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Últimas opiniões enviadas

  • Vitor Lana

    Crepúsculo dos Deuses une com perfeição uma narrativa fluida, e fácil de se encantar, com diversas possibilidades de interpretação sobre o seu conteúdo. É um filme, de certa maneira, “anti-Hollywood” (mostra os bastidores não muito éticos dentro dos estúdios, desconstrói a criação artificial do “mito” das estrelas de cinema) mas ao mesmo tempo é uma bela homenagem à indústria ao navegar pelos grandes gêneros de sua “Era de Ouro”: o noir (o filme tem uma narração em off); a comédia (referência cômica a Charles Chaplin, e uma rápida e surpreendente participação de Buster Keaton); musical (apresentação particular de Norma para Joe, interpretado pelo excelente William Holden); e o épico (um filme sendo gravado pelo lendário diretor Cecil B. DeMille, nos estúdios da Paramount).

    Para além desse aspecto mais exterior sobre a indústria cinematográfica, a obra entrega um impactante drama psicológico sobre a negação do processo de envelhecimento e a busca obsessiva por uma identidade em um mundo instável, onde tudo é destruído pelo tempo. Gloria Swanson, no papel de Norma Desmond - uma ex-atriz do cinema mudo hollywoodiano –, nos presenteia com uma interpretação esplendorosa e insuperável: cheia de angustia e nostalgia, seus gestos e feições são muito expressivos e expansivos (refletindo inconscientemente, na vida privada, os métodos de interpretação de sua carreira como atriz de cinema mudo); o modo como está sempre se admirando através de espelhos; a obsessão pela sua imagem juvenil.

    Este conflito interior de Norma também se reflete nos espaços em que ela habita. O diretor Billy Wilder (“A montanha dos Sete Abutres”, “Se meu apartamento falasse”) capta de modo brilhante o estado psicológico fragmentado da personagem através de uma composição de planos que se alterna entre a decadência e deterioração do antigo casarão da atriz (há toda uma sensação de desolamento e solidão que se concretiza muito bem através da imagem), e as tentativas de reconstruir, materialmente, o seu passado de glória (retratos e fotografias de Norma espalhados por todos os cantos; a sala de cinema particular onde se assisti apenas os seus filmes, o apego a objetos antigos). O trágico propósito de Norma é cristalizar, na decadência atual, a sua persona de uma “Era de Ouro” cada vez mais distante.

    Alcançando níveis metalinguísticos poucas vezes proporcionado por outras obras cinematográficas (como o incrível paralelo que pode ser feito entre as histórias de Norma Desmond e Gloria Swanson, uma atriz que também teve seus tempos áureos durante o cinema mudo), Crepúsculo dos Deuses se mantem plenamente relevante; um clássico obrigatório do cinema norte-americano.

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  • Vitor Lana

    O filme proporciona uma experiência verdadeiramente claustrofóbica e angustiante. Mesmo pecando um pouco na caracterização superficial de alguns personagens (com exceção dos ótimos arcos dramáticos de Sarah (Shauna MacDonald) e Juno (Natalie Mendoza)), a obra se sustenta tranquilamente por uma construção progressiva do terror.

    Após alguns planos abertos enquadrando uma vasta região de florestas (dando uma sensação agradável de contato com a natureza ao ar livre), somos mergulhados em uma atmosfera de mistério e incômodo, quando o grupo de mulheres inicia a exploração pela caverna. Aqui tudo é literalmente “fechado” e escuro; os planos são construídos em espaços absolutamente estreitos, onde sentimos junto com as personagens uma sensação angustiante ao atravessar aquelas passagens subterrâneas. Já nos espaços mais abertos do local, o trabalho de fotografia se destaca ao mesclar a escuridão permanente com uma iluminação que varia entre o verde e o vermelho

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    (A cena em que o grupo atravessa um abismo tomado por uma cor fortemente avermelhada é um exemplo inesquecível dessa atmosfera tenebrosa gerada pela variação de cor; um cenário verdadeiramente “infernal”)

    . Todos estes elementos de cenário e iluminação – junto com uma trilha sonora misteriosa e perturbadora - estabelecem de forma muito certeira todo o clima de suspense da primeira parte da obra, gerando uma sensação de iminência de uma ameaça maior, oculta na escuridão. E quando ela finalmente surge em cena, o filme explode em espetaculares (e até inesperadas) cenas de combate de puro gore e selvageria.

    Este terror crescente, de uma atmosfera de suspense e iminência ao gore explicito, torna Abismo do Medo uma das melhores coisas do gênero que tive o prazer de assistir nos últimos anos.

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  • Vitor Lana

    Herói é um filme que desenvolve a sua narrativa entre um tom épico e grandioso (bem construído através de planos gerais extremos, onde nos deslumbramos com exércitos gigantescos, ou pelo imponente palácio do Rei de Qin ) e por um abordagem sensível de seus conflitos que se aproxima da fábula e do mito – cenas de luta sublimes, coreografadas como uma dança; a presença marcante das cores nos cenários e figurinos, sugerindo concretamente os estados emocionais daqueles personagens; e uma integração orgânica e belíssima entre paisagens naturais e movimentos corporais (a luta das duas mulheres da trama, em meio as folhas caindo das árvores, é um dos melhores exemplos desta interação entre paisagem, cores e movimentos). Com exceção de um pequeno incomodo com uma certa “artificialidade” em algumas coreografias de luta - mesmo entendendo toda a proposta do filme - a experiência no geral é gratificante. Zhang Yimou entrega uma obra contemplativa, poética e épica. Uma verdadeira apologia ao ideal da paz e da unidade, buscada através do caminho do guerreiro.

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