Com suas cores vibrantes e um estilo de animação interessante The Lorax busca retratar com uma linguagem simples e direta as conseqüências que os sentimentos destrutivos da ganância podem causar, e o faz muito bem. Porém, faltou alma e comprometimento no desenvolvimento dos personagens primários e secundários, que são ofuscados por uma história pouco original e um discurso minimalista (um pouco batido) sobre a preservação ambiental.
A visão do filme sobre a destruição – causa e conseqüência – é formada por um discurso carregado de ativismo ambiental que sustenta o enredo basicamente através de uma mensagem reciclada sobre o tema discutido através de uma linguagem sugestiva relevante para qualquer tipo de público. O filme mostra o caminho e busca motivos para ironizar o comodismo social através de uma analogia que analisa questões da vida artificial e o resultado destrutivo de uma idéia, o que por si só já merece seus méritos pela característica crítica valorizada.
Porém, o filme perde um pouco de seu brilho inicial gradativamente, pois o grande foco no visual, estética e conteúdo crítico comprometem o desenvolvimento dos personagens, que parecem ofuscados em relação à jornada em busca de renovação e esperança que o filme insiste em relacionar sem conseguir agregar uma personalidade própria. O próprio Lorax – que deveria ser o personagem de mais destaque – é utilizado apenas como um discursista defensor da floresta, mas que não possui autoridade alguma em relação ao seu território. E mesmo que os personagens sejam de alguma forma identificáveis, a falta de carisma dos mesmos é notável e inquestionável.
O filme acerta em querer ser engajado e renovar um discurso ambiental - que para o modelo de sociedade atual – ainda é necessário e relevante, mas não arrisca muito, parece limitado e inconclusivo.
Uma adaptação live-action de King Of Fighters nunca me pareceu uma boa idéia. Até porque, por mais que a tentativa de buscar uma fidelidade adaptativa em relação aos jogos fosse uma atitude louvável e positiva, o produto final ainda sim poderia deixar a desejar. E nesse caso, a minha certeza infelizmente se concretizou.
A transcrição da história para a tela é praticamente nula. O nível de distorção dos fatos e a falta de cuidado em relação aos acontecimentos que envolvem o torneio chegam a um patamar onde nada mais faz sentido e tudo se torna um show alegórico de tédio e lutas patéticas entre personagens vazios, mal caracterizados, sem emoção ou identificação alguma com o material original.
Não consigo entender qual foi a fonte de inspiração para a realização desse filme. O universo criado consegue ser mais artificial do que as próprias interpretações (se é que podem ser chamadas disso) e tudo parece extremamente deslocado, sem foco e sem propósito algum além de tentar ridicularizar uma história interessante que poderia render (pelo menos) um filme aceitável, mas que se resulta em um desastre sem solução.
Mysterious Skin explora um tema perturbador de uma maneira explícita e direta ao ponto, porém peca um pouco na falta de dinâmica e repetição de fatores que não se resolvem ou buscam uma conclusão.
Os fatos polêmicos que envolvem abuso infantil são explorados com clareza e causam um desconforto proporcional ao clima depressivo e negativo que o filme possui. Seja na caracterização dos personagens que se mostram extremamente solitários e fragilizados com as marcas do passado e tecem um discurso pessimista sobre o destino incerto de suas vidas e suas limitações.
Divido em duas linhas narrativas distintas (onde a busca por respostas se torna a motivação principal) que se complementam na medida em que os fatos são esclarecidos, o filme expõe a personalidade de cada indivíduo com sensibilidade, e argumenta diretamente com um peso dramático envolvente, capaz de cativar e criar um vínculo com o espectador. Mas ao mesmo tempo em que a narrativa acerta em se aprofundar nos temas com uma visão estabelecida, falha igualmente em não indicar uma solução para o problema ou até mesmo um posicionamento sobre as consequências e interferências que causam cicatrizes incuráveis na vida dos personagens.
Existem fatores muito mais importantes que poderiam ser discutidos ao invés de explorar a sexualidade como forma de libertação sem conseqüências (o que torna tudo um quanto apelativo demais) e o tema ufológico é extremamente desnecessário e subutilizado sem qualquer importância. Mas, no entanto, até entendo a direção proposital do enredo em querer expor um problema precoce, para assim, mostrar que a dor de uma escolha pode ser irreversível, e a busca por uma solução esperada possa dar um fim a dor desconhecida.
Mesmo sendo um filme imparcial e bastante contraditório sinto que o mesmo conseguiu cumprir sua proposta em fazer o espectador refletir sobre um tema tão pesado de uma forma inconclusiva e perturbadora, mas nem por isso seus erros podem ser justificados pela falta de constância de ideias que tornam tudo distante demais.
Dead Space: Downfall investe na violência gráfica explícita para mascarar algumas de suas falhas superficiais, que se exemplificam principalmente pela falta de conteúdo explicativo, que pode confundir o espectador que não possuir algum conhecimento prévio sobre o universo dos jogos.
O suspense característico é mantido e transferido para a tela com um grande cuidado, tornando assim a experiência intrigante e atmosférica, mas por outro lado, o filme arrisca muito pouco em se aprofundar na história em si, pois se apega a vícios superficiais de descobrimento que não complementam muito bem suas teorias explicativas. Se a ameaça desconhecida por si só já era motivo suficiente para temer a vida, nos traços de animação tudo se torna ainda mais angustiante. A estética gore (característica explorada com perfeição nos jogos) é continuamente bem aplicada e consegue ser um destaque entre tantos aspectos tratados com indiferença.
Tentar acompanhar a história às vezes se torna uma tarefa complicada, pois o filme aleatoriamente joga algumas informações sem apresentá-las devidamente com clareza. As questões que envolvem o artefato, por exemplo, são extremamente subdesenvolvidas, mas é interessante notar que os aspectos psicológicos que permeiam o mistério em torno do objeto central (que por algum motivo afeta a sanidade dos tripulantes) são bem incorporados à narrativa. Outro fator interessante são as criaturas, mantidas no mesmo estilo das encontradas no jogo e suas concepções são de fato automaticamente bem explicadas. Nada muito explorado, porém funcionam com eficiência.
Infelizmente o filme não funciona sozinho. É necessário ter algum conhecimento prévio sobre o universo de Dead Space para não se perder entre confusões e uma linha narrativa á principio desconexa. Porém, o filme cumpre seu papel sem muitas pretensões, se mostra eficiente e respeita o material da franquia e ativa a curiosidade de fãs e curiosos que desejam saber o “princípio” dos acontecimentos misteriosos.
Martha Marcy May Marlene realiza um estudo psicológico de personagem e contrapõe os sentidos paranóicos vividos pela mesma em diferentes ocasiões com uma visão sincera e intimista. Mas, ao mesmo tempo em que a experiência se intensifica e se mostra cada vez mais perturbadora, o filme arrisca muito pouco e lentamente se torna frustrante.
O drama psicológico vivido por MMMM se desenvolve lentamente a partir de fragmentos e flashbacks essenciais para o entendimento de seu problema, que revelam uma montagem cuidadosa na forma de expor a fragilidade e limitações da personagem e de uma forma bastante intensa unifica os problemas do passado com a fase conturbada em que ela se encontra no presente. Situações que remetem ao desvio de conduta psicológico e a um pequeno discurso pessimista simplório onde a aceitação é uma forma dominante de poder que nunca é questionada.
A carga dramática que o filme carrega lentamente se mostra falha em alguns aspectos. Pois mesmo que o problema seja apresentado de uma forma crua e difícil de digerir, o filme falha em expor com clareza as motivações da protagonista e se apega ao lugar comum da superficialidade, que intercala uma fraca e indefinida composição de drama psicológico familiar unificado a uma estética de aproximação intermitente.
A forma intensificada de emoções que o filme consegue transmitir – principalmente pela ótima interpretação de Elizabeth Olsen - de alguma forma sobrepõe seus erros visíveis. Porém, é difícil se conectar com uma história onde a personagem se perde em seus próprios pensamentos e transforma uma longa jornada pelo descobrimento de suas aflições em um infinito e desanimador abrigo de medo e frustrações.
Investir em ideias nem sempre significa sinônimo de qualidade. Para um filme pretensioso como Primer que tem a função inicial de ser um sci-fi lógico e inteligente, sua incapacidade de conexão com o espectador torna a fraca experiência em uma jornada entediante e confusa.
O enredo discute a viagem no tempo com uma linguagem científica extremamente complicada e formula teorias vazias sobre a duplicidade temporal onde o ser humano (sem qualquer explicação) adquire a capacidade de interferir e agir de uma maneira diferente em uma mesma ocasião proporcional ao tempo em que se encontra. O que, por si só, já limita sua capacidade intelectual de progredir logicamente, pois o filme não faz a menor questão de explicar qualquer fator importante para seu desenvolvimento. Que se formula inicialmente na concepção de um dispositivo capaz de interagir com as camadas do tempo e assim, indicar suas conseqüências, mas são idéias completamente desperdiçadas e que perdem seus valores devido à complexidade desnecessária em como tudo é apresentado.
Sinto que a proposta do diretor em fazer um filme sem sentido foi cumprida. Ao mesmo tempo em que os propósitos e falhas se encaixam, o filme comete um erro grave determinante onde subestima a inteligência do espectador e tenta se sobressair diante de suas ilusões e idéias mal-direcionadas.
De uma maneira bastante negativa e irregular Vanishing On 7th Street reutiliza o já saturado tema de ameaças desconhecidas abusando do uso de clichês previsíveis típicos do gênero, para assim, em uma falta de processo criativo, entregar apenas mais um filme descartável que domina o tédio com perfeição.
O processo de sobreviver em meio ao caos desconhecido deveria ser um fator determinante para conectar a estória do filme diretamente com o espectador, mas ao invés disso, o filme falha inicialmente na introdução de personagens e constrói superficialmente um clima de suspense com um excesso de dúvidas que pairam no ar. O que remete a questionamentos inevitáveis que carecem de explicações lógicas baseadas em suas próprias falhas, e que numa tentativa de desespero intencional substitui respostas por cenas de suspense patéticas e irritantes.
O que torna tudo ainda mais sem sentido são as pretensões e escolhas que o filme tenta conjugar ao enredo, que falham inteiramente em seus propósitos e direcionam a estória a um rumo sem volta onde a tentativa incoerente de transmitir uma mensagem espiritual sobre o ato de existir entre a luz e as trevas (baseada inteiramente em uma suposta teoria conspiratória) nunca encontra seu lugar diante do caos e confusão armados.
Difícil encontrar qualquer ponto positivo em um filme que deixa de lado seu “propósito” inicial para entregar um produto genérico e entediante, que não consegue se sustentar por ser patético, tedioso e sem sentido.
Headhunters quebra algumas fronteiras de aceitação e sucesso com o público e o faz muito bem com sua proposta inicial, mas infelizmente é um filme vazio que direciona ao lugar comum dos filmes que se estendem demais para tentar surpreender.
O filme tem um suspense envolvente e consegue manter um nível de ação que complementa muito bem seu desenvolvimento com cenas de ação ágeis e situações tensas de perseguição, o que até então são aspectos básicos para qualquer filme de ação funcionar e nesse caso, tudo flui muito bem. Porém, após algum tempo, tudo se torna óbvio demais, e mesmo que o filme guarde suas surpresas para o final (explicações de reviravoltas e etc.) o que seria completamente inesperado não causa tanto impacto como deveria e parece manipulador, conseguindo tirar a total atenção do espectador para o que realmente importa, e assim, mascarar suas falhas com eficiência. A estória em alguns momentos consegue surpreender, mas no geral a falta de originalidade não sustenta a falta de sentido e direção de escolhas que o filme toma.
Por mais que a tentativa de fazer um filme com uma identidade própria seja louvável, Headhunters falha por entregar apenas mais um filme derivativo, vazio e com potencial para ser esquecido rapidamente.
Prince of Persia: The Sands of time é mais uma péssima adaptação que não dignifica a estória original concebida e transferida diretamente dos jogos da série para a linguagem cinematográfica.
O roteiro adaptado sofre de uma limitação de idéias indiscutível e distorce a estória original ao ponto de não fazer algum sentido lógico e principalmente estrutural. A estória segue uma linha narrativa extremamente limitada e supre sua precariedade superficial com cenas de ação que em alguns momentos até lembram a estética de movimentos que o príncipe realiza nos jogos, porém por outro lado, o filme não respeita suas origens de referências (nem a identidade do personagem é mantida com fidelidade) e transforma tudo em um show acrobático manipulador, entediante e que tenta resgatar através de uma linguagem rápida e intuitiva alguns elementos deslocados da estória que não se sobressaem como deveriam.
O filme tem seus méritos de produção e acerta em alguns aspectos técnicos, mas a falta de comprometimento em relação ao que realmente importa torna tudo artificial demais e completamente sem sentido.
Os aspectos psicológicos requeridos em um estudo de personagem transferem para a estória uma intensidade impactante, tanto no que diz respeito a analise experimental sobre um possível distúrbio que interfere na rotina de uma família, quanto ao ímpeto incontrolável de buscar proteção em meio a uma possível e aterrorizante ameaça de destruição. Impressionante a forma como o filme expõe um comportamento paranóico/psicótico e através disso consolida um clima tenso de mistério com elementos pós-apocalípticos que entregam a tragédia de uma forma sublime e arrebatadora.
O filme ainda conta com atuações impressionantes, sobretudo de Michael Shannon que se entregou totalmente ao personagem e transmite toda sua obsessão em uma interpretação magnífica. Jessica Chastain também não decepciona e surpreende bastante pois sabe dosar toda sua delicadeza e força com uma interpretação de uma personagem que exige intensidade.
Um filme envolvente que desconstrói argumentos e idealiza uma estória magnífica envolvida em um clima de mistério articulado de uma forma atmosférica e desconcertante. Maravilhoso.
Jeff, Who lives at home é um filme simples e objetivo, mas em alguns momentos chega a ser decepcionante.
A proposta do filme é bem executada e o drama construído (mesmo sendo uma parte pouco explorada) ainda sim consegue cativar o espectador através de personagens divertidos e identificáveis, que conseguem dosar muito bem seus dramas particulares com um humor calculado, porém, interessante. Por outro lado, a estória decepciona por ser intencionalmente extensiva e basicamente indutiva a um clímax inesperado que não empolga ou emociona. O fato de interligar acontecimentos para assim poder transmitir uma mensagem reflexiva de superação não funcionou como deveria nesse caso.
O filme acerta por ser despretensioso em contar uma estória simples com inteligência, mas falha em tentar transmitir uma emoção que nunca é preenchida.
Repetindo a mesma fórmula de seus antecessores Paranormal Activity 3 tenta inovar suas idéias e características, mas falha por ser uma sequencia ainda mais chata, entediante e esquecível.
Talvez o único mérito dessa franquia seja o suspense atmosférico carregado que por sinal é até bem conduzido entre as câmeras irregulares e trêmulas, mas por outro lado, a repetição de cenas previsíveis torna tudo cansativo demais e sucessivamente entediante. A estória continua sem pé nem cabeça com explicações superficiais que não funcionam de jeito algum, os momentos de “susto” calculados são ainda mais previsíveis e a incoerência de alguns acontecimentos ainda perdura no seu pobre desenvolvimento, o que acarreta em um comprometimento visível e problemático.
Repetição atrás de repetição resumem bem o que Paranormal Activity 3 tenta fazer, porém falha novamente em mais um filme descartável, tedioso e esquecível. Péssimo.
Ghost Rider: Spirit of Vengeance é simplesmente um filme péssimo, esquecível e entediante.
Começando pelo roteiro (¿Que roteiro?) que não faz o menor sentido e repete os mesmos erros da fórmula batida e genérica que não funcionava desde seu antecessor. As cenas de ação são patéticas assim como seus aspectos visuais que são extremamente artificiais em conjunto a um jogo cênico estúpido que tenta mascarar o enredo com cenas de rápida sucessão que não causam impacto algum. O filme tenta inserir em um contexto dramático barato um discurso religioso pífio, algumas cenas que recontam a origem do motoqueiro múltiplas vezes (não sei pra que exatamente) e através disso se torna bastante repetitivo e definitivamente chato.
Salmon Fishing in the Yemen é um bom filme, mas sinto que poderia ser melhor no desenvolvimento de algumas idéias que ficam em segundo plano.
O título traduzido para “Amor Impossível” categoriza o filme erroneamente como uma comédia romântica barata e sem propósitos, o que é um erro grave não só de tradução, mas principalmente de interpretação por parte dos tradutores brasileiros, que parecem ser eternos apaixonados e estão sempre em busca de atrair um público específico com esses títulos pífios e açucarados.
O filme consegue quebrar fronteiras do gênero e desenvolve um drama sólido que possui seus méritos transitivos em relação ao romance e ao humor britânico que é super ágil, irônico e insere na linguagem do filme um alívio cômico original e divertido. Por outro lado, as partes mais técnicas e teóricas que dizem respeito ao projeto ambicioso de introduzir a pesca do salmão no Iêmen são bem explicadas e analisadas dentro de um contexto político e burocrático bem delineado. O romance em questão é o que menos importa, pois abusa um pouco de clichês previsíveis, mas que se salvam devido a boas atuações de Emily Blunt e Ewan McGregor, que basicamente sustentam o filme junto com Kristin Scott Thomas que em um ótimo trabalho de atuação adiciona ao filme um tom divertido e descontraído.
O filme tem algumas imperfeições no que diz respeito à estória (que é meio desinteressante e esquecível), mas consegue contorná-los com um humor diferente e situações despretensiosas. Bom Filme.
Dream House é um filme péssimo e absolutamente previsível.
O fator originalidade não encontra espaço algum dentro dessa estória totalmente derivativa e sem emoção. Sustentado basicamente por um elenco mal-aproveitado e deslocado, o fraco teor de suspense é inatingível e em momento algum surpreende ou diferencia o filme de alguma forma plausível e interessante. Mas entre tantos aspectos negativos o que compromete mesmo é a previsibilidade do roteiro. Difícil não decifrar o mistério do filme em poucos minutos de sua exibição, pois a montagem da estória é tão mal-feita que chega a ser patético o momento principal onde uma possível reviravolta é apresentada.
Um filme descartável, fraco e mal-aproveitado. Péssimo.
Warrior é um filme emocionante, intenso e maravilhoso.
Renunciar o passado nem sempre é a melhor opção. O que pode ser viável a princípio em pouco tempo pode se tornar uma via de mão dupla que direciona a caminhos distintos e que pode ser capaz de interferir nos sentimentos mais profundos onde o sofrimento é independente. O filme indica esses caminhos através de uma estória emocionante onde a dor, o sofrimento e a culpa fazem parte do destino e lugar comum de uma família destruída pelas marcas do tempo, o abandono e, sobretudo, o desinteresse.
Entre encontros e desencontros as vidas dos personagens Tommy (Tom Hardy em uma atuação visceral e espetacular), Brendan (Joel Edgerton conseguindo transpor em uma atuação magnífica todo sofrimento e dor do personagem) e Paddy (Nick Nolte simplesmente brilhante) se cruzam, mas não por uma simples armadilha do destino, o que realmente “reata” os laços familiares é a busca por um ideal compartilhado, que interage e adiciona um motivo de reaproximação que não encontra meios para funcionar além da frieza emocional e as cicatrizes marcadas de um passado que nunca é esquecido ou perdoado.
A violência conduz os momentos mais intensos do filme e é bastante difícil não se conectar com as situações propostas. O foco principal da narrativa em tornar uma disputa calculada em um reencontro dolorido e marcado torna tudo extremamente emocionante e com uma intensidade fora do comum. O embate maior não se reduz apenas a violência física, mas sim ao que diz respeito ao perdão e o ato de se entregar inteiramente a redenção, e por fim, seguir um caminho onde a brutalidade da vida e todo seu sofrimento se tornem indefinidos e a busca pelos desejos de poder seja substituída pela compaixão e a proteção mútua.
Um filme visceral e emocionante, que com toda sua brutalidade e fragilidade é capaz de emocionar e interagir com o espectador de uma forma repentina e arrebatadora. Filme Maravilhoso.
Movimento Browniano é um filme péssimo, pretensioso e completamente sem propósitos.
O apelo sexual que o filme possui de certa forma é justificado, porém as lacunas e espaços que o filme deixa em aberto são motivos suficientes para desconectar o espectador e tirar o foco narrativo de ligação com a estória, que tenta induzir a uma reflexão involuntária, mas falha na introdução dos personagens, suas culpas e dramas inconstantes.
O ritmo lento empregado em longas sequências silenciosas (que abusa de planos abertos em uma fotografia minimalista) torna tudo cansativo demais e não complementa o enredo positivamente, o que acarreta em um comprometimento desanimador. De alguma forma o filme ainda tenta levantar questões filosóficas, poéticas e até psicológicas, mas falha por ser superficial demais e vazio em seus conceitos fracassados.
Classificar Movimento Browniano é uma tarefa um pouco árdua, pois o filme em vários momentos demonstra ser um experimento que não deu certo e uma obra incompleta cheia de falhas e incoerência. Filme Péssimo.
I Spit On Your Grave é uma boa refilmagem e por incrível que pareça, consegue ser melhor que o original em vários aspectos, mas em outros nem tanto.
As referências ao filme de 79 são específicas em pequenos detalhes estruturais da estória, que continua basicamente a mesma, mas conta com apenas algumas diferenças importantes. Começando pela estética gore que é muito melhor produzida e aplicada nesse filme do que no outro, os momentos de tensão convencem e a esperada vingança é infinitamente mais elaborada e torturante. Por outro lado, a escolha da protagonista foi uma falha comprometedora. Ela não consegue sustentar o instinto vingativo da personagem, por ser frágil demais e pouco experiente, sua interpretação é fraca e pouco aproveitada.
Comparações óbvias a parte, I Spit On Your Grave consegue melhorar os aspectos falhos do filme em que foi inspirado, mas ainda sim não é um filme definitivo para se tornar marcante.
Cidadão Kane é um dos grandes clássico do cinema. Uma verdadeira obra-prima.
O filme apresenta de diferentes formas o status de personalidade social e política do personagem fictício Charles Kane, e exemplifica através de sua estória suas motivações, conquistas e os bastidores de sua vida conturbada. A personalidade visionária de Kane que precisou assumir uma grande responsabilidade ainda muito cedo é cheia de contornos e camadas de ascensão em sua vida social e política, o que engrandece a idealização de seu império e construção de uma imagem como um homem idealista capaz de suprir as necessidades dos fracos e oprimidos.
Mas como toda grande responsabilidade tem seus prós e contras o filme não deixa de expor o lado mais humano e solitário de Kane e, sobretudo, sua personalidade egoísta e egocêntrica que o prejudicou de diversas formas em seus relacionamentos. O que acarreta em consequências que mudam drasticamente o estilo de vida de um homem que até então se mostrava forte e governante, mas em um momento decisivo sua fragilidade é exposta e o que lhe resta é a solidão por suas escolhas.
Um filme belo, emocionante e reflexivo, que mostra a ascensão, o declínio e a queda de uma figura imponente com bastante sinceridade e sutileza.
Mad Max é um ótimo filme e, sobretudo, uma boa introdução para o universo da franquia.
O clima futurista mesclado ao universo violento subentendido rende bons momentos e cenas de ação inspiradas. O sistema policial que age de uma forma agressiva em relação aos delinquentes evidencia um modelo de sociedade opressivo (pouco explorado, por sinal) onde a violência é predominante, e o filme faz questão de expor esse tipo de agressividade de uma forma séria, mas que encontra meios diversificados para entreter entre cenas de perseguição, manobras ousadas e exposição das turbinas e motores potentes.
Mesmo sendo um pouco previsível e com uma reviravolta meio boba e sem emoção Mad Max ainda sim consegue ser um ótimo filme, com seu estilo próprio e ótimas cenas de ação.
God Bless America é um ótimo filme. Diferente e original.
Um filme que faz uma crítica ácida ao sistema social americano e toda sua superficialidade através de uma forma agressiva de “protesto” limitada, mas que dentro das propostas do filme funcionam muito bem. Além disso, o filme exercita um discurso crítico em relação à sociedade em geral que “engole” tudo que as diferentes formas de mídia oferecem e aborda temas que vão da saturação televisiva de reality shows desnecessários, a discursos políticos agressivos que distorcem e afrontam o senso social moralista.
Mas nem por isso o filme é perfeito. As situações são bastante inverossímeis, o tom irônico depressivo não funciona corretamente e a agressividade é uma característica banalizada que fortalece as motivações do protagonista como desculpa pelo fracasso.
Por fim, God Bless America consegue sobrepor seus problemas com um tom crítico que é relevante para a sociedade atual. Ótimo Filme.
Dogville é um filme incrível, intenso e revelador.
Uma verdadeira obra experimental da sétima arte que revela diferentes comportamentos do ser humano e exemplifica através de uma situação perturbadora a ganância, egoísmo e hipocrisia que cercam os arredores da cidade de Dogville. O estilo “teatro filmado” reproduz uma linguagem intimista e visualmente esclarecedora, que transmite com intensidade a dinâmica de interpretação dos envolvidos. A estória é simples, despretensiosa e um pouco cansativa, mas analisa e se desenvolve em um caminho onde o sofrimento passivo é reconhecido e substituído pelo poder e a arrogância.
Um filme artístico que reproduz brilhantemente os sentimentos mais corruptíveis e sórdidos do ser humano. Filme Maravilhoso.
Red Riding Hood é um filme péssimo, descartável e entediante.
Começando pela estória que tenta resgatar o conto infantil do Chapeuzinho Vermelho através de uma linguagem clássica e juvenil, mas a inspiração adaptativa é falha e não consegue sustentar suas falhas grotescas. O filme tenta imprimir características sombrias dentro da estória que não funcionam propriamente e parecem demasiadamente artificiais. Apenas o visual gélido mesclado a cor vermelha destacada em certos momentos consegue transpor a barreira visual limitada da arte desprovida de inspiração.
Os protagonistas são meramente superficiais e ninguém é devidamente aproveitado. A personagem mais importante (Amanda Seyfried não é nada convincente) é quase muda e desaproveitada entre um pseudo triangulo amoroso melodramático que não chega a lugar algum.
O filme falha em querer adaptar uma estória conhecida dentro de padrões superficiais e se perde diante de tamanha previsibilidade e falta de empatia. Péssimo Filme.
Chinatown é um excelente filme. Um clássico noir estiloso, surpreendente e maravilhoso.
O frio jogo investigativo cheio de mistérios é brilhantemente conduzido entre pistas e dúvidas que pairam no ar, evidenciando um enredo arriscado, que expõe com clareza os fatos e surpreende pela reviravolta emocionante e, sobretudo inesperada. O clima quente e opressivo de Los Angeles do final anos 30 é extremamente bem retratado e a cidade é tão opressiva quanto os próprios envolvidos no jogo investigativo, fazendo um contraponto entre a corrupção e o instinto de justiça, visto através de olhos corruptos, capaz de envolver e enfatizar todas as camadas emblemáticas do roteiro.
Um filme brilhante, clássico e uma verdadeira obra-prima do cinema. Maravilhoso.
O Lorax: Em Busca da Trúfula Perdida
3.5 762 Assista AgoraCom suas cores vibrantes e um estilo de animação interessante The Lorax busca retratar com uma linguagem simples e direta as conseqüências que os sentimentos destrutivos da ganância podem causar, e o faz muito bem. Porém, faltou alma e comprometimento no desenvolvimento dos personagens primários e secundários, que são ofuscados por uma história pouco original e um discurso minimalista (um pouco batido) sobre a preservação ambiental.
A visão do filme sobre a destruição – causa e conseqüência – é formada por um discurso carregado de ativismo ambiental que sustenta o enredo basicamente através de uma mensagem reciclada sobre o tema discutido através de uma linguagem sugestiva relevante para qualquer tipo de público. O filme mostra o caminho e busca motivos para ironizar o comodismo social através de uma analogia que analisa questões da vida artificial e o resultado destrutivo de uma idéia, o que por si só já merece seus méritos pela característica crítica valorizada.
Porém, o filme perde um pouco de seu brilho inicial gradativamente, pois o grande foco no visual, estética e conteúdo crítico comprometem o desenvolvimento dos personagens, que parecem ofuscados em relação à jornada em busca de renovação e esperança que o filme insiste em relacionar sem conseguir agregar uma personalidade própria. O próprio Lorax – que deveria ser o personagem de mais destaque – é utilizado apenas como um discursista defensor da floresta, mas que não possui autoridade alguma em relação ao seu território. E mesmo que os personagens sejam de alguma forma identificáveis, a falta de carisma dos mesmos é notável e inquestionável.
O filme acerta em querer ser engajado e renovar um discurso ambiental - que para o modelo de sociedade atual – ainda é necessário e relevante, mas não arrisca muito, parece limitado e inconclusivo.
King of Fighters - A Batalha Final
1.4 318 Assista AgoraUma adaptação live-action de King Of Fighters nunca me pareceu uma boa idéia. Até porque, por mais que a tentativa de buscar uma fidelidade adaptativa em relação aos jogos fosse uma atitude louvável e positiva, o produto final ainda sim poderia deixar a desejar. E nesse caso, a minha certeza infelizmente se concretizou.
A transcrição da história para a tela é praticamente nula. O nível de distorção dos fatos e a falta de cuidado em relação aos acontecimentos que envolvem o torneio chegam a um patamar onde nada mais faz sentido e tudo se torna um show alegórico de tédio e lutas patéticas entre personagens vazios, mal caracterizados, sem emoção ou identificação alguma com o material original.
Não consigo entender qual foi a fonte de inspiração para a realização desse filme. O universo criado consegue ser mais artificial do que as próprias interpretações (se é que podem ser chamadas disso) e tudo parece extremamente deslocado, sem foco e sem propósito algum além de tentar ridicularizar uma história interessante que poderia render (pelo menos) um filme aceitável, mas que se resulta em um desastre sem solução.
Mistérios da Carne
4.1 975Mysterious Skin explora um tema perturbador de uma maneira explícita e direta ao ponto, porém peca um pouco na falta de dinâmica e repetição de fatores que não se resolvem ou buscam uma conclusão.
Os fatos polêmicos que envolvem abuso infantil são explorados com clareza e causam um desconforto proporcional ao clima depressivo e negativo que o filme possui. Seja na caracterização dos personagens que se mostram extremamente solitários e fragilizados com as marcas do passado e tecem um discurso pessimista sobre o destino incerto de suas vidas e suas limitações.
Divido em duas linhas narrativas distintas (onde a busca por respostas se torna a motivação principal) que se complementam na medida em que os fatos são esclarecidos, o filme expõe a personalidade de cada indivíduo com sensibilidade, e argumenta diretamente com um peso dramático envolvente, capaz de cativar e criar um vínculo com o espectador. Mas ao mesmo tempo em que a narrativa acerta em se aprofundar nos temas com uma visão estabelecida, falha igualmente em não indicar uma solução para o problema ou até mesmo um posicionamento sobre as consequências e interferências que causam cicatrizes incuráveis na vida dos personagens.
Existem fatores muito mais importantes que poderiam ser discutidos ao invés de explorar a sexualidade como forma de libertação sem conseqüências (o que torna tudo um quanto apelativo demais) e o tema ufológico é extremamente desnecessário e subutilizado sem qualquer importância. Mas, no entanto, até entendo a direção proposital do enredo em querer expor um problema precoce, para assim, mostrar que a dor de uma escolha pode ser irreversível, e a busca por uma solução esperada possa dar um fim a dor desconhecida.
Mesmo sendo um filme imparcial e bastante contraditório sinto que o mesmo conseguiu cumprir sua proposta em fazer o espectador refletir sobre um tema tão pesado de uma forma inconclusiva e perturbadora, mas nem por isso seus erros podem ser justificados pela falta de constância de ideias que tornam tudo distante demais.
Dead Space: A Queda
3.5 87 Assista AgoraDead Space: Downfall investe na violência gráfica explícita para mascarar algumas de suas falhas superficiais, que se exemplificam principalmente pela falta de conteúdo explicativo, que pode confundir o espectador que não possuir algum conhecimento prévio sobre o universo dos jogos.
O suspense característico é mantido e transferido para a tela com um grande cuidado, tornando assim a experiência intrigante e atmosférica, mas por outro lado, o filme arrisca muito pouco em se aprofundar na história em si, pois se apega a vícios superficiais de descobrimento que não complementam muito bem suas teorias explicativas. Se a ameaça desconhecida por si só já era motivo suficiente para temer a vida, nos traços de animação tudo se torna ainda mais angustiante. A estética gore (característica explorada com perfeição nos jogos) é continuamente bem aplicada e consegue ser um destaque entre tantos aspectos tratados com indiferença.
Tentar acompanhar a história às vezes se torna uma tarefa complicada, pois o filme aleatoriamente joga algumas informações sem apresentá-las devidamente com clareza. As questões que envolvem o artefato, por exemplo, são extremamente subdesenvolvidas, mas é interessante notar que os aspectos psicológicos que permeiam o mistério em torno do objeto central (que por algum motivo afeta a sanidade dos tripulantes) são bem incorporados à narrativa. Outro fator interessante são as criaturas, mantidas no mesmo estilo das encontradas no jogo e suas concepções são de fato automaticamente bem explicadas. Nada muito explorado, porém funcionam com eficiência.
Infelizmente o filme não funciona sozinho. É necessário ter algum conhecimento prévio sobre o universo de Dead Space para não se perder entre confusões e uma linha narrativa á principio desconexa. Porém, o filme cumpre seu papel sem muitas pretensões, se mostra eficiente e respeita o material da franquia e ativa a curiosidade de fãs e curiosos que desejam saber o “princípio” dos acontecimentos misteriosos.
Martha Marcy May Marlene
3.4 270Martha Marcy May Marlene realiza um estudo psicológico de personagem e contrapõe os sentidos paranóicos vividos pela mesma em diferentes ocasiões com uma visão sincera e intimista. Mas, ao mesmo tempo em que a experiência se intensifica e se mostra cada vez mais perturbadora, o filme arrisca muito pouco e lentamente se torna frustrante.
O drama psicológico vivido por MMMM se desenvolve lentamente a partir de fragmentos e flashbacks essenciais para o entendimento de seu problema, que revelam uma montagem cuidadosa na forma de expor a fragilidade e limitações da personagem e de uma forma bastante intensa unifica os problemas do passado com a fase conturbada em que ela se encontra no presente. Situações que remetem ao desvio de conduta psicológico e a um pequeno discurso pessimista simplório onde a aceitação é uma forma dominante de poder que nunca é questionada.
A carga dramática que o filme carrega lentamente se mostra falha em alguns aspectos. Pois mesmo que o problema seja apresentado de uma forma crua e difícil de digerir, o filme falha em expor com clareza as motivações da protagonista e se apega ao lugar comum da superficialidade, que intercala uma fraca e indefinida composição de drama psicológico familiar unificado a uma estética de aproximação intermitente.
A forma intensificada de emoções que o filme consegue transmitir – principalmente pela ótima interpretação de Elizabeth Olsen - de alguma forma sobrepõe seus erros visíveis. Porém, é difícil se conectar com uma história onde a personagem se perde em seus próprios pensamentos e transforma uma longa jornada pelo descobrimento de suas aflições em um infinito e desanimador abrigo de medo e frustrações.
Primer
3.5 490 Assista AgoraInvestir em ideias nem sempre significa sinônimo de qualidade. Para um filme pretensioso como Primer que tem a função inicial de ser um sci-fi lógico e inteligente, sua incapacidade de conexão com o espectador torna a fraca experiência em uma jornada entediante e confusa.
O enredo discute a viagem no tempo com uma linguagem científica extremamente complicada e formula teorias vazias sobre a duplicidade temporal onde o ser humano (sem qualquer explicação) adquire a capacidade de interferir e agir de uma maneira diferente em uma mesma ocasião proporcional ao tempo em que se encontra. O que, por si só, já limita sua capacidade intelectual de progredir logicamente, pois o filme não faz a menor questão de explicar qualquer fator importante para seu desenvolvimento. Que se formula inicialmente na concepção de um dispositivo capaz de interagir com as camadas do tempo e assim, indicar suas conseqüências, mas são idéias completamente desperdiçadas e que perdem seus valores devido à complexidade desnecessária em como tudo é apresentado.
Sinto que a proposta do diretor em fazer um filme sem sentido foi cumprida. Ao mesmo tempo em que os propósitos e falhas se encaixam, o filme comete um erro grave determinante onde subestima a inteligência do espectador e tenta se sobressair diante de suas ilusões e idéias mal-direcionadas.
Mistério da Rua 7
2.0 964De uma maneira bastante negativa e irregular Vanishing On 7th Street reutiliza o já saturado tema de ameaças desconhecidas abusando do uso de clichês previsíveis típicos do gênero, para assim, em uma falta de processo criativo, entregar apenas mais um filme descartável que domina o tédio com perfeição.
O processo de sobreviver em meio ao caos desconhecido deveria ser um fator determinante para conectar a estória do filme diretamente com o espectador, mas ao invés disso, o filme falha inicialmente na introdução de personagens e constrói superficialmente um clima de suspense com um excesso de dúvidas que pairam no ar. O que remete a questionamentos inevitáveis que carecem de explicações lógicas baseadas em suas próprias falhas, e que numa tentativa de desespero intencional substitui respostas por cenas de suspense patéticas e irritantes.
O que torna tudo ainda mais sem sentido são as pretensões e escolhas que o filme tenta conjugar ao enredo, que falham inteiramente em seus propósitos e direcionam a estória a um rumo sem volta onde a tentativa incoerente de transmitir uma mensagem espiritual sobre o ato de existir entre a luz e as trevas (baseada inteiramente em uma suposta teoria conspiratória) nunca encontra seu lugar diante do caos e confusão armados.
Difícil encontrar qualquer ponto positivo em um filme que deixa de lado seu “propósito” inicial para entregar um produto genérico e entediante, que não consegue se sustentar por ser patético, tedioso e sem sentido.
Headhunters
3.9 355Headhunters quebra algumas fronteiras de aceitação e sucesso com o público e o faz muito bem com sua proposta inicial, mas infelizmente é um filme vazio que direciona ao lugar comum dos filmes que se estendem demais para tentar surpreender.
O filme tem um suspense envolvente e consegue manter um nível de ação que complementa muito bem seu desenvolvimento com cenas de ação ágeis e situações tensas de perseguição, o que até então são aspectos básicos para qualquer filme de ação funcionar e nesse caso, tudo flui muito bem. Porém, após algum tempo, tudo se torna óbvio demais, e mesmo que o filme guarde suas surpresas para o final (explicações de reviravoltas e etc.) o que seria completamente inesperado não causa tanto impacto como deveria e parece manipulador, conseguindo tirar a total atenção do espectador para o que realmente importa, e assim, mascarar suas falhas com eficiência. A estória em alguns momentos consegue surpreender, mas no geral a falta de originalidade não sustenta a falta de sentido e direção de escolhas que o filme toma.
Por mais que a tentativa de fazer um filme com uma identidade própria seja louvável, Headhunters falha por entregar apenas mais um filme derivativo, vazio e com potencial para ser esquecido rapidamente.
Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo
3.3 2,0K Assista AgoraPrince of Persia: The Sands of time é mais uma péssima adaptação que não dignifica a estória original concebida e transferida diretamente dos jogos da série para a linguagem cinematográfica.
O roteiro adaptado sofre de uma limitação de idéias indiscutível e distorce a estória original ao ponto de não fazer algum sentido lógico e principalmente estrutural. A estória segue uma linha narrativa extremamente limitada e supre sua precariedade superficial com cenas de ação que em alguns momentos até lembram a estética de movimentos que o príncipe realiza nos jogos, porém por outro lado, o filme não respeita suas origens de referências (nem a identidade do personagem é mantida com fidelidade) e transforma tudo em um show acrobático manipulador, entediante e que tenta resgatar através de uma linguagem rápida e intuitiva alguns elementos deslocados da estória que não se sobressaem como deveriam.
O filme tem seus méritos de produção e acerta em alguns aspectos técnicos, mas a falta de comprometimento em relação ao que realmente importa torna tudo artificial demais e completamente sem sentido.
O Abrigo
3.6 720 Assista AgoraTake Shelter é um filme incrível e surpreendente.
Os aspectos psicológicos requeridos em um estudo de personagem transferem para a estória uma intensidade impactante, tanto no que diz respeito a analise experimental sobre um possível distúrbio que interfere na rotina de uma família, quanto ao ímpeto incontrolável de buscar proteção em meio a uma possível e aterrorizante ameaça de destruição. Impressionante a forma como o filme expõe um comportamento paranóico/psicótico e através disso consolida um clima tenso de mistério com elementos pós-apocalípticos que entregam a tragédia de uma forma sublime e arrebatadora.
O filme ainda conta com atuações impressionantes, sobretudo de Michael Shannon que se entregou totalmente ao personagem e transmite toda sua obsessão em uma interpretação magnífica. Jessica Chastain também não decepciona e surpreende bastante pois sabe dosar toda sua delicadeza e força com uma interpretação de uma personagem que exige intensidade.
Um filme envolvente que desconstrói argumentos e idealiza uma estória magnífica envolvida em um clima de mistério articulado de uma forma atmosférica e desconcertante. Maravilhoso.
Jeff e as Armações do Destino
3.4 315 Assista AgoraJeff, Who lives at home é um filme simples e objetivo, mas em alguns momentos chega a ser decepcionante.
A proposta do filme é bem executada e o drama construído (mesmo sendo uma parte pouco explorada) ainda sim consegue cativar o espectador através de personagens divertidos e identificáveis, que conseguem dosar muito bem seus dramas particulares com um humor calculado, porém, interessante. Por outro lado, a estória decepciona por ser intencionalmente extensiva e basicamente indutiva a um clímax inesperado que não empolga ou emociona. O fato de interligar acontecimentos para assim poder transmitir uma mensagem reflexiva de superação não funcionou como deveria nesse caso.
O filme acerta por ser despretensioso em contar uma estória simples com inteligência, mas falha em tentar transmitir uma emoção que nunca é preenchida.
Atividade Paranormal 3
2.9 1,9K Assista AgoraRepetindo a mesma fórmula de seus antecessores Paranormal Activity 3 tenta inovar suas idéias e características, mas falha por ser uma sequencia ainda mais chata, entediante e esquecível.
Talvez o único mérito dessa franquia seja o suspense atmosférico carregado que por sinal é até bem conduzido entre as câmeras irregulares e trêmulas, mas por outro lado, a repetição de cenas previsíveis torna tudo cansativo demais e sucessivamente entediante. A estória continua sem pé nem cabeça com explicações superficiais que não funcionam de jeito algum, os momentos de “susto” calculados são ainda mais previsíveis e a incoerência de alguns acontecimentos ainda perdura no seu pobre desenvolvimento, o que acarreta em um comprometimento visível e problemático.
Repetição atrás de repetição resumem bem o que Paranormal Activity 3 tenta fazer, porém falha novamente em mais um filme descartável, tedioso e esquecível. Péssimo.
Motoqueiro Fantasma: Espírito de Vingança
2.4 1,6K Assista AgoraGhost Rider: Spirit of Vengeance é simplesmente um filme péssimo, esquecível e entediante.
Começando pelo roteiro (¿Que roteiro?) que não faz o menor sentido e repete os mesmos erros da fórmula batida e genérica que não funcionava desde seu antecessor. As cenas de ação são patéticas assim como seus aspectos visuais que são extremamente artificiais em conjunto a um jogo cênico estúpido que tenta mascarar o enredo com cenas de rápida sucessão que não causam impacto algum. O filme tenta inserir em um contexto dramático barato um discurso religioso pífio, algumas cenas que recontam a origem do motoqueiro múltiplas vezes (não sei pra que exatamente) e através disso se torna bastante repetitivo e definitivamente chato.
Não existe nada que salve esse filme. Péssimo.
Amor Impossível
3.2 352 Assista AgoraSalmon Fishing in the Yemen é um bom filme, mas sinto que poderia ser melhor no desenvolvimento de algumas idéias que ficam em segundo plano.
O título traduzido para “Amor Impossível” categoriza o filme erroneamente como uma comédia romântica barata e sem propósitos, o que é um erro grave não só de tradução, mas principalmente de interpretação por parte dos tradutores brasileiros, que parecem ser eternos apaixonados e estão sempre em busca de atrair um público específico com esses títulos pífios e açucarados.
O filme consegue quebrar fronteiras do gênero e desenvolve um drama sólido que possui seus méritos transitivos em relação ao romance e ao humor britânico que é super ágil, irônico e insere na linguagem do filme um alívio cômico original e divertido. Por outro lado, as partes mais técnicas e teóricas que dizem respeito ao projeto ambicioso de introduzir a pesca do salmão no Iêmen são bem explicadas e analisadas dentro de um contexto político e burocrático bem delineado. O romance em questão é o que menos importa, pois abusa um pouco de clichês previsíveis, mas que se salvam devido a boas atuações de Emily Blunt e Ewan McGregor, que basicamente sustentam o filme junto com Kristin Scott Thomas que em um ótimo trabalho de atuação adiciona ao filme um tom divertido e descontraído.
O filme tem algumas imperfeições no que diz respeito à estória (que é meio desinteressante e esquecível), mas consegue contorná-los com um humor diferente e situações despretensiosas. Bom Filme.
A Casa dos Sonhos
3.2 1,4K Assista AgoraDream House é um filme péssimo e absolutamente previsível.
O fator originalidade não encontra espaço algum dentro dessa estória totalmente derivativa e sem emoção. Sustentado basicamente por um elenco mal-aproveitado e deslocado, o fraco teor de suspense é inatingível e em momento algum surpreende ou diferencia o filme de alguma forma plausível e interessante. Mas entre tantos aspectos negativos o que compromete mesmo é a previsibilidade do roteiro. Difícil não decifrar o mistério do filme em poucos minutos de sua exibição, pois a montagem da estória é tão mal-feita que chega a ser patético o momento principal onde uma possível reviravolta é apresentada.
Um filme descartável, fraco e mal-aproveitado. Péssimo.
Guerreiro
4.0 919 Assista AgoraWarrior é um filme emocionante, intenso e maravilhoso.
Renunciar o passado nem sempre é a melhor opção. O que pode ser viável a princípio em pouco tempo pode se tornar uma via de mão dupla que direciona a caminhos distintos e que pode ser capaz de interferir nos sentimentos mais profundos onde o sofrimento é independente. O filme indica esses caminhos através de uma estória emocionante onde a dor, o sofrimento e a culpa fazem parte do destino e lugar comum de uma família destruída pelas marcas do tempo, o abandono e, sobretudo, o desinteresse.
Entre encontros e desencontros as vidas dos personagens Tommy (Tom Hardy em uma atuação visceral e espetacular), Brendan (Joel Edgerton conseguindo transpor em uma atuação magnífica todo sofrimento e dor do personagem) e Paddy (Nick Nolte simplesmente brilhante) se cruzam, mas não por uma simples armadilha do destino, o que realmente “reata” os laços familiares é a busca por um ideal compartilhado, que interage e adiciona um motivo de reaproximação que não encontra meios para funcionar além da frieza emocional e as cicatrizes marcadas de um passado que nunca é esquecido ou perdoado.
A violência conduz os momentos mais intensos do filme e é bastante difícil não se conectar com as situações propostas. O foco principal da narrativa em tornar uma disputa calculada em um reencontro dolorido e marcado torna tudo extremamente emocionante e com uma intensidade fora do comum. O embate maior não se reduz apenas a violência física, mas sim ao que diz respeito ao perdão e o ato de se entregar inteiramente a redenção, e por fim, seguir um caminho onde a brutalidade da vida e todo seu sofrimento se tornem indefinidos e a busca pelos desejos de poder seja substituída pela compaixão e a proteção mútua.
Um filme visceral e emocionante, que com toda sua brutalidade e fragilidade é capaz de emocionar e interagir com o espectador de uma forma repentina e arrebatadora. Filme Maravilhoso.
Movimento Browniano
2.4 111Movimento Browniano é um filme péssimo, pretensioso e completamente sem propósitos.
O apelo sexual que o filme possui de certa forma é justificado, porém as lacunas e espaços que o filme deixa em aberto são motivos suficientes para desconectar o espectador e tirar o foco narrativo de ligação com a estória, que tenta induzir a uma reflexão involuntária, mas falha na introdução dos personagens, suas culpas e dramas inconstantes.
O ritmo lento empregado em longas sequências silenciosas (que abusa de planos abertos em uma fotografia minimalista) torna tudo cansativo demais e não complementa o enredo positivamente, o que acarreta em um comprometimento desanimador. De alguma forma o filme ainda tenta levantar questões filosóficas, poéticas e até psicológicas, mas falha por ser superficial demais e vazio em seus conceitos fracassados.
Classificar Movimento Browniano é uma tarefa um pouco árdua, pois o filme em vários momentos demonstra ser um experimento que não deu certo e uma obra incompleta cheia de falhas e incoerência. Filme Péssimo.
Doce Vingança
3.4 2,4K Assista AgoraI Spit On Your Grave é uma boa refilmagem e por incrível que pareça, consegue ser melhor que o original em vários aspectos, mas em outros nem tanto.
As referências ao filme de 79 são específicas em pequenos detalhes estruturais da estória, que continua basicamente a mesma, mas conta com apenas algumas diferenças importantes. Começando pela estética gore que é muito melhor produzida e aplicada nesse filme do que no outro, os momentos de tensão convencem e a esperada vingança é infinitamente mais elaborada e torturante. Por outro lado, a escolha da protagonista foi uma falha comprometedora. Ela não consegue sustentar o instinto vingativo da personagem, por ser frágil demais e pouco experiente, sua interpretação é fraca e pouco aproveitada.
Comparações óbvias a parte, I Spit On Your Grave consegue melhorar os aspectos falhos do filme em que foi inspirado, mas ainda sim não é um filme definitivo para se tornar marcante.
Cidadão Kane
4.3 992 Assista AgoraCidadão Kane é um dos grandes clássico do cinema. Uma verdadeira obra-prima.
O filme apresenta de diferentes formas o status de personalidade social e política do personagem fictício Charles Kane, e exemplifica através de sua estória suas motivações, conquistas e os bastidores de sua vida conturbada. A personalidade visionária de Kane que precisou assumir uma grande responsabilidade ainda muito cedo é cheia de contornos e camadas de ascensão em sua vida social e política, o que engrandece a idealização de seu império e construção de uma imagem como um homem idealista capaz de suprir as necessidades dos fracos e oprimidos.
Mas como toda grande responsabilidade tem seus prós e contras o filme não deixa de expor o lado mais humano e solitário de Kane e, sobretudo, sua personalidade egoísta e egocêntrica que o prejudicou de diversas formas em seus relacionamentos. O que acarreta em consequências que mudam drasticamente o estilo de vida de um homem que até então se mostrava forte e governante, mas em um momento decisivo sua fragilidade é exposta e o que lhe resta é a solidão por suas escolhas.
Um filme belo, emocionante e reflexivo, que mostra a ascensão, o declínio e a queda de uma figura imponente com bastante sinceridade e sutileza.
Mad Max
3.6 729 Assista AgoraMad Max é um ótimo filme e, sobretudo, uma boa introdução para o universo da franquia.
O clima futurista mesclado ao universo violento subentendido rende bons momentos e cenas de ação inspiradas. O sistema policial que age de uma forma agressiva em relação aos delinquentes evidencia um modelo de sociedade opressivo (pouco explorado, por sinal) onde a violência é predominante, e o filme faz questão de expor esse tipo de agressividade de uma forma séria, mas que encontra meios diversificados para entreter entre cenas de perseguição, manobras ousadas e exposição das turbinas e motores potentes.
Mesmo sendo um pouco previsível e com uma reviravolta meio boba e sem emoção Mad Max ainda sim consegue ser um ótimo filme, com seu estilo próprio e ótimas cenas de ação.
Deus Abençoe a América
4.0 798God Bless America é um ótimo filme. Diferente e original.
Um filme que faz uma crítica ácida ao sistema social americano e toda sua superficialidade através de uma forma agressiva de “protesto” limitada, mas que dentro das propostas do filme funcionam muito bem. Além disso, o filme exercita um discurso crítico em relação à sociedade em geral que “engole” tudo que as diferentes formas de mídia oferecem e aborda temas que vão da saturação televisiva de reality shows desnecessários, a discursos políticos agressivos que distorcem e afrontam o senso social moralista.
Mas nem por isso o filme é perfeito. As situações são bastante inverossímeis, o tom irônico depressivo não funciona corretamente e a agressividade é uma característica banalizada que fortalece as motivações do protagonista como desculpa pelo fracasso.
Por fim, God Bless America consegue sobrepor seus problemas com um tom crítico que é relevante para a sociedade atual. Ótimo Filme.
Dogville
4.3 2,0K Assista AgoraDogville é um filme incrível, intenso e revelador.
Uma verdadeira obra experimental da sétima arte que revela diferentes comportamentos do ser humano e exemplifica através de uma situação perturbadora a ganância, egoísmo e hipocrisia que cercam os arredores da cidade de Dogville. O estilo “teatro filmado” reproduz uma linguagem intimista e visualmente esclarecedora, que transmite com intensidade a dinâmica de interpretação dos envolvidos. A estória é simples, despretensiosa e um pouco cansativa, mas analisa e se desenvolve em um caminho onde o sofrimento passivo é reconhecido e substituído pelo poder e a arrogância.
Um filme artístico que reproduz brilhantemente os sentimentos mais corruptíveis e sórdidos do ser humano. Filme Maravilhoso.
A Garota da Capa Vermelha
3.0 2,5K Assista AgoraRed Riding Hood é um filme péssimo, descartável e entediante.
Começando pela estória que tenta resgatar o conto infantil do Chapeuzinho Vermelho através de uma linguagem clássica e juvenil, mas a inspiração adaptativa é falha e não consegue sustentar suas falhas grotescas. O filme tenta imprimir características sombrias dentro da estória que não funcionam propriamente e parecem demasiadamente artificiais. Apenas o visual gélido mesclado a cor vermelha destacada em certos momentos consegue transpor a barreira visual limitada da arte desprovida de inspiração.
Os protagonistas são meramente superficiais e ninguém é devidamente aproveitado. A personagem mais importante (Amanda Seyfried não é nada convincente) é quase muda e desaproveitada entre um pseudo triangulo amoroso melodramático que não chega a lugar algum.
O filme falha em querer adaptar uma estória conhecida dentro de padrões superficiais e se perde diante de tamanha previsibilidade e falta de empatia. Péssimo Filme.
Chinatown
4.1 635 Assista AgoraChinatown é um excelente filme. Um clássico noir estiloso, surpreendente e maravilhoso.
O frio jogo investigativo cheio de mistérios é brilhantemente conduzido entre pistas e dúvidas que pairam no ar, evidenciando um enredo arriscado, que expõe com clareza os fatos e surpreende pela reviravolta emocionante e, sobretudo inesperada. O clima quente e opressivo de Los Angeles do final anos 30 é extremamente bem retratado e a cidade é tão opressiva quanto os próprios envolvidos no jogo investigativo, fazendo um contraponto entre a corrupção e o instinto de justiça, visto através de olhos corruptos, capaz de envolver e enfatizar todas as camadas emblemáticas do roteiro.
Um filme brilhante, clássico e uma verdadeira obra-prima do cinema. Maravilhoso.