O alto valor de produção não sustenta um jogo de poder apenas razoável. A diversidade é de araque. O foco continua em torno de gente cis hétero branca. Os Targaryen precisam tomar umas aulas com os Roy, de Succession. Paddy Considine merece o Emmy.
Cyberpunk: Edgerunners é tipo uma orgia entre Blade Runner, Matrix, Akira e Arcane. Como anime em si, ganha pela qualidade e criatividade da animação, trilha sonora potente, desenvolvimento nada preguiçoso de personagens, quebra total de expectativas, mesmo que certas soluções de roteiro sejam um tanto apressadas. Mas, ainda assim, é uma produção de impacto, que deixa um gostinho de quero mais. O cyberpunk não morreu.
A 4a temporada de Westworld termina de forma digna. Com alto e baixos, houve uma tentativa de recuperar o que fez a excelência da série: os jogos mentais, uma estrutura narrativa complexa e afiadas reflexões sobre a relação entre humanidade e tecnologia. Fala-se numa ainda incerta 5a temporada. Acho-a desnecessária. O season finale, mesmo deixando a história em aberto, responde satisfatoriamente questões importantes e aponta para possibilidades que geram várias discussões.
Como fã dos quadrinhos, fiquei bem satisfeito. Para uma série da Netflix que foi pensada para conquistar uma grande audiência, ela respeita o material original na medida certa. Destaque para o elenco impecável.
A série Station Eleven da HBO é baseada no romance da canadense Emily St. John Mendel, publicado em 2014 e vencedor do Arthur C. Clarke Award. No Brasil, foi lançado pela Intrínseca.
O livro nos apresenta um futuro próximo no qual uma pandemia de gripe matou 99% da população mundial e acabou com a civilização como a conhecemos.
Trata-se, portanto, de um história de pós-apocalipse. Mas o encanto desse romance é mostrar que, apesar das adversidades, "sobreviver não é suficiente", como está estampado num dos carros, transformado em carroça, da trupe de atores e músicos que vão de comunidade em comunidade apresentando peças de Shakespeare.
A série consegue captar tanto a brutalidade como o lirismo do romance. Aqui não há espaço para o gore ou torture porn. A violência é fruto muito mais da perda emocional. E são as conexões que acabam salvando pessoas. Sentir-se parte de um todo para criar algo positivo.
O romance ganha ao aprofundar melhor as relações entre os personagens e ser mais eficiente ao contar suas vidas pregressas. Só que, no fim, fica a sensação de história inacabada. Mas tudo bem. Afinal, nem todas as perguntas precisam ser respondidas. E não sei se eu leria uma versão mais longa de um livro que já resolveu seus principais conflitos.
A série ganha ao entregar uma produção dinâmica e vívida, fundamental numa trama que lida com várias linhas do tempo, a maior parte passada num mundo pós-apocalíptico bastante convincente. Outro acréscimo muito bem-vindo é o humor sutil, que torna a interação entre personagens mais verdadeira e íntima. Além de amarrar melhor as conexões do passado e do presente entre os protagonistas.
Os cinco primeiros episódios são mais objetivos, servem melhor à trama, mantendo ritmo e força, sem perder a atenção ao desenvolvimento de personagens. Os cinco últimos episódios, menos fiéis ao livro, são dispersos, focando demais no trauma de alguns personagens e praticamente esquecendo a história. Ainda assim, o finale é melhor do que o final do livro. Mais coeso e emocionante.
É inevitável fazer associações com o nosso atual contexto de pandemia.
Recomendo que primeiro leiam o romance e depois vejam a série.
Semana passada, terminou uma das melhores séries de FC de todos os tempos. E digo isso não pelo hype. Nem pelo calor do momento. Mesmo porque (e infelizmente) The Expanse nunca teve o reconhecimento que merecia. Nem nas premiações nem do grande público. Mas os fãs fiéis estavam lá, vibrando com as reviravoltas empolgantes da trama, os arcos bem desenvolvidos de personagens icônicos e os diálogos afiadíssimos, cheios de um humor sofisticado ou de um drama tenso, que evitava clichês.
A série de streaming é baseada na série de nove livros já finalizada, escrita por James S. A. Corey. Que, por sua vez, é o pseudônimo criado pelos autores Daniel Abraham e Ty Franck. Este último foi assistente de George R.R. Martin. E a influência de tio Martin nos livros de The Expanse é enorme. Em The Expanse, existe uma disputa de poder, recursos e territórios entre terráqueos, marcianos (humanos exilados no planeta vermelho) e belters (humanos habitantes de cinturões e estações especiais mais distantes). Além disso, há uma língua inventada, um worldbuilding insano entre outras semelhanças.
A série de streaming é bem fiel aos livros com as devidas adaptações para o audiovisual. Cada uma das seis temporada adaptou um volume. A última temporada acabou tendo menos episódios. Foi a decisão que os produtores encontraram para terminar a série de maneira épica, sem comprometer a qualidade dos efeitos especiais por episódio. O final foi mais do que digno, mesmo considerando que a sexta temporada ficou devendo um melhor desenvolvimento para o que propôs. Principalmente, na subtrama envolvendo Lacônia, os Construtores dos Anéis e os Deuses Sombrios.
A série de streaming terminou com um final em aberto, com questões importantes não respondidas. Os livros sete a nove se passam trinta anos depois dos eventos principais. Os fãs têm esperança de que, nos próximos anos, a série retorne para a conclusão de fato dessa space opera tão marcante.
A primeira temporada de Arcane foi perfeita. Desenvolvimento de personagens afiado, estilo de animação lindo demais e quebra de expectativas de aplaudir de pé.
Série brilhante. Uma sátira sombria sobre o mundo do 1%. Aqui mais do que glamurosa, a riqueza é patética em seus excessos, sem escrúpulos, imatura, maligna e ainda assim muito humana. São pessoas desprezíveis enfrentando dramas reais.
Você não torce por nenhum dos personagens. Só que ver o circo pegar fogo nessa mistura de um The Office dos ricos com um Game of Thrones corporativo, em que só existem os Lannisters tentando se matar. Roteiro brilhante e atuações marcantes.
Esse revival de He-Man ficou excelente. Kevin Smith soube muito bem pegar a série clássica e transformar numa aventura para os tempos atuais. A proposta foi bem executada. Tem altos e baixos, mas ficou acima da média. Ótimas cenas de ação. Alguns dos diálogos são afiadíssimos. Algumas cenas emocionantes. Desenvolvimento de personagens surpreendente. E que quebra maravilhosa de expectativas.
Depois de muito tempo, revi Evangelion, na Netflix, com o áudio original. Foi um anime que, na primeira vez, levei anos pra terminar, assistindo em canais a cabo. E lembro como fiquei puto com o final sem pé nem cabeça. Agora tô de boa. Achei até bonito.
A 5ª temporada de The Expanse tem alguns dos melhores episódios da série. No geral, faltou coesão. Mas sobrou emoção e momentos WTF. Foi a temporada de Naomi e Amos. A 3ª temporada continua pra mim como a melhor.
A primeira temporada tinha uma história mais interessante. Fora a novidade de ver uma série de espionagem escrita, dirigida, produzida e protagonizada por mulheres. Foi algo realmente inovador. E estamos de falando de Phoebe Waller Bridge. A segunda temporada vale pelos personagens. A química maluca entre Eve e Vilanelle continua ótima. E adoro ver Fiona Shaw pagando de dona da porra toda.
A 2ª temporada de The Mandalorian é uma decepção com um belo visual. A temporada anterior tinha apresentado ao fã de Star Wars uma possibilidade de curtir esse universo de maneira revigorada, mesmo que a linha do tempo da série estivesse tão próxima da trilogia clássica, apenas cinco depois de O Retorno de Jedi.
Mas o que empolgou foi ver uma produção para a tela pequena bem cuidada, contando uma história decente e com personagens cativantes, com alguma originalidade, sem utilizar o cânone de forma exagerada, apelativa, num fan service gratuito.
O protagonista, Mando/ Djinn Djarin, foi bem desenvolvido, assim como sua relação com Baby Yoda/Grogu. Adicione coadjuvantes que a gente se importa, boas cenas de ação e de humor, direção de arte e efeitos que levam Star Wars a um próximo nível visual, a trilha sonora inovadora de Ludwig Göransson e temos algo simples e direto, bem a cara de franquia.
A 2ª temporada, porém, jogou praticamente tudo isso no lixo. Transformou-se numa metralhadora giratória de fan service, sacrificando a relevância do próprio protagonista da série. O pobre do mandaloriano se tornou um mestre de cerimônias. Há momentos incríveis com personagens muito amados? Sim. Mas nem todas as presenças se justificam do ponto de vista criativo. Entregar exatamente o que o público quer pode ser bom apenas para os negócios.
The Last Jedi foi uma das melhores coisas que aconteceu a Star Wars. Mas o fã babão ficou chocado, frustrado e revoltado. E mesmo tendo personagens femininas fodonas em The Mandalorian, Star Wars, sob o comando de Jon Favreau e Dave Filoni, voltou a ser uma brincadeira para meninos. Infelizmente.
Fiquei com sentimentos contraditórios sobre essa 2ª temporada. Acho que o roteiro evoluiu por transformar a esquisitice característica da série em algo ainda mais reflexivo e profundo. Mas, por outro lado, acho que houve situações menos inspiradas do texto e personagens menos interessantes em relação à 1ª temporada. O amor por Alyssa e James continua. Uma 3ª temporada fecharia muito bem essa jornada divertida e melancólica com a qual me identifiquei tanto.
Só agora vi a primeira temporada de Watchmen da HBO. Quando anunciaram o projeto, muitos torceram o nariz, eu inclusive. Ainda mais com Damon Lindelof como showrunner. Um cara que pegou um universo incrível como o de Lost e traumatizou os fãs da série com uma temporada final tão ruim, mas tão ruim, que só foi superada com o final de Game of Thrones, quase dez anos depois. Tudo bem que não vi The Leftlovers, o que dizem ser a redenção de Lindelof. Mas, de qualquer maneira, uma série de Watchmen parecia uma ideia idiota. Pra piorar, o filme de Zack Snyder transformou a atmosfera decadente e emasculada da graphic novel em algo tipo um Michael Bay gourmet, com violência e virilidade explícitas (ok, a sequência do surgimento do doutor Manhattan é foda!). Mas aí termino de ver a série de HBO em choque. É uma das melhores coisas já feitas para a televisão. Acaba sendo muito fiel ao trabalho de Alan Moore ao mostrar os super-heróis, os vigilantes, como pessoas frustadas, paranoicas, patéticas e traumatizadas. Além de ampliar as repercussões da violência de Estado da HQ para a própria formação dos EUA como um país que institucionaliza o racismo, por meio da política, da polícia e da mídia. O fascinante na série é que sua intenção em recontar a História, questionando brutalmente a versão oficial, é realizada com tamanho vigor, com uma produção, ao mesmo tempo, que nos convida a refletir e mesmerizante. Praticamente tudo funciona na produção de cada episódio. A HBO soltou a grana pra gente de muito talento dar o seu melhor. A decepção fica para o último episódio, que teve a ingrata tarefa de amarrar todas as pontas soltas ao longo da temporada na maior correria, com poucos momentos para os personagens mais relevantes fecharem seus arcos de forma mais digna. Mesmo assim, que série sensacional. Dificilmente haverá uma segunda temporada. Agora me digam: como os executivos da HBO deram sinal de verde pra essa série densa, polêmica, estranha e cara?
Donald Glover é um artista multitalentoso, ator, cantor, produtor, roteirista, diretor. Mas é como o criador de Atlanta que ele mostra todo o seu potencial. Ele quebra paradigmas ao apresentar uma série escrita, produzida e protagonizada por pessoas negras. Uma série tão sofisticada quanto os melhores exemplos da era de ouro da televisão, ocorrida nos últimos vinte anos. A verdade é que a excelência da televisão americana sempre foi dominada por produtores e roteiristas brancos. Atlanta alia ousadia narrativa ao flertar com o surrealismo e o terror e maturidade temática ao tratar de questões sociais, particularmente da condição do negro americano, desconhecido ou famoso, conectando tudo com a autorreflexão, dando profundidade aos personagens. Além de existir um aprimoramento na produção (fotografia, montagem, estrutura de roteiro etc.). Cada vez mais, Atlanta merece uma posição ao lado de séries icônicas como Madmen, Sopranos, The Wire e Breaking Bad.
Eu sou fanboy de Phoebe Waller-Bridge. E é em Fleabag que a vimos no seu auge. Na 2ª temporada, a protagonista, que adora se sabotar, mete o pé na jaca de vez. A franqueza da personagem é cativante e divertidíssima. Ao mesmo tempo, a série é triste pra burro. Porque nos identificamos com os problemas de Fleabag: a dificuldade de conexão com os outros, o alto preço pago por quem desafia as convenções sociais e as dúvidas de nosso lugar no mundo. Fleabag não quer ser um exemplo de mulher para ninguém, só quer ser ela mesma. Estou na torcida para que Waller-Brigde mude de ideia e faça uma 3ª temporada. De qualquer maneira, a personagem teve um final arrebatador em sua simplicidade e significado.
Essa série deixaria Philip K. Dick orgulhoso. Trata-se de um mergulho profundo na mente da protagonista. Após um acidente de carro, Alma descobre que pode se comunicar com seu pai morto, um cientista, e viajar no espaço-tempo. Ou não? O humor de Alma é afiado, o que incomoda muita gente. E ela mesma sofre com sua instabilidade emocional. A técnica de rotoscopia, de animação dos movimentos dos atores, dá muita liberdade para os criadores da série pirarem, em mudanças inusitadas de cenários e ritmos de edição. Outro triunfo de Undone é a representatividade. O elenco é diverso. E a surdez e a ascendência mexicana de Alma são elementos centrais da trama.
Lobo Solitário no espaço, com pitadas de Sérgio Leone. Tinha tudo para dar errado, mas deu muito certo. A série mistura elementos consagrados da franquia com novos personagens e uma história distante dos Skywalkers. Resgata o clima de aventura e simplicidade da trilogia original, mas acaba apresentando a versão mais violenta de um produto live-action de Star Wars. Personagens cativantes, efeitos especiais insanos para uma “série de TV”, fan service bem feito e uma trilha sonora que evoca Ennio Morricone.
Anime definitivamente para adultos. Há exageros em sua violência tão gráfica, mas a escatologia desse universo se encaixa muito bem na reflexão sobre os “demônios” da condição humana. A técnica de animação, psicodélica e de traços imprecisos, mostra a instabilidade emocional dos personagens, acompanhada por uma trilha sonora tecno vibrante. O finale da série nos pega de surpresa. É, ao mesmo tempo, tão bonito e tão triste.
O Watchmen de Alan Moore mostrou os super-heróis como figuras melancólicas, com um senso de justiça distorcido e deprimente. Na série The Boys, os super-heróis são um pesadelo camuflado em camadas de marketing. São psicopatas vaidosos a serviço de grandes corporações. Mesmo considerando que a série foi produzida pelo serviço de streaming de um cara com a maior pinta de vilão de quadrinhos, Jeff Bezos, o dono da Amazon, The Boys é divertido e faz um retrato brutal do mundo das celebridades.
A Casa do Dragão (1ª Temporada)
4.1 711 Assista AgoraO alto valor de produção não sustenta um jogo de poder apenas razoável. A diversidade é de araque. O foco continua em torno de gente cis hétero branca. Os Targaryen precisam tomar umas aulas com os Roy, de Succession. Paddy Considine merece o Emmy.
Cyberpunk: Mercenários (1ª Temporada)
4.1 99 Assista AgoraCyberpunk: Edgerunners é tipo uma orgia entre Blade Runner, Matrix, Akira e Arcane. Como anime em si, ganha pela qualidade e criatividade da animação, trilha sonora potente, desenvolvimento nada preguiçoso de personagens, quebra total de expectativas, mesmo que certas soluções de roteiro sejam um tanto apressadas. Mas, ainda assim, é uma produção de impacto, que deixa um gostinho de quero mais. O cyberpunk não morreu.
Westworld (4ª Temporada)
3.6 123A 4a temporada de Westworld termina de forma digna. Com alto e baixos, houve uma tentativa de recuperar o que fez a excelência da série: os jogos mentais, uma estrutura narrativa complexa e afiadas reflexões sobre a relação entre humanidade e tecnologia. Fala-se numa ainda incerta 5a temporada. Acho-a desnecessária. O season finale, mesmo deixando a história em aberto, responde satisfatoriamente questões importantes e aponta para possibilidades que geram várias discussões.
Sandman (1ª Temporada)
4.1 590 Assista AgoraComo fã dos quadrinhos, fiquei bem satisfeito. Para uma série da Netflix que foi pensada para conquistar uma grande audiência, ela respeita o material original na medida certa. Destaque para o elenco impecável.
Station Eleven
4.0 75A série Station Eleven da HBO é baseada no romance da canadense Emily St. John Mendel, publicado em 2014 e vencedor do Arthur C. Clarke Award. No Brasil, foi lançado pela Intrínseca.
O livro nos apresenta um futuro próximo no qual uma pandemia de gripe matou 99% da população mundial e acabou com a civilização como a conhecemos.
Trata-se, portanto, de um história de pós-apocalipse. Mas o encanto desse romance é mostrar que, apesar das adversidades, "sobreviver não é suficiente", como está estampado num dos carros, transformado em carroça, da trupe de atores e músicos que vão de comunidade em comunidade apresentando peças de Shakespeare.
A série consegue captar tanto a brutalidade como o lirismo do romance. Aqui não há espaço para o gore ou torture porn. A violência é fruto muito mais da perda emocional. E são as conexões que acabam salvando pessoas. Sentir-se parte de um todo para criar algo positivo.
O romance ganha ao aprofundar melhor as relações entre os personagens e ser mais eficiente ao contar suas vidas pregressas. Só que, no fim, fica a sensação de história inacabada. Mas tudo bem. Afinal, nem todas as perguntas precisam ser respondidas. E não sei se eu leria uma versão mais longa de um livro que já resolveu seus principais conflitos.
A série ganha ao entregar uma produção dinâmica e vívida, fundamental numa trama que lida com várias linhas do tempo, a maior parte passada num mundo pós-apocalíptico bastante convincente. Outro acréscimo muito bem-vindo é o humor sutil, que torna a interação entre personagens mais verdadeira e íntima. Além de amarrar melhor as conexões do passado e do presente entre os protagonistas.
Os cinco primeiros episódios são mais objetivos, servem melhor à trama, mantendo ritmo e força, sem perder a atenção ao desenvolvimento de personagens. Os cinco últimos episódios, menos fiéis ao livro, são dispersos, focando demais no trauma de alguns personagens e praticamente esquecendo a história. Ainda assim, o finale é melhor do que o final do livro. Mais coeso e emocionante.
É inevitável fazer associações com o nosso atual contexto de pandemia.
Recomendo que primeiro leiam o romance e depois vejam a série.
The Expanse (6ª Temporada)
3.9 31 Assista AgoraThe Expanse é o Game of Thrones que deu certo
Semana passada, terminou uma das melhores séries de FC de todos os tempos. E digo isso não pelo hype. Nem pelo calor do momento. Mesmo porque (e infelizmente) The Expanse nunca teve o reconhecimento que merecia. Nem nas premiações nem do grande público. Mas os fãs fiéis estavam lá, vibrando com as reviravoltas empolgantes da trama, os arcos bem desenvolvidos de personagens icônicos e os diálogos afiadíssimos, cheios de um humor sofisticado ou de um drama tenso, que evitava clichês.
A série de streaming é baseada na série de nove livros já finalizada, escrita por James S. A. Corey. Que, por sua vez, é o pseudônimo criado pelos autores Daniel Abraham e Ty Franck. Este último foi assistente de George R.R. Martin. E a influência de tio Martin nos livros de The Expanse é enorme. Em The Expanse, existe uma disputa de poder, recursos e territórios entre terráqueos, marcianos (humanos exilados no planeta vermelho) e belters (humanos habitantes de cinturões e estações especiais mais distantes). Além disso, há uma língua inventada, um worldbuilding insano entre outras semelhanças.
A série de streaming é bem fiel aos livros com as devidas adaptações para o audiovisual. Cada uma das seis temporada adaptou um volume. A última temporada acabou tendo menos episódios. Foi a decisão que os produtores encontraram para terminar a série de maneira épica, sem comprometer a qualidade dos efeitos especiais por episódio. O final foi mais do que digno, mesmo considerando que a sexta temporada ficou devendo um melhor desenvolvimento para o que propôs. Principalmente, na subtrama envolvendo Lacônia, os Construtores dos Anéis e os Deuses Sombrios.
A série de streaming terminou com um final em aberto, com questões importantes não respondidas. Os livros sete a nove se passam trinta anos depois dos eventos principais. Os fãs têm esperança de que, nos próximos anos, a série retorne para a conclusão de fato dessa space opera tão marcante.
Arcane: League of Legends (1ª Temporada)
4.6 393A primeira temporada de Arcane foi perfeita. Desenvolvimento de personagens afiado, estilo de animação lindo demais e quebra de expectativas de aplaudir de pé.
Succession (2ª Temporada)
4.5 228 Assista AgoraSérie brilhante. Uma sátira sombria sobre o mundo do 1%. Aqui mais do que glamurosa, a riqueza é patética em seus excessos, sem escrúpulos, imatura, maligna e ainda assim muito humana. São pessoas desprezíveis enfrentando dramas reais.
Succession (1ª Temporada)
4.2 261Você não torce por nenhum dos personagens. Só que ver o circo pegar fogo nessa mistura de um The Office dos ricos com um Game of Thrones corporativo, em que só existem os Lannisters tentando se matar. Roteiro brilhante e atuações marcantes.
Mestres do Universo (1ª Temporada - Salvando Eternia: Parte 1)
3.3 143 Assista AgoraEsse revival de He-Man ficou excelente. Kevin Smith soube muito bem pegar a série clássica e transformar numa aventura para os tempos atuais. A proposta foi bem executada. Tem altos e baixos, mas ficou acima da média. Ótimas cenas de ação. Alguns dos diálogos são afiadíssimos. Algumas cenas emocionantes. Desenvolvimento de personagens surpreendente. E que quebra maravilhosa de expectativas.
Lupin (Parte 2)
4.0 161Série divertida, apesar do furos de roteiro e soluções forçadas. Mas o grande barato é ver Assane arquitetando seus planos mirabolantes.
Gokushufudou: Tatsu Imortal (1ª Temporada - Parte 1)
4.0 51Deliciosa idiotice. Tatsu é um personagem sensacional.
Neon Genesis Evangelion
4.5 328 Assista AgoraDepois de muito tempo, revi Evangelion, na Netflix, com o áudio original. Foi um anime que, na primeira vez, levei anos pra terminar, assistindo em canais a cabo. E lembro como fiquei puto com o final sem pé nem cabeça. Agora tô de boa. Achei até bonito.
The Expanse (5ª Temporada)
4.0 34 Assista AgoraA 5ª temporada de The Expanse tem alguns dos melhores episódios da série. No geral, faltou coesão. Mas sobrou emoção e momentos WTF. Foi a temporada de Naomi e Amos. A 3ª temporada continua pra mim como a melhor.
Killing Eve - Dupla Obsessão (2ª Temporada)
4.2 215 Assista AgoraA primeira temporada tinha uma história mais interessante. Fora a novidade de ver uma série de espionagem escrita, dirigida, produzida e protagonizada por mulheres. Foi algo realmente inovador. E estamos de falando de Phoebe Waller Bridge. A segunda temporada vale pelos personagens. A química maluca entre Eve e Vilanelle continua ótima. E adoro ver Fiona Shaw pagando de dona da porra toda.
O Mandaloriano: Star Wars (2ª Temporada)
4.5 445 Assista AgoraA 2ª temporada de The Mandalorian é uma decepção com um belo visual. A temporada anterior tinha apresentado ao fã de Star Wars uma possibilidade de curtir esse universo de maneira revigorada, mesmo que a linha do tempo da série estivesse tão próxima da trilogia clássica, apenas cinco depois de O Retorno de Jedi.
Mas o que empolgou foi ver uma produção para a tela pequena bem cuidada, contando uma história decente e com personagens cativantes, com alguma originalidade, sem utilizar o cânone de forma exagerada, apelativa, num fan service gratuito.
O protagonista, Mando/ Djinn Djarin, foi bem desenvolvido, assim como sua relação com Baby Yoda/Grogu. Adicione coadjuvantes que a gente se importa, boas cenas de ação e de humor, direção de arte e efeitos que levam Star Wars a um próximo nível visual, a trilha sonora inovadora de Ludwig Göransson e temos algo simples e direto, bem a cara de franquia.
A 2ª temporada, porém, jogou praticamente tudo isso no lixo. Transformou-se numa metralhadora giratória de fan service, sacrificando a relevância do próprio protagonista da série. O pobre do mandaloriano se tornou um mestre de cerimônias. Há momentos incríveis com personagens muito amados? Sim. Mas nem todas as presenças se justificam do ponto de vista criativo. Entregar exatamente o que o público quer pode ser bom apenas para os negócios.
The Last Jedi foi uma das melhores coisas que aconteceu a Star Wars. Mas o fã babão ficou chocado, frustrado e revoltado. E mesmo tendo personagens femininas fodonas em The Mandalorian, Star Wars, sob o comando de Jon Favreau e Dave Filoni, voltou a ser uma brincadeira para meninos. Infelizmente.
The End of the F***ing World (2ª Temporada)
3.9 315Fiquei com sentimentos contraditórios sobre essa 2ª temporada. Acho que o roteiro evoluiu por transformar a esquisitice característica da série em algo ainda mais reflexivo e profundo. Mas, por outro lado, acho que houve situações menos inspiradas do texto e personagens menos interessantes em relação à 1ª temporada. O amor por Alyssa e James continua. Uma 3ª temporada fecharia muito bem essa jornada divertida e melancólica com a qual me identifiquei tanto.
Watchmen
4.4 562 Assista AgoraSó agora vi a primeira temporada de Watchmen da HBO. Quando anunciaram o projeto, muitos torceram o nariz, eu inclusive. Ainda mais com Damon Lindelof como showrunner. Um cara que pegou um universo incrível como o de Lost e traumatizou os fãs da série com uma temporada final tão ruim, mas tão ruim, que só foi superada com o final de Game of Thrones, quase dez anos depois. Tudo bem que não vi The Leftlovers, o que dizem ser a redenção de Lindelof. Mas, de qualquer maneira, uma série de Watchmen parecia uma ideia idiota. Pra piorar, o filme de Zack Snyder transformou a atmosfera decadente e emasculada da graphic novel em algo tipo um Michael Bay gourmet, com violência e virilidade explícitas (ok, a sequência do surgimento do doutor Manhattan é foda!). Mas aí termino de ver a série de HBO em choque. É uma das melhores coisas já feitas para a televisão. Acaba sendo muito fiel ao trabalho de Alan Moore ao mostrar os super-heróis, os vigilantes, como pessoas frustadas, paranoicas, patéticas e traumatizadas. Além de ampliar as repercussões da violência de Estado da HQ para a própria formação dos EUA como um país que institucionaliza o racismo, por meio da política, da polícia e da mídia. O fascinante na série é que sua intenção em recontar a História, questionando brutalmente a versão oficial, é realizada com tamanho vigor, com uma produção, ao mesmo tempo, que nos convida a refletir e mesmerizante. Praticamente tudo funciona na produção de cada episódio. A HBO soltou a grana pra gente de muito talento dar o seu melhor. A decepção fica para o último episódio, que teve a ingrata tarefa de amarrar todas as pontas soltas ao longo da temporada na maior correria, com poucos momentos para os personagens mais relevantes fecharem seus arcos de forma mais digna. Mesmo assim, que série sensacional. Dificilmente haverá uma segunda temporada. Agora me digam: como os executivos da HBO deram sinal de verde pra essa série densa, polêmica, estranha e cara?
Atlanta (2ª Temporada)
4.6 206 Assista AgoraDonald Glover é um artista multitalentoso, ator, cantor, produtor, roteirista, diretor. Mas é como o criador de Atlanta que ele mostra todo o seu potencial. Ele quebra paradigmas ao apresentar uma série escrita, produzida e protagonizada por pessoas negras. Uma série tão sofisticada quanto os melhores exemplos da era de ouro da televisão, ocorrida nos últimos vinte anos. A verdade é que a excelência da televisão americana sempre foi dominada por produtores e roteiristas brancos. Atlanta alia ousadia narrativa ao flertar com o surrealismo e o terror e maturidade temática ao tratar de questões sociais, particularmente da condição do negro americano, desconhecido ou famoso, conectando tudo com a autorreflexão, dando profundidade aos personagens. Além de existir um aprimoramento na produção (fotografia, montagem, estrutura de roteiro etc.). Cada vez mais, Atlanta merece uma posição ao lado de séries icônicas como Madmen, Sopranos, The Wire e Breaking Bad.
Fleabag (2ª Temporada)
4.7 889 Assista AgoraEu sou fanboy de Phoebe Waller-Bridge. E é em Fleabag que a vimos no seu auge. Na 2ª temporada, a protagonista, que adora se sabotar, mete o pé na jaca de vez. A franqueza da personagem é cativante e divertidíssima. Ao mesmo tempo, a série é triste pra burro. Porque nos identificamos com os problemas de Fleabag: a dificuldade de conexão com os outros, o alto preço pago por quem desafia as convenções sociais e as dúvidas de nosso lugar no mundo. Fleabag não quer ser um exemplo de mulher para ninguém, só quer ser ela mesma. Estou na torcida para que Waller-Brigde mude de ideia e faça uma 3ª temporada. De qualquer maneira, a personagem teve um final arrebatador em sua simplicidade e significado.
Undone (1ª Temporada)
4.3 133 Assista AgoraEssa série deixaria Philip K. Dick orgulhoso. Trata-se de um mergulho profundo na mente da protagonista. Após um acidente de carro, Alma descobre que pode se comunicar com seu pai morto, um cientista, e viajar no espaço-tempo. Ou não? O humor de Alma é afiado, o que incomoda muita gente. E ela mesma sofre com sua instabilidade emocional. A técnica de rotoscopia, de animação dos movimentos dos atores, dá muita liberdade para os criadores da série pirarem, em mudanças inusitadas de cenários e ritmos de edição. Outro triunfo de Undone é a representatividade. O elenco é diverso. E a surdez e a ascendência mexicana de Alma são elementos centrais da trama.
O Mandaloriano: Star Wars (1ª Temporada)
4.4 532 Assista AgoraLobo Solitário no espaço, com pitadas de Sérgio Leone. Tinha tudo para dar errado, mas deu muito certo. A série mistura elementos consagrados da franquia com novos personagens e uma história distante dos Skywalkers. Resgata o clima de aventura e simplicidade da trilogia original, mas acaba apresentando a versão mais violenta de um produto live-action de Star Wars. Personagens cativantes, efeitos especiais insanos para uma “série de TV”, fan service bem feito e uma trilha sonora que evoca Ennio Morricone.
Devilman Crybaby
4.1 190 Assista AgoraAnime definitivamente para adultos. Há exageros em sua violência tão gráfica, mas a escatologia desse universo se encaixa muito bem na reflexão sobre os “demônios” da condição humana. A técnica de animação, psicodélica e de traços imprecisos, mostra a instabilidade emocional dos personagens, acompanhada por uma trilha sonora tecno vibrante. O finale da série nos pega de surpresa. É, ao mesmo tempo, tão bonito e tão triste.
The Boys (1ª Temporada)
4.3 820 Assista AgoraO Watchmen de Alan Moore mostrou os super-heróis como figuras melancólicas, com um senso de justiça distorcido e deprimente. Na série The Boys, os super-heróis são um pesadelo camuflado em camadas de marketing. São psicopatas vaidosos a serviço de grandes corporações. Mesmo considerando que a série foi produzida pelo serviço de streaming de um cara com a maior pinta de vilão de quadrinhos, Jeff Bezos, o dono da Amazon, The Boys é divertido e faz um retrato brutal do mundo das celebridades.