Analisando o contexto temporal e proposta de roteiro, 'Clueless' é facilmente uma das melhores comédias adolescentes. Fugir dos estereótipos óbvios da loira patricinha e tornar a protagonista inteligente, ambiciosa e sexualmente consciente é "refrescante", além de que a lindíssima Alicia Silverstone se encaixou perfeitamente no papel, tendo feito, talvez, a melhor atuação desse tipo de personagem na história do Cinema. Os coadjuvantes, com exceção do Josh (Paul Rudd), não somaram muito, mas de certa forma foram importantes para contar a divertida história da Cher, que vale a pena por si só.
"- O que é isso? - Um vestido. - Quem disse? - Calvin Klein." rs.
É uma tarefa difícil avaliar uma série por apenas 8 episódios, mas 'Hello Ladies' tem seus momentos divertidos quando o Stephen Merchant está em cena (que basicamente é a única coisa digna de nota). Porém, a repetitividade é marcante e satura muito rápido, notadamente em relação aos coadjuvantes, que estão sempre envolvidos nas mesmas situações e, sinceramente, não agregam muito à "história".
Em questão de enredo, enquanto os coadjuvantes poderiam ter tido uma evolução um pouco mais acelerada para não serem unidimensionais, o precoce encontro do Stuart com a Kimberly tirou muito da imaginação da audiência, já que ela foi apresentada como a musa inspiradora intangível. A propósito, a principal crítica envolve justamente a mesma, pois
o arco de redenção do protagonista no episódio final ao perder a oportunidade da vida para ir consolar a Jessica, além de clichê, foi de encontro à sua personalidade. Teria sido mais interessante se ele tive seu desejo satisfeito e constatado que não era tudo aquilo que imaginava.
Enfim, poderia ter tido mais uma ou no máximo duas temporadas apenas para explorar alguns pontos, mas ainda resta o filme homônimo para dar um desfecho minimamente bom à ideia do próprio Merchant.
Honestamente, apenas fazendo muita força para ignorar o roteiro que parece ter sido escrito por um adolescente com hormônios a flor da pele, e que conseguiu uma desculpa de 25 milhões de dólares para despir algumas celebridades atraentes, para apreciar minimamente 'Anyone But You'.
Com exceção da fotografia, praticamente tudo no filme é ruim, preguiçoso e sem graça, especialmente as atuações, e até os clichês são mal executados, notadamente nas cenas essenciais que afastam e juntam os protagonistas.
Particularmente acho que falhou como comédia e romance, mas há de se reconhecer que o pesado marketing da Sony Pictures foi bastante exitoso.
O prazer de assistir 'Dune: Part Two' em IMAX é quase indescritível de tão perfeito, uma verdadeira representação do suprassumo de uma experiência cinematográfica no ápice da tecnologia.
A história continua envolvente e sendo desenvolvida em um ritmo preciso, ao passo que, paralelamente, Denis Villeneuve explora de forma impecável o belíssimo planeta Arrakis, o intrigante povo Fremen e a complexa política que cerca As Grandes Casas.
Quanto às atuações, impossível não se render ao talento do Timothée Chalamet. Mesmo diante de lendas do Cinema como Christopher Walken, Javier Bardem, Josh Brolin e Stellan Skarsgård, ele simplesmente domina cada cena como se fosse veterano e incorpora todas as nuances e responsabilidades do Paul Atreides como pouquíssimos atores conseguiriam. Rebecca Ferguson igualmente entrega uma performance poderosa e audaciosa.
Certamente possui todas as qualificações (notadamente técnicas) para ser o filme do ano 2024.
Nunca deixarei de me fascinar pela beleza da simplicidade do cinema asiático, parece que você é transportado para o mundo dos personagens e apenas fica ali, observando o desenrolar leve e sereno dos acontecimentos.
O carisma tímido do Hirayama te conquista logo nos primeiros minutos e a forma como ele aprecia e se dedica ao seu trabalho, natureza, rotina e ao mero fato de viver, ainda que sem luxos, só não é mais encantadora do que sua sensibilidade para com quem lhe cerca.
É um filme delicadamente único, escrito e dirigido esplendidamente pelo Wim Wenders, com um dos finais mais lindos que já assisti.
'Ferrari' tinha tudo para ser uma obra épica, mas o roteiro (sem pessoalmente ter lido o livro em que se baseou) peca ao escolher um recorte de vida tão pequeno, não introduzir apropriadamente o Enzo (especialmente em como se apaixonou por carros e como construiu um império) e ter uma crise de identidade entre ser um filme de drama e de corrida, além de a direção do Michael Mann ser confusa nos enquadramentos e estilos de filmagem, como se estivesse testando qual trabalho de câmera fosse mais adequado e, por fim, decidido por usar todos possíveis.
Dentre os pontos positivos do filme destaca-se a representação da magnitude da maior lenda da indústria automobilística perante a sociedade italiana, sua ambição pela vitória e sua confiança nos próprios produtos e pilotos, mas, claro, nada supera a beleza dos carros e da edição de som.
Quanto ao Adam Driver, nota-se seu esforço em fazer uma interpretação minimamente decente, mas falta presença em cena e de aspectos físicos e de voz em comparação com o commendatore original. Por outro lado, a Penélope Cruz entrega uma performance impecável e emocionalmente carregada de dor enquanto esposa e de autoridade enquanto empresária.
Infelizmente nem as próprias distribuidoras acreditaram no sucesso de 'Ferrari', por isso a divulgação foi tão tímida para uma produção dessa natureza, e o fracasso de crítica e público reflete bem a insatisfação geral por um filme tão aquém das expectativas.
'The Zone of Interest' deixa a interpretação dos fatos a cargo do telespectador e tenta dizer muito mostrando quase nada, valendo-se de uma abordagem pouco explorada do holocausto que, apesar de inteligentemente sutil, não venho acompanhada de uma ousadia que tornasse o filme suficientemente marcante, mormente porque a narrativa parte de nenhum lugar e chega a lugar nenhum.
As atuações e diálogos são blasé (porque o roteiro assim o exigiu), ao contrário da excelente direção do Jonathan Glazer, e o mérito principal da obra está no contraste entre a futilidade da família alemã e o trabalho amedrontado das empregadas judias, embora pareça que o reconhecimento internacional veio mais por causa da sensibilidade da temática.
Assistir 'American Fiction' é um experiência sem igual. O autor do livro homônimo, Percival Everet, soube tocar em diversos assuntos delicados de uma forma ácida, inteligente e imersiva, através de subtramas que iam se interligando muito bem até chegar na grande reviravolta final em que, na verdade,
A primeira impressão é de uma imensa genialidade, mas, quando se para para refletir sobre a narrativa completa, é justamente essa pretensão de grandiosidade que estraga todo o interessante desenvolvimento e dessensibiliza a audiência. Se havia um ponto em que o Cord Jefferson poderia ter "melhorado" a adaptação para fins cinematográficos era esse, mas também tem a questão do quanto isso desvirtuaria a obra original.
Jeffrey Wright é um monstro atuando e conseguiu como poucos demonstrar os conflitos internos que o escritor Monk tinha em relação, não só à representação negra nos livros, mas também aos dilemas familiares. Já os coadjuvantes atuaram bem e de modo seguro.
No contexto geral é um filme que se perde no final, mas ainda assim tem seus méritos pelos acontecimentos prévios.
Perturbador, brilhante, estranho, depravado, magnífico, reflexivo, excêntrico... Faltam adjetivos para descrever 'Poor Things', o qual veio para chocar o conservadorismo Hollywoodiano com suas variadas críticas extremamente inteligentes e criativas, graças, claro, à impressionante precisão do autor Alasdair Gray em construir uma obra que permanece atemporal +30 anos depois de seu lançamento, bem como à liberdade criativa dada aos produtores para fugir do padrão narrativo/visual através de elementos distópicos e grotescos que mesclam passado e futuro.
Emma Stone... Uau! Aceitar um papel desses depois de uma carreira tão consolidada só demonstra a coragem e versatilidade de uma das melhores atrizes de todos os tempos. Também não se pode esquecer de fazer menção honrosa à contribuição do Mark Ruffalo e da fantástica direção do Yorgos Lanthimos.
É um filme que veio no momento certo para provar que apostas cinematográficas "diferentes" podem sim se sobressair quando bem produzidas (e aqui o conjunto técnico fala por si mesmo).
Considerando os desafios lógicos de adaptação de um dos animes mais extravagantes já criados, é nítido o sucesso do live-action de One Piece.
Houve respeito aos materiais originais, a trama foi bem compassada, os efeitos especiais e maquiagem atenderam às expectativas (dadas as devidas proporções) e, acima de tudo, o elenco é simplesmente perfeito. Ver os personagens sendo tão bem interpretados, com realces de suas características individuais e atenção aos detalhes, é um sonho de qualquer fã, e para mim quem mais brilhou foi o Mackenyu Arata como Zoro.
O ponto negativo e bastante relevante da série são as lutas. Algumas mal coreografadas, outras mal feitas (especialmente quando envolvem o Luffy, restando claro que os produtores ainda não sabem como trabalhar seus poderes) e, no geral, foram muito encurtadas. Independentemente se foi por causa de limitações financeiras e/ou técnicas, a Netflix precisa corrigir isso com urgência porque faz parte do desenvolvimento dos próprios protagonistas e só tende a ficar mais complexo à medida que outros personagens mais exóticos forem introduzidos.
Enfim, não sei quais os planos futuros mas, diante do imenso tamanho da obra e a idade relativamente avançada dos atores (com exceção do Iñaki Godoy), o ideal é que cada temporada seja lançada em até 18 meses, sempre aprimorando a qualidade na medida do possível.
Não é um filme que se encaixa em alguma categoria específica, mas a crítica social é bastante válida e interessante, sendo o ponto alto de 'Bad Moms' ao lado do ótimo elenco liderado pela Mila Kunis. A parte da comédia, por outro lado, deixou a desejar e não somente pela previsibilidade, mas pela falta de criatividade mesmo.
* Vale a pena conferir os créditos. Chamar as mães das atrizes para elucidar, ainda que brevemente, os desafios da maternidade, foi um toque bacana da produção.
Ironicamente, o problema de 'Maestro' é o ritmo descompassado, com um início frenético e pouco compreensível que vai desacelerando à medida que a carga dramática se acentua, mas ainda assim o filme é bastante competente ao retratar a vida de Leonard Bernstein quanto a sua paixão pela música, promiscuidade e relacionamento familiar. Carey Mulligan e Bradley Cooper brilham nas respectivas performances, especialmente nos diálogos intensos e longos, e a direção do mesmo Cooper tem uma dinâmica conceitualmente interessante, mas oscilante.
A trilha sonora, como não poderia deixar de ser, é absolutamente magnífica, assim como a cinematografia (exceto na divisão de cores, um preciosismo que não acrescentou em nada). Outro bom aspecto da obra é a caracterização do casal protagonista.
'The Holdovers' tem uma história bonita e relativamente emocionante, mas que está longe de ser extraordinária e diria que é até bem previsível, além de que a aclamada atuação do Paul Giamatti, com todo o respeito, estava "apenas" acima da média. Em contrapartida, a cenografia, edição e trilha sonora estavam maravilhosas.
Acredito que, com o tempo, o filme cairá no esquecimento por não ter um conjunto tão destacável.
A imersão proporcionada por 'Anatomie d'une Chute' é surreal, parece que o telespectador faz parte do julgamento ao ir descobrindo os fatos à medida que o caso desenrola. Nada é tão simples e a Justine Triet trabalha muito bem todos os elementos que cercam a vida da Sandra, inclusive ambas as perspectivas de defesa e acusação, e nesse sentido cabe apontar dois adendos importantes quanto ao mundo jurídico:
I - A atuação do Antoine Reinartz como Promotor é, de longe, umas das melhores que já vi nessa área. Merecia muito mais reconhecimento como ator coadjuvante; II - Dá para notar que a produção se empenhou na roteirização do julgamento para torná-lo mais crível e tudo estava se encaixando bem até um momento definidor que foi extremamente decepcionante:
A guardiã do Daniel era uma das poucas pessoas que essencialmente não poderiam interferir no andamento do caso e o "conselho" dela alterou não só o resultado, mas minha visão sobre o filme. Claro que o fato serviu bem à narrativa e talvez seja um detalhe que me incomoda mais por ser formado em Direito, mas a percepção cinematográfica também é afetada por nossas experiências pessoais.
Enfim, um mais do que justo vencedor da Palma de Ouro e uma bela obra oriunda do cinema francês.
* Entrarei em abstinência da música P.I.M.P. por um longo tempo. ** Espero que o cão Messi esteja bem (detalhe, ele venceu o prêmio Palma Canina em Cannes).
O início de Succession se resume em ser caótico e intrigante.
Cada personagem tem suas próprias particularidades e agendas que, por óbvio, acabam se interligando a todo momento por causa dos negócios da família Roy, sendo o patriarca Logan o grande ponto positivo, já que basicamente tudo gira em torno de seu status e o Brian Cox está excelente na atuação.
Ainda é um pouco cedo para fazer projeções com tantas tentativas de "golpes" diferentes apenas na primeira temporada, mas dá para notar o direcionamento que os roteiristas estão propondo para a série com esse final previsível.
DiCaprio + De Niro + Scorsese por óbvio iria resultar em um filme esplêndido, e claro que adaptações demandam uma análise diferente de obras originais, mas 'Killers of the Flower Moon' possui fantásticos elementos cinematográficos em complemento ao roteiro que por si só já é bastante interessante, ainda mais pelo contexto histórico.
É sabido que o Scorsese tem preferência por desenvolver a narrativa com calma e quase tudo tem um porquê no tempo de duração, mas aqui o primeiro e segundo trechos se alongam um pouco mais do que o "necessário", enquanto o terceiro é muito bom em cada segundo e elucida a motivação das cenas iniciais. Em termos de atuação e qualidade técnica, é indiscutivelmente umas das melhoras obras de 2023, e se não fosse por 'Oppenheimer' estaria brigando mais fortemente nas premiações.
Apaixonante, intimista, sereno, delicado, emocionante... Os sentimentos dos protagonistas são tão puros e verdadeiros, o conceito do In-Yun é tão interessante e bem inserido na trama, e a forma como os relacionamentos são apresentados é tão real e utópico ao mesmo tempo... Que trabalho excepcional da Celine Song, tanto no roteiro quanto na direção (os enquadramentos são uma obra de arte por si só).
Greta Lee teve uma performance sublime e a atuação do John Magaro também é digna de nota, ainda mais no contexto do seu personagem (A fala "I know you" teve um impacto fortíssimo no final).
Novamente o cinema coreano conquistando o mundo pela simplicidade singular e representação da própria cultura <3.
A execução de 'Fantastic Beasts: The Secrets of Dumbledore' é tão... estúpida. Toda a imponência do mundo mágico é descartada, as invasões ao Ministério da Magia Alemão e à Confederação Internacional dos Bruxos são vergonhosas, assim como todo o desfecho referente à escolha do Cacique Supremo e os qilins. Ainda, por mais que o Kowalsk seja um alívio cômico legalzinho, esse nível de importância forçado de um trouxa está muito deslocada da narrativa.
Nem a "homenagem" aos fãs brasileiros com a introdução da Vicência Santos foi capaz de elevar um filme tão bagunçado, e o pior é que a concepção da história não é ruim, a parte técnica, com exceção das interações próximas entre animais e humanos, é realmente boa, especialmente a trilha sonora, e o elenco é formidável.
Enfim, espero que a Warner reveja o plano de lançar o quinto filme e, ao invés disso, encerre de vez Animais Fantásticos para focar nos fundadores de Hogwarts, como boa parte do público deseja.
Narrativa deliciosa de se acompanhar, excelente trabalho do Mike Newell inclusive na rotação das câmeras e criação de uma atmosfera propícia ao tom investigativo que combinou muito bem com a curiosidade da Juliet dentro do contexto de escrever sobre a Sociedade Literária, cujos personagens são intrigantes, mas não tiveram tanto aprofundamento. E esse é o maior problema do filme, pois, apesar do bom elenco liderado pela adorável Lily James, se trata essencialmente de um romance em que o casal principal não criou uma intensa conexão que justificasse as ações da protagonista em trocar a vida estável que possuía.
* Linda fotografia e figurino. ** Fiquei interessado em ler a obra original da Shaffer e Barrows, provavelmente o espaço para desenvolvimento da história foi melhor aproveitado.
Um longuíssimo, caótico, barulhento e vívido tributo à Era de Ouro de Hollywood, magistralmente conduzido por Damien Chazelle.
Em resumo, um prato cheio para quem gosta da arte cinematográfica, por isso me entristece não conseguir gostar tanto de 'Babylon' quanto o filme merece, mas foram tantas combinações de informações, cores e sons que, com o passar das horas e a dispersão da história, foi difícil combater o cansaço. De todo modo, impossível não elogiar a parte técnica, especialmente a trilha sonora e ambientação, puro deleite aos ouvidos e olhos.
Após ver diversas postagens sobre 'Meet Joe Black', resolvi dar uma oportunidade acreditando se tratar de um romance, mas, embora de fato se incline nesse sentido, não é exatamente como o gênero tem sido retratado no cinema, o que tem gerado a crítica divergente.
Os primeiros 20m possuem boa premissa (importante prestar atenção nessa parte, pois determina o rumo de toda a história) e interações entre os personagens, mas a partir do momento em que a Morte assume o corpo de "Joe", a direção de Martin Brest torna a trama desconcertante e longa devido à extensão desnecessária de várias cenas. Por outro lado, os últimos 30m são repletos de diálogos poéticos e encerra o filme de forma coerente. Acredito que, se não fosse o talento absurdo do elenco, dificilmente a obra teria o mesmo reconhecimento, apesar de ser clara toda a qualidade envolvida na produção.
Retratar a história de Napoleão Bonaparte não é uma tarefa simples devido à sua alta complexidade e, embora o filme tenha sabiamente se pautado na tríade essencial de sua vida (França, Exército e Josephine), não houve o equilíbrio necessário notadamente em relação à ascensão ao trono francês, pois, além de pouco explorar seu brilhantismo militar desde as primeiras campanhas para dar mais enfoque no conturbado casamento, também desconsiderou o quão Bonaparte era amado/idolatrado pela população, não se tratando de meros golpes de estado efetivados pela elite político-militar.
Em contrapartida ao roteiro, a direção de Ridley Scott, atuações de Joaquin Phoenix e Vanessa Kirby, figurino, montagem de som e fotografia estão impecáveis, é como se o telespectador fosse transportado para a sociedade europeia durante a transição entre os séculos XVIII e XIX.
* As batalhas estão lindíssimas e bem executadas. ** Torço para que, diante do material histórico, haja futura releitura em formato de série.
Mais um filme referente a 2ª Guerra Mundial que mostra o conflito sob uma perspectiva diferente e interessante de bastidores e diplomacia, com um particular sucesso devido à liberdade criativa em não ser fidedigno aos personagens envolvidos, com exceção dos líderes de Reino Unido, Alemanha, França e Itália.
A narrativa tem seus pontos altos e baixos, mas restou satisfatória de um modo geral, enquanto a ambientação estava ótima e o elenco foi bem liderado pelas performances de Jannis Niewöhner, Jeremy Irons e Ulrich Matthes.
Não é uma obra exatamente marcante, mas tem seus méritos, especialmente quanto à atmosfera de suspense e a convergência da história de ambos os lados.
Se uma palavra pudesse definir 'Glass Onion' seria inconstância.
O primeiro ato é meio vago e não introduz os personagens apropriadamente, ao passo que o segundo é envolvente ao trabalhar o mistério da trama e a forma como o Detetive Blanc adentra no caso. O terceiro caminhava para um ótima solução do assassinato até que a aleatoriedade tomou conta e estragou completamente o desfecho:
I - Simplesmente deixaram o Miles Bron, a vários metros da Brand, destruir a prova principal assim? II - E aquelas explosões totalmente desnecessárias que tiraram todo o "realismo" de um filme investigativo? III - Tiveram benevolência com o Blanc para também não receber um tiro mesmo estando ao lado da Brand?
O elenco e a qualidade técnica/gráfica estavam maravilhosos, e continuo gostando da forma como o Rian Johnson conduz a franquia, mas o roteiro dessa vez deixou muito a desejar.
Uma sequência relativamente boa e relativamente inferior à obra antecessora.
As Patricinhas de Beverly Hills
3.4 1,0K Assista AgoraAnalisando o contexto temporal e proposta de roteiro, 'Clueless' é facilmente uma das melhores comédias adolescentes. Fugir dos estereótipos óbvios da loira patricinha e tornar a protagonista inteligente, ambiciosa e sexualmente consciente é "refrescante", além de que a lindíssima Alicia Silverstone se encaixou perfeitamente no papel, tendo feito, talvez, a melhor atuação desse tipo de personagem na história do Cinema. Os coadjuvantes, com exceção do Josh (Paul Rudd), não somaram muito, mas de certa forma foram importantes para contar a divertida história da Cher, que vale a pena por si só.
"- O que é isso?
- Um vestido.
- Quem disse?
- Calvin Klein." rs.
* Inserido na lista de guilty pleasures.
Hello Ladies (1ª Temporada)
3.7 17É uma tarefa difícil avaliar uma série por apenas 8 episódios, mas 'Hello Ladies' tem seus momentos divertidos quando o Stephen Merchant está em cena (que basicamente é a única coisa digna de nota). Porém, a repetitividade é marcante e satura muito rápido, notadamente em relação aos coadjuvantes, que estão sempre envolvidos nas mesmas situações e, sinceramente, não agregam muito à "história".
Em questão de enredo, enquanto os coadjuvantes poderiam ter tido uma evolução um pouco mais acelerada para não serem unidimensionais, o precoce encontro do Stuart com a Kimberly tirou muito da imaginação da audiência, já que ela foi apresentada como a musa inspiradora intangível. A propósito, a principal crítica envolve justamente a mesma, pois
o arco de redenção do protagonista no episódio final ao perder a oportunidade da vida para ir consolar a Jessica, além de clichê, foi de encontro à sua personalidade. Teria sido mais interessante se ele tive seu desejo satisfeito e constatado que não era tudo aquilo que imaginava.
Enfim, poderia ter tido mais uma ou no máximo duas temporadas apenas para explorar alguns pontos, mas ainda resta o filme homônimo para dar um desfecho minimamente bom à ideia do próprio Merchant.
Todos Menos Você
3.1 349 Assista AgoraHonestamente, apenas fazendo muita força para ignorar o roteiro que parece ter sido escrito por um adolescente com hormônios a flor da pele, e que conseguiu uma desculpa de 25 milhões de dólares para despir algumas celebridades atraentes, para apreciar minimamente 'Anyone But You'.
Com exceção da fotografia, praticamente tudo no filme é ruim, preguiçoso e sem graça, especialmente as atuações, e até os clichês são mal executados, notadamente nas cenas essenciais que afastam e juntam os protagonistas.
Particularmente acho que falhou como comédia e romance, mas há de se reconhecer que o pesado marketing da Sony Pictures foi bastante exitoso.
Duna: Parte 2
4.4 608O prazer de assistir 'Dune: Part Two' em IMAX é quase indescritível de tão perfeito, uma verdadeira representação do suprassumo de uma experiência cinematográfica no ápice da tecnologia.
A história continua envolvente e sendo desenvolvida em um ritmo preciso, ao passo que, paralelamente, Denis Villeneuve explora de forma impecável o belíssimo planeta Arrakis, o intrigante povo Fremen e a complexa política que cerca As Grandes Casas.
Quanto às atuações, impossível não se render ao talento do Timothée Chalamet. Mesmo diante de lendas do Cinema como Christopher Walken, Javier Bardem, Josh Brolin e Stellan Skarsgård, ele simplesmente domina cada cena como se fosse veterano e incorpora todas as nuances e responsabilidades do Paul Atreides como pouquíssimos atores conseguiriam. Rebecca Ferguson igualmente entrega uma performance poderosa e audaciosa.
Certamente possui todas as qualificações (notadamente técnicas) para ser o filme do ano 2024.
Dias Perfeitos
4.2 255 Assista AgoraNunca deixarei de me fascinar pela beleza da simplicidade do cinema asiático, parece que você é transportado para o mundo dos personagens e apenas fica ali, observando o desenrolar leve e sereno dos acontecimentos.
O carisma tímido do Hirayama te conquista logo nos primeiros minutos e a forma como ele aprecia e se dedica ao seu trabalho, natureza, rotina e ao mero fato de viver, ainda que sem luxos, só não é mais encantadora do que sua sensibilidade para com quem lhe cerca.
É um filme delicadamente único, escrito e dirigido esplendidamente pelo Wim Wenders, com um dos finais mais lindos que já assisti.
* Que trilha sonora maravilhosa <3.
Ferrari
3.3 93 Assista Agora'Ferrari' tinha tudo para ser uma obra épica, mas o roteiro (sem pessoalmente ter lido o livro em que se baseou) peca ao escolher um recorte de vida tão pequeno, não introduzir apropriadamente o Enzo (especialmente em como se apaixonou por carros e como construiu um império) e ter uma crise de identidade entre ser um filme de drama e de corrida, além de a direção do Michael Mann ser confusa nos enquadramentos e estilos de filmagem, como se estivesse testando qual trabalho de câmera fosse mais adequado e, por fim, decidido por usar todos possíveis.
Dentre os pontos positivos do filme destaca-se a representação da magnitude da maior lenda da indústria automobilística perante a sociedade italiana, sua ambição pela vitória e sua confiança nos próprios produtos e pilotos, mas, claro, nada supera a beleza dos carros e da edição de som.
Quanto ao Adam Driver, nota-se seu esforço em fazer uma interpretação minimamente decente, mas falta presença em cena e de aspectos físicos e de voz em comparação com o commendatore original. Por outro lado, a Penélope Cruz entrega uma performance impecável e emocionalmente carregada de dor enquanto esposa e de autoridade enquanto empresária.
Infelizmente nem as próprias distribuidoras acreditaram no sucesso de 'Ferrari', por isso a divulgação foi tão tímida para uma produção dessa natureza, e o fracasso de crítica e público reflete bem a insatisfação geral por um filme tão aquém das expectativas.
Zona de Interesse
3.6 584 Assista Agora'The Zone of Interest' deixa a interpretação dos fatos a cargo do telespectador e tenta dizer muito mostrando quase nada, valendo-se de uma abordagem pouco explorada do holocausto que, apesar de inteligentemente sutil, não venho acompanhada de uma ousadia que tornasse o filme suficientemente marcante, mormente porque a narrativa parte de nenhum lugar e chega a lugar nenhum.
As atuações e diálogos são blasé (porque o roteiro assim o exigiu), ao contrário da excelente direção do Jonathan Glazer, e o mérito principal da obra está no contraste entre a futilidade da família alemã e o trabalho amedrontado das empregadas judias, embora pareça que o reconhecimento internacional veio mais por causa da sensibilidade da temática.
Ficção Americana
3.8 368 Assista AgoraAssistir 'American Fiction' é um experiência sem igual. O autor do livro homônimo, Percival Everet, soube tocar em diversos assuntos delicados de uma forma ácida, inteligente e imersiva, através de subtramas que iam se interligando muito bem até chegar na grande reviravolta final em que, na verdade,
tudo se tratava de um filme dentro de um filme.
A primeira impressão é de uma imensa genialidade, mas, quando se para para refletir sobre a narrativa completa, é justamente essa pretensão de grandiosidade que estraga todo o interessante desenvolvimento e dessensibiliza a audiência. Se havia um ponto em que o Cord Jefferson poderia ter "melhorado" a adaptação para fins cinematográficos era esse, mas também tem a questão do quanto isso desvirtuaria a obra original.
Jeffrey Wright é um monstro atuando e conseguiu como poucos demonstrar os conflitos internos que o escritor Monk tinha em relação, não só à representação negra nos livros, mas também aos dilemas familiares. Já os coadjuvantes atuaram bem e de modo seguro.
No contexto geral é um filme que se perde no final, mas ainda assim tem seus méritos pelos acontecimentos prévios.
Pobres Criaturas
4.2 1,1K Assista AgoraPerturbador, brilhante, estranho, depravado, magnífico, reflexivo, excêntrico... Faltam adjetivos para descrever 'Poor Things', o qual veio para chocar o conservadorismo Hollywoodiano com suas variadas críticas extremamente inteligentes e criativas, graças, claro, à impressionante precisão do autor Alasdair Gray em construir uma obra que permanece atemporal +30 anos depois de seu lançamento, bem como à liberdade criativa dada aos produtores para fugir do padrão narrativo/visual através de elementos distópicos e grotescos que mesclam passado e futuro.
Emma Stone... Uau! Aceitar um papel desses depois de uma carreira tão consolidada só demonstra a coragem e versatilidade de uma das melhores atrizes de todos os tempos. Também não se pode esquecer de fazer menção honrosa à contribuição do Mark Ruffalo e da fantástica direção do Yorgos Lanthimos.
É um filme que veio no momento certo para provar que apostas cinematográficas "diferentes" podem sim se sobressair quando bem produzidas (e aqui o conjunto técnico fala por si mesmo).
* Haja sexo, muito sexo.
One Piece: A Série (1ª Temporada)
4.2 264 Assista AgoraConsiderando os desafios lógicos de adaptação de um dos animes mais extravagantes já criados, é nítido o sucesso do live-action de One Piece.
Houve respeito aos materiais originais, a trama foi bem compassada, os efeitos especiais e maquiagem atenderam às expectativas (dadas as devidas proporções) e, acima de tudo, o elenco é simplesmente perfeito. Ver os personagens sendo tão bem interpretados, com realces de suas características individuais e atenção aos detalhes, é um sonho de qualquer fã, e para mim quem mais brilhou foi o Mackenyu Arata como Zoro.
O ponto negativo e bastante relevante da série são as lutas. Algumas mal coreografadas, outras mal feitas (especialmente quando envolvem o Luffy, restando claro que os produtores ainda não sabem como trabalhar seus poderes) e, no geral, foram muito encurtadas. Independentemente se foi por causa de limitações financeiras e/ou técnicas, a Netflix precisa corrigir isso com urgência porque faz parte do desenvolvimento dos próprios protagonistas e só tende a ficar mais complexo à medida que outros personagens mais exóticos forem introduzidos.
Enfim, não sei quais os planos futuros mas, diante do imenso tamanho da obra e a idade relativamente avançada dos atores (com exceção do Iñaki Godoy), o ideal é que cada temporada seja lançada em até 18 meses, sempre aprimorando a qualidade na medida do possível.
Perfeita é a Mãe
3.4 591 Assista AgoraNão é um filme que se encaixa em alguma categoria específica, mas a crítica social é bastante válida e interessante, sendo o ponto alto de 'Bad Moms' ao lado do ótimo elenco liderado pela Mila Kunis. A parte da comédia, por outro lado, deixou a desejar e não somente pela previsibilidade, mas pela falta de criatividade mesmo.
* Vale a pena conferir os créditos. Chamar as mães das atrizes para elucidar, ainda que brevemente, os desafios da maternidade, foi um toque bacana da produção.
Maestro
3.1 260Ironicamente, o problema de 'Maestro' é o ritmo descompassado, com um início frenético e pouco compreensível que vai desacelerando à medida que a carga dramática se acentua, mas ainda assim o filme é bastante competente ao retratar a vida de Leonard Bernstein quanto a sua paixão pela música, promiscuidade e relacionamento familiar. Carey Mulligan e Bradley Cooper brilham nas respectivas performances, especialmente nos diálogos intensos e longos, e a direção do mesmo Cooper tem uma dinâmica conceitualmente interessante, mas oscilante.
A trilha sonora, como não poderia deixar de ser, é absolutamente magnífica, assim como a cinematografia (exceto na divisão de cores, um preciosismo que não acrescentou em nada). Outro bom aspecto da obra é a caracterização do casal protagonista.
Enfim, ótima biografia, mas com ressalvas.
PS* Assistam Tár.
Os Rejeitados
4.0 317'The Holdovers' tem uma história bonita e relativamente emocionante, mas que está longe de ser extraordinária e diria que é até bem previsível, além de que a aclamada atuação do Paul Giamatti, com todo o respeito, estava "apenas" acima da média. Em contrapartida, a cenografia, edição e trilha sonora estavam maravilhosas.
Acredito que, com o tempo, o filme cairá no esquecimento por não ter um conjunto tão destacável.
Anatomia de uma Queda
4.0 794 Assista AgoraA imersão proporcionada por 'Anatomie d'une Chute' é surreal, parece que o telespectador faz parte do julgamento ao ir descobrindo os fatos à medida que o caso desenrola. Nada é tão simples e a Justine Triet trabalha muito bem todos os elementos que cercam a vida da Sandra, inclusive ambas as perspectivas de defesa e acusação, e nesse sentido cabe apontar dois adendos importantes quanto ao mundo jurídico:
I - A atuação do Antoine Reinartz como Promotor é, de longe, umas das melhores que já vi nessa área. Merecia muito mais reconhecimento como ator coadjuvante;
II - Dá para notar que a produção se empenhou na roteirização do julgamento para torná-lo mais crível e tudo estava se encaixando bem até um momento definidor que foi extremamente decepcionante:
A guardiã do Daniel era uma das poucas pessoas que essencialmente não poderiam interferir no andamento do caso e o "conselho" dela alterou não só o resultado, mas minha visão sobre o filme. Claro que o fato serviu bem à narrativa e talvez seja um detalhe que me incomoda mais por ser formado em Direito, mas a percepção cinematográfica também é afetada por nossas experiências pessoais.
Enfim, um mais do que justo vencedor da Palma de Ouro e uma bela obra oriunda do cinema francês.
* Entrarei em abstinência da música P.I.M.P. por um longo tempo.
** Espero que o cão Messi esteja bem (detalhe, ele venceu o prêmio Palma Canina em Cannes).
Succession (1ª Temporada)
4.2 261O início de Succession se resume em ser caótico e intrigante.
Cada personagem tem suas próprias particularidades e agendas que, por óbvio, acabam se interligando a todo momento por causa dos negócios da família Roy, sendo o patriarca Logan o grande ponto positivo, já que basicamente tudo gira em torno de seu status e o Brian Cox está excelente na atuação.
Ainda é um pouco cedo para fazer projeções com tantas tentativas de "golpes" diferentes apenas na primeira temporada, mas dá para notar o direcionamento que os roteiristas estão propondo para a série com esse final previsível.
Assassinos da Lua das Flores
4.1 608 Assista AgoraDiCaprio + De Niro + Scorsese por óbvio iria resultar em um filme esplêndido, e claro que adaptações demandam uma análise diferente de obras originais, mas 'Killers of the Flower Moon' possui fantásticos elementos cinematográficos em complemento ao roteiro que por si só já é bastante interessante, ainda mais pelo contexto histórico.
É sabido que o Scorsese tem preferência por desenvolver a narrativa com calma e quase tudo tem um porquê no tempo de duração, mas aqui o primeiro e segundo trechos se alongam um pouco mais do que o "necessário", enquanto o terceiro é muito bom em cada segundo e elucida a motivação das cenas iniciais. Em termos de atuação e qualidade técnica, é indiscutivelmente umas das melhoras obras de 2023, e se não fosse por 'Oppenheimer' estaria brigando mais fortemente nas premiações.
Vidas Passadas
4.2 729 Assista AgoraApaixonante, intimista, sereno, delicado, emocionante... Os sentimentos dos protagonistas são tão puros e verdadeiros, o conceito do In-Yun é tão interessante e bem inserido na trama, e a forma como os relacionamentos são apresentados é tão real e utópico ao mesmo tempo... Que trabalho excepcional da Celine Song, tanto no roteiro quanto na direção (os enquadramentos são uma obra de arte por si só).
Greta Lee teve uma performance sublime e a atuação do John Magaro também é digna de nota, ainda mais no contexto do seu personagem (A fala "I know you" teve um impacto fortíssimo no final).
Novamente o cinema coreano conquistando o mundo pela simplicidade singular e representação da própria cultura <3.
Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore
3.3 571A execução de 'Fantastic Beasts: The Secrets of Dumbledore' é tão... estúpida. Toda a imponência do mundo mágico é descartada, as invasões ao Ministério da Magia Alemão e à Confederação Internacional dos Bruxos são vergonhosas, assim como todo o desfecho referente à escolha do Cacique Supremo e os qilins. Ainda, por mais que o Kowalsk seja um alívio cômico legalzinho, esse nível de importância forçado de um trouxa está muito deslocada da narrativa.
Nem a "homenagem" aos fãs brasileiros com a introdução da Vicência Santos foi capaz de elevar um filme tão bagunçado, e o pior é que a concepção da história não é ruim, a parte técnica, com exceção das interações próximas entre animais e humanos, é realmente boa, especialmente a trilha sonora, e o elenco é formidável.
Enfim, espero que a Warner reveja o plano de lançar o quinto filme e, ao invés disso, encerre de vez Animais Fantásticos para focar nos fundadores de Hogwarts, como boa parte do público deseja.
A Sociedade Literária e A Torta de Casca de Batata
4.0 486 Assista AgoraNarrativa deliciosa de se acompanhar, excelente trabalho do Mike Newell inclusive na rotação das câmeras e criação de uma atmosfera propícia ao tom investigativo que combinou muito bem com a curiosidade da Juliet dentro do contexto de escrever sobre a Sociedade Literária, cujos personagens são intrigantes, mas não tiveram tanto aprofundamento. E esse é o maior problema do filme, pois, apesar do bom elenco liderado pela adorável Lily James, se trata essencialmente de um romance em que o casal principal não criou uma intensa conexão que justificasse as ações da protagonista em trocar a vida estável que possuía.
* Linda fotografia e figurino.
** Fiquei interessado em ler a obra original da Shaffer e Barrows, provavelmente o espaço para desenvolvimento da história foi melhor aproveitado.
Babilônia
3.6 332 Assista AgoraUm longuíssimo, caótico, barulhento e vívido tributo à Era de Ouro de Hollywood, magistralmente conduzido por Damien Chazelle.
Em resumo, um prato cheio para quem gosta da arte cinematográfica, por isso me entristece não conseguir gostar tanto de 'Babylon' quanto o filme merece, mas foram tantas combinações de informações, cores e sons que, com o passar das horas e a dispersão da história, foi difícil combater o cansaço. De todo modo, impossível não elogiar a parte técnica, especialmente a trilha sonora e ambientação, puro deleite aos ouvidos e olhos.
Encontro Marcado
3.8 810 Assista AgoraApós ver diversas postagens sobre 'Meet Joe Black', resolvi dar uma oportunidade acreditando se tratar de um romance, mas, embora de fato se incline nesse sentido, não é exatamente como o gênero tem sido retratado no cinema, o que tem gerado a crítica divergente.
Os primeiros 20m possuem boa premissa (importante prestar atenção nessa parte, pois determina o rumo de toda a história) e interações entre os personagens, mas a partir do momento em que a Morte assume o corpo de "Joe", a direção de Martin Brest torna a trama desconcertante e longa devido à extensão desnecessária de várias cenas. Por outro lado, os últimos 30m são repletos de diálogos poéticos e encerra o filme de forma coerente. Acredito que, se não fosse o talento absurdo do elenco, dificilmente a obra teria o mesmo reconhecimento, apesar de ser clara toda a qualidade envolvida na produção.
* Claire Forlani, que olhos são esses? <3
** A cena de amor entre Joe e Susan na piscina é possivelmente a mais desconfortavelmente sensual que já vi.
Napoleão
3.1 322 Assista AgoraRetratar a história de Napoleão Bonaparte não é uma tarefa simples devido à sua alta complexidade e, embora o filme tenha sabiamente se pautado na tríade essencial de sua vida (França, Exército e Josephine), não houve o equilíbrio necessário notadamente em relação à ascensão ao trono francês, pois, além de pouco explorar seu brilhantismo militar desde as primeiras campanhas para dar mais enfoque no conturbado casamento, também desconsiderou o quão Bonaparte era amado/idolatrado pela população, não se tratando de meros golpes de estado efetivados pela elite político-militar.
Em contrapartida ao roteiro, a direção de Ridley Scott, atuações de Joaquin Phoenix e Vanessa Kirby, figurino, montagem de som e fotografia estão impecáveis, é como se o telespectador fosse transportado para a sociedade europeia durante a transição entre os séculos XVIII e XIX.
* As batalhas estão lindíssimas e bem executadas.
** Torço para que, diante do material histórico, haja futura releitura em formato de série.
Munique: No Limite da Guerra
3.5 61 Assista AgoraMais um filme referente a 2ª Guerra Mundial que mostra o conflito sob uma perspectiva diferente e interessante de bastidores e diplomacia, com um particular sucesso devido à liberdade criativa em não ser fidedigno aos personagens envolvidos, com exceção dos líderes de Reino Unido, Alemanha, França e Itália.
A narrativa tem seus pontos altos e baixos, mas restou satisfatória de um modo geral, enquanto a ambientação estava ótima e o elenco foi bem liderado pelas performances de Jannis Niewöhner, Jeremy Irons e Ulrich Matthes.
Não é uma obra exatamente marcante, mas tem seus méritos, especialmente quanto à atmosfera de suspense e a convergência da história de ambos os lados.
Glass Onion: Um Mistério Knives Out
3.5 651 Assista AgoraSe uma palavra pudesse definir 'Glass Onion' seria inconstância.
O primeiro ato é meio vago e não introduz os personagens apropriadamente, ao passo que o segundo é envolvente ao trabalhar o mistério da trama e a forma como o Detetive Blanc adentra no caso. O terceiro caminhava para um ótima solução do assassinato até que a aleatoriedade tomou conta e estragou completamente o desfecho:
I - Simplesmente deixaram o Miles Bron, a vários metros da Brand, destruir a prova principal assim?
II - E aquelas explosões totalmente desnecessárias que tiraram todo o "realismo" de um filme investigativo?
III - Tiveram benevolência com o Blanc para também não receber um tiro mesmo estando ao lado da Brand?
O elenco e a qualidade técnica/gráfica estavam maravilhosos, e continuo gostando da forma como o Rian Johnson conduz a franquia, mas o roteiro dessa vez deixou muito a desejar.
Uma sequência relativamente boa e relativamente inferior à obra antecessora.