Uma proposta interessante, que no fim das contas, não colou. O filme ganha alguns pontos na fotografia (muito negligenciado no terror e achei bem surpreendente), que remete a bons clássicos, e inova na angulação e jogadas de câmera: cena do jantar, por exemplo, ou da escada para o sotão. Já a ligação que fizeram com o primeiro filme é sagaz, mas não se sustenta e não justifica o desenrolar da trama. Todo o roteiro é absolutamente previsível, com talvez 2 exceções cujas quais só não são previsíveis por serem absolutamente aleatórias e desnecessárias pra trama, algo recorrente na franquia aliás. Uma delas é o próprio final do filme que foi batido num liquidificador e filmado. Me pergunto: já são quantos filmes na franquia onde o boneco está envolvido em assassinatos em série e vira evidência e simplesmente ninguém da justiça parece se importar com a ligação? Infelizmente como fã do clássico, também achei essa ~releitura~ do boneco um tanto mal feita, e algumas cenas são sofríveis...para não falar do resto do elenco que em partes consegue ser menos expressiva que o boneco. No geral, apesar de eu enxergar uma tentativa sincera de reviver a franquia, o filme é bastante fraco e cai em erros recorrentes da mesma. Ainda que consiga trazer um pouco do tom nostálgico, ele é apagado por uma montagem e um roteiro risível e um desfecho que consegue trazer o pior dos 4º e 5º filmes de volta para atormentar os fãs.
Excelente animação. Sinestésica e imersiva, ganha inclusive nos momentos de "silêncio", no caso aqui o silêncio dos personagens, pois o mundo é extremamente cheio de sentido e real em todos os momentos. Além disso é extremamente sensível na história, nos mostrando os dramas internos, dores, e posterior amadurecimento dos 2 personagens. A propósito, não dá pra deixar de citar a Trilha Sonora também extremamente tocante. Belíssima.
Não entrarei no mérito científico do filme, acerca de viagens temporais, diferentes timelines e todos os paradoxos, pois daria um texto enorme e isso já tem bastante por aí. Inclusive para quem tiver mais interesse no assunto como eu, e quem busca entender melhor esse tipo de filme e assunto, recomendo que busquem a resenha no site "Astronomytek".
O que posso dizer é que o filme nesse ponto é extremamente redondo e embasado, bastante difícil apontar falhas nesse aspecto. Apesar desse mérito, o filme acaba pecando em outros aspectos. É verdade que não há a complexidade de Donnie Darko, ou mesmo de outros filmes do gênero, tanto em narrativa quanto em profundidade dos personagens, mas a narrativa simples, a meu ver, mais auxilia que atrapalha o entendimento de assunto tão complexo. No entanto, alguns pontos beiram muito a ingenuidade, tanto da direção, quanto das personagens, e isso se reflete numa percepção de quase menosprezo por quem está assistindo a obra (por exemplo o fato de se envolverem com a máfia de apostas com tantas outras possibilidades). As atuações estão longe de serem excelentes, a Danielle Panabaker não me convence tanto (nem no seriado Flash), mas aqui essa perspectiva de "bobona/ingênua" vem bem a calhar na hora do desfecho. Já os outros 2 deixam muito a desejar. O roteiro e a velocidade da narrativa também não contribuem na construção das personagens, com varios deles surgindo e desaparecendo minutos depois.
Como um filme mais simples e de baixo orçamento, eu acho que souberam aproveitar bem o tema, ainda mais considerando pouquíssimos cenários e atores e atrizes. Ainda assim, acredito que poderiam ter ousado mais no roteiro e não menosprezado tanto as personagens e a quem assiste ao filme, e trazido mais elementos interessantes ao desenvolvimento da obra.
Percebo que o filme não tem o intuito real de nos mostrar um retrato tão fiel dos beats, mas sim um recorte de um momento específico de seu surgimento e de um caso de assassinato, enquanto pincela todo resto das questões. No entanto, partindo de um retrato que se propõe ser real, biográfico, imparcial, o filme se escora apenas na visão e relatos de Ginsberg acerca da época, e a meu ver isso tira boa parte da credibilidade da obra. Aliado a essa escolha, o diretor decide utilizar um roteiro e uma montagem típicas de filmes de suspense e ficção, o que, apesar da boa intenção de aproximar dramaticamente o espectador, acaba gerando confusões desnecessárias. Esse misto acaba atrapalhando o desenvolvimento de certas personagens, como de Borroughs e Kerouac, que ficam apagados e quase jogados pelo filme. Além de questões polêmicas que foram jogadas lá no meio e ficaram sem a devida atenção. Como exemplo cito uma espécie de romantização bastante problemática do Kammerer, e a própria relação de Kerouac com a mulher. À parte destes fatores negativos, os pontos altos do filme sem dúvidas são as atuações bastante entregadas e fortes de Radcliff e DeHann. Os personagens Carr e Ginsberg quase sempre se destacam de maneira brilhante nas telas, e por muitas vezes causando bastante impacto durante as cenas (mesmo em alguns momentos mais caricatos), isso aliado ao fato de o filme conseguir dar um "ar" de dupla moral para quase todos seus personagens e não tomar muitos lados sobre alguns acontecimentos tão controversos da época devolvem um pouco da credibilidade que a obra perde com a "mistura de gêneros". O design de produção, a fotografia, figurinos e pontos artísticos do filme são excelentes. Com exceção da trilha sonora que achei fraca na mistura com músicas atuais (eu ouvi um Bloc Party ali no meio??). Concluindo, apesar de no quesito artístico e de atuação o filme se destacar e mesmo conseguir envolver em certas partes, a mistura de gêneros e talvez a ingenuidade ou falta de experiência do diretor acabam atrapalhando a proposta do filme. Com uma montagem quebrada, a obra acaba nos entregando muito mais um leve thriller sobre um acontecido do que um retrato mais concreto sobre os beats e como se deu seu surgimento. Particularmente tenho muito apreço por esses tipos de thrillers, que conheci assistindo Urbania (2000), então certas coisas me cativaram por esse lado, no entanto tendo em vista o objetivo real do filme, ele deixou muito a desejar.
Diferentemente de "O Som ao Redor", aqui Kleber Mendonça consegue colocar os efeitos sinestésicos em favor da narrativa, e não o contrário, o que a meu ver foi onde o filme anterior pecou, deixando em segundo plano o que deveria estar em primeiro. A narrativa de Aquarius é profunda e impactante, nos trazendo não apenas elementos comuns do dia a dia observável, mas daquilo que temos dentro da gente. Com capítulos que sugerem sempre a metáfora adiante, vamos passando por momentos da vida de Clara, enquanto esta tenta lidar com a liquidez cada vez maior da sociedade contemporânea. Enquanto a personagem tenta estar sempre aberta às novidades, e possui inclusive uma moral que certas pessoas possam considerar ainda hoje negativa ou duvidosa, e enquanto tenta tambem lidar com os acontecimentos que surgem em sua vida, ela mantém a "teimosia" interior de sua vida simples e se mantém escorada em elementos emocionais mais sólidos, que são em grande parte ignorados ou mal vistos pela sociedade atual. O prédio, os discos, as relações pessoais. tudo se encaixa em torno de Clara para formar a grande contradição com a especulação imobiliária, as mídias digitais, e a superficialidade e pressa das relações atuais. E saliento aqui um dos pontos que talvez seja o mais emocionante do filme que são as discussões entre Clara e seus filhos, onde a atuação e o peso emocional da narrativa atingem seu transbordamento. Aquarius é sem dúvidas um grande acerto do cinema brasileiro, e mais uma das grandes obras que surgem no Nordeste, nos jogando na cara os "cupins" que corroem a nossa sociedade, tanto na questão material, quanto nos valores das relações inter-pessoais.
Enredo MUITO previsível. O lance dos pais ficou claro desde o começo, O lance do Aiden quase em seguida. O filme é mal amarrado, apesar de ter alguns momentos muito bons e imersivos, incluindo o clímax. A cena final é decepcionante e desnecessária.
Esperava menos do filme. Depois que os segredos são revelados as peças se encaixam, desde o pedido de desculpas dos pais no começo, à carta, e todo o resto. Pode não parecer mas o filme foi muito metódico e rigoroso com os detalhes desde o início. Existem alguns momentos inconsistentes entre as ações da protagonista, mas gostei muito do roteiro. Recomendo :)
Já digo que a leitura abaixo pode conter informações que modifiquem a perspectiva de quem ainda não viu o filme mas pretende ver. É um tanto complicado definir o que é "spoiler" nesse filme.
Não sei nem por onde começar a falar desse filme. É simplesmente genial em diversos sentidos. A começar pela própria divulgaçao do filme como comédia, que pega de surpresa quem vai assistir com olhar mais despretensioso (como ocorreu no meu caso). Justamente por começar a assistir sem nenhum conhecimento prévio, na primeira meia hora me foi possível dar risada do ar caricato em que o protagonista se apresentava e das pequenas piadas, que até então não tinham cunho político-ideológico. E então o filme começa a foder sua mente com cenas extremamente reais (algumas de fato o eram), e seu cérebro simplesmente explode com o choque de realidade apresentado pelas cenas e pelo próprio contexto metalinguístico real-fictício que o filme trabalha. O filme se torna já antes da primeira hora totalmente desconfortável, inclusive com frases que não remetem somente ao contexto da História mas certamente remetem ao próprio telespectador, como por exemplo: "No começo, as pessoas também davam risada." É simplesmente um tapa na cara da sociedade atual e um retrato da crise em que vivemos, não apenas alemã-européia e de como os discursos fascistas surgem, e como são e podem ser manipulados para se atingir um objetivo de poder com apoio popular. Mas nos mostra o quanto somos parte e contribuimos para manutenção desses tipos de discursos, sejam eles velados ou não. O filme ainda nos traz diversas outras reflexões sobre democracia, política, tecnologia, humor, propaganda, que acharia dificil serem sintetizadas como foram em ações e falas, e por isso aqui tem um mérito ENORME. Eu definitivamente recomendo esse filme à qualquer um que consiga pensar fora da caixinha. Não vou nem me referir às críticas técnicas porque simplesmente nem vejo muito cabimento depois desse delírio de filme.
Que filme incrível. Que roteiro estupendo. Blanchett e Mara possuem uma química e uma sensibilidade e gestualidade incrível, e que foi muito bem captada pelo enquadramento das câmeras. Um filme sobre o amor, porém tratado de forma madura e sem no entanto deixar de lado todo tipo de obstrução que ele pode causar à vida cotidiana e vice-versa. Enredo sólido, elegante, com atuações e uma trilha sonora de babar. Triste não indicarem Carol para melhor filme e direção, mas ansioso para ver as outras possíveis premiações no Oscar. Go Burwell!
Vikander deu um verdadeiro show nesse filme. acredito que Redmayne foi muito bom também, mas faltou algo. Eu realmente acredito que deveriam ter chamado uma atriz transgênero para o papel, onde talvez fosse mais fácil e natural passar as emoções e sentimentos da Lili. No entanto, acho que o Redmayne merece a indicação sim, fez um trabalho excelente para adrentar a personagem, e em dados momentos conseguiu nos passar a emoção apenas através dos gestos, tiro o chapéu. Ambas indicações ao Oscar merecidíssimas. Achei o roteiro com muitos arcos inexplicados, e algumas situações sobre o que se passava com Lili poderiam ter sido abordadas melhor, acredito eu. Me impressiona não terem indicado o filme para Fotografia, achei impecável, assim como o figurino (esse foi indicado). Sem dúvidas um belo filme.
As animações estão excelentes este ano. Acredito que Inside Out é o grande, e praticamente único, favorito pro Oscar, mas tendo assistido os concorrentes, é dificil ter de escolher um. O Menino e o Mundo nos traz o entendimento do mundo pelos olhos de uma pequena criança, com críticas incisivas e de uma maneira universal e sem falas. Não só isso, mas a trilha sonora, edição de som e a criatividade da animação são pontos altos aqui. Incrível a sensibilidade de Alê Abreu e a capacidade de passar a mensagem a todos.
McKay Gênio. Um filme sobre esse tema tem tudo para ser massante, por mais bem intencionado que seja. Um filme com esse tamanho de elenco tem tudo para ser um desastre, por melhor que seja o elenco. Um filme com essa energia e inovação de roteiro e narrativa tem tudo para estragar o entendimento de quem assiste, por mais que o estilo atraia e segure o espectador. De fato, talvez nem sempre o didatismo empregado nas inserções seja suficiente, mas os termos se faziam importantes, e as inserções foram uma maneira incomum e bem humorada de se explicar a situação.
Bem, o fato é que até o momento apenas McKay pôde unir tantas coisas e informações e constituir um filme sólido como esse, com atuações excelentes e narrativa sarcástica e bastante cômica mas sem deixar de lado a exposição de todo lixo de Wall Street (A cena das agências de classificação de riscos é genial, pra não citar outras coisas). Talvez ainda assim o filme não atinja a capacidade de chegar ao gosto de parte do público, mas até aqui esse é o mais próximo que chegou ao ponto de tratar desse tema de uma maneira a se aproximar do público ao mesmo tempo em que expõe os grotescos fatos de maneira detalhada. Aplaudo de pé.
DiCaprio sem dúvidas em uma de suas melhores atuações. Na minha concepção, ali não mais existia um ator interpretando um papel e sim puramente Hugh Glass, o trabalho do DiCaprio, com seu detalhismo e expressões, é de tirar o chapéu. O roteiro e a narrativa são simples, mas ganham em como tratam os indígenas e a relação com os invasores (inclusive historiograficamente compatível e não apenas baseado na romantização). Montagem e design de produção magníficos, o enquadramento da câmera e as cenas de luta sem cortes contribuíram e muito pro efeito cinestésico, babei na cena do urso. Sem contar a própria edição de som e a fotografia que é belíssima e deve competir fortemente com Mad Max no Oscar. Quanto a direção, concorrido. Sem dúvidas Iñarritu fez um belo trabalho aqui, mas com McKay e Miller no páreo, fica difícil apostar. De modo geral The Revenant acertou com maestria a maiorias do pontos. Não leva minha nota máxima por conta de alguns detalhes do roteiro e do pacing da narrativa.
Esse filme apesar de um roteiro e narrativa extremamente simples, consegue nos dar um vislumbre interessante da vida de um jovem. Vejo esse filme como várias pinceladas de um quadro, com cada retoque sendo dado pela trilha sonora, que é verdadeiramente emocionante: Bowie, The Cure, Red Hot, Arcade Fire, Muse. O ator que faz o protagonista Lorenzo é ótimo, assim como a Tea Falco, que faz a Olivia. Eu realmente só esperava um pouco mais de ousadia da narrativa e do roteiro, acredito que o filme acabou sendo apenas algumas pinceladas soltas dentro de um quadro incompleto. Acho que Bertolucci deveria ao menos ousar mais já que tende a se fixar em temas tão similares em seus filmes.
O roteiro foi uma verdadeira surpresa positiva em vários sentidos. Assisti apenas com a sinopse em mente e esperava algo completamente diferente. O retrato do pós confinamento é angustiante, inteligente e ao mesmo tempo singelo. Tudo pelo olhar de Jack que leva a narrativa com frases e sentimentos que nos fazem refletir sobre as sensações de prisão e liberdade, e na capacidade de transformação e superação de problemas das pessoas. Mesmo o filme não "fechando", por exemplo, a ponta do avô, é completamente compreensível a escolha, assim como diversas outras ao longo da película. E que atuação belíssima dos protagonistas.
"Tem tantos lugares no mundo. Tem menos tempo, porque o tempo tem quer ser espalhado por cima de todos os lugares, como manteiga. Só o que as pessoas dizem é: 'Depressa!', 'Vamos logo!', 'Ande mais rápido!', 'Termine já!'"
"Mãe ficou com pressa pra ir pro Céu, mas ela me esqueceu. Mãe burra! Então eles jogaram ela de volta no chão. BUM! E a quebraram."
Que trabalho excelente temos aqui. Apesar das escolhas de roteiro ser a de nos bombardear com informação a todo momento, e isto tornar a experiência um tanto confusa de início, esta mesma escolha é ao mesmo tempo um dos maiores trunfos durante todo o filme. Impossível não ser absorvido rapidamente pela atmosfera frenética e investigativa do filme (e que trabalho superbo de ambientaçao e filmagem, aliás), que nos leva a diversos meandros, segredos e conspirações de uma das instituições mais poderosas do planeta e nos embrulha o estômago e a mente ao nos forçar a tomar conhecimento de tudo isso com o combo incessante de informações reais que nos são atiradas. E apesar da praticamente impecável forma de ter nos contado toda esta história, ainda nos deixa com perguntas diversas na cabeça e dúvidas, que certamente existem ainda até hoje sobre esses casos, como o de um dos padres que Sacha visita e obtém uma confissão. Não posso deixar de citar as complexas e excelentes atuações do filme: Keaton, Ruffalo, Tucci e McAdams deram um show. Sinceramente queria que Spotlight não fosse obscurecido por outros filmes mais favoritos ao Oscar.
O filme é muito bom, mesmo com uma narrativa que peca muito e que é excessivamente extensa. Por sorte a atuação de Abraham Attah e a fotografia do filme conseguiram comover, explicar e dimensionar tudo que a própria narrativa não conseguiu. Esse garoto merece todos os prêmios possíveis por ter carregado um filme dessa magnitude quase sozinho. Fukunaga, se aventure mais pela fotografia, sua sensibilidade é única, não precisa fazer tudo sozinho.
Excelente roteiro, tudo bem amarradinho, boa representatividade, utilização de técnicas e transições antigas aliadas aos efeitos 3D e tecnologia atual ficaram excelentes, Trilha sonora clássica, elementos antigos e novos unidos durante todo filme de maneira espetacular. Easter Eggs bem pontuados para os fãs. Ahhhh que delicia foi ver esse filme. ~I have a -good- feeling about this!~ Que venham os próximos episódios!
Filme sem emoção, e com um final super brega e desnecessário. Minha nota só não é menor porque eu realmente não esparava que fosse mais do que ele foi. A narrativa foi fraca e as críticas são extremamente superficiais. É um filme "sessão da tarde", com boas cenas de ação aqui e acolá, infelizmente focaram em coisas desnecessárias durante todo o filme, talvez essa divisão em duas partes finais mais atrapalhou que ajudou. Se tivessem focado mais na guerra midiática (mostrando mais a população dos locais, e alguns diálogos) a história se tornasse mais profunda e significativa. E tempo disponível tinha, era só tirar metade das cenas de triangulo amoroso entre Kat/Gale/Peeta do filme. :D
Achei a abordagem das diretoras e a mistura entre a ficção e realidade bastante interessantes. O tom onírico e os diálogos existenciais atingem lá no fundo. Acredito que o filme atingiu sua proposta, e ainda trouxe, ainda que não tenha instigado diretamente como proposta narrativa, mas sim por algumas aflições e diálogos da Olivia e conhecidos, um debate interessante e NECESSÁRIO sobre o corpo da mulher, pressão social, e esse fardo da gravidez que apenas quem passa pela situação pode dizer o quanto pode ser pesado.
Beira-mar é um filme que foca na naturalidade e nos momentos banais. E através disso tenta retratar um conflito e uma realidade de escolhas e vazio na adolescência. É compreesível que muita gente não tenha gostado do filme, pois é uma narrativa que não traz tensão ou grandes acontecimentos (com uma pequena exceção no final e na casa do avô) e a monotonia torna tudo bastante cansativo até mesmo para o público com mais expectativa e força de vontade para aguentar os infinitos 83 minutos.
No entanto há que se destacar que a sinestesia e boa parte desses momentos, para mim, foi extremamente bem trabalhada, e ao menos no meu caso, rolou uma grande identificação e compreendimento das angústias e da própria solidão e falta de rumo inerentes aos personagens. O tédio da adolescência. O estilo de fotografia e da filmagem me agradaram bastante, mas a narrativa arrastada, ainda que em partes compreesível e necessária para o efeito sinestésico, deixou muito a desejar.
Mas também tenho que pontuar algumas críticas negativas que tenho lido e que não vejo sentido. Entre elas a suposta heteronormatividade, a falta de diversidade, o clichê da adolescência 'festeira' e um filme que supostamente não tem nada de brasileiro, seja na forma de produção ou no retrato apresentado.
Temos que ter consciência de que Beira-Mar nunca se propôs a ser nada transgressor e sim se propôs a retratar um cotidiano de uma região do Brasil e de uma classe social bastante específicos. Tomaz não é heteronormativo mas instrospectivo, e o fato de Martin o ser condiz com suas angústias e aceitação. É necessário mostrar isso no filme. O culturalismo da região mostrado no filme também é bastante condizente e real, e talvez até pela semelhença cultural tenha feito um certo sucesso pela Alemanha e pelo Leste Europeu. Existe uma frieza maior e um distanciamento que muitos não estão acostumados e isso se reflete mesmo nos diálogos, apesar de existir um certo exagero nas delongas novamente.
Outro ponto: adolescentes fazem festas, fazem reunioes em casa, bebem, se pegam, transam. Isso é um clichê? Sim. Mas a vida é um clichê, e esse tipo de coisa vai continuar sendo retratado enquanto isso acontecer na vida real. Quem nunca brincou de "verdade ou desafio", não bebeu na casa de amigos com as brincadeiras mais bobas,não se pegou, não curtiu daquela forma? É isso que acontece e é isso que foi retratado.
Sobre o fato do filme não ter "nada de brasileiro" já falei um pouco anteriormente, o culturalismo retratado é bastante fiel. Quando as partes técnicas, eu acho bastante engraçado que as mesmas pessoas que criticavam que o cinema brasileiro é igual há décadas (em termos de tema, técnica e narrativa), são as mesmas que hoje criticam o fato de estarmos usando conceitos e técnicas vindas de fora, da França e do Leste Europeu principalmente. Não vejo isso como algo negativo pro cinema brasileiro, até porque temos uma grande e excelente produção bastante brasileira em sua identidade técnica e narrativa, e acho que qualquer tentativa de misturar culturas e técnicas cinematográficas é válida. Não digo aqui que Beira-Mar tenha me parecido um êxito completo, mas está longe da demonização problematizadora que alguns vem fazendo.
Bem, resumindo, gostei do filme, acho possível se identificar com o naturalismo e vazio proposto, e o final é sublime, leve e libertador, mas manteria essa estética diminuindo bastante o arrasto narrativo. Concordo com muitos de que o filme conseguiria ser um curta nota 10 e acho que o fato de ser o primeiro longa dos diretores tenha contribuido muito para alguns desses problemas.
Ok, é um filme previsível, mas nem por isso ruim, a mensagem é extremamente forte e válida. E né, impossível mesmo não citar aquela fotografia e figurinos, na real merece uns premios!
A pancada é tão forte que lágrimas de realidade e revolta rolaram durante o filme. Impecável retrato da classe média e alta brasileira. Um verdadeiro tapa na cara até mesmo dos mais conscientes acerca das questões retratadas. 20 anos de produção valeram mais do que a pena e o retrato se mostra mais atual do que nunca. Duvido que a Academia americana entregue algo ao filme (ainda que o "hype" pelo mundo esteja alto), triste pensar que o filme provavelmente se tornará apenas mais um "Central do Brasil". Esse filme deveria ser lição de casa pra cada pessoa desse mundo. Regina Casé e Camila Márdila perfeitas. Por mais filmes assim! :)
Atingiu minhas expectativas. Um filme adaptado tão bom e inclusivo quanto o livro. Matt Damon também ganhou alguns pontos comigo já que não sou muito fã do ator. As escolhas do roteiro foram ótimas. Fotografia sensacional. Vi em 3D e alguns efeitos também me surpreenderam, trabalho bastante impecável.
Ps: Alguns amigos perceberam uma falha onde tem o reflexo do câmera no capacete do Watney, hehe. Não notei, mas é bem grave pois quebra totalmente a suspensão da descrença do filme.
A Maldição de Chucky
2.6 1,3KUma proposta interessante, que no fim das contas, não colou.
O filme ganha alguns pontos na fotografia (muito negligenciado no terror e achei bem surpreendente), que remete a bons clássicos, e inova na angulação e jogadas de câmera: cena do jantar, por exemplo, ou da escada para o sotão.
Já a ligação que fizeram com o primeiro filme é sagaz, mas não se sustenta e não justifica o desenrolar da trama. Todo o roteiro é absolutamente previsível, com talvez 2 exceções cujas quais só não são previsíveis por serem absolutamente aleatórias e desnecessárias pra trama, algo recorrente na franquia aliás. Uma delas é o próprio final do filme que foi batido num liquidificador e filmado. Me pergunto: já são quantos filmes na franquia onde o boneco está envolvido em assassinatos em série e vira evidência e simplesmente ninguém da justiça parece se importar com a ligação?
Infelizmente como fã do clássico, também achei essa ~releitura~ do boneco um tanto mal feita, e algumas cenas são sofríveis...para não falar do resto do elenco que em partes consegue ser menos expressiva que o boneco. No geral, apesar de eu enxergar uma tentativa sincera de reviver a franquia, o filme é bastante fraco e cai em erros recorrentes da mesma. Ainda que consiga trazer um pouco do tom nostálgico, ele é apagado por uma montagem e um roteiro risível e um desfecho que consegue trazer o pior dos 4º e 5º filmes de volta para atormentar os fãs.
O Jardim das Palavras
4.0 363Excelente animação. Sinestésica e imersiva, ganha inclusive nos momentos de "silêncio", no caso aqui o silêncio dos personagens, pois o mundo é extremamente cheio de sentido e real em todos os momentos. Além disso é extremamente sensível na história, nos mostrando os dramas internos, dores, e posterior amadurecimento dos 2 personagens. A propósito, não dá pra deixar de citar a Trilha Sonora também extremamente tocante. Belíssima.
Lapso Temporal
3.2 397 Assista AgoraNão entrarei no mérito científico do filme, acerca de viagens temporais, diferentes timelines e todos os paradoxos, pois daria um texto enorme e isso já tem bastante por aí. Inclusive para quem tiver mais interesse no assunto como eu, e quem busca entender melhor esse tipo de filme e assunto, recomendo que busquem a resenha no site "Astronomytek".
O que posso dizer é que o filme nesse ponto é extremamente redondo e embasado, bastante difícil apontar falhas nesse aspecto.
Apesar desse mérito, o filme acaba pecando em outros aspectos. É verdade que não há a complexidade de Donnie Darko, ou mesmo de outros filmes do gênero, tanto em narrativa quanto em profundidade dos personagens, mas a narrativa simples, a meu ver, mais auxilia que atrapalha o entendimento de assunto tão complexo. No entanto, alguns pontos beiram muito a ingenuidade, tanto da direção, quanto das personagens, e isso se reflete numa percepção de quase menosprezo por quem está assistindo a obra (por exemplo o fato de se envolverem com a máfia de apostas com tantas outras possibilidades). As atuações estão longe de serem excelentes, a Danielle Panabaker não me convence tanto (nem no seriado Flash), mas aqui essa perspectiva de "bobona/ingênua" vem bem a calhar na hora do desfecho. Já os outros 2 deixam muito a desejar. O roteiro e a velocidade da narrativa também não contribuem na construção das personagens, com varios deles surgindo e desaparecendo minutos depois.
Como um filme mais simples e de baixo orçamento, eu acho que souberam aproveitar bem o tema, ainda mais considerando pouquíssimos cenários e atores e atrizes. Ainda assim, acredito que poderiam ter ousado mais no roteiro e não menosprezado tanto as personagens e a quem assiste ao filme, e trazido mais elementos interessantes ao desenvolvimento da obra.
Versos de um Crime
3.6 666 Assista AgoraPercebo que o filme não tem o intuito real de nos mostrar um retrato tão fiel dos beats, mas sim um recorte de um momento específico de seu surgimento e de um caso de assassinato, enquanto pincela todo resto das questões. No entanto, partindo de um retrato que se propõe ser real, biográfico, imparcial, o filme se escora apenas na visão e relatos de Ginsberg acerca da época, e a meu ver isso tira boa parte da credibilidade da obra. Aliado a essa escolha, o diretor decide utilizar um roteiro e uma montagem típicas de filmes de suspense e ficção, o que, apesar da boa intenção de aproximar dramaticamente o espectador, acaba gerando confusões desnecessárias.
Esse misto acaba atrapalhando o desenvolvimento de certas personagens, como de Borroughs e Kerouac, que ficam apagados e quase jogados pelo filme. Além de questões polêmicas que foram jogadas lá no meio e ficaram sem a devida atenção. Como exemplo cito uma espécie de romantização bastante problemática do Kammerer, e a própria relação de Kerouac com a mulher.
À parte destes fatores negativos, os pontos altos do filme sem dúvidas são as atuações bastante entregadas e fortes de Radcliff e DeHann. Os personagens Carr e Ginsberg quase sempre se destacam de maneira brilhante nas telas, e por muitas vezes causando bastante impacto durante as cenas (mesmo em alguns momentos mais caricatos), isso aliado ao fato de o filme conseguir dar um "ar" de dupla moral para quase todos seus personagens e não tomar muitos lados sobre alguns acontecimentos tão controversos da época devolvem um pouco da credibilidade que a obra perde com a "mistura de gêneros". O design de produção, a fotografia, figurinos e pontos artísticos do filme são excelentes. Com exceção da trilha sonora que achei fraca na mistura com músicas atuais (eu ouvi um Bloc Party ali no meio??).
Concluindo, apesar de no quesito artístico e de atuação o filme se destacar e mesmo conseguir envolver em certas partes, a mistura de gêneros e talvez a ingenuidade ou falta de experiência do diretor acabam atrapalhando a proposta do filme. Com uma montagem quebrada, a obra acaba nos entregando muito mais um leve thriller sobre um acontecido do que um retrato mais concreto sobre os beats e como se deu seu surgimento. Particularmente tenho muito apreço por esses tipos de thrillers, que conheci assistindo Urbania (2000), então certas coisas me cativaram por esse lado, no entanto tendo em vista o objetivo real do filme, ele deixou muito a desejar.
Aquarius
4.2 1,9K Assista AgoraDiferentemente de "O Som ao Redor", aqui Kleber Mendonça consegue colocar os efeitos sinestésicos em favor da narrativa, e não o contrário, o que a meu ver foi onde o filme anterior pecou, deixando em segundo plano o que deveria estar em primeiro. A narrativa de Aquarius é profunda e impactante, nos trazendo não apenas elementos comuns do dia a dia observável, mas daquilo que temos dentro da gente. Com capítulos que sugerem sempre a metáfora adiante, vamos passando por momentos da vida de Clara, enquanto esta tenta lidar com a liquidez cada vez maior da sociedade contemporânea.
Enquanto a personagem tenta estar sempre aberta às novidades, e possui inclusive uma moral que certas pessoas possam considerar ainda hoje negativa ou duvidosa, e enquanto tenta tambem lidar com os acontecimentos que surgem em sua vida, ela mantém a "teimosia" interior de sua vida simples e se mantém escorada em elementos emocionais mais sólidos, que são em grande parte ignorados ou mal vistos pela sociedade atual. O prédio, os discos, as relações pessoais. tudo se encaixa em torno de Clara para formar a grande contradição com a especulação imobiliária, as mídias digitais, e a superficialidade e pressa das relações atuais. E saliento aqui um dos pontos que talvez seja o mais emocionante do filme que são as discussões entre Clara e seus filhos, onde a atuação e o peso emocional da narrativa atingem seu transbordamento.
Aquarius é sem dúvidas um grande acerto do cinema brasileiro, e mais uma das grandes obras que surgem no Nordeste, nos jogando na cara os "cupins" que corroem a nossa sociedade, tanto na questão material, quanto nos valores das relações inter-pessoais.
Floresta Maldita
2.4 489 Assista AgoraEnredo MUITO previsível. O lance dos pais ficou claro desde o começo, O lance do Aiden quase em seguida. O filme é mal amarrado, apesar de ter alguns momentos muito bons e imersivos, incluindo o clímax. A cena final é decepcionante e desnecessária.
Boneco do Mal
2.7 1,2K Assista AgoraEsperava menos do filme. Depois que os segredos são revelados as peças se encaixam, desde o pedido de desculpas dos pais no começo, à carta, e todo o resto. Pode não parecer mas o filme foi muito metódico e rigoroso com os detalhes desde o início. Existem alguns momentos inconsistentes entre as ações da protagonista, mas gostei muito do roteiro. Recomendo :)
Ele Está de Volta
3.8 681Já digo que a leitura abaixo pode conter informações que modifiquem a perspectiva de quem ainda não viu o filme mas pretende ver. É um tanto complicado definir o que é "spoiler" nesse filme.
Não sei nem por onde começar a falar desse filme. É simplesmente genial em diversos sentidos. A começar pela própria divulgaçao do filme como comédia, que pega de surpresa quem vai assistir com olhar mais despretensioso (como ocorreu no meu caso). Justamente por começar a assistir sem nenhum conhecimento prévio, na primeira meia hora me foi possível dar risada do ar caricato em que o protagonista se apresentava e das pequenas piadas, que até então não tinham cunho político-ideológico.
E então o filme começa a foder sua mente com cenas extremamente reais (algumas de fato o eram), e seu cérebro simplesmente explode com o choque de realidade apresentado pelas cenas e pelo próprio contexto metalinguístico real-fictício que o filme trabalha. O filme se torna já antes da primeira hora totalmente desconfortável, inclusive com frases que não remetem somente ao contexto da História mas certamente remetem ao próprio telespectador, como por exemplo: "No começo, as pessoas também davam risada."
É simplesmente um tapa na cara da sociedade atual e um retrato da crise em que vivemos, não apenas alemã-européia e de como os discursos fascistas surgem, e como são e podem ser manipulados para se atingir um objetivo de poder com apoio popular. Mas nos mostra o quanto somos parte e contribuimos para manutenção desses tipos de discursos, sejam eles velados ou não.
O filme ainda nos traz diversas outras reflexões sobre democracia, política, tecnologia, humor, propaganda, que acharia dificil serem sintetizadas como foram em ações e falas, e por isso aqui tem um mérito ENORME.
Eu definitivamente recomendo esse filme à qualquer um que consiga pensar fora da caixinha. Não vou nem me referir às críticas técnicas porque simplesmente nem vejo muito cabimento depois desse delírio de filme.
Carol
3.9 1,5K Assista AgoraQue filme incrível. Que roteiro estupendo. Blanchett e Mara possuem uma química e uma sensibilidade e gestualidade incrível, e que foi muito bem captada pelo enquadramento das câmeras. Um filme sobre o amor, porém tratado de forma madura e sem no entanto deixar de lado todo tipo de obstrução que ele pode causar à vida cotidiana e vice-versa. Enredo sólido, elegante, com atuações e uma trilha sonora de babar. Triste não indicarem Carol para melhor filme e direção, mas ansioso para ver as outras possíveis premiações no Oscar. Go Burwell!
A Garota Dinamarquesa
4.0 2,2K Assista AgoraVikander deu um verdadeiro show nesse filme. acredito que Redmayne foi muito bom também, mas faltou algo. Eu realmente acredito que deveriam ter chamado uma atriz transgênero para o papel, onde talvez fosse mais fácil e natural passar as emoções e sentimentos da Lili. No entanto, acho que o Redmayne merece a indicação sim, fez um trabalho excelente para adrentar a personagem, e em dados momentos conseguiu nos passar a emoção apenas através dos gestos, tiro o chapéu. Ambas indicações ao Oscar merecidíssimas. Achei o roteiro com muitos arcos inexplicados, e algumas situações sobre o que se passava com Lili poderiam ter sido abordadas melhor, acredito eu. Me impressiona não terem indicado o filme para Fotografia, achei impecável, assim como o figurino (esse foi indicado). Sem dúvidas um belo filme.
O Menino e o Mundo
4.3 735 Assista AgoraAs animações estão excelentes este ano. Acredito que Inside Out é o grande, e praticamente único, favorito pro Oscar, mas tendo assistido os concorrentes, é dificil ter de escolher um. O Menino e o Mundo nos traz o entendimento do mundo pelos olhos de uma pequena criança, com críticas incisivas e de uma maneira universal e sem falas. Não só isso, mas a trilha sonora, edição de som e a criatividade da animação são pontos altos aqui. Incrível a sensibilidade de Alê Abreu e a capacidade de passar a mensagem a todos.
A Grande Aposta
3.7 1,3KMcKay Gênio. Um filme sobre esse tema tem tudo para ser massante, por mais bem intencionado que seja. Um filme com esse tamanho de elenco tem tudo para ser um desastre, por melhor que seja o elenco. Um filme com essa energia e inovação de roteiro e narrativa tem tudo para estragar o entendimento de quem assiste, por mais que o estilo atraia e segure o espectador. De fato, talvez nem sempre o didatismo empregado nas inserções seja suficiente, mas os termos se faziam importantes, e as inserções foram uma maneira incomum e bem humorada de se explicar a situação.
Bem, o fato é que até o momento apenas McKay pôde unir tantas coisas e informações e constituir um filme sólido como esse, com atuações excelentes e narrativa sarcástica e bastante cômica mas sem deixar de lado a exposição de todo lixo de Wall Street (A cena das agências de classificação de riscos é genial, pra não citar outras coisas). Talvez ainda assim o filme não atinja a capacidade de chegar ao gosto de parte do público, mas até aqui esse é o mais próximo que chegou ao ponto de tratar desse tema de uma maneira a se aproximar do público ao mesmo tempo em que expõe os grotescos fatos de maneira detalhada. Aplaudo de pé.
O Regresso
4.0 3,5K Assista AgoraDiCaprio sem dúvidas em uma de suas melhores atuações. Na minha concepção, ali não mais existia um ator interpretando um papel e sim puramente Hugh Glass, o trabalho do DiCaprio, com seu detalhismo e expressões, é de tirar o chapéu. O roteiro e a narrativa são simples, mas ganham em como tratam os indígenas e a relação com os invasores (inclusive historiograficamente compatível e não apenas baseado na romantização). Montagem e design de produção magníficos, o enquadramento da câmera e as cenas de luta sem cortes contribuíram e muito pro efeito cinestésico, babei na cena do urso. Sem contar a própria edição de som e a fotografia que é belíssima e deve competir fortemente com Mad Max no Oscar. Quanto a direção, concorrido. Sem dúvidas Iñarritu fez um belo trabalho aqui, mas com McKay e Miller no páreo, fica difícil apostar. De modo geral The Revenant acertou com maestria a maiorias do pontos. Não leva minha nota máxima por conta de alguns detalhes do roteiro e do pacing da narrativa.
Eu e Você
3.5 190Esse filme apesar de um roteiro e narrativa extremamente simples, consegue nos dar um vislumbre interessante da vida de um jovem. Vejo esse filme como várias pinceladas de um quadro, com cada retoque sendo dado pela trilha sonora, que é verdadeiramente emocionante: Bowie, The Cure, Red Hot, Arcade Fire, Muse. O ator que faz o protagonista Lorenzo é ótimo, assim como a Tea Falco, que faz a Olivia. Eu realmente só esperava um pouco mais de ousadia da narrativa e do roteiro, acredito que o filme acabou sendo apenas algumas pinceladas soltas dentro de um quadro incompleto. Acho que Bertolucci deveria ao menos ousar mais já que tende a se fixar em temas tão similares em seus filmes.
O Quarto de Jack
4.4 3,3K Assista AgoraO roteiro foi uma verdadeira surpresa positiva em vários sentidos. Assisti apenas com a sinopse em mente e esperava algo completamente diferente. O retrato do pós confinamento é angustiante, inteligente e ao mesmo tempo singelo. Tudo pelo olhar de Jack que leva a narrativa com frases e sentimentos que nos fazem refletir sobre as sensações de prisão e liberdade, e na capacidade de transformação e superação de problemas das pessoas. Mesmo o filme não "fechando", por exemplo, a ponta do avô, é completamente compreensível a escolha, assim como diversas outras ao longo da película. E que atuação belíssima dos protagonistas.
"Tem tantos lugares no mundo. Tem menos tempo, porque o tempo tem quer ser espalhado por cima de todos os lugares, como manteiga. Só o que as pessoas dizem é: 'Depressa!', 'Vamos logo!', 'Ande mais rápido!', 'Termine já!'"
"Mãe ficou com pressa pra ir pro Céu, mas ela me esqueceu. Mãe burra! Então eles jogaram ela de volta no chão. BUM! E a quebraram."
Spotlight - Segredos Revelados
4.1 1,7K Assista AgoraQue trabalho excelente temos aqui. Apesar das escolhas de roteiro ser a de nos bombardear com informação a todo momento, e isto tornar a experiência um tanto confusa de início, esta mesma escolha é ao mesmo tempo um dos maiores trunfos durante todo o filme. Impossível não ser absorvido rapidamente pela atmosfera frenética e investigativa do filme (e que trabalho superbo de ambientaçao e filmagem, aliás), que nos leva a diversos meandros, segredos e conspirações de uma das instituições mais poderosas do planeta e nos embrulha o estômago e a mente ao nos forçar a tomar conhecimento de tudo isso com o combo incessante de informações reais que nos são atiradas. E apesar da praticamente impecável forma de ter nos contado toda esta história, ainda nos deixa com perguntas diversas na cabeça e dúvidas, que certamente existem ainda até hoje sobre esses casos, como o de um dos padres que Sacha visita e obtém uma confissão.
Não posso deixar de citar as complexas e excelentes atuações do filme: Keaton, Ruffalo, Tucci e McAdams deram um show. Sinceramente queria que Spotlight não fosse obscurecido por outros filmes mais favoritos ao Oscar.
Beasts of No Nation
4.3 831 Assista AgoraO filme é muito bom, mesmo com uma narrativa que peca muito e que é excessivamente extensa. Por sorte a atuação de Abraham Attah e a fotografia do filme conseguiram comover, explicar e dimensionar tudo que a própria narrativa não conseguiu. Esse garoto merece todos os prêmios possíveis por ter carregado um filme dessa magnitude quase sozinho. Fukunaga, se aventure mais pela fotografia, sua sensibilidade é única, não precisa fazer tudo sozinho.
Star Wars, Episódio VII: O Despertar da Força
4.3 3,1K Assista AgoraExcelente roteiro, tudo bem amarradinho, boa representatividade, utilização de técnicas e transições antigas aliadas aos efeitos 3D e tecnologia atual ficaram excelentes, Trilha sonora clássica, elementos antigos e novos unidos durante todo filme de maneira espetacular. Easter Eggs bem pontuados para os fãs. Ahhhh que delicia foi ver esse filme. ~I have a -good- feeling about this!~ Que venham os próximos episódios!
Jogos Vorazes: A Esperança - O Final
3.6 1,9K Assista AgoraFilme sem emoção, e com um final super brega e desnecessário. Minha nota só não é menor porque eu realmente não esparava que fosse mais do que ele foi. A narrativa foi fraca e as críticas são extremamente superficiais. É um filme "sessão da tarde", com boas cenas de ação aqui e acolá, infelizmente focaram em coisas desnecessárias durante todo o filme, talvez essa divisão em duas partes finais mais atrapalhou que ajudou. Se tivessem focado mais na guerra midiática (mostrando mais a população dos locais, e alguns diálogos) a história se tornasse mais profunda e significativa. E tempo disponível tinha, era só tirar metade das cenas de triangulo amoroso entre Kat/Gale/Peeta do filme. :D
Olmo e a Gaivota
3.9 149Achei a abordagem das diretoras e a mistura entre a ficção e realidade bastante interessantes. O tom onírico e os diálogos existenciais atingem lá no fundo. Acredito que o filme atingiu sua proposta, e ainda trouxe, ainda que não tenha instigado diretamente como proposta narrativa, mas sim por algumas aflições e diálogos da Olivia e conhecidos, um debate interessante e NECESSÁRIO sobre o corpo da mulher, pressão social, e esse fardo da gravidez que apenas quem passa pela situação pode dizer o quanto pode ser pesado.
Beira-Mar
2.7 454Beira-mar é um filme que foca na naturalidade e nos momentos banais. E através disso tenta retratar um conflito e uma realidade de escolhas e vazio na adolescência. É compreesível que muita gente não tenha gostado do filme, pois é uma narrativa que não traz tensão ou grandes acontecimentos (com uma pequena exceção no final e na casa do avô) e a monotonia torna tudo bastante cansativo até mesmo para o público com mais expectativa e força de vontade para aguentar os infinitos 83 minutos.
No entanto há que se destacar que a sinestesia e boa parte desses momentos, para mim, foi extremamente bem trabalhada, e ao menos no meu caso, rolou uma grande identificação e compreendimento das angústias e da própria solidão e falta de rumo inerentes aos personagens. O tédio da adolescência. O estilo de fotografia e da filmagem me agradaram bastante, mas a narrativa arrastada, ainda que em partes compreesível e necessária para o efeito sinestésico, deixou muito a desejar.
Mas também tenho que pontuar algumas críticas negativas que tenho lido e que não vejo sentido. Entre elas a suposta heteronormatividade, a falta de diversidade, o clichê da adolescência 'festeira' e um filme que supostamente não tem nada de brasileiro, seja na forma de produção ou no retrato apresentado.
Temos que ter consciência de que Beira-Mar nunca se propôs a ser nada transgressor e sim se propôs a retratar um cotidiano de uma região do Brasil e de uma classe social bastante específicos. Tomaz não é heteronormativo mas instrospectivo, e o fato de Martin o ser condiz com suas angústias e aceitação. É necessário mostrar isso no filme. O culturalismo da região mostrado no filme também é bastante condizente e real, e talvez até pela semelhença cultural tenha feito um certo sucesso pela Alemanha e pelo Leste Europeu. Existe uma frieza maior e um distanciamento que muitos não estão acostumados e isso se reflete mesmo nos diálogos, apesar de existir um certo exagero nas delongas novamente.
Outro ponto: adolescentes fazem festas, fazem reunioes em casa, bebem, se pegam, transam. Isso é um clichê? Sim. Mas a vida é um clichê, e esse tipo de coisa vai continuar sendo retratado enquanto isso acontecer na vida real. Quem nunca brincou de "verdade ou desafio", não bebeu na casa de amigos com as brincadeiras mais bobas,não se pegou, não curtiu daquela forma? É isso que acontece e é isso que foi retratado.
Sobre o fato do filme não ter "nada de brasileiro" já falei um pouco anteriormente, o culturalismo retratado é bastante fiel. Quando as partes técnicas, eu acho bastante engraçado que as mesmas pessoas que criticavam que o cinema brasileiro é igual há décadas (em termos de tema, técnica e narrativa), são as mesmas que hoje criticam o fato de estarmos usando conceitos e técnicas vindas de fora, da França e do Leste Europeu principalmente. Não vejo isso como algo negativo pro cinema brasileiro, até porque temos uma grande e excelente produção bastante brasileira em sua identidade técnica e narrativa, e acho que qualquer tentativa de misturar culturas e técnicas cinematográficas é válida. Não digo aqui que Beira-Mar tenha me parecido um êxito completo, mas está longe da demonização problematizadora que alguns vem fazendo.
Bem, resumindo, gostei do filme, acho possível se identificar com o naturalismo e vazio proposto, e o final é sublime, leve e libertador, mas manteria essa estética diminuindo bastante o arrasto narrativo. Concordo com muitos de que o filme conseguiria ser um curta nota 10 e acho que o fato de ser o primeiro longa dos diretores tenha contribuido muito para alguns desses problemas.
A Colina Escarlate
3.3 1,3K Assista AgoraOk, é um filme previsível, mas nem por isso ruim, a mensagem é extremamente forte e válida. E né, impossível mesmo não citar aquela fotografia e figurinos, na real merece uns premios!
Que Horas Ela Volta?
4.3 3,0K Assista AgoraA pancada é tão forte que lágrimas de realidade e revolta rolaram durante o filme.
Impecável retrato da classe média e alta brasileira. Um verdadeiro tapa na cara até mesmo dos mais conscientes acerca das questões retratadas. 20 anos de produção valeram mais do que a pena e o retrato se mostra mais atual do que nunca.
Duvido que a Academia americana entregue algo ao filme (ainda que o "hype" pelo mundo esteja alto), triste pensar que o filme provavelmente se tornará apenas mais um "Central do Brasil". Esse filme deveria ser lição de casa pra cada pessoa desse mundo.
Regina Casé e Camila Márdila perfeitas.
Por mais filmes assim! :)
Perdido em Marte
4.0 2,3K Assista AgoraAtingiu minhas expectativas. Um filme adaptado tão bom e inclusivo quanto o livro. Matt Damon também ganhou alguns pontos comigo já que não sou muito fã do ator. As escolhas do roteiro foram ótimas. Fotografia sensacional. Vi em 3D e alguns efeitos também me surpreenderam, trabalho bastante impecável.
Ps: Alguns amigos perceberam uma falha onde tem o reflexo do câmera no capacete do Watney, hehe. Não notei, mas é bem grave pois quebra totalmente a suspensão da descrença do filme.