É uma comédia sutil que trata de assuntos sérios com bastante leveza, embasado na repressão e subsequente ascensão da mulher, ele também dialoga a respeito de outros temas como incesto, configuração familiar, relacionamentos, (in)fidelidade, luta de classes, hipocrisia, liberdade sexual, coorporativismo feminino, igualdade entre os sexos, política, e ainda discute os papéis do homem e da mulher na sociedade.
À princípio a sra Pujol aparentemente não passa de uma dondoca anencéfala que - justiça seja feita - cuida e administra perfeitamente o seu lar e a sua família. Porém, em algum momento somos levados a pensar “será que ela é assim porque quer ou porque o marido a mantém dessa forma?” Talvez seja um pouco dos dois, comodismo e impedimento. E um pouco de medo.
De qualquer forma num determinado momento do filme a sra Pujol é obrigada a assumir o poder diante da convalescência do marido, e então timidamente começa a descobrir a própria força que tem. Assim, ao longo do filme aquele bibelô frágil vai ganhando fibra e passa a enfrentar os problemas além do portão de casa, ela encara o mundo lá fora, seu universo se expande e junto com ele surge uma enorme vontade de viver e lutar. Enfim ela começa a sentir o gostinho da liberdade. O filme é isso, representa a mulher em ascensão, buscando seu espaço, afirmando suas qualidades, provando que é capaz, e pra isso precisa brigar com o masculino.
São inúmeras referências à repressão, há guerra entre os sexos, luta de classes, esposa troféu, amante submissa e até filhos envolvidos nos jogos de intrigas e chantagens, tudo remete ao jogo de poder. No meio de tantos conflitos, a cena que ao meu ver representa o DESPERTAR para a luta e consequente libertação ocorre quando os empregados gritam "Pujol, chega! Pujol, chega! Pujol, chega!" e em seguida a esposa e a secretária se vêem instintivamente repetindo como se inconscientemente também protestassem contra o sr Pujol. Foi genial essa cena, elas não se dão conta, mas compartilham o mesmo sentimento que os empregados reprimidos. Elas também querem se libertar.
E abro um parêntese pra comentar a relação da secretária com a sra Pujol. Ambas encontram-se envolvidas com o Sr Pujol, cada uma à sua maneira, e isso pressupõe que sejam inimigas veladas. Porém cada uma vive no seu ambiente, uma na casa e uma na empresa, como se dividissem amigavelmente o Sr Pujol, cada uma sabe da outra e por razões próprias e em nome da sobrevivência se respeitam e se toleram. Mas tudo muda quando a sra Pujol adentra na empresa e as duas acabam unidas contra a repressão do Sr Pujol. No fim das contas a secretária reconhece que não passa da potiche 2 e isso é incrível.
Outra grande sacada do Ozon foi seu sarcasmo ao manipular o suposto incesto de Laurent – que parece ser gay - e deslocá-lo da Floriane para o Jean-François. Primeiro nos fez acreditar que Laurent e Floriane eram irmãos por serem filhos do sr Pujol, provado que não eram ele posteriormente sugeriu que o Laurent estava tendo um caso com o Jean-François, ambos filhos do tabelião, e assim manteve a suspeita de incesto presumido. Porém jamais teremos certeza.
Então ao assistir esse filme percebemos o imenso poder que a mulher tem, o quanto ela é inteligente a ponto de fingir-se um ‘potiche’ ou permitir-se sê-lo enquanto as condições forem desfavoráveis à sua rebelião. A mulher tem o dom de gerenciar, comandar ainda eu silenciosamente, elas mandam de uma maneira tão amável, conquistando, que nem percebemos que estão mandando. E esse é o grande perigo. Por fim, o Ozon nos lembra que ninguém é perfeito e nem mesmo uma ‘potiche’, que foi capaz de trair o marido inúmeras vezes.
Quando assisto um filme como esse vejo que a miséria humana também atinge as crianças e isso é muito triste. Não falo aqui da miséria enquanto falta de condições sócio-econômicas, mas falta de amor (e isso me lembra o filme ‘Não sou eu, eu juro!’). Stella vive num ambiente insalubre, com pais ausentes, carente de tudo, passa a ter medo do mundo, das pessoas e com isso acaba não aprendendo a viver e ser feliz.
Confesso que a história não me contagiou desde o início, achei a narrativa lenta e chata. Demorei até me colocar no lugar da Stella, mas quando me dei conta já estava sentindo o vazio e a carência que ela sentia, a falta de rumo e de boas referências familiares. Com o passar do filme o ritmo tornou-se mais interessante e me dei conta de que a monotonia e apatia que senti no começo do filme era exatamente o sentimento que tomava conta da vida dela. E se a intenção do diretor foi compartilhar essa sensação conosco ele conseguiu muito bem.
Stella parece não ter perspectivas na vida, não sonha, não tem amigos, nem sorri. Seus pais não lhe dão exemplos, não a acompanham nem lhe dão a atenção necessária. Ela vive cercada de bêbados vagabundos que gritam e aparentemente são felizes, mas na verdade carregam um imenso vazio no peito. Vazio, é esse o conceito que se repete em boa parte do filme, corações vazios, relações vazias, educação e instrução vazias. A relação dos pais com Stella é pobre de manifestações de amor, atenção, valores, e isso tudo influencia sobremaneira a formação dessa criança, tornando-a seca e infeliz, num mundo completamente preto-e-branco.
Mas que bom que o filme muda de ritmo, ela faz uma grande amiga chamada Gladys que se torna o símbolo da esperança, ela mostra uma luz no fim do túnel e apresenta um novo mundo à pequena Stella. Essa nova realidade é feliz, colorida, divertida, tem música, livros, e amigos escritores. A partir de então o mundo começa a oferecer aquilo que seus pais se ausentaram lhe dar e nesse ponto senti uma semelhança com a filosofia do filme ‘Preciosa’, no qual a alma da protagonista parece nascer diante de nossos olhos.
O momento que simbolizou esse despertar para uma nova vida pareceu-me mais evidente no momento em que ela escuta um disco emprestado pela Gladys e rasga o papel de parede infantil do quarto, como se quisesse romper com essa fase e tudo que ela representava. A menina tornava-se mulher, passava a ter desejos, descobriu a paixão, passou a gostar de ler e estudar, tinha sede de beber o mundo. Posteriormente ela menstrua, marco fisiológico da maturidade.
Em síntese o filme mostra a trajetória de uma criança ‘abandonada’ pelos pais apesar de viver com eles, que aprende a sonhar e virar-se sozinha na vida, inclusive defendendo-se dos seus perigos a exemplo do vizinho pedófilo. Essa foi uma cena que esperei, com medo, durante todo o filme. Era óbvio que em algum momento algum cara ia tentar abusá-la, afinal vivendo naquele ambiente com aqueles pais completamente ausentes alguma hora isso iria acontecer. E o vizinho desde sempre mostrou-se suspeito com tantos elogios e carinho, um nojento. Vale a pena assistir.
É o tipo de filme que não é feito pra agradar, não serve pra passar o tempo e se entreter. Ele dá um soco na boca do estômago, mostra uma realidade dura, pessoas amargas, sofridas. São dois personagens opostos, unidos pelas adversidades. Joseph é revoltado e agressivo, Hannah é calma e submissa; ambos sofrem, cada um à sua maneira. Muito bom!
Filme ou poesia? Talvez um misto dos dois. Que obra fantástica, incrivelmente presa ao silêncio, mas que não deixou a desejar em nada por conta disso; muito pelo contrário, é extremamente rica e singela. Nunca vi nenhum filme parecido com esse.
Achei muito interessante a forma como o “hóspede” explorava as casas que invadia, descobrindo pouco a pouco os seus anfitriões, como se vivesse um pouco da vida e rotina deles. Além disso, registrava os momentos como se fossem sua própria vida.
Foram muitas nuances, olhares de soslaio e espreitadas de casa em casa até chegar à mansão onde encontraria uma moça que, por motivos diferentes dos seus, também sentia a necessidade de se esconder. E como se escondia bem, tão bem que nem o próprio garoto não a percebeu facilmente. A tal moça queria ser cuidada, o garoto queria uma companheira, e apesar dos receios eles se aproximaram lentamente tecendo um lindo sentimento, puro e bonito.
Nas cenas em que ele estava preso cheguei a pensar que ele havia enlouquecido, tentava se esconder do carcereiro e apesar das surras que levava parecia não aprender a lição, insistia na brincadeira de mau gosto. Somente depois que entendi o intuito disso, ele não estava brincando, estava treinando pra poder habitar a casa da sua amada sem ser notado pelo seu marido carrasco. E o treinamento na cadeia foi tão bom, mas tão bom, que conseguiu viver feliz ao lado dela como um hóspede invisível. Ou será que tudo não passou de imaginação da cabeça dela pra tornar o calvário mais ameno?
Quanto à cena do beijo, que cena... Inesquecível. Ficou marcada na minha cabeça. Excelente
O filme é muito angustiante, de uma angústia que aperta o peito, sufoca. Os homens que sussurram causam medo, serão eles do bem ou do mal? Além disso, ficamos compadecidos diante dos pais que tentam proteger os filhos amados diante do perigo iminente do fim do mundo.
Achei o filme fantástico, bem dirigido, com muitas cenas incríveis. Quanto ao desfecho, que já foi bastante criticado, acredito que
dentro do gênero ficção científica ele foi sensacional de modo que algumas pessoas podem não ter gostado dos últimos 10 minutos por não se identificarem com tal gênero. Particularmente não gosto de filmes catastróficos ou que ficam cada vez mais incompreensíveis e no fim se explicam por extraterrestres, mas desse gostei e talvez seja porque já desconfiava que houvessem extraterrestres, me preparei pra aceitar um desfecho um tanto impensável.
Através dessa belíssima obra de arte somos convidados a conhecer um novo mundo, silencioso, porém rico, onde gestos e expressões valem mais do que muitas palavras faladas, onde os toques são mais intensos, os olhares mais expressivos, e a vida é sem dúvida igualmente bonita.
A todo instante no filme o que pude perceber é que as emoções podem ser passadas de diversas formas, inclusive transcendendo as palavras, é isso que é explorado intensamente. A história de amor entre Evy e Nick poderia não ter sido tão interessante caso eles falassem, pois o que a tornou peculiar e atraente aos nossos olhos foi a cumplicidade com a qual se comunicam, se tocam e levam a vida no mundo do silêncio. Pra nós pode parecer estranho no começo, mas logo notamos como é bela a forma com que se comunicam.
A sequência que me deixou mais tenso foi quando o Nick contou à Evy que havia matado o pai e por isso não poderia voltar. Desde então fiquei com medo do que poderia acontecer, quando ela resolveu mergulhar e estava com muito medo dela eu temi pela sua vida. Dentre todas as cenas do filme a que mais me marcou foi sem dúvida o grito sufocado de Evy na banheira, no momento em que ela pressente a morte/suicídio do Nick. Foi o único instante em que eu verdadeiramente senti falta do som, senti a sua dor familiar, mas sem percebê-la pelo timbre da voz.
O Tim Burton nos conquista pelo impecável acabamento visual, aliado a um ótimo elenco com atuação excelente, mas temos que admitir que seus filmes nunca serão clássicos e têm um caráter puramente comercial. A história de 'sombras da noite' é bastante previsível e sem grandes reviravoltas ou surpresas, nada excepcional ou que nos desperte profundas reflexões, é só pra relaxar e se entreter mesmo.
Parece ABSURDO e até impensável que situações como a retratada no filme possam acontecer na vida real, porém às vezes somos surpreendidos ao ver no noticiário a 'libertação' de famílias que viviam num regime semelhante, totalitário e completamente isolado do mundo.
Acho que eu não tive a sensibilidade suficiente de sentir o filme ou deixar que ele tomasse conta de mim, talvez se eu tivesse vivido um amor assim na adolescência eu pudesse ter penetrado melhor na ideia que o diretor quis passar.
De qualquer forma ficou bastante claro que Camille e Sullivan se entregaram de forma diferente ao relacionamento, ela o colocou como sendo o seu universo inteiro, ele a tratou como uma parte do seu mundo, e ainda assim quis gozar da liberdade. Claro que a Camille acaba sofrendo infinitamente mais diante da separação.
Depois que Sullivan viajou pela América do sul achei o filme forçado, a passagem de tempo não foi bem clara, o Sullivan sumiu da história, além disso, o romance de Camille com o arquiteto foi - ao meu ver - pouco costurado na trama, tudo muito rápido e sem explicação. Não me convenceu. A única coisa que fez sentido nessa fase pós-Sullivan foi a Camille passar a preencher sua vida com outras atividades que não fosse pensar nele. A sua vida ganhou alguma dimensão.
Apesar da distância e das circunstâncias, no final do filme percebemos que o amor sobreviveu (sufocado) dentro da Camille, é achei uma pena que ela e o Sullivan tenham transformado aquele sentimento tão bonito numa relação clandestina, e por menos romântico que eu seja não me agradei do desfecho. Eu entendo que ela teve medo de sofrer novamente, preferiu manter-se acomodada com o casamento e esquecer o Sullivan, mas será que foi feliz assim? Triste por triste teria sido melhor sofrer com seu amor de adolescência, eu acho.
A propósito, destaco a observação feita pela Victória Melchiades Baltezan em algum comentário abaixo sobre a cena em que ela joga no rio o chapéu que o Sullivan lhe deu e o observa sendo levado pela correnteza, como se fizesse o mesmo com o sentimento que nutria por ele.
O filme trata antes de tudo da essência humana e suas relações, usando pra isso David e Lisa, cada um com suas limitações. Porém, há quem encare como um filme focado nos transtornos psiquiátricos, não é verdade.
É interessante como cada um deles foi capaz de tornar-se louco o suficiente pra poder estar perto do outro, digo, David passou a falar rimando e Lisa aprendeu a não tocá-lo, cada um assimilou a 'loucura' (entre aspas, mesmo) do outro para poderem manter-se perto. Seria isso a essência do amor?
Acho uma bobagem chamá-los de loucos somente porque distoam da maioria da população, porque tem manias, compulsões, limitações, mas isso os torna loucos? E quem não tem suas peculiaridades? Todos nós temos.
O filme sem dúvida uma história muito bonita, o amor que brota a despeito de qualquer dificuldade, que nasce saudavelmente de duas pessoas consideradas doentes. O desfecho é indescritível através de simples palavras, nele ocorreu o momento mais esperado por mim em toda a película.
Além disso as atuações de Keir Dullea (David), Howard Da Silva (dr. Swinford) e Janet Margolin (Lisa) são perfeitas.
Em Shame vi duas pessoas que tem uma extrema dificuldade no campo das relações afetivas, sendo que cada um sofre à sua maneira. Brandon resolve escapar através do desapego, sexo promíscuo e casual, aparentemente sofre menos, mas quando é obrigado a se deparar com as próprias dificuldades ele mostra a verdadeira dimensão da sua dor tão bem ocultada. Sua irmã, por outro lado, tem o sofrimento mais escancarado, marcado no corpo e nas atitudes inseguras e dependentes. Sem dúvida a intensidade é uma marca do filme.
A mensagem que pude extrair do filme é que muitas pessoas apesar de serem rotuladas como promíscuas, pervertidas e superficiais,às vezes apenas têm dificuldade de se relacionar, seja por trauma, medo ou insegurança. Há uma cena em que o Brandon está transando com uma mulher e pelo simples fato dela ser carinhosa demais, pra ele representa uma ameaça, ataca ele de um jeito tão forte que ele perde até o desejo sexual. Ele não optou ser viciado por sexo, o faz pra fugir do relacionamento, pois não sabe lidar com isso. A irmã diante do medo do abandono prefere entregar-se à morte. E novamente digo que cada um reage à sua maneira diante dos seus medos mais secretos.
Importante destacar a atuação brilhante dos perdonagens, sobretudo do Michael Fassbender, as cenas de sexo são bastante quentes e realistas e a trilha sonora é insuperável. A cena da tentativa de suicídio da Sissy foi muito forte, temi que o filme acabasse ali, com ela morta nos braços do irmão. Apesar dela manter-se viva, o desfecho permaneceu em aberto, com os personagens principais ainda envolvidos nos seus conflitos mal-resolvidos.
Americanos vão fazer uma refilmagem do filme, que pena.
Crítica super pertinente do uol:
"Hollywood não se cansa de alimentar a preguiça de seu público, ao realizar refilmagens de bons - e recentes - filmes estrangeiros. Existe a crença por lá que os consumidores não gostam de filmes em língua não-inglesa (com legendas), portanto não vão assisti-los. Assim, compram histórias de filmes consagrados em outros países e colocam rostinhos conhecidos do público estadunidense."
A forma como o diretor colocou as duas perspectivas - a de Angélique e a do Dr Loic - foi essencial para que pudéssemos entender a neurose da paciente. Além disso, ele consegue a princípio nos despertar raiva do médico e pena da mocinha; só depois somos apresentados à loucura da Angélique e passamos a temer pela integridade física e mental do Dr Loic. Essa concepção foi GENIAL! Aos mais atentos é possível notar a dualidade desde o título e capa do filme, tudo remete a duas versões, duas perspectivas, e ao decorrer do filme isso apenas se confirma.
A temática da obsessão foi muito bem retratada, começando de forma ingênua através de um amor platônico e, aparentemente, inofensivo, até evoluir para um sentimento doentio que não mede esforços para manter-se vivo, ultrapassa todos os limites imagináveis de sensatez. Muitas pessoas podem pensar que a Angélique é uma destruidora de lares, invejosa, mal e que apenas quer acabar com a vida do outro, mas não é bem assim. Erotomania é uma patologia, a pessoa doente realmente inventa um mundo imaginário, paralelo, e embarca nessa loucura como se verdade fosse. Parece insano, e talvez realmente seja, mas a pessoa se engana e comete verdadeiros absurdos em nome de um 'paixão'. Pessoas como o Dr Loic, por ingenuidade ou pura falta de experiência, podem acabar alimentando esse sentimento doentio e sem notar acabam dando força a essa loucura.
No final do filme ficou bem claro que Angélique não se curou, apenas mentiu para o psiquiatra a fim de poder sair da clínica psiquiátrica. Provavelmente voltou a atormentar o pobre Dr Loic ou encontrou outro pelo caminho para continuar vivendo de migalhas. Relacionar-se com o outro é difícil, mas certamente o caminho que a Angélique (inconscientemente) optou não é o mais fácil.
Um deleite, um convite à reflexão, esse filme é genial. Os Franceses, aliás, são geniais.
Um mundo em que não há batom, partida de futebol, nem carros, as pessoas se vestem sem exaltação, são descabeladas, sem construções, sem dinheiro, sem desigualdade. E os concertos de silêncio? Que ideia fantástica, quem dera houvesse aqui na Terra.
Achei o filme bastante original, ri muito e pensei diversos aspectos da nossa sociedade e vida Terrena. Destaco as cenas embaladas pela música 'tutti-fruti', ri demais.
Potiche - Esposa Troféu
3.5 162 Assista Agora***** ATENÇÃO: contém SPOILER*****
É uma comédia sutil que trata de assuntos sérios com bastante leveza, embasado na repressão e subsequente ascensão da mulher, ele também dialoga a respeito de outros temas como incesto, configuração familiar, relacionamentos, (in)fidelidade, luta de classes, hipocrisia, liberdade sexual, coorporativismo feminino, igualdade entre os sexos, política, e ainda discute os papéis do homem e da mulher na sociedade.
À princípio a sra Pujol aparentemente não passa de uma dondoca anencéfala que - justiça seja feita - cuida e administra perfeitamente o seu lar e a sua família. Porém, em algum momento somos levados a pensar “será que ela é assim porque quer ou porque o marido a mantém dessa forma?” Talvez seja um pouco dos dois, comodismo e impedimento. E um pouco de medo.
De qualquer forma num determinado momento do filme a sra Pujol é obrigada a assumir o poder diante da convalescência do marido, e então timidamente começa a descobrir a própria força que tem. Assim, ao longo do filme aquele bibelô frágil vai ganhando fibra e passa a enfrentar os problemas além do portão de casa, ela encara o mundo lá fora, seu universo se expande e junto com ele surge uma enorme vontade de viver e lutar. Enfim ela começa a sentir o gostinho da liberdade. O filme é isso, representa a mulher em ascensão, buscando seu espaço, afirmando suas qualidades, provando que é capaz, e pra isso precisa brigar com o masculino.
São inúmeras referências à repressão, há guerra entre os sexos, luta de classes, esposa troféu, amante submissa e até filhos envolvidos nos jogos de intrigas e chantagens, tudo remete ao jogo de poder. No meio de tantos conflitos, a cena que ao meu ver representa o DESPERTAR para a luta e consequente libertação ocorre quando os empregados gritam "Pujol, chega! Pujol, chega! Pujol, chega!" e em seguida a esposa e a secretária se vêem instintivamente repetindo como se inconscientemente também protestassem contra o sr Pujol. Foi genial essa cena, elas não se dão conta, mas compartilham o mesmo sentimento que os empregados reprimidos. Elas também querem se libertar.
E abro um parêntese pra comentar a relação da secretária com a sra Pujol. Ambas encontram-se envolvidas com o Sr Pujol, cada uma à sua maneira, e isso pressupõe que sejam inimigas veladas. Porém cada uma vive no seu ambiente, uma na casa e uma na empresa, como se dividissem amigavelmente o Sr Pujol, cada uma sabe da outra e por razões próprias e em nome da sobrevivência se respeitam e se toleram. Mas tudo muda quando a sra Pujol adentra na empresa e as duas acabam unidas contra a repressão do Sr Pujol. No fim das contas a secretária reconhece que não passa da potiche 2 e isso é incrível.
Outra grande sacada do Ozon foi seu sarcasmo ao manipular o suposto incesto de Laurent – que parece ser gay - e deslocá-lo da Floriane para o Jean-François. Primeiro nos fez acreditar que Laurent e Floriane eram irmãos por serem filhos do sr Pujol, provado que não eram ele posteriormente sugeriu que o Laurent estava tendo um caso com o Jean-François, ambos filhos do tabelião, e assim manteve a suspeita de incesto presumido. Porém jamais teremos certeza.
Então ao assistir esse filme percebemos o imenso poder que a mulher tem, o quanto ela é inteligente a ponto de fingir-se um ‘potiche’ ou permitir-se sê-lo enquanto as condições forem desfavoráveis à sua rebelião. A mulher tem o dom de gerenciar, comandar ainda eu silenciosamente, elas mandam de uma maneira tão amável, conquistando, que nem percebemos que estão mandando. E esse é o grande perigo. Por fim, o Ozon nos lembra que ninguém é perfeito e nem mesmo uma ‘potiche’, que foi capaz de trair o marido inúmeras vezes.
Os Pinguins do Papai
3.1 1,3K Assista AgoraJim Carrey já foi BEM melhor e já me fez rir BEM mais. Mande esse direto pra sessão da tarde.
Vicky Cristina Barcelona
3.8 2,1KNem vou comentar muito, só digo que esperava mais.
Stella
3.9 108***** Atenção: contém SPOILER *****
Quando assisto um filme como esse vejo que a miséria humana também atinge as crianças e isso é muito triste. Não falo aqui da miséria enquanto falta de condições sócio-econômicas, mas falta de amor (e isso me lembra o filme ‘Não sou eu, eu juro!’). Stella vive num ambiente insalubre, com pais ausentes, carente de tudo, passa a ter medo do mundo, das pessoas e com isso acaba não aprendendo a viver e ser feliz.
Confesso que a história não me contagiou desde o início, achei a narrativa lenta e chata. Demorei até me colocar no lugar da Stella, mas quando me dei conta já estava sentindo o vazio e a carência que ela sentia, a falta de rumo e de boas referências familiares. Com o passar do filme o ritmo tornou-se mais interessante e me dei conta de que a monotonia e apatia que senti no começo do filme era exatamente o sentimento que tomava conta da vida dela. E se a intenção do diretor foi compartilhar essa sensação conosco ele conseguiu muito bem.
Stella parece não ter perspectivas na vida, não sonha, não tem amigos, nem sorri. Seus pais não lhe dão exemplos, não a acompanham nem lhe dão a atenção necessária. Ela vive cercada de bêbados vagabundos que gritam e aparentemente são felizes, mas na verdade carregam um imenso vazio no peito. Vazio, é esse o conceito que se repete em boa parte do filme, corações vazios, relações vazias, educação e instrução vazias. A relação dos pais com Stella é pobre de manifestações de amor, atenção, valores, e isso tudo influencia sobremaneira a formação dessa criança, tornando-a seca e infeliz, num mundo completamente preto-e-branco.
Mas que bom que o filme muda de ritmo, ela faz uma grande amiga chamada Gladys que se torna o símbolo da esperança, ela mostra uma luz no fim do túnel e apresenta um novo mundo à pequena Stella. Essa nova realidade é feliz, colorida, divertida, tem música, livros, e amigos escritores. A partir de então o mundo começa a oferecer aquilo que seus pais se ausentaram lhe dar e nesse ponto senti uma semelhança com a filosofia do filme ‘Preciosa’, no qual a alma da protagonista parece nascer diante de nossos olhos.
O momento que simbolizou esse despertar para uma nova vida pareceu-me mais evidente no momento em que ela escuta um disco emprestado pela Gladys e rasga o papel de parede infantil do quarto, como se quisesse romper com essa fase e tudo que ela representava. A menina tornava-se mulher, passava a ter desejos, descobriu a paixão, passou a gostar de ler e estudar, tinha sede de beber o mundo. Posteriormente ela menstrua, marco fisiológico da maturidade.
Em síntese o filme mostra a trajetória de uma criança ‘abandonada’ pelos pais apesar de viver com eles, que aprende a sonhar e virar-se sozinha na vida, inclusive defendendo-se dos seus perigos a exemplo do vizinho pedófilo. Essa foi uma cena que esperei, com medo, durante todo o filme. Era óbvio que em algum momento algum cara ia tentar abusá-la, afinal vivendo naquele ambiente com aqueles pais completamente ausentes alguma hora isso iria acontecer. E o vizinho desde sempre mostrou-se suspeito com tantos elogios e carinho, um nojento. Vale a pena assistir.
Tiranossauro
4.0 236 Assista AgoraÉ o tipo de filme que não é feito pra agradar, não serve pra passar o tempo e se entreter. Ele dá um soco na boca do estômago, mostra uma realidade dura, pessoas amargas, sofridas. São dois personagens opostos, unidos pelas adversidades. Joseph é revoltado e agressivo, Hannah é calma e submissa; ambos sofrem, cada um à sua maneira. Muito bom!
Casa Vazia
4.2 409Filme ou poesia? Talvez um misto dos dois. Que obra fantástica, incrivelmente presa ao silêncio, mas que não deixou a desejar em nada por conta disso; muito pelo contrário, é extremamente rica e singela. Nunca vi nenhum filme parecido com esse.
Achei muito interessante a forma como o “hóspede” explorava as casas que invadia, descobrindo pouco a pouco os seus anfitriões, como se vivesse um pouco da vida e rotina deles. Além disso, registrava os momentos como se fossem sua própria vida.
Foram muitas nuances, olhares de soslaio e espreitadas de casa em casa até chegar à mansão onde encontraria uma moça que, por motivos diferentes dos seus, também sentia a necessidade de se esconder. E como se escondia bem, tão bem que nem o próprio garoto não a percebeu facilmente. A tal moça queria ser cuidada, o garoto queria uma companheira, e apesar dos receios eles se aproximaram lentamente tecendo um lindo sentimento, puro e bonito.
Nas cenas em que ele estava preso cheguei a pensar que ele havia enlouquecido, tentava se esconder do carcereiro e apesar das surras que levava parecia não aprender a lição, insistia na brincadeira de mau gosto. Somente depois que entendi o intuito disso, ele não estava brincando, estava treinando pra poder habitar a casa da sua amada sem ser notado pelo seu marido carrasco. E o treinamento na cadeia foi tão bom, mas tão bom, que conseguiu viver feliz ao lado dela como um hóspede invisível. Ou será que tudo não passou de imaginação da cabeça dela pra tornar o calvário mais ameno?
Quanto à cena do beijo, que cena... Inesquecível. Ficou marcada na minha cabeça. Excelente
Presságio
3.1 1,8K Assista AgoraO filme é muito angustiante, de uma angústia que aperta o peito, sufoca. Os homens que sussurram causam medo, serão eles do bem ou do mal? Além disso, ficamos compadecidos diante dos pais que tentam proteger os filhos amados diante do perigo iminente do fim do mundo.
Achei o filme fantástico, bem dirigido, com muitas cenas incríveis. Quanto ao desfecho, que já foi bastante criticado, acredito que
dentro do gênero ficção científica ele foi sensacional de modo que algumas pessoas podem não ter gostado dos últimos 10 minutos por não se identificarem com tal gênero. Particularmente não gosto de filmes catastróficos ou que ficam cada vez mais incompreensíveis e no fim se explicam por extraterrestres, mas desse gostei e talvez seja porque já desconfiava que houvessem extraterrestres, me preparei pra aceitar um desfecho um tanto impensável.
Sei Que Vou Te Amar
3.7 157PRECISO ver esse filmeeee! alguém tem o torrent?
170 Hz
3.5 64Através dessa belíssima obra de arte somos convidados a conhecer um novo mundo, silencioso, porém rico, onde gestos e expressões valem mais do que muitas palavras faladas, onde os toques são mais intensos, os olhares mais expressivos, e a vida é sem dúvida igualmente bonita.
A todo instante no filme o que pude perceber é que as emoções podem ser passadas de diversas formas, inclusive transcendendo as palavras, é isso que é explorado intensamente. A história de amor entre Evy e Nick poderia não ter sido tão interessante caso eles falassem, pois o que a tornou peculiar e atraente aos nossos olhos foi a cumplicidade com a qual se comunicam, se tocam e levam a vida no mundo do silêncio. Pra nós pode parecer estranho no começo, mas logo notamos como é bela a forma com que se comunicam.
170 Hz
3.5 64***** ATENÇÃO: contém SPOILER *****
A sequência que me deixou mais tenso foi quando o Nick contou à Evy que havia matado o pai e por isso não poderia voltar. Desde então fiquei com medo do que poderia acontecer, quando ela resolveu mergulhar e estava com muito medo dela eu temi pela sua vida. Dentre todas as cenas do filme a que mais me marcou foi sem dúvida o grito sufocado de Evy na banheira, no momento em que ela pressente a morte/suicídio do Nick. Foi o único instante em que eu verdadeiramente senti falta do som, senti a sua dor familiar, mas sem percebê-la pelo timbre da voz.
A Era do Gelo 3
3.6 1,1K Assista AgoraMuito bom e rende muitas risadas!!!
Sexta-Feira Muito Louca
3.1 1,0K Assista AgoraFraquinho... Digno de sessão da tarde.
Segundas Intenções 2
2.5 235 Assista AgoraNão chega aos pés do primeiro!
A Delicadeza do Amor
3.9 919 Assista AgoraSem dúvida é ma bela história de amor, amor que se finda e recomeça. E todas as entrelinhas possíveis no meio desses dois atos.
Aos sensíveis a película é um deleite; aos que têm pouca intimidade com o amor, a meu exemplo, é um desafio de compreensão e altruísmo.
Sombras da Noite
3.1 4,0K Assista AgoraO Tim Burton nos conquista pelo impecável acabamento visual, aliado a um ótimo elenco com atuação excelente, mas temos que admitir que seus filmes nunca serão clássicos e têm um caráter puramente comercial. A história de 'sombras da noite' é bastante previsível e sem grandes reviravoltas ou surpresas, nada excepcional ou que nos desperte profundas reflexões, é só pra relaxar e se entreter mesmo.
Dente Canino
3.8 1,2KParece ABSURDO e até impensável que situações como a retratada no filme possam acontecer na vida real, porém às vezes somos surpreendidos ao ver no noticiário a 'libertação' de famílias que viviam num regime semelhante, totalitário e completamente isolado do mundo.
Adeus, Primeiro Amor
3.3 191***** ATENÇÃO: contém SPOILER *****
Acho que eu não tive a sensibilidade suficiente de sentir o filme ou deixar que ele tomasse conta de mim, talvez se eu tivesse vivido um amor assim na adolescência eu pudesse ter penetrado melhor na ideia que o diretor quis passar.
De qualquer forma ficou bastante claro que Camille e Sullivan se entregaram de forma diferente ao relacionamento, ela o colocou como sendo o seu universo inteiro, ele a tratou como uma parte do seu mundo, e ainda assim quis gozar da liberdade. Claro que a Camille acaba sofrendo infinitamente mais diante da separação.
Depois que Sullivan viajou pela América do sul achei o filme forçado, a passagem de tempo não foi bem clara, o Sullivan sumiu da história, além disso, o romance de Camille com o arquiteto foi - ao meu ver - pouco costurado na trama, tudo muito rápido e sem explicação. Não me convenceu. A única coisa que fez sentido nessa fase pós-Sullivan foi a Camille passar a preencher sua vida com outras atividades que não fosse pensar nele. A sua vida ganhou alguma dimensão.
Apesar da distância e das circunstâncias, no final do filme percebemos que o amor sobreviveu (sufocado) dentro da Camille, é achei uma pena que ela e o Sullivan tenham transformado aquele sentimento tão bonito numa relação clandestina, e por menos romântico que eu seja não me agradei do desfecho. Eu entendo que ela teve medo de sofrer novamente, preferiu manter-se acomodada com o casamento e esquecer o Sullivan, mas será que foi feliz assim? Triste por triste teria sido melhor sofrer com seu amor de adolescência, eu acho.
A propósito, destaco a observação feita pela Victória Melchiades Baltezan em algum comentário abaixo sobre a cena em que ela joga no rio o chapéu que o Sullivan lhe deu e o observa sendo levado pela correnteza, como se fizesse o mesmo com o sentimento que nutria por ele.
David e Lisa
4.2 34 Assista AgoraO filme trata antes de tudo da essência humana e suas relações, usando pra isso David e Lisa, cada um com suas limitações. Porém, há quem encare como um filme focado nos transtornos psiquiátricos, não é verdade.
É interessante como cada um deles foi capaz de tornar-se louco o suficiente pra poder estar perto do outro, digo, David passou a falar rimando e Lisa aprendeu a não tocá-lo, cada um assimilou a 'loucura' (entre aspas, mesmo) do outro para poderem manter-se perto. Seria isso a essência do amor?
Acho uma bobagem chamá-los de loucos somente porque distoam da maioria da população, porque tem manias, compulsões, limitações, mas isso os torna loucos? E quem não tem suas peculiaridades? Todos nós temos.
O filme sem dúvida uma história muito bonita, o amor que brota a despeito de qualquer dificuldade, que nasce saudavelmente de duas pessoas consideradas doentes. O desfecho é indescritível através de simples palavras, nele ocorreu o momento mais esperado por mim em toda a película.
Além disso as atuações de Keir Dullea (David), Howard Da Silva (dr. Swinford) e Janet Margolin (Lisa) são perfeitas.
Shame
3.6 2,0K Assista Agora***** Atenção: contém SPOILER *****
Em Shame vi duas pessoas que tem uma extrema dificuldade no campo das relações afetivas, sendo que cada um sofre à sua maneira. Brandon resolve escapar através do desapego, sexo promíscuo e casual, aparentemente sofre menos, mas quando é obrigado a se deparar com as próprias dificuldades ele mostra a verdadeira dimensão da sua dor tão bem ocultada. Sua irmã, por outro lado, tem o sofrimento mais escancarado, marcado no corpo e nas atitudes inseguras e dependentes. Sem dúvida a intensidade é uma marca do filme.
A mensagem que pude extrair do filme é que muitas pessoas apesar de serem rotuladas como promíscuas, pervertidas e superficiais,às vezes apenas têm dificuldade de se relacionar, seja por trauma, medo ou insegurança. Há uma cena em que o Brandon está transando com uma mulher e pelo simples fato dela ser carinhosa demais, pra ele representa uma ameaça, ataca ele de um jeito tão forte que ele perde até o desejo sexual. Ele não optou ser viciado por sexo, o faz pra fugir do relacionamento, pois não sabe lidar com isso. A irmã diante do medo do abandono prefere entregar-se à morte. E novamente digo que cada um reage à sua maneira diante dos seus medos mais secretos.
Importante destacar a atuação brilhante dos perdonagens, sobretudo do Michael Fassbender, as cenas de sexo são bastante quentes e realistas e a trilha sonora é insuperável. A cena da tentativa de suicídio da Sissy foi muito forte, temi que o filme acabasse ali, com ela morta nos braços do irmão. Apesar dela manter-se viva, o desfecho permaneceu em aberto, com os personagens principais ainda envolvidos nos seus conflitos mal-resolvidos.
Deite Comigo
2.7 126 Assista AgoraAlguém tem o link pra baixar?
Bem Me Quer, Mal Me Quer
4.0 522Americanos vão fazer uma refilmagem do filme, que pena.
Crítica super pertinente do uol:
"Hollywood não se cansa de alimentar a preguiça de seu público, ao realizar refilmagens de bons - e recentes - filmes estrangeiros. Existe a crença por lá que os consumidores não gostam de filmes em língua não-inglesa (com legendas), portanto não vão assisti-los. Assim, compram histórias de filmes consagrados em outros países e colocam rostinhos conhecidos do público estadunidense."
Bem Me Quer, Mal Me Quer
4.0 522***** AVISO: Contém SPOILER *****
A forma como o diretor colocou as duas perspectivas - a de Angélique e a do Dr Loic - foi essencial para que pudéssemos entender a neurose da paciente. Além disso, ele consegue a princípio nos despertar raiva do médico e pena da mocinha; só depois somos apresentados à loucura da Angélique e passamos a temer pela integridade física e mental do Dr Loic. Essa concepção foi GENIAL! Aos mais atentos é possível notar a dualidade desde o título e capa do filme, tudo remete a duas versões, duas perspectivas, e ao decorrer do filme isso apenas se confirma.
A temática da obsessão foi muito bem retratada, começando de forma ingênua através de um amor platônico e, aparentemente, inofensivo, até evoluir para um sentimento doentio que não mede esforços para manter-se vivo, ultrapassa todos os limites imagináveis de sensatez. Muitas pessoas podem pensar que a Angélique é uma destruidora de lares, invejosa, mal e que apenas quer acabar com a vida do outro, mas não é bem assim. Erotomania é uma patologia, a pessoa doente realmente inventa um mundo imaginário, paralelo, e embarca nessa loucura como se verdade fosse. Parece insano, e talvez realmente seja, mas a pessoa se engana e comete verdadeiros absurdos em nome de um 'paixão'. Pessoas como o Dr Loic, por ingenuidade ou pura falta de experiência, podem acabar alimentando esse sentimento doentio e sem notar acabam dando força a essa loucura.
No final do filme ficou bem claro que Angélique não se curou, apenas mentiu para o psiquiatra a fim de poder sair da clínica psiquiátrica. Provavelmente voltou a atormentar o pobre Dr Loic ou encontrou outro pelo caminho para continuar vivendo de migalhas. Relacionar-se com o outro é difícil, mas certamente o caminho que a Angélique (inconscientemente) optou não é o mais fácil.
Géminis
3.1 19Revi o filme na esperança de que o final fosse diferente, mas... doeu do mesmo jeito.
Turista Espacial
4.3 236Um deleite, um convite à reflexão, esse filme é genial. Os Franceses, aliás, são geniais.
Um mundo em que não há batom, partida de futebol, nem carros, as pessoas se vestem sem exaltação, são descabeladas, sem construções, sem dinheiro, sem desigualdade. E os concertos de silêncio? Que ideia fantástica, quem dera houvesse aqui na Terra.
Achei o filme bastante original, ri muito e pensei diversos aspectos da nossa sociedade e vida Terrena. Destaco as cenas embaladas pela música 'tutti-fruti', ri demais.