"O amor é uma invenção dos advogados, feita p\ justificar o divórcio e, consequentemente, a própria existência dos advogados". Assim falou Joel Schumacher, neste seu "momento Woody Allen". É fato que, ao longo do filme, várias pistas são dadas sobre qual é a principal referência aqui utilizada, desde os diálogos espirituosos, até um pôster de Allen, estrategicamente situado na parede do quarto de um dos personagens. Embora não chegue a possuir o mesmo charme e sofisticação característicos do velho diretor nova iorquino (Allen), é, sem dúvida, um filme bem acima da média p\ o padrão Joel Schumacher, diretor de carreira irregular, eternamente lembrado por sua pavorosa versão de "Batman e Robin"(1997), mas também autor do clássico "Um Dia de Fúria"(1992).
Um ótimo exemplo de faroeste made in Brazil! Sua estética é claramente influenciada pelo chamado "western spaghetti" italiano. Ou seja, melhor referência, seria impossível! O trabalho de cenografia e composição de figurinos é competente. Merece também destaque o ótimo trabalho de direção e montagem, responsáveis pelo ritmo ágil que o filme ganha nos momentos de ação. Aliás, daqui há exatamente dois dias, terei a honra de entrevistar p\ meu novo documentário, o grande Walter Wanny, responsável pela montagem do filme e, sem dúvida, o melhor montador que este país já conheceu!
Um divertidíssimo representante do bom e velho "Cinema da Boca". O título marqueteiro (como era comum aos filmes do período), já seria suficiente para escandalizar os pseudo-moralistas e politicamente corretos que povoam o Brasil contemporâneo. Na verdade, o filme, por flertar c\ o gênero terror, em alguns momentos, parece uma espécie de "Jess Franco made in Brazil" (entenda-se como um elogio), pois o próprio estilo de direção, caracterizado pelo típico uso do zoom setentista, já guarda semelhanças c\ estilo característico do mestre espanhol. "Banquete de Taras" dribla c\ muita criatividade e ótimo senso de humor, suas eventuais limitações técnicas ou mesmo financeiras. Destaque p\ a Brasília verde pilotada pelo inspetor Peri, um luxo só!
Em primeiro lugar, não posso deixar de mencionar o fato de que o filme é estrelado pela belíssima Vanessa Alves (ainda bonita nos dias de hoje), a quem tive a honra de entrevistar, há poucos dias atrás, p\ o novo documentário que estou produzindo, sobre o chamado "Cinema da Boca". Obs: Vanessa Alves é mesmo uma simpatia de pessoa! E quanto ao filme propriamente dito, digo apenas que a inteligência de Ody Fraga (roteirista) é capaz de transformar uma trama simples e de apelo bastante popular, numa inteligente reflexão sobre a necessária libertação feminina em relação à hipocrisia do classe medianismo nosso de cada dia...
Um filme feito por alguém que conhece bem o gênero terror e sabe reverenciar suas referências. É interessante notar que, segundo o próprio diretor (John Landis), as cenas de pesadelos surreais vividas pelo protagonista, foram baseadas em cenas de "O Discreto Charme da Burguesia" de Luis Buñuel! Merece destaque o competente trabalho de maquiagem e efeitos especiais, bastante inovadores p\ a época. Eis um filme que, sem dúvida, marcou os anos 80!
Por meio de uma trama bastante simples, Alfredo Sternheim consegue a proeza de abordar temas como hipocrisia social, machismo, libertação feminina, etc. E tudo de forma bastante acessível ao grande público. Creio que as referências aqui presentes vão desde o seu contemporâneo Walter Hugo Khouri até, quem sabe, Eric Rohmer, dada a semelhança na forma como se trata questões cotidianas e, aparentemente banais, transformando-as em reflexões de caráter filosófico, assim como faria o mestre francês (Rohmer). Destaque p\ a beleza simplesmente escultural da protagonista, Sandra Graffi.
É fato que Ody Fraga já escreveu histórias bem melhores do que as que vemos nesse longa composto por três episódios. Sem dúvida, o segundo episódio (dirigido por David Cardoso) é o melhor tanto em termos de roteiro, quanto pelo trabalho de direção. De resto, não há muito o que destacar além da beleza de atrizes como Patrícia Scalvi e Matilde Mastrangi...
O grande Don Siegel foi capaz da proeza de transformar o clássico texto de Ernest Hemingway num ótimo filme de ação! Merecem destaque as ótimas atuações de Lee Marvin e John Cassavetes (futuro cineasta) e também o charme de Angie Dickinson. Obra de mestre. Amém, Don Siegel!
Filme produzido numa época em que o cinema brasileiro não estava preocupado em ser politicamente correto e pseudo-engajado em causas sociais. "Perdo-a me por me Traíres" utiliza o ótimo texto de Nelson Rodrigues p\ revelar toda a hipocrisia que sempre caracterizou (e ainda caracteriza) a nossa classe média tupiniquim. Não é um filme perfeito, mas nem mesmo a canastrice de Nuno Leal Maia é capaz de comprometer o painel bastante realista que o filme compõe acerca de questões como o machismo e o falso moralismo de matriz religiosa. Destaque p\ a jovem e bela Lídia Brondi, um autêntico objeto de fetiche...
Philippe Garrel, mais uma vez, se repete e mostra-se vazio ao tentar abordar questões de caráter existencial. O filme possui bela fotografia em preto e branco, mas não vai além da estética por si só. De resto, "O Ciúme" ampare-se muito no carisma de Louis Garrel (filho do diretor) e no charme de Anna Mouglalis. Aliás, basta ver o média-metragem dirigido pelo "filhão" de Philippe ("Aprendiz de Alfaite") p\ notar que, se quiser, ele pode até se tornar o um diretor melhor e mais original do que seu veterano "papai". E fica a dica p\ monsieur Philippe Garrel: desista de tentar ser Michelangelo Antonioni!
A montagem em ritmo de videoclipe (inovadora p\ os padrões da época) já não impressiona, devido ao fato de já ter sido exaustivamente copiada por outros filmes, outros diretores, etc. No entanto, ainda funciona como boa metáfora de uma sociedade que "funciona", de fato, em ritmo de videoclipe, sem tempo p\ se aprofundar nas relações afetivas, dando espaço à descartabilidade de absolutamente tudo como regra de vida... Obs: Por mais que se diga que o objetivo do diretor aqui era criticar ou mesmo satirizar a alienação da sociedade de consumo, em alguns momentos, Aronofsky parece se "divertir" c\ a tragédia vivida por seus personagens, tornando-a um mero "espetáculo" grotesco p\ seus espectadores... Destaque p\ a boa atuação da veterana, Ellen Burstyn.
"Visto que é proibido mostrar ou incentivar cenas de gente fazendo amor, porque são cenas perigosas, mostraremos cenas também perigosas, mas não-proibidas: cenas de guerra". Assim ironizou Tinto Brass, neste inacreditável filme de sua fase psicodélica. É muito mais um trabalho de videoarte do que um filme propriamente dito. Aborda questões como o racismo e a libertação feminina de forma absolutamente original. A influência da fase mais experimental de Godard, é claramente perceptível, mas sem cair na mera reprodução. Merecem destaque o ótimo trabalho de montagem (feito pelo próprio Tinto Brass), bem como a maravilhosa trilha sonora composta pela banda britânica "Freedom", e também a presença da absurdamente linda, Anita Sanders, como protagonista.
Uma autêntica jóia esquecida do cinema brasileiro. Possui referências que vão desde o clássico absoluto do cinema marginal paulista, "O Bandido da Luz Vermelha", até "A "Dama de Shangai" (Orson Welles), fato que fica evidente na claríssima citação a antológica cena da sala dos espelhos presente no filme de Welles. Infelizmente, devido a problemas c\ a censura da época, "O Pornógrafo" acabou sendo lançado apenas em 1972, ou seja, num momento em que tanto o público quanto o mercado, já não aceitavam mais filmes em preto e branco. Por esse motivo, o filme acabou nunca recebendo a visibilidade e reconhecimento que merecia, o que levou Callegaro a "migrar" p\ a publicidade, tornando-se o eterno "cineasta de um único filme". Obs: e por falar nas semelhanças c\ o filme de Sganzerla, o fato é que o filme de Callegaro era, na verdade, um "anti-bandido da luz vermelha", pois, ao contrário do personagem de 1968 (um individuo angustiado e frustrado c\ sua condição), o bandido de Callegaro (Miguel Metralha) só queria mesmo era "avacalhar com tudo" e se divertir...
Finalmente consegui fazer as pazes c\ David Fincher, após ver "Garota Exemplar", pois o filme possui um ótimo roteiro que satiriza o modo como a mídia, ou melhor, os meios de comunicação de massa, tanto elevam alguém à condição de celebridade e modelo a ser seguido, como também, c\ a mesma facilidade, transformam o mesmo individuo num monstro merecedor da execração pública. Fincher pode até, em determinados momentos, cometer o erro pelo qual eu sempre impliquei c\ seus filmes: se prolongar além do necessário no desenvolvimento da trama; mas aqui, tal detalhe não chegou a comprometer o resultado. Obs: o ex-galã, Ben Affleck, está bem em seu papel, mas quem realmente rouba a cena é Rosamund Pike, numa performance realmente assustadora!
"Filme brasileiro é tudo assim, no começo, todo mundo briga, mas depois acaba tudo numa boa"... Assim falou o hilário técnico de dublagem de "Estrela Nua". O filme possui uma estética extremamente oitentista e, portanto, super colorida e divertida. "Estrela Nua" foi feito numa época em que o cinema brasileiro de gênero ainda tinha personalidade e conseguia combinar humor c\ boas histórias... Destaque p\ a presença da belíssima Cristina Aché.
A começar pelo desenho dos créditos (que fazem uma clara referência a "Pierrot Le Fou" ou "Uma Mulher é uma Mulher") a referência ao cinema godardiano se faz presente aqui. No entanto, "Rosas a Crédito" é um exemplo de como, nem sempre, ter as melhores referências do mundo, é suficiente p\ se fazer um bom filme... Sobretudo a decupagem da parte inicial do filme, caracterizada por planos fechados (closes e plano médio-alto), lembra muito a estética do belíssimo "Made in USA" (Godard); além disso, o trabalho de cenografia, bem como a paleta de cores utilizada, também fazem menção ao clássico filme de Godard. Amos Gitai também erra ao tentar ser uma espécie de "cineasta do rosto", assim como Bergman (outra possível referência aqui utilizada). O problema é que o diretor (Gitai) se prolonga em alguns momentos desnecessários, tornando o ritmo do filme arrastado e artificial, bem como realizando alguns planos de gosto discutível... Enfim, merece destaque o competente trabalho de direção de arte, no que se refere a composição dos lindos figurinos de época e também o inteligente uso de cores como elemento narrativo. Obs: Léa Seydoux está absurdamente linda na pele da inconsequente protagonista.
Não chega a ser um dos melhores trabalhos dos irmãos Dardenne, mas possui algumas das características marcantes de seu estilo "seco" e naturalista, tais como a extrema simplicidade em termos de produção e a quase ausência de trilha sonora (música incidental). Assim como em "A Criança", o tom é de crítica a uma sociedade moderna na qual predomina o individualismo e a total insensibilidade em relação ao outro. Mas, ao contrário do que ocorreria num filme de caráter mais comercial, o drama da protagonista é apresentado de forma objetiva, sem apelar p\ o sentimentalismo desnecessário. Obs: a atual estrela francesa, Marion Cottilard, apresenta uma atuação competente, mas longe de ser excepcional...
Eis o autêntico filme precursor do subgênero "blaxploitation". Equilibra, relativamente bem, humor e crítica social. Felizmente, opta por uma visão não maniqueísta acerca da questão racial, mostrando que, em ambos os lados, não há anjos nem demônios. Se o roteiro aqui não flui tão bem quanto em "Coffy"(1973), por exemplo, o bom trabalho de direção e montagem compensam tal problema. Obs: filme obrigatório p\ compreender o que representou a "blaxploitation" no cinema dos anos 70.
Quais as melhores coisas dessa cinebiografia de Yves Saint-Laurent? As citações indiretas a "Scorpio Rising" (o grande clássico de Kenneth Anger) e também o charme e beleza indescritíveis da atriz, Aymeline Valade. De resto, o filme é competente em todos os quesitos, mas absolutamente previsível...
É um registro naturalista, quase documental, acerca do processo de amadurecimento de um garoto e, por tabela, também de seus pais. Sabendo que Linklater é um fã confesso do naturalismo de Eric Rohmer, e que já o utilizou como referência em outros filmes, forçando um pouco a barra, poderíamos dizer que "Boyhood" é quase como um Rohmer feito por meio do ritmo e fluência narrativa característicos do cinema norte-americano. "Boyhood" apenas cansa um pouco quando se deixa levar pelo discurso padrão relativo à "importância dos laços familiares na vida do indivíduo". De resto, nem mesmo a longa duração (2h35min) chegam a comprometer o resultado. Obs: o trabalho de direção de arte é modesto, mas competente, no sentido de equilibrar cores fortes c\ lindos tons pastéis na composição dos figurinos e objetos de cena. Vale uma conferida!
Ótima direção caracterizada por muitos travellings e perfeita simetria na construção de cada plano. É também uma verdadeira aula de direção de arte no que se refere à composição dos figurinos e à cenografia. Possui uma trama elaborada, mas de fácil compreensão. Aliás, o diretor consegue aqui a rara proeza de trabalhar c\ um elenco gigantesco, composto por pequenas participações de grandes atores, sem se perder no desenvolvimento das tramas paralelas. É, com certeza, um dos melhores filmes de 2014, uma ano que, em termos gerais, foi bastante fraco p\ o cinema...
Eis uma indiscutível obra-prima que, embora seja associada à chamada "nouvelle vague tcheca", parece ter sido muito mais influenciada pelo surrealismo de Alejandro Jodorowsky, por exemplo. Ótima direção, belíssima fotografia que explora a saturação característica do technicolor e um lindo trabalho de direção de arte, manifesto na composição dos figurinos e na cenografia. Obs: é interessante o fato de os padres do filme serem retratados como figuras sombrias, vampirescas e sexualmente reprimidas. "Valerie" é uma clara metáfora sobre o caráter castrador que a moral religiosa exerce em relação ao ser humano e à possibilidade de uma sexualidade realmente livre de tabus e preconceitos.
Um espécie de "momento dogma" do grande Brian De Palma, visto que o filme foi feito, quase que inteiramente, utilizando câmera na mão. Mas meu comentário, ao contrário do que pode parecer, não é pejorativo, pois "Redacted" é um bom filme, pois, além de fazer bom uso desta nova estética cinematográfica (que visa a urgência documental), demonstra, de modo corajoso, o caráter xenófobo, racista, intolerante e ditatorial que, ainda hoje, caracteriza a "América profunda". Logo no início do filme, uma interessante observação: de que adianta colocar cartazes (ainda que escritos em árabe) advertindo aqueles que se aproximam dos postos de controle militar norte-americanos situados no Iraque ocupado, num país onde metade da população ainda é analfabeta? Tal atitude de total incapacidade no sentido de buscar entender o outro (no caso, o povo iraquiano), já provocou a morte de quase 2 mil civis iraquianos, dentre os quais, apenas 60 poderiam ser potenciais inimigos disfarçados. Detalhe: até hoje, nenhum soldado norte-americano foi punido por tais mortes totalmente desnecessárias. Obs: somente a cena do escorpião que aparece logo no início de "Redacted" (uma clara citação ao clássico "Meu Ódio Será Sua Herança" de Sam Peckimpah), já valeria o filme, mas ele é muito mais do que isso...
É uma espécie de "Bling Ring à brasileira". Apesar da overdose de clichês acerca do universo adolescente, tem lá seu valor, graças a um competente trabalho de direção e fotografia. O roteiro, muitas vezes, se perde em situações inverossímeis e um tanto mal explicadas... Merecem destaque as performances de Marisol Ribeiro e Thaila Ayala que, além de até "enganarem" bem como atrizes, só não são mais lindas por falta de espaço...
O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas
3.7 260 Assista Agora"O amor é uma invenção dos advogados, feita p\ justificar o divórcio e, consequentemente, a própria existência dos advogados". Assim falou Joel Schumacher, neste seu "momento Woody Allen". É fato que, ao longo do filme, várias pistas são dadas sobre qual é a principal referência aqui utilizada, desde os diálogos espirituosos, até um pôster de Allen, estrategicamente situado na parede do quarto de um dos personagens. Embora não chegue a possuir o mesmo charme e sofisticação característicos do velho diretor nova iorquino (Allen), é, sem dúvida, um filme bem acima da média p\ o padrão Joel Schumacher, diretor de carreira irregular, eternamente lembrado por sua pavorosa versão de "Batman e Robin"(1997), mas também autor do clássico "Um Dia de Fúria"(1992).
A Filha do Padre
3.0 2Um ótimo exemplo de faroeste made in Brazil! Sua estética é claramente influenciada pelo chamado "western spaghetti" italiano. Ou seja, melhor referência, seria impossível! O trabalho de cenografia e composição de figurinos é competente. Merece também destaque o ótimo trabalho de direção e montagem, responsáveis pelo ritmo ágil que o filme ganha nos momentos de ação. Aliás, daqui há exatamente dois dias, terei a honra de entrevistar p\ meu novo documentário, o grande Walter Wanny, responsável pela montagem do filme e, sem dúvida, o melhor montador que este país já conheceu!
Banquete de Taras
3.5 1Um divertidíssimo representante do bom e velho "Cinema da Boca". O título marqueteiro (como era comum aos filmes do período), já seria suficiente para escandalizar os pseudo-moralistas e politicamente corretos que povoam o Brasil contemporâneo. Na verdade, o filme, por flertar c\ o gênero terror, em alguns momentos, parece uma espécie de "Jess Franco made in Brazil" (entenda-se como um elogio), pois o próprio estilo de direção, caracterizado pelo típico uso do zoom setentista, já guarda semelhanças c\ estilo característico do mestre espanhol. "Banquete de Taras" dribla c\ muita criatividade e ótimo senso de humor, suas eventuais limitações técnicas ou mesmo financeiras. Destaque p\ a Brasília verde pilotada pelo inspetor Peri, um luxo só!
Volúpia de Mulher
2.7 15Em primeiro lugar, não posso deixar de mencionar o fato de que o filme é estrelado pela belíssima Vanessa Alves (ainda bonita nos dias de hoje), a quem tive a honra de entrevistar, há poucos dias atrás, p\ o novo documentário que estou produzindo, sobre o chamado "Cinema da Boca". Obs: Vanessa Alves é mesmo uma simpatia de pessoa! E quanto ao filme propriamente dito, digo apenas que a inteligência de Ody Fraga (roteirista) é capaz de transformar uma trama simples e de apelo bastante popular, numa inteligente reflexão sobre a necessária libertação feminina em relação à hipocrisia do classe medianismo nosso de cada dia...
Um Lobisomem Americano em Londres
3.7 612Um filme feito por alguém que conhece bem o gênero terror e sabe reverenciar suas referências. É interessante notar que, segundo o próprio diretor (John Landis), as cenas de pesadelos surreais vividas pelo protagonista, foram baseadas em cenas de "O Discreto Charme da Burguesia" de Luis Buñuel! Merece destaque o competente trabalho de maquiagem e efeitos especiais, bastante inovadores p\ a época. Eis um filme que, sem dúvida, marcou os anos 80!
Tensão e Desejo
3.1 4Por meio de uma trama bastante simples, Alfredo Sternheim consegue a proeza de abordar temas como hipocrisia social, machismo, libertação feminina, etc. E tudo de forma bastante acessível ao grande público. Creio que as referências aqui presentes vão desde o seu contemporâneo Walter Hugo Khouri até, quem sabe, Eric Rohmer, dada a semelhança na forma como se trata questões cotidianas e, aparentemente banais, transformando-as em reflexões de caráter filosófico, assim como faria o mestre francês (Rohmer). Destaque p\ a beleza simplesmente escultural da protagonista, Sandra Graffi.
A Noite das Taras
3.0 17É fato que Ody Fraga já escreveu histórias bem melhores do que as que vemos nesse longa composto por três episódios. Sem dúvida, o segundo episódio (dirigido por David Cardoso) é o melhor tanto em termos de roteiro, quanto pelo trabalho de direção. De resto, não há muito o que destacar além da beleza de atrizes como Patrícia Scalvi e Matilde Mastrangi...
Os Assassinos
3.7 19 Assista AgoraO grande Don Siegel foi capaz da proeza de transformar o clássico texto de Ernest Hemingway num ótimo filme de ação! Merecem destaque as ótimas atuações de Lee Marvin e John Cassavetes (futuro cineasta) e também o charme de Angie Dickinson. Obra de mestre. Amém, Don Siegel!
Perdoa-me por me traíres
3.1 25Filme produzido numa época em que o cinema brasileiro não estava preocupado em ser politicamente correto e pseudo-engajado em causas sociais. "Perdo-a me por me Traíres" utiliza o ótimo texto de Nelson Rodrigues p\ revelar toda a hipocrisia que sempre caracterizou (e ainda caracteriza) a nossa classe média tupiniquim. Não é um filme perfeito, mas nem mesmo a canastrice de Nuno Leal Maia é capaz de comprometer o painel bastante realista que o filme compõe acerca de questões como o machismo e o falso moralismo de matriz religiosa. Destaque p\ a jovem e bela Lídia Brondi, um autêntico objeto de fetiche...
O Ciúme
3.2 76Philippe Garrel, mais uma vez, se repete e mostra-se vazio ao tentar abordar questões de caráter existencial. O filme possui bela fotografia em preto e branco, mas não vai além da estética por si só. De resto, "O Ciúme" ampare-se muito no carisma de Louis Garrel (filho do diretor) e no charme de Anna Mouglalis. Aliás, basta ver o média-metragem dirigido pelo "filhão" de Philippe ("Aprendiz de Alfaite") p\ notar que, se quiser, ele pode até se tornar o um diretor melhor e mais original do que seu veterano "papai". E fica a dica p\ monsieur Philippe Garrel: desista de tentar ser Michelangelo Antonioni!
Réquiem para um Sonho
4.3 4,4K Assista AgoraA montagem em ritmo de videoclipe (inovadora p\ os padrões da época) já não impressiona, devido ao fato de já ter sido exaustivamente copiada por outros filmes, outros diretores, etc. No entanto, ainda funciona como boa metáfora de uma sociedade que "funciona", de fato, em ritmo de videoclipe, sem tempo p\ se aprofundar nas relações afetivas, dando espaço à descartabilidade de absolutamente tudo como regra de vida... Obs: Por mais que se diga que o objetivo do diretor aqui era criticar ou mesmo satirizar a alienação da sociedade de consumo, em alguns momentos, Aronofsky parece se "divertir" c\ a tragédia vivida por seus personagens, tornando-a um mero "espetáculo" grotesco p\ seus espectadores... Destaque p\ a boa atuação da veterana, Ellen Burstyn.
A Atração do Sexo
3.6 9 Assista Agora"Visto que é proibido mostrar ou incentivar cenas de gente fazendo amor, porque são cenas perigosas, mostraremos cenas também perigosas, mas não-proibidas: cenas de guerra". Assim ironizou Tinto Brass, neste inacreditável filme de sua fase psicodélica. É muito mais um trabalho de videoarte do que um filme propriamente dito. Aborda questões como o racismo e a libertação feminina de forma absolutamente original. A influência da fase mais experimental de Godard, é claramente perceptível, mas sem cair na mera reprodução. Merecem destaque o ótimo trabalho de montagem (feito pelo próprio Tinto Brass), bem como a maravilhosa trilha sonora composta pela banda britânica "Freedom", e também a presença da absurdamente linda, Anita Sanders, como protagonista.
O Pornógrafo
3.7 7Uma autêntica jóia esquecida do cinema brasileiro. Possui referências que vão desde o clássico absoluto do cinema marginal paulista, "O Bandido da Luz Vermelha", até "A "Dama de Shangai" (Orson Welles), fato que fica evidente na claríssima citação a antológica cena da sala dos espelhos presente no filme de Welles. Infelizmente, devido a problemas c\ a censura da época, "O Pornógrafo" acabou sendo lançado apenas em 1972, ou seja, num momento em que tanto o público quanto o mercado, já não aceitavam mais filmes em preto e branco. Por esse motivo, o filme acabou nunca recebendo a visibilidade e reconhecimento que merecia, o que levou Callegaro a "migrar" p\ a publicidade, tornando-se o eterno "cineasta de um único filme". Obs: e por falar nas semelhanças c\ o filme de Sganzerla, o fato é que o filme de Callegaro era, na verdade, um "anti-bandido da luz vermelha", pois, ao contrário do personagem de 1968 (um individuo angustiado e frustrado c\ sua condição), o bandido de Callegaro (Miguel Metralha) só queria mesmo era "avacalhar com tudo" e se divertir...
Garota Exemplar
4.2 5,0K Assista AgoraFinalmente consegui fazer as pazes c\ David Fincher, após ver "Garota Exemplar", pois o filme possui um ótimo roteiro que satiriza o modo como a mídia, ou melhor, os meios de comunicação de massa, tanto elevam alguém à condição de celebridade e modelo a ser seguido, como também, c\ a mesma facilidade, transformam o mesmo individuo num monstro merecedor da execração pública. Fincher pode até, em determinados momentos, cometer o erro pelo qual eu sempre impliquei c\ seus filmes: se prolongar além do necessário no desenvolvimento da trama; mas aqui, tal detalhe não chegou a comprometer o resultado. Obs: o ex-galã, Ben Affleck, está bem em seu papel, mas quem realmente rouba a cena é Rosamund Pike, numa performance realmente assustadora!
Estrela Nua
3.0 24"Filme brasileiro é tudo assim, no começo, todo mundo briga, mas depois acaba tudo numa boa"... Assim falou o hilário técnico de dublagem de "Estrela Nua". O filme possui uma estética extremamente oitentista e, portanto, super colorida e divertida. "Estrela Nua" foi feito numa época em que o cinema brasileiro de gênero ainda tinha personalidade e conseguia combinar humor c\ boas histórias... Destaque p\ a presença da belíssima Cristina Aché.
Rosas a Crédito
3.2 16A começar pelo desenho dos créditos (que fazem uma clara referência a "Pierrot Le Fou" ou "Uma Mulher é uma Mulher") a referência ao cinema godardiano se faz presente aqui. No entanto, "Rosas a Crédito" é um exemplo de como, nem sempre, ter as melhores referências do mundo, é suficiente p\ se fazer um bom filme... Sobretudo a decupagem da parte inicial do filme, caracterizada por planos fechados (closes e plano médio-alto), lembra muito a estética do belíssimo "Made in USA" (Godard); além disso, o trabalho de cenografia, bem como a paleta de cores utilizada, também fazem menção ao clássico filme de Godard. Amos Gitai também erra ao tentar ser uma espécie de "cineasta do rosto", assim como Bergman (outra possível referência aqui utilizada). O problema é que o diretor (Gitai) se prolonga em alguns momentos desnecessários, tornando o ritmo do filme arrastado e artificial, bem como realizando alguns planos de gosto discutível... Enfim, merece destaque o competente trabalho de direção de arte, no que se refere a composição dos lindos figurinos de época e também o inteligente uso de cores como elemento narrativo. Obs: Léa Seydoux está absurdamente linda na pele da inconsequente protagonista.
Dois Dias, Uma Noite
3.8 543Não chega a ser um dos melhores trabalhos dos irmãos Dardenne, mas possui algumas das características marcantes de seu estilo "seco" e naturalista, tais como a extrema simplicidade em termos de produção e a quase ausência de trilha sonora (música incidental). Assim como em "A Criança", o tom é de crítica a uma sociedade moderna na qual predomina o individualismo e a total insensibilidade em relação ao outro. Mas, ao contrário do que ocorreria num filme de caráter mais comercial, o drama da protagonista é apresentado de forma objetiva, sem apelar p\ o sentimentalismo desnecessário. Obs: a atual estrela francesa, Marion Cottilard, apresenta uma atuação competente, mas longe de ser excepcional...
Rififi no Harlem
3.4 6Eis o autêntico filme precursor do subgênero "blaxploitation". Equilibra, relativamente bem, humor e crítica social. Felizmente, opta por uma visão não maniqueísta acerca da questão racial, mostrando que, em ambos os lados, não há anjos nem demônios. Se o roteiro aqui não flui tão bem quanto em "Coffy"(1973), por exemplo, o bom trabalho de direção e montagem compensam tal problema. Obs: filme obrigatório p\ compreender o que representou a "blaxploitation" no cinema dos anos 70.
Saint Laurent
3.4 144 Assista AgoraQuais as melhores coisas dessa cinebiografia de Yves Saint-Laurent? As citações indiretas a "Scorpio Rising" (o grande clássico de Kenneth Anger) e também o charme e beleza indescritíveis da atriz, Aymeline Valade. De resto, o filme é competente em todos os quesitos, mas absolutamente previsível...
Boyhood: Da Infância à Juventude
4.0 3,7K Assista AgoraÉ um registro naturalista, quase documental, acerca do processo de amadurecimento de um garoto e, por tabela, também de seus pais. Sabendo que Linklater é um fã confesso do naturalismo de Eric Rohmer, e que já o utilizou como referência em outros filmes, forçando um pouco a barra, poderíamos dizer que "Boyhood" é quase como um Rohmer feito por meio do ritmo e fluência narrativa característicos do cinema norte-americano. "Boyhood" apenas cansa um pouco quando se deixa levar pelo discurso padrão relativo à "importância dos laços familiares na vida do indivíduo". De resto, nem mesmo a longa duração (2h35min) chegam a comprometer o resultado. Obs: o trabalho de direção de arte é modesto, mas competente, no sentido de equilibrar cores fortes c\ lindos tons pastéis na composição dos figurinos e objetos de cena. Vale uma conferida!
O Grande Hotel Budapeste
4.2 3,0KÓtima direção caracterizada por muitos travellings e perfeita simetria na construção de cada plano. É também uma verdadeira aula de direção de arte no que se refere à composição dos figurinos e à cenografia. Possui uma trama elaborada, mas de fácil compreensão. Aliás, o diretor consegue aqui a rara proeza de trabalhar c\ um elenco gigantesco, composto por pequenas participações de grandes atores, sem se perder no desenvolvimento das tramas paralelas. É, com certeza, um dos melhores filmes de 2014, uma ano que, em termos gerais, foi bastante fraco p\ o cinema...
Valerie e Sua Semana de Deslumbramentos
3.9 191 Assista AgoraEis uma indiscutível obra-prima que, embora seja associada à chamada "nouvelle vague tcheca", parece ter sido muito mais influenciada pelo surrealismo de Alejandro Jodorowsky, por exemplo. Ótima direção, belíssima fotografia que explora a saturação característica do technicolor e um lindo trabalho de direção de arte, manifesto na composição dos figurinos e na cenografia. Obs: é interessante o fato de os padres do filme serem retratados como figuras sombrias, vampirescas e sexualmente reprimidas. "Valerie" é uma clara metáfora sobre o caráter castrador que a moral religiosa exerce em relação ao ser humano e à possibilidade de uma sexualidade realmente livre de tabus e preconceitos.
Guerra Sem Cortes
3.7 28 Assista AgoraUm espécie de "momento dogma" do grande Brian De Palma, visto que o filme foi feito, quase que inteiramente, utilizando câmera na mão. Mas meu comentário, ao contrário do que pode parecer, não é pejorativo, pois "Redacted" é um bom filme, pois, além de fazer bom uso desta nova estética cinematográfica (que visa a urgência documental), demonstra, de modo corajoso, o caráter xenófobo, racista, intolerante e ditatorial que, ainda hoje, caracteriza a "América profunda". Logo no início do filme, uma interessante observação: de que adianta colocar cartazes (ainda que escritos em árabe) advertindo aqueles que se aproximam dos postos de controle militar norte-americanos situados no Iraque ocupado, num país onde metade da população ainda é analfabeta? Tal atitude de total incapacidade no sentido de buscar entender o outro (no caso, o povo iraquiano), já provocou a morte de quase 2 mil civis iraquianos, dentre os quais, apenas 60 poderiam ser potenciais inimigos disfarçados. Detalhe: até hoje, nenhum soldado norte-americano foi punido por tais mortes totalmente desnecessárias. Obs: somente a cena do escorpião que aparece logo no início de "Redacted" (uma clara citação ao clássico "Meu Ódio Será Sua Herança" de Sam Peckimpah), já valeria o filme, mas ele é muito mais do que isso...
Apneia
2.4 42É uma espécie de "Bling Ring à brasileira". Apesar da overdose de clichês acerca do universo adolescente, tem lá seu valor, graças a um competente trabalho de direção e fotografia. O roteiro, muitas vezes, se perde em situações inverossímeis e um tanto mal explicadas... Merecem destaque as performances de Marisol Ribeiro e Thaila Ayala que, além de até "enganarem" bem como atrizes, só não são mais lindas por falta de espaço...