Fiquei surpreso, não achei que eu fosse me divertir tanto com esse filme. Tem muitos erros e muita forçação de barra? Sim! Mas é lindo visualmente, o design de produção é fantástico,assim como figurino! Três grandes atrizes dando um fôlego ao roteiro fraco e criaturas interessantes! Uma boa pedida para uma diversão descompromissada!
O primeiro trunfo da DC – Primeiro filme de heroína em anos, dá novo fôlego ao universo cinematográfico da DC
Diana Prince (Gal Gadot) retira a capa que escondia seu uniforme de amazona, sobe uma escada e sai da trincheira para se transformar, definitivamente, na Mulher Maravilha e também, para tirar a Warner/DC da zona de tiro em que seus filmes “Batman VS Superman” e “Esquadrão Suicida” a colocaram, tanto por parte do público quanto dos profissionais especializados.
Foi um hiato de doze anos para vermos nas telas grandes um blockbuster tendo uma mulher como protagonista – o último fora “Elektra”. E foi justamente uma heroína que deu, ao universo controverso da DC, um fôlego desesperadamente necessário para a Warner. “Mulher Maravilha” (Wonder Woman, EUA, 2017) que estreou no Brasil nessa última quinta-feira, chegou no momento certo e na época correta.
Depois de roubar a cena no longa em que acompanhamos o embate entre o Homem de Aço e Batman, podemos acompanhar a história da amazona Diana. Vivendo, desde o seu nascimento, na bela ilha de Temiscira, a jovem sempre se viu atraída pela luta desde pequena e nunca imaginou os segredos que a rodeiam. Tudo muda na ilha quando um avião cai no local e Diana salva um homem de se afogar. “Você é um homem!” Indaga, encantada, ao conhecer Steve Trevor (Chris Pine), que acaba revelando às amazonas sobre o grande perigo da guerra que estava ocorrendo. Imaginando ser o deus Ares o responsável pela guerra, Diana convence Trevor a levá-la para a linha de frente contra os alemães na Primeira Guerra Mundial, para que assim, ela possa matar Ares e acabar com os conflitos.
Para um filme de origem realmente funcionar é necessário que o público crie simpatia para com os personagens. Pois bem, basta apenas a bela Gal Gadot sorrir para ganhar os nossos corações de vez. Embora não seja uma grande atriz nos momentos dramáticos, percebe-se que Gadot se doou de corpo e alma à personagem. A atriz participa bem da ação, tem grande presença de tela e tem uma química ma-ra-vi-lho-sa com Chris Pine – este também está ótimo na película. A participação de Connie Nielsen como Hipólita, a rainha de Temiscira e mãe de nossa Diana, assim como a participação de Robin Wright como a destemida Antiope, são verdadeiras pérolas durante a projeção.
E que projeção! Que ritmo gostoso. O filme tem duas horas e vinte minutos de duração que passam bem rápidos. O roteiro escrito com cuidado por Allan Heinberg, Zack Snyder e Jason Fuchs flui muito bem e equilibra como poucos filmes do gênero a comédia, drama e ação – coisa que a Marvel errou nesse último ano, mas voltou a acertar com “Guardiões da Galáxia – Vol. 2”. Algumas passagens são realmente inspiradoras e profundas e o clima ingênuo da protagonista cria uma atmosfera que, até então, sentia-se falta nesse gênero.
Tudo foi muito bem orquestrado por Patty Jenkins. Nada melhor que uma mulher na direção para entender a importância que “Mulher Maravilha” teria no mercado audiovisual. Trata-se de um marco e Jenkins nos estrega um trabalho encantador. Ela respeita sua personagem título e não abraçou de forma descarada o feminismo. É um filme para mulheres e homens como qualquer outro.
Outras questões técnicas como a fotografia de Matthew Jensen – que já havia feito um excelente trabalho em “Poder Sem Limites” e a trilha sonora de Rupert Gregson-Williams são espetáculos à parte. Jensen equilibra bem o tom obscuro no filme e trabalha de forma consciente as paletas de cores para cada ato. Williams, por outro lado, nos oferece uma trilha forte e marcante com leves toques da música tema (diga-se de passagem, no momento ideal). A direção de arte, principalmente na ambientação de época da guerra, também merece aplausos.
Os vilões, assim como correra em outras produções, é um ponto fraco no filme. Temos duas figuras, Ludendorff (Danny Huston) e Dra. Maru (Elena Anaya). O primeiro não tem nenhum aprofundamento psicológico – e se trata de um personagem baseado em um homem real, e a tentativa de dar algum vestígio de sentimento na segunda é tão sutil e insuficiente, que acho difícil a maioria das pessoas perceberem.
O último ato do longa, também, não vai lá muito bem. Embora tenha passado longe de ser um desastre, faltaram as sequências inspiradoras que tínhamos visto antes na película. A quem ache que ficou muito exagerado e concordo em partes. Principalmente em relação aos efeitos especiais que começam a ficar artificiais nesse ponto.
Depois de três filmes controversos, a Warner/DC pode respirar aliviada com esse estrondoso “Mulher Maravilha”. É o filme que a personagem merece e que a DC precisava para dar novo fôlego ao seu universo. E quem acaba ganhando? Nós, meros cinéfilos que há setenta anos esperávamos esse filme. Agora só torcer para vermos mais heroínas nas telas grandes para que nossas meninas e mulheres se sintam representadas. E nada melhor que começar isso com nossa Diana Prince!
Pelo Templo que filme ridículo! O roteiro extremamente bobo parece ter sido escrito por uma criança de seis anos de idade. Duas horas e quarenta minutos perdidos em minha vida. O que é aquela Tessa chata? E os diálogos sofríveis? O cúmulo do ridículo.
Deleite para os olhos e não para o coração – Novo ‘A Bela e A Fera’ encanta visualmente, mas não tem tato
Todo ano temos aqueles filmes que acabam criando grandes expectativas e ansiedade no público, o que já garante as primeiras semanas de projeção com as salas cheias e ótima arrecadação para os estúdios. Sem nenhuma dúvida, “A Bela e A Fera” (Beauty and the Beast, EUA, 2017), que estreou ontem no país, é um desses longas. Cercado de ansiedade desde a exibição de seu teaser-trailer ano passado, o conto de fadas da Disney pode, facilmente, chegar a um bilhão de arrecadação.
Esse novo longa pode ser encarado como uma versão live-action da animação de mesmo nome da própria Disney de 1991. O desenho encantou adultos e crianças e foi a primeira animação da história a concorrer ao Oscar na categoria de Melhor Filme. Com essa onda do ratinho de adaptar seus contos para uma versão de carne e osso, “A Bela e A Fera” tinha tudo para repetir o sucesso e a satisfação da animação. O que, infelizmente, não aconteceu.
Agora, encontramos a Bela (Emma Watson) com uma personalidade mais forte. Inteligente, criativa e revolucionária em relação a sua pequena aldeia, a jovem se vê como uma estranha no local o qual ela não consegue se encaixar. Ainda precisando aturar as investidas de Gastão (Luke Evans), cujo ego é tão grande quanto à personalidade de Bela. Corajosa, a jovem parte em busca de seu pai sumido e, na procura, encontra um grande e sombrio castelo onde acaba se tornando a prisioneira de uma criatura bestial (Dan Stevens). Assustada, descobre que o local é mágico e fora amaldiçoado por uma bruxa. Á medida que ela vai criando laços com as criaturas do lugar, incluindo a Fera, sentimentos nunca antes experimentados pela moça vão se manifestando.
Perceptível, mesmo nos trailers, o filme visualmente é magnífico. Temos uma direção de arte realmente impressionante, desde o figurino que mistura elementos clássicos com fantasiosos, aos cenários detalhadamente grandiosos até ao design das criaturas. Gostei muito do visual do Fera e das criaturas ‘objetos’ como Lumière (Ewan McGregor) e Madame Samovar (Emma Thompson). No entanto, quanto se usa o recurso do 3D – visivelmente convertido, parte dessa beleza fora perdida. O diretor Bill Condon (dos sem sal “Amanhecer – Parte 1 e 2”) ou não sabia que o filme seria convertido ou não soube trabalhar para esse fim. Com cenários fabulosos, Condon tinha tudo para proporcionar às telas diversas cenas com profundidade magnífica e trazer toda a magia para perto da plateia. Sequências como a famosa dança entre a Bela e a Fera, teriam sido verdadeiras preciosidades com esse recurso. Todavia, o 3D mais atrapalha do que ajuda, servindo apenas para jogar um objeto aqui e acolá no espectador e sequências, como a da já citada cena, ficam sem graça. A Panasonic, empresa de eletrodomésticos, havia acusado os estúdios hollywoodianos pelo fracasso da TV 3D. E realmente o são. Depois de “Avatar” os estúdios (temos a Disney como um destes), de olho em uma arrecadação mais gorda, começaram a lançar dezenas de filmes convertidos com 3D péssimos, fazendo com que o público perdesse a fé no formato. Uma pena.
O elenco em conjunto funciona bem. Realizando um sonho ao encarnar a personagem principal, Emma Watson não parece à vontade no filme. Os musicais nos quais ela faz parte soam artificiais e sem muita vida. Em cena, de fato, o carisma da moça salva de um desastre e consegue cativar a plateia. No entanto, mais uma vez sentimos a falta de uma direção mais firme. Dan Stevens, que fez um ótimo trabalho na série inglesa Downton Abbey consegue entregar um bom resultado, principalmente o de voz. É uma pena não ter sido mais explorado nos momentos finais. Condon perdeu ótimas cenas com aqueles lindos olhos azuis. Luke Evans está ótimo como o destemido Gastão. A participação de Emma Thompson foi maravilhosa e em pouco tempo em tela, sem ser dublando, entregou ótimos momentos. O destaque, porém, fica a cargo de Josh Gad. Com naturalidade sem igual, Gad entrega um divertido LeFou que consegue roubar as cenas e acaba sendo um dos melhores pontos de todo o filme. LeFou tem uma queda por Gastão e sua sexualidade gerou confusão desnecessária em muitos locais, como na Rússia. O que é triste, tanto no ponto de vista narrativo, visto que se trata se de um detalhe sutil e também, no ponto de vista social. No entanto, para coroar tudo, o filme acerta em uma rápida cena no baile final da projeção, pois, afinal, essa questão de ser o que é por dentro, faz parte dessa fábula maravilhosa.
O roteiro é leve, mas assim como todo o filme, deteve-se demais à animação clássica. Creio que a ideia de se basear no sucesso de 1991 da Disney não é problema, mas fazer quase a mesma coisa, soa até preguiçoso. Temos os mesmos musicais, alguns a mais e até algumas mesmas falas. Certo, acredito que se for pra fazer a mesma coisa, é melhor nem fazer. Tudo bem que essa nova versão contém quarenta minutos a mais, porém, muito mal aproveitados. Por hora o filme fica entediante e o relacionamento entre os personagens títulos não se desenvolve com a mesma magia que na animação.
Os musicais, embora levemente cansativos, foram bem feitos e coreografados. Destaque para a canção “Seja A Nossa Convidada” cantada pelos objetos mágicos, cujas cores, coreografia a ritmo da música e edição, foram o musical mais inspirador de toda a projeção. Pena que Watson não conseguiu a leveza necessária nas suas participações.
O grande problema desse novo “A Bela e A Fera” é a falta de tato da direção. Condon não dirigiu com amor esse filme – e isso era necessário, e tão pouco soube dar às cenas romantismo ou ternura e nem mesmo cuidado técnico como tivemos na animação, o que só desaponta mais. E aqui, as comparações são mais que aceitáveis, visto que um se baseou no outro. Por fim, parece que estamos diante páginas secas de um livro nesse novo longa. Muito bonito mas, com pouco sentimento. Não há nada verdadeiramente novo aqui, nenhum ponto de vista diferente como podemos encontrar na versão francesa do conto em 2014. O que, realmente, é lamentável, visto que o filme tinha tudo para, pelo menos, se igualar em termos magicais a sua obra base.
O melhor ficou para o final – Hugh Jackman se despede de Logan de maneira espetacular
O até então desconhecido australiano Hugh Jackman foi chamado às pressas para as gravações do primeiro X-Men. O ator que iria interpretar o mutante Wolverine havia sofrido um acidente nos sets de gravação de outra produção e não poderia mais participar da aventura mutante. Sem opção de tempo para esperar a sua recuperação, o pai dos mutantes nos cinemas, Bryan Singer, escalou Jackman para assumir a pele do vilão. E foi esse um dos maiores – se não o maior ao lado de Heath Ledger e seu Coringa, acerto de todos os filmes baseados em HQ nos cinemas. Fora uma combinação estarrecedora entre personagem e ator de tal forma que é impossível imaginar outra pessoa encarnando Wolverine nas telonas. Do primeiro X-Men, lá em 2000, até aqui, foram dezessete encarnações como o selvagem mutante cujo apreço com o público foi tão grande que o fez resistir ao fiasco “X-Men Origens: Wolverine” de 2009. Como nada dura para sempre, Jackman anunciou alguns anos atrás que iria encarnar o personagem pela última vez. Agora, em cartaz no país desde a quinta-feira passada, o público irá conhecer não o Wolverine, mas a pessoa que se esconde por trás das poderosas garras de adamantium.
Finalmente vemos o efeito das garras de adamantium no corpo humano. “Logan” (Idem, EUA, 2017) começa com clima de despedida. Quando o tema de abertura da Fox vibra pela sala de cinema um estranho sentimento já começa a rodear a sessão. Logo, esse clima é quebrado pela violência. Sim, o filme começa mostrando que seguirá uma trilha nua e crua e cabe ao espectador decidir se irá ficar para ver ou não. Encontramos Logan debilitado, amargurado, cambaleando, seu fator de cura já não é tão rápido e não possui mais o porte másculo que arrancava respeito e medo de seus adversários. Ele é um dos poucos mutantes que ainda restaram no mundo e seu trabalho como motorista de uma limusine é quase como uma fuga de todas as dores que ele sente. Assim como também é uma forma de ajudar seu companheiro Charles Xavier (Patrick Stewart) cuja doença degenerativa no cérebro deixa a mente mais perigosa do mundo em um estado preocupante. A aparente pacata vida de Logan muda quando uma garotinha misteriosa Laura Kinney (Dafne Keen) entra em sua vida. Depois de duas décadas sem nascer nenhum novo mutante, Kinney é a esperança que Xavier sentia que iria aparecer. Perseguida por uma empresa que fazia experimentos com crianças mutantes, Logan se vê obrigado a proteger a menina que acaba se mostrando extremamente parecida com o nosso Wolverine.
De longe, esse é o filme da franquia X-Men mais denso. Ele tem o clima psicológico com a mesma intensidade do ótimo “Dias de Um Futuro Esquecido”, no entanto, a forma como James Mangold coloca as cenas em tela, o deixa ainda mais pesado. Não há, aqui, qualquer truque para mascarar a violência, o feio e a degradação. Com uma fotografia seca, o filme desce goela a baixo com um profundo – e necessário, choque de realidade. Vemos, finalmente, o que as poderosas garras de Logan podem fazer no corpo humano e isso é mostrado com espetaculares coreografias de luta.
Ainda mais importante, o diretor James Mangold, que também escreveu o roteiro, colocou toda essa violência em seu filme de uma maneira orgânica. Não é uma violência gratuita, pelo contrário, ela faz total sentido em cada sequência e Mangold faz questão de mostrar isso de perto. Nada de closes abertos para distanciar o sangue do espectador. Não. O público é trazido para a selvageria daquele mundo cruel. E isso é es-pe-ta-cu-lar.
Não há dúvida que o sucesso do Wolverine em todos esses filmes se dá ao maravilhoso – e dedicado trabalho de Hugh Jackman. O astro jamais se deixou cair no piloto automático na pele do mutante. Mas sim, trazia a cada novo capítulo nuances nunca vistas de seu personagem e agora nesse “Logan” ele foi mais além do que qualquer um de nós poderia imaginar. Cada olhar cansado, um movimento feito com dor, tudo está cuidadosamente dosado pelo ator. Basta olharmos para ele e já sentimentos toda a sua carga dramática. Claro, isso também é mérito da equipe de maquiagem do filme que merece aplausos.
Por outro lado, Patrick Stewart nunca nos desaponta. O ator chegou a emagrecer muito para o seu papel nesse filme. Talvez essa seja também a última encarnação dele como o Professor X e, se for, será de maneira magistral. Para quem acompanhou os filmes no universo dos mutantes, ver Xavier em decadência é chocante. Trás algo, até então, nunca pensado nesse contexto: de como a velhice chega para todos, sejam humanos ou mutantes e, nesse último caso, de como ela pode ser ainda mais comovente. Apesar de seu estado frágil, Charles continua se mostrando centrado e cheio de esperança. Principalemente após esta assumir na forma de Laura.
E falando em Laura. O que é que foi essa menina em cena? Lembra que descrevi no início dessa crítica a imensidão que foi ver Jackman como Wolverine? Pois então, dezessete anos depois, vemos isso agora com a estupenda Dafne Keen. Sem experiência na tela grande, a atriz mirim mostrou que nasceu para ser a X-23. Ela conseguiu trazer toda a carga de dor e raiva necessária a sua personagem apenas com um olhar. Isso é extremamente difícil para um ator veterano, imaginemos ela. Isso só reforça a aptidão dela para o papel. Ela é quem, realmente, rouba a cena. Suas sequências de ação são um espetáculo à parte e compartilha com Jackman e Stewart em um jantar na casa de uma família, um dos melhores momentos de todo a cronologia dos mutantes nos cinemas.
Com tantos pontos positivos e acertos basicamente unânimes, “Logan” cansa um pouquinho quando se demora de mais em uma passagem na casa de uma família, mas nem de longe isso prejudica o gosto final desse longa espetacular. Aqui, finalmente, conhecemos o algoz por trás do Wolverine, conhecemos Logan em sua essência. Para isso, passamos por uma tarefa árdua de aturar o terrível “X-Men Origens: Wolverine” e o bonzinho “Wolverine Imortal”. Mas foi melhor assim. Melhor termos essa escala evolutiva terminando em uma despedida digna do amor que Jackman entregou a seu personagem e nós a ele. E no final, saímos chocados, com os olhos molhados e estarrecidos não apenas pelo maravilhoso filme, mas por nos despedirmos de um personagem que acompanhamos por tantos anos.
Bem, gostei! Pensei que não iria, mas curti. Creio que tenha sido, principalmente, porque já sabia que o longa se tratava de um romance. Podia ser melhor? Sim! Mas, foi um ótimo entretenimento e o 3D não está ruim.
Decepcionante... o filme é tão lento e com poucos momentos realmente tensos que arranca muitos bocejos. Previsível. o que há de melhor da fita são seus atores e personagens.
Nossa por que detonaram tanto esse filme? Surpreendei-me. Bem fotografado, trilha sonora boa e a trama se mostra bem interessante até o inicio do último ato.
Em busca do fantástico – Derivado de Harry Potter peca em não construir encanto
O tempo passa rápido. Já faz cinco anos que “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2” estreou nos cinemas com o clima de despedida daquele universo mágico criado pela britânica J.K. Rowling que encantou gerações por dez anos. Não demorou tanto tempo assim e foram anunciados mais cinco filmes que se passarão no mesmo universo encantado. Assim, “Animais Fantásticos e Onde Habitam” (Fantastic Beasts and Where to Find Them, EUA/Reino Unido, 2016) chegou aos cinemas nessa última quinta-feira.
No longa, acompanhamos a chegada do magizoologista Newt Scamander (Eddie Redmayne) em uma Nova York na década de vinte. Carregando uma mala cheia de criaturas mágicas, tudo vira uma confusão quando esbarra com o trouxa Jacob Kowalski (Dan Fogler) e logo todos esses animais do mundo bruxo saem da mala causando confusão pela cidade. Estrangeiro, Newt se vê perseguido pelo governo mágico estadunidense que receia a exposição de seu mundo.
Depois de uma década se deliciando com os filmes de Potter, tinha muito receio para esse retorno ao mundo mágico. E o receio se mostrou correto em grande parte. Tendo Eddie Redmayne como protagonista, o longa não consegue garantir um encanto essencial que esse tipo de filme deveria ter. Com uma fotografia demasiadamente – e desnecessariamente escura, o filme surge sem nenhum encanto. As criaturas não são tão fantásticas assim e tão pouco o elenco.
Eddie Redmayne, que quase sempre faz ótimos trabalhos, aqui surge com uma interpretação extremamente forçada. Fazendo de seu Newt um personagem tímido, que raramente encara alguém no rosto, e se transforma, em tela, em atitudes extremamente artificiais. O mesmo problema se encontra com o Ezra Miller, cujas atitudes soam bem genéricas. Realmente, no elenco ninguém se destaca, com exceção de Dan Fogler que, ao dar pele a um não bruxo, consegue transmitir levemente o sentimento de encantamento pela magia que é necessário no filme. Ainda carregando o papel de alívio cômico, Fogler o faz sem parecer forçado.
O responsável por essas interpretações forçadas é ninguém menos que o diretor David Yates que havia feito um excelente trabalho nos quatro últimos exemplares da franquia Harry Potter. Iniciando uma nova jornada cinematográfica, Yates não teve sensibilidade de trazer os elementos essenciais para se adentrar naquele ‘novo’ mundo com os novos personagens, mostrando ter muito mais habilidade em lhe dar com as sequências de ação. Muita coisa parece ter sido deixado de lado para explorar nos demais filmes. O roteiro, escrito pela própria J.K. Rowling é simples e muitas vezes infantil, mas muito bem amarrado, fechando bem os três arcos que ele desenvolve durante a projeção. Muito interessante notar de como a autora se utilizou de elementos relacionados ao mundo bruxo para construir uma crítica social ao nosso mundo real.
Trata-se de um filme longo. Com mais de duas horas de duração, tem um momento que o longa se arrasta, fica chato, visualmente a falta de cor cansa e parece que o filme nunca vai terminar. Tecnicamente, “Animais Fantásticos e Onde Habitam” é incrível. Direção de arte espetacular, desde a ambientação de Nova York na década de 1920, desde a criação do mundo bruxo naquele contexto. Assim como também os efeitos visuais – esses sim, fantásticos, que aparecem em tela de maneira a fazer parte daquele universo e não de sobressair sobre ele. A trilha sonora de James Newton Howard, experiente em filmes de ação, é tão apática quanto o elenco. Intercalando trechos clássicos da trilha de Potter, as músicas não empolgam. Outro compositor teria sido uma melhor opção.
Podemos sentir um clima mais empolgante dentro da mala de Newt, não apenas por causa das criaturas que estão presentes ali. Mas, porque a interação entre Eddie Redmayne e Dan Fogler ficou ótima, sem o primeiro está tão artificial em sua atuação, evidentemente, mostrando como o seu personagem gosta de estar com aquelas criaturas, se viu livre da necessidade de se mostrar tímido o tempo todo.
Ao término da sessão, “Animais Fantásticos e Onde Habitam” termina sem mostrar o que se espera pelo título: um universo fantástico. Trazendo uma paleta de cor morta, o longa passa longe de trazer um clima mágico. Tem-se que tirar essa mentalidade que filme escuro é filme mais adulto. Comparando ao primeiro Harry Potter percebemos como aquele filme lá em 2001 de Chris Columbus é muito mais fantasioso. Esse derivado errou justamente aí, em não trazer esse clima de encantamento mágico, talvez essa seja a razão das crianças de agora, segundo pesquisa do Box Office, não estarem buscando esse filme nos cinemas e, mas sim, os adultos que acompanharam a jornada de Potter.
P.S. Para quem gosta de 3D, a tecnologia escurece mais o filme, porém, temos alguns momentos interessantes. Nota: 6.5/10.0
Filme com paleta muito fria, tanto na direção de arte quanto na fotografia! Desnecessariamente muito escuro! A Warner tem que parar com essa mania de filme assim.
O Pouco que é Mais – Filme surpreende pela condução técnica e narrativa
Nancy (Blake Lively) ainda está muito abalada pela perda da mãe e decide conhecer uma praia onde esta última sempre falara. Chegando finalmente no paradisíaco mar, a garota percebe que todos escondem dos turistas o nome da praia, evidentemente, para manter o local livre das mira do turismo. Aventureira e surfista, o local acaba se mostrando perfeito para que Nancy possa fazer o que tanto ama e sentir um pouco mais a proximidade com sua mãe. O ambiente é maravilhoso, o sol está forte, a água é limpa e cristalina e as ondas as melhores que Nancy poderia desejar. No entanto, quando ela decide ficar na água sozinha mesmo quando a noite já está chegando, todo o mundo outrora maravilhoso se transforma em um pesadelo sem igual. Um tubarão surge e morde uma das coxas da garota que, sem ter como ir à areia devida a grande distância na qual se encontra, busca abrigo em cima de um rochedo no meio da água. Ferida, seu sangue se transforma no verdadeiro radar para a criatura maligna que a rodeia e aguarda o momento certo de atacar. Não há como fugir a não ser a nado, não aparece ninguém para se pedir ajuda e a maré está prestes a encher e, quando isso acontecer, o rochedo no qual Nancy se mantém será submergido.
É só falar de um filme com tubarão que automaticamente já nos lembramos do clássico de 1975 do grande Steven Spielberg. Porém, o caminho que “Águas Rasas” (The Shallows, EUA, 2016) segue é diferente, embora cause a mesma tensão. Depois de tantos filmes desprezíveis trazendo como protagonista essa temível criatura marinha, o diretor espanhol Jaume Collet-Serra nos entrega uma grande surpresa. Collet-Serra tem grande experiência em dirigir filmes de ação como “Sem Escalas” com Liam Neeson – que, aliás, achei ótimo; mas aqui, ele foi muito além do que já fizera até então.
Tudo no filme é resumido. Basicamente, só temos uma personagem, o mar, o tubarão (que o diretor revelou ser uma fêmea) e uma ave. Apenas com esses quatro elementos, Jaume Collet-Serra nos entrega um longa de uma hora e vinte minutos onde passamos a maior parte da projeção com as mãos fincadas na cadeira, tamanho o suspense. Para tal, Collet-Serra usa inteligentemente uma trilha sonora medida minuciosamente, cortes rápidos, planos abertos para dar ênfase à solidão de Nancy perante a sua situação, closes na hora certa e planos detalhes que fazem toda a diferença na película. Outro ponto interessante é o fato do tubarão aparecer pouco. Sabemos que ele está, todavia, não exatamente onde está, então, qualquer ação tomada pela protagonista causa à plateia uma reação de medo imediata.
Com um predador tão feroz em tela, precisava-se uma protagonista à altura e Blake Lively surpreendeu. No início o clima do filme é de descontração, acompanhado por tomadas sensuais de Lively se preparando para entrar no mar, surfistas pegando onda ao som de uma trilha elétrica e uma fotografia digna de um cartão-postal. Mas quando o tubarão aparece, acaba com todo esse clima alegre. A cor do filme ganha uma paleta delicadamente mais obscura e Blake Lively mostra sua capacidade de demostrar dor, medo e determinação. Um grande trunfo do roteiro escrito por Anthony Jaswinski é dar uma profundidade necessária a sua protagonista e fazer com que o público se importe com ela consequentemente. Interessante também é a inserção de uma ave para interagir com Nancy. Com uma das asas feridas, o pássaro também se encontra na mesma situação da humana e compartilha o rochedo com ela. Tentar levar a presença da ave para o simbolismo é uma deliciosa tarefa pós-sessão.
Trazendo poucos elementos em tela, trilha sonora contida e na medida certa, “Águas Rasas” mostra que com criatividade (a forma como foram inseridos os diálogos via smartphone no filme, foi sensacional!) se pode fazer um grande filme e Jaume Collet-Serra chegou a um nível mais alto em sua carreira cinematográfica. Pena o longa ter errado justamente na sua conclusão e deixar uma ligeira sensação de “what?”. Mesmo assim, o saldo positivo prevalece, prepare-se para se surpreender, prender a respiração e presenciar um grande duelo cheio de suspense e desespero.
O medo do escuro – Usando medo primitivo do homem, longa consegue arrancar sustos, mas não passa disso
Dirigido por David F. Sandberg, um curta em 2013 chamou muita atenção do público e da crítica. Lights Out não demorou a se tornar um sucesso na internet e chamou a atenção de ninguém menos que James Wan, diretor que ficou renomado apôs os excelentes “Invocação do Mal” e “Invocação do Mal 2”. Wan chamou Sandberg para a New Line e transformaram o seu curta em longa-metragem. O resultado já pode ser conferido nos cinemas em “Quando As Luzes Se Apagam” (Lights Out, Reino Unido, 2016) que trás o nome de Wan como um dos produtores.
Rebecca (Teresa Palmer) é uma jovem que abandonou a família cedo para viver sozinha. Porém, pouco tempo apôs a morte de seu padrasto é chamada para a escola onde seu irmão mais novo estuda. Isso porque o jovem Martin (Gabriel Bateman) não conseguira dormir por causa de problemas em casa. Residindo apenas com a mãe, o garoto relata que há uma estranha criatura que se esconde no escuro de sua casa, mas desaparece na luz. Aterrorizada, Rebecca sabe que Martin está falando a verdade e tentará salvar o seu irmão e a sua própria mãe de uma criatura chamada de Diana (Alicia Vela-Bailey) cuja mãe tem uma relação de amizade para com a mesma.
O filme tem início já com uma morte para mostrar que ali nada será de brincadeira. Porém, essa rapidez em lhe dar com os fatos é um grande problema na projeção. Vindo dos curtas-metragens, David F. Sandberg parece não entender que para longa-metragem tem que se trabalhar melhor os seus personagens e ainda o contexto no qual eles estão inseridos, usando-o de forma a favorecer a narrativa e consequentemente o roteiro. Prova disso é a pouca duração do filme de uma hora e vinte minutos. James Wan entendeu isso muitíssimo bem como demostrou nos dois exemplares de “Invocação do Mal” e parece ter esquecido de passar esse ensinamento a Sandberg. Notadamente, Wan teve muita influência nesse longa embora não tenha participado de sua roteirização. A começar pela trama central que se desenvolve em cima da relação familiar – como Wan fez nos dois exemplares de Invocação, o tom e a fotografia foram trabalhados de modo a enriquecer a trama. Porém, o que faltou muito no longa foi a criação de climas de tensão emocional. O diretor simplesmente esqueceu de criar situações e uma atmosfera que pudesse trazer ao espectador a sensação de perigo eminente, tendo apenas sustos pontuais aqui e ali no filme e logo depois caem no esquecimento.
Se por um lado Sandberg pecou feio por não criar climas essenciais de tensão, por outro, conseguiu construir personagens coesos. Começando pela Rebecca interpretada por Teresa Palmer, que é uma jovem com medo de confiar em alguém, atormentada quando criança por momentos sinistros, mas que está totalmente dedicada a não permitir que seu irmão mais novo passe pela mesma coisa. Palmer se entrega a sua personagem de uma maneira à cima da média nos longas do gênero. Outro destaque na trama vai para Maria Bello que dá vida a mãe viúva envolvida pela amizade sobrenatural com Daiana. Apesar de não ter o tempo em tela que merecia, Bello consegue roubar a atenção para si todas as vezes que surge em tela. Ambas personagens são fortes e possuem extrema importância na trama, mas é uma pena o roteiro não ter trabalhado as relações entre elas mais à fundo, fazendo ao mesmo tempo, o espectador ficar inserido ainda mais na trama.
“Quando As Luzes Se Apagam” usa o escuro como pano de fundo para explorar uma criatura assustadora. Trata-se de uma forma de medo histórica do ser humano herdada desde a pré-história. E Sandberg foi extremamente cuidadoso na forma como trabalhou a antagonista. Sem nunca mostrar demais de Daiana, ele sempre consegue colocar ela no lugar e na hora certa, dando sustos contínuos na plateia e deixando-a atenta sempre que as luzes se apagam – embora essa atenção não esteja acompanhada do medo. O diretor ainda tentou inserir alguns momentos cômicos na trama o que não deu muito certo. O filme já é curto e com poucos momentos que realmente dão medo e quebrar o clima já falho de suspense não foi uma boa pedida.
Já tendo o filme como sucesso de bilheteria, tudo indique que David F. Sandberg será o pupilo de James Wan. Com todas as ferramentas em mãos, a New Line pretende construir um universo de terror com os filmes de “Invocação do Mal” e seus derivados e já incumbiu Sandberg para a direção de “Annabelle 2” e claro, “Quando As Luzes Se Apagam 2”, tudo, sob os olhos cuidadosos de James Wan. Levando que em consideração que David F. Sandberg está apenas começando a trilhar o seu caminho no cinema hollywoodiano e foi capaz de entregar um filme de suspense relativamente bom, podemos esperar muitas coisas dele! E Sandberg mostrou que tem capacidade isso!
Ruído bom de escutar – Longa francês pode ser um tormento para os ouvidos, mas é um remédio para a alma
Nesse ano, alguns cinemas do Brasil fizeram parte do Festival Varilux de Cinema Francês que trouxe vários títulos dos mais variados temas às telas tupiniquins. Um dos destaques do festival foi, sem nenhuma dúvida, “Marguerite” (Idem, França, República tcheca, Bélgica, 2015) um longa que consegue mexer profundamente com os sentimentos da plateia.
Quando as luzes do cinema se apagam somos transportados para os anos de 1920 exatamente em uma mansão onde está sendo realizado um evento de caridade e todos estão ansiosos para a apresentação musical da grandiosa Condessa Marguerite Dumont (Catherine Frot). Apôs uma espera cheia de expectativas – dos personagens do filme quanto do público que o assiste nos cinemas, Marguerite surge glamorosa e ao abrir a boca começa, sem nenhuma piedade, a massacrar todos os ouvidos alheios com uma performance impressionantemente horrível de A Rainha da Noite de Mozart. Porém, ao final da apresentação, todos a aplaudem e assim deixa viva nela a crença de que ela é uma cantora soprano sensacional. Essa ilusão, na verdade, já vem se mantendo há muito tempo, afinal, além de realizar muitos eventos beneficentes, Marguerite Dumont é casada com o Conde Georges Dumont (André Marcon) e a riqueza do casal já garante o prestígio necessário para a sociedade. Ao encararem, estupefatos, as destrezas vocais da Sra. Dumont, dois jornalistas, Kyril Von Priest (Aubert Fenoy) e Lucien Beaumont (Sylvain Dieuaide), pretendem alimentar ainda mais a fantasia de Marguerite a ponto de fazê-la ter o desejo de realizar um concerto solo em um grande teatro ao público.
Dirigido de maneira extremamente delicada pelo francês Xavier Giannoli, a película de uma maneira leve e firme, consegue gerar muitos sentimentos na plateia – e o que é mais chocante: sentimentos contrários. A comicidade e a tragédia andam lado a lado nas duas horas de projeção, exatamente como na icónica máscara que representa o teatro. Trata-se de uma narrativa complexa cuja delicadeza exige de seus integrantes grande destreza. E isso encontramos perfeitamente na película.
Catherine Frot está espetacular na pele de Marguerite. Facilmente, a atriz consegue convencer a plateia sobre a fantasia gerada em torno de sua personagem. Fantasia que pode ter sido criada por ela, mas que foi alimentada de maneira tão brusca durante o tempo pela sociedade, que passou a ser uma verdade absoluta a ela. Marguerite é, antes de tudo, uma mulher sonhadora, desprezada pelo marido e sendo motivo de risadas pelos os outros, porém, em vez de ser uma mulher triste, é muito feliz em seu mundo. Sua fantasia a se transformou em uma verdade suprema e tão poderosa que corre o risco de, quando se chocar a outra verdade, ser destrutiva.
Além da protagonista, temos outros personagens que também acabam se mostrando muito interessantes. A começar pelo jornalista e poeta fracassado Kyril Von Priest, vivido de forma intensa por Aubert Fenoy cujo romance com a cantora (de verdade) soprano Hazel (Christa Théret) é trabalhado de modo a desenvolver os próprios personagens. Destaque também para o ótimo Michel Fau que dá vida ao quase-fracassado Pezzini e que aceita, de forma inesperada, ser professor de canto de Marguerite. O ator consegue caminhar na linha tênue entre o drama e a comédia de maneira tão genial quanto o roteiro do filme.
E que roteiro! Lembrando brevemente o caso real de uma cantora chamada Florence – que inclusive ganhou filme com Meryl Streep esse ano, o texto do próprio Xavier Giannoli e de Marcia Romano, trata com muita delicadeza e maestria a trama, explorando a fundo os personagens os quais devem realmente fazê-lo. Às duas horas de projeção se passam rápidas e consegue fazer o público se manter firme na poltrona apesar dos berros estridentes de Marguerite.
Tecnicamente bem feito, não gostei muito da fotografia do longa. Como já disse, não no quesito técnico, mas no artístico. Giannoli optou por uma paleta de cores sóbrias e frias. Queria ver um pouco da Marguerite na paleta e sua felicidade estampada artisticamente dessa forma, todavia, a fotografia seguiu outro caminho que, no máximo, prejudicou minimamente a experiência com o filme.
Tocante e profundo, “Marguerite” é um filme sensacional que deve ser assistido por quaisquer pessoas que tenha interesse por artes – seja ela qual for. Pois, a combinação homogênea entre cômico e trágico traz reflexões para muitos dias – ou vida. Afinal o que é realidade e o que é fantasia? Será nossa realidade uma fantasia ou é fantasia dos outros? “Marguereti” não tem função de responder a esses questionamentos, mas de gerá-los.
Mais uma invasão Vinte anos depois chega “Independence Day 2”
Nunca fui muito fã do primeiro “Independence Day”. Lançado em 1996, o filme foi um enorme sucesso de público arrecadando milhões e milhões de dólares. Foi o filme que fez, definitivamente, Will Smith atingir o estrelato. Nem gostei muito do filme e tão pouco de Smith nele. Vinte anos depois estreia “Independence Day: O Ressurgimento” (Independence Day: Resurgence, EUA, 2016). Daí façamos a pergunta: Era uma continuação necessária? Não.
Depois de quase destruída pela invasão alienígena, a humanidade evolui. Acabaram-se as guerras, a tecnologia trazida pelos et´s foi reaproveitada e a Terra parece extremamente segura. No entanto, bastou apenas uma nave que estava abandonada na África ligar o alarme de socorro para que uma nova invasão aconteça e ainda mais devastadora.
Com exceção de Will Smith e poucos outros, todo o elenco original está de volta nessa continuação (ufa!). O agora ex-precidente dos EUA, Thomas J. Whitmore (Bill Pullman) e o cientista louco, que estava em coma, Brakish Okun (Brent Spiner) sentem com antecedência o novo ataque uma vez que eles estiveram contato mental com os aliens anteriormente. O primeiro consegue virar herói mais uma vez e o segundo traz uma das coisas mais interessantes do filme, sendo seu personagem muito engraçado em meio a tanta tentativa séria de dizer que o filme é sério.
Roland Emmerich, responsável pelo primeiro filme, dirige essa continuação. Claro. Jamais ele deixaria a oportunidade de destruir o mundo outra vez. Gostei de seu trabalho em “2012”. Porém, aqui, ele parece ter se apegado somente a trazer momentos de nostalgia aos espectadores do que, realmente, trazer algo novo. O grande problema do filme é que temos muitos personagens nos quais dar atenção e no fim ninguém se destaca, diferentemente de “2012” em que o foco principal era uma família. Pelo menos temos personagens que ainda conseguem ter algum carisma como Jeff Goldblum (o David Levinson do longa original), Liam Hemsworth e Maika Monroe, embora essa última poderia ter sido retirada da trama que nem iria fazer falta. O roteiro ainda se desdobrar para mostrar quatro irmãos perdidos em busca de ajuda. Uma trama paralela que não convence ninguém.
Do elenco, quero destacar o jovem Travis Tope que dar vida a Charlie. O ator consegue ser engraçado de maneira bastante original. Medroso e fiel, Travis acaba entregando a melhor surpresa do filme, sendo o único personagem verídico da película.
Personagens existentes do longa original e tinham certa importância sequer são mencionados aqui, não dando nenhuma explicação a plateia da ausência deles. O único que foi explicado fora a do Will Smith, cujo personagem morreu em um acidente. O que vale razoavelmente a pena no longa é ver a nova invasão. Também gosto de ver toda aquela destruição e os aliens colocando o terror. Porém, jamais o filme consegue passar algum clima de perigo. Até mesmo quando a Alien Rainha surge em tela a gente sabe que tudo vai acabar bem.
Sendo uma continuação desnecessária e tendo um 3D inútil, “Independence Day: O Ressurgimento” é aquele tipo de filme que assistimos quando não se tem nada para fazer. Ainda mais, ficou claro que Emmerich agora quer transformar a franquia em um novo Star Trek/ Wars. Se estou empolgado com isso? Nem um pouco. Nota: 4.0. Quem quiser ver mais resenhas só entrar no meu perfil! ;)
O Pecado do Segundo Filme Continuação de “Truque de Mestre” falha por querer ser mais grandioso que antecessor
Sempre digo que uma de minhas maiores satisfações é assistir um filme o qual não espero muito. Muitas vezes é um longa que fez um sucesso mediano de público, que chegou e saiu sem muito alarde e, aparentemente, sempre tem um filme mais interessante e famoso disputando espaço o que me faz conferir primeiro este exemplar. Isso aconteceu com o ótimo “Truque de Mestre” que me pegou de tal jeito que assisti ao filme duas vezes ao longo de dois dias. Para mim, tratava-se daquele tipo de filme que não precisava de continuação. Dessa forma, quando foi anunciado “Truque de Mestre: O Segundo Ato” (Now You See Me 2, EUA, 2016), fiquei extremamente receoso com a qualidade que a película viria a ter. Conferido o filme finalmente, eis que ele consegue se manter em um nível interessante.
Apôs os eventos impressionantes do primeiro filme, o grupo de mágicos liderados por agente Dylan Rhodes (Mark Ruffalo) está a mais de um ano escondido, esperando pela ordem do misterioso O Olho para agir. Quando, enfim, a ordem chega, os mágicos são surpreendidos por um jovem – e psicopata, empresário chamado Walter Mabry (Daniel Radcliffe) que apôs sequestrá-los, obriga-os a roubarem um chip poderoso capaz de se infiltrar em qualquer computador.
Temos de volta basicamente todo o elenco original – isso é muito bom! Com exceção de Isla Fisher que foi afastada devido a uma gravidez. No lugar dela, na pele de outra personagem, entrou a ótima Lizzy Caplan. Foi uma escolha muito sábia inserir uma personagem diferente ao da Fisher, apagando a impressão de “tapa buraco”. Caplan coloca em sua mágica Lula muita originalidade e diversão, fazendo dela um dos melhores resultados da projeção. Jesse Eisenberg e Dave Franco repetem bem os seus trabalhos. Woody Harrelson surpreendeu ao interpretar dois personagens de forma bem distinta. Outra inserção ao elenco foi Daniel Radcliffe que, mais uma vez mostra um bom trabalho, dessa vez, na pele do vilão. Os destaques, porém, vão para Mark Ruffalo e Morgan Freeman. Embora o roteiro não se apegue a desenvolver muito os personagens, foram esses dois que tiveram os maiores e interessantes desenvolvimentos na trama. A experiência de ambos também ajudou muito para trazer uma carga dramática complementar ao roteiro e aos seus personagens.
Dessa vez, nas mãos de Jon M. Chu substituindo Louis Leterrier, o longa peca exatamente no calo da maioria das continuações: ser maior que o primeiro filme. Para isso, o diretor se utiliza de muitos exageros. Desde a um roteiro confuso, cheio de reviravoltas até aos truques mágicos ainda mais mentirosos que no longa anterior. Isso é ruim porque além de deixar a trama muito difícil de acompanhar uma vez que tudo acontece muito rápido em seu clímax, o espectador pode desistir de tentar entendê-lo. Também, o que eu achava interessante no primeiro filme é que a maioria das mágicas realmente poderia ter ser feitas na realidade, nesse segundo filme, bem... é bem mais magia mesmo. Será que realmente ela existe? Bem, o longa não se interessa em responder.
Outro ponto que achei interessante na película foi o dos efeitos especiais. Gosto muito quando essa técnica é usada de forma que fique despercebida. Ou seja, usada apenas como um algo narrativo, sem exageros, algo que não ocorre na maioria dos longas.
Trazendo os elementos que deram certo no primeiro filme e atenuando em demasia outros, “Truque de Mestre: O Segundo Ato” ainda consegue se manter em um nível elevado, embora à baixo do original. As mágicas são excitantes, o elenco muito bom e, acima de tudo, o longa consegue prender a atenção da plateia do início ao fim da projeção. Trata-se de um divertimento de qualidade que merece ser conferido. Nota: 7.0 Para lerem mais só acessar meu perfil! ;)
TOC: Transtornada Obsessiva Compulsiva
2.4 303 Assista AgoraEsse muído todinho para a palavra de cinco letras ser
Cagar!
Sério?Mds...
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraNossa... não curti mesmo. Pena.
O Caçador e a Rainha do Gelo
3.1 642 Assista AgoraFiquei surpreso, não achei que eu fosse me divertir tanto com esse filme. Tem muitos erros e muita forçação de barra? Sim! Mas é lindo visualmente, o design de produção é fantástico,assim como figurino! Três grandes atrizes dando um fôlego ao roteiro fraco e criaturas interessantes! Uma boa pedida para uma diversão descompromissada!
Dezesseis Luas
2.6 1,4K Assista AgoraPara quê fizeram esse filme mesmo?
Pompeia
2.7 872 Assista AgoraSem comentários....
Mulher-Maravilha
4.1 2,9K Assista AgoraO primeiro trunfo da DC – Primeiro filme de heroína em anos, dá novo fôlego ao universo cinematográfico da DC
Diana Prince (Gal Gadot) retira a capa que escondia seu uniforme de amazona, sobe uma escada e sai da trincheira para se transformar, definitivamente, na Mulher Maravilha e também, para tirar a Warner/DC da zona de tiro em que seus filmes “Batman VS Superman” e “Esquadrão Suicida” a colocaram, tanto por parte do público quanto dos profissionais especializados.
Foi um hiato de doze anos para vermos nas telas grandes um blockbuster tendo uma mulher como protagonista – o último fora “Elektra”. E foi justamente uma heroína que deu, ao universo controverso da DC, um fôlego desesperadamente necessário para a Warner. “Mulher Maravilha” (Wonder Woman, EUA, 2017) que estreou no Brasil nessa última quinta-feira, chegou no momento certo e na época correta.
Depois de roubar a cena no longa em que acompanhamos o embate entre o Homem de Aço e Batman, podemos acompanhar a história da amazona Diana. Vivendo, desde o seu nascimento, na bela ilha de Temiscira, a jovem sempre se viu atraída pela luta desde pequena e nunca imaginou os segredos que a rodeiam. Tudo muda na ilha quando um avião cai no local e Diana salva um homem de se afogar. “Você é um homem!” Indaga, encantada, ao conhecer Steve Trevor (Chris Pine), que acaba revelando às amazonas sobre o grande perigo da guerra que estava ocorrendo. Imaginando ser o deus Ares o responsável pela guerra, Diana convence Trevor a levá-la para a linha de frente contra os alemães na Primeira Guerra Mundial, para que assim, ela possa matar Ares e acabar com os conflitos.
Para um filme de origem realmente funcionar é necessário que o público crie simpatia para com os personagens. Pois bem, basta apenas a bela Gal Gadot sorrir para ganhar os nossos corações de vez. Embora não seja uma grande atriz nos momentos dramáticos, percebe-se que Gadot se doou de corpo e alma à personagem. A atriz participa bem da ação, tem grande presença de tela e tem uma química ma-ra-vi-lho-sa com Chris Pine – este também está ótimo na película. A participação de Connie Nielsen como Hipólita, a rainha de Temiscira e mãe de nossa Diana, assim como a participação de Robin Wright como a destemida Antiope, são verdadeiras pérolas durante a projeção.
E que projeção! Que ritmo gostoso. O filme tem duas horas e vinte minutos de duração que passam bem rápidos. O roteiro escrito com cuidado por Allan Heinberg, Zack Snyder e Jason Fuchs flui muito bem e equilibra como poucos filmes do gênero a comédia, drama e ação – coisa que a Marvel errou nesse último ano, mas voltou a acertar com “Guardiões da Galáxia – Vol. 2”. Algumas passagens são realmente inspiradoras e profundas e o clima ingênuo da protagonista cria uma atmosfera que, até então, sentia-se falta nesse gênero.
Tudo foi muito bem orquestrado por Patty Jenkins. Nada melhor que uma mulher na direção para entender a importância que “Mulher Maravilha” teria no mercado audiovisual. Trata-se de um marco e Jenkins nos estrega um trabalho encantador. Ela respeita sua personagem título e não abraçou de forma descarada o feminismo. É um filme para mulheres e homens como qualquer outro.
Outras questões técnicas como a fotografia de Matthew Jensen – que já havia feito um excelente trabalho em “Poder Sem Limites” e a trilha sonora de Rupert Gregson-Williams são espetáculos à parte. Jensen equilibra bem o tom obscuro no filme e trabalha de forma consciente as paletas de cores para cada ato. Williams, por outro lado, nos oferece uma trilha forte e marcante com leves toques da música tema (diga-se de passagem, no momento ideal). A direção de arte, principalmente na ambientação de época da guerra, também merece aplausos.
Os vilões, assim como correra em outras produções, é um ponto fraco no filme. Temos duas figuras, Ludendorff (Danny Huston) e Dra. Maru (Elena Anaya). O primeiro não tem nenhum aprofundamento psicológico – e se trata de um personagem baseado em um homem real, e a tentativa de dar algum vestígio de sentimento na segunda é tão sutil e insuficiente, que acho difícil a maioria das pessoas perceberem.
O último ato do longa, também, não vai lá muito bem. Embora tenha passado longe de ser um desastre, faltaram as sequências inspiradoras que tínhamos visto antes na película. A quem ache que ficou muito exagerado e concordo em partes. Principalmente em relação aos efeitos especiais que começam a ficar artificiais nesse ponto.
Depois de três filmes controversos, a Warner/DC pode respirar aliviada com esse estrondoso “Mulher Maravilha”. É o filme que a personagem merece e que a DC precisava para dar novo fôlego ao seu universo. E quem acaba ganhando? Nós, meros cinéfilos que há setenta anos esperávamos esse filme. Agora só torcer para vermos mais heroínas nas telas grandes para que nossas meninas e mulheres se sintam representadas. E nada melhor que começar isso com nossa Diana Prince!
Nota: 8.5/10.0
Transformers: A Era da Extinção
3.0 1,4K Assista AgoraPelo Templo que filme ridículo! O roteiro extremamente bobo parece ter sido escrito por uma criança de seis anos de idade. Duas horas e quarenta minutos perdidos em minha vida. O que é aquela Tessa chata? E os diálogos sofríveis? O cúmulo do ridículo.
Caçadores de Emoção: Além do Limite
2.8 343 Assista AgoraSó o 3D que vale a pena!
A Bela e a Fera
3.9 1,6K Assista AgoraDeleite para os olhos e não para o coração – Novo ‘A Bela e A Fera’ encanta visualmente, mas não tem tato
Todo ano temos aqueles filmes que acabam criando grandes expectativas e ansiedade no público, o que já garante as primeiras semanas de projeção com as salas cheias e ótima arrecadação para os estúdios. Sem nenhuma dúvida, “A Bela e A Fera” (Beauty and the Beast, EUA, 2017), que estreou ontem no país, é um desses longas. Cercado de ansiedade desde a exibição de seu teaser-trailer ano passado, o conto de fadas da Disney pode, facilmente, chegar a um bilhão de arrecadação.
Esse novo longa pode ser encarado como uma versão live-action da animação de mesmo nome da própria Disney de 1991. O desenho encantou adultos e crianças e foi a primeira animação da história a concorrer ao Oscar na categoria de Melhor Filme. Com essa onda do ratinho de adaptar seus contos para uma versão de carne e osso, “A Bela e A Fera” tinha tudo para repetir o sucesso e a satisfação da animação. O que, infelizmente, não aconteceu.
Agora, encontramos a Bela (Emma Watson) com uma personalidade mais forte. Inteligente, criativa e revolucionária em relação a sua pequena aldeia, a jovem se vê como uma estranha no local o qual ela não consegue se encaixar. Ainda precisando aturar as investidas de Gastão (Luke Evans), cujo ego é tão grande quanto à personalidade de Bela. Corajosa, a jovem parte em busca de seu pai sumido e, na procura, encontra um grande e sombrio castelo onde acaba se tornando a prisioneira de uma criatura bestial (Dan Stevens). Assustada, descobre que o local é mágico e fora amaldiçoado por uma bruxa. Á medida que ela vai criando laços com as criaturas do lugar, incluindo a Fera, sentimentos nunca antes experimentados pela moça vão se manifestando.
Perceptível, mesmo nos trailers, o filme visualmente é magnífico. Temos uma direção de arte realmente impressionante, desde o figurino que mistura elementos clássicos com fantasiosos, aos cenários detalhadamente grandiosos até ao design das criaturas. Gostei muito do visual do Fera e das criaturas ‘objetos’ como Lumière (Ewan McGregor) e Madame Samovar (Emma Thompson). No entanto, quanto se usa o recurso do 3D – visivelmente convertido, parte dessa beleza fora perdida. O diretor Bill Condon (dos sem sal “Amanhecer – Parte 1 e 2”) ou não sabia que o filme seria convertido ou não soube trabalhar para esse fim. Com cenários fabulosos, Condon tinha tudo para proporcionar às telas diversas cenas com profundidade magnífica e trazer toda a magia para perto da plateia. Sequências como a famosa dança entre a Bela e a Fera, teriam sido verdadeiras preciosidades com esse recurso. Todavia, o 3D mais atrapalha do que ajuda, servindo apenas para jogar um objeto aqui e acolá no espectador e sequências, como a da já citada cena, ficam sem graça. A Panasonic, empresa de eletrodomésticos, havia acusado os estúdios hollywoodianos pelo fracasso da TV 3D. E realmente o são. Depois de “Avatar” os estúdios (temos a Disney como um destes), de olho em uma arrecadação mais gorda, começaram a lançar dezenas de filmes convertidos com 3D péssimos, fazendo com que o público perdesse a fé no formato. Uma pena.
O elenco em conjunto funciona bem. Realizando um sonho ao encarnar a personagem principal, Emma Watson não parece à vontade no filme. Os musicais nos quais ela faz parte soam artificiais e sem muita vida. Em cena, de fato, o carisma da moça salva de um desastre e consegue cativar a plateia. No entanto, mais uma vez sentimos a falta de uma direção mais firme. Dan Stevens, que fez um ótimo trabalho na série inglesa Downton Abbey consegue entregar um bom resultado, principalmente o de voz. É uma pena não ter sido mais explorado nos momentos finais. Condon perdeu ótimas cenas com aqueles lindos olhos azuis. Luke Evans está ótimo como o destemido Gastão. A participação de Emma Thompson foi maravilhosa e em pouco tempo em tela, sem ser dublando, entregou ótimos momentos. O destaque, porém, fica a cargo de Josh Gad. Com naturalidade sem igual, Gad entrega um divertido LeFou que consegue roubar as cenas e acaba sendo um dos melhores pontos de todo o filme. LeFou tem uma queda por Gastão e sua sexualidade gerou confusão desnecessária em muitos locais, como na Rússia. O que é triste, tanto no ponto de vista narrativo, visto que se trata se de um detalhe sutil e também, no ponto de vista social. No entanto, para coroar tudo, o filme acerta em uma rápida cena no baile final da projeção, pois, afinal, essa questão de ser o que é por dentro, faz parte dessa fábula maravilhosa.
O roteiro é leve, mas assim como todo o filme, deteve-se demais à animação clássica. Creio que a ideia de se basear no sucesso de 1991 da Disney não é problema, mas fazer quase a mesma coisa, soa até preguiçoso. Temos os mesmos musicais, alguns a mais e até algumas mesmas falas. Certo, acredito que se for pra fazer a mesma coisa, é melhor nem fazer. Tudo bem que essa nova versão contém quarenta minutos a mais, porém, muito mal aproveitados. Por hora o filme fica entediante e o relacionamento entre os personagens títulos não se desenvolve com a mesma magia que na animação.
Os musicais, embora levemente cansativos, foram bem feitos e coreografados. Destaque para a canção “Seja A Nossa Convidada” cantada pelos objetos mágicos, cujas cores, coreografia a ritmo da música e edição, foram o musical mais inspirador de toda a projeção. Pena que Watson não conseguiu a leveza necessária nas suas participações.
O grande problema desse novo “A Bela e A Fera” é a falta de tato da direção. Condon não dirigiu com amor esse filme – e isso era necessário, e tão pouco soube dar às cenas romantismo ou ternura e nem mesmo cuidado técnico como tivemos na animação, o que só desaponta mais. E aqui, as comparações são mais que aceitáveis, visto que um se baseou no outro. Por fim, parece que estamos diante páginas secas de um livro nesse novo longa. Muito bonito mas, com pouco sentimento. Não há nada verdadeiramente novo aqui, nenhum ponto de vista diferente como podemos encontrar na versão francesa do conto em 2014. O que, realmente, é lamentável, visto que o filme tinha tudo para, pelo menos, se igualar em termos magicais a sua obra base.
Nota: 6.5/ 10.0
Logan
4.3 2,6K Assista AgoraO melhor ficou para o final – Hugh Jackman se despede de Logan de maneira espetacular
O até então desconhecido australiano Hugh Jackman foi chamado às pressas para as gravações do primeiro X-Men. O ator que iria interpretar o mutante Wolverine havia sofrido um acidente nos sets de gravação de outra produção e não poderia mais participar da aventura mutante. Sem opção de tempo para esperar a sua recuperação, o pai dos mutantes nos cinemas, Bryan Singer, escalou Jackman para assumir a pele do vilão. E foi esse um dos maiores – se não o maior ao lado de Heath Ledger e seu Coringa, acerto de todos os filmes baseados em HQ nos cinemas.
Fora uma combinação estarrecedora entre personagem e ator de tal forma que é impossível imaginar outra pessoa encarnando Wolverine nas telonas. Do primeiro X-Men, lá em 2000, até aqui, foram dezessete encarnações como o selvagem mutante cujo apreço com o público foi tão grande que o fez resistir ao fiasco “X-Men Origens: Wolverine” de 2009. Como nada dura para sempre, Jackman anunciou alguns anos atrás que iria encarnar o personagem pela última vez. Agora, em cartaz no país desde a quinta-feira passada, o público irá conhecer não o Wolverine, mas a pessoa que se esconde por trás das poderosas garras de adamantium.
Finalmente vemos o efeito das garras de adamantium no corpo humano.
“Logan” (Idem, EUA, 2017) começa com clima de despedida. Quando o tema de abertura da Fox vibra pela sala de cinema um estranho sentimento já começa a rodear a sessão. Logo, esse clima é quebrado pela violência. Sim, o filme começa mostrando que seguirá uma trilha nua e crua e cabe ao espectador decidir se irá ficar para ver ou não. Encontramos Logan debilitado, amargurado, cambaleando, seu fator de cura já não é tão rápido e não possui mais o porte másculo que arrancava respeito e medo de seus adversários. Ele é um dos poucos mutantes que ainda restaram no mundo e seu trabalho como motorista de uma limusine é quase como uma fuga de todas as dores que ele sente. Assim como também é uma forma de ajudar seu companheiro Charles Xavier (Patrick Stewart) cuja doença degenerativa no cérebro deixa a mente mais perigosa do mundo em um estado preocupante. A aparente pacata vida de Logan muda quando uma garotinha misteriosa Laura Kinney (Dafne Keen) entra em sua vida. Depois de duas décadas sem nascer nenhum novo mutante, Kinney é a esperança que Xavier sentia que iria aparecer. Perseguida por uma empresa que fazia experimentos com crianças mutantes, Logan se vê obrigado a proteger a menina que acaba se mostrando extremamente parecida com o nosso Wolverine.
De longe, esse é o filme da franquia X-Men mais denso. Ele tem o clima psicológico com a mesma intensidade do ótimo “Dias de Um Futuro Esquecido”, no entanto, a forma como James Mangold coloca as cenas em tela, o deixa ainda mais pesado. Não há, aqui, qualquer truque para mascarar a violência, o feio e a degradação. Com uma fotografia seca, o filme desce goela a baixo com um profundo – e necessário, choque de realidade. Vemos, finalmente, o que as poderosas garras de Logan podem fazer no corpo humano e isso é mostrado com espetaculares coreografias de luta.
Ainda mais importante, o diretor James Mangold, que também escreveu o roteiro, colocou toda essa violência em seu filme de uma maneira orgânica. Não é uma violência gratuita, pelo contrário, ela faz total sentido em cada sequência e Mangold faz questão de mostrar isso de perto. Nada de closes abertos para distanciar o sangue do espectador. Não. O público é trazido para a selvageria daquele mundo cruel. E isso é es-pe-ta-cu-lar.
Não há dúvida que o sucesso do Wolverine em todos esses filmes se dá ao maravilhoso – e dedicado trabalho de Hugh Jackman. O astro jamais se deixou cair no piloto automático na pele do mutante. Mas sim, trazia a cada novo capítulo nuances nunca vistas de seu personagem e agora nesse “Logan” ele foi mais além do que qualquer um de nós poderia imaginar. Cada olhar cansado, um movimento feito com dor, tudo está cuidadosamente dosado pelo ator. Basta olharmos para ele e já sentimentos toda a sua carga dramática. Claro, isso também é mérito da equipe de maquiagem do filme que merece aplausos.
Por outro lado, Patrick Stewart nunca nos desaponta. O ator chegou a emagrecer muito para o seu papel nesse filme. Talvez essa seja também a última encarnação dele como o Professor X e, se for, será de maneira magistral. Para quem acompanhou os filmes no universo dos mutantes, ver Xavier em decadência é chocante. Trás algo, até então, nunca pensado nesse contexto: de como a velhice chega para todos, sejam humanos ou mutantes e, nesse último caso, de como ela pode ser ainda mais comovente. Apesar de seu estado frágil, Charles continua se mostrando centrado e cheio de esperança. Principalemente após esta assumir na forma de Laura.
E falando em Laura. O que é que foi essa menina em cena? Lembra que descrevi no início dessa crítica a imensidão que foi ver Jackman como Wolverine? Pois então, dezessete anos depois, vemos isso agora com a estupenda Dafne Keen. Sem experiência na tela grande, a atriz mirim mostrou que nasceu para ser a X-23. Ela conseguiu trazer toda a carga de dor e raiva necessária a sua personagem apenas com um olhar. Isso é extremamente difícil para um ator veterano, imaginemos ela. Isso só reforça a aptidão dela para o papel. Ela é quem, realmente, rouba a cena. Suas sequências de ação são um espetáculo à parte e compartilha com Jackman e Stewart em um jantar na casa de uma família, um dos melhores momentos de todo a cronologia dos mutantes nos cinemas.
Com tantos pontos positivos e acertos basicamente unânimes, “Logan” cansa um pouquinho quando se demora de mais em uma passagem na casa de uma família, mas nem de longe isso prejudica o gosto final desse longa espetacular. Aqui, finalmente, conhecemos o algoz por trás do Wolverine, conhecemos Logan em sua essência. Para isso, passamos por uma tarefa árdua de aturar o terrível “X-Men Origens: Wolverine” e o bonzinho “Wolverine Imortal”. Mas foi melhor assim. Melhor termos essa escala evolutiva terminando em uma despedida digna do amor que Jackman entregou a seu personagem e nós a ele. E no final, saímos chocados, com os olhos molhados e estarrecidos não apenas pelo maravilhoso filme, mas por nos despedirmos de um personagem que acompanhamos por tantos anos.
Nota: 9.0/10.0
Como Treinar o seu Dragão
4.2 2,4K Assista Agora3D maravilhoso! Filme maravilhoso,nunca canso de assistir!
Passageiros
3.3 1,5K Assista AgoraBem, gostei! Pensei que não iria, mas curti. Creio que tenha sido, principalmente, porque já sabia que o longa se tratava de um romance. Podia ser melhor? Sim! Mas, foi um ótimo entretenimento e o 3D não está ruim.
A Bruxa
3.6 3,4K Assista AgoraDecepcionante... o filme é tão lento e com poucos momentos realmente tensos que arranca muitos bocejos. Previsível. o que há de melhor da fita são seus atores e personagens.
Ouija: O Jogo dos Espíritos
2.0 983 Assista AgoraNossa por que detonaram tanto esse filme? Surpreendei-me. Bem fotografado, trilha sonora boa e a trama se mostra bem interessante até o inicio do último ato.
Cinquenta Tons de Preto
1.6 394O cúmulo do ridículo.
Animais Fantásticos e Onde Habitam
4.0 2,2K Assista AgoraEm busca do fantástico – Derivado de Harry Potter peca em não construir encanto
O tempo passa rápido. Já faz cinco anos que “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2” estreou nos cinemas com o clima de despedida daquele universo mágico criado pela britânica J.K. Rowling que encantou gerações por dez anos. Não demorou tanto tempo assim e foram anunciados mais cinco filmes que se passarão no mesmo universo encantado. Assim, “Animais Fantásticos e Onde Habitam” (Fantastic Beasts and Where to Find Them, EUA/Reino Unido, 2016) chegou aos cinemas nessa última quinta-feira.
No longa, acompanhamos a chegada do magizoologista Newt Scamander (Eddie Redmayne) em uma Nova York na década de vinte. Carregando uma mala cheia de criaturas mágicas, tudo vira uma confusão quando esbarra com o trouxa Jacob Kowalski (Dan Fogler) e logo todos esses animais do mundo bruxo saem da mala causando confusão pela cidade. Estrangeiro, Newt se vê perseguido pelo governo mágico estadunidense que receia a exposição de seu mundo.
Depois de uma década se deliciando com os filmes de Potter, tinha muito receio para esse retorno ao mundo mágico. E o receio se mostrou correto em grande parte. Tendo Eddie Redmayne como protagonista, o longa não consegue garantir um encanto essencial que esse tipo de filme deveria ter. Com uma fotografia demasiadamente – e desnecessariamente escura, o filme surge sem nenhum encanto. As criaturas não são tão fantásticas assim e tão pouco o elenco.
Eddie Redmayne, que quase sempre faz ótimos trabalhos, aqui surge com uma interpretação extremamente forçada. Fazendo de seu Newt um personagem tímido, que raramente encara alguém no rosto, e se transforma, em tela, em atitudes extremamente artificiais. O mesmo problema se encontra com o Ezra Miller, cujas atitudes soam bem genéricas. Realmente, no elenco ninguém se destaca, com exceção de Dan Fogler que, ao dar pele a um não bruxo, consegue transmitir levemente o sentimento de encantamento pela magia que é necessário no filme. Ainda carregando o papel de alívio cômico, Fogler o faz sem parecer forçado.
O responsável por essas interpretações forçadas é ninguém menos que o diretor David Yates que havia feito um excelente trabalho nos quatro últimos exemplares da franquia Harry Potter. Iniciando uma nova jornada cinematográfica, Yates não teve sensibilidade de trazer os elementos essenciais para se adentrar naquele ‘novo’ mundo com os novos personagens, mostrando ter muito mais habilidade em lhe dar com as sequências de ação. Muita coisa parece ter sido deixado de lado para explorar nos demais filmes.
O roteiro, escrito pela própria J.K. Rowling é simples e muitas vezes infantil, mas muito bem amarrado, fechando bem os três arcos que ele desenvolve durante a projeção. Muito interessante notar de como a autora se utilizou de elementos relacionados ao mundo bruxo para construir uma crítica social ao nosso mundo real.
Trata-se de um filme longo. Com mais de duas horas de duração, tem um momento que o longa se arrasta, fica chato, visualmente a falta de cor cansa e parece que o filme nunca vai terminar.
Tecnicamente, “Animais Fantásticos e Onde Habitam” é incrível. Direção de arte espetacular, desde a ambientação de Nova York na década de 1920, desde a criação do mundo bruxo naquele contexto. Assim como também os efeitos visuais – esses sim, fantásticos, que aparecem em tela de maneira a fazer parte daquele universo e não de sobressair sobre ele. A trilha sonora de James Newton Howard, experiente em filmes de ação, é tão apática quanto o elenco. Intercalando trechos clássicos da trilha de Potter, as músicas não empolgam. Outro compositor teria sido uma melhor opção.
Podemos sentir um clima mais empolgante dentro da mala de Newt, não apenas por causa das criaturas que estão presentes ali. Mas, porque a interação entre Eddie Redmayne e Dan Fogler ficou ótima, sem o primeiro está tão artificial em sua atuação, evidentemente, mostrando como o seu personagem gosta de estar com aquelas criaturas, se viu livre da necessidade de se mostrar tímido o tempo todo.
Ao término da sessão, “Animais Fantásticos e Onde Habitam” termina sem mostrar o que se espera pelo título: um universo fantástico. Trazendo uma paleta de cor morta, o longa passa longe de trazer um clima mágico. Tem-se que tirar essa mentalidade que filme escuro é filme mais adulto. Comparando ao primeiro Harry Potter percebemos como aquele filme lá em 2001 de Chris Columbus é muito mais fantasioso. Esse derivado errou justamente aí, em não trazer esse clima de encantamento mágico, talvez essa seja a razão das crianças de agora, segundo pesquisa do Box Office, não estarem buscando esse filme nos cinemas e, mas sim, os adultos que acompanharam a jornada de Potter.
P.S. Para quem gosta de 3D, a tecnologia escurece mais o filme, porém, temos alguns momentos interessantes.
Nota: 6.5/10.0
Animais Fantásticos e Onde Habitam
4.0 2,2K Assista AgoraFilme com paleta muito fria, tanto na direção de arte quanto na fotografia! Desnecessariamente muito escuro! A Warner tem que parar com essa mania de filme assim.
Um Gato de Rua Chamado Bob
4.1 130 Assista AgoraSério, o Filmow devia bloquear avaliar filmes e séries sem que estas sejam lançadas, porque sinceramente....
Águas Rasas
3.4 1,3K Assista AgoraO Pouco que é Mais – Filme surpreende pela condução técnica e narrativa
Nancy (Blake Lively) ainda está muito abalada pela perda da mãe e decide conhecer uma praia onde esta última sempre falara. Chegando finalmente no paradisíaco mar, a garota percebe que todos escondem dos turistas o nome da praia, evidentemente, para manter o local livre das mira do turismo. Aventureira e surfista, o local acaba se mostrando perfeito para que Nancy possa fazer o que tanto ama e sentir um pouco mais a proximidade com sua mãe. O ambiente é maravilhoso, o sol está forte, a água é limpa e cristalina e as ondas as melhores que Nancy poderia desejar. No entanto, quando ela decide ficar na água sozinha mesmo quando a noite já está chegando, todo o mundo outrora maravilhoso se transforma em um pesadelo sem igual. Um tubarão surge e morde uma das coxas da garota que, sem ter como ir à areia devida a grande distância na qual se encontra, busca abrigo em cima de um rochedo no meio da água. Ferida, seu sangue se transforma no verdadeiro radar para a criatura maligna que a rodeia e aguarda o momento certo de atacar. Não há como fugir a não ser a nado, não aparece ninguém para se pedir ajuda e a maré está prestes a encher e, quando isso acontecer, o rochedo no qual Nancy se mantém será submergido.
É só falar de um filme com tubarão que automaticamente já nos lembramos do clássico de 1975 do grande Steven Spielberg. Porém, o caminho que “Águas Rasas” (The Shallows, EUA, 2016) segue é diferente, embora cause a mesma tensão. Depois de tantos filmes desprezíveis trazendo como protagonista essa temível criatura marinha, o diretor espanhol Jaume Collet-Serra nos entrega uma grande surpresa. Collet-Serra tem grande experiência em dirigir filmes de ação como “Sem Escalas” com Liam Neeson – que, aliás, achei ótimo; mas aqui, ele foi muito além do que já fizera até então.
Tudo no filme é resumido. Basicamente, só temos uma personagem, o mar, o tubarão (que o diretor revelou ser uma fêmea) e uma ave. Apenas com esses quatro elementos, Jaume Collet-Serra nos entrega um longa de uma hora e vinte minutos onde passamos a maior parte da projeção com as mãos fincadas na cadeira, tamanho o suspense. Para tal, Collet-Serra usa inteligentemente uma trilha sonora medida minuciosamente, cortes rápidos, planos abertos para dar ênfase à solidão de Nancy perante a sua situação, closes na hora certa e planos detalhes que fazem toda a diferença na película. Outro ponto interessante é o fato do tubarão aparecer pouco. Sabemos que ele está, todavia, não exatamente onde está, então, qualquer ação tomada pela protagonista causa à plateia uma reação de medo imediata.
Com um predador tão feroz em tela, precisava-se uma protagonista à altura e Blake Lively surpreendeu. No início o clima do filme é de descontração, acompanhado por tomadas sensuais de Lively se preparando para entrar no mar, surfistas pegando onda ao som de uma trilha elétrica e uma fotografia digna de um cartão-postal. Mas quando o tubarão aparece, acaba com todo esse clima alegre. A cor do filme ganha uma paleta delicadamente mais obscura e Blake Lively mostra sua capacidade de demostrar dor, medo e determinação. Um grande trunfo do roteiro escrito por Anthony Jaswinski é dar uma profundidade necessária a sua protagonista e fazer com que o público se importe com ela consequentemente. Interessante também é a inserção de uma ave para interagir com Nancy. Com uma das asas feridas, o pássaro também se encontra na mesma situação da humana e compartilha o rochedo com ela. Tentar levar a presença da ave para o simbolismo é uma deliciosa tarefa pós-sessão.
Trazendo poucos elementos em tela, trilha sonora contida e na medida certa, “Águas Rasas” mostra que com criatividade (a forma como foram inseridos os diálogos via smartphone no filme, foi sensacional!) se pode fazer um grande filme e Jaume Collet-Serra chegou a um nível mais alto em sua carreira cinematográfica. Pena o longa ter errado justamente na sua conclusão e deixar uma ligeira sensação de “what?”. Mesmo assim, o saldo positivo prevalece, prepare-se para se surpreender, prender a respiração e presenciar um grande duelo cheio de suspense e desespero.
Nota: 8.5\ 10.0
Quando as Luzes se Apagam
3.1 1,1K Assista AgoraO medo do escuro – Usando medo primitivo do homem, longa consegue arrancar sustos, mas não passa disso
Dirigido por David F. Sandberg, um curta em 2013 chamou muita atenção do público e da crítica. Lights Out não demorou a se tornar um sucesso na internet e chamou a atenção de ninguém menos que James Wan, diretor que ficou renomado apôs os excelentes “Invocação do Mal” e “Invocação do Mal 2”. Wan chamou Sandberg para a New Line e transformaram o seu curta em longa-metragem. O resultado já pode ser conferido nos cinemas em “Quando As Luzes Se Apagam” (Lights Out, Reino Unido, 2016) que trás o nome de Wan como um dos produtores.
Rebecca (Teresa Palmer) é uma jovem que abandonou a família cedo para viver sozinha. Porém, pouco tempo apôs a morte de seu padrasto é chamada para a escola onde seu irmão mais novo estuda. Isso porque o jovem Martin (Gabriel Bateman) não conseguira dormir por causa de problemas em casa. Residindo apenas com a mãe, o garoto relata que há uma estranha criatura que se esconde no escuro de sua casa, mas desaparece na luz. Aterrorizada, Rebecca sabe que Martin está falando a verdade e tentará salvar o seu irmão e a sua própria mãe de uma criatura chamada de Diana (Alicia Vela-Bailey) cuja mãe tem uma relação de amizade para com a mesma.
O filme tem início já com uma morte para mostrar que ali nada será de brincadeira. Porém, essa rapidez em lhe dar com os fatos é um grande problema na projeção. Vindo dos curtas-metragens, David F. Sandberg parece não entender que para longa-metragem tem que se trabalhar melhor os seus personagens e ainda o contexto no qual eles estão inseridos, usando-o de forma a favorecer a narrativa e consequentemente o roteiro. Prova disso é a pouca duração do filme de uma hora e vinte minutos. James Wan entendeu isso muitíssimo bem como demostrou nos dois exemplares de “Invocação do Mal” e parece ter esquecido de passar esse ensinamento a Sandberg. Notadamente, Wan teve muita influência nesse longa embora não tenha participado de sua roteirização. A começar pela trama central que se desenvolve em cima da relação familiar – como Wan fez nos dois exemplares de Invocação, o tom e a fotografia foram trabalhados de modo a enriquecer a trama. Porém, o que faltou muito no longa foi a criação de climas de tensão emocional. O diretor simplesmente esqueceu de criar situações e uma atmosfera que pudesse trazer ao espectador a sensação de perigo eminente, tendo apenas sustos pontuais aqui e ali no filme e logo depois caem no esquecimento.
Se por um lado Sandberg pecou feio por não criar climas essenciais de tensão, por outro, conseguiu construir personagens coesos. Começando pela Rebecca interpretada por Teresa Palmer, que é uma jovem com medo de confiar em alguém, atormentada quando criança por momentos sinistros, mas que está totalmente dedicada a não permitir que seu irmão mais novo passe pela mesma coisa. Palmer se entrega a sua personagem de uma maneira à cima da média nos longas do gênero. Outro destaque na trama vai para Maria Bello que dá vida a mãe viúva envolvida pela amizade sobrenatural com Daiana. Apesar de não ter o tempo em tela que merecia, Bello consegue roubar a atenção para si todas as vezes que surge em tela. Ambas personagens são fortes e possuem extrema importância na trama, mas é uma pena o roteiro não ter trabalhado as relações entre elas mais à fundo, fazendo ao mesmo tempo, o espectador ficar inserido ainda mais na trama.
“Quando As Luzes Se Apagam” usa o escuro como pano de fundo para explorar uma criatura assustadora. Trata-se de uma forma de medo histórica do ser humano herdada desde a pré-história. E Sandberg foi extremamente cuidadoso na forma como trabalhou a antagonista. Sem nunca mostrar demais de Daiana, ele sempre consegue colocar ela no lugar e na hora certa, dando sustos contínuos na plateia e deixando-a atenta sempre que as luzes se apagam – embora essa atenção não esteja acompanhada do medo. O diretor ainda tentou inserir alguns momentos cômicos na trama o que não deu muito certo. O filme já é curto e com poucos momentos que realmente dão medo e quebrar o clima já falho de suspense não foi uma boa pedida.
Já tendo o filme como sucesso de bilheteria, tudo indique que David F. Sandberg será o pupilo de James Wan. Com todas as ferramentas em mãos, a New Line pretende construir um universo de terror com os filmes de “Invocação do Mal” e seus derivados e já incumbiu Sandberg para a direção de “Annabelle 2” e claro, “Quando As Luzes Se Apagam 2”, tudo, sob os olhos cuidadosos de James Wan. Levando que em consideração que David F. Sandberg está apenas começando a trilhar o seu caminho no cinema hollywoodiano e foi capaz de entregar um filme de suspense relativamente bom, podemos esperar muitas coisas dele! E Sandberg mostrou que tem capacidade isso!
Nota: 6.5/10.0
Batman vs Superman - A Origem da Justiça
3.4 5,0K Assista AgoraDepois do final do filme fica a indagação: por que não lançaram essa versão? Bem melhor!
Marguerite
3.7 68 Assista AgoraRuído bom de escutar – Longa francês pode ser um tormento para os ouvidos, mas é um remédio para a alma
Nesse ano, alguns cinemas do Brasil fizeram parte do Festival Varilux de Cinema Francês que trouxe vários títulos dos mais variados temas às telas tupiniquins. Um dos destaques do festival foi, sem nenhuma dúvida, “Marguerite” (Idem, França, República tcheca, Bélgica, 2015) um longa que consegue mexer profundamente com os sentimentos da plateia.
Quando as luzes do cinema se apagam somos transportados para os anos de 1920 exatamente em uma mansão onde está sendo realizado um evento de caridade e todos estão ansiosos para a apresentação musical da grandiosa Condessa Marguerite Dumont (Catherine Frot). Apôs uma espera cheia de expectativas – dos personagens do filme quanto do público que o assiste nos cinemas, Marguerite surge glamorosa e ao abrir a boca começa, sem nenhuma piedade, a massacrar todos os ouvidos alheios com uma performance impressionantemente horrível de A Rainha da Noite de Mozart. Porém, ao final da apresentação, todos a aplaudem e assim deixa viva nela a crença de que ela é uma cantora soprano sensacional. Essa ilusão, na verdade, já vem se mantendo há muito tempo, afinal, além de realizar muitos eventos beneficentes, Marguerite Dumont é casada com o Conde Georges Dumont (André Marcon) e a riqueza do casal já garante o prestígio necessário para a sociedade. Ao encararem, estupefatos, as destrezas vocais da Sra. Dumont, dois jornalistas, Kyril Von Priest (Aubert Fenoy) e Lucien Beaumont (Sylvain Dieuaide), pretendem alimentar ainda mais a fantasia de Marguerite a ponto de fazê-la ter o desejo de realizar um concerto solo em um grande teatro ao público.
Dirigido de maneira extremamente delicada pelo francês Xavier Giannoli, a película de uma maneira leve e firme, consegue gerar muitos sentimentos na plateia – e o que é mais chocante: sentimentos contrários. A comicidade e a tragédia andam lado a lado nas duas horas de projeção, exatamente como na icónica máscara que representa o teatro. Trata-se de uma narrativa complexa cuja delicadeza exige de seus integrantes grande destreza. E isso encontramos perfeitamente na película.
Catherine Frot está espetacular na pele de Marguerite. Facilmente, a atriz consegue convencer a plateia sobre a fantasia gerada em torno de sua personagem. Fantasia que pode ter sido criada por ela, mas que foi alimentada de maneira tão brusca durante o tempo pela sociedade, que passou a ser uma verdade absoluta a ela. Marguerite é, antes de tudo, uma mulher sonhadora, desprezada pelo marido e sendo motivo de risadas pelos os outros, porém, em vez de ser uma mulher triste, é muito feliz em seu mundo. Sua fantasia a se transformou em uma verdade suprema e tão poderosa que corre o risco de, quando se chocar a outra verdade, ser destrutiva.
Além da protagonista, temos outros personagens que também acabam se mostrando muito interessantes. A começar pelo jornalista e poeta fracassado Kyril Von Priest, vivido de forma intensa por Aubert Fenoy cujo romance com a cantora (de verdade) soprano Hazel (Christa Théret) é trabalhado de modo a desenvolver os próprios personagens. Destaque também para o ótimo Michel Fau que dá vida ao quase-fracassado Pezzini e que aceita, de forma inesperada, ser professor de canto de Marguerite. O ator consegue caminhar na linha tênue entre o drama e a comédia de maneira tão genial quanto o roteiro do filme.
E que roteiro! Lembrando brevemente o caso real de uma cantora chamada Florence – que inclusive ganhou filme com Meryl Streep esse ano, o texto do próprio Xavier Giannoli e de Marcia Romano, trata com muita delicadeza e maestria a trama, explorando a fundo os personagens os quais devem realmente fazê-lo. Às duas horas de projeção se passam rápidas e consegue fazer o público se manter firme na poltrona apesar dos berros estridentes de Marguerite.
Tecnicamente bem feito, não gostei muito da fotografia do longa. Como já disse, não no quesito técnico, mas no artístico. Giannoli optou por uma paleta de cores sóbrias e frias. Queria ver um pouco da Marguerite na paleta e sua felicidade estampada artisticamente dessa forma, todavia, a fotografia seguiu outro caminho que, no máximo, prejudicou minimamente a experiência com o filme.
Tocante e profundo, “Marguerite” é um filme sensacional que deve ser assistido por quaisquer pessoas que tenha interesse por artes – seja ela qual for. Pois, a combinação homogênea entre cômico e trágico traz reflexões para muitos dias – ou vida. Afinal o que é realidade e o que é fantasia? Será nossa realidade uma fantasia ou é fantasia dos outros? “Marguereti” não tem função de responder a esses questionamentos, mas de gerá-los.
Nota: 9.5/ 10.0
Independence Day: O Ressurgimento
2.7 868 Assista AgoraMais uma invasão
Vinte anos depois chega “Independence Day 2”
Nunca fui muito fã do primeiro “Independence Day”. Lançado em 1996, o filme foi um enorme sucesso de público arrecadando milhões e milhões de dólares. Foi o filme que fez, definitivamente, Will Smith atingir o estrelato. Nem gostei muito do filme e tão pouco de Smith nele. Vinte anos depois estreia “Independence Day: O Ressurgimento” (Independence Day: Resurgence, EUA, 2016). Daí façamos a pergunta: Era uma continuação necessária? Não.
Depois de quase destruída pela invasão alienígena, a humanidade evolui. Acabaram-se as guerras, a tecnologia trazida pelos et´s foi reaproveitada e a Terra parece extremamente segura. No entanto, bastou apenas uma nave que estava abandonada na África ligar o alarme de socorro para que uma nova invasão aconteça e ainda mais devastadora.
Com exceção de Will Smith e poucos outros, todo o elenco original está de volta nessa continuação (ufa!). O agora ex-precidente dos EUA, Thomas J. Whitmore (Bill Pullman) e o cientista louco, que estava em coma, Brakish Okun (Brent Spiner) sentem com antecedência o novo ataque uma vez que eles estiveram contato mental com os aliens anteriormente. O primeiro consegue virar herói mais uma vez e o segundo traz uma das coisas mais interessantes do filme, sendo seu personagem muito engraçado em meio a tanta tentativa séria de dizer que o filme é sério.
Roland Emmerich, responsável pelo primeiro filme, dirige essa continuação. Claro. Jamais ele deixaria a oportunidade de destruir o mundo outra vez. Gostei de seu trabalho em “2012”. Porém, aqui, ele parece ter se apegado somente a trazer momentos de nostalgia aos espectadores do que, realmente, trazer algo novo. O grande problema do filme é que temos muitos personagens nos quais dar atenção e no fim ninguém se destaca, diferentemente de “2012” em que o foco principal era uma família. Pelo menos temos personagens que ainda conseguem ter algum carisma como Jeff Goldblum (o David Levinson do longa original), Liam Hemsworth e Maika Monroe, embora essa última poderia ter sido retirada da trama que nem iria fazer falta. O roteiro ainda se desdobrar para mostrar quatro irmãos perdidos em busca de ajuda. Uma trama paralela que não convence ninguém.
Do elenco, quero destacar o jovem Travis Tope que dar vida a Charlie. O ator consegue ser engraçado de maneira bastante original. Medroso e fiel, Travis acaba entregando a melhor surpresa do filme, sendo o único personagem verídico da película.
Personagens existentes do longa original e tinham certa importância sequer são mencionados aqui, não dando nenhuma explicação a plateia da ausência deles. O único que foi explicado fora a do Will Smith, cujo personagem morreu em um acidente.
O que vale razoavelmente a pena no longa é ver a nova invasão. Também gosto de ver toda aquela destruição e os aliens colocando o terror. Porém, jamais o filme consegue passar algum clima de perigo. Até mesmo quando a Alien Rainha surge em tela a gente sabe que tudo vai acabar bem.
Sendo uma continuação desnecessária e tendo um 3D inútil, “Independence Day: O Ressurgimento” é aquele tipo de filme que assistimos quando não se tem nada para fazer. Ainda mais, ficou claro que Emmerich agora quer transformar a franquia em um novo Star Trek/ Wars. Se estou empolgado com isso? Nem um pouco.
Nota: 4.0.
Quem quiser ver mais resenhas só entrar no meu perfil! ;)
Truque de Mestre: O 2º Ato
3.5 941 Assista AgoraO Pecado do Segundo Filme
Continuação de “Truque de Mestre” falha por querer ser mais grandioso que antecessor
Sempre digo que uma de minhas maiores satisfações é assistir um filme o qual não espero muito. Muitas vezes é um longa que fez um sucesso mediano de público, que chegou e saiu sem muito alarde e, aparentemente, sempre tem um filme mais interessante e famoso disputando espaço o que me faz conferir primeiro este exemplar. Isso aconteceu com o ótimo “Truque de Mestre” que me pegou de tal jeito que assisti ao filme duas vezes ao longo de dois dias. Para mim, tratava-se daquele tipo de filme que não precisava de continuação. Dessa forma, quando foi anunciado “Truque de Mestre: O Segundo Ato” (Now You See Me 2, EUA, 2016), fiquei extremamente receoso com a qualidade que a película viria a ter. Conferido o filme finalmente, eis que ele consegue se manter em um nível interessante.
Apôs os eventos impressionantes do primeiro filme, o grupo de mágicos liderados por agente Dylan Rhodes (Mark Ruffalo) está a mais de um ano escondido, esperando pela ordem do misterioso O Olho para agir. Quando, enfim, a ordem chega, os mágicos são surpreendidos por um jovem – e psicopata, empresário chamado Walter Mabry (Daniel Radcliffe) que apôs sequestrá-los, obriga-os a roubarem um chip poderoso capaz de se infiltrar em qualquer computador.
Temos de volta basicamente todo o elenco original – isso é muito bom! Com exceção de Isla Fisher que foi afastada devido a uma gravidez. No lugar dela, na pele de outra personagem, entrou a ótima Lizzy Caplan. Foi uma escolha muito sábia inserir uma personagem diferente ao da Fisher, apagando a impressão de “tapa buraco”. Caplan coloca em sua mágica Lula muita originalidade e diversão, fazendo dela um dos melhores resultados da projeção. Jesse Eisenberg e Dave Franco repetem bem os seus trabalhos. Woody Harrelson surpreendeu ao interpretar dois personagens de forma bem distinta. Outra inserção ao elenco foi Daniel Radcliffe que, mais uma vez mostra um bom trabalho, dessa vez, na pele do vilão. Os destaques, porém, vão para Mark Ruffalo e Morgan Freeman. Embora o roteiro não se apegue a desenvolver muito os personagens, foram esses dois que tiveram os maiores e interessantes desenvolvimentos na trama. A experiência de ambos também ajudou muito para trazer uma carga dramática complementar ao roteiro e aos seus personagens.
Dessa vez, nas mãos de Jon M. Chu substituindo Louis Leterrier, o longa peca exatamente no calo da maioria das continuações: ser maior que o primeiro filme. Para isso, o diretor se utiliza de muitos exageros. Desde a um roteiro confuso, cheio de reviravoltas até aos truques mágicos ainda mais mentirosos que no longa anterior. Isso é ruim porque além de deixar a trama muito difícil de acompanhar uma vez que tudo acontece muito rápido em seu clímax, o espectador pode desistir de tentar entendê-lo. Também, o que eu achava interessante no primeiro filme é que a maioria das mágicas realmente poderia ter ser feitas na realidade, nesse segundo filme, bem... é bem mais magia mesmo. Será que realmente ela existe? Bem, o longa não se interessa em responder.
Outro ponto que achei interessante na película foi o dos efeitos especiais. Gosto muito quando essa técnica é usada de forma que fique despercebida. Ou seja, usada apenas como um algo narrativo, sem exageros, algo que não ocorre na maioria dos longas.
Trazendo os elementos que deram certo no primeiro filme e atenuando em demasia outros, “Truque de Mestre: O Segundo Ato” ainda consegue se manter em um nível elevado, embora à baixo do original. As mágicas são excitantes, o elenco muito bom e, acima de tudo, o longa consegue prender a atenção da plateia do início ao fim da projeção. Trata-se de um divertimento de qualidade que merece ser conferido.
Nota: 7.0
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