Caramelo é um longa libanês que trata de um recorte da vida de algumas mulheres que buscam se enquadrar na sociedade e serem felizes cada uma à seu modo. Entretanto assim como Nahid - Amor e Liberdade, outro trabalho de uma diretora oriunda do oriente médio, Caramelo coloca essas personagens circundando seus homens de desejo. Infelizmente dessa forma elas parecem não ter vida própria ou profundidade fora do contexto desse objetivo.
O espaço-tempo fílmico aqui é atual e o salão de beleza onde se desenvolve a narrativa é um espaço que espelha um pouco das mudanças das décadas recentes nesta região. O ritmo da montagem é demasiado "normal", nem muito contemplativo como alguns filmes iranianos ou europeus tampouco parece um filme de ação hollywoodiano. O tom de comédia empregado deixa-o próximo à nossa cultura brasileira. Outro aspecto interessante é o impacto das músicas no desenvolvimento das personagens e nos momentos chave da narrativa. Essas músicas são delicadas, animadas e ao mesmo tempo misteriosas, assim como as mulheres cuja história acompanhamos. A sexualidade delas também é realçada por essas músicas e nos olhares, nos risos e no choro.
Em suma, Caramelo possui um inicio um tanto enfadonho, entretanto vai se desenvolvendo em um filme relevante que só peca por possuir personagens rasas, porém é bem guiado por sua trilha musical e seus outros aspectos.
Muitos consideram Silvio Tendler, talvez ao lado de Eduardo Coutinho, como o maior documentarista brasileiro. Neste ensaio crítico sobre o pós-guerra, os movimentos de contracultura, a geração de 68 e os vários sistemas de opressão que infestaram o século passado o documentarista se posiciona de forma esquerdista ao lado dos “revolucionários” e liberta imagens preciosas obtidas ao longo de um processo de pesquisa e documentação de quase duas décadas. Tendler, apelidado de “o cineasta dos vencidos”, nos posiciona aqui em seu cinema de cunho social tendo a narrativa tecelada pelos diversos entrevistados de várias nacionalidades e formações.
Em sua jornada vemos os ecos e destruição social que os sistemas ditatoriais e a falta de liberdade trouxeram ao mundo. Nesse sentido nos ensina Zygmunt Bauman “Se os direitos políticos podem ser usados para enraizar e solidificar as liberdades pessoais assentadas no poder econômico, dificilmente garantirão liberdades pessoais aos despossuídos, que não têm direito aos recursos sem os quais a liberdade pessoal não pode ser obtida nem, na prática, desfrutada”. Assim o documentarista nos invade com este mundo de barbáries e fanatismo, porém nos dando um pouco de utopia e esperança ao acreditar em seu trabalho como artista, afinal ele é um artista e como tal alguns de seus entrevistados deseja poder mudar um pouco o mundo e transforma nesse desejo sua própria utopia, seu próprio filme.
Desse modo Utopia e Barbárie torna-se um filme essencial para se aprofundar em conceitos de humanidade e históricos assim como uma ferramenta para revisitar movimentos cinematográficos como o cinema novo e o neorrealismo italiano e filmes como Partner e Os Sonhadores de Bernardo Bertolucci. Em suma é um longa que funciona como um tira vendas histórico essencial à todo espectador interessado no que acontece à sua volta.
Departures, nome internacional do longa japonês, narra a virada do personagem Daiko Kobayashi cujo sonho de ser um músico de uma orquestra sinfônica é interrompido por uma crise financeira e também por uma inicial falta de talento. Resta á ele, acompanhado de sua esposa, retornar às suas origens na sua cidade natal onde lhe espera à sua antiga casa que pertencia à sua falecida mãe. Lá ele reencontra as lembranças de seu pai assente e ao recomeçar sua jornada encontra um guia que lhe auxiliará sutilmente, assim como narrativamente, a se reencontrar e se despedir de seu passado enquanto ele próprio se aperfeiçoa na arte de preparar os mortos para seus funerais, em sua última partida.
Por ser Daiko um músico naturalmente há alguns momentos de músicas diegéticas seja em cena na orquestra ou quando ele toca seu violoncelo sozinho, porém a música não incidental composta por Joe Hisaishi verdadeiramente transborda no longa. A música-tema homônima do filme possui um belíssimo conjunto de piano, cordas e instrumentos de sopro. É uma música transcendental que parece narrar uma tristeza, um momento de desistência, mas se torna esperançosa e animada ao adicionar à narrativa o som de pratos e uma aceleração no ritmo nos instrumentos de corda. Assim como o protagonista a música-tema parece encontrar um propósito e uma felicidade na servidão, pois mesmo de forma subjetiva tanta esta música quanto o personagem e o próprio filme servem à algo maior do que eles mesmos e se encontram e partem novamente várias vezes ao longo da sua breve execução. O experiente compositor dos clássicos desenhos do Studio Ghibli cria aqui algo como El Bolero de Ravel adicionando novos elementos e transformando a música em uma narrativa viva.
Departures é um filme emocionante que nos puxa pela mão para refletir sobre o poder da família, do perdão, sobretudo a si mesmo, e a hora da última despedida. As músicas embora dramáticas não soam pesadas e sim reflexivas e em parte são até bastante divertidas acompanhando alguns momentos do filme. Mesmo na conservadora sociedade nipônica esses poucos momentos de riso adicionam camadas essenciais à estrutura dramática de A Partida. Em suma, a música nos torna aqui personagens e não meros observadores.
O longa atual do diretor do premiado “Som ao Redor” carrega em si uma simbólica resiliência e uma resistência sem igual. Neste novo drama social Kleber Mendonça Filho nos reapresenta à Sônia Braga num personagem que carrega as marcas dos anos 80 onde a narrativa se inicia. E em se tratando de narrativa é notável que a história seja de fato contada, lembrada e vivenciada com bastante força pela personagem protagonista. Clara é apresentada como uma força da natureza, praticamente sem fraquezas e pronta para resistir e enfrentar tudo. Até mesmo dentro do seu núcleo familiar.
É através dessa força e dessas lembranças familiares que vem à margem seu motivo para lutar. Clara é uma personagem forte, firme e também amorosa e com desejos bastante humanos e reais. Aquarius é de fato o filme de Clara, o longa em nenhuma hipótese existiria sem ela e é nela que tudo é concentrado. Os demais personagens são apenas sombras – ou em se tratando de estrutura eles são como arautos, mensageiros de mudanças e obstáculos à qual Clara se mantém sólida e rochosa em seu caminho. O desenho da personagem se solidifica na mensagem de que ela não é ultrapassada, nem velha, Clara é “vintage” e sabe muito bem o que quer e principalmente o que não quer. É através de seu passado, suas memórias e sua doença, um câncer, demonstrado no seu cabelo de corte curto no início da trama que todo o seu desenrolar narrativo se mostra crível. Ela é uma personagem que tem vida própria e que de fato parece existir em toda sua profundidade. Tendo resistido a um câncer e tendo uma marca da sua vitória em seu corpo – pelo fato de ter tido de retirar um dos seus seios, não seria um jovem ambicioso ou uma empresa corrupta que diria à personagem qual caminho deveria seguir. Clara é um raro exemplo de personagem feminina bem construída e sem estereótipos sexistas.
Seu desfecho narrativo é histórico e deixa Aquarius bem perto de ser chamado de obra-prima.
Mexendo em questões delicadas e profundas de cunho social, histórico e político e através da força de sua protagonista esta película se conclui num trabalho sonoro excepcional em sua última cena onde Clara coloca suas cartas na mesa e se mantém em pé triunfante diante de seus incrédulos agressores.
Nahid é uma história de amor e sacrifício. Simbolicamente perto dos momentos finais da trama a personagem-título está em um pequeno barco segurando seu filho desacordado nos braços. Imagem essa que reflete a clássica arte cristã de Pietá, italiano para piedade, e representa o amor inabalável de uma mãe por seu filho e é esse amor que causa todos os conflitos nesta película.
É interessante notar como a narrativa se desenvolve e se revela aos poucos. Nos primeiros minutos não temos dimensão da história, nem empatia por seu desenrolar, porém conforme os arcos avançam e alguns fatos emergem notamos como Nahid é m filme detalhista e sutil. Através das mentiras contadas por sua protagonista e da sua falta de firmeza acompanhamos o desenrolar dos arcos do seu ex-marido viciado em jogos de azar, do seu filho que passa a ir para o mesmo caminho e até mesmo faltar às aulas na cara escola particular que Nahid o matriculou, da trama com seu “novo” amor por qual Nahid parece apaixonada, mas no fundo parece desejar apenas segurança financeira para manter seu filho numa boa escola, além da trama com seu irmão que é um típico homem da cultura iraniana cuja sociedade lhe dá o direito de fazer o que quiser com sua irmã, por ser mulher. Todas as histórias, todos os homens da narrativa naturalmente circundam Nahid que tem dificuldade em resolver sua vida e acaba sempre causando mais problemas, ela é confusa, pouco determinada e falha, porém seu amor por seu filho à guia a situações que de outra forma provavelmente não faria. Porém não sem punições. Se a trama assemelha Nahid à virgem Maria também à assemelha ao seu filho crucificado, pois Nahid em três momentos aparece com suas mãos feridas: por queimadura ao aquecê-las no aquecedor elétrico, no seu serviço de datilógrafa no qual posteriormente por este motivo é proibida de trabalhar e quando é esfaqueada na mão numa briga com seu ex-marido. São feridas simbólicas que demarcam os pontos de virada.
A trama parece terminar sem uma solução definitiva. Se no inicio do longa a personagem-título estava presa a não ter outro relacionamento para não perder a guarda do filho, no final ela se mantém presa a outro homem que parece não amar apenas por conforto. Nahid não se liberta e sim se acomoda à situação da sua sociedade e não consegue ter sua independência ao mesmo tempo em que parece perder também a intimidade e admiração de seu filho. Resta a ela apenas observar o horizonte e aguardar por uma forma de escapar.
Nós brasileiros mito comumente gostamos de nos comparar aos argentinos seja na politica, no futebol... E nos últimos anos começamos a comparar nossas produções com as obras argentinas com certo tom de inveja. Algumas obras-primas vindouras do nosso vizinho mexeram com nosso ego abalado, porém em se tratando de O Crítico essa inveja não se faz necessária. Não que o filme seja horrível ou digno de repudia, entretanto a falta de empatia, de comunicação com o espectador torna o filme enfadonho, daquele típico filme que olhamos no relógio para saber quanto tempo falta para terminar. É irônico, ou quem sabe tenha sido planejado, que El Critico trate justamente do personagem Victor Téllez, um resenhista cinematográfico notadamente amargurado e infeliz que busca encontrar um novo apartamento para residir.
Nessa busca ele encontra Sofia num encontro forçado assim como nas comédias românticas que critica. De primeiro momento eles se odeiam, no entanto o destino, a mão do roteirista, os faz se encontram novamente e surge uma inexplicável e mágica atração entre eles. O beijo aqui acontece na metade do filme em alusão à conversa no táxi que Téllez tem com sua sobrinha sobre alguns filmes do gênero. Lá ele diz “Mas Capra é Capra”, talvez o diretor tenha quisto prestar uma homenagem ou apenas tenha sido seu ego falando mais alto. Entretanto as cenas de Téllez com sua sobrinha são de longe as melhores do longa onde temos alguns diálogos e reflexões interessantes sobre os clichês do cinema e o fator humano do dito “a vida imita a arte”.
Penso, porém que O Crítico acerta em um ponto ao mostrar como o protagonista muda sua avaliação após se apaixonar, o que antes era frio e preto e branco torna-se quente e colorido metaforicamente.
O personagem se torna amolecido a ponto de chorar numa sessão de cabine de um novo filme romântico o que de certa forma faz refletir sobre o que é a arte do cinema.
Um bom filme pode nos fazer esquecer-se de problemas, divertir, ajudar a questionar o mundo. Um bom filme não nos transporta para outra dimensão por 90, 120 min, um bom filme nos acompanha para sempre ou será esquecido em 2 minutos, como esse.
Sinceramente o filme NÃO é ruim, mas é sim para crianças, é acima de tudo um filme infanto-juvenil. Tem algumas cenas fortes e interessantes que um suspense bacana deve ter e tem cenas cômicas que NÃO são gratuitas, na verdade os alívios cômicos te fazem rir mais do que qualquer filme nacional bobo de comédia e as sequências de assassinatos são bem-feitas.
Acredito que quem não gostou esteve um pouco de má vontade, porém confesso que não li o livro e sendo fiel ou não acredito que o filme cumpre bem a proposta de um suspense para o público jovem.
A princípio o comovente e divertido “Que horas ela volta?” é um filme sobre relação pais e filhos, porém é muito mais do que isso.
O filme se enquadra numa categoria que gosto de chamar como “filme do monólito negro” aonde um elemento de fora chega à história para trazer mudança e evolução e é o que acontece com Val, personagem de Regina Casé, quando sua filha Jéssica chega do nordeste para passar um tempo em sua casa - que nem sequer mora em sua própria residência e sim no quartinho escuro e sem ventilação do seu serviço. Jéssica é questionadora e sem limites e com essa atitude assim como o monólito negro de Kubrick ela faz sua mãe transcender. Fato bem ilustrado quando Val se despe de seus limites, do seu “pode e não pode”, do seu "lugar"
e entra na piscina da casa dos patrões com uma felicidade como se acabasse de descobrir um novo mundo.
“Que horas ela volta?” dialoga muito bem com o recente longa de Fellipe Barbosa, Casa Grande, que também aborda a relação pai/filhos e a questão politica e social do Brasil - só que da faceta dos ricos. O filme de Anna Muylaert mostra o lado da maior parte da população do país, o lado que de fato se vê nas telas dos cinemas durante a projeção e se emociona em se vê lá. O longa que é a aposta do Brasil no Oscar 2015 é um marco que traz para o público popular o bom cinema independente que vem sendo feito por aqui.
Pra divulgar eu e alguns criticamos o filme numa publicação no blog a seguir: estaciocinema.com.br/alunos-do-campus-joao-uchoa-assistem-ao-filme-que-horas-ela-volta-e-produzem-criticas/#.VgMEQM79rIF
Clichê e delicioso. Comédias francesas são maravilhosas e esta não foge à maioria, o elenco é tão bom que te faz rir de coisas totalmente inesperadas, só não curti o clima de melodrama pro meio até o final, ainda assim assisti-lo na presença da Audrey Tautou o tornou incrível. "Próxima vítima."
"Não há nada no mundo tão cruel e imparcial como a morte. Toda matéria viva envelhece ao longo do tempo e, eventualmente, morre... Não importa o quão poderosa ou minúscula sua força de vida. Portanto, ser vivo significa que você está cada vez mais perto da morte a cada segundo.
Mas não há nada disso aqui. Nada e ninguém envelhece. Nada definha. Este mundo silencioso, sem limites, e bonito, num mundo ideal, saído de um conto de fadas. Um lugar e um tempo que não pertence a ninguém. É porque esse é um futuro que foi eliminado. A história é composta de escolhas e divergências. Cada escolha que você faz cria um mundo novo e traz um novo futuro. Mas, ao mesmo tempo, você está eliminando um futuro diferente, com as escolhas que você não fez. Um futuro negado a existência de todos por causa de uma mudança no passado... Um futuro que foi destruído antes mesmo de nascer descansa aqui."
A Cor da Romã é um filme único. Extremamente belo e necessário de ser visto, cada plano é um deslumbre visual tão imenso que é quase impossível não amá-lo se você ama o verdadeiro cinema, porém a crueldade com os animais demonstrada tirou o filme de mim e até quase o odiei, mas como disse ainda assim é impossível não tirar proveito de cada plano. Aquela sequência do inicio com os livros no terraço eu queria emoldurar e ter no meu quarto pra ver todo dia ;P
Terrence Malick é um diretor fantástico. Pena que vi na tv dublado, senão estaria entre meus favoritos. Falar que o filme é chato é algo tão simplista...
Aron Ralston, como personagem, me ganhou muito mais que a inesperada perfeição da atuação do James Franco. É assim que se faz uma adaptação, que realmente se constrói um personagem digno de se torcer por.
O fato do filme praticamente ser em um único local combinado com a escolha de criar flashes de lembranças para não torná-lo cansativo é seu maior mérito. Os intercuts no início com a genialidade do novo mestre do som A. R. Rahman são extremamente empolgantes.
Pra mim, o melhor dos indicados ao Oscar, os outros apenas cumprem seu papel, porém não emocionam, não deixam marcas, apenas existem e não vivem.
Em primeiro lugar não acho este Tio Boonmee um filme de difícil compreensão, bem para quem passou a vida sem ver alguns filmes orientais talvez seja, mas isso é falta de conhecimento cinéfilo e não de vivência. O filme exige mais é da vivência, de como cada um lida com a natureza e com si mesmo.
Ouça o som da floresta, das águas, pare e ouça, liberte-se. Pra quem quiser Tio Boonmee poderá lhe passar um sentimento de 'acabei de ver o melhor filme já feito'. Exige paciência, mas esta joia está aqui. Descubra-a.
Em segundo lugar, a cena do jantar no inicio é um das mais bonitas e assustadoras da história do cinema. Irei revê-lo sempre que precisar pensar e me acalmar.
David Lynch provando que a linearidade também rende excelentes filmes. Dizer 'o melhor filme baseado em fatos já feito' ou 'o melhor filme triste já feito' serve como comentário? Maravilhoso, simples assim.
Não tinha vontade de assistir à How to Train Your Dragon até ficar fascinado pelo trabalho do Dean DeBlois em Sígur Rós: Heima e na busca de conhecê-lo melhor fui conferir.
O plot me agrada muito. Dragon Slayers, uma vila nórdica, a paisagem fictícia. Animação muito bem-feita, carismática, linda e extremamente bem-dublada nas vozes originais. A transformação em Dragon Tamers e a epicidade me ganharam.
Com certeza um dos melhores exemplos de como NÃO divulgar um filme nesse país. Venderam Les Aventures Extraordinaires d'Adèle Blanc-Sec como um filme B americano com todos os clichês dos filmes de aventura em seu trailer que conta até o final!
Agora, a inspiração é óbvia. Luc Besson usa a mesma estrutura de linguagem do carismático Le Fabuleux destin d'Amélie Poulain e cria seu mundo envolto na simpatia que é sua personagem Adèle Blanc-Sec do título. Tentando curar sua irmã, em coma, Adèle parte em busca de um médico, porém não um médico qualquer. Devido ao avançado conhecimento egípcio ela busca um médico da época do Faraó Ramsés II. O problema é que ele já está morto há milhares de anos. Ao mesmo tempo que Adèle parte, em Paris um brilhante professor consegue reviver de um ovo um Pterodáctilo que ao fugir mata três pessoas, incluindo o governador, e acaba preso. As histórias deles se cruzam.
Excelente filme. Uma deliciosa receita comédia/aventura com o charme francês.
Black Swan poderia ter sido uma obra-prima. Poderia. Acho irônico como a estrutura do filme ilustra bem seu conteúdo. Frígido, com grande rigor técnico e belo.
Natalie Portman está perfeita, mas acho sua escolha como protagonista deslocada. O rito de passagem do cisne branco, fase infantil, para o cisne negro, fase adulta, pedia uma atriz mais jovem.
Pra mim seu grande trunfo é no som brilhante com um foley sobrenatural bem colocado sempre ajudado pela direção experiente do Aronofsky. Porém o excesso de músicas clássicas e consequentemente a pouca variação musical o cansam um pouco.
Black Swan é lindo tecnicamente e adapta bem a esquizofrenia da personagem para o mundo competitivo do balé, no entanto senti falta de mais ousadia. Esperava tanto dele que me decepcionei, mas ainda é um bom filme considerando o padrão mainstream americano.
Lavoura Arcaica tem grandes méritos e tornou-se um clássico. Sua fotografia maravilhosa alcança o topo na cena da dança, com sua música belíssima e sua literariedade exacerbada - mesma literariedade que pra mim é seu ponto fraco.
Um filme que funciona melhor como literatura do que como cinema me incomoda, principalmente no fator direção técnica. De resto um filme raro, um grande orgulho na cinematografia brasileira.
Um filme que se arma e apoia-se num elenco de doze homens e em uma direção segura. É inegável a qualidade da obra, no entanto me senti entediado com a saída fácil de criar novas votações para manter o bom ritmo. Já o final embora esperado, é maravilhoso.
Caramelo
3.9 157Caramelo é um longa libanês que trata de um recorte da vida de algumas mulheres que buscam se enquadrar na sociedade e serem felizes cada uma à seu modo. Entretanto assim como Nahid - Amor e Liberdade, outro trabalho de uma diretora oriunda do oriente médio, Caramelo coloca essas personagens circundando seus homens de desejo. Infelizmente dessa forma elas parecem não ter vida própria ou profundidade fora do contexto desse objetivo.
O espaço-tempo fílmico aqui é atual e o salão de beleza onde se desenvolve a narrativa é um espaço que espelha um pouco das mudanças das décadas recentes nesta região. O ritmo da montagem é demasiado "normal", nem muito contemplativo como alguns filmes iranianos ou europeus tampouco parece um filme de ação hollywoodiano. O tom de comédia empregado deixa-o próximo à nossa cultura brasileira. Outro aspecto interessante é o impacto das músicas no desenvolvimento das personagens e nos momentos chave da narrativa. Essas músicas são delicadas, animadas e ao mesmo tempo misteriosas, assim como as mulheres cuja história acompanhamos. A sexualidade delas também é realçada por essas músicas e nos olhares, nos risos e no choro.
Em suma, Caramelo possui um inicio um tanto enfadonho, entretanto vai se desenvolvendo em um filme relevante que só peca por possuir personagens rasas, porém é bem guiado por sua trilha musical e seus outros aspectos.
Utopia e Barbárie
4.5 85Muitos consideram Silvio Tendler, talvez ao lado de Eduardo Coutinho, como o maior documentarista brasileiro. Neste ensaio crítico sobre o pós-guerra, os movimentos de contracultura, a geração de 68 e os vários sistemas de opressão que infestaram o século passado o documentarista se posiciona de forma esquerdista ao lado dos “revolucionários” e liberta imagens preciosas obtidas ao longo de um processo de pesquisa e documentação de quase duas décadas. Tendler, apelidado de “o cineasta dos vencidos”, nos posiciona aqui em seu cinema de cunho social tendo a narrativa tecelada pelos diversos entrevistados de várias nacionalidades e formações.
Em sua jornada vemos os ecos e destruição social que os sistemas ditatoriais e a falta de liberdade trouxeram ao mundo. Nesse sentido nos ensina Zygmunt Bauman “Se os direitos políticos podem ser usados para enraizar e solidificar as liberdades pessoais assentadas no poder econômico, dificilmente garantirão liberdades pessoais aos despossuídos, que não têm direito aos recursos sem os quais a liberdade pessoal não pode ser obtida nem, na prática, desfrutada”. Assim o documentarista nos invade com este mundo de barbáries e fanatismo, porém nos dando um pouco de utopia e esperança ao acreditar em seu trabalho como artista, afinal ele é um artista e como tal alguns de seus entrevistados deseja poder mudar um pouco o mundo e transforma nesse desejo sua própria utopia, seu próprio filme.
Desse modo Utopia e Barbárie torna-se um filme essencial para se aprofundar em conceitos de humanidade e históricos assim como uma ferramenta para revisitar movimentos cinematográficos como o cinema novo e o neorrealismo italiano e filmes como Partner e Os Sonhadores de Bernardo Bertolucci. Em suma é um longa que funciona como um tira vendas histórico essencial à todo espectador interessado no que acontece à sua volta.
A Partida
4.3 523 Assista AgoraDepartures, nome internacional do longa japonês, narra a virada do personagem Daiko Kobayashi cujo sonho de ser um músico de uma orquestra sinfônica é interrompido por uma crise financeira e também por uma inicial falta de talento. Resta á ele, acompanhado de sua esposa, retornar às suas origens na sua cidade natal onde lhe espera à sua antiga casa que pertencia à sua falecida mãe. Lá ele reencontra as lembranças de seu pai assente e ao recomeçar sua jornada encontra um guia que lhe auxiliará sutilmente, assim como narrativamente, a se reencontrar e se despedir de seu passado enquanto ele próprio se aperfeiçoa na arte de preparar os mortos para seus funerais, em sua última partida.
Por ser Daiko um músico naturalmente há alguns momentos de músicas diegéticas seja em cena na orquestra ou quando ele toca seu violoncelo sozinho, porém a música não incidental composta por Joe Hisaishi verdadeiramente transborda no longa. A música-tema homônima do filme possui um belíssimo conjunto de piano, cordas e instrumentos de sopro. É uma música transcendental que parece narrar uma tristeza, um momento de desistência, mas se torna esperançosa e animada ao adicionar à narrativa o som de pratos e uma aceleração no ritmo nos instrumentos de corda. Assim como o protagonista a música-tema parece encontrar um propósito e uma felicidade na servidão, pois mesmo de forma subjetiva tanta esta música quanto o personagem e o próprio filme servem à algo maior do que eles mesmos e se encontram e partem novamente várias vezes ao longo da sua breve execução. O experiente compositor dos clássicos desenhos do Studio Ghibli cria aqui algo como El Bolero de Ravel adicionando novos elementos e transformando a música em uma narrativa viva.
Departures é um filme emocionante que nos puxa pela mão para refletir sobre o poder da família, do perdão, sobretudo a si mesmo, e a hora da última despedida. As músicas embora dramáticas não soam pesadas e sim reflexivas e em parte são até bastante divertidas acompanhando alguns momentos do filme. Mesmo na conservadora sociedade nipônica esses poucos momentos de riso adicionam camadas essenciais à estrutura dramática de A Partida. Em suma, a música nos torna aqui personagens e não meros observadores.
Aquarius
4.2 1,9K Assista AgoraO longa atual do diretor do premiado “Som ao Redor” carrega em si uma simbólica resiliência e uma resistência sem igual. Neste novo drama social Kleber Mendonça Filho nos reapresenta à Sônia Braga num personagem que carrega as marcas dos anos 80 onde a narrativa se inicia. E em se tratando de narrativa é notável que a história seja de fato contada, lembrada e vivenciada com bastante força pela personagem protagonista. Clara é apresentada como uma força da natureza, praticamente sem fraquezas e pronta para resistir e enfrentar tudo. Até mesmo dentro do seu núcleo familiar.
É através dessa força e dessas lembranças familiares que vem à margem seu motivo para lutar. Clara é uma personagem forte, firme e também amorosa e com desejos bastante humanos e reais. Aquarius é de fato o filme de Clara, o longa em nenhuma hipótese existiria sem ela e é nela que tudo é concentrado. Os demais personagens são apenas sombras – ou em se tratando de estrutura eles são como arautos, mensageiros de mudanças e obstáculos à qual Clara se mantém sólida e rochosa em seu caminho. O desenho da personagem se solidifica na mensagem de que ela não é ultrapassada, nem velha, Clara é “vintage” e sabe muito bem o que quer e principalmente o que não quer. É através de seu passado, suas memórias e sua doença, um câncer, demonstrado no seu cabelo de corte curto no início da trama que todo o seu desenrolar narrativo se mostra crível. Ela é uma personagem que tem vida própria e que de fato parece existir em toda sua profundidade. Tendo resistido a um câncer e tendo uma marca da sua vitória em seu corpo – pelo fato de ter tido de retirar um dos seus seios, não seria um jovem ambicioso ou uma empresa corrupta que diria à personagem qual caminho deveria seguir. Clara é um raro exemplo de personagem feminina bem construída e sem estereótipos sexistas.
Seu desfecho narrativo é histórico e deixa Aquarius bem perto de ser chamado de obra-prima.
Mexendo em questões delicadas e profundas de cunho social, histórico e político e através da força de sua protagonista esta película se conclui num trabalho sonoro excepcional em sua última cena onde Clara coloca suas cartas na mesa e se mantém em pé triunfante diante de seus incrédulos agressores.
Nahid - Amor e Liberdade
3.4 29 Assista AgoraNahid é uma história de amor e sacrifício. Simbolicamente perto dos momentos finais da trama a personagem-título está em um pequeno barco segurando seu filho desacordado nos braços. Imagem essa que reflete a clássica arte cristã de Pietá, italiano para piedade, e representa o amor inabalável de uma mãe por seu filho e é esse amor que causa todos os conflitos nesta película.
É interessante notar como a narrativa se desenvolve e se revela aos poucos. Nos primeiros minutos não temos dimensão da história, nem empatia por seu desenrolar, porém conforme os arcos avançam e alguns fatos emergem notamos como Nahid é m filme detalhista e sutil. Através das mentiras contadas por sua protagonista e da sua falta de firmeza acompanhamos o desenrolar dos arcos do seu ex-marido viciado em jogos de azar, do seu filho que passa a ir para o mesmo caminho e até mesmo faltar às aulas na cara escola particular que Nahid o matriculou, da trama com seu “novo” amor por qual Nahid parece apaixonada, mas no fundo parece desejar apenas segurança financeira para manter seu filho numa boa escola, além da trama com seu irmão que é um típico homem da cultura iraniana cuja sociedade lhe dá o direito de fazer o que quiser com sua irmã, por ser mulher. Todas as histórias, todos os homens da narrativa naturalmente circundam Nahid que tem dificuldade em resolver sua vida e acaba sempre causando mais problemas, ela é confusa, pouco determinada e falha, porém seu amor por seu filho à guia a situações que de outra forma provavelmente não faria. Porém não sem punições. Se a trama assemelha Nahid à virgem Maria também à assemelha ao seu filho crucificado, pois Nahid em três momentos aparece com suas mãos feridas: por queimadura ao aquecê-las no aquecedor elétrico, no seu serviço de datilógrafa no qual posteriormente por este motivo é proibida de trabalhar e quando é esfaqueada na mão numa briga com seu ex-marido. São feridas simbólicas que demarcam os pontos de virada.
A trama parece terminar sem uma solução definitiva. Se no inicio do longa a personagem-título estava presa a não ter outro relacionamento para não perder a guarda do filho, no final ela se mantém presa a outro homem que parece não amar apenas por conforto. Nahid não se liberta e sim se acomoda à situação da sua sociedade e não consegue ter sua independência ao mesmo tempo em que parece perder também a intimidade e admiração de seu filho. Resta a ela apenas observar o horizonte e aguardar por uma forma de escapar.
O Crítico
3.3 39 Assista AgoraNós brasileiros mito comumente gostamos de nos comparar aos argentinos seja na politica, no futebol... E nos últimos anos começamos a comparar nossas produções com as obras argentinas com certo tom de inveja. Algumas obras-primas vindouras do nosso vizinho mexeram com nosso ego abalado, porém em se tratando de O Crítico essa inveja não se faz necessária. Não que o filme seja horrível ou digno de repudia, entretanto a falta de empatia, de comunicação com o espectador torna o filme enfadonho, daquele típico filme que olhamos no relógio para saber quanto tempo falta para terminar. É irônico, ou quem sabe tenha sido planejado, que El Critico trate justamente do personagem Victor Téllez, um resenhista cinematográfico notadamente amargurado e infeliz que busca encontrar um novo apartamento para residir.
Nessa busca ele encontra Sofia num encontro forçado assim como nas comédias românticas que critica. De primeiro momento eles se odeiam, no entanto o destino, a mão do roteirista, os faz se encontram novamente e surge uma inexplicável e mágica atração entre eles. O beijo aqui acontece na metade do filme em alusão à conversa no táxi que Téllez tem com sua sobrinha sobre alguns filmes do gênero. Lá ele diz “Mas Capra é Capra”, talvez o diretor tenha quisto prestar uma homenagem ou apenas tenha sido seu ego falando mais alto. Entretanto as cenas de Téllez com sua sobrinha são de longe as melhores do longa onde temos alguns diálogos e reflexões interessantes sobre os clichês do cinema e o fator humano do dito “a vida imita a arte”.
Penso, porém que O Crítico acerta em um ponto ao mostrar como o protagonista muda sua avaliação após se apaixonar, o que antes era frio e preto e branco torna-se quente e colorido metaforicamente.
O personagem se torna amolecido a ponto de chorar numa sessão de cabine de um novo filme romântico o que de certa forma faz refletir sobre o que é a arte do cinema.
O Escaravelho do Diabo
2.6 335Sinceramente o filme NÃO é ruim, mas é sim para crianças, é acima de tudo um filme infanto-juvenil. Tem algumas cenas fortes e interessantes que um suspense bacana deve ter e tem cenas cômicas que NÃO são gratuitas, na verdade os alívios cômicos te fazem rir mais do que qualquer filme nacional bobo de comédia e as sequências de assassinatos são bem-feitas.
Acredito que quem não gostou esteve um pouco de má vontade, porém confesso que não li o livro e sendo fiel ou não acredito que o filme cumpre bem a proposta de um suspense para o público jovem.
Que Horas Ela Volta?
4.3 3,0K Assista AgoraA princípio o comovente e divertido “Que horas ela volta?” é um filme sobre relação pais e filhos, porém é muito mais do que isso.
O filme se enquadra numa categoria que gosto de chamar como “filme do monólito negro” aonde um elemento de fora chega à história para trazer mudança e evolução e é o que acontece com Val, personagem de Regina Casé, quando sua filha Jéssica chega do nordeste para passar um tempo em sua casa - que nem sequer mora em sua própria residência e sim no quartinho escuro e sem ventilação do seu serviço.
Jéssica é questionadora e sem limites e com essa atitude assim como o monólito negro de Kubrick ela faz sua mãe transcender. Fato bem ilustrado quando Val se despe de seus limites, do seu “pode e não pode”, do seu "lugar"
e entra na piscina da casa dos patrões com uma felicidade como se acabasse de descobrir um novo mundo.
“Que horas ela volta?” dialoga muito bem com o recente longa de Fellipe Barbosa, Casa Grande, que também aborda a relação pai/filhos e a questão politica e social do Brasil - só que da faceta dos ricos. O filme de Anna Muylaert mostra o lado da maior parte da população do país, o lado que de fato se vê nas telas dos cinemas durante a projeção e se emociona em se vê lá. O longa que é a aposta do Brasil no Oscar 2015 é um marco que traz para o público popular o bom cinema independente que vem sendo feito por aqui.
Pra divulgar eu e alguns criticamos o filme numa publicação no blog a seguir: estaciocinema.com.br/alunos-do-campus-joao-uchoa-assistem-ao-filme-que-horas-ela-volta-e-produzem-criticas/#.VgMEQM79rIF
Quarteto Fantástico
2.2 1,7K Assista AgoraUm podcast que uns colegas fizeram criticando o filme e as origens do quarteto :)
tocadocorsario.wordpress.com/2015/08/28/podcast-02-quarteto-fantastico-do-desenho-aos-filmes/
Jónsi - Go Quiet
4.5 16Pra quem quiser assistir: http://vdownload.eu/watch/12282493-jonsi-go-quiet.html
Uma Doce Mentira
3.5 356 Assista AgoraClichê e delicioso. Comédias francesas são maravilhosas e esta não foge à maioria, o elenco é tão bom que te faz rir de coisas totalmente inesperadas, só não curti o clima de melodrama pro meio até o final, ainda assim assisti-lo na presença da Audrey Tautou o tornou incrível. "Próxima vítima."
Sr. Ninguém
4.3 2,7K"Não há nada no mundo tão cruel e imparcial como a morte.
Toda matéria viva envelhece ao longo do tempo e, eventualmente, morre... Não importa o quão poderosa ou minúscula sua força de vida. Portanto, ser vivo significa que você está cada vez mais perto da morte a cada segundo.
Mas não há nada disso aqui. Nada e ninguém envelhece. Nada definha.
Este mundo silencioso, sem limites, e bonito, num mundo ideal, saído de um conto de fadas. Um lugar e um tempo que não pertence a ninguém.
É porque esse é um futuro que foi eliminado. A história é composta de escolhas e divergências. Cada escolha que você faz cria um mundo novo e traz um novo futuro. Mas, ao mesmo tempo, você está eliminando um futuro diferente, com as escolhas que você não fez. Um futuro negado a existência de todos por causa de uma mudança no passado... Um futuro que foi destruído antes mesmo de nascer descansa aqui."
Escolha, Mr. Nobody.
A Cor da Romã
4.1 133A Cor da Romã é um filme único.
Extremamente belo e necessário de ser visto, cada plano é um deslumbre visual tão imenso que é quase impossível não amá-lo se você ama o verdadeiro cinema, porém a crueldade com os animais demonstrada tirou o filme de mim e até quase o odiei, mas como disse ainda assim é impossível não tirar proveito de cada plano. Aquela sequência do inicio com os livros no terraço eu queria emoldurar e ter no meu quarto pra ver todo dia ;P
Além da Linha Vermelha
3.9 383 Assista AgoraTerrence Malick é um diretor fantástico. Pena que vi na tv dublado, senão estaria entre meus favoritos. Falar que o filme é chato é algo tão simplista...
Cleópatra
4.0 314 Assista AgoraComo a rainha Cleópatra diz: "When I'm ready to die... I will die."
Finalmente vê-lo, no dia seguinte à morte de Liz Taylor, foi emocionante.
Mesmo depois de mais de 40 anos o filme ainda guarda muita força, um épico megalomaníaco caríssimo que faz parte da história.
O Auto da Compadecida
4.3 2,3K Assista AgoraQueridos amigos se vocês acham que esse é o melhor filme nacional de todos os tempos vocês estão precisando ver mais filmes. [2]
Concordo, mas rever ontem depois de um bom tempo foi emocionante. Diria, talvez, uns dos 10 melhores feitos no Brasil.
127 Horas
3.8 3,1K Assista AgoraAron Ralston, como personagem, me ganhou muito mais que a inesperada perfeição da atuação do James Franco. É assim que se faz uma adaptação, que realmente se constrói
um personagem digno de se torcer por.
O fato do filme praticamente ser em um único local combinado com a escolha de criar flashes de lembranças para não torná-lo cansativo é seu maior mérito.
Os intercuts no início com a genialidade do novo mestre do som A. R. Rahman são extremamente empolgantes.
Pra mim, o melhor dos indicados ao Oscar, os outros apenas cumprem seu papel, porém não emocionam, não deixam marcas, apenas existem e não vivem.
Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas
3.6 196Em primeiro lugar não acho este Tio Boonmee um filme de difícil compreensão, bem para quem passou a vida sem ver alguns filmes orientais talvez seja, mas isso é falta de conhecimento cinéfilo e não de vivência. O filme exige mais é da vivência, de como cada um lida com a natureza e com si mesmo.
Ouça o som da floresta, das águas, pare e ouça, liberte-se.
Pra quem quiser Tio Boonmee poderá lhe passar um sentimento de 'acabei de ver o melhor filme já feito'. Exige paciência, mas esta joia está aqui. Descubra-a.
Em segundo lugar, a cena do jantar no inicio é um das mais bonitas e assustadoras da história do cinema. Irei revê-lo sempre que precisar pensar e me acalmar.
O Homem Elefante
4.4 1,0K Assista AgoraDavid Lynch provando que a linearidade também rende excelentes filmes.
Dizer 'o melhor filme baseado em fatos já feito' ou 'o melhor filme triste já feito' serve como comentário? Maravilhoso, simples assim.
Como Treinar o seu Dragão
4.2 2,4K Assista AgoraNão tinha vontade de assistir à How to Train Your Dragon até ficar fascinado pelo trabalho do Dean DeBlois em Sígur Rós: Heima e na busca de conhecê-lo melhor fui conferir.
O plot me agrada muito. Dragon Slayers, uma vila nórdica, a paisagem fictícia.
Animação muito bem-feita, carismática, linda e extremamente bem-dublada nas vozes originais. A transformação em Dragon Tamers e a epicidade me ganharam.
As Múmias do Faraó
3.1 218Com certeza um dos melhores exemplos de como NÃO divulgar um filme nesse país.
Venderam Les Aventures Extraordinaires d'Adèle Blanc-Sec como um filme B americano com todos os clichês dos filmes de aventura em seu trailer que conta até o final!
Agora, a inspiração é óbvia. Luc Besson usa a mesma estrutura de linguagem do carismático Le Fabuleux destin d'Amélie Poulain e cria seu mundo envolto na simpatia que é sua personagem Adèle Blanc-Sec do título.
Tentando curar sua irmã, em coma, Adèle parte em busca de um médico, porém não um médico qualquer. Devido ao avançado conhecimento egípcio ela busca um médico da época do Faraó Ramsés II. O problema é que ele já está morto há milhares de anos.
Ao mesmo tempo que Adèle parte, em Paris um brilhante professor consegue reviver de um ovo um Pterodáctilo que ao fugir mata três pessoas, incluindo o governador, e acaba preso. As histórias deles se cruzam.
Excelente filme. Uma deliciosa receita comédia/aventura com o charme francês.
Cisne Negro
4.2 7,9K Assista AgoraBlack Swan poderia ter sido uma obra-prima. Poderia.
Acho irônico como a estrutura do filme ilustra bem seu conteúdo. Frígido, com grande rigor técnico e belo.
Natalie Portman está perfeita, mas acho sua escolha como protagonista deslocada.
O rito de passagem do cisne branco, fase infantil, para o cisne negro, fase adulta, pedia uma atriz mais jovem.
Pra mim seu grande trunfo é no som brilhante com um foley sobrenatural bem colocado sempre ajudado pela direção experiente do Aronofsky. Porém o excesso de músicas clássicas e consequentemente a pouca variação musical o cansam um pouco.
Black Swan é lindo tecnicamente e adapta bem a esquizofrenia da personagem para o mundo competitivo do balé, no entanto senti falta de mais ousadia.
Esperava tanto dele que me decepcionei, mas ainda é um bom filme considerando o padrão mainstream americano.
Lavoura Arcaica
4.2 382 Assista AgoraLavoura Arcaica tem grandes méritos e tornou-se um clássico.
Sua fotografia maravilhosa alcança o topo na cena da dança, com sua música belíssima e sua literariedade exacerbada - mesma literariedade que pra mim é seu ponto fraco.
Um filme que funciona melhor como literatura do que como cinema me incomoda, principalmente no fator direção técnica.
De resto um filme raro, um grande orgulho na cinematografia brasileira.
12 Homens e Uma Sentença
4.6 1,2K Assista AgoraUm filme que se arma e apoia-se num elenco de doze homens e em uma direção segura.
É inegável a qualidade da obra, no entanto me senti entediado com a saída fácil de criar novas votações para manter o bom ritmo. Já o final embora esperado, é maravilhoso.