Luana Costa

Chega a ser incrível como podemos ver detalhes tão claros do comportamento humano nos filmes do Allen. O medo de ser sozinho sendo representado por manter pessoas pesadas e sem brilho por perto. O personagem da Ricci foi sufocante, exaustivo para quem assistia e, na verdade, se for parar para analisar, quando nos encontramos em um relacionamento fadado ao fracasso, é exatamente esta a sensação que temos: de que a vida se torna maçante para quem nos assiste. Tem quem não goste do filme pois realmente mostra quase o pior modelo de relacionamento existente, aquele onde só há quem suga, não tem paixão, amor e tampouco sinceridade. Traição vira consequência. E se for observar, o personagem do Allen é como se fosse uma espécie de consciência, onde diz que está na hora de mudar, pois nem só de medo vive o homem.

E como canta Chico Buarque: "Amores serão sempre amáveis, futuros amantes, quiçá."

No quesito atuação o filme é basicamente impecável. Sobre isto não resta dúvidas! O que me incomodou foi que um tema tão delicado, que sofre tanto preconceito de pessoas leigas ou despreparadas para abordagens psicológicas, tenha sido tão fraco. O ponto da medicação teve uma parte muito simplória, e temos que concordar que mesmo atualmente, muitas pessoas consideram tomar remédio para depressão algo tal como frescura. O filme não conseguiu expor muito bem a mensagem do medicamento! Contudo, o drama vivido, as emoções totalmente exorbitantes e descontroladas, foram incrivelmente representados pela Christina Ricci. Depressão é como viver em um mundo que diz "Seja bem-vindo", e nosso coração dizer "Obrigada pela recepção, mas estou cansado. Acho que já vou indo."