Não sou fã de filmes de terror, é verdade! Mas preciso admitir que o gênero tem seu brilho até para os não fãs, por causar certa magia em seu telespectador, um certo frenesi. É uma mistura de tensão, de medo do irreal e até os sustos. Um bom filme consegue despertar isso e Um lugar silencioso (A quiet Place) consegue acertar na receita e fazer isso com certa excelência, pois é um excelente filme de terror com a mistura de suspense de ótima qualidade. O filme conta a história de uma família vivendo em uma cidade inabitada, após ser dizimada por seres sensíveis a sons. Resumindo, se você dizer algum barulho, é devorado pelo monstro (e que monstro!). O estreante diretor John Krasinski mais conhecido por suas atuações em comédias românticas, começa sua carreira com um filme que os especialistas taxam como melhor terror de 2018 até agora e com toda razão. Um lugar silencioso consegue manter o telespectador tenso, prendendo a respiração e fascinado durante os 90 minutos de filme. Toda esse fascínio se deve a excelente edição e mixagem de som (impossível não notar, pois há tempos comer pipoca ou até ofegar no cinema não soava tão alto). A ótima fotografia de Charlotte Bruus Christensen, a direção de arte de Sebastian Schroeder, a trilha sonora pontual de Marco Beltrami, além das excelentes atuações de John Krasinski (porque não basta só dirigir o filme, tem que atuar também) e da veterana Emily Blunt. Esta por sua vez é simplesmente a dona do filme e também da melhor cena do longa. Nunca mais vou olhar para uma escada da mesma maneira. É claro que Um lugar silencioso tem alguns problemas. O principal deles é não se dar ao trabalho de explicar de onde veio os seres assassinos, além de dar um resolução tosca demais para um final, digamos que, feliz. É percebível que o roteiro assinado pelo diretor e pela dupla Bryan Woods e Scott Beck se prende bastante aos detalhes de desenvolver a história de uma família que simplesmente se comunica por sinais, privada de todo tipo de vida que faça algum som, seja brincar com dados ou comer em um prato com garfo e faca. Mas não considero essas falhas no roteiro prejudicial ao filme. Nota 8,5.
É a coisa mais natural do mundo você gostar tanto de um filme a ponto de querer uma continuação, mesmo que na maioria das vezes, não exista real necessidade disso. Você simplesmente quer por curiosidade, para saber como ficaram as vidas de seus personagens preferidos, o passar do tempo para os vilões e as mudanças do cenário em si. Algumas continuações são realmente legais, como de volta para o futuro ou porque não falar da saga do bruxinho Harry Potter? Pois bem, Círculo de Fogo: A Revolta (Pacific Rim Uprising) não entra nesta lista. Após 132 minutos de filme, eu conclui, com muito pesar, que mataram meu tão amado Pacific Rim (2013) de Guillermo del Toro e tornaram esta continuação uma mistura de Transformers com Power Rangers. Neste longa, está claro que Steven S. DeKnight resolveu esquecer todo o excelente trabalho de Del Toro em 2013 ao homenagear os Mechas (animes estrelados por robôs gigantes) e seguir a fórmula de um passa tempo pipoca de robôs brigando. O filme não é de todo ruim. O mocinho Jake Pentecost (John Boyega) que também assina a produção, até consegue salvar em alguns momentos com a boa interpretação do jovem perdido que carrega o legado do pai (interpretado no original por Idris Elba). Alguns alívios cômicos são eficientes e aatuação do elenco mirim também dá um toque descompromissado nesta continuação. Se o roteiro de Emily Carmichael, Kira Snyder, Steven S. DeKnight e T.S. Nowlin são cheio de falhas e absurdos, as cenas de luta, tirando o fala fala desnecessário, até que fazem os fãs do original suspirarem um pouquinho, pois são realmente boas. Mas confesso que senti falta do conjunto efeitos visuais, da tão conhecida trilha sonora de Ramin Djawadi e das atuações mais maduras. (quem aqui esqueceu da luta épica em Hong Kong?). Para quem nunca assistiu o original, este longa realmente vai empolgar, vai divertir e fazer você comer sua pipoca feliz. Como disse acima, é um passa tempo legal, mas esquecível. No entanto, para os fãs, é difícil sair da sala de cinema (que tanto amo) com um sorriso de satisfação no rosto. Nota 5. E que venha o terceiro filme, pois ainda tenho esperança que possa ser melhor.
Maria Madalena sempre foi uma figura misteriosa no quesito histórico da passagem de Cristo na terra. A mulher tida como o simbolo do pecado e do perdão do filho de Deus sempre foi controversa na história da bíblia. Não é preciso saber muito para conhecer as várias versões que dão à ela. Na visão do diretor Garth Davis, Mary Magdalene interpretada pela maravilhosa Rooney Mara vem emponderada, diferente. A mulher que largou tudo e seguiu os passos do Messias (Joaquin Phoenix), uma típica e já esperada versão para os tempos em que vivemos. Como cristã desde o nascimento, eu poderia encontrar umas mil falhas e taxar como uma heresia algumas manobras do roteiro assinado pela dupla Helen Edmundson e Philippa Goslett, mas não! Cinema é arte e esta é livre para desenvolver o seu ponto de vista, coisa que acontece lindamente graças a atuação limpa de Rooney. É claro que alterar as versões da bíblia neste longa serve somente para adequar a mensagem central do filme que é a independência feminina naqueles tempos tenebrosos em que viviam as mulheres. Não se pode deixar de notar com alegria a bela fotografia do filme, que dá toda vida ao cenário muitas vezes já decorado pelos amantes de filmes religiosos. As cores vivas dão toda diferença e os cenários são uma atração por si só. A trilha sonora de Hildur Guðnadóttir e Jóhann Jóhannsson é sutil e bela. Nos momentos de total falta de texto, somente as atuações delicadas de Rooney e Phoenix combinada aos sons instrumentais, dão vida as sensações do telespectador (eu chorei mesmo, confesso). Outro ponto positivo é a maquiagem. Enquanto Phoenix abusa do recurso e combinado com a barba, trazendo um Jesus bem envelhecido (até demais), Rooney está quase que completamente sem maquiagem, contando apenas com o recurso da iluminação. Gosto de como Davis aprofunda a história de Judas (Tahar Rahim), o humanizando de uma maneira que nos fazem repensar os motivos que o condenamos tanto, uma vez que ele foi errado e apenas humano como todos nós. Aqui Judas ganha uma voz para contar sua história, ao mesmo tempo que o personagem de Phoenix é tratado em segundo plano, o que é muito interessante de ver. Se acho o roteiro fraco? Bom, ele poderia ser mais, mas acredito que já seria forçar demais a barra. Finalizando, Maria Madalena (2018) é um filme que vale a pena ser visto pelo contexto da história dessa mulher tão marginalizada, como todas nós. Nota 7,5.
Sempre achei que tratar de racismo em uma obra cinematográfica sem deixar o personagem parecendo um pobre coitado é um trabalho difícil e quando o diretor, o roteiro e o próprio ator conseguem isso, é uma alegria. Com Get Out (Corra - título em português) isso acontece e é extremamente bem executado. não por acaso ele concorre como melhor filme, melhor diretor (Jordan Peele), melhor ator para o ótimo Daniel Kaluuya e melhor roteiro original no Oscar 2018. O filme conta a história de Chris (Kaluuya) que vai passar um final de semana na casa dos pais da namorada Rose (Allison Williams), que é branca dos olhos claros e tem uma família repleta de burgueses brancos como leite (pra variar). Depois da apresentação do casal, aos 10 minutos de filme, já percebemos a atmosfera tensa. É visível o desconforto do personagem ao estar naquela situação e o protagonista transmite muito bem isso, claro que com a ajuda de uma boa fotografia e trilha sonora sutil. Não sei se ter visto o trailer e também algumas publicações com quase spoiler do filme ajudou na percepção, mas logo quando Chris conhece a família da namorada, fica claro que há algo estranho naquela casa, algo macabro e assustador. É gostoso de ver como Peele mantém o telespectador preso em cada desenrolar da história, que fica na tentativa de montar o quebra-cabeça e descobrir o que está acontecendo naquela casa, além do racismo escrachado. Os elementos do terror são muito bem utilizados, me atrevo a dizer que muito melhores que em filmes que se intitulam fiéis ao gênero e não há susto nenhum nos jumps scares. Apesar disso, não considero Get Out um terror, acho que ele está mais para o suspense, mas de qualquer forma, é um grande filme. E o final? É sem dúvida a cereja do bolo, embora em acredite que ele peca em algumas execuções nos últimos cinco minutos, mas nada que faça esta obra ser considerada ruim. Nota 8.
Algum tempo atrás conversava com meu professor de cinema sobre montagem, a importância dela e penso que cinquenta tons de liberdade é um dos mais recentes exemplos de uma péssima montagem. Confesso que já fui fã da história, li todos os livros em um curto espaço de tempo e o primeiro filme me agradou. No entanto, considerei o segundo quase que um fracasso total, mas o terceiro e último consegue ser pior, pois é um conjunto de um roteiro confuso e uma montagem feita as pressas (. A história em si é simples, Anastasia (Dakota Johnson) e Grey (Jamie Dornan) se casam e passam a enfrentar o vilão Jack (Eric Johnson) que tenta a todo custo prejudicar o casal e a família de Grey. Aqui, a coisa boa é que James Foley (diretor) assume o longa como sendo um crepúsculo com mulher pelada, dando maior atenção ao desenvolvimento do casal e não somente as cenas de sexo nada empolgantes. Dakota Johnson merece uma estrelinha nesse filme por tentar dar mais vida a sua Ana, agora Jamie Dornan que nos outros filmes víamos até uma tentativa de ser o sexy e magnata Christian Grey, nesse último ele está no piloto automático, chegando a ser visível o tamanho de seu desconforto nas cenas mais "quentes". A trilha sonora é sem dúvida uma qualidade no filme, além da fotografia que é simpática. No mais, mesmo sendo uma trilogia um tanto polêmica e bastante criticada, a impressão que dá é que cinquenta tons não faz nenhum esforço para dar um desfecho no mínimo digno aos seus fãs, finalizando de uma hora para outra, como se tivesse sido cortado bruscamente. Nota 6.
Achei linda e tocante a atuação de Casey Affleck. Mereceu a estatueta de ouro. Acusações de assédio a parte, Affleck conseguiu transmitir a dor, a raiva, o sentimento de perda que o seu personagem carrega. A escolha de cores e a fotografia do filme só contribuem para construir a atmosfera melancólica. Manchester by the Sea é aqueles dramas que fazem a gente sentir a dor da história dos personagens. Nota 9,5.
Sem dúvida uma ótima série! Quando se trata de prender a atenção, manter o suspense e fazer o telespectador formular repostas, Manhunt Unabomber é nota 10! ótima construção de personagem ao Paul Bettany que está simplesmente irreconhecível e espetacular como o serial Killer Ted. Vejo muitas críticas a atuação apagada e quase que autista de Sam Worthington, no entanto, ele vestiu o personagem. Quem assistir com bastante atenção vai saber que Fitz é viciado em trabalho, sem nenhuma noção de sensibilidade ou carisma, a introdução do personagem já é assim e por isso acho que ele fez uma bela atuação. O capítulo 6, pra mim, acho que foi a grande surpresa da série, por me fazer ficar na pele do vilão, por conhecer sua feridas, sua vida, seus acertos e erros. Achei uma reviravolta interessantíssima. É claro que a série tem defeitos, como o desenvolvimento medíocre que dá a seus outros personagens, tão interessantes quanto os protagonistas, mas ela é curta e dá para entender a preocupação de não desenvolver todos e ficar massante. Para quem gosta de séries com investigação criminal, assim como eu, essa é um prato cheio. Nota 9.
"A imprensa deve servir aos governados e não as governantes", essa é uma das frases de efeito de The Post- A guerra secreta, indicado a melhor filme do Oscar 2018 e se alguém pensa que essa afirmação servia para aquela época e não mais, se engana. Regionalmente falando, a operação estado de emergência da PF está aí para nos mostrar que a imprensa continua a servir os governantes e que em tempos de redes sociais e notícias rápidas, a censura e o poder nunca estiveram tão presente, ou estiveram!?
Voltando ao que é bom, o novo longa de Steven Spielberg retrata o governo e a imprensa travando uma luta na tentativa de que não se divulgue um relatório confidencial sobre a guerra do Vietnã, onde mostrava que três ex-presidentes dos Estados Unidos estavam errados e foram culpados das mortes de pessoas inocentes. Dentro da trama, a editora chefe do The Washington Post, interpretada pela irreverente, porém no modo automático Maryl Streep representando uma mulher no comando de uma grande industria, normalmente comandada por homens e sendo julgada pelos mesmos (algo me soa familiar hahaha) tentando lidar com a pressão e também com seu repórter sangue quente Ben Bradlee (Tom Hanks). Com direito a cenas bem dirigidas, roteiro redondinho, uma linda fotografia e belas mise-en-scène, The Post é um filme digno de indicação ao Oscar e quanto mais a história vai se desenrolando, mais você percebe o motivo disso. Spielberg não só toca na questão da mulher como ser inferior (vejo esse ponto até como defeito apelativo pela estatueta), mas como faz questão de casar cenas bem fotografadas, cenários impecáveis, a sempre presente luz amarela (significando a verdade *palavras de professor*) com contra-plongée quase que esfregando na nossa cara tamanha essa diferença de poder entre os sexos. Em certo ponto, achei o filme longo e em algum momento se arrasta, mas não considero um defeito, achei a montagem na medida certa. O roteiro é muito parecido com ponte dos espiões, isso é verdade, mas The Post não perde seu brilho. Tirando alguns problemas com atuações e até tons didáticos do filme, eu considero esse o primeiro do ano a me deixar quase em pé no cinema, mas deve ser pelo tema. Nota 9.
Quando li que iria estrear nos cinemas um filme sobre o pintor pós-impressionista Vincent Van Gogh e que seria retratado em pintura a óleo, fiquei no mínimo curiosa. Quase seis anos de trabalho insano dos diretores Dorota Kobiela e Hugh Welchman com a ajuda de 100 pintores, foram feitas as mais de 60 mil frames de Com amor, Van Gogh e o filme vale cada segundo pela história em si, pelo show de cores e de arte. O longa começa retratando um ano após a morte do artista holandês que se suicidou com um tiro na barriga. No começo, o roteiro de forma quase didática conta um pouco da vida e trajetória do pintor que era conhecido por suas paixões e depressão. O que prende no filme são os detalhes das pinturas, de como cada cena foi feita, com cores e sombras perfeitamente colocadas. A trama em si não foge do comum, onde nos apresenta Armand Roulin (Douglas Booth), filho do carteiro Joseph Roulin (Chris O’Dowd), grande amigo de Van Gogh, que na desculpa de entregar a última carta feita pelo artista, acaba iniciando uma busca pelos relatos das últimas semanas de vida de Van Gogh. Em meio a sua busca, Armand tenta descobrir a real motivação da morte do pintor e se realmente se tratou de um suicídio. Confesso que os flashbacks se tornam cansativos do meio para o final, mas a dúvida do questionamento inicial vai nos fazendo compor possíveis desfechos e quando ele vem, não me alegra muito. Gosto de como existe trilha sonora em alguns momentos do filme, mas ela não é tratada como figura principal, ficando o foco mesmo nas interpretações e na arte.Acho que o filme poderia ter mostrado mais o lado passional e sofredor de Van Gogh, e acredito que essa falta não deu a devida profundidade ao mestre. Porém, tudo isso se torna mero detalhe, pois loving Vincent merece ser visto, de preferência na tela grande. Nota 8.
Confesso que fui ver a série, após ler vários comentários bons de amigos. Bom, a série é boa na medida certa, em questão de tempo e capítulos. O começo é massante e a Alyssa realmente é insuportável, mas com o passar do tempo, vemos o amadurecimento tanto dela quanto de James. Falando nele, que figura adorável é Alex Lawther na pele do menino que pensa ser psicopata, mas na verdade só não conhece seus sentimentos. A trama em si é tudo o que se espera de uma série alternativa, com situações inusitadas e impossíveis. The end of the F**ing wold é um bom passa tempo, chega a ser fofinho e aquele final, bom, deveria ser melhor, mas talvez há uma segunda temporada. É esperar para ver. Nota 7,8.
Senhores do crime é um filme que fala de máfia, tráfico humano entre outros que segue uma linha arrastada, porém densa. Gosto muito de como o diretor conduz a câmera, dos planos fechados e de detalhe que fazem o telespectador não querer piscar para não perder os detalhes. A cena de luta na sauna com toda certeza é a mais bonita do filme, bem dirigida. Nota 10 para as atuações de Viggo e Naomi, excelentes. Vucent Cassel como sempre maravilhoso. Tenho problema com o final, aquele beijo me incomoda e acho que ficaria melhor sem ele, sem aquela tentativa de cena dramática. Nota 9.
Em termos visuais e técnicos o filme realmente é muito bom, de encher os olhos. A mise-en-scéne muito bem executada, os falsos planos sequências que dão uma dinâmica muito interessante ao filme, além dos plongée nos ambientes fechados, uma escolha interessante do diretor de filmar as cenas dando a impressão de dúvida e de como o personagem Branagh estava "perdido" em meio as informações. As atuações são muito boas, como era de se esperar. As cores vivas, maquiagem e figurino muito bem utilizados. O roteiro porém não apresenta muitas surpresas, embora tente um plot do meio para o final, mas com pouca força. Acho que o assassinato no expresso do oriente é um filme interessante, mas não excelente. Não vi o filme original e não li o livro, então não sei como é a qualidade de ambos. Nota 7,5.
Um filme tão lindo, tão sensível e sem muitas pretensões. A química entre Anton e Bérénice é latente e o que é o sorriso da atriz francesa? Simplesmente de tirar o fôlego. Fotografia, planos e montagem perfeitos. A maneira como o diretor filme o casal como se fosse o próprio expectador, de longe. A história de amor que nasceu para não durar, mas para ser eterno no coração do casal. Simplesmente maravilhoso o filme. Chorei litros do meio para o final com aquela carta dela, com as declarações dele. cinco estrelinhas.
Quem nunca viveu um amor tão lindo, tão intenso que acabou por um acontecimento trágico ou por puro erro humano do casal? A história em si não é única e muito já foi retratado no cinema em romances clichês, histórias açucaradas ou dramáticas. Blue Jay tem esse roteiro, mas não cai na rede do "mais do mesmo". Um drama em preto e branco, quase como se fosse um filtro do instagram, conta a história de Jim (Mark Duplass) e Amanda (a talentosíssima Sarah Paulson) que formaram um casal apaixonado no colégio, mas se separaram. Eles se reencontram em um supermercado e aí então a história começa a ser contada em um tom delicado, cheio de nostalgia que conta com o carisma e as belíssimas atuações de Duplass (que assina o roteiro) e Paulson.
É interessante notar que na curtíssima uma hora e 20 minutos de filme, o roteiro se dedica a contar somente a história de Amanda e Jim sem a interrupção de nenhum outro personagem de fora, com exceção de Clu Gulager que faz uma rápida aparição como um old comerciante que fez parte da juventude do casal.
O filme foi todo filmado em cores, mas no período de pós produção, Alexander Lehmann converteu para preto e branco que tem a função narrativa de tornar explícito o vazio dos personagens, a vida monótona e triste que levam e também mostrar como o acontecimento que os levou a separação tirou a cor de suas vidas. A fotografia de Lehmann é uma beleza a ser contemplada com todo o conjunto da obra e a trilha sonora de Julian Wass é tão triste e bela quanto.
E o que falar da cena do jantar e da dança? é de partir o coração de tão bonita, de tão simples. Gosto de como o diretor decide filmar o ex-casal logo no início,os planos e os enquadramentos unindo o ex-casal, mas ao mesmo tempo dando a dinâmica de distancia. No final, Blue Jay é um drama/ romântico que faz a gente refletir sobre aquela velha e batida questão: E se fosse diferente? Acredito que o que mais prende no filme é pensar que talvez jamais tenhamos a chance de viver um reencontro assim e, se caso acontecer, não saberíamos o que fazer, igual ao casal de protagonistas. É no fim que a realidade nos alcança e nos entrega um desfecho digno de suposições. Nota 10.
Fui ver o filme com a esperança que ele fosse o clichê bem contado, mas nem isso ele consegue ser. A premissa é interessante, as atuações são medianas, o roteiro é bom, mas a montagem estragou quase que completamente todo o filme. É percebível que ele foi todo picotado, em algumas cenas acho completamente sem necessidade a excessividade de cortes em tentativas de planos dinâmicos que são comprometidos pelos cortes. Gosto da história, mas foi desenvolvida muito rapidamente, não dando profundidade aos personagens que ficaram à deriva da história. Nota 4.
Me atrevo a dizer que se filmes de tribunais do júri existem e tem uma narrativas e desenvolvimentos "uniformes" é graças a clássicos como este. Testemunha de acusação (Billy Wilder) é uma ópera para os amantes do gênero, onde combinam cenas memoráveis, mise-en-scène de brilhar os olhos e arrepiar os braços, atuações monstruosas de Charles Laughton como Sir Wilfrid Robarts, um advogado doente e implacável e também de Marlene Dietrich como a esposa misteriosa que passa de mocinha e vilã em um piscar de olhos. O clássico atemporal conta a história de Leonard Steven Vole (Tyrone Power), acusado de matar Emily Jane French (Norma Varden) para ficar com a herança. Vole então conta com a defesa do experiente personagem de Laughton, dando um show no plenário. A história em si não apresenta nenhum fator extraordinário, mas a forma como Wilder conduz a narrativa nos dá a sensação de estarmos sendo enganados a todo momento, esperando pela reviravolta, mas ao mesmo tempo acreditando nos personagens, convincentes demais. O filme conta com somente uma música como trilha sonora que sobe em duas cenas, nada mais. No decorrer, o que ouvimos são somente sons diegéticos. O preto e branco do longa é o que faz ele ser tão bonito e as feições dos atores, tão bem encenadas, ganham um toque teatral. Os cortes são perfeitos, a montagem dá fluidez a narrativa sem torná-la chata ou clichê. O único ponto negativo que vejo na trama são os últimos 10 minutos de filme, pois se torna apressado demais, sem a carga emocional necessário para um momento de surpresa tão aguardada. Nesse final, é possível nota de onde Gregory Hoblit tirou seu "As duas faces de um crime". Filme bebe da fonte de Wilder a todo momento. O final problemático acaba se tornando um mero detalhe que não tira em momento algum o brilho da trama. Nota 9,4.
É impossível assistir Two Lovers (Amantes) e não pensar na obra Amor Líquido de Zygmunt Bauman sobre a fragilidade dos laços humanos. James Gray nos trás aqui uma reflexão de como o ser humano é movido pela procura de amar e ser amado, na busca de ser aceito pelo dono desse amor, além da vil diferença entre gostar e se apaixonar. Two Lovers mistura isso com um grande toque de drama, deficiência emocional e desespero quando nos trás Leonard, interpretado pelo talentoso e melancólico Joaquin Phoenix, recém separado da ex-noiva, que não consegue lidar com o término e tenta se matar mais de uma vez. A história é simples e logo desperta no público a empatia, até porque Leonard tem pais comuns e preocupados com o filho solteirão e tentam a todo custo desencalhar o homem e dar-lhe alguma alegria de vida, isso não soa familiar? É nesse momento que Leonard conhece Sandra ( a apática Vinessa Shaw) e em uma situação completamente diferente, conhece a problemática Michelle (Gwyneth paltrow). Neste momento, a história se desenvolve e despertando mais uma vez a afinidade de quem assiste, pois os dramas vividos pelos personagens se assemelha ao que, ao menos uma vez na vida, já vivemos ou acompanhamos nossos amigos viverem. Engana-se quem pensa que exista algum romance bobinho e meloso aqui, pois essa não é a intenção do diretor. Notei o uso excessivo do amarelo, verde e tons frios para exemplificar a melancolia dos personagens. O figurino de Leonard é despojado, simples, com um quarto que a todo tempo está uma bagunça, claramente uma metáfora para seu emocional, pois ao longo do desenvolvimento do personagem, percebemos que nem ele sabe o que sente. O final é algo esperado, apesar de não concordar, mas as atuações de Gwyneth e Joaquin são o que dão força ao melodrama. Nota 7.
"Não tenho outra escolha". Esse pensamento costuma passar pelas mentes das pessoas em alguns momentos críticos da vida e as ações que elas cometem após isso, determinam uma série de acontecimentos seja para o bem ou para o mal. Psicopatas costumam escolher as piores coisas, dentre elas, o assassinato frio e calculista e é isso que 1922 retrata. Um longa que mistura drama e terror-psicológico dos bons, trás uma história inspirada em Crime e Castigo, que por si só já é batida, mas engana-se quem pensa que esse filme cai no erro por conta disso. Com uma ótima interpretação de Thomas Janes como o caipira Wilfred James, 1922 nos trás uma bela fotografia, trilha sonora sutil, figurino interessante (detalhe para as roupas vermelhas e azuis da personagem de Molly Parker que vem cheia de significado do feminino e do alvo em suas costas), cores vivas do campo e do vermelho da casa no início do filme que se tornam completamente apagadas depois do assassinato. A trama em si não é uma surpresa, mas as atuações são a cereja do bolo. A série de eventos catastróficos que acontecem no decorrer do longa ajudam a manter a atenção e a frieza de Wilfred e Henry impressionam. Em tempos que questionamos a educação dos filhos, a perda do valor de uma vida, 1922 vem como um bom exemplo de como somos responsáveis pelo desenvolvimento dos filhos e de como nossas escolhas só incentivam a torná-los adultos piores (isso quando crescem), mas que também, psicopatas já nascem psicopatas. Em questão de planos e montagem achei bem feitos, nada surreal. O final é meio que esperado, mas as surpresas no meio do caminho valem uma hora e quarenta minutos, ao acompanharmos a degradação de um ser humano que fez péssimas escolhas. Nota 9.
Com uma hora de filme, eu estava declinada a não indicar este longa que é uma mistura de drama, suspense e terror psicológico. No entanto, com o desenrolar da história que vem em uma narrativa lenta com uma atmosfera fria, que causa desconforto e completa sensação de paranoia durante o filme, tudo isso graças a atuação do protagonista e os movimentos de câmera intencionados a causar esse sentimento, acabei gostando do filme e me envolvendo na história. Apesar da narrativa ser lenta, como já disse, que pode causar naqueles que não são muito fãs do gênero, um certo tédio, é preciso admitir que The Invitation prende a atenção pelo clima de dúvida que fica se ele é um filme que fala sobre luto, extremismo, relações interrompidas ou loucura em si e de como nosso cérebro nos trai, ou não. Nos últimos 25 minutos, o climax, o filme ganha força e sentido e vem com os plots twists que já esperávamos, mas essas cenas são problemáticas, beiram ao grotesco e são mal executadas. Mas, gostei do filme e gostei da mensagem dele, pois é interessante sem ser apelativo. A trilha sonora só acrescenta para criar a atmosfera que algo ruim vai acontecer e as cores frias são bem utilizadas para tornar explicito a estranheza daquela casa que é onde todo o filme se passa. Nota 7,2.
Assisti os 10 primeiros episódios e confesso que essa temporada está sendo a mais fraca, na minha opinião. Os três primeiros eps são apressados, muita coisa acontece ao mesmo tempo, é como se o roteirista tivesse perdido a mão nos dramas. Notamos algumas diferenças de direção, pelos planos mais dinâmicos que logo no início nos deixam confusos, mas acostumamos e acho interessante que foram pensados para dar a impressão de união extrema que são os cotidianos dos personagens principais. Acho que essa temporada está sendo muito mais usada para o desenvolvimento pessoal de alguns personagens, como o Louis e Donna que sempre ficaram muito a mercê do roteiro e agora ganham voz e vez e a atuação impecável de Rick Hoffman faz os dramas ficarem plausíveis. Vemos uma Donna pela primeira vez perdida, sem muito rumo e querendo demonstrar competência, coisa que nunca imaginaria ver, pois a personagem sempre foi a personificação da sabedoria, mas isso é bom, pois dar um ar humano para a ex-secretária. Temos Harvey lidando com a liderança, mas também caricato, como se Gabriel Macht estivesse no piloto automático e o mesmo acontece com Rachel e Mike. O que mais me incomodou foi a frieza na relação do casal, que antes era modelo de amor e verdade, mas agora estão mais afastados que nunca, não há se quer um beijo descente e acredito que isso esteja diretamente ligado ao namoro de Meghan Markle com o príncipe Harry. Vemos o peso da monarquia na vida e na atuação capenga da atriz. Temos um casal em crime, até aí tudo bem, mas se por cargas d'água o diretor resolver separar o casal, aí sim vai estragar tudo. E o que falar sobre os últimos segundos do episódio 10? Aquele beijo de Harvey e Donna me fez pular de alegria, mas ao mesmo tempo desejar que não acontecido, espero que o desenvolvimento do tão esperado casal seja melhor que aquilo, senão será uma decepção. A série continua boa, mas com graves erros de continuação. Amo suits, mas espero que essa seja a última temporada. Aguardemos agora o retorno da série depois do hiatus.
Que filmão da p*rra! Se ainda existe alguém nesse mundo de meu Deus que não sabe o que é um plottwist bem feito, precisa ver esse filme. Um puta filme de terror psicológico, misturado com espiritismo. Ao vê-lo, percebi de onde A Bruxa tirou algumas de suas referências em atuação, roteiro e fotografia, esses sem dúvidas, divinos. Adorei! Nota 9,8.
Tenho um sentimento ambíguo por esse filme, pois o achei tão bom, mas ao mesmo tempo tão previsível! Vamos as justificativas: primeiro, o que me chamou atenção foi as cores frias e a fotografia, sobre elas, não há o que reclamar. Os planos gerais muito bem feito, a escolha das roupas e assessórios dos personagens casam bastante com a características deles e só acrescentam a trama. Quanto ao roteio, eu não tenho muitas reclamações, achei ele bem amarrado na maior parte do tempo, as pontas soltas ficaram mesmo nos 15 minutos finais, mas não me atrapalharam na conclusão. Os personagens transmitem sim uma carga dramática boa, mas é claro que se comparado a outros filmes do gêneros, os coitados dos atores espanhóis vão sempre apanhar do público. A história em si é muito daquilo que já se viu nas produções de Hollywood. O que mais gostei foi o plot twist do começo do filme, maravilhoso e é aí que a trama ganha força. O desenrolar da história que é problemático, por oferecer tudo que já vimos em produções anteriores, quanto vai passando, mesmo com algumas dúvidas, você já vai sabendo o que vai acontecer. A revelação do final não tem um impacto de um plot, não para mim e acho que isso foi que me decepcionou no filme. Eu esperava mais das investigações da morte do menino e não veio, mas de alguma maneira, vi esse filme como um júri popular cinematográfico, onde as versões das partes, quando bem montadas, se tornam tão plausíveis. Nota 8.
Não entendo essas críticas e essas notas baixas. O filme é simplesmente gostoso de assistir. É intenso, simples e nos traz Adam e Eve que são a personificação do amor, a sua maneira. Acho lindo a maneira como o diretor filma o casal, como eles se comunicam, como se fossem um só apesar das diferenças plausíveis. É um filme sobre vampiros cansados, deprimidos com o rumo da humanidade e com as próprias vidas e Adam mostra isso da melhor maneira. Um músico imortal, apaixonado e com pensamentos suicidas, nada poderia ser mais contraditório. Os diálogos são interessantíssimos, as cores, fotografia e os planos tudo fazem para ajudar na imersão do telespectador que funciona muito bem. Penso que se o filme tivesse somente os amantes eternos como personagens, ainda assim não seria ruim. Nota 9. PS: Tom Hiddleston, que vampiro mais gato meu Deus! rsrsrs
Um Lugar Silencioso
4.0 3,0K Assista AgoraNão sou fã de filmes de terror, é verdade! Mas preciso admitir que o gênero tem seu brilho até para os não fãs, por causar certa magia em seu telespectador, um certo frenesi. É uma mistura de tensão, de medo do irreal e até os sustos. Um bom filme consegue despertar isso e Um lugar silencioso (A quiet Place) consegue acertar na receita e fazer isso com certa excelência, pois é um excelente filme de terror com a mistura de suspense de ótima qualidade.
O filme conta a história de uma família vivendo em uma cidade inabitada, após ser dizimada por seres sensíveis a sons. Resumindo, se você dizer algum barulho, é devorado pelo monstro (e que monstro!).
O estreante diretor John Krasinski mais conhecido por suas atuações em comédias românticas, começa sua carreira com um filme que os especialistas taxam como melhor terror de 2018 até agora e com toda razão.
Um lugar silencioso consegue manter o telespectador tenso, prendendo a respiração e fascinado durante os 90 minutos de filme. Toda esse fascínio se deve a excelente edição e mixagem de som (impossível não notar, pois há tempos comer pipoca ou até ofegar no cinema não soava tão alto). A ótima fotografia de Charlotte Bruus Christensen, a direção de arte de Sebastian Schroeder, a trilha sonora pontual de Marco Beltrami, além das excelentes atuações de John Krasinski (porque não basta só dirigir o filme, tem que atuar também) e da veterana Emily Blunt. Esta por sua vez é simplesmente a dona do filme e também da melhor cena do longa. Nunca mais vou olhar para uma escada da mesma maneira.
É claro que Um lugar silencioso tem alguns problemas. O principal deles é não se dar ao trabalho de explicar de onde veio os seres assassinos, além de dar um resolução tosca demais para um final, digamos que, feliz. É percebível que o roteiro assinado pelo diretor e pela dupla Bryan Woods e Scott Beck se prende bastante aos detalhes de desenvolver a história de uma família que simplesmente se comunica por sinais, privada de todo tipo de vida que faça algum som, seja brincar com dados ou comer em um prato com garfo e faca. Mas não considero essas falhas no roteiro prejudicial ao filme. Nota 8,5.
Círculo de Fogo: A Revolta
2.8 491 Assista AgoraÉ a coisa mais natural do mundo você gostar tanto de um filme a ponto de querer uma continuação, mesmo que na maioria das vezes, não exista real necessidade disso. Você simplesmente quer por curiosidade, para saber como ficaram as vidas de seus personagens preferidos, o passar do tempo para os vilões e as mudanças do cenário em si.
Algumas continuações são realmente legais, como de volta para o futuro ou porque não falar da saga do bruxinho Harry Potter? Pois bem, Círculo de Fogo: A Revolta (Pacific Rim Uprising) não entra nesta lista. Após 132 minutos de filme, eu conclui, com muito pesar, que mataram meu tão amado Pacific Rim (2013) de Guillermo del Toro e tornaram esta continuação uma mistura de Transformers com Power Rangers.
Neste longa, está claro que Steven S. DeKnight resolveu esquecer todo o excelente trabalho de Del Toro em 2013 ao homenagear os Mechas (animes estrelados por robôs gigantes) e seguir a fórmula de um passa tempo pipoca de robôs brigando.
O filme não é de todo ruim. O mocinho Jake Pentecost (John Boyega) que também assina a produção, até consegue salvar em alguns momentos com a boa interpretação do jovem perdido que carrega o legado do pai (interpretado no original por Idris Elba). Alguns alívios cômicos são eficientes e aatuação do elenco mirim também dá um toque descompromissado nesta continuação.
Se o roteiro de Emily Carmichael, Kira Snyder, Steven S. DeKnight e T.S. Nowlin são cheio de falhas e absurdos, as cenas de luta, tirando o fala fala desnecessário, até que fazem os fãs do original suspirarem um pouquinho, pois são realmente boas. Mas confesso que senti falta do conjunto efeitos visuais, da tão conhecida trilha sonora de Ramin Djawadi e das atuações mais maduras. (quem aqui esqueceu da luta épica em Hong Kong?).
Para quem nunca assistiu o original, este longa realmente vai empolgar, vai divertir e fazer você comer sua pipoca feliz. Como disse acima, é um passa tempo legal, mas esquecível. No entanto, para os fãs, é difícil sair da sala de cinema (que tanto amo) com um sorriso de satisfação no rosto. Nota 5.
E que venha o terceiro filme, pois ainda tenho esperança que possa ser melhor.
Maria Madalena
3.4 168 Assista AgoraMaria Madalena sempre foi uma figura misteriosa no quesito histórico da passagem de Cristo na terra. A mulher tida como o simbolo do pecado e do perdão do filho de Deus sempre foi controversa na história da bíblia. Não é preciso saber muito para conhecer as várias versões que dão à ela. Na visão do diretor Garth Davis, Mary Magdalene interpretada pela maravilhosa Rooney Mara vem emponderada, diferente. A mulher que largou tudo e seguiu os passos do Messias (Joaquin Phoenix), uma típica e já esperada versão para os tempos em que vivemos.
Como cristã desde o nascimento, eu poderia encontrar umas mil falhas e taxar como uma heresia algumas manobras do roteiro assinado pela dupla Helen Edmundson e Philippa Goslett, mas não! Cinema é arte e esta é livre para desenvolver o seu ponto de vista, coisa que acontece lindamente graças a atuação limpa de Rooney. É claro que alterar as versões da bíblia neste longa serve somente para adequar a mensagem central do filme que é a independência feminina naqueles tempos tenebrosos em que viviam as mulheres.
Não se pode deixar de notar com alegria a bela fotografia do filme, que dá toda vida ao cenário muitas vezes já decorado pelos amantes de filmes religiosos. As cores vivas dão toda diferença e os cenários são uma atração por si só.
A trilha sonora de Hildur Guðnadóttir e Jóhann Jóhannsson é sutil e bela. Nos momentos de total falta de texto, somente as atuações delicadas de Rooney e Phoenix combinada aos sons instrumentais, dão vida as sensações do telespectador (eu chorei mesmo, confesso). Outro ponto positivo é a maquiagem. Enquanto Phoenix abusa do recurso e combinado com a barba, trazendo um Jesus bem envelhecido (até demais), Rooney está quase que completamente sem maquiagem, contando apenas com o recurso da iluminação.
Gosto de como Davis aprofunda a história de Judas (Tahar Rahim), o humanizando de uma maneira que nos fazem repensar os motivos que o condenamos tanto, uma vez que ele foi errado e apenas humano como todos nós. Aqui Judas ganha uma voz para contar sua história, ao mesmo tempo que o personagem de Phoenix é tratado em segundo plano, o que é muito interessante de ver. Se acho o roteiro fraco? Bom, ele poderia ser mais, mas acredito que já seria forçar demais a barra. Finalizando, Maria Madalena (2018) é um filme que vale a pena ser visto pelo contexto da história dessa mulher tão marginalizada, como todas nós. Nota 7,5.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraSempre achei que tratar de racismo em uma obra cinematográfica sem deixar o personagem parecendo um pobre coitado é um trabalho difícil e quando o diretor, o roteiro e o próprio ator conseguem isso, é uma alegria. Com Get Out (Corra - título em português) isso acontece e é extremamente bem executado. não por acaso ele concorre como melhor filme, melhor diretor (Jordan Peele), melhor ator para o ótimo Daniel Kaluuya e melhor roteiro original no Oscar 2018.
O filme conta a história de Chris (Kaluuya) que vai passar um final de semana na casa dos pais da namorada Rose (Allison Williams), que é branca dos olhos claros e tem uma família repleta de burgueses brancos como leite (pra variar).
Depois da apresentação do casal, aos 10 minutos de filme, já percebemos a atmosfera tensa. É visível o desconforto do personagem ao estar naquela situação e o protagonista transmite muito bem isso, claro que com a ajuda de uma boa fotografia e trilha sonora sutil.
Não sei se ter visto o trailer e também algumas publicações com quase spoiler do filme ajudou na percepção, mas logo quando Chris conhece a família da namorada, fica claro que há algo estranho naquela casa, algo macabro e assustador. É gostoso de ver como Peele mantém o telespectador preso em cada desenrolar da história, que fica na tentativa de montar o quebra-cabeça e descobrir o que está acontecendo naquela casa, além do racismo escrachado.
Os elementos do terror são muito bem utilizados, me atrevo a dizer que muito melhores que em filmes que se intitulam fiéis ao gênero e não há susto nenhum nos jumps scares. Apesar disso, não considero Get Out um terror, acho que ele está mais para o suspense, mas de qualquer forma, é um grande filme. E o final? É sem dúvida a cereja do bolo, embora em acredite que ele peca em algumas execuções nos últimos cinco minutos, mas nada que faça esta obra ser considerada ruim. Nota 8.
Cinquenta Tons de Liberdade
2.5 454Algum tempo atrás conversava com meu professor de cinema sobre montagem, a importância dela e penso que cinquenta tons de liberdade é um dos mais recentes exemplos de uma péssima montagem. Confesso que já fui fã da história, li todos os livros em um curto espaço de tempo e o primeiro filme me agradou. No entanto, considerei o segundo quase que um fracasso total, mas o terceiro e último consegue ser pior, pois é um conjunto de um roteiro confuso e uma montagem feita as pressas (.
A história em si é simples, Anastasia (Dakota Johnson) e Grey (Jamie Dornan) se casam e passam a enfrentar o vilão Jack (Eric Johnson) que tenta a todo custo prejudicar o casal e a família de Grey. Aqui, a coisa boa é que James Foley (diretor) assume o longa como sendo um crepúsculo com mulher pelada, dando maior atenção ao desenvolvimento do casal e não somente as cenas de sexo nada empolgantes. Dakota Johnson merece uma estrelinha nesse filme por tentar dar mais vida a sua Ana, agora Jamie Dornan que nos outros filmes víamos até uma tentativa de ser o sexy e magnata Christian Grey, nesse último ele está no piloto automático, chegando a ser visível o tamanho de seu desconforto nas cenas mais "quentes".
A trilha sonora é sem dúvida uma qualidade no filme, além da fotografia que é simpática. No mais, mesmo sendo uma trilogia um tanto polêmica e bastante criticada, a impressão que dá é que cinquenta tons não faz nenhum esforço para dar um desfecho no mínimo digno aos seus fãs, finalizando de uma hora para outra, como se tivesse sido cortado bruscamente. Nota 6.
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista AgoraAchei linda e tocante a atuação de Casey Affleck. Mereceu a estatueta de ouro. Acusações de assédio a parte, Affleck conseguiu transmitir a dor, a raiva, o sentimento de perda que o seu personagem carrega. A escolha de cores e a fotografia do filme só contribuem para construir a atmosfera melancólica. Manchester by the Sea é aqueles dramas que fazem a gente sentir a dor da história dos personagens. Nota 9,5.
Manhunt: Unabomber (1ª Temporada)
4.2 165 Assista AgoraSem dúvida uma ótima série! Quando se trata de prender a atenção, manter o suspense e fazer o telespectador formular repostas, Manhunt Unabomber é nota 10! ótima construção de personagem ao Paul Bettany que está simplesmente irreconhecível e espetacular como o serial Killer Ted. Vejo muitas críticas a atuação apagada e quase que autista de Sam Worthington, no entanto, ele vestiu o personagem. Quem assistir com bastante atenção vai saber que Fitz é viciado em trabalho, sem nenhuma noção de sensibilidade ou carisma, a introdução do personagem já é assim e por isso acho que ele fez uma bela atuação. O capítulo 6, pra mim, acho que foi a grande surpresa da série, por me fazer ficar na pele do vilão, por conhecer sua feridas, sua vida, seus acertos e erros. Achei uma reviravolta interessantíssima. É claro que a série tem defeitos, como o desenvolvimento medíocre que dá a seus outros personagens, tão interessantes quanto os protagonistas, mas ela é curta e dá para entender a preocupação de não desenvolver todos e ficar massante.
Para quem gosta de séries com investigação criminal, assim como eu, essa é um prato cheio. Nota 9.
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The Post: A Guerra Secreta
3.5 607 Assista Agora"A imprensa deve servir aos governados e não as governantes", essa é uma das frases de efeito de The Post- A guerra secreta, indicado a melhor filme do Oscar 2018 e se alguém pensa que essa afirmação servia para aquela época e não mais, se engana. Regionalmente falando, a operação estado de emergência da PF está aí para nos mostrar que a imprensa continua a servir os governantes e que em tempos de redes sociais e notícias rápidas, a censura e o poder nunca estiveram tão presente, ou estiveram!?
Voltando ao que é bom, o novo longa de Steven Spielberg retrata o governo e a imprensa travando uma luta na tentativa de que não se divulgue um relatório confidencial sobre a guerra do Vietnã, onde mostrava que três ex-presidentes dos Estados Unidos estavam errados e foram culpados das mortes de pessoas inocentes. Dentro da trama, a editora chefe do The Washington Post, interpretada pela irreverente, porém no modo automático Maryl Streep representando uma mulher no comando de uma grande industria, normalmente comandada por homens e sendo julgada pelos mesmos (algo me soa familiar hahaha) tentando lidar com a pressão e também com seu repórter sangue quente Ben Bradlee (Tom Hanks).
Com direito a cenas bem dirigidas, roteiro redondinho, uma linda fotografia e belas mise-en-scène, The Post é um filme digno de indicação ao Oscar e quanto mais a história vai se desenrolando, mais você percebe o motivo disso. Spielberg não só toca na questão da mulher como ser inferior (vejo esse ponto até como defeito apelativo pela estatueta), mas como faz questão de casar cenas bem fotografadas, cenários impecáveis, a sempre presente luz amarela (significando a verdade *palavras de professor*) com contra-plongée quase que esfregando na nossa cara tamanha essa diferença de poder entre os sexos.
Em certo ponto, achei o filme longo e em algum momento se arrasta, mas não considero um defeito, achei a montagem na medida certa. O roteiro é muito parecido com ponte dos espiões, isso é verdade, mas The Post não perde seu brilho. Tirando alguns problemas com atuações e até tons didáticos do filme, eu considero esse o primeiro do ano a me deixar quase em pé no cinema, mas deve ser pelo tema.
Nota 9.
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Com Amor, Van Gogh
4.3 1,0K Assista AgoraQuando li que iria estrear nos cinemas um filme sobre o pintor pós-impressionista Vincent Van Gogh e que seria retratado em pintura a óleo, fiquei no mínimo curiosa. Quase seis anos de trabalho insano dos diretores Dorota Kobiela e Hugh Welchman com a ajuda de 100 pintores, foram feitas as mais de 60 mil frames de Com amor, Van Gogh e o filme vale cada segundo pela história em si, pelo show de cores e de arte.
O longa começa retratando um ano após a morte do artista holandês que se suicidou com um tiro na barriga. No começo, o roteiro de forma quase didática conta um pouco da vida e trajetória do pintor que era conhecido por suas paixões e depressão. O que prende no filme são os detalhes das pinturas, de como cada cena foi feita, com cores e sombras perfeitamente colocadas. A trama em si não foge do comum, onde nos apresenta Armand Roulin (Douglas Booth), filho do carteiro Joseph Roulin (Chris O’Dowd), grande amigo de Van Gogh, que na desculpa de entregar a última carta feita pelo artista, acaba iniciando uma busca pelos relatos das últimas semanas de vida de Van Gogh. Em meio a sua busca, Armand tenta descobrir a real motivação da morte do pintor e se realmente se tratou de um suicídio. Confesso que os flashbacks se tornam cansativos do meio para o final, mas a dúvida do questionamento inicial vai nos fazendo compor possíveis desfechos e quando ele vem, não me alegra muito. Gosto de como existe trilha sonora em alguns momentos do filme, mas ela não é tratada como figura principal, ficando o foco mesmo nas interpretações e na arte.Acho que o filme poderia ter mostrado mais o lado passional e sofredor de Van Gogh, e acredito que essa falta não deu a devida profundidade ao mestre. Porém, tudo isso se torna mero detalhe, pois loving Vincent merece ser visto, de preferência na tela grande. Nota 8.
The End of the F***ing World (1ª Temporada)
3.8 817 Assista AgoraConfesso que fui ver a série, após ler vários comentários bons de amigos. Bom, a série é boa na medida certa, em questão de tempo e capítulos. O começo é massante e a Alyssa realmente é insuportável, mas com o passar do tempo, vemos o amadurecimento tanto dela quanto de James. Falando nele, que figura adorável é Alex Lawther na pele do menino que pensa ser psicopata, mas na verdade só não conhece seus sentimentos. A trama em si é tudo o que se espera de uma série alternativa, com situações inusitadas e impossíveis. The end of the F**ing wold é um bom passa tempo, chega a ser fofinho e aquele final, bom, deveria ser melhor, mas talvez há uma segunda temporada. É esperar para ver. Nota 7,8.
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Senhores do Crime
3.9 447 Assista AgoraSenhores do crime é um filme que fala de máfia, tráfico humano entre outros que segue uma linha arrastada, porém densa. Gosto muito de como o diretor conduz a câmera, dos planos fechados e de detalhe que fazem o telespectador não querer piscar para não perder os detalhes. A cena de luta na sauna com toda certeza é a mais bonita do filme, bem dirigida. Nota 10 para as atuações de Viggo e Naomi, excelentes. Vucent Cassel como sempre maravilhoso. Tenho problema com o final, aquele beijo me incomoda e acho que ficaria melhor sem ele, sem aquela tentativa de cena dramática. Nota 9.
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Assassinato no Expresso do Oriente
3.4 939 Assista AgoraEm termos visuais e técnicos o filme realmente é muito bom, de encher os olhos. A mise-en-scéne muito bem executada, os falsos planos sequências que dão uma dinâmica muito interessante ao filme, além dos plongée nos ambientes fechados, uma escolha interessante do diretor de filmar as cenas dando a impressão de dúvida e de como o personagem Branagh estava "perdido" em meio as informações. As atuações são muito boas, como era de se esperar. As cores vivas, maquiagem e figurino muito bem utilizados. O roteiro porém não apresenta muitas surpresas, embora tente um plot do meio para o final, mas com pouca força. Acho que o assassinato no expresso do oriente é um filme interessante, mas não excelente. Não vi o filme original e não li o livro, então não sei como é a qualidade de ambos. Nota 7,5.
Encontro Marcado
3.7 185Um filme tão lindo, tão sensível e sem muitas pretensões. A química entre Anton e Bérénice é latente e o que é o sorriso da atriz francesa? Simplesmente de tirar o fôlego. Fotografia, planos e montagem perfeitos. A maneira como o diretor filme o casal como se fosse o próprio expectador, de longe. A história de amor que nasceu para não durar, mas para ser eterno no coração do casal. Simplesmente maravilhoso o filme. Chorei litros do meio para o final com aquela carta dela, com as declarações dele. cinco estrelinhas.
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Blue Jay
3.8 265 Assista AgoraQuem nunca viveu um amor tão lindo, tão intenso que acabou por um acontecimento trágico ou por puro erro humano do casal? A história em si não é única e muito já foi retratado no cinema em romances clichês, histórias açucaradas ou dramáticas. Blue Jay tem esse roteiro, mas não cai na rede do "mais do mesmo". Um drama em preto e branco, quase como se fosse um filtro do instagram, conta a história de Jim (Mark Duplass) e Amanda (a talentosíssima Sarah Paulson) que formaram um casal apaixonado no colégio, mas se separaram. Eles se reencontram em um supermercado e aí então a história começa a ser contada em um tom delicado, cheio de nostalgia que conta com o carisma e as belíssimas atuações de Duplass (que assina o roteiro) e Paulson.
É interessante notar que na curtíssima uma hora e 20 minutos de filme, o roteiro se dedica a contar somente a história de Amanda e Jim sem a interrupção de nenhum outro personagem de fora, com exceção de Clu Gulager que faz uma rápida aparição como um old comerciante que fez parte da juventude do casal.
O filme foi todo filmado em cores, mas no período de pós produção, Alexander Lehmann converteu para preto e branco que tem a função narrativa de tornar explícito o vazio dos personagens, a vida monótona e triste que levam e também mostrar como o acontecimento que os levou a separação tirou a cor de suas vidas. A fotografia de Lehmann é uma beleza a ser contemplada com todo o conjunto da obra e a trilha sonora de Julian Wass é tão triste e bela quanto.
E o que falar da cena do jantar e da dança? é de partir o coração de tão bonita, de tão simples. Gosto de como o diretor decide filmar o ex-casal logo no início,os planos e os enquadramentos unindo o ex-casal, mas ao mesmo tempo dando a dinâmica de distancia.
No final, Blue Jay é um drama/ romântico que faz a gente refletir sobre aquela velha e batida questão: E se fosse diferente? Acredito que o que mais prende no filme é pensar que talvez jamais tenhamos a chance de viver um reencontro assim e, se caso acontecer, não saberíamos o que fazer, igual ao casal de protagonistas. É no fim que a realidade nos alcança e nos entrega um desfecho digno de suposições. Nota 10.
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Póstumo
3.0 46 Assista AgoraFui ver o filme com a esperança que ele fosse o clichê bem contado, mas nem isso ele consegue ser. A premissa é interessante, as atuações são medianas, o roteiro é bom, mas a montagem estragou quase que completamente todo o filme. É percebível que ele foi todo picotado, em algumas cenas acho completamente sem necessidade a excessividade de cortes em tentativas de planos dinâmicos que são comprometidos pelos cortes. Gosto da história, mas foi desenvolvida muito rapidamente, não dando profundidade aos personagens que ficaram à deriva da história. Nota 4.
Testemunha de Acusação
4.5 356 Assista AgoraMe atrevo a dizer que se filmes de tribunais do júri existem e tem uma narrativas e desenvolvimentos "uniformes" é graças a clássicos como este. Testemunha de acusação (Billy Wilder) é uma ópera para os amantes do gênero, onde combinam cenas memoráveis, mise-en-scène de brilhar os olhos e arrepiar os braços, atuações monstruosas de Charles Laughton como Sir Wilfrid Robarts, um advogado doente e implacável e também de Marlene Dietrich como a esposa misteriosa que passa de mocinha e vilã em um piscar de olhos.
O clássico atemporal conta a história de Leonard Steven Vole (Tyrone Power), acusado de matar Emily Jane French (Norma Varden) para ficar com a herança. Vole então conta com a defesa do experiente personagem de Laughton, dando um show no plenário. A história em si não apresenta nenhum fator extraordinário, mas a forma como Wilder conduz a narrativa nos dá a sensação de estarmos sendo enganados a todo momento, esperando pela reviravolta, mas ao mesmo tempo acreditando nos personagens, convincentes demais.
O filme conta com somente uma música como trilha sonora que sobe em duas cenas, nada mais. No decorrer, o que ouvimos são somente sons diegéticos. O preto e branco do longa é o que faz ele ser tão bonito e as feições dos atores, tão bem encenadas, ganham um toque teatral. Os cortes são perfeitos, a montagem dá fluidez a narrativa sem torná-la chata ou clichê. O único ponto negativo que vejo na trama são os últimos 10 minutos de filme, pois se torna apressado demais, sem a carga emocional necessário para um momento de surpresa tão aguardada. Nesse final, é possível nota de onde Gregory Hoblit tirou seu "As duas faces de um crime". Filme bebe da fonte de Wilder a todo momento. O final problemático acaba se tornando um mero detalhe que não tira em momento algum o brilho da trama. Nota 9,4.
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Amantes
3.5 340É impossível assistir Two Lovers (Amantes) e não pensar na obra Amor Líquido de Zygmunt Bauman sobre a fragilidade dos laços humanos. James Gray nos trás aqui uma reflexão de como o ser humano é movido pela procura de amar e ser amado, na busca de ser aceito pelo dono desse amor, além da vil diferença entre gostar e se apaixonar. Two Lovers mistura isso com um grande toque de drama, deficiência emocional e desespero quando nos trás Leonard, interpretado pelo talentoso e melancólico Joaquin Phoenix, recém separado da ex-noiva, que não consegue lidar com o término e tenta se matar mais de uma vez.
A história é simples e logo desperta no público a empatia, até porque Leonard tem pais comuns e preocupados com o filho solteirão e tentam a todo custo desencalhar o homem e dar-lhe alguma alegria de vida, isso não soa familiar?
É nesse momento que Leonard conhece Sandra ( a apática Vinessa Shaw) e em uma situação completamente diferente, conhece a problemática Michelle (Gwyneth paltrow). Neste momento, a história se desenvolve e despertando mais uma vez a afinidade de quem assiste, pois os dramas vividos pelos personagens se assemelha ao que, ao menos uma vez na vida, já vivemos ou acompanhamos nossos amigos viverem. Engana-se quem pensa que exista algum romance bobinho e meloso aqui, pois essa não é a intenção do diretor.
Notei o uso excessivo do amarelo, verde e tons frios para exemplificar a melancolia dos personagens. O figurino de Leonard é despojado, simples, com um quarto que a todo tempo está uma bagunça, claramente uma metáfora para seu emocional, pois ao longo do desenvolvimento do personagem, percebemos que nem ele sabe o que sente. O final é algo esperado, apesar de não concordar, mas as atuações de Gwyneth e Joaquin são o que dão força ao melodrama. Nota 7.
1922
3.2 798 Assista Agora"Não tenho outra escolha". Esse pensamento costuma passar pelas mentes das pessoas em alguns momentos críticos da vida e as ações que elas cometem após isso, determinam uma série de acontecimentos seja para o bem ou para o mal. Psicopatas costumam escolher as piores coisas, dentre elas, o assassinato frio e calculista e é isso que 1922 retrata. Um longa que mistura drama e terror-psicológico dos bons, trás uma história inspirada em Crime e Castigo, que por si só já é batida, mas engana-se quem pensa que esse filme cai no erro por conta disso.
Com uma ótima interpretação de Thomas Janes como o caipira Wilfred James, 1922 nos trás uma bela fotografia, trilha sonora sutil, figurino interessante (detalhe para as roupas vermelhas e azuis da personagem de Molly Parker que vem cheia de significado do feminino e do alvo em suas costas), cores vivas do campo e do vermelho da casa no início do filme que se tornam completamente apagadas depois do assassinato. A trama em si não é uma surpresa, mas as atuações são a cereja do bolo. A série de eventos catastróficos que acontecem no decorrer do longa ajudam a manter a atenção e a frieza de Wilfred e Henry impressionam.
Em tempos que questionamos a educação dos filhos, a perda do valor de uma vida, 1922 vem como um bom exemplo de como somos responsáveis pelo desenvolvimento dos filhos e de como nossas escolhas só incentivam a torná-los adultos piores (isso quando crescem), mas que também, psicopatas já nascem psicopatas. Em questão de planos e montagem achei bem feitos, nada surreal. O final é meio que esperado, mas as surpresas no meio do caminho valem uma hora e quarenta minutos, ao acompanharmos a degradação de um ser humano que fez péssimas escolhas. Nota 9.
O Convite
3.3 1,1KCom uma hora de filme, eu estava declinada a não indicar este longa que é uma mistura de drama, suspense e terror psicológico. No entanto, com o desenrolar da história que vem em uma narrativa lenta com uma atmosfera fria, que causa desconforto e completa sensação de paranoia durante o filme, tudo isso graças a atuação do protagonista e os movimentos de câmera intencionados a causar esse sentimento, acabei gostando do filme e me envolvendo na história. Apesar da narrativa ser lenta, como já disse, que pode causar naqueles que não são muito fãs do gênero, um certo tédio, é preciso admitir que The Invitation prende a atenção pelo clima de dúvida que fica se ele é um filme que fala sobre luto, extremismo, relações interrompidas ou loucura em si e de como nosso cérebro nos trai, ou não. Nos últimos 25 minutos, o climax, o filme ganha força e sentido e vem com os plots twists que já esperávamos, mas essas cenas são problemáticas, beiram ao grotesco e são mal executadas. Mas, gostei do filme e gostei da mensagem dele, pois é interessante sem ser apelativo. A trilha sonora só acrescenta para criar a atmosfera que algo ruim vai acontecer e as cores frias são bem utilizadas para tornar explicito a estranheza daquela casa que é onde todo o filme se passa. Nota 7,2.
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Suits (7ª Temporada)
4.1 55 Assista AgoraAssisti os 10 primeiros episódios e confesso que essa temporada está sendo a mais fraca, na minha opinião. Os três primeiros eps são apressados, muita coisa acontece ao mesmo tempo, é como se o roteirista tivesse perdido a mão nos dramas. Notamos algumas diferenças de direção, pelos planos mais dinâmicos que logo no início nos deixam confusos, mas acostumamos e acho interessante que foram pensados para dar a impressão de união extrema que são os cotidianos dos personagens principais.
Acho que essa temporada está sendo muito mais usada para o desenvolvimento pessoal de alguns personagens, como o Louis e Donna que sempre ficaram muito a mercê do roteiro e agora ganham voz e vez e a atuação impecável de Rick Hoffman faz os dramas ficarem plausíveis. Vemos uma Donna pela primeira vez perdida, sem muito rumo e querendo demonstrar competência, coisa que nunca imaginaria ver, pois a personagem sempre foi a personificação da sabedoria, mas isso é bom, pois dar um ar humano para a ex-secretária.
Temos Harvey lidando com a liderança, mas também caricato, como se Gabriel Macht estivesse no piloto automático e o mesmo acontece com Rachel e Mike. O que mais me incomodou foi a frieza na relação do casal, que antes era modelo de amor e verdade, mas agora estão mais afastados que nunca, não há se quer um beijo descente e acredito que isso esteja diretamente ligado ao namoro de Meghan Markle com o príncipe Harry. Vemos o peso da monarquia na vida e na atuação capenga da atriz. Temos um casal em crime, até aí tudo bem, mas se por cargas d'água o diretor resolver separar o casal, aí sim vai estragar tudo.
E o que falar sobre os últimos segundos do episódio 10? Aquele beijo de Harvey e Donna me fez pular de alegria, mas ao mesmo tempo desejar que não acontecido, espero que o desenvolvimento do tão esperado casal seja melhor que aquilo, senão será uma decepção. A série continua boa, mas com graves erros de continuação. Amo suits, mas espero que essa seja a última temporada. Aguardemos agora o retorno da série depois do hiatus.
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O Segredo dos Seus Olhos
4.3 2,1K Assista AgoraSimplesmente apaixonada por esse filme! Que história mais triste! Aquela reviravolta no final, nossa! Amei!
Os Outros
4.1 2,5K Assista AgoraQue filmão da p*rra! Se ainda existe alguém nesse mundo de meu Deus que não sabe o que é um plottwist bem feito, precisa ver esse filme. Um puta filme de terror psicológico, misturado com espiritismo. Ao vê-lo, percebi de onde A Bruxa tirou algumas de suas referências em atuação, roteiro e fotografia, esses sem dúvidas, divinos. Adorei! Nota 9,8.
Um Contratempo
4.2 2,0KTenho um sentimento ambíguo por esse filme, pois o achei tão bom, mas ao mesmo tempo tão previsível! Vamos as justificativas: primeiro, o que me chamou atenção foi as cores frias e a fotografia, sobre elas, não há o que reclamar. Os planos gerais muito bem feito, a escolha das roupas e assessórios dos personagens casam bastante com a características deles e só acrescentam a trama. Quanto ao roteio, eu não tenho muitas reclamações, achei ele bem amarrado na maior parte do tempo, as pontas soltas ficaram mesmo nos 15 minutos finais, mas não me atrapalharam na conclusão. Os personagens transmitem sim uma carga dramática boa, mas é claro que se comparado a outros filmes do gêneros, os coitados dos atores espanhóis vão sempre apanhar do público. A história em si é muito daquilo que já se viu nas produções de Hollywood. O que mais gostei foi o plot twist do começo do filme, maravilhoso e é aí que a trama ganha força. O desenrolar da história que é problemático, por oferecer tudo que já vimos em produções anteriores, quanto vai passando, mesmo com algumas dúvidas, você já vai sabendo o que vai acontecer. A revelação do final não tem um impacto de um plot, não para mim e acho que isso foi que me decepcionou no filme. Eu esperava mais das investigações da morte do menino e não veio, mas de alguma maneira, vi esse filme como um júri popular cinematográfico, onde as versões das partes, quando bem montadas, se tornam tão plausíveis. Nota 8.
Amantes Eternos
3.8 782 Assista AgoraNão entendo essas críticas e essas notas baixas. O filme é simplesmente gostoso de assistir. É intenso, simples e nos traz Adam e Eve que são a personificação do amor, a sua maneira. Acho lindo a maneira como o diretor filma o casal, como eles se comunicam, como se fossem um só apesar das diferenças plausíveis. É um filme sobre vampiros cansados, deprimidos com o rumo da humanidade e com as próprias vidas e Adam mostra isso da melhor maneira. Um músico imortal, apaixonado e com pensamentos suicidas, nada poderia ser mais contraditório. Os diálogos são interessantíssimos, as cores, fotografia e os planos tudo fazem para ajudar na imersão do telespectador que funciona muito bem. Penso que se o filme tivesse somente os amantes eternos como personagens, ainda assim não seria ruim. Nota 9.
PS: Tom Hiddleston, que vampiro mais gato meu Deus! rsrsrs