Thasio

Estou cada vez mais nutrindo um amor incondicional pelo cinema pernambucano. Ele vêm trazendo elementos do Cinema Novo com toda aquela ideia de mostrar a instabilidade racial e classista no Brasil, acrescentando ficcionalidades e simbologias, colocando essas “brasilidades” no audiovisual de um jeito lindo e necessariamente poético.

A respeito dos atores não serem considerados "profissionais", acho interessante frisar que eles tiveram uma entrega sim, e também um trabalho de construção de personagens, o próprio diretor, Tiago Melo, deixa isso claro em uma entrevista.

Azougue Nazaré é um símbolo de urgência e de tolerância no meio dessa bagunça em que se encontra o país.

O filme é carregado de silêncios, vazios... e os intervalos colocados entre os capítulos nos permite preencher, sem a necessidade de explicar tudo. Com cenas bem desenhadas e costuras precisas, esse é o tipo de filme que não precisa tagarelar, as imagens falam.

E embora o relacionamento homoafetivo tenha sua importância na trama, o foco do filme vai bem além, tratando sobre questões de como descobrir suas verdadeiras identidades sem precisar apagar o passado, ou seja, o filme consegue ao mesmo tempo naturalizar uma relação entre duas pessoas do mesmo sexo e tratar de um tema universal, onde você não precisa ser necessariamente homossexual para se identificar.

Wagner querido, virou meu crush agora!

Uma crise existencial com pitadas de comédia ou uma comédia com pitadas de crise existencial. Enfim, só sei que o filme é muito lindo e muito se deve a sua mise-en-scène.