Um filme que poderia muito bem ser melhor se não tivesse: 1, foco tão grande num romance clichê e previsível e 2, um personagem tão machista quanto o do Seth Rogen.
Um filme tão silencioso quanto seu protagonista. Mas onde suas imagens dizem mais que qualquer diálogo. E olhe que esses poucos diálogos dizem bastante.
Eu nem sei muito o que dizer sobre esse filme, acho que a grandiosidade e a primorosidade dele falam por si só, e quem o viu sabe do que eu to falando. Mas tem uma coisa que me fez querer escrever esse comentário, e é o fato de que, pelo menos comigo, nos últimos dois terços do filme eu já não me surpreendia mais com as "mortes" (a palavra mais exata seria "execuções", mesmo). Elas já não me chocavam, não me escandalizavam, como as primeiras. Em alguns casos eu até ficava aliviado com a morte de certas pessoas. Eu estava acostumado. E foi isso que, na verdade, me assustou. Acho que isso, por si, diz muito sobre esse tipo de regime. Ou até sobre nós mesmos.
Que experiência interessante, foi assistir esse filme. Os cortes e a montagem, além de outros preceitos do Dogma, que geram uma espécie de continuidade caótica, dão ao filme quase que uma vida própria; como se respirasse em seu próprio ritmo. Uma sensação realmente única pra qualquer admirador de cinema.
Eu literalmente me abaixei na cena em que o Fletcher joga a cadeira, de tão "in" que eu tava (e nem foi preciso nenhum 3D pra isso he). Os dois personagens principais, ao meu ver, se parecem muito, mais do que qualquer outra coisa. Eles dão uma dinâmica dupla de insanidade ao filme que o deixa extremamente intenso. Aliás, acredito até que não há palavra que melhor descreva esse filme do que essa. Intenso.
Não sei se foi só comigo, mas o personagem do Miles me remeteu muito ao personagen do Jake Gyllenhaal no filme Nightcrawler (O Abutre), especialmente na cena em que ele explica o porquê de estar terminando com a namorada. Acho que quem viu o outro filme deve entender o porquê.
Confesso que esse final me decepcionou bastante, a ponto de me fazer tirar uma estrela só por isso. Um filme que começou parecendo quebrar diversos paradigmas, o que foi gerando interessantíssimas questões, apesar do ritmo bem leve; mas simplesmente não soube respondê-las, quando não deveria nem sequer ter tentado. Ao invés disso, tentou nos enfiar goela a baixo um romantismo completamente insonso e enviesado por uma cultura normativa que tenta a todo custo padronizar não só as pessoas mas até a forma com que elas se relacionam. E a isso eu digo: não, não existe apenas uma forma de se relacionar.
Eu não achei o filme melancólico ou triste como uma galera tem pregado. Acho que exceto pelo personagem do Tom Hiddleston, é justamente o contrário. Achei o filme um ode à vida, à contemplação e à culturalização. Talvez um certo perssimismo com relação ao rumo da espécie humana, mas o que me deu essa esperança toda foi na verdade a espécie deles. Adorei especialmente as personagens da Tilda Swinton e da Mia Wasikowska (embora dificilmente eu iria desgostar de alguma coisa que essa moça linda fizesse hehe).
Filme interessantíssimo. Não só pela complexidade e profundidade psicológica com as quais são tratadas a protagonista e suas relações, mas principalmente pela beleza da inversão dos papeis de gênero, magistralmente executada nesse filme. O poder sobre as figuras masculinas que é dado a essa mulher (poder sobre o marido, com o qual ela pode "fazer o que quiser"; poder sobre o soldado, que apesar de ser quem porta a arma e o dinheiro, é ele quem "sempre obedece"), especialmente dentro do contexto cultural do Oriente Médio, faz com que esse filme se torne um grito contra o patriarcalismo. O marido também acaba funcionando, numa artimanha interessante, como uma espécie de "elo de ligação" entre a personagem principal e o espectador, fazendo com que suas confissões emocionais sejam feitas quase que diretamente para nós, o que consequentemente acaba fazendo com que criemos uma empatia maior pela personagem. Não conheço a obra original, que parece ter sido escrita pelo próprio diretor do filme, mas pela qualidade desse filme como obra áudio-visual independente, aposto que deve ter sido pelo menos digno à mesma.
Um bom filme. Surpreendentemente bem dirigido, boas atuações. Mas achei o roteiro por demais manipulador. Além de algumas personagens e situações um tanto estereotipadas, o filme parece estar o tempo todo muito mais preocupado em chocar e fazer o espectador sentir uma empatia que é quase pena da protagonista e das meninas (o que, é claro, são duas coisas importantes neste caso) do que efetivamente criar situações ou manobras que gerem de fato reflexões mais profundas sobre esse tema que é tão delicado.
É impressionante como o cinema, como forma de arte, possui como boa parte do seu público pessoas extremamente intolerantes à menor tentativa de mudança, experimentalismo ou qualquer coisa do tipo que exija um pouco mais de atenção e de disposição intelectual na sua "absorção". Mas isso é papo pra outra hora. Sob a Pele é um filme que causa essa sensação de estranheza até pros mais íntimos com o cinema por conta desse seu experimentalismo latente. É um filme pretensioso que utiliza muito mais a linguagem metafórica e visual do que a falada propriamente dita. Isso faz com que o seu conteúdo seja absorvido de forma muito subjetiva, completamente diferente da linguagem à qual estamos acostumados, de forma que tenho até dificuldade de expô-lo aqui em palavras. E isso se aplica também até à sua própria estória, onde alguns detalhes da narrativa são apreendidos quase que intuitivamente, pois o filme em si quase não deixa nada claro. Mas, ao menos a mim, e de forma muito geral, esse filme soou como um convite. Um convite a sairmos desse lugar de seres humanos normativos para assim podermos observar a humanidade (e, consequentemente, a nós mesmos) com outros olhos; olhos completamente alheios a tudo. Isso fica bem exposto nas cenas em que vemos Scarlett dirigndo pela cidade, observando seu funcionamento e conversando com as pessoas sobre suas vidas em um tom que eu achei quase documentarístico (espero que essa palavra exista). Nesse último exemplo ela supostamente estaria apenas buscando sua próxima vítima, mas eu acredito que ela estava genuinamente interessada no modo como aquelas pessoas vivem as suas vidas, numa pegada quase existencial. Mas o meu objetivo aqui não é listar todas as metáforas ou temas de discussão que esse filme sugere, até porque seria quase impossível ou no mínimo demasiadamente denso para um mero comentário no filmow. Posso ser um pouco suspeito pra falar, já que tenho um interesse especial em filmes que tentem de alguma maneira se desprender das normas estabelecidas e entregar ao expectador alguma inovação em qualquer campo do fazer cinematográfico (além do fato d'eu ter, assim como provavelmente boa parcela da população humana atualmente, uma paixão platônica pela Scarlett), e por isso talvez minha nota tenha sido um pouco parcial. Mas eu acredito que pra qualquer verdadeiro apreciador de cinema esse filme seja no mínimo interessante, tanto pela sua ótima fotografia e os demais quesitos técnicos em geral (a direção de Jonathan Glazer é extremamente atmosférica e é o que definitivamente dá o corpo ao filme) que renderam alguns belíssimos planos (como aquele da névoa) quanto pela riqueza e complexidade de conteúdos que esse filme pode suscitar, ainda que requiram uma certa disposição.
Essa segunda parte até que me surpreendeu de uma certa forma, considerando que eu me decepcionei com a primeira; logo, tinha minhas expectativas um tanto quanto baixas. Ele tem algumas sacadas bem bacanas, mas também outras meio idiotas. Além do mais, essa estrutura baseada na narração, que foi o que tanto me incomodou na primeira parte, eu continuo sem conseguir engolir. A narração por si talvez pudesse ter sido bem executada, se bem escrita; mas do jeito que foi feita só deixou as coisas excessivamente explicativas e desnecessariamente didáticas, perdendo a maior parte do poder interpretativo do filme. Isso sem contar
esse final horroroso, bobo e desnecessário, que me fez terminar o filme morrendo de raiva do Lars von Trier.
Apesar disso tudo, eu absorvi a maior parte do filme de uma maneira positiva. Ainda que eu considere aquém à maioria do que o Trier já fez, por si só é um bom filme.
O visual ficou bem mais bonito nesse filme e tem algumas poucas cenas avulsas legais, mas na verdade mesmo a única coisa que ele fez foi me lembrar o quão eu gostava mais dos primeiros filmes do Aranha, ainda que isso seja só pura nostalgia.
Que filme bonito! É interessante como a estética quase que documental aliada à própria proposta mais realística do roteiro dão corpo ao filme de uma forma que faz com que seus personagens pareçam muito mais palpáveis do que a maioria dos que costumamos ver nas telas. Os momentos em que a montagem de cenas distintas se entrelaça à música é um toque sensível que também me agradou bastante. Um quase-musical para um quase-romance; enfim, um bonito filme.
Para um bom apreciador do gênero, essa foi uma surpresa agradável. A estrutura do roteiro é bastante interessante e inteligente, e em conjunto com uma direção eficiente gera uma tensão ao longo da maior parte do filme que não apenas existe por si mesma, mas que também ajuda no próprio desnvolvimento das personalidades dos personagens, o que o diferencia da maioria das produções hollywoodianas dessa área. Apesar de um deslize no último ato pela confusão do roteiro no desenvolvimento da sua trama "principal", não deixa de ser uma experiência no mínimo interessante (se assistido com a atenção devida), e eu diria que até inovadora, ainda que utilizando-se de elementos já consagrados do gênero.
Será que tem como dar mais de 5 estrelas? Eu me apaixonei tanto por esse filme que foi o que me fez vir aqui e escrever um comentário pela primeira vez. Posso dizer sem medo que essa é, se não a, uma das maiores obras primas do cinema que já tive o prazer de desfrutar. Talvez a escolha desse adjetivo, "maior", contraste um pouco com a simplicidade da sua premissa (que é evidenciada tanto pela curta duração do filme quanto pelo fato de o mesmo se passar inteiramente em apenas praticamente 3 locações diferentes).No entanto, essa suposta simplicidade gera desdobramentos tão complexos que satisfaria até mesmo os que tem como preferência histórias "maiores" e mais ambiciosas. Apesar de que esse filme é a maior prova de que a ambiciosidade de uma história não está nem em seu tamanho ou em sua abrangência. Além da sempre maravilhosa direção do mestre de todos nós Akira Kurosawa e das atuações impecáveis, o brilhantismo do roteiro é também um ponto que vale ser ressaltado. Apesar de se tratar de uma adaptação de uma obra, em nada se perde o mérito do roteiro de Kurosawa, visto a grandiosidade de sua execução. Sempre com planos lindos, diálogos extremamente profundos e filosóficos e metáforas inteligentíssimas, a riqueza desse filme é inquestionável. Tive também algumas sensações durante o filme que gostaria de compartilhar. Por exemplo, não sei se era exatamente esse o objetivo do cineasta ou apenas uma opção estética, mas
durante as sequências em que as testemunhas e os envolvidos dão sua versão da história no "tribunal" a câmera é posicionada exatamente em frente aos atores, com os mesmos falando diretamente para ela, como se nós fôssemos a câmera e como se os personagens estivessem confessando diretamente para nós, o que meio que remete um pouco ao estilo de direção do outro mestre japonês Ozu, mas que nos coloca no lugar dos próprios "julgadores" dessas histórias e dessas pessoas.
E uma outra sensação que eu tive talvez já seja um pouco mais pessoal, mas foi a mesma que eu tive com o final de "Sonhos" do próprio Kurosawa, o que parece ser um tema constante em sua filmografia, que seria
contrastar personagens ou situações que possuem ou expressam visões de mundo e de ser humano extremamente pessimistas (no caso o personagem que ouve a história dos dois testemunhas no templo) com personagens ou situações boas ou que remetem a uma sensação de paz, de honestidade e sentimentos bons em geral (o lenhador que conta sua versão por último), expressando uma visão otimista e um pouco de fé em meio a um mundo e humanidade aparentemente corrompidos.
apesar de eu tender a acreditar que nenhum dos personagens contou completamente a verdade, se eu tivesse que escolher dentre alguma das versões contadas eu escolheria a última, contada pelo lenhador, pelo fato de que, apesar do próprio filme meio que sutilmente deixar a entender que ele que falou a verdade, ele foi o único que se realmente "prejudicou" ao contar, pois enquanto os outros contaram versões que os colocavam em um papel de honra ou de "coitado", a versão dele o colocava como um covarde e até aproveitador, não à toa que optou por não contar no tribunal, junto com os demais.
50%
3.9 2,2K Assista AgoraUm filme que poderia muito bem ser melhor se não tivesse: 1, foco tão grande num romance clichê e previsível e 2, um personagem tão machista quanto o do Seth Rogen.
Obra
3.0 48Um filme tão silencioso quanto seu protagonista. Mas onde suas imagens dizem mais que qualquer diálogo. E olhe que esses poucos diálogos dizem bastante.
O Pianista
4.4 1,8K Assista AgoraEu nem sei muito o que dizer sobre esse filme, acho que a grandiosidade e a primorosidade dele falam por si só, e quem o viu sabe do que eu to falando. Mas tem uma coisa que me fez querer escrever esse comentário, e é o fato de que, pelo menos comigo, nos últimos dois terços do filme eu já não me surpreendia mais com as "mortes" (a palavra mais exata seria "execuções", mesmo). Elas já não me chocavam, não me escandalizavam, como as primeiras. Em alguns casos eu até ficava aliviado com a morte de certas pessoas. Eu estava acostumado. E foi isso que, na verdade, me assustou. Acho que isso, por si, diz muito sobre esse tipo de regime.
Ou até sobre nós mesmos.
Os Idiotas
3.5 283 Assista AgoraQue experiência interessante, foi assistir esse filme. Os cortes e a montagem, além de outros preceitos do Dogma, que geram uma espécie de continuidade caótica, dão ao filme quase que uma vida própria; como se respirasse em seu próprio ritmo. Uma sensação realmente única pra qualquer admirador de cinema.
Whiplash: Em Busca da Perfeição
4.4 4,1K Assista AgoraEu literalmente me abaixei na cena em que o Fletcher joga a cadeira, de tão "in" que eu tava (e nem foi preciso nenhum 3D pra isso he). Os dois personagens principais, ao meu ver, se parecem muito, mais do que qualquer outra coisa. Eles dão uma dinâmica dupla de insanidade ao filme que o deixa extremamente intenso. Aliás, acredito até que não há palavra que melhor descreva esse filme do que essa. Intenso.
Uma curiosidade:
Não sei se foi só comigo, mas o personagem do Miles me remeteu muito ao personagen do Jake Gyllenhaal no filme Nightcrawler (O Abutre), especialmente na cena em que ele explica o porquê de estar terminando com a namorada. Acho que quem viu o outro filme deve entender o porquê.
Bonequinha de Luxo
4.1 1,7K Assista AgoraConfesso que esse final me decepcionou bastante, a ponto de me fazer tirar uma estrela só por isso. Um filme que começou parecendo quebrar diversos paradigmas, o que foi gerando interessantíssimas questões, apesar do ritmo bem leve; mas simplesmente não soube respondê-las, quando não deveria nem sequer ter tentado. Ao invés disso, tentou nos enfiar goela a baixo um romantismo completamente insonso e enviesado por uma cultura normativa que tenta a todo custo padronizar não só as pessoas mas até a forma com que elas se relacionam. E a isso eu digo: não, não existe apenas uma forma de se relacionar.
Eu, pelo menos, jamais ficaria com alguém que me dissesse "você me pertence". Especialmente se eu fosse uma mulher.
Mas fora isso, não deixa de ser um clássico de uma leveza extremamente agradável, muito pelo inegável charme e carisma da eterna Audrey Hepburn.
Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum
3.8 529 Assista AgoraTa aí um filme que me maltratou. Ele só não me deixou em profunda depressão por causa do humor negro lacinante dos Coen.
Amantes Eternos
3.8 782 Assista AgoraEu não achei o filme melancólico ou triste como uma galera tem pregado. Acho que exceto pelo personagem do Tom Hiddleston, é justamente o contrário. Achei o filme um ode à vida, à contemplação e à culturalização. Talvez um certo perssimismo com relação ao rumo da espécie humana, mas o que me deu essa esperança toda foi na verdade a espécie deles. Adorei especialmente as personagens da Tilda Swinton e da Mia Wasikowska (embora dificilmente eu iria desgostar de alguma coisa que essa moça linda fizesse hehe).
A Pedra de Paciência
4.2 96 Assista AgoraFilme interessantíssimo. Não só pela complexidade e profundidade psicológica com as quais são tratadas a protagonista e suas relações, mas principalmente pela beleza da inversão dos papeis de gênero, magistralmente executada nesse filme. O poder sobre as figuras masculinas que é dado a essa mulher (poder sobre o marido, com o qual ela pode "fazer o que quiser"; poder sobre o soldado, que apesar de ser quem porta a arma e o dinheiro, é ele quem "sempre obedece"), especialmente dentro do contexto cultural do Oriente Médio, faz com que esse filme se torne um grito contra o patriarcalismo. O marido também acaba funcionando, numa artimanha interessante, como uma espécie de "elo de ligação" entre a personagem principal e o espectador, fazendo com que suas confissões emocionais sejam feitas quase que diretamente para nós, o que consequentemente acaba fazendo com que criemos uma empatia maior pela personagem.
Não conheço a obra original, que parece ter sido escrita pelo próprio diretor do filme, mas pela qualidade desse filme como obra áudio-visual independente, aposto que deve ter sido pelo menos digno à mesma.
Anjos do Sol
4.0 409Um bom filme. Surpreendentemente bem dirigido, boas atuações. Mas achei o roteiro por demais manipulador. Além de algumas personagens e situações um tanto estereotipadas, o filme parece estar o tempo todo muito mais preocupado em chocar e fazer o espectador sentir uma empatia que é quase pena da protagonista e das meninas (o que, é claro, são duas coisas importantes neste caso) do que efetivamente criar situações ou manobras que gerem de fato reflexões mais profundas sobre esse tema que é tão delicado.
Sob a Pele
3.2 1,4K Assista AgoraÉ impressionante como o cinema, como forma de arte, possui como boa parte do seu público pessoas extremamente intolerantes à menor tentativa de mudança, experimentalismo ou qualquer coisa do tipo que exija um pouco mais de atenção e de disposição intelectual na sua "absorção". Mas isso é papo pra outra hora.
Sob a Pele é um filme que causa essa sensação de estranheza até pros mais íntimos com o cinema por conta desse seu experimentalismo latente. É um filme pretensioso que utiliza muito mais a linguagem metafórica e visual do que a falada propriamente dita. Isso faz com que o seu conteúdo seja absorvido de forma muito subjetiva, completamente diferente da linguagem à qual estamos acostumados, de forma que tenho até dificuldade de expô-lo aqui em palavras. E isso se aplica também até à sua própria estória, onde alguns detalhes da narrativa são apreendidos quase que intuitivamente, pois o filme em si quase não deixa nada claro. Mas, ao menos a mim, e de forma muito geral, esse filme soou como um convite. Um convite a sairmos desse lugar de seres humanos normativos para assim podermos observar a humanidade (e, consequentemente, a nós mesmos) com outros olhos; olhos completamente alheios a tudo. Isso fica bem exposto nas cenas em que vemos Scarlett dirigndo pela cidade, observando seu funcionamento e conversando com as pessoas sobre suas vidas em um tom que eu achei quase documentarístico (espero que essa palavra exista). Nesse último exemplo ela supostamente estaria apenas buscando sua próxima vítima, mas eu acredito que ela estava genuinamente interessada no modo como aquelas pessoas vivem as suas vidas, numa pegada quase existencial. Mas o meu objetivo aqui não é listar todas as metáforas ou temas de discussão que esse filme sugere, até porque seria quase impossível ou no mínimo demasiadamente denso para um mero comentário no filmow.
Posso ser um pouco suspeito pra falar, já que tenho um interesse especial em filmes que tentem de alguma maneira se desprender das normas estabelecidas e entregar ao expectador alguma inovação em qualquer campo do fazer cinematográfico (além do fato d'eu ter, assim como provavelmente boa parcela da população humana atualmente, uma paixão platônica pela Scarlett), e por isso talvez minha nota tenha sido um pouco parcial. Mas eu acredito que pra qualquer verdadeiro apreciador de cinema esse filme seja no mínimo interessante, tanto pela sua ótima fotografia e os demais quesitos técnicos em geral (a direção de Jonathan Glazer é extremamente atmosférica e é o que definitivamente dá o corpo ao filme) que renderam alguns belíssimos planos (como aquele da névoa) quanto pela riqueza e complexidade de conteúdos que esse filme pode suscitar, ainda que requiram uma certa disposição.
Ninfomaníaca: Volume 2
3.6 1,6K Assista AgoraEssa segunda parte até que me surpreendeu de uma certa forma, considerando que eu me decepcionei com a primeira; logo, tinha minhas expectativas um tanto quanto baixas. Ele tem algumas sacadas bem bacanas, mas também outras meio idiotas. Além do mais, essa estrutura baseada na narração, que foi o que tanto me incomodou na primeira parte, eu continuo sem conseguir engolir. A narração por si talvez pudesse ter sido bem executada, se bem escrita; mas do jeito que foi feita só deixou as coisas excessivamente explicativas e desnecessariamente didáticas, perdendo a maior parte do poder interpretativo do filme. Isso sem contar
esse final horroroso, bobo e desnecessário, que me fez terminar o filme morrendo de raiva do Lars von Trier.
Apesar disso tudo, eu absorvi a maior parte do filme de uma maneira positiva. Ainda que eu considere aquém à maioria do que o Trier já fez, por si só é um bom filme.
O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro
3.5 2,6K Assista AgoraO visual ficou bem mais bonito nesse filme e tem algumas poucas cenas avulsas legais, mas na verdade mesmo a única coisa que ele fez foi me lembrar o quão eu gostava mais dos primeiros filmes do Aranha, ainda que isso seja só pura nostalgia.
A Grande Beleza
3.9 463 Assista AgoraA sequência inicial da festa de aniversário do Jep é a minha preferida, uma das introduções de personagem mais legais que já vi. Não canso de ver.
Apenas Uma Vez
4.0 1,4K Assista AgoraQue filme bonito! É interessante como a estética quase que documental aliada à própria proposta mais realística do roteiro dão corpo ao filme de uma forma que faz com que seus personagens pareçam muito mais palpáveis do que a maioria dos que costumamos ver nas telas. Os momentos em que a montagem de cenas distintas se entrelaça à música é um toque sensível que também me agradou bastante. Um quase-musical para um quase-romance; enfim, um bonito filme.
O Espelho
2.9 933 Assista AgoraPara um bom apreciador do gênero, essa foi uma surpresa agradável. A estrutura do roteiro é bastante interessante e inteligente, e em conjunto com uma direção eficiente gera uma tensão ao longo da maior parte do filme que não apenas existe por si mesma, mas que também ajuda no próprio desnvolvimento das personalidades dos personagens, o que o diferencia da maioria das produções hollywoodianas dessa área. Apesar de um deslize no último ato pela confusão do roteiro no desenvolvimento da sua trama "principal", não deixa de ser uma experiência no mínimo interessante (se assistido com a atenção devida), e eu diria que até inovadora, ainda que utilizando-se de elementos já consagrados do gênero.
Ran
4.5 265 Assista AgoraNão tem nem muito o que dizer sobre um filme como esse. Cada plano é uma obra de arte à parte.
O Homem das Multidões
3.4 107Não sei quantas estrelinhas dar pra esse filme.
Rashomon
4.4 302 Assista AgoraSerá que tem como dar mais de 5 estrelas?
Eu me apaixonei tanto por esse filme que foi o que me fez vir aqui e escrever um comentário pela primeira vez. Posso dizer sem medo que essa é, se não a, uma das maiores obras primas do cinema que já tive o prazer de desfrutar. Talvez a escolha desse adjetivo, "maior", contraste um pouco com a simplicidade da sua premissa (que é evidenciada tanto pela curta duração do filme quanto pelo fato de o mesmo se passar inteiramente em apenas praticamente 3 locações diferentes).No entanto, essa suposta simplicidade gera desdobramentos tão complexos que satisfaria até mesmo os que tem como preferência histórias "maiores" e mais ambiciosas. Apesar de que esse filme é a maior prova de que a ambiciosidade de uma história não está nem em seu tamanho ou em sua abrangência.
Além da sempre maravilhosa direção do mestre de todos nós Akira Kurosawa e das atuações impecáveis, o brilhantismo do roteiro é também um ponto que vale ser ressaltado. Apesar de se tratar de uma adaptação de uma obra, em nada se perde o mérito do roteiro de Kurosawa, visto a grandiosidade de sua execução. Sempre com planos lindos, diálogos extremamente profundos e filosóficos e metáforas inteligentíssimas, a riqueza desse filme é inquestionável.
Tive também algumas sensações durante o filme que gostaria de compartilhar. Por exemplo, não sei se era exatamente esse o objetivo do cineasta ou apenas uma opção estética, mas
durante as sequências em que as testemunhas e os envolvidos dão sua versão da história no "tribunal" a câmera é posicionada exatamente em frente aos atores, com os mesmos falando diretamente para ela, como se nós fôssemos a câmera e como se os personagens estivessem confessando diretamente para nós, o que meio que remete um pouco ao estilo de direção do outro mestre japonês Ozu, mas que nos coloca no lugar dos próprios "julgadores" dessas histórias e dessas pessoas.
E uma outra sensação que eu tive talvez já seja um pouco mais pessoal, mas foi a mesma que eu tive com o final de "Sonhos" do próprio Kurosawa, o que parece ser um tema constante em sua filmografia, que seria
contrastar personagens ou situações que possuem ou expressam visões de mundo e de ser humano extremamente pessimistas (no caso o personagem que ouve a história dos dois testemunhas no templo) com personagens ou situações boas ou que remetem a uma sensação de paz, de honestidade e sentimentos bons em geral (o lenhador que conta sua versão por último), expressando uma visão otimista e um pouco de fé em meio a um mundo e humanidade aparentemente corrompidos.
Por fim,
apesar de eu tender a acreditar que nenhum dos personagens contou completamente a verdade, se eu tivesse que escolher dentre alguma das versões contadas eu escolheria a última, contada pelo lenhador, pelo fato de que, apesar do próprio filme meio que sutilmente deixar a entender que ele que falou a verdade, ele foi o único que se realmente "prejudicou" ao contar, pois enquanto os outros contaram versões que os colocavam em um papel de honra ou de "coitado", a versão dele o colocava como um covarde e até aproveitador, não à toa que optou por não contar no tribunal, junto com os demais.
Resumindo: nota 10 de 5.