Dito isto, tenho que admitir que pessoalmente, este é um dos filmes mais interessantes do diretor. Não há melhor forma de definir sobre o que se trata o filme, senão na sequência em que que
Barry(Sandler) recebe a primeira ligação de chantagem em seu local de trabalho, enquanto sua irmã e Lena(Watson) tentam estabelecer algum diálogo, ao passo que ninguém entende o por que de tantos pudins encostados em frente ao escritório de Barry.
É um crescendo, com uma singular trilha sonora, feita mais de sons estranhos que de notas musicais de fato, que vão ditando a pressão cômica/trágica que acomete o protagonista.
Aliás, volta e meia, pode-se ouvir vozes ao fundo da projeção, como que vindas do subconsciente de Barry. Sandler encara seu papel com uma curiosa inspiração, já que raramente mostra disposição para atuar. Watson é agradabilíssima de se ver, e é bastante interessante analisar suas peças de vestuário ao longo do filme: ela usa violeta quando está conhecendo Barry e tentando estabelecer um contato mais profundo que o de outros personagens. Já depois de estabelecer este contato, ela surge em vermelho, como se desabrochasse a paixão que desperta e a acompanha pelo restante do filme. Phillip Seymour Hoffman, embora com um papel pequeno, mas memorável, aproveita cada fala e seu embate com Barry é dos mais curiosos.
Há muitas cenas, muitos significados, pequenos detalhes que Paul T. Anderson nos joga. Não consigo acompanhar sempre cada mensagem ali, já que o diretor é extremamente sutil em alguns projetos, mas há ainda uma sequência que acredito ser esplêndida:
Quando Barry recebe a ligação de Lena, em que ela diz que queria beijá-lo. Ele corre de volta ao apartamento dela, mas não se lembra exatamente qual é o apartamento. Sua fuga tem um ritmo alucinado e aqui e ali notamos a palavra "EXIT". Simples assim, Barry corre deseseperadamente para o que, pode-se dizer, é sua libertação daquele mundo, dentro de seu terno azul.
Não é todo dia que se encontra um filme vigoroso, austero e ousado como Spotlight. Definitivamente o filme mais importante do gênero investigativo em muito tempo, é o tipo de filme em que não há um ator esbanjando talento a despeito de outros, mas sim o tipo em que encontramos um elenco afiado, em que cada ator está compenetrado no seu personagem, todos a fim de definitivamente traduzir o tema do filme, a mensagem a ser enviada ao espectador.
Essa, diga-se de passagem, chocante quando descoberta, e ainda hoje. É brilhante como, a cada passo dado pelo time Spotlight, a cada nova informação descoberta, sentimos seu peso, através de reações sutis. Olhares que se perdem, sem chão, ao ouvir, por exemplo, que o número de casos de abuso é muito maior e sistêmico que o número que inicia toda a investigação.
Tom McCarthy parece entender completamente o peso da mensagem, e o impacto vêm de pequenos momentos intensos. Quantos filmes você assiste por aí em que um simples diálogo é capaz de evocar revolta e frustração tão genuinamente?
Tratar um tema delicado até os dias de hoje, e porque não lembrar, "devidamente esquecidos" pela mídia e pelo povo, não é uma tarefa simples. Assim como os jornalistas reais, seus personagens e os atores que os representaram, é de se admirar a coragem de McCarthy em abordar o assunto sem melodrama, evitando a oferta de muletas para o expectador (o filme se conduz, é necessário atenção porque nenhum personagem vai ficar explicando o assunto a avanço que a trama dá).
No entanto, algo que eu caracterizo como problema no roteiro do próprio diretor e de Josh Singer, são algumas pontas soltas que o filme deixa:
O que acontece com o padre que fala abertamente sobre os abusos antes de ser coagido pela irmã? E o psicoterapeuta que tanto contribui com seus dados que clareiam os objetivos e o escopo da matéria? Nada mais a se dizer sobre Phil, o denunciante que tornou uma pauta "sem futuro" num espetacular e horrorizante furo?
Claro, nada disso tira o brilho do filme, nada que deixe o expectador mais atento insatisfeito. Porém, talvez com cinco minutos a mais de tempo, teríamos ainda mais clareza, evidências e a seriedade, inclusive, que o assunto exige.
E mesmo que eu tenha dito que o elenco é afinado o suficiente para que ninguém se exalte, não posso deixar de observar que, exercendo suas funções, Liev Schreiber, Stanley Tucci e Mark Ruffalo estão incríveis. O faro apurado e calculado, a luta implacável pela verdade e a eterna batalha daqueles que, mesmo frustrados, não deixam de lado o bem.
Pessoas como as retratadas neste filme deveriam inspirar muito mais pessoas a seguir o caminho certo, em busca da verdade. Num país como nosso, em que formadores de opinião surgem aos montes e apenas porque a internet é democrática o bastante para que leiam seus blogs, é difícil filtrar e compreender onde está aquela linha, bastante borrada, entre o certo e o errado.
Que jornalistas e blogueiros visualizem bem esta linha, depois de assistir um filme como este.
Filmes catástrofe geralmente não possuem um roteiro elaborado, nem personagens com motivações muito originais. Várias vezes já vimos protagonistas escapando por um triz das piores ameaças da natureza e arriscando tudo por sua família. Rolland Emmerich (Independence Day) fez escola, apesar de não ter criado o gênero, e produziu alguns dos melhores exemplares do gênero (O Dia Depois de Amanhã) e alguns beeeeem fraquinhos (2012). Ainda assim, esses filmes levam milhares ao cinema , talvez pela fixação pelo poder da natureza e a luta de homens comuns para se salvarem diante de um poder maior, talvez pela adrenalina. Em todo caso, volta e meia paro pra assistir a esses filmes, sempre esperando pelos efeitos supracitados.
Mas não é o caso desse desastre que é A Falha de San Andreas.
Uma mistura dos piores clichês do gênero, um roteiro que deve ter sido escrito enquanto seu ator defecava em alguma rodoviária, personagens tão desprovidos de personalidade que nem vale a pena lembrar seus nomes... é o tipo de produto que Hollywood cospe (pra não dizer outra coisa) pra lucrar em cima dos fãs de filme catástrofe.
Nem Dwayne Johnson consegue sair dessa porcaria com dignidade, no momento mais brochante do filme, que me fez querer vomitar, quando o protagonista olha, através da destruição causada pelo terremoto, para uma bandeira dos EUA balançando suavemente no meio de destroços.
A natureza tentou! O pior dos piores terremotos ocorreu, mas nada conseguiu NEM ARRANHAR The Rock. No máximo, o terremoto fez ele suar um pouquinho.
Denis Villeneuve é um diretor singular: ele trabalha muito e muito bem, já que este é o terceiro tiro certeiro do diretor em poucos anos (Os Suspeitos e O Homem Duplicado só em 2013), mas sua singularidade não se resume apena a período de desenvolvimento de suas projeções e Sicario é definitivamente um ponto alto. O tom sóbrio do filme nunca se deixa levar pela melancolia que poderia facilmente permear todo o filme, e existem cenas belíssimas que contrastam com a brutalidade vivida pelos personagens.
Villeneuve nunca apressa a trama e, no entanto, nenhuma cena do filme é gratuita. Esse perfeccionismo é raro e mais raro ainda é desenvolver um filme que consegue transitar entre sequências de extrema tensão sem apelar para nenhum tipo de clichê e cenas em que o espectador consegue relaxar por alguns segundos, mas com o adendo de que há sempre um desconforto te lembrando que ali, nada é o que parece. Assim como em Os Suspeitos, a trama se conta sem grandes pulos, sem apelos ou melodramas. O siêncio é respeitado e poucos diretores tem a paciência ou habilidade para confiar no poder do material que tem, sem pesar as mãos.
Embora Emily Blunt, Josh Brolin e Guillermo Del Toro brilhem (Del Toro raras vezes se entrega como em Sicario), podemos ver que todo o elenco está profundamente mergulhado na projeção, afiados com diretor e roteiro. As vezes identificamos mais atores que personagens, mas nada escapa ao envolvimento da trama.
Um filme poderoso, com atuações espetaculares e cujo diretor parece mais afiado que nunca. Resta torcer para que ele continue com seu passo rápido para lançar novos filmes.
Desde o primeiro episódio eu sentia o espectro de Clube da Luta presente a série. Ao longo dos episódios a sensação parecia se dissipar, e de repente as influências e o que eu considero uma grandíssima homenagem vieram de uma vez. Sendo Clube da Luta meu filme favorito, ao ver o desenrolar do nono epísodio, a única palavra que encontrei pra expressar o que senti foi "estupefato".
Num oceano de biografias medianas entupidas de clichês, surge Tim Burton e realiza essa biografia de forma magnífica e profunda. Apesar de ser seu filme mais "acadêmico", não deixa de ter seus traços característicos, seu estilo de filmagem.
A paleta de cores saturada é maravilhosa, e o contraste criado com as paletas frias de quando Walter está sozinho, algo que encaro como a revelação de sua pequenez, oculta quando está perto do público, e a luz dourada e quente sempre invadindo o estúdio abarrotado onde Margareth pintava, apesar de sua condição, substituiram de maneira exemplar os dramas e lugar comum que permeiam as biografias recentes(especialmente as que concorreram ao Oscar de 2015, devo exaltar).
É curioso que um filme assim, tão único em um gênero tão formulaico, tenha sido ignorado por uma premiação que joga quatro ou cinco biografias para concorrer como melhor filme entre nove indicados. Uma pena realmente.
E olha que eu nem cheguei a falar das atuações da dupla de protagonistas. Seria exagero dizer que Christoph Waltz eventualmente pode acabar ao lado de Jack Nicholson, Daniel Day-Lewis e Walter Brennan? Amy Adams desenvolve uma protagonista que não podia estar mais longe de ser ousada durante quase todo o filme, mas que pouco a pouco vai se revoltando, aspecto que acho que poderia ter sido mais bem trabalhado no terceiro ato, mas que não chega a ser um problema, já que a direção tomada por Tim Burton é focada mais na arte do que em ficar apresentando dramas pessoais.
Apesar de um ou outro aspecto que podia ser melhorado, é provavelmente o melhor filme biográfico que vi desde Rush. Tim Burton é um diretor muito melhor quando faz filmes que vêm de suas paixões (Edward Mãos de Tesoura e Sweeney Todd) do que quando é pago pra jogar seu estilo em algum projeto (A Fantástica Fábrica de Chocolates e Alice). O futuro dele, aliás, parece bastante promissor.
clichê, clichê, clichê, clichê. Da primeira linha de diálogo ao desfecho tosco, tudo que esse filme faz e pegar cenas de outros filmes (melhores) e fazer sua própria versão. Se um clichê é bem executado, não da nem pra reclamar, mas quando é mal executado, deixa à mostra a fragilidade de roteiro e pobreza de pensamento dos idealizadores. Conseguiram fazer o Javier Bardem ser um bêbado escroto, num papel que poderia ser dado a qualquer ator de segundo escalão. Aliás, botaram ele e Idris Elba no filme pra tentar pegar mais bilheteria, porque de outro modo não faz sentido escalarem esses dois atores.
E se eu ainda dei algumas estrelas pro filme, é porque o Sean Penn é um ator excepcional e carismático, inclusive disperdiçando seu talento em um personagem que qualquer ator mais barato e menos talentoso faria "bem".
é frustrante pensar até no fato de que o diretor não consegue nem repetir os elementos que tornaram Busca Implacável um filme razoável. Pierre Morel se limita a fazer uma cópia mal feita de seu próprio trabalho.
eu achei que o filme se esforça demais... quer ser muito engraçado, quer fazer referência a ótimos filmes, quer ser nonsense.... no fim é uma mistura estranha.
maaaas eu dou mérito à cena do "60% das vezes funciona todas as vezes". Essa nasceu clássica!
O filme não me impressionou, não foi ousado e o final não foi interessante. Achei que o filme mostraria alguma coisa mais pessoal da protagonista e o triste é que sabemos dela quase tanto quanto os outros personagens que a cercam, exceto pelo tal tesouro. Ao invés de termos um road movie em que a transformação e amadurecimento surgem através da viagem, do tempo sozinho ou de encontros com indivíduos singulares (que o filme apresenta bem), tive a sensação de que nada passou de um surto, ir do ponto A ao ponto B e é isso. Nebraska é semelhante em diversos aspectos e trabalha muito melhor seus personagens, as relações entre eles ainda possui o elemento da redescoberta de si mesmo, que o roteiro preferiu deixar de lado...
A trilha sonora é ok. Apesar de citarem como um dos grandes pontos positivos do filme, não tem um suporte para que a trilha sonora alcance todo o seu potencial. A fotografia se sobressai, na minha opinião, porque o filme supervaloriza o silêncio, mesmo em momentos completamente desnecessários, o que pelo menos da a abertura para que o filme seja bem filmado, infelizmente captando um personagem que no fim, não parece ter tanto mesmo a oferecer.
A série tem uma mistura ímpar de beleza, horror e mistério, aguardo ansioso os caminhos que os personagens únicos desta série terão de seguir. Vai ser difícil tirar a season finale da mente!
Esse filme não faz jus à história de Jimi, nem ao seu legado.
Dito isto, acho que dois pontos precisam ser destacados pra explicar minha opinião: Primeiramente, mesmo que as músicas de Jimi não tenham sido licenciadas para o filme, é absurdo pensar que em uma biografia de um músico o mesmo toque tão pouco. Grandes biografias, como Ray, e algumas medianas, como James Brown, conseguem contar a vida de seus protagonistas através de seus dramas pessoais e suas músicas em total equilíbrio e sem pretensões de soar "mais artístico".
Segundo, foi muita pretensão do roteirista/diretor John Ridley achar que poderia desenvolver um filme com uma pegada mais alternativa e experimental. O resultado disso é uma edição cheia de cortes estranhos que as vezes confundem o expectador, momentos estranhos em que os diálogos não fazem muito sentido. Há uma cena em particular em que Jimi convida Linda Keith (Imogen Poots, esforçada) para acompanhá-lo num show e, quando ela se recusa, a câmera se "prende" às mãos de Jimi, talvez numa tentativa de mostrar a hesitação do personagem e seu nervosismo (mesmo sendo extremamente apático durante grande parte do filme). O problema é que esse take é leeeeeeeeeeeeeeeento e não agrega tanto valor à causa do filme, já que a mensagem acaba se perdendo.
Para um roteirista de oscar, parece que Ridley se empolgou demais em dirigir e esqueceu diversas pontas soltas no filme. O roteiro dá pulo atrás de pulo, e olha que não se trata aqui de uma biografia completa de Hendrix mas apenas uma fase de sua vida, uma fase seminal, diga-se de passagem. O diretor e sua equipe falham espetacularmente em transpor toda a transformação pela qual o personagem passaria.
Sim, Andre Benjamin parece perfeito como Jimi, sua maneira de falar e o tom de voz, e as (raras) vezes em que aparece tocando convencem, mas seu Jimi é um cara letárgico, apático, que não diz nada, quando diz não soa muito coerente e tem lapsos absurdos em que palestra sobre como vê o mundo. Esse problema não atribuo ao ator, mas novamente ao roteiro, que parece não ter encontrado um meio de fazer Jimi mostrar sua alma. Algumas de suas falas parecem parágrafos retirados de algum livro, um depoimento ou resposta pensada para entrevistas, não uma conversa de bar entre um cigarro e outro.
Mas há um ou dois momentos em que o filme parece se aproximar mais do pensamento de Jimi e quem ele era. Duas cenas são destaque: O diálogo entre Jimi e um representante da "Inglaterra Negra", que coloca o protagonista num contraponto interessante com o pensamento sobre minorias da época. Não exatamente sendo opostos, entendemos que Jimi tem uma alma transcedental e não se limita à questões de pele. Claro que a questão é delicada, pois esse é um período importante de luta contra o racismo, e o filme trabalha tão mal o protagonista que isso pode soar apenas como alienação.
A outra cena interessante é o que, podemos dizer, deveria ser o ápice do filme, quando Jimi FINALMENTE toca algo por completo, quando toca Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. Essa é a cena que mais chega perto de Jimi de fato.
Com um protagonista infantilizado e péssimas decisões de edição e roteiro, Tudo A Meu Favor é uma biografia fraquíssima e que, se não confunde o expectador, no mínimo torna o biografado uma pessoa menos interessante. Para conhecer Jimi de verdade, aconselho Little Wing, Voodoo Child e Purple Haze. Sua música fala muito mais alto que qualquer fala elaborada desse filme.
Caramba, lá se foi uma das séries mais interessantes e sutis que já assisti. Final genial, me deixou com um sentimento de satisfação enorme como poucas produções conseguem.
É relativamente difícil encontrar por aí um filme de ação que não soe pretensioso demais e que se leve extremamente a sério. Dito isso, Kingsman é um belíssimo exemplar de ação despretensiosa e é uma verdadeira montanha russa. Matthew Vaughn tem feito de seus filmes projetos muito interessantes e Kingsman mostra a soma de sua experiência, apoiado em um elenco afiadíssimo, inspirado e com muito estilo.
Apesar de o filme possuir a narrativa da construção do herói, passando por todas as fases que estamos acostumados a ver nesse tipo(personalidade deslocada, traumas, superação), somos carregados por duas tramas, a de Galahad(Firth) e de Eggsy(Taron Egerton, uma grata surpresa!). Apesar de apresentarem a relação típica entre mentor e aprendiz, ambos os personagens tem papéis diferentes a desempenhar, não sendo dependentes um do outro, o que dá liberdade ao roteiro para explorar suas singularidades. Inclusive, é com Firth que testemunhamos algumas das melhores sequências de ação do filme, num filme já recheado de memoráveis sequências. Seu Galahad é um espécime diferenciado: refinado ao extremo e hábil ao extremo em combate, Firth trasmite ao expectador a precisão de seus movimentos e capacidade de agir em momentos de grande tensão. Já Eggsy, no terceiro ato, consegue transmitir um estilo mais distinto e pessoal, não por isso menos majestoso em ação, o que acaba permitindo exageros coreográficos em sequências de ação sem que fiquemos incomodados. Pelo contrário, isso apenas acrescenta mais estilo ao trabalho peculiar desenvolvido por Vaughn.
Pessoalmente, o filme foi uma completa surpresa, pois o trailer não me convenceu de que o filme seria mais que um título de ação genérico. Com um excelente timing e um trabalho peculiar e curioso de Samuel L. Jackson, realmente prometi a mim mesmo prestar mais atenção no trabalho de Vaughn, afinal foi tolice da minha parte ignorar o ótimo curriculo que o diretor vem galgando.
Achei Frank legal, mas não passa disso. Emprega uns recursos narrativos legais (narração em off e twitter) e depois abandona os mesmos perto do final, fica parecendo preguiça do roteirista, afinal de contas, uma narração em off da parte mais dramática do filme, pelo menos pra mim, é a que daria maior abertura ao sentimento que o protagonista buscava desde o início e que não encontrava, que nunca era genuíno. Existe um julgamento de personagens (óbvio do protagonista, mas tudo bem) principalmente o de Frank, que soa desnecessário à trama, que quebra o misticismo, e talvez isso fosse completamente desnecessário. Se Frank é um ídolo, um mito, porque então destruir essa imagem que o filme se esforça para apresentar? Eu não precisava ver por nem um segundo o rosto do Fassbender, o personagem com a máscara já tinha a força suficiente, e, afinal, não é essa excentricidade que torna algumas bandas e seus membros tão únicos?
Tem muitos momentos bem legais: a fotografia é bela e intimista, imprimindo um ar bem indie e pessoal à trama, que torna o crescimento do protagonista algo mais sutil e orgânico. Trilha sonora e atuações (principalmente do Fassbender e do Scoot McNairy, que acho subestimado pra caralho no cinema) são muito bacanas e o filme não é cansativo, tem um estilo bastante leve e carrega o expectador junto sem esforço.
Apesar de cenas sutis e conceituais, alguns momentos de humor muito bacanas, o filme acaba sofrendo no final, quando tanto os recursos narrativos parecem esgotados quanto o espírito "indie" do filme desvanece, e fica meio sem graça e anticlimático no final, apesar de a sequência do finzinho, com a música I Love You All, que eu achei também intimista e pontual, tudo parece perder potência.
No entanto, vale ressaltar que esta ultima sequência é bem o que o filme vinha construindo: Jon não faz parte daquele mundo, ele se confundiu e nutriu falsas esperanças, tentou aproveitar sua chance, mas para isso torna-se egoísta. O mundo de Frank é belo e disfuncional, ninguém ordinário como Jon consegue de fato caber ali.
o filme começa até promissor, mas as músicas não viram nada, só a primeira canção e a dos príncipes que tem um refrão mais marcante e que são, bem, canções de fato.
Dou 3 estrelas porque pra mim o filme é completamente subversivo xD
Sou muito fã de Paul Thomas Anderson e, apesar de não conhecer a obra que gerou este filme, tinha grandes expectativas, já que Anderson é um diretor singular.
E não vou dizer que fiquei super decepcionado, mas achei frustrante... embora Joaquim Phoenix esteja excelente, e alguns dos momentos do filme sejam interessantíssimos, não consegui me adequar ao estilo do filme. Tudo me pareceu meio artificial, e me perguntei até se o filme faz isso de propósito. Infelizmente, se é esse o caso, o filme não deixa claro. Essa confusão prejudicou a imersão, e o caso abordado é tão intricado e cheio de personagens que houve momentos em que eu não entendia direito o que estava de fato acontecendo em cena, como tal sequência contribui para o caso que é o gatilho de toda a trama?
Por fim, quando as coisas começaram a se resolver, achei que o filme simplificaria um pouco, mas não adianta. Questionei a importância e motivações de certos personagens.
Por fim, terminei o filme tão confuso quanto Sportello durante duas horas. Tem vários elementos do estilo de Anderson e tem o carisma de atores competentes para manter o espectador até o fim, mas, pelo menos pra mim, acaba sendo uma obra menor do diretor.
Ou será que eu não estava chapado o suficiente pra sacar tudo?
Cara, a edição dos filmes do Edgar Wright é estimulante! Não vou falar das qualidades óbvias do filme, apenas de um aspecto que achei genial!
O filme tinha tudo pra ser totalmente lento: protagonista workaholic, trabalho em uma VILA! Não qualquer vila, mas a vila mais exemplar da Inglaterra!!!
Só que a edição inspirada transforma o filme. É quase um paradoxo!
Filme sério e maduro. Dificil encontrar filmes assim hoje em dia, e assim como Até o Fim, do mesmo diretor, não oferece uma mãozinha ao telespectador pra ensinar-lhe o que acontece durante toda a projeção, pra explicar cada cena e cada ação dos personagens. Sem flashbacks, sem diálogos expositivos que soem artificiais. Filmes assim é que elevam o nível da platéia, através de atuações sutis, mas extraordinárias. Oscar Isaac não precisa dizer muito para mostrar a essência de Abel.
Justamente por não perder tempo posicionando o público, na verdade, o filme deixa que você o acompanhe se conseguir. a sequência final é brilhante e digna de aplausos, pois enfatiza tudo que o filme vai sugerindo ao longo de suas duas horas.
A abordagem mais pessoal do filme e o desenvolvimento da dupla de personagens são a força motriz do filme. Apesar de não ser um filme perfeito, acho que acerta muito mais do que Godzilla, (o diretor é o mesmo), em diversos aspectos da produção. Claro, o fato de ser um filme independente dá muito mais liberdade para trabalhar o filme, mas o estilo impresso aqui, com direito a momentos contemplativos e uma direção de fotografia mais voltada para momentos íntimos dos personagens do que para eventos explosivos torna todo o apelo visual do filme mais orgânico. A maneira sutil de usar efeitos especiais me lembrou bastante Distrito 9, uma excelente fonte de se beber, se for o caso. É um filme curioso, acima de tudo, e vale a pena assisti-lo justamente por uma abordagem singular no gênero, se é que ele se encaixa em gênero algum de fato.
Iñárritu é um diretor intenso. Posso dizer isso com certeza absoluta, ainda que não tenha assistido toda sua filmografia. Assim sendo, já imaginava em Birdman elementos presentes em outros de seus filmes. O que eu não esperava era que o filme fosse deliciosamente intenso!
Michael Keaton e Edward Norton imprimem em seus personagens traços refletidos em suas carreiras na vida real. Esse aspecto em si enriquece tremendamente o roteiro, apoiado pela qualidade dos outros atores, todos brilhantes em suas cenas. Tudo isso, claro, se deve também à habilidade de Iñárritu em dirigir seus atores, ao roteiro esplêndido que mantém a montanha russa de diálogos e emoções transmitidos ao longo da projeção.
Mas, pessoalmente, o que realmente faz com que o filme avançe perfeitamente é a sua edição, extremamente orgânica, rica e imprevisível. O diretor de fotografia Emmanuel Lubezki faz um trabalho excepcional na construção dos momentos chave da trama! E são tantos que fica difícil pontuar um específico. Além de todos os elementos supracitados, há ainda de se destacar a trilha sonora, um jazz feito de solos de bateria que se mostram complexos como a mente dos personagens que caminham pelos corredores escuros do teatro.
O Oscar deste ano pode não ser mais interessante que o anterior (possui 4 filmes biográficos, até onde contei, concorrendo ao prêmio principal), mas ter Birdman entre seus concorrentes torna o desafio de levar a estatueta para casa bem maior para os outros competidores.
cara, me pergunto se quem fala que o filme, independente de ser bom ou ruim, se parece com jogos de guerra, Call of Duty, etc, REALMENTE joga esses jogos ou só ta falando por causa do sucesso da franquia de jogos kkk.
Talvez lembre Call of Duty 2, que tem algumas fases na campanha com tanques de guerra, até bem semelhante à uma sequência do filme, e só.
Acho que ta meio que faltando argumento pra galera aí....
David Ayer é um cara interessante de se acompanhar: escreveu Dia de Treinamento, dirigiu e escreveu Marcados Para Morrer, que são filmes intensos e no mínimo, interessantes. Mas também dirigiu Sabotagem, que é um filme abominável, só que este ele escreveu junto com Skip Woods, que não entendo como ainda pode ser contratado para escrever algo.
Mas embora Ayer geralmente desenvolva bem seus roteiros, o grande problema de Corações de Ferro é justamente a ausência de um objetivo. Claro, o esquadrão de Brad Pitt tem suas missões para cumprir, o sacrifício diário em direção à vitória de uma guerra que, naquela altura do campeonato em que se passa o filme, está realmente quase finda. Porém, e embora Ayer adicione à mistura todos os clichês que estamos acostumados a ver nos dramas de guerra (dessa e de outras guerras, os excelentes e os péssimos) a falta de um objetivo mais resoluto compromete o desenvolvimento de seus personagens, todos aparentemente interessantes, já que o elenco parece afinado e luta para trazer carisma ao filme. Shia LaBeouf inclusive, foi uma agradável surpresa não porque atua brilhantemente, mas simplismente por traçar o perfil de seu personagem como um homem contemplativo e de fé, e não o bobo usual que estamos acostumados a ver na maioria de seus filmes.
A personalidade do personagem de Brad Pitt, principalmente, é ambígua demais. Vemos seu ódio, vemos seu lado paternal, vemos que ele sofre em silêncio após suas missões, mas o filme nunca ajuda o expectador a entender o que é exatamente que ele está sentindo, e alguém pode argumentar que é assim mesmo, para ser subjetivo. Tudo bem, mas porque tanto enfoque nestes momentos (2) em que ele se ajoelha, e o som ao fundo de repente some? Se o personagem é carismático e interessante, é graças e Pitt, que o pinta como um homem de olhar distante e frio, na maior parte do tempo, e cheio de um amargo desapego em seus piores momentos.
Apesar disso, Ayer consegue segurar as rédeas da produção, dando ao espectador batalhas singulares e que verdadeiramente valem o filme. As sequências de ação não são de grande estratégia militar, mas mostram como seria o trabalho de "limpar a sujeira e passar por cima" com os tanques. Ayer trabalha bem as cenas e, embora tropeçe de vez em quando, ainda consegue manter a lógica da batalha.
Vale ressaltar que algumas cenas de brutalidade são originais e curiosas
. O que ajuda na imersão de um período negro da história humana.
Imperfeito, mas bastante interessante como uma crônica de guerra, Corações de Ferro é favorecido pela dedicação de seus atores em tornar os personagens críveis e pela dinâmica do diretor ao desenvolver as sequências de ação do filme, compensando um roteiro sem foco. Ainda assim, apesar de não mostrar missões históricas ou um grande evento conhecido, é altamente recomendado para fãs do período.
Embriagado de Amor
3.6 479 Assista AgoraPaul Thomas Anderson não deve ser subestimado.
Dito isto, tenho que admitir que pessoalmente, este é um dos filmes mais interessantes do diretor. Não há melhor forma de definir sobre o que se trata o filme, senão na sequência em que que
Barry(Sandler) recebe a primeira ligação de chantagem em seu local de trabalho, enquanto sua irmã e Lena(Watson) tentam estabelecer algum diálogo, ao passo que ninguém entende o por que de tantos pudins encostados em frente ao escritório de Barry.
Aliás, volta e meia, pode-se ouvir vozes ao fundo da projeção, como que vindas do subconsciente de Barry. Sandler encara seu papel com uma curiosa inspiração, já que raramente mostra disposição para atuar. Watson é agradabilíssima de se ver, e é bastante interessante analisar suas peças de vestuário ao longo do filme: ela usa violeta quando está conhecendo Barry e tentando estabelecer um contato mais profundo que o de outros personagens. Já depois de estabelecer este contato, ela surge em vermelho, como se desabrochasse a paixão que desperta e a acompanha pelo restante do filme.
Phillip Seymour Hoffman, embora com um papel pequeno, mas memorável, aproveita cada fala e seu embate com Barry é dos mais curiosos.
Há muitas cenas, muitos significados, pequenos detalhes que Paul T. Anderson nos joga. Não consigo acompanhar sempre cada mensagem ali, já que o diretor é extremamente sutil em alguns projetos, mas há ainda uma sequência que acredito ser esplêndida:
Quando Barry recebe a ligação de Lena, em que ela diz que queria beijá-lo. Ele corre de volta ao apartamento dela, mas não se lembra exatamente qual é o apartamento. Sua fuga tem um ritmo alucinado e aqui e ali notamos a palavra "EXIT". Simples assim, Barry corre deseseperadamente para o que, pode-se dizer, é sua libertação daquele mundo, dentro de seu terno azul.
Spotlight - Segredos Revelados
4.1 1,7K Assista AgoraNão é todo dia que se encontra um filme vigoroso, austero e ousado como Spotlight. Definitivamente o filme mais importante do gênero investigativo em muito tempo, é o tipo de filme em que não há um ator esbanjando talento a despeito de outros, mas sim o tipo em que encontramos um elenco afiado, em que cada ator está compenetrado no seu personagem, todos a fim de definitivamente traduzir o tema do filme, a mensagem a ser enviada ao espectador.
Essa, diga-se de passagem, chocante quando descoberta, e ainda hoje. É brilhante como, a cada passo dado pelo time Spotlight, a cada nova informação descoberta, sentimos seu peso, através de reações sutis. Olhares que se perdem, sem chão, ao ouvir, por exemplo, que o número de casos de abuso é muito maior e sistêmico que o número que inicia toda a investigação.
Tom McCarthy parece entender completamente o peso da mensagem, e o impacto vêm de pequenos momentos intensos. Quantos filmes você assiste por aí em que um simples diálogo é capaz de evocar revolta e frustração tão genuinamente?
Tratar um tema delicado até os dias de hoje, e porque não lembrar, "devidamente esquecidos" pela mídia e pelo povo, não é uma tarefa simples. Assim como os jornalistas reais, seus personagens e os atores que os representaram, é de se admirar a coragem de McCarthy em abordar o assunto sem melodrama, evitando a oferta de muletas para o expectador (o filme se conduz, é necessário atenção porque nenhum personagem vai ficar explicando o assunto a avanço que a trama dá).
No entanto, algo que eu caracterizo como problema no roteiro do próprio diretor e de Josh Singer, são algumas pontas soltas que o filme deixa:
O que acontece com o padre que fala abertamente sobre os abusos antes de ser coagido pela irmã? E o psicoterapeuta que tanto contribui com seus dados que clareiam os objetivos e o escopo da matéria? Nada mais a se dizer sobre Phil, o denunciante que tornou uma pauta "sem futuro" num espetacular e horrorizante furo?
Claro, nada disso tira o brilho do filme, nada que deixe o expectador mais atento insatisfeito. Porém, talvez com cinco minutos a mais de tempo, teríamos ainda mais clareza, evidências e a seriedade, inclusive, que o assunto exige.
E mesmo que eu tenha dito que o elenco é afinado o suficiente para que ninguém se exalte, não posso deixar de observar que, exercendo suas funções, Liev Schreiber, Stanley Tucci e Mark Ruffalo estão incríveis. O faro apurado e calculado, a luta implacável pela verdade e a eterna batalha daqueles que, mesmo frustrados, não deixam de lado o bem.
Pessoas como as retratadas neste filme deveriam inspirar muito mais pessoas a seguir o caminho certo, em busca da verdade. Num país como nosso, em que formadores de opinião surgem aos montes e apenas porque a internet é democrática o bastante para que leiam seus blogs, é difícil filtrar e compreender onde está aquela linha, bastante borrada, entre o certo e o errado.
Que jornalistas e blogueiros visualizem bem esta linha, depois de assistir um filme como este.
Terremoto: A Falha de San Andreas
3.0 1,0K Assista AgoraFilmes catástrofe geralmente não possuem um roteiro elaborado, nem personagens com motivações muito originais. Várias vezes já vimos protagonistas escapando por um triz das piores ameaças da natureza e arriscando tudo por sua família. Rolland Emmerich (Independence Day) fez escola, apesar de não ter criado o gênero, e produziu alguns dos melhores exemplares do gênero (O Dia Depois de Amanhã) e alguns beeeeem fraquinhos (2012). Ainda assim, esses filmes levam milhares ao cinema , talvez pela fixação pelo poder da natureza e a luta de homens comuns para se salvarem diante de um poder maior, talvez pela adrenalina. Em todo caso, volta e meia paro pra assistir a esses filmes, sempre esperando pelos efeitos supracitados.
Mas não é o caso desse desastre que é A Falha de San Andreas.
Uma mistura dos piores clichês do gênero, um roteiro que deve ter sido escrito enquanto seu ator defecava em alguma rodoviária, personagens tão desprovidos de personalidade que nem vale a pena lembrar seus nomes... é o tipo de produto que Hollywood cospe (pra não dizer outra coisa) pra lucrar em cima dos fãs de filme catástrofe.
Nem Dwayne Johnson consegue sair dessa porcaria com dignidade, no momento mais brochante do filme, que me fez querer vomitar, quando o protagonista olha, através da destruição causada pelo terremoto, para uma bandeira dos EUA balançando suavemente no meio de destroços.
A natureza tentou! O pior dos piores terremotos ocorreu, mas nada conseguiu NEM ARRANHAR The Rock. No máximo, o terremoto fez ele suar um pouquinho.
Sicario: Terra de Ninguém
3.7 944 Assista AgoraDenis Villeneuve é um diretor singular: ele trabalha muito e muito bem, já que este é o terceiro tiro certeiro do diretor em poucos anos (Os Suspeitos e O Homem Duplicado só em 2013), mas sua singularidade não se resume apena a período de desenvolvimento de suas projeções e Sicario é definitivamente um ponto alto. O tom sóbrio do filme nunca se deixa levar pela melancolia que poderia facilmente permear todo o filme, e existem cenas belíssimas que contrastam com a brutalidade vivida pelos personagens.
Villeneuve nunca apressa a trama e, no entanto, nenhuma cena do filme é gratuita. Esse perfeccionismo é raro e mais raro ainda é desenvolver um filme que consegue transitar entre sequências de extrema tensão sem apelar para nenhum tipo de clichê e cenas em que o espectador consegue relaxar por alguns segundos, mas com o adendo de que há sempre um desconforto te lembrando que ali, nada é o que parece. Assim como em Os Suspeitos, a trama se conta sem grandes pulos, sem apelos ou melodramas. O siêncio é respeitado e poucos diretores tem a paciência ou habilidade para confiar no poder do material que tem, sem pesar as mãos.
Embora Emily Blunt, Josh Brolin e Guillermo Del Toro brilhem (Del Toro raras vezes se entrega como em Sicario), podemos ver que todo o elenco está profundamente mergulhado na projeção, afiados com diretor e roteiro. As vezes identificamos mais atores que personagens, mas nada escapa ao envolvimento da trama.
Um filme poderoso, com atuações espetaculares e cujo diretor parece mais afiado que nunca. Resta torcer para que ele continue com seu passo rápido para lançar novos filmes.
O Exterminador do Futuro: Gênesis
3.2 1,2K Assista Agoralixo
Mr. Robot (1ª Temporada)
4.5 1,0KNem preciso terminar a temporada pra dar cinco estrelas e favoritar essa série! Que trabalho magnífico!
Desde o primeiro episódio eu sentia o espectro de Clube da Luta presente a série. Ao longo dos episódios a sensação parecia se dissipar, e de repente as influências e o que eu considero uma grandíssima homenagem vieram de uma vez. Sendo Clube da Luta meu filme favorito, ao ver o desenrolar do nono epísodio, a única palavra que encontrei pra expressar o que senti foi "estupefato".
Grandes Olhos
3.8 1,1K Assista grátisNum oceano de biografias medianas entupidas de clichês, surge Tim Burton e realiza essa biografia de forma magnífica e profunda. Apesar de ser seu filme mais "acadêmico", não deixa de ter seus traços característicos, seu estilo de filmagem.
A paleta de cores saturada é maravilhosa, e o contraste criado com as paletas frias de quando Walter está sozinho, algo que encaro como a revelação de sua pequenez, oculta quando está perto do público, e a luz dourada e quente sempre invadindo o estúdio abarrotado onde Margareth pintava, apesar de sua condição, substituiram de maneira exemplar os dramas e lugar comum que permeiam as biografias recentes(especialmente as que concorreram ao Oscar de 2015, devo exaltar).
É curioso que um filme assim, tão único em um gênero tão formulaico, tenha sido ignorado por uma premiação que joga quatro ou cinco biografias para concorrer como melhor filme entre nove indicados. Uma pena realmente.
E olha que eu nem cheguei a falar das atuações da dupla de protagonistas. Seria exagero dizer que Christoph Waltz eventualmente pode acabar ao lado de Jack Nicholson, Daniel Day-Lewis e Walter Brennan? Amy Adams desenvolve uma protagonista que não podia estar mais longe de ser ousada durante quase todo o filme, mas que pouco a pouco vai se revoltando, aspecto que acho que poderia ter sido mais bem trabalhado no terceiro ato, mas que não chega a ser um problema, já que a direção tomada por Tim Burton é focada mais na arte do que em ficar apresentando dramas pessoais.
Apesar de um ou outro aspecto que podia ser melhorado, é provavelmente o melhor filme biográfico que vi desde Rush. Tim Burton é um diretor muito melhor quando faz filmes que vêm de suas paixões (Edward Mãos de Tesoura e Sweeney Todd) do que quando é pago pra jogar seu estilo em algum projeto (A Fantástica Fábrica de Chocolates e Alice). O futuro dele, aliás, parece bastante promissor.
Wayward Pines (1ª Temporada)
3.8 203que final mais podre....
O Franco-Atirador
2.8 164 Assista Agoraclichê, clichê, clichê, clichê. Da primeira linha de diálogo ao desfecho tosco, tudo que esse filme faz e pegar cenas de outros filmes (melhores) e fazer sua própria versão. Se um clichê é bem executado, não da nem pra reclamar, mas quando é mal executado, deixa à mostra a fragilidade de roteiro e pobreza de pensamento dos idealizadores. Conseguiram fazer o Javier Bardem ser um bêbado escroto, num papel que poderia ser dado a qualquer ator de segundo escalão. Aliás, botaram ele e Idris Elba no filme pra tentar pegar mais bilheteria, porque de outro modo não faz sentido escalarem esses dois atores.
E se eu ainda dei algumas estrelas pro filme, é porque o Sean Penn é um ator excepcional e carismático, inclusive disperdiçando seu talento em um personagem que qualquer ator mais barato e menos talentoso faria "bem".
é frustrante pensar até no fato de que o diretor não consegue nem repetir os elementos que tornaram Busca Implacável um filme razoável. Pierre Morel se limita a fazer uma cópia mal feita de seu próprio trabalho.
O Âncora: A Lenda de Ron Burgundy
3.3 356 Assista Agoraeu achei que o filme se esforça demais... quer ser muito engraçado, quer fazer referência a ótimos filmes, quer ser nonsense.... no fim é uma mistura estranha.
maaaas eu dou mérito à cena do "60% das vezes funciona todas as vezes". Essa nasceu clássica!
Kumiko, a Caçadora de Tesouros
3.6 62O filme não me impressionou, não foi ousado e o final não foi interessante. Achei que o filme mostraria alguma coisa mais pessoal da protagonista e o triste é que sabemos dela quase tanto quanto os outros personagens que a cercam, exceto pelo tal tesouro. Ao invés de termos um road movie em que a transformação e amadurecimento surgem através da viagem, do tempo sozinho ou de encontros com indivíduos singulares (que o filme apresenta bem), tive a sensação de que nada passou de um surto, ir do ponto A ao ponto B e é isso. Nebraska é semelhante em diversos aspectos e trabalha muito melhor seus personagens, as relações entre eles ainda possui o elemento da redescoberta de si mesmo, que o roteiro preferiu deixar de lado...
A trilha sonora é ok. Apesar de citarem como um dos grandes pontos positivos do filme, não tem um suporte para que a trilha sonora alcance todo o seu potencial. A fotografia se sobressai, na minha opinião, porque o filme supervaloriza o silêncio, mesmo em momentos completamente desnecessários, o que pelo menos da a abertura para que o filme seja bem filmado, infelizmente captando um personagem que no fim, não parece ter tanto mesmo a oferecer.
Foi apenas um surto.
Penny Dreadful (2ª Temporada)
4.5 620 Assista AgoraA série tem uma mistura ímpar de beleza, horror e mistério, aguardo ansioso os caminhos que os personagens únicos desta série terão de seguir. Vai ser difícil tirar a season finale da mente!
Jimi: Tudo a Meu Favor
3.0 113 Assista AgoraEsse filme não faz jus à história de Jimi, nem ao seu legado.
Dito isto, acho que dois pontos precisam ser destacados pra explicar minha opinião:
Primeiramente, mesmo que as músicas de Jimi não tenham sido licenciadas para o filme, é absurdo pensar que em uma biografia de um músico o mesmo toque tão pouco. Grandes biografias, como Ray, e algumas medianas, como James Brown, conseguem contar a vida de seus protagonistas através de seus dramas pessoais e suas músicas em total equilíbrio e sem pretensões de soar "mais artístico".
Segundo, foi muita pretensão do roteirista/diretor John Ridley achar que poderia desenvolver um filme com uma pegada mais alternativa e experimental. O resultado disso é uma edição cheia de cortes estranhos que as vezes confundem o expectador, momentos estranhos em que os diálogos não fazem muito sentido. Há uma cena em particular em que Jimi convida Linda Keith (Imogen Poots, esforçada) para acompanhá-lo num show e, quando ela se recusa, a câmera se "prende" às mãos de Jimi, talvez numa tentativa de mostrar a hesitação do personagem e seu nervosismo (mesmo sendo extremamente apático durante grande parte do filme). O problema é que esse take é leeeeeeeeeeeeeeeento e não agrega tanto valor à causa do filme, já que a mensagem acaba se perdendo.
Para um roteirista de oscar, parece que Ridley se empolgou demais em dirigir e esqueceu diversas pontas soltas no filme. O roteiro dá pulo atrás de pulo, e olha que não se trata aqui de uma biografia completa de Hendrix mas apenas uma fase de sua vida, uma fase seminal, diga-se de passagem. O diretor e sua equipe falham espetacularmente em transpor toda a transformação pela qual o personagem passaria.
Sim, Andre Benjamin parece perfeito como Jimi, sua maneira de falar e o tom de voz, e as (raras) vezes em que aparece tocando convencem, mas seu Jimi é um cara letárgico, apático, que não diz nada, quando diz não soa muito coerente e tem lapsos absurdos em que palestra sobre como vê o mundo. Esse problema não atribuo ao ator, mas novamente ao roteiro, que parece não ter encontrado um meio de fazer Jimi mostrar sua alma. Algumas de suas falas parecem parágrafos retirados de algum livro, um depoimento ou resposta pensada para entrevistas, não uma conversa de bar entre um cigarro e outro.
Mas há um ou dois momentos em que o filme parece se aproximar mais do pensamento de Jimi e quem ele era. Duas cenas são destaque: O diálogo entre Jimi e um representante da "Inglaterra Negra", que coloca o protagonista num contraponto interessante com o pensamento sobre minorias da época. Não exatamente sendo opostos, entendemos que Jimi tem uma alma transcedental e não se limita à questões de pele. Claro que a questão é delicada, pois esse é um período importante de luta contra o racismo, e o filme trabalha tão mal o protagonista que isso pode soar apenas como alienação.
A outra cena interessante é o que, podemos dizer, deveria ser o ápice do filme, quando Jimi FINALMENTE toca algo por completo, quando toca Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. Essa é a cena que mais chega perto de Jimi de fato.
Com um protagonista infantilizado e péssimas decisões de edição e roteiro, Tudo A Meu Favor é uma biografia fraquíssima e que, se não confunde o expectador, no mínimo torna o biografado uma pessoa menos interessante. Para conhecer Jimi de verdade, aconselho Little Wing, Voodoo Child e Purple Haze. Sua música fala muito mais alto que qualquer fala elaborada desse filme.
Mad Men (7ª Temporada)
4.6 387 Assista AgoraCaramba, lá se foi uma das séries mais interessantes e sutis que já assisti. Final genial, me deixou com um sentimento de satisfação enorme como poucas produções conseguem.
Kingsman: Serviço Secreto
4.0 2,2K Assista AgoraÉ relativamente difícil encontrar por aí um filme de ação que não soe pretensioso demais e que se leve extremamente a sério. Dito isso, Kingsman é um belíssimo exemplar de ação despretensiosa e é uma verdadeira montanha russa. Matthew Vaughn tem feito de seus filmes projetos muito interessantes e Kingsman mostra a soma de sua experiência, apoiado em um elenco afiadíssimo, inspirado e com muito estilo.
Apesar de o filme possuir a narrativa da construção do herói, passando por todas as fases que estamos acostumados a ver nesse tipo(personalidade deslocada, traumas, superação), somos carregados por duas tramas, a de Galahad(Firth) e de Eggsy(Taron Egerton, uma grata surpresa!). Apesar de apresentarem a relação típica entre mentor e aprendiz, ambos os personagens tem papéis diferentes a desempenhar, não sendo dependentes um do outro, o que dá liberdade ao roteiro para explorar suas singularidades. Inclusive, é com Firth que testemunhamos algumas das melhores sequências de ação do filme, num filme já recheado de memoráveis sequências. Seu Galahad é um espécime diferenciado: refinado ao extremo e hábil ao extremo em combate, Firth trasmite ao expectador a precisão de seus movimentos e capacidade de agir em momentos de grande tensão. Já Eggsy, no terceiro ato, consegue transmitir um estilo mais distinto e pessoal, não por isso menos majestoso em ação, o que acaba permitindo exageros coreográficos em sequências de ação sem que fiquemos incomodados. Pelo contrário, isso apenas acrescenta mais estilo ao trabalho peculiar desenvolvido por Vaughn.
Pessoalmente, o filme foi uma completa surpresa, pois o trailer não me convenceu de que o filme seria mais que um título de ação genérico. Com um excelente timing e um trabalho peculiar e curioso de Samuel L. Jackson, realmente prometi a mim mesmo prestar mais atenção no trabalho de Vaughn, afinal foi tolice da minha parte ignorar o ótimo curriculo que o diretor vem galgando.
Frank
3.7 599 Assista AgoraAchei Frank legal, mas não passa disso. Emprega uns recursos narrativos legais (narração em off e twitter) e depois abandona os mesmos perto do final, fica parecendo preguiça do roteirista, afinal de contas, uma narração em off da parte mais dramática do filme, pelo menos pra mim, é a que daria maior abertura ao sentimento que o protagonista buscava desde o início e que não encontrava, que nunca era genuíno. Existe um julgamento de personagens (óbvio do protagonista, mas tudo bem) principalmente o de Frank, que soa desnecessário à trama, que quebra o misticismo, e talvez isso fosse completamente desnecessário. Se Frank é um ídolo, um mito, porque então destruir essa imagem que o filme se esforça para apresentar? Eu não precisava ver por nem um segundo o rosto do Fassbender, o personagem com a máscara já tinha a força suficiente, e, afinal, não é essa excentricidade que torna algumas bandas e seus membros tão únicos?
Tem muitos momentos bem legais: a fotografia é bela e intimista, imprimindo um ar bem indie e pessoal à trama, que torna o crescimento do protagonista algo mais sutil e orgânico. Trilha sonora e atuações (principalmente do Fassbender e do Scoot McNairy, que acho subestimado pra caralho no cinema) são muito bacanas e o filme não é cansativo, tem um estilo bastante leve e carrega o expectador junto sem esforço.
Apesar de cenas sutis e conceituais, alguns momentos de humor muito bacanas, o filme acaba sofrendo no final, quando tanto os recursos narrativos parecem esgotados quanto o espírito "indie" do filme desvanece, e fica meio sem graça e anticlimático no final, apesar de a sequência do finzinho, com a música I Love You All, que eu achei também intimista e pontual, tudo parece perder potência.
No entanto, vale ressaltar que esta ultima sequência é bem o que o filme vinha construindo: Jon não faz parte daquele mundo, ele se confundiu e nutriu falsas esperanças, tentou aproveitar sua chance, mas para isso torna-se egoísta. O mundo de Frank é belo e disfuncional, ninguém ordinário como Jon consegue de fato caber ali.
Caminhos da Floresta
2.9 1,7K Assista Agorao filme começa até promissor, mas as músicas não viram nada, só a primeira canção e a dos príncipes que tem um refrão mais marcante e que são, bem, canções de fato.
Dou 3 estrelas porque pra mim o filme é completamente subversivo xD
Vício Inerente
3.5 554 Assista AgoraSou muito fã de Paul Thomas Anderson e, apesar de não conhecer a obra que gerou este filme, tinha grandes expectativas, já que Anderson é um diretor singular.
E não vou dizer que fiquei super decepcionado, mas achei frustrante... embora Joaquim Phoenix esteja excelente, e alguns dos momentos do filme sejam interessantíssimos, não consegui me adequar ao estilo do filme. Tudo me pareceu meio artificial, e me perguntei até se o filme faz isso de propósito. Infelizmente, se é esse o caso, o filme não deixa claro. Essa confusão prejudicou a imersão, e o caso abordado é tão intricado e cheio de personagens que houve momentos em que eu não entendia direito o que estava de fato acontecendo em cena, como tal sequência contribui para o caso que é o gatilho de toda a trama?
Por fim, quando as coisas começaram a se resolver, achei que o filme simplificaria um pouco, mas não adianta. Questionei a importância e motivações de certos personagens.
Por fim, terminei o filme tão confuso quanto Sportello durante duas horas. Tem vários elementos do estilo de Anderson e tem o carisma de atores competentes para manter o espectador até o fim, mas, pelo menos pra mim, acaba sendo uma obra menor do diretor.
Ou será que eu não estava chapado o suficiente pra sacar tudo?
Chumbo Grosso
3.9 532 Assista AgoraCara, a edição dos filmes do Edgar Wright é estimulante! Não vou falar das qualidades óbvias do filme, apenas de um aspecto que achei genial!
O filme tinha tudo pra ser totalmente lento: protagonista workaholic, trabalho em uma VILA! Não qualquer vila, mas a vila mais exemplar da Inglaterra!!!
Só que a edição inspirada transforma o filme. É quase um paradoxo!
O Ano Mais Violento
3.5 285Filme sério e maduro. Dificil encontrar filmes assim hoje em dia, e assim como Até o Fim, do mesmo diretor, não oferece uma mãozinha ao telespectador pra ensinar-lhe o que acontece durante toda a projeção, pra explicar cada cena e cada ação dos personagens. Sem flashbacks, sem diálogos expositivos que soem artificiais. Filmes assim é que elevam o nível da platéia, através de atuações sutis, mas extraordinárias. Oscar Isaac não precisa dizer muito para mostrar a essência de Abel.
Justamente por não perder tempo posicionando o público, na verdade, o filme deixa que você o acompanhe se conseguir. a sequência final é brilhante e digna de aplausos, pois enfatiza tudo que o filme vai sugerindo ao longo de suas duas horas.
Monstros
3.0 315 Assista AgoraA abordagem mais pessoal do filme e o desenvolvimento da dupla de personagens são a força motriz do filme. Apesar de não ser um filme perfeito, acho que acerta muito mais do que Godzilla, (o diretor é o mesmo), em diversos aspectos da produção. Claro, o fato de ser um filme independente dá muito mais liberdade para trabalhar o filme, mas o estilo impresso aqui, com direito a momentos contemplativos e uma direção de fotografia mais voltada para momentos íntimos dos personagens do que para eventos explosivos torna todo o apelo visual do filme mais orgânico. A maneira sutil de usar efeitos especiais me lembrou bastante Distrito 9, uma excelente fonte de se beber, se for o caso.
É um filme curioso, acima de tudo, e vale a pena assisti-lo justamente por uma abordagem singular no gênero, se é que ele se encaixa em gênero algum de fato.
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
3.8 3,4K Assista AgoraIñárritu é um diretor intenso. Posso dizer isso com certeza absoluta, ainda que não tenha assistido toda sua filmografia. Assim sendo, já imaginava em Birdman elementos presentes em outros de seus filmes. O que eu não esperava era que o filme fosse deliciosamente intenso!
Michael Keaton e Edward Norton imprimem em seus personagens traços refletidos em suas carreiras na vida real. Esse aspecto em si enriquece tremendamente o roteiro, apoiado pela qualidade dos outros atores, todos brilhantes em suas cenas. Tudo isso, claro, se deve também à habilidade de Iñárritu em dirigir seus atores, ao roteiro esplêndido que mantém a montanha russa de diálogos e emoções transmitidos ao longo da projeção.
Mas, pessoalmente, o que realmente faz com que o filme avançe perfeitamente é a sua edição, extremamente orgânica, rica e imprevisível. O diretor de fotografia Emmanuel Lubezki faz um trabalho excepcional na construção dos momentos chave da trama! E são tantos que fica difícil pontuar um específico. Além de todos os elementos supracitados, há ainda de se destacar a trilha sonora, um jazz feito de solos de bateria que se mostram complexos como a mente dos personagens que caminham pelos corredores escuros do teatro.
O Oscar deste ano pode não ser mais interessante que o anterior (possui 4 filmes biográficos, até onde contei, concorrendo ao prêmio principal), mas ter Birdman entre seus concorrentes torna o desafio de levar a estatueta para casa bem maior para os outros competidores.
Corações de Ferro
3.9 1,4K Assista Agoracara, me pergunto se quem fala que o filme, independente de ser bom ou ruim, se parece com jogos de guerra, Call of Duty, etc, REALMENTE joga esses jogos ou só ta falando por causa do sucesso da franquia de jogos kkk.
Talvez lembre Call of Duty 2, que tem algumas fases na campanha com tanques de guerra, até bem semelhante à uma sequência do filme, e só.
Acho que ta meio que faltando argumento pra galera aí....
Corações de Ferro
3.9 1,4K Assista AgoraDavid Ayer é um cara interessante de se acompanhar: escreveu Dia de Treinamento, dirigiu e escreveu Marcados Para Morrer, que são filmes intensos e no mínimo, interessantes. Mas também dirigiu Sabotagem, que é um filme abominável, só que este ele escreveu junto com Skip Woods, que não entendo como ainda pode ser contratado para escrever algo.
Mas embora Ayer geralmente desenvolva bem seus roteiros, o grande problema de Corações de Ferro é justamente a ausência de um objetivo. Claro, o esquadrão de Brad Pitt tem suas missões para cumprir, o sacrifício diário em direção à vitória de uma guerra que, naquela altura do campeonato em que se passa o filme, está realmente quase finda. Porém, e embora Ayer adicione à mistura todos os clichês que estamos acostumados a ver nos dramas de guerra (dessa e de outras guerras, os excelentes e os péssimos) a falta de um objetivo mais resoluto compromete o desenvolvimento de seus personagens, todos aparentemente interessantes, já que o elenco parece afinado e luta para trazer carisma ao filme. Shia LaBeouf inclusive, foi uma agradável surpresa não porque atua brilhantemente, mas simplismente por traçar o perfil de seu personagem como um homem contemplativo e de fé, e não o bobo usual que estamos acostumados a ver na maioria de seus filmes.
A personalidade do personagem de Brad Pitt, principalmente, é ambígua demais. Vemos seu ódio, vemos seu lado paternal, vemos que ele sofre em silêncio após suas missões, mas o filme nunca ajuda o expectador a entender o que é exatamente que ele está sentindo, e alguém pode argumentar que é assim mesmo, para ser subjetivo. Tudo bem, mas porque tanto enfoque nestes momentos (2) em que ele se ajoelha, e o som ao fundo de repente some? Se o personagem é carismático e interessante, é graças e Pitt, que o pinta como um homem de olhar distante e frio, na maior parte do tempo, e cheio de um amargo desapego em seus piores momentos.
Apesar disso, Ayer consegue segurar as rédeas da produção, dando ao espectador batalhas singulares e que verdadeiramente valem o filme. As sequências de ação não são de grande estratégia militar, mas mostram como seria o trabalho de "limpar a sujeira e passar por cima" com os tanques. Ayer trabalha bem as cenas e, embora tropeçe de vez em quando, ainda consegue manter a lógica da batalha.
Vale ressaltar que algumas cenas de brutalidade são originais e curiosas
(como o soldado esmagado na estrada)
Imperfeito, mas bastante interessante como uma crônica de guerra, Corações de Ferro é favorecido pela dedicação de seus atores em tornar os personagens críveis e pela dinâmica do diretor ao desenvolver as sequências de ação do filme, compensando um roteiro sem foco. Ainda assim, apesar de não mostrar missões históricas ou um grande evento conhecido, é altamente recomendado para fãs do período.