrorizou.
Filme com longa introdução desnecessária. Não tem a Sam, então foi chato. O Jogo é melhor.
Esse foi o 7º filme que assisti para meu desafio 365 filmes de 2020. Mais comentários em video https://www.youtube.com/watch?v=pAW_Hkrz-KE
Eu não fazia ideia da existência de Brian de Palma. Bem, já havia visto filme dele. Assisti Os Intocáveis e gostei bastante, e provavelmente em algum momento da minha vida devo ter visto Missão Impossível 1, mas nunca tinha visto um filme dele sabendo de antemão que assim o era, e me preocupando em olhar um pouco mais para quem era o diretor. Eu também nunca tinha ouvido falar de Fantasma do Paraíso, e acabei adorando.
O filme conta a história de Winslow Leach, um músico completamente desconhecido que acaba tendo parte de sua grande obra dedicada ao livro Fausto roubada e deturpada por Swan, um magnata da indústria musical dos anos 70. Em sua busca por primeiro esclarecer o que estava acontecendo e então pra impedir a deturpação de sua obra, ele acaba sendo desfigurado e impedido de cantar. Vestindo uma fantasia negra e uma máscara, ele então assombra Paraíso, projeto musical que Swan pretende que seja sua xanadu, sua Disney, e cuja abertura se utiliza indevidamente da música de Winslow. Em meio a isso Phoenix, jovem cantora que Winslow conhece enquanto tentava se encontrar com Swan, arrebata o fantasma com sua voz, e o músico agora monstro faz um acordo faustiano com Swan para garantir que apenas Phoenix execute a sua música. Acordo que, claro, é quebrado.
O filme é ridículo. Os personagens são ridículos (tirando Pheonix). Você olha pra eles e acha graça do tanto que são galhofa. Mas é proposital. A obra é uma paródia de forma divertida e competente esteriótipos do mundo musical, além de suas próprias inspirações: Fausto, O Retrato de Dorian Gray, o Rock'm roll e O Fantasma da Opera.
Mas a direção de Brian de Palma é incrível, várias das cenas muito bem ritmadas com a música de fundo sempre excelente, e com cenas sempre bem construídas e gravadas.
Mais do que isso, a parte visual do filme é espetacular. As cores, sempre vibrantes e presentes, funcionam muito bem, criando não uma bela representação do real, mas mistura de realidade e fantasia em uma hiper-realidade digníssima de um rock opera. O estilo muito me lembrou Suspiria, mas pesquisando descobri que este foi lançado 3 anos depois, e coincidentemente também conta com a atriz Jéssica Harper (que no Fantasma interpreta Phoenix). Me perguntei se isso indicava alguma inspiração, mas não parei pra pesquisar muito.
Eu gostei muito de assistir esse filme, e fiquei bem impressionado com a direção. Uma falha, talvez, foi a cena final, que me pareceu muito breve e sem o devido drama e grandiloquencidade. Poxa, o final podia e deveria ser bem mais épico! Ele traz uns toques bem macabros e poéticos, contudo, com a reação do público ao fim de Paraíso.
Esse foi o 6º filme que assisti para meu desafio 365 filmes de 2020. Mais comentários em video https://www.youtube.com/watch?v=zU9pLwkXavU
Jidaigeki que aborda a relação dos samurais com a Katana. Kiyone é um aprendiz de ferreiro, e presenteia seu benfeitor com uma bela katana de sua confeção. No entanto, devido a espada não "ter alma" ela se quebra e acaba trazendo vergonha e eventualmente a morte para seu padrinho.
Ao longo do filme, o persongaem acaba precisando se encontrar enquanto armeiro e criar uma arma que leve a filha do Lorde Onada a vingar o seu pai.
Um dos pontos interessantes do filme é mostrar a confeção da katana não como técnica, mas como ritual. Discussões sobre o "poder" atribuido às katanas à parte, sua criação e uso era bastante relacionado ao shintô, e há muito de um processo ritualizado e religioso em sua confeção, além de toda uma relação com a casta samurai.
Uma coisa muito interessante do filme, é que dos mais de 40 filmes de samurai que já vi, esse foi o único em que uma samurai feminina treina em artes marciais e empunha uma arma em um conflito letal.
Infelizmente, a produção da obra é meio complicada. Provavelmente devido à época e as privações (estamos falando do Japão no fim da guerra, afinal, com uma economia exaurida), a parte técnica do filme é um pouco dificil de se acostumar. O audio é meio estourado, cheio de chiados.
É marcante também a influência da censura do estado militar-religioso do Imperador Hirohito. Por consequência, diferente de filmes da década de 50, ele enaltece e enobrece os samurais, e conta até mesmo com propaganda pro-imperial com sequencias em que alguns personagens leem textos sagrados do Shinto relacionando a família imperial à divindade dos Kami, devido a descendência de Amaterasu que o Shintô estatal afirmava que o Imperador tinha.
Diferente dos outros filmes de samurai que assisti esse ano, este se passa na Restauração Meiji, não no período Edo.
Esse foi o 5º filme que assisti para meu desafio 365 filmes de 2020. Mais comentários em video https://www.youtube.com/watch?v=A_9Hs4DC1CA
Expresso para Bordeaux Diretor: Jean-Pierre Melville Ano: 1972
Assisti pouquíssimos filmes franceses, e nenhum deles foi do Melville ou um filme noir. Acho que expresso para Bordeaux tem vários méritos. A fotografia e a composição são ótimas e diversas cenas. O mesmo ocorre com a direção em geral. No entanto o filme é bom assim, nas cenas observadas em separado. Senti que, como um todo, é como se a forma como a história é contada estivesse meio... estranha, e elementos que deveriam ficar claros não recebem muita atenção, levando a eventos e personagens a ficarem meio descolados. Descolado é um adjetivo bom pra descrever o filme e não no sentido de ser maneiro, mas de que suas diferentes partes parecem não se combinar muito bem. O filme começa com um assalto a um banco. Sequencia belíssima que já conquista na entrada, com o carro andando em uma chuva pesada enquanto passa por vários prédios de um azul pálido em alguma cidade da costa francesa. Aqui a obra apresenta Simon, um de seus protagonistas, e seu trio de comparsas.
Esse grupo de facínoras é contrastado pelo Comissário Edoaurd Coleman, que coloca algum esforço em descobrir os responsáveis pelo assalto do início do filme, mas que acaba cruzando o caminho do grupo por causa de um outro crime, este a melhor sequencia do filme, mas que parece ter absolutamente nada a ver com o conflito do filme e a trama iniciada com o assalto ao banco.
Coleman é muito bem definido, no melhor estilo "show, don't tell", em que uma cena apresenta o personagem atendendo várias ligações e pessoalmente indo à cena de vários crimes, de diferentes magnitudes. Ele é o tipo de tira obstinado e incansável, violento e incorruptível. Um clichê de filmes policiais, mas que é bem apresentado e funciona bem em Expresso para Bordeaux.
O problema é que a relação dele com Simon, que o conhecia de... algum lugar, é completamente subdesenvolvida. Simon é dono ou gerente de um bar/cabaret que Simon frequenta para encontrar-se com a loira Cathy, interpretada por Catherine Deneuve e apresentada no maior estilo noir. No entanto tudo o que toca o cabaret, a relação de Simon e Coleman, e o romance de ambos com Cathy, é tão mal desenvolvido, tão não apresentado que mal parece fazer parte do filme.
Esse histórico entre os personagens deveria ser importante, e poderiam fazer do filme uma obra muito maior. Inclusive, é algo utilizado no conflito das sequencias finais, mas como outros elementos, parece tudo tão mal montado que não chegam a carregar muito drama, ou suscitar interesse.
Eu gostei da direção, das cenas observadas de forma individual, mas não consegui gostar muito do filme. Talvez se deva a minha pouca experiência com filmes do gênero polar, os noir franceses. Ainda tenho outros polar para assistir, e também outras obras de Melville. Espero gostar mais delas, e talvez aprender um pouco mais para poder, quem sabe, apreciar melhor Expresso para Bordeaux.
Um filme de ficção científica inspirado em um conto de Ray Bradbury. No filme, o astronomo amador John Putnam presencia a queda de um meteoro e, indo averiguar, descobre se tratar de uma nave espacial. Ninguém acredita nas palavras dele, mas quando pessoas da cidadezinha à beira do deserto começam a agir de forma estranha e desaparecer, o xerife Matt logo percebe que algo está realmente acontecendo.
A trama do filme é Ray Bradbury por completo. Não li o conto original, mas a discussão que o filme busca, sobre se os alienígenas são ameaça ou amigos, sobre a dificuldade de comunicação e compreensão de uma raça alienígena, ecoam muitíssimo com Crônicas Marcianas, livro que li do autor.
Acho que o filme é muito bom em ser uma obra "bradburyana", no entanto, não encheu meus olhos no sentido da fotografia, direção ou atuação. A trilha sonora até que achei interessante, mas boa parte da atenção ficou voltada mesmo para ver como abordariam coisas sci-fi com recursos e técnicas limitadas.
O que mais prejudica o filme a meu ver não é nenhum aspecto técnico. Mas que o tema e a trama já foram tão utilizados e explorados que a olhos modernos tudo parece lugar comum. Na época, deve ter tido muito mais impacto, deve ter sido um bom filme mesmo.
Impossível não comparar, achei a direção desse filme ocidental muito inferior aos filmes orientais da mesma época que vi para o desafio 365 filmes desse ano. Mas pode ser meio injusto, pois não sei as condições e investimento de cada um. Em todo caso, fiquei com a impressão de que as produções japonesas em nada deviam às americanas da época.
É o melhor filme de x-men, mas está longe de ser excelente. O filme consegue mostrar o seu estilo, e é realmente muito bom até a metade. Infelizmente, da metade pro final não consegue construir muito bem a relação de Longa com a Laura (eles ainda tinham muito caminho a andar pra se entender). E a última 1 hora mais parece um filme comum do wolverine (ou seja, uma merda) do que essa inovação toda de obra adulta e diferenciada que o pessoal gosta de bradar.
Video com mais comentários: https://www.youtube.com/watch?v=0YcCO5bmb1Q
Lançado 9 anos depois de Lança Ensanguentada, dá pra uma diferença enorme na imagem do filme, que até roda em widescreen. Três Samurais Fora da Lei é um perfeito e simples chambara, também retratando excessos e hipocrisias da casta samurai, mas dessa vez com muito mais cenas de ação entre os 3 ronins que acabam se posicionando para proteger camponeses que estão passando fome devido ao descaso de um magistrado.
O que brilha aqui são os duelos. Isso o Hideo Gosha sabe fazer muito bem. Talvez não sejam tão dramáticos ou cheios de força quanto os de Masaki Kobayashi em Rebelião e Harakiri, mas são criativos, muito bem dirigidos e mais fáceis de se apreciar pelo público contemporâneo do que a luta final em Lança Ensanguentada.
Uma coisa interessante é que foi o primeiro filme de Hideo Gosha, o que denota realmente a sua competência como diretor nesse tipo de filme. Apesar de menos grandioso que Tirania, é mais conciso e direto, características que este último não tem.
Acho uma boa porta de entrada para quem se interessar por ver filmes de samurai.
Mais comentários em video: https://www.youtube.com/watch?v=4G04Pz__TsQ
Primeiro filme do ano. Tentarei assistir 365, mas é quase certo que não vou conseguir.
Eu já tinha assistido esse filme 5 anos atrás. Minha experiência com chambaras e jidaigekis (filmes de samurai e de drama histórico japoneses) era bem menor, e Lança Ensanguentada acabou não ficando muito marcado na memória. Na época, eu gostei, mas não me pareceu tão memorável.
Agora que reassisti, pude aproveitar muito mais a obra, e vim a respeitá-la bastante. Com seu tom cômico e fraternal, o filme apresenta muito bem a vida e a relação das castas japonesas, trazendo críticas muito óbvias aos samurais do período edo.
É um filme simples, leve e bem-humorado, mas que vai direto no ponto. Vejo nele muitas semelhanças com No Tempo das Diligências, de John Ford.
Vale a pena assistir, mas a tragédia e combate final talvez sejam difícieis de absorver por quem não tem costume de assistir filmes japoneses. A luta de Gompachi contra os arrogantes samurais deve causar estranheza em muita gente, e mesmo na época já tinham filmes melhor produzidos nesse sentido. Mas ela é visceral e trágica para quem tem costume de ver esse tipo de filme.
Mesmo gostando muito de filmes de samurai, estava com um pouco de receio sobre como seria ver um filme japonês de 1937.
Mas Humanidade e Balões de Papel é, sem dúvidas, uma obra magnífica! Bem a frente de seu tempo, tanto em questão de crítica social quanto, acredito, do cinema em si. Facilmente entra em qualquer lista de melhores jidaigeki. E pela abordagem crítica que tem dos samurais, me admira que o filme tenha sobrevivido ao nacionalismo do Japão fascista.
Pensei que seria um filme besta, mas acabou sendo muito bom e muito contudente. Creio que é uma obra muito interessante pra pensar sobre o efeito que Bolsonaro tem causado no Brasil. Tem várias semelhanças com o que causa o Hitler do filme ao acordar em 2014.
Dez anos após ter sido anunciado pela primeira vez e vinte e dois após o lançamento do primeiro jogo da série na qual se baseia, Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos chega aos cinemas sob a direção de Duncan Jones. O diretor com certeza teve um desafio em mãos. A adaptação de um jogo eletrônico, principalmente o de uma série tão longeva e querida, sempre lança dúvidas. Não é para menos, já que é grande o catálogo de filmes baseados em videogames que não conseguem trazer para as telas a essência da obra original de uma forma que deixe os fãs satisfeitos. Isso não acontece com Warcraft. No filme, é possível perceber que houve muita atenção para com a mídia original e seus fãs, embora existam algumas liberdades no roteiro. No entanto, a obra não consegue se sustentar muito bem enquanto filme, oferecendo uma experiência que em vários aspectos deixa muito a desejar.
Utilizando elementos tanto do primeiro quanto do segundo Warcraft, bem como acontecimentos que foram modificados em jogos e livros posteriores, Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos lida com os eventos da Primeira Guerra. Segundo a cronologia dos games, este foi o momento que iniciou os grandes confrontos entre os orcs e os humanos. No filme, liderados pelo warlock Gul’dan, o primeiro exército de orcs atravessa um portal que une seu mundo semi-destruido à Azeroth e começa a atacar os humanos que encontram. É Anduin Lothar (Travis Fimmel), irmão da rainha de Ventobravo (Stormwind) que lidera a ofensiva contra os orcs. A descoberta e a captura de Garona, uma meio-orc, acaba fazendo uma ponte entre os humanos e a cultura orc, permitindo que Lothar se encontre com Durotan (Tobby Kebbell) chefe do clã Lobos do Gelo, um orc que acredita que a magia e a presença de Gul’dan são um grande mal para o seu povo.
O roteiro é simples, e reproduzir eventos que acontecem tanto no Warcraft 1 quanto no Warcraft 2. Talvez seu maior triunfo seja a forma como os orcs são representados. Apesar da raça ser bruta e barbárica, é possível perceber a sensibilidade, a honra e os laços que unem tal povo guerreiro. O início do filme é muito bom em mostrar que eles de forma alguma são monstros. As primeiras sequências se focam nesta raça, mostrando que possuem uma sociedade bélica e brutal. No entanto o foco fica em Durotan, um chefe de clã que está para ser pai, e no carinho e amor que ele sente pela mãe de seu futuro filho. Uma cena interessante e que funciona muito bem para introduzir a raça, suas dificuldades e a passagem para o mundo de Azeroth.
Bem diferente dos outros chanbaras. É um filme leve e bonito, que mostra as coisas simples e se foca tanto nos samurais e seus problemas quanto nas castas mais baixas e pessoas mais simples. Precisa ter paciência pra assistir, mesmo quem gosta do gênero, mas é uma obra muito boa.
Não entraria numa lista de melhores filmes samurai, no entanto, é um filme bem competente para a estreia do diretor Hideo Gosha. A parte principal da trama é bem delineada, explorando os conflitos entre os camponeses e um magistrado da classe samurai. É quase uma mistura de clássicos de Kurosawa e Kobayashi, mostrando o lado corrupto dos samurai, mas contendo algumas cenas de comédia e tratando de forma mais leve temas que poderiam ser mostrados com mais amargura. As atuações são muito boas, sem os exageros de Mifune em alguns filmes do Kurosawa e sem a rudeza e sobriedade de Kobayashi. A direção não me pareceu nada muito característico, talvez por ser o primeiro filme do diretor, mas teve alguns momentos interessantes. Esse foi o terceiro filme que vi com Tetsuo Tamba, e percebi que mesmo não sendo um Mifune ou Nakadai, não deve muito a eles no que toca atuação em filmes de samurai (apesar de que seu trabalho em Harakiri foi muito melhor)
Ótimo filme de Samurai. A fotografia e a direção são muito boas. Fico me perguntando se eu acharia tão bom caso o filme não tivesse sido restaurado, mas isso já não dá pra saber. A trama é simples, é a narrativa não linear usada para apresentar o protagonista, Hashiro Kyokawa, ficou bem construída, no entanto, fica parecendo que falta algo para entender, de fato, algumas das motivações e atos de Kyokawa.
Gostei muito do filme. Um Western muito bom. Mas vi numa lista de melhores westerns ele acima de Era uma vez no oeste e de três homens em conflito... Em minha opinião não chega nem perto desses dois. Nota 7.5
Tinha ouvido críticas boas sobre o filme, mas ele superou minhas expectativas. Gostei até da trilha sonora, praticamente toda feita só com bateria, que foi o ponto mais criticado. Nota 9.5
Western em preto e branco lançado em 1952, High Noon merece o reconhecimento que tem dentro do gênero. A história mostra o delegado Will Kane (Gary Cooper) que no dia do seu casamento, quando já havia entregue a estrela de volta para a cidade, descobre que um notório bandido que ele mesmo havia prendido cinco anos atrás, estaria de volta à cidade no meio dia. Incapaz de deixar para trás o que acredita ser seu dever, Kane tem pouco mais de uma hora para preparar-se. Ao fim do prazo, Frank Miller (Ian MacDonald), junto aos seus capangas buscarão sua tão aguardada vingança.
Não se pode negar que a coisa mais acertada que o diretor Fred Zinnemann arquitetou para o filme é a forma de lidar com o tempo e como essa pressão afeta o personagem. Querido na cidade e com muitos amigos, Will Kane logo descobre que dessa vez ninguém parece ajudá-lo no tiroteio que se aproxima. Os vários relógios mostrados na cidade servem para lembrar ao personagem - e também ao público - que o tempo está acabando e que algo precisa ser feito. Usar uma passagem de tempo próxima da realidade, e sempre mostrar quanto falta para o meio dia através dos relógios, é a coisa mais marcante. A atuação de Gary Cooper também faça jus à história, e certamente merece o prêmio que recebeu, pois a cada cena, a cada nova recusa, sem nunca dizer isso, Will Kane vai ficando mais ansioso e sem esperanças. "Vá embora da cidade, Will" sugeriu mais de um de seus amigos, mas ele nunca conseguiria fazer isso.
Apesar de ser um Western, não dá para negar que existe um tratamento um tanto quanto Noir na trama. Não é a questão do preto e branco, mas a forma como todos se afastam do protagonista tão logo têm a oportunidade e como isso mostra quem realmente são. Amigos de longa data de Will Kane convencem outras pessoas a não ajudarem contra Frank Miller porque isso seria ruim para a economia da cidade. Ninguem quer que Kane morra, como, aliás, é dito por um personagem, mas cada um cuida de seu próprio assunto e considera que fez o suficiente em pedir para que o ex-delegado simplesmente vá embora, mesmo sabendo que ele não o fará e morrerá nas mãos de criminoso e seus capangas.
Além disso, é preciso destacar também a trilha sonora, que consiste principalmente em uma música criada para o filme que conta um pouco dos sentimentos tanto de Kane quanto de Miller, dando uma oportunidade de mostrar um pouco deste personagem tão importante e que só aparece nos momentos finais do filme. E são esses momentos finais que se caracterizam como a melhor parte do filme. As ruas vazias, um xerife solitário e a impressão que o apito do trem de meio-dia traz à cidade é o ponto alto do filme.
Não se contentando em ser um ótimo filme, High Noon também merece gratificações por ter introduzido Lee Van Cleef no cinema e nos westerns. Tendo um papel menor nesta obra de Zinnemann, o ator só fez crescer dentro do gênero e a atuou em mais inúmeros tiroteios. Apesar de Clint Eastwood ser a estrela da trilogia do Homem Sem Nome, os filmes não seriam o que são sem a interpretação que Van Cleef fez do pernicioso Angel Eyes e do justo e paternal Coronel Douglas Mortimer.
Nada de Novo no Front
4.0 611 Assista AgoraNada de Novo no Front não é um filme ruim, mas achei que ele falha em vários momentos em alcançar o queria em seus primeiros 2/3. As cenas de violência funcionam pra mostrar a guerra, mas as de trégua ficaram com um ritmo estranho e não têm o potencial que poderiam.
Poderia haver bastante força em usar os momentos de calmaria - e até diversão - antes de Paul ir para a guerra e depois, quando interage com seus camaradas, para reforçar os horrores do conflito. Isso é algo que o livro fez muito bem. Mas por algum motivo não funcionou no filme.
Não consigo deixar de dizer também, correndo o risco de ser aquele chato que reclama de adaptação, que o filme... não precisava se chamar Nada de Novo no Front.
Ele usa muito bem duas ou três cenas impactantes do livro, mas a maior parte podia facilmente ser desatrelada do livro
O Diabo de Cada Dia
3.8 1,0K Assista AgoraAssisti o tal do filme da Netflix de drama com metade do elenco da Marvel e o batman. Pelo trailer pensei que seria terror, mas fui tapeado.
O Diabo de Cada Dia tem vários elementos bons, cenas bem construídas, atuações bem feitas, personagens intrigantes (ainda que bidimensionais pois só existem no campo da sua relação com violência e religião), uma fotografia bem a cara de um southern gothic, e outras coisas que achei bem feitas.
E no entanto, ainda assim ele acaba sendo mediano. Apesar dos vários compenentes bem executados, a soma de tudo perde força, e apesar do ritmo lento do filme não ser um problema, e sua primeira hora ser boa, ele perde o fôlego quando deveria estar em seu momento de máximo tensão, entregando muito o jogo sobre o roteiro e como cada uma das suas sub-tramas vai se encontrar.
Acaba não impressionando e se arrasta nos últimos 40 minutos em uma série de sequências previsíveis.
Enfim, link pra um video comentando mais sobre o filme: https:// bit.ly/ 3i2epYl
Samurai Lobo
3.7 7Esse foi o 12º filme que assisti para meu desafio 365 filmes de 2020. Mais comentários em video https://www.youtube.com/watch?v=cMrEJkbXZ_g
Eu não saquei qual é a desse filme. Ele se vale dos clichês de western e de Yojimbô, do Akira Kurosawa, que veio antes e foi um filme muito melhor. Hideo Gosha apresenta um rônin mulambento que chega em um entreposto meio morto de fome e acaba se envolvendo numa confusão entre dois grupos de entregadores/mensageiros. Acaba precisando tomar um lado (o da mocinha em perigo), combate bandidos e outros ronin, até que enfim o filme acaba.
Não é que seja um filme ruim, mas parece apenas uma repetição de tropos e arquétipos passados, sem trazer muito de novo. É até meio constrangedor, pois Lobo Samurai é menos interessante, menos original, e mais fraco que o primeiro filme dirigido por Gosha, Três Samurais Fora da Lei. A única coisa que consigo pensar como sendo algo diferente foi a trilha sonora, que é utilizada de forma muito mais semelhante a filmes ocidentais (em específico, faroestes), do que em filmes japoneses. A aplicação da trilha sonora é boa, mas... não é o bastante.
Me chamou atenção também umas cenas de câmera lenta que o autor faz em alguns momentos que deveriam ser para criar tensão ou drama. Não sei como o recurso era visto na época, mas olhando com olhos contemporâneos, fizeram momentos apenas chatos e desnecessários. As lutas também são inferiores às de outros filmes do gênero, e muito piores que Três Samurais Fora da Lei. Gostei de um personagem ronin que tem um mico de estimação, mas ele nem tem muita relevância na obra.
Enfim, melhor reassistir Yojimbo ou Sanjuro do que ver Lobo Samurai.
Discurso de um Proprietário
4.1 8Esse foi o 11º filme que assisti para meu desafio 365 filmes de 2020. Mais comentários em video https://www.youtube.com/watch?v=A5FB4MsBwr8
Esse foi o primeiro filme que assisti de Ozu, um diretor japonês que costuma receber tantos ou mais elogios do que Kurosawa, embora em geral seja menos conhecido. Com O Relato do Proprietário, pude ver que o diretor realmente é muito bom, embora ainda não tenha conseguido ver todo o potencial dele neste pequeno filme de 71 minutos, que marca o retorno dele da segunda guerra mundial.
Eu já sabia que Ozu costuma prezar simplicidade e a vida corriqueira das pessoas comuns, muitas vezes pobres ou de classe média baixa. E nesse aspecto, esse filme parece estar bem situado nessa proposta. A trama aborda um garotinho de por volta de 8-10 anos que estava sozinho, tendo se perdido ou abandonado pelo seu pai, e acaba seguindo Tashiro até o local onde ele mora. Tashiro, um artista empobrecido, mora em uma espécie de cortiço de casas simples e gente simples. A pessoa com quem ele divide morada, no entanto, não aceita que fiquem com a criança, que é "repassada" para alguns vizinhos antes de uma senhora acabar aceitando que ele passe a noite na casa dela, muito a contragosto, e no dia seguinte tente devolvê-lo para sua família. No entanto, não conseguem achar o pai do menino, que acaba ficando mais tempo com a senhora.
A partir daí, Ozu tece suas semanas, partindo da simplicidade da vida das pessoas e da relação que vai surgindo entre os dois personagens. É tudo muito bem dirigido, eu diria que o filme é é basicamente impecável, e a forma como ele foge do drama ou do mirabolante, mas ainda consegue se manter, é bastante especial. O estilo como um todo me pareceu bem característico, embora tenha coisas que eu não consiga apontar bem. Devido à simplicidade, é tudo muito sutil, e determinadas cenas eu fiquei na dúvida se carregavam algum significado adicional, extraído do período que o Japão vivia, ou se era apenas uma busca por mostrar um instante da vida dos personagens.
Enfim, esse foi o primeiro filme do diretor após retornar da guerra, o que marca uma nova fase dele (li na wikipedia cof cof) e fiquei com vontade de conferir alguns de seus trabalhos posteriores, principalmente os em cores. Além de também assistir Tokyo Story, que é considerado como seu melhor filme.
Sabotagem
3.7 73 Assista AgoraEsse foi o 10º filme que assisti para meu desafio 365 filmes de 2020. Mais comentários em video https://www.youtube.com/watch?v=tI3UdK3_szY
Não tenho tanta experiencia com filmes do Hitchcock ou filmes da década de 30, então é um pouco complicado situar essa obra dentro da produção do diretor ou da época. Não sei o que ele representa em relação a outras películas da época ou para o conjunto da obra do diretor, mas gostei do que assisti e percebi características que penso serem definidoras do diretor, o tipo de sequencia cheia de suspense e tensão que vi em Um Corpo que Cai, de 1958.
A trama do filme é simples, e francamente, não tão bem-desenvolvida. Mr. Verloc é um estrangeiro morando em Londres, e parte de um circulo terrorista que está causando atentados na cidade. Logo no início do filme, em uma cena muito boa, mostrando as ruas na escuridão e as pessoas usando fontes de luz alternativas à elétrica, o personagem retorna para casa, onde também administra um cinema. Em meia a isso, dois outros personagens importantes para a trama são introduzidos, a esposa de Verloc, a Ms. Verloc, Ted, um agente da Scotland Yard disfarçado de quitandeiro, e o irmão pré-adolescente de Ms Verloc.
A trama progride conforme Ted começa a desconfiar de Verloc, revelando sua identidade e pressionando para tentar descobrir a culpa do personagem. Enquanto isso, após o blecaute causado no início do filme trazer apenas risos da população britânica, Verloc recebe a tarefa de plantar uma bomba numa estação. O filme até tenta trabalhar a consciência do personagem, que está mais fazendo por dinheiro do que por ideologia, mas falha completamente nisso, e a motivação de Verloc pouco recebe atenção.
O romance entre Ted e a Ms Verloc também não convence muito, embora leve a uma cena interessante no final da obra. O que brilha mesmo é a relacionamento do casal Verloc quado a esposa fica sabendo da realidade sobre o marido e um acontecimento cria uma grande ruptura entre os dois.
As melhores cenas, onde pude ver toda a maestria de Hitchcock em construir tensão foi quando o jovem irmão da Ms Verloc leva a bomba para o local instruído, sem saber o que carrega, e os acontecimentos finais, onde o destino da mocinha fica incerto conforme todas as tramas da obra vão chegando a sua resolução e culminando em um único evento.
Certamente não é a melhor obra de Hitchcock, talvez sequer seja um dos grandes filmes de sua época, eu ainda não saberia dizer, mas ainda assim gostei muito de assistir esse filme, e apesar da idade, ele não causa muito estranhamento.
Luta sem Código de Honra
3.9 7Esse foi o 9º filme que assisti para meu desafio 365 filmes de 2020. Mais comentários em video https://www.youtube.com/watch?v=3M7vBORf1TI
Estou jogando Yakuza 0 no PS4, então resolvi assistir um filme de yakuza. Apesar de ter assistido vários filmes japoneses, só tinha assistido um desse gênero, então sou bastante inexperiente nele.
Luta Sem Código de Honra já tinha chamado minha atenção a muito tempo, por se tratar de uma série de 5 filmes dentro desse gênero abordando a máfia japonesa, o que me deixou curioso. Ao fim do filme, eu acabei gostando do que assisti, mas foi às duras penas que cheguei à metade da obra.
Nesse filme deFukasaku, a história começa em 1946, quando o Japão ainda estava desorganizado devido ao fim da guerra sob ocupação militar dos Estados Unidos. Nesse período, surgiram vários novos clãs da Yakuza, abraçando jovens que haviam retornado do serviço militar e, sem perspectiva para o futuro, abraçavam o crime e a violência.
Nessa época a yakuza era muito diferente da imagem que temos hoje em dia, de um grupo que tem como política não gerar problemas para cidadãos comuns, não se envolver em tráfico de drogas ou de armas, e que prega uma espécie de código de honra. Para isso, o diretor faz da violência boa parte de sua estética, o filme começa logo querendo chocar, com uma tentativa de estupro por parte de um soldado americano, que logo termina em briga, assassinatos e um yakuza cortando braços alheios. A forma como o sangue é usado me lembrou um tanto Cães de Aluguel. Não me surpreenderia se o filme fosse alguma inspiração de Takeshi Miike e Tarantino.
No entanto, essa sequencia de abertura é extremamente confusa. O filme tenta apresentar bem uns dez personagens rápido demais. Congelando o rosto deles e apresentando o nome e o futuro cargo na Yakuza conforme vão aparecendo. Mas como estão todos com roupas semelhantes, e alguns não possuem nenhum traço muito distinto, é fácil se perder nos personagens, principalmente por alguns terem um papel apenas secundário e toda hora se misturarem em quebra-quebras. As passagens de cena, que às vezes parecem faltar informação que as ligue (um personagem, se for ele mesmo, termina uma cena correndo depois de atirar em um rival, e na seguinte já está almoçando na prisão).
Isso de mostrar vários personagens acaba ficando interessante depois, pois o filme busca mostrar as lutas internas do Clã Yamamori, e conforme a trama avança até 1954, vemos aqueles jovens empolgados cortarem as gargantas uns dos outros devido a intrigas internas, disputas por poder e briga com outros clãs.
A cena final do filme foi realmente ótima, e o protagonista Shozo Hirono se mostrou um baita personagem num estilo meio noir. Mas não consigo deixar de pensar que 1:40 é muito pouco para mostrar todo esse escopo do surgimento e e destruição interna do Clã Yamamori. Tivesse suas mais de 3:00 como Bons Camaradas, o filme teria muito mais tempo para desenvolver seus temas, vários personagens e estabelecer com mais calma o Clã Yamamori.
Pessoalmente, acho até que os eventos desse filme poderiam ter composto todos os 5 filmes da série, pois com tudo o que aconteceu e como acabou, fico até em dúvida sobre como o que as sequencias vão abordar. Talvez a evolução da própria Yakuza? Estranho e um pouco questionável, dado a tanto foco que o Clã Yamamori recebeu, não a ideia geral de yakuza. Mas enfim. Alguma hora verei as continuações.
Tomb Raider: A Origem
3.2 942 Assista AgoraEsse foi o 8º filme que assisti para meu desafio 365 filmes de 2020. Mais comentários em video https://www.youtube.com/watch?v=9nywEESm8fY
MInha irmãzinha de 10 anos estava passando a tarde toda vendo besteira no youtube. Sugeri ela ir ver qualquer outra coisa. O primeiro filme que apareceu na netflix que eu pensei que poderia ser legal pra ela foi esse, por ter uma protagonista feminina e tal.
Preguiça de falar sobre o filme. Resumo, minha irmã não desgostou, mas ficou um pouco com medo das cenas de Lara apanhando da natureza. Não teve muito problema com um cara levando tiro, contudo. Algum momento talvez ela tente assistir de novo (parou na metade), pois reclama, reclama, mas adora coisa que deixa ela com medo. Tipo IT, que assistiu com a prima, ou Stranger Things, que a aterrorizou.
Filme com longa introdução desnecessária. Não tem a Sam, então foi chato. O Jogo é melhor.
O Fantasma do Paraíso
3.8 104Esse foi o 7º filme que assisti para meu desafio 365 filmes de 2020. Mais comentários em video https://www.youtube.com/watch?v=pAW_Hkrz-KE
Eu não fazia ideia da existência de Brian de Palma. Bem, já havia visto filme dele. Assisti Os Intocáveis e gostei bastante, e provavelmente em algum momento da minha vida devo ter visto Missão Impossível 1, mas nunca tinha visto um filme dele sabendo de antemão que assim o era, e me preocupando em olhar um pouco mais para quem era o diretor. Eu também nunca tinha ouvido falar de Fantasma do Paraíso, e acabei adorando.
O filme conta a história de Winslow Leach, um músico completamente desconhecido que acaba tendo parte de sua grande obra dedicada ao livro Fausto roubada e deturpada por Swan, um magnata da indústria musical dos anos 70. Em sua busca por primeiro esclarecer o que estava acontecendo e então pra impedir a deturpação de sua obra, ele acaba sendo desfigurado e impedido de cantar. Vestindo uma fantasia negra e uma máscara, ele então assombra Paraíso, projeto musical que Swan pretende que seja sua xanadu, sua Disney, e cuja abertura se utiliza indevidamente da música de Winslow. Em meio a isso Phoenix, jovem cantora que Winslow conhece enquanto tentava se encontrar com Swan, arrebata o fantasma com sua voz, e o músico agora monstro faz um acordo faustiano com Swan para garantir que apenas Phoenix execute a sua música. Acordo que, claro, é quebrado.
O filme é ridículo. Os personagens são ridículos (tirando Pheonix). Você olha pra eles e acha graça do tanto que são galhofa. Mas é proposital. A obra é uma paródia de forma divertida e competente esteriótipos do mundo musical, além de suas próprias inspirações: Fausto, O Retrato de Dorian Gray, o Rock'm roll e O Fantasma da Opera.
Mas a direção de Brian de Palma é incrível, várias das cenas muito bem ritmadas com a música de fundo sempre excelente, e com cenas sempre bem construídas e gravadas.
Mais do que isso, a parte visual do filme é espetacular. As cores, sempre vibrantes e presentes, funcionam muito bem, criando não uma bela representação do real, mas mistura de realidade e fantasia em uma hiper-realidade digníssima de um rock opera. O estilo muito me lembrou Suspiria, mas pesquisando descobri que este foi lançado 3 anos depois, e coincidentemente também conta com a atriz Jéssica Harper (que no Fantasma interpreta Phoenix). Me perguntei se isso indicava alguma inspiração, mas não parei pra pesquisar muito.
Eu gostei muito de assistir esse filme, e fiquei bem impressionado com a direção. Uma falha, talvez, foi a cena final, que me pareceu muito breve e sem o devido drama e grandiloquencidade. Poxa, o final podia e deveria ser bem mais épico! Ele traz uns toques bem macabros e poéticos, contudo, com a reação do público ao fim de Paraíso.
A Espada Bijomaru
3.7 2Esse foi o 6º filme que assisti para meu desafio 365 filmes de 2020. Mais comentários em video https://www.youtube.com/watch?v=zU9pLwkXavU
Jidaigeki que aborda a relação dos samurais com a Katana. Kiyone é um aprendiz de ferreiro, e presenteia seu benfeitor com uma bela katana de sua confeção. No entanto, devido a espada não "ter alma" ela se quebra e acaba trazendo vergonha e eventualmente a morte para seu padrinho.
Ao longo do filme, o persongaem acaba precisando se encontrar enquanto armeiro e criar uma arma que leve a filha do Lorde Onada a vingar o seu pai.
Um dos pontos interessantes do filme é mostrar a confeção da katana não como técnica, mas como ritual. Discussões sobre o "poder" atribuido às katanas à parte, sua criação e uso era bastante relacionado ao shintô, e há muito de um processo ritualizado e religioso em sua confeção, além de toda uma relação com a casta samurai.
Uma coisa muito interessante do filme, é que dos mais de 40 filmes de samurai que já vi, esse foi o único em que uma samurai feminina treina em artes marciais e empunha uma arma em um conflito letal.
Infelizmente, a produção da obra é meio complicada. Provavelmente devido à época e as privações (estamos falando do Japão no fim da guerra, afinal, com uma economia exaurida), a parte técnica do filme é um pouco dificil de se acostumar. O audio é meio estourado, cheio de chiados.
É marcante também a influência da censura do estado militar-religioso do Imperador Hirohito. Por consequência, diferente de filmes da década de 50, ele enaltece e enobrece os samurais, e conta até mesmo com propaganda pro-imperial com sequencias em que alguns personagens leem textos sagrados do Shinto relacionando a família imperial à divindade dos Kami, devido a descendência de Amaterasu que o Shintô estatal afirmava que o Imperador tinha.
Diferente dos outros filmes de samurai que assisti esse ano, este se passa na Restauração Meiji, não no período Edo.
Expresso para Bordeaux
3.6 20Esse foi o 5º filme que assisti para meu desafio 365 filmes de 2020. Mais comentários em video https://www.youtube.com/watch?v=A_9Hs4DC1CA
Expresso para Bordeaux
Diretor: Jean-Pierre Melville
Ano: 1972
Assisti pouquíssimos filmes franceses, e nenhum deles foi do Melville ou um filme noir. Acho que expresso para Bordeaux tem vários méritos. A fotografia e a composição são ótimas e diversas cenas. O mesmo ocorre com a direção em geral. No entanto o filme é bom assim, nas cenas observadas em separado. Senti que, como um todo, é como se a forma como a história é contada estivesse meio... estranha, e elementos que deveriam ficar claros não recebem muita atenção, levando a eventos e personagens a ficarem meio descolados. Descolado é um adjetivo bom pra descrever o filme e não no sentido de ser maneiro, mas de que suas diferentes partes parecem não se combinar muito bem.
O filme começa com um assalto a um banco. Sequencia belíssima que já conquista na entrada, com o carro andando em uma chuva pesada enquanto passa por vários prédios de um azul pálido em alguma cidade da costa francesa. Aqui a obra apresenta Simon, um de seus protagonistas, e seu trio de comparsas.
Esse grupo de facínoras é contrastado pelo Comissário Edoaurd Coleman, que coloca algum esforço em descobrir os responsáveis pelo assalto do início do filme, mas que acaba cruzando o caminho do grupo por causa de um outro crime, este a melhor sequencia do filme, mas que parece ter absolutamente nada a ver com o conflito do filme e a trama iniciada com o assalto ao banco.
Coleman é muito bem definido, no melhor estilo "show, don't tell", em que uma cena apresenta o personagem atendendo várias ligações e pessoalmente indo à cena de vários crimes, de diferentes magnitudes. Ele é o tipo de tira obstinado e incansável, violento e incorruptível. Um clichê de filmes policiais, mas que é bem apresentado e funciona bem em Expresso para Bordeaux.
O problema é que a relação dele com Simon, que o conhecia de... algum lugar, é completamente subdesenvolvida. Simon é dono ou gerente de um bar/cabaret que Simon frequenta para encontrar-se com a loira Cathy, interpretada por Catherine Deneuve e apresentada no maior estilo noir. No entanto tudo o que toca o cabaret, a relação de Simon e Coleman, e o romance de ambos com Cathy, é tão mal desenvolvido, tão não apresentado que mal parece fazer parte do filme.
Esse histórico entre os personagens deveria ser importante, e poderiam fazer do filme uma obra muito maior. Inclusive, é algo utilizado no conflito das sequencias finais, mas como outros elementos, parece tudo tão mal montado que não chegam a carregar muito drama, ou suscitar interesse.
Eu gostei da direção, das cenas observadas de forma individual, mas não consegui gostar muito do filme. Talvez se deva a minha pouca experiência com filmes do gênero polar, os noir franceses. Ainda tenho outros polar para assistir, e também outras obras de Melville. Espero gostar mais delas, e talvez aprender um pouco mais para poder, quem sabe, apreciar melhor Expresso para Bordeaux.
A Ameaça Que Veio do Espaço
3.4 48 Assista AgoraUm filme de ficção científica inspirado em um conto de Ray Bradbury. No filme, o astronomo amador John Putnam presencia a queda de um meteoro e, indo averiguar, descobre se tratar de uma nave espacial. Ninguém acredita nas palavras dele, mas quando pessoas da cidadezinha à beira do deserto começam a agir de forma estranha e desaparecer, o xerife Matt logo percebe que algo está realmente acontecendo.
A trama do filme é Ray Bradbury por completo. Não li o conto original, mas a discussão que o filme busca, sobre se os alienígenas são ameaça ou amigos, sobre a dificuldade de comunicação e compreensão de uma raça alienígena, ecoam muitíssimo com Crônicas Marcianas, livro que li do autor.
Acho que o filme é muito bom em ser uma obra "bradburyana", no entanto, não encheu meus olhos no sentido da fotografia, direção ou atuação. A trilha sonora até que achei interessante, mas boa parte da atenção ficou voltada mesmo para ver como abordariam coisas sci-fi com recursos e técnicas limitadas.
O que mais prejudica o filme a meu ver não é nenhum aspecto técnico. Mas que o tema e a trama já foram tão utilizados e explorados que a olhos modernos tudo parece lugar comum. Na época, deve ter tido muito mais impacto, deve ter sido um bom filme mesmo.
Impossível não comparar, achei a direção desse filme ocidental muito inferior aos filmes orientais da mesma época que vi para o desafio 365 filmes desse ano. Mas pode ser meio injusto, pois não sei as condições e investimento de cada um. Em todo caso, fiquei com a impressão de que as produções japonesas em nada deviam às americanas da época.
Logan
4.3 2,6K Assista AgoraÉ o melhor filme de x-men, mas está longe de ser excelente. O filme consegue mostrar o seu estilo, e é realmente muito bom até a metade. Infelizmente, da metade pro final não consegue construir muito bem a relação de Longa com a Laura (eles ainda tinham muito caminho a andar pra se entender). E a última 1 hora mais parece um filme comum do wolverine (ou seja, uma merda) do que essa inovação toda de obra adulta e diferenciada que o pessoal gosta de bradar.
Três Samurais Fora da Lei
4.4 18Video com mais comentários: https://www.youtube.com/watch?v=0YcCO5bmb1Q
Lançado 9 anos depois de Lança Ensanguentada, dá pra uma diferença enorme na imagem do filme, que até roda em widescreen. Três Samurais Fora da Lei é um perfeito e simples chambara, também retratando excessos e hipocrisias da casta samurai, mas dessa vez com muito mais cenas de ação entre os 3 ronins que acabam se posicionando para proteger camponeses que estão passando fome devido ao descaso de um magistrado.
O que brilha aqui são os duelos. Isso o Hideo Gosha sabe fazer muito bem. Talvez não sejam tão dramáticos ou cheios de força quanto os de Masaki Kobayashi em Rebelião e Harakiri, mas são criativos, muito bem dirigidos e mais fáceis de se apreciar pelo público contemporâneo do que a luta final em Lança Ensanguentada.
Uma coisa interessante é que foi o primeiro filme de Hideo Gosha, o que denota realmente a sua competência como diretor nesse tipo de filme. Apesar de menos grandioso que Tirania, é mais conciso e direto, características que este último não tem.
Acho uma boa porta de entrada para quem se interessar por ver filmes de samurai.
A Lança Ensanguentada
3.8 11Mais comentários em video: https://www.youtube.com/watch?v=4G04Pz__TsQ
Primeiro filme do ano. Tentarei assistir 365, mas é quase certo que não vou conseguir.
Eu já tinha assistido esse filme 5 anos atrás. Minha experiência com chambaras e jidaigekis (filmes de samurai e de drama histórico japoneses) era bem menor, e Lança Ensanguentada acabou não ficando muito marcado na memória. Na época, eu gostei, mas não me pareceu tão memorável.
Agora que reassisti, pude aproveitar muito mais a obra, e vim a respeitá-la bastante. Com seu tom cômico e fraternal, o filme apresenta muito bem a vida e a relação das castas japonesas, trazendo críticas muito óbvias aos samurais do período edo.
É um filme simples, leve e bem-humorado, mas que vai direto no ponto. Vejo nele muitas semelhanças com No Tempo das Diligências, de John Ford.
Vale a pena assistir, mas a tragédia e combate final talvez sejam difícieis de absorver por quem não tem costume de assistir filmes japoneses. A luta de Gompachi contra os arrogantes samurais deve causar estranheza em muita gente, e mesmo na época já tinham filmes melhor produzidos nesse sentido. Mas ela é visceral e trágica para quem tem costume de ver esse tipo de filme.
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Humanidade e Balões de Papel
4.1 4 Assista AgoraMesmo gostando muito de filmes de samurai, estava com um pouco de receio sobre como seria ver um filme japonês de 1937.
Mas Humanidade e Balões de Papel é, sem dúvidas, uma obra magnífica! Bem a frente de seu tempo, tanto em questão de crítica social quanto, acredito, do cinema em si. Facilmente entra em qualquer lista de melhores jidaigeki. E pela abordagem crítica que tem dos samurais, me admira que o filme tenha sobrevivido ao nacionalismo do Japão fascista.
Logan
4.3 2,6K Assista AgoraAchei a primeira metade legal e a segunda metade apenas aceitável o suficiente para eu não sair do cinema ofendido.
Ele Está de Volta
3.8 681Pensei que seria um filme besta, mas acabou sendo muito bom e muito contudente. Creio que é uma obra muito interessante pra pensar sobre o efeito que Bolsonaro tem causado no Brasil. Tem várias semelhanças com o que causa o Hitler do filme ao acordar em 2014.
Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos
3.4 940 Assista AgoraDez anos após ter sido anunciado pela primeira vez e vinte e dois após o lançamento do primeiro jogo da série na qual se baseia, Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos chega aos cinemas sob a direção de Duncan Jones. O diretor com certeza teve um desafio em mãos. A adaptação de um jogo eletrônico, principalmente o de uma série tão longeva e querida, sempre lança dúvidas. Não é para menos, já que é grande o catálogo de filmes baseados em videogames que não conseguem trazer para as telas a essência da obra original de uma forma que deixe os fãs satisfeitos. Isso não acontece com Warcraft. No filme, é possível perceber que houve muita atenção para com a mídia original e seus fãs, embora existam algumas liberdades no roteiro. No entanto, a obra não consegue se sustentar muito bem enquanto filme, oferecendo uma experiência que em vários aspectos deixa muito a desejar.
Utilizando elementos tanto do primeiro quanto do segundo Warcraft, bem como acontecimentos que foram modificados em jogos e livros posteriores, Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos lida com os eventos da Primeira Guerra. Segundo a cronologia dos games, este foi o momento que iniciou os grandes confrontos entre os orcs e os humanos. No filme, liderados pelo warlock Gul’dan, o primeiro exército de orcs atravessa um portal que une seu mundo semi-destruido à Azeroth e começa a atacar os humanos que encontram. É Anduin Lothar (Travis Fimmel), irmão da rainha de Ventobravo (Stormwind) que lidera a ofensiva contra os orcs. A descoberta e a captura de Garona, uma meio-orc, acaba fazendo uma ponte entre os humanos e a cultura orc, permitindo que Lothar se encontre com Durotan (Tobby Kebbell) chefe do clã Lobos do Gelo, um orc que acredita que a magia e a presença de Gul’dan são um grande mal para o seu povo.
O roteiro é simples, e reproduzir eventos que acontecem tanto no Warcraft 1 quanto no Warcraft 2. Talvez seu maior triunfo seja a forma como os orcs são representados. Apesar da raça ser bruta e barbárica, é possível perceber a sensibilidade, a honra e os laços que unem tal povo guerreiro. O início do filme é muito bom em mostrar que eles de forma alguma são monstros. As primeiras sequências se focam nesta raça, mostrando que possuem uma sociedade bélica e brutal. No entanto o foco fica em Durotan, um chefe de clã que está para ser pai, e no carinho e amor que ele sente pela mãe de seu futuro filho. Uma cena interessante e que funciona muito bem para introduzir a raça, suas dificuldades e a passagem para o mundo de Azeroth.
Resto da resenha no site O Vício =)
A Lança Ensanguentada
3.8 11Bem diferente dos outros chanbaras. É um filme leve e bonito, que mostra as coisas simples e se foca tanto nos samurais e seus problemas quanto nas castas mais baixas e pessoas mais simples. Precisa ter paciência pra assistir, mesmo quem gosta do gênero, mas é uma obra muito boa.
Três Samurais Fora da Lei
4.4 18Não entraria numa lista de melhores filmes samurai, no entanto, é um filme bem competente para a estreia do diretor Hideo Gosha. A parte principal da trama é bem delineada, explorando os conflitos entre os camponeses e um magistrado da classe samurai. É quase uma mistura de clássicos de Kurosawa e Kobayashi, mostrando o lado corrupto dos samurai, mas contendo algumas cenas de comédia e tratando de forma mais leve temas que poderiam ser mostrados com mais amargura.
As atuações são muito boas, sem os exageros de Mifune em alguns filmes do Kurosawa e sem a rudeza e sobriedade de Kobayashi. A direção não me pareceu nada muito característico, talvez por ser o primeiro filme do diretor, mas teve alguns momentos interessantes. Esse foi o terceiro filme que vi com Tetsuo Tamba, e percebi que mesmo não sendo um Mifune ou Nakadai, não deve muito a eles no que toca atuação em filmes de samurai (apesar de que seu trabalho em Harakiri foi muito melhor)
Assassinato
3.9 9Ótimo filme de Samurai. A fotografia e a direção são muito boas. Fico me perguntando se eu acharia tão bom caso o filme não tivesse sido restaurado, mas isso já não dá pra saber. A trama é simples, é a narrativa não linear usada para apresentar o protagonista, Hashiro Kyokawa, ficou bem construída, no entanto, fica parecendo que falta algo para entender, de fato, algumas das motivações e atos de Kyokawa.
Django
3.9 202 Assista AgoraGostei muito do filme. Um Western muito bom. Mas vi numa lista de melhores westerns ele acima de Era uma vez no oeste e de três homens em conflito... Em minha opinião não chega nem perto desses dois.
Nota 7.5
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
3.8 3,4K Assista AgoraTinha ouvido críticas boas sobre o filme, mas ele superou minhas expectativas. Gostei até da trilha sonora, praticamente toda feita só com bateria, que foi o ponto mais criticado.
Nota 9.5
Matar ou Morrer
4.1 205 Assista AgoraWestern em preto e branco lançado em 1952, High Noon merece o reconhecimento que tem dentro do gênero. A história mostra o delegado Will Kane (Gary Cooper) que no dia do seu casamento, quando já havia entregue a estrela de volta para a cidade, descobre que um notório bandido que ele mesmo havia prendido cinco anos atrás, estaria de volta à cidade no meio dia. Incapaz de deixar para trás o que acredita ser seu dever, Kane tem pouco mais de uma hora para preparar-se. Ao fim do prazo, Frank Miller (Ian MacDonald), junto aos seus capangas buscarão sua tão aguardada vingança.
Não se pode negar que a coisa mais acertada que o diretor Fred Zinnemann arquitetou para o filme é a forma de lidar com o tempo e como essa pressão afeta o personagem. Querido na cidade e com muitos amigos, Will Kane logo descobre que dessa vez ninguém parece ajudá-lo no tiroteio que se aproxima. Os vários relógios mostrados na cidade servem para lembrar ao personagem - e também ao público - que o tempo está acabando e que algo precisa ser feito. Usar uma passagem de tempo próxima da realidade, e sempre mostrar quanto falta para o meio dia através dos relógios, é a coisa mais marcante. A atuação de Gary Cooper também faça jus à história, e certamente merece o prêmio que recebeu, pois a cada cena, a cada nova recusa, sem nunca dizer isso, Will Kane vai ficando mais ansioso e sem esperanças. "Vá embora da cidade, Will" sugeriu mais de um de seus amigos, mas ele nunca conseguiria fazer isso.
Apesar de ser um Western, não dá para negar que existe um tratamento um tanto quanto Noir na trama. Não é a questão do preto e branco, mas a forma como todos se afastam do protagonista tão logo têm a oportunidade e como isso mostra quem realmente são. Amigos de longa data de Will Kane convencem outras pessoas a não ajudarem contra Frank Miller porque isso seria ruim para a economia da cidade. Ninguem quer que Kane morra, como, aliás, é dito por um personagem, mas cada um cuida de seu próprio assunto e considera que fez o suficiente em pedir para que o ex-delegado simplesmente vá embora, mesmo sabendo que ele não o fará e morrerá nas mãos de criminoso e seus capangas.
Além disso, é preciso destacar também a trilha sonora, que consiste principalmente em uma música criada para o filme que conta um pouco dos sentimentos tanto de Kane quanto de Miller, dando uma oportunidade de mostrar um pouco deste personagem tão importante e que só aparece nos momentos finais do filme. E são esses momentos finais que se caracterizam como a melhor parte do filme. As ruas vazias, um xerife solitário e a impressão que o apito do trem de meio-dia traz à cidade é o ponto alto do filme.
Não se contentando em ser um ótimo filme, High Noon também merece gratificações por ter introduzido Lee Van Cleef no cinema e nos westerns. Tendo um papel menor nesta obra de Zinnemann, o ator só fez crescer dentro do gênero e a atuou em mais inúmeros tiroteios. Apesar de Clint Eastwood ser a estrela da trilogia do Homem Sem Nome, os filmes não seriam o que são sem a interpretação que Van Cleef fez do pernicioso Angel Eyes e do justo e paternal Coronel Douglas Mortimer.
Nota 9