Já havia 'jurado' não escrever nada sobre esse filme, mas como tive que reeditá-lo em meu blog e, de gaiato otário, terminei assistindo novamente não posso cumprir meu juramento. Na realidade nem será bem sobre o filme que, diga-se e afirme-se, é um besteirol deslambido que somente cabe nas sessões da tarde nesses canais abertos que teimam em reprisá-lo infindas vezes. Sei que a atriz objeto desse filme jamais lerá o que escrevo e se, por azar seu, um dia ler na certa não há de ficar muito satisfeita com minhas impressões sobre essa menina (hoje com 28 anos) que tinha seu próprio show de variedades aos 13 anos exibido na Nickelodeon entre o fim dos anos 90 e início de 2000, o The Amanda Show e, talvez por e somente isso, achou-se atriz. Com certeza você deva estar estranhando, afinal já tem nas costas mais de trinta filmes e nenhum que um dia venha se tornar um clássico, salvo 'Robôs' onde emprestou a voz a 'Pipe' quando, para nosso deleite e desafogo, não houve como mostrar-se de corpo presente. Embalada pela falta de gosto americano consegue lotar ginásios de escolas encantando uma garotada que sonha com suas pernas grossas e roliças em sua carreira de cantora quase sempre ao som de paly backs com voz sempre. O certo, caro leitor, é que esse S.O.S. do amor - mais uma tradução besta de nossos distribuidores - bem pode servir para acalantar o sono do domingo a tarde!
Bem poderia ser melhor, enredo há só que pouco explorado sem que, mesmo assim, tenha se tornado um filme ruim. É sabido da lentidão exasperante como se algum algo houvesse a vir sem que venha de fato e, convenhamos, Juno Temple bem poderia ser mais explorada pela direção e não somente tê-la rosto bonito vivendo as desavenças um tanto inverossímeis das auguras desse país encoberto por satânicas praticas. De Michael Cera não há o que esperar além do que é: um ator mediano bem melhor visualizado em filminhos bestas das ensossas seções da tarde que de lá pouco amadureceu. O restante da trupe deixou seu recado sempre nivelado à ruim direção do chileno Sebastián que, diga-se e registre-se, já fez coisa melhor (Gatos Velhor, A criada e no ótimo 31 minutos). Mas vale assistir!
Nada se compara com o acaso e em "Amargo Pesadelo" aconteceu um momento de verdadeira magia quando, no interior dos Estados Unidos, onde haveria a locação de um posto de gasolina nos confins do mundo, com uma cena entre vários atores que contracenariam com o proprietário do posto onde ele também morava com sua mulher e filho. Este último autista e nunca saía do terreno da casa. A equipe parou no posto de gasolina para abastecer e aconteceu a cena mais marcante que o diretor teve a felicidade de encaixar no filme: Num dos cortes para refazer a cena do abastecimento, um dos atores que sendo músico sempre andava acompanhado do violão aproveitando o intervalo da gravação e já tendo percebido a presença de um garoto que dedilhava um banjo na varanda da casa aproximou-se e começou a repetir a sequência musical do garoto. Como houve uma 'resposta musical" por parte do garoto, o diretor captou a importância da cena e mandou filmar. Atentem para alguns detalhes: - O garoto é verdadeiramente um autista; - ele não estava nos planos do filme; - A alegria do pai curtindo o duelo dos banjos... dançando; - A felicidade da mãe captada numa janela da casa; - A reação autêntica de um autista quando o ator músico quer cumprimentá-lo. Vale a pena o duelo, a beleza do momento e, mais que tudo, a alegria do garoto. A sua expressão. No início está distante, mas, à medida que toca o seu banjo, ele cresce com a música e vai se deixando levar por ela, até transformar a sua expressão num sorriso contagiante, transmitindo a todos a sua alegria. A alegria de um autista, que é resgatada por alguns momentos, graças a um violão forasteiro. O garoto brilha, cresce e exibe o sorriso preso nas dobras da sua deficiência, que a magia da música traz à superfície. Depois, ele volta para dentro de si, deixando a sua parcela de beleza eternizada "por acaso" no filme "Amargo Pesadelo" e, vale ressaltar, nenhum dos três (Filho, Pai e Mãe) nunca haviam sequer assistido um filme em suas vidas. Há mais o que comentar?
Quarto filme da série Exterminador do Futuro, iniciada em 1984, O Exterminador do Futuro: A Salvação dá um viés totalmente diferente à franquia, sem deixar de explorar os mesmos elementos que fizeram a fama da série protagonizada por Arnold Schwarzenegger. Aliás, a ausência do entãor governador do Estado da Califórnia neste quarto filme é o mote que o torna diferente dos filmes anteriores. Nesta aventura, ambientada em 2018, o líder da resistência John Connor (Christian Bale) tem a missão de defender o jovem Kyle Reese (Anton Yelchin, o tripulante russo de Star Trek, ganhando bom destaque no elenco), evitando sua morte pelas mãos das máquinas da Skynet, empresa que está sempre empenhada em dominar o planeta por meio de seus violentos e cada vez melhor desenvolvidos robôs. Nessa missão, Marcus Wright (o pouco conhecido e competente Sam Worthington) aparece como um possível aliado. Claro que nesta trama há muitas voltas e entremeios que cabe ao espectador descobrir. O que é possível dizer sobre este filme da série é que ele investe pesado nas cenas de ação, dirigidas de forma competente por McG (As Panteras: Detonando). Se a ideia é renovar, alguns elementos, espécies de piadas internas para os fãs da franquia, foram preservadas em O Exterminador do Futuro: A Salvação. Um deles é a música You Could Be Mine, dos Guns’n Roses, que esteve na trilha de O Exterminador do Futuro 2, e a emblemática frase I’ll be back (“eu voltarei”). Schwarzenegger, no entanto, recusou atuar no filme, mas McG não deixou barato e colocou digitalmente na Skynet um ciborgue com a aparência do ator no primeiro filme da série. Além disso, Linda Hamilton – que interpreta a mãe de Connor – também aparece neste novo filme, mas somente em voz. O Exterminador do Futuro: A Salvação mantém os elementos narrativos que construíram as tramas anteriores, embora tenha a intenção clara de renovar a franquia depois do não muito bem-sucedido O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas - com orçamento de US$ 200 milhões, rendeu US$ 150 nas bilheterias dos EUA. Tática que não deu muito certo em resposta nas bilheterias, já que, com o mesmo orçamento do filme anterior, estreou nos EUA faturando somente R$ 52 milhões no primeiro fim de semana. Mesmo assim, o próximo filme da franquia está a caminho, sendo previsto para estrear em 2011, ainda sob a direção de McG. De fato, O Exterminador do Futuro: A Salvação tem excelentes cenas de ação, que prendem a atenção do espectador de forma bem-sucedida. O roteiro mostra algumas soluções criativas para a complicada trama que envolve um futuro apocalíptico e um herói que, como sempre, tem o objetivo de salvar a humanidade (e Christian Bale se sai bem na função de incorporar esse tipo de personagem). No entanto, quando o longa realmente abraça essa mensagem mais virtuosa, digamos, escorrega. Na conclusão, despenca e acaba deixando o espectador com sabor de decepção por conta do final mal resolvido. Vale ressaltar que no Brasil arrebanhou 1.316.034 ávidos pagantes de ingressos.
Violento, bombástico, arrebatador, sonoro, dançante e assustador. O alucinado Alex (Malcolm McDowell) tem sua própria forma de se divertir. Sempre às custas da tragédia dos outros. A transformação de Alex de um punk sem moral até um cidadão exemplar doutrinado e sua volta ao estado rebelde, compõe a chocante visão do futuro que Stanley Kubrick elaborou a partir do livro de Anthony Burgess. As imagens inesquecíveis, a música arrebatadora, e a linguagem fascinante utilizada por alex e sua gangue, foram moldadas por Kubrick neste conto sobre os caminhos da moralidade. Extremamente controvertido na época de seu lançamento, Laranja Mecânica ganhou os prêmios de Melhor Filme e Melhor Direção da Associação dos Críticos de Cinema de Nova York, e recebeu quatro indicações ao Oscar®, incluindo Melhor Filme (1971). O poder de sua arte é tamanha que ainda nos atrai, choca e nos mantém preso dem seu domínio.
“... pode-se escolher a vida – e desvalorizar seu aniquilamento – ou pode-se escolher a valorização do sistema (com o conseqüente negativismo ou indiferença pelo aniquilamento da vida humana e não humana), mas também pode-se escolher não pensar e, em semelhante alienação covarde, cair no desprezível otimismo irresponsável. Para nós, a decisão eticamente correta escolhe a valorização da vida, apesar da coragem de pensar.” (Eugenio Raúl Zaffaroni, Em busca das penas perdidas, p. 157)
O filme advém do romance A Clockwork Orange publicado por Anthony Burgess em 1962. Burgess expõe o mundo dos “droogs”, gíria em russo, que nos remonta à um grupo de jovens delinqüentes. O trabalho cinematográfico possui um clima amedrontado e atormentado que nos leva a muitas perguntas temáticas na moderna Criminologia: Se possível, como a violência poderá ser erradicada da nossa sociedade moderna? Por que gangues se formam e têm comportamentos extremamente violentos? Poderá, o Estado, privar um indivíduo da sua livre vontade, transformando-o em um robô (ou um animal) que admite programação (ou adestramento) mental? O que isso significa ao analisarmos as tecnologias de modificação de comportamento de castigo contra o crime? Essas são apenas algumas das indagações que me inquieta no mundo que vivemos hoje. A questão da violência naturalizada no filme é interpretada tanto de forma social quanto psicológica. Adentra-se na mente do sujeito sociopata, irado com tudo e cínico com as razões que o levam a espancar, estuprar e colidir com as regras sociais. O Alex de Malcolm McDowell é um ser amoral, que não respeita e desconhece as mínimas e convenientes regras da sociedade. Seu personagem é uma disposição para o que seria hoje o tema de intensas e calorosas discussões sobre juventude, violência e quebra de regras morais, sociais e individuais. Por isso o filme é tão utilizado quando o assunto é violência, aprofundando ainda mais a esfera de sua filosofia, o indivíduo criado pelo âmbito influenciável. Claro, tudo torna-se mais interessante vendo essas sequências acima minimamente relatadas. Os diálogos construídos, a destreza dos ângulos (belamente fotografados), os cortes, a trilha e a magnífica interpretação de McDowell são primordiais para sustentar a proposta do filme. Laranja Mecânica como nenhum outro filme, até então deleta a contribuição do homem como o simples e corrigível culpado de seus atos. Declarar a cura desses indivíduos por um tratamento dão doloroso (lembra do Cura gay de um certo idiota eleito deputado federal?) quanto, é bem amargurante do que aceitar as disposições que assolam a sociedade de crime e porventura o castigo de suas colaborações em dignificar essas relações de culpabilidade. Muitos outros filmes tentam compreender, como este aqui, essas relações entre crime, culpa e cura (A Outra História Americana (1998), Violência Gratuita (1997), Drive (2011), Clube da Luta (1999)), mas nenhum outro é tão poderoso na forma e na classe de refletir o que a sociedade se tornara diante dos olhos dos próprios espectadores (o Outro). Um filme que faz um belo tratamento das falidas instituições da família, da política, da ciência, da religião e do próprio homem corroborado pelos sentimentos e prazeres passageiros. O mesmo prazer que leva à desconstrução de seu próprio Eu.
Nem vou tentar comentar e muito menos analisar esse fenômeno. Deixo para que estuda o comportamento humano: "Para muitas pessoas, é praticamente inimaginável a ideia de conviver em uma sociedade distinta, com costumes quase que antagônicos ao que ela adquiriu em sua vida. Viver em sociedade é, antes de tudo, partilhar costumes e crenças, além de preservar características históricas de seu povo e região. Em maior abrangência e discordância, o mundo ocidental e oriental preservam entre si as discrepâncias de duas características divergentes, mas que nem por isso deixam de funcionar ou, ainda, tornam-se superiores ou inferiores uma a outra. Essa aversão ao diferente, quando ocorrida, transpõe um medo do desconhecido, aquilo que caracteriza-se escuro, duvidoso. Essa análise parcial, ao qual um povo emite sobre outro, propõe uma observância que perdura por toda a história do homem (...)." (Ler a crítica analítica completa: http://cinemarcocriticas.blogspot.com.br/2011/08/o-enigma...)
Não há como não ficar pregado à poltrona desde a sequência de abertura de "Los Angeles – Cidade Proibida": a voz clássica de vendedores de imóveis tentando nos vender a perfeição que é a cidade de Los Angeles, suas oportunidades, o alcance dos sonhos, uma das melhores seguranças do mundo e tudo o que cerca este glamoroso local. É uma questão de minutos para este mesmo narrador contornar toda esta situação e começar a mostrar a podridão que corrompe com muita hipocrisia a cidade. Fica claro ao telespectador que o longa de Curtis Hanson faz, ao seu modo (sem utilizar o preto e branco de fato), uma belíssima reconstrução do cinema noir. O roteiro é extremamente bem desenvolvido e consegue se distanciar das facilidades empregues no gênero e colocar o telespectador para pensar e analisar todas as situações pelos quais os personagens passam. Ao invés apelar para típicas sacadas como dar falsas pistas e fazer com que o filme pareça ser mais inteligente do que realmente é e causar uma reviravolta onde, geralmente mal feita e cheia de furos, falha. Aqui, o esperto texto carrega de instigar o público com todo o tipo de situação, introduzindo e aproveitando diversos personagens das quais parece passam sem qualquer importância a princípio, mostrando a força e a preparado de uma história precisamente bem construída. O núcleo narrativo se desenvolve a partir dos personagens vívidos por Crowe e Pearce. Ambos se mostram com personalidades bem distintas: Bud é encarado como a força física, a coragem de se impor em situações de perigo e que exija trabalho em campo, já Exley é o típico sargento que vive atrás de pilhas de papeis e burocracias do departamento, o cérebro da operação. Hanson trabalha o conceito “tira bom e tira mal” dentro da história com muita complexidade e não apela para uma superficialidade banal e nos vemos levado pelo amplo desenvolvimento de seus personagens, conseguindo criar uma ótima análise de ambos e ter duas perspectivas diferentes da história do qual Los Angeles – Cidade Proibida gira em torno. Composto de excelentes personagens, o filme de Curtis Hanson abusa positivamente de um ótimo elenco. Os já mencionados Russel Crowe e Guy Pearce desenvolve seus personagens com uma incomum força dentro do gênero, fazendo com que o público se importe de verdade eles. Vencedor de melhor atriz coadjuvante, Kim Basinger vive com muito vigor e disposição a prostituta Lynn, esbanjando sensualidade e carisma no papel, o que é uma rara neste tipo de personagem. James Cromwell, Danny DeVito, Kevin Spacey constroem o talentoso elenco secundário. Sem de fato ser inovador e revolucionário, Los Angeles – Cidade Proibida ganha o espectador por suas inúmeras excelências, venham elas da primorosa técnica de Hanson, do excelente roteiro ou do admirável elenco que contribui para uma excepcional construção de thriller poucas vezes vista com tamanha precisão e força nas últimas décadas. Mas do que para os amantes do gênero, o filme é obrigatório para qualquer amante da sétima arte.
Filme do cultuado diretor francês François Truffaut. O longa, de 1975, narra a vida da filha de um dos escritores mais célebres de toda a França: Victor Hugo. Para quem não sabe, é o autor responsável por obras do cunho de Os Miseráveis e, além de ser famoso pelos seus títulos, foi marcado por participar ativamente do mundo político francês do questionável século XIX. O roteiro da produção, co-escrito por Jean Gruault, foi feito com base nos diários verídicos da segunda filha do escritor, descobertos anos depois de seu falecimento, aos 85 anos de idade. A direção de François Truffaut é magnífica e trabalha com mínimos detalhes. Por mais que alguns possam considerar que o longa seja um pouco arrastado, considero o seu desenvolvimento muito importante e rico, pois demonstra o zelo que o diretor possuía com seus trabalhos. A fotografia é tão maravilhosa que temos, durante todo o tempo, a sensação de que estamos diante de um quadro em exposição no museu de Louvre. A direção de arte merece todo o destaque, pois a composição dos cenários e figurinos beiram a perfeição. A atriz Isabelle Adjani é outro ponto chave da produção. A jovem, que na época tinha apenas 19 anos, encantou a todos e tomou o filme para si. Seu trabalho é esplêndido, magnífico e sublime, merecendo a sua indicação ao Oscar, embora o prêmio naquele ano seria ganho por Louise Fletcher, de Um Estranho no Ninho. A grande verdade é que as indicações ao Prêmio César e a vitória do Prêmio David di Donatello devem-se muito ao desempenho da atriz. Um clássico, estimulando a conhecer um pouco mais a carreira de Truffaut e que merece ser assistido por todos os adoradores da sétima arte. Além de ser a oportunidade de conferir um trabalho excelente, poderão ver a fundo uma história verídica de uma mulher que literalmente enlouqueceu por conta de um grande amor. Talvez hoje esse seja um tema saturado, mas afirmo que jamais poderá ser esquecido.
Assim como fez em Minha Vida Sem Mim, a cineasta e roteirista espanhola Isabel Coixet emociona o espectador com uma sensibilidade única em A Vida Secreta das Palavras. Trabalhando novamente com Sarah Polley - protagonista do longa de 2003 -, Isabel constrói um belíssimo drama que gira em torno da solidão. A forma como o espectador é envolvido é sutil. No começo, não se sabe muito sobre a protagonista, mas, aos poucos, sua história é aberta ao público da mesma forma que ela mesma se envolve com os outros personagens. Quando a nuvem de mistérios em volta de Hannah é dissipada, revela-se uma pessoa traumatizada pelos horrores que passou no passado; quando se descobre o motivo de seu isolamento espontâneo, é difícil evitar as emoções. E esse é o grande mérito de Isabel Coixet nesta produção: envolvendo o espectador de forma delicada e sutil, ela constrói um drama verdadeiro, honesto, digno e completamente arrebatador. O que não seria possível sem a inesquecível atuação de Sarah Polley que, com seu olhar frio e distante, é capaz de construir a personagem de forma verdadeira, bem como mostrar a evolução de seus sentimentos ao longo da trama. Também merece destaque a belíssima trilha sonora de A Vida Secreta das Palavras, que funciona muito bem para envolver o espectador na solidão de seus personagens. Isolados do mundo - tanto geograficamente quanto nos sentimentos -, eles sofrem e buscam, cada um à sua maneira, encontrar uma saída, mesmo que momentânea.
Darín, o grande ator do cinema argentino de seu tempo, mais uma vez dá profundidade e humanidade a um personagem cheio de nuances e contradições. Confrontado pelo intelecto de seu aluno e ávido por descobrir a verdade, Roberto dá início a uma investigação paralela do crime que o mergulha num espiral perigosa na qual sua bem-sucedida carreira de professor se vê ameaçada aos poucos. O personagem não é tratado pelo bom roteiro como paladino da justiça, mas como homem comum, com dúvidas e ansiedades e que recorre a garrafas de uísque para afogar suas frustrações. A produção tem técnica impecável, boa fotografia com movimentos de câmera e montagem nem tanto assim, mas que evidenciam o clima de thriller policial, mantendo a expectativa e tensão da audiência em alta. A estética e o desenvolvimento da narrativa, em conjunto, mantêm um clima de dúvida constante para o espectador - ambiguidade imprescindível neste estilo de filme. Se há um desnível, este diz respeito a Alberto Amman, o jovem ator, que, a despeito dos esforços nítidos, não consegue desenvolver um antagonista à altura de Darín. A trama também se arrasta um pouco em dado momento, sem necessidade, mas nada que a torne cansativa. A sequência final, que finalmente revela se Roberto estava certo ou não, também sofre de certa falta de criatividade. Nada, no entanto, que desmereça esse intrigante suspense. Apesar de tudo isso não achei um grande filme talvez pela pouca experiência de Hernán Goldfrid (esse é o segundo filme dirigido, o anterior foi Música em Espera em 2009 e sem grande aceitação) que tentou fazer algo próximo a roliude chegando, mesmo, a comprometer o desempenho do elenco com seus cortes e planos imprecisos.
Bem poderia começar reclamando do título: onde estão os ganços? Mas deixemos de lado "Os Gansos Selvagens" original que esse negócio de bicho de pena não é lá coisa de macho. Selvagens Cães de Guerra é um filme que remete à minha infância quando deixava de comprar lanche, no colégio, e economizar para o filme da tarde de domingo ou no Cine Monte Castelo ou no Rex. Mas sempre coisas de tiro, de guerra ou de índio. Um filme para os saudosos, mas que bem maravilha aos mais novos!
Eu Me Lembro é um filme cheio de problemas, mas que mesmo assim desperta no espectador um gostar carinhoso. Incursão nas memórias de Edgard Navarro e na história do país, o filme é costurado por uma trilha sonora muito bem selecionada (com direito a canção original de Caetano Veloso), e conta a história de Guiga, da sua infância na ainda provinciana Salvador, passando pela descoberta do sexo na adolescência até a rebeldia da juventude – entre os anos 50 e 70. Assisti-lo é o tipo de experiência que nos coloca dentro do furacão, desperta tantas questões que o filme quase parece ficar perdido no meio de tanta coisa. A primeira delas, claro, é o fato de que Edgard Navarro demorou tantos anos para fazer seu primeiro longa-metragem. Sintomaticamente, a revista Cine Imperfeito lançava uma edição sobre cineastas desaparecidos, incluindo o Edgard Navarro, na mesma época que o diretor ganhava diversos prêmios no Festival de Brasília. Se é claro que não se pode gostar de um filme só porque ele teve um processo demorado e sofrido de realização, isso vem à mente de forma inevitável quando estamos assistindo ao filme e pensamos em Superoutro, experiência radical dirigida por Navarro no fim dos anos 80 – filme que dá vontade de fazer cinema, escatológico e engraçado, certamente inspirador. Por que tanto tempo entre aquele e este filme? Em relação ao radicalismo de Superoutro, Eu Me Lembro trabalha em chave muito distinta. Está ali o roteiro bem concatenado, os lampejos de loucura que não extrapolam limites, explicações sobre a matriz psicanalítica do filme a disposição no site do filme. Seria ridículo exigir que um cineasta atendesse às nossas expectativas, mas não deixa de ser triste perceber como a estética agressiva e radical de alguns cineastas se apaziguou: sinal dos tempos, ou de que um filme é sempre muito mais do que um filme.
A Loja da Esquina é um filme delicioso de ser assistido, com atuações suaves e carismáticas, principalmente de um jovem James Stewart, que faz um verdadeiro gentleman. O filme passa uma ingenuidade perdida, apesar de explorar temas como o adultério. Os personagens são todos extremamente educados o que bem pode ser visto como um "Q" a mais nesse gostoso trama de idas e vindas desencontrados. Margaret Sullavan, apesar de não ser tão bonita quanto outras atrizes de sua época, consegue encarnar bem a mocinha apaixonada e cheia de sonhos; aliás, todo o elenco coadjuvante que dão vida aos outros funcionários da loja passam muito bem, compondo bem as cenas com os protagonistas, principalmente William Tracy, que faz o mensageiro Pepi Katona, que chega a roubar algumas cenas. Uma das curiosidades dessa obra é ter sido ambientada na Bulgaria, o mesmo local do livro de Miklós Lázló, o que destoa um pouco, já que o filme é falado em inglês e a maioria das inscrições que aparecem também são, talvez devesse ter sido adaptado para Nova York, mas parece que hollywood não se preocupava com isso naquele tempo e também esse detalhe afeta pouco a obra do diretor alemão Ernst Lubitsch, que dirigiu diversos filmes mudos e depois migrou para os EUA e realizou outros clássicos como Ladrão de Alcova e Ninotchka com a lendária atriz Greta Garbo.
Existem muitas maneiras de se abordar o preconceito e o cinema é um ótimo veículo para manifestações. A diferença está na maneira como a mensagem chega e como você se predispõe para comprar esse ou aquele barulho. Disposto a quebrar paradigmas e jogar tudo para o alto, o diretor, produtor, editor e roteirista Marcelo Galvão apresenta o premiado Colegas, uma aventura despretensiosa, protagonizada por um trio de atores portadores da Síndrome de Down. Se curtiu a ideia, siga em frente e sente só a viagem dos carinhas. Texto completo: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-209826/criticas-adorocinema/
Tive que assistir outras vezes antes de me arriscar escrever alguma coisa sobre esse filme e, matutando com meus bigodes (se os tivesse), dei-me a pensar que talvez algumas pessoas simplesmente tenham nascido no lugar e na época errada; e talvez esse seja o caso de Therese D. Para alguém envolvido por um ambiente cheio de preconceitos, perceber o certo e errado para si mesmo torna-se um desafio que pode levar a atitudes equivocadas. Audrey Tautou, a eterna Amélie Poulain, protagoniza o último longa do diretor Claude Miller, morto em 2012. A atriz deve levar muitos fãs para revê-la. E não será fraca a surpresa desse público alternativo ao se deparar com uma personagem extremamente infeliz diante da própria vida. Baseado no romance Thérèse Desqueyroux, de Fraçois Mauriac, o filme segue a trama do livro que nasceu a partir de uma notícia de jornal sobre uma mulher acusada de envenenar o marido. Ao ver seu destino traçado por um casamento de interesse com Bernard, a protagonista entra em um estado catatônico. Quando ele passa a se medicar com gotas de arsênico, ela vê uma chance para se libertar daquela história. Audrey Tautou despeja um desgosto eminente a cada gesto, expondo a infelicidade da personagem de forma expressiva através de seus grandes olhos escuros. A depressão não é colocada em palavras, o que gera uma sensação aflitiva; ela parece sufocada pela falta de compreensão dos outros e pelos próprios pensamentos. Diferente da Thérèse interpretada por Emmanuelle Riva (Amor) na versão cinematográfica de 1962, Audrey dá vida a uma persona extremamente frágil, sem muita convicção. No primeiro filme, o contraste entre a redoma da ignorância confortável e o sofrimento de uma mente pensamente é perceptível; a narrativa em primeira pessoa expõe uma personalidade forte e dá embasamento à trama. Aqui, sequências pouco marcantes tentam explicar os acontecimentos. Nem sempre funciona. Planos amplos de fotografia marcante chamam a atenção, algo comum aos bons filmes de época. O longa começa bem, mas acaba perdendo o ritmo com muitos personagens passando de forma ligeira pela trama. Essa aparente pressa para amarrar a história parece ser o destino de várias adaptações literárias nos dias de hoje, talvez o maior desafio a ser superado pelo gênero. Anna Karenina acabou da mesma forma, assim como Os Miseráveis. Sem dúvida, Audrey Tautou traz uma versão interessante da desiludida senhorita Desqueyroux, baseada em gestos e sutilezas, não em palavras - uma opção audaciosa para a trama tão substancial e filosófica. Porém, se você realmente quer conhecer a dicotomia da personagem no cinema, não deixe de assistir a obra-prima homônima com Emmanuelle Riva para tirar suas conclusões sobre o "crime" de Therese D. E se você quiser assistir online é só da uma espiada no CINE RIALTO!
Sim, em tempo: Apesar de ter gostado muito mais nessa terceira "assistida" não mudo meu voto, continua as 3 estrelas originais mesmo sabendo que merece mais!
Não, não vou comentar depois de assistir Isabela Boscov, crítica de cinema da revista Veja, dar uma aula sobre esse filme. Mas não posso deixar de recomendá-lo, é um daqueles filmes que não apenas encanta, mas que deixa a gente estático por tudo o que vemos desfilar na grande tela.
Assista o comentário de Isabela: http://www.dailymotion.com/video/xiy2um_veja-cinema-o-escafandro-e-a-borboleta_shortfilms
Os primeiros minutos de “O Grande Gatsby” parecem dizer: “o que vocês, espectadores, estão a ponto de experimentar é algo grandioso. Esqueçam que existem limites, orçamentos ou barreiras tecnológicas. Isso o cinema de Hollywood consegue pisotear. Mas preparem-se: o caminho para esta aventura de época, mesmo que imersivo e estonteante, será também sinuoso durante os 142 minutos em que se alonga”. Corte seco. Flashback. Flashforward. Cena de baile. Agora um travelling voador sobre a magnífica recriação da Nova York do início do século 20. De volta para o personagem narrador. Este estilo frenético impresso na primeira metade da trama não nega, principalmente a quem já assistiu a “Moulin Rouge – Amor em Vermelho”, que “O Grande Gatsby” é mesmo produto da filmografia de Baz Lurhmann. O diretor “abusa” destes e de outros recursos com os objetivos claros de arrebatar o espectador do cinema de entretenimento e de mostrar virtuosismo e pujança como maestro da produção, orçada em US$ 105 milhões. E ele consegue as duas coisas, por mais que algumas investidas em movimento e angulação de câmera e tantas idas e vindas possam suscitar labirintite no público. Não é, ou não deveria ser, salutar querer traçar paralelos com as outras versões e eu pequei ao fazê-lo. Não, não foi um pecado mortal daqueles que o bom Papa Chico haveria por me absolver, mas foi um algo que jamais deveria ter em mente ao assistir essa extravagância roliudiana. Tudo brilha ao ponto de ofuscar o espectador fazendo-nos esquecer que há momentos ruins aqui e acolá como também há falhas nas outras versões. Mas nos frigir dos ovos F. Scott Fitzgerald vem a ser o maior beneficiado e olhe que a versão de 1949, com Alan Ladd e Betty Field, continua sendo a de minha predileção mesmo sem o brilho ofuscante e sem o ex-garoto brilhante Leonardo DiCaprio que nada tem do glamour, mas que deu conta do recado ao lado da estonteante Carey Mulligan que fez vida em sua Daisy Buchanan e que me desculpem Robert Redford e Mia Farrow, da versão de 1974, que também não foram ruins de fato (mas de direito não há como não frisar). Na hora de fechar a conta, o sentimento ao sair da sessão é de que “O Grande Gatsby” cumpre sua tarefa enquanto obra audiovisual. É visualmente belíssimo, acompanha trilha sonora que tem tudo para ser um sucesso por si só e tem história bem costurada, inclusive com algum suspense. Mas passa longe, vale dizer, de pertencer ao topo de listas de grandes adaptações cinematográficas. Especialmente pela dualidade entre o primeiro e os demais atos, por não assumir uma linha de desenvolvimento narrativo constante, com pequenos buracos no roteiro, e pela escolha do elenco feminino. Mesmo assim aí vão 4 estrelas!
Depois de uma premiada estréia com o longa-metragem Mojo, de 1997 (inédito no Brasil), o diretor e roteirista inglês Jez Butterworth retorna às telas com esta morna história de amores e de erros. A Isca Perfeita é apenas um entretenimento passageiro, um filme fácil de se ver e de se esquecer. Certamente nem seria lançado em nossos cinemas se não fosse a atrativa (visual e comercialmente) presença de Nicole Kidman, convincente no papel de russa. Faltou uma boa história a ser contada.
Espere, espere! Não, não antes de uma análise muito fria sobre esse Regras da Atração tentando esquecer daquela série de besteirol American Pie. Sério! Jovens, irresponsabilidades, encanações, sexo, drogas e rock and roll. Mas o filme chega revestido de uma moldura pseudo-pós-moderna conferida pelo seu diretor e roteirista Roger Avary, autor também do badalado (e supervalorizado) roteiro de Pulp Fiction. São recursos gráficos e estilísticos - não exatamente inéditos, é verdade - que dão ao filme uma falsa aura de cinema independente moderninho, mas que não escondem a falta de profundidade da história. Formalmente, há soluções interessantes, como jogar aqui e ali ações pra lá de secundárias escondidas em planos distantes. Repare, por exemplo, um policial descontraidamente xavecando uma garota ao lado de uma ambulância, numa cena teoricamente de tragédia e de dor. Também é interessante a forma pela qual o diretor revela - afinal - quem era aquela estranha garota que se suicidou na banheira. Sem querer entregar detalhes da trama, é como se Avary atirasse na cara da platéia: "Viu como você não prestou atenção no filme?". Quer saber mais? Outros recursos, porém, já são bem batidos. Contar a mesma história várias vezes vista sob os diferentes ângulos de seus diversos protagonistas é, no mínimo, pré-Cães de Aluguel. O recurso já foi mais que repetido em Vamos Nessa e em alguns filmes de Tarantino. Recurso, aliás, que o próprio Tarantino copiou deslavadamente de O Grande Golpe, que Stanley Kubrick dirigiu em 1956. Mas outro dia a gente fala disso. O grande problema de Regras da Atração é que depois de espremidas todas as espinhas técnicas e estéticas da sua forma, resta apenas um rosto de pouco conteúdo. Sim, é um filme bonitinho... mas que fica devendo muito pouco a American Pie, quem diria! Cultura inútil: o personagem Sean é irmão mais novo de Patrick, personagem do filme Psicopata Americano. Tanto um como outro nasceram na imaginação do escritor Bret Easton Ellis, autor dos livros que originaram os filmes. Mas não posso sair simplesmente dizendo verdades sobre esse ou aquele, tenho (e devo) classificar. Pô! Classificar o que??? Leva DUAS ESTRELAS, e olhe lá!...
Recém-Chegada
2.9 340Assista em Cine Rialto
Seu Florindo e Suas Duas Mulheres
2.8 5Uma versão de 'Dona Flor e seus 2 Maridos'
S.O.S. do Amor
2.6 474 Assista AgoraJá havia 'jurado' não escrever nada sobre esse filme, mas como tive que reeditá-lo em meu blog e, de gaiato otário, terminei assistindo novamente não posso cumprir meu juramento.
Na realidade nem será bem sobre o filme que, diga-se e afirme-se, é um besteirol deslambido que somente cabe nas sessões da tarde nesses canais abertos que teimam em reprisá-lo infindas vezes. Sei que a atriz objeto desse filme jamais lerá o que escrevo e se, por azar seu, um dia ler na certa não há de ficar muito satisfeita com minhas impressões sobre essa menina (hoje com 28 anos) que tinha seu próprio show de variedades aos 13 anos exibido na Nickelodeon entre o fim dos anos 90 e início de 2000, o The Amanda Show e, talvez por e somente isso, achou-se atriz.
Com certeza você deva estar estranhando, afinal já tem nas costas mais de trinta filmes e nenhum que um dia venha se tornar um clássico, salvo 'Robôs' onde emprestou a voz a 'Pipe' quando, para nosso deleite e desafogo, não houve como mostrar-se de corpo presente. Embalada pela falta de gosto americano consegue lotar ginásios de escolas encantando uma garotada que sonha com suas pernas grossas e roliças em sua carreira de cantora quase sempre ao som de paly backs com voz sempre.
O certo, caro leitor, é que esse S.O.S. do amor - mais uma tradução besta de nossos distribuidores - bem pode servir para acalantar o sono do domingo a tarde!
Viagem Sem Volta
2.1 281 Assista AgoraBem poderia ser melhor, enredo há só que pouco explorado sem que, mesmo assim, tenha se tornado um filme ruim. É sabido da lentidão exasperante como se algum algo houvesse a vir sem que venha de fato e, convenhamos, Juno Temple bem poderia ser mais explorada pela direção e não somente tê-la rosto bonito vivendo as desavenças um tanto inverossímeis das auguras desse país encoberto por satânicas praticas. De Michael Cera não há o que esperar além do que é: um ator mediano bem melhor visualizado em filminhos bestas das ensossas seções da tarde que de lá pouco amadureceu. O restante da trupe deixou seu recado sempre nivelado à ruim direção do chileno Sebastián que, diga-se e registre-se, já fez coisa melhor (Gatos Velhor, A criada e no ótimo 31 minutos).
Mas vale assistir!
Amargo Pesadelo
3.9 199 Assista AgoraNada se compara com o acaso e em "Amargo Pesadelo" aconteceu um momento de verdadeira magia quando, no interior dos Estados Unidos, onde haveria a locação de um posto de gasolina nos confins do mundo, com uma cena entre vários atores que contracenariam com o proprietário do posto onde ele também morava com sua mulher e filho. Este último autista e nunca saía do terreno da casa.
A equipe parou no posto de gasolina para abastecer e aconteceu a cena mais marcante que o diretor teve a felicidade de encaixar no filme:
Num dos cortes para refazer a cena do abastecimento, um dos atores que sendo músico sempre andava acompanhado do violão aproveitando o intervalo da gravação e já tendo percebido a presença de um garoto que dedilhava um banjo na varanda da casa aproximou-se e começou a repetir a sequência musical do garoto.
Como houve uma 'resposta musical" por parte do garoto, o diretor captou a importância da cena e mandou filmar.
Atentem para alguns detalhes:
- O garoto é verdadeiramente um autista;
- ele não estava nos planos do filme;
- A alegria do pai curtindo o duelo dos banjos... dançando;
- A felicidade da mãe captada numa janela da casa;
- A reação autêntica de um autista quando o ator músico quer cumprimentá-lo.
Vale a pena o duelo, a beleza do momento e, mais que tudo, a alegria do garoto.
A sua expressão. No início está distante, mas, à medida que toca o seu banjo,
ele cresce com a música e vai se deixando levar por ela, até transformar a sua
expressão num sorriso contagiante, transmitindo a todos a sua alegria.
A alegria de um autista, que é resgatada por alguns momentos, graças a um violão forasteiro.
O garoto brilha, cresce e exibe o sorriso preso nas dobras da sua deficiência, que a magia da música traz à superfície.
Depois, ele volta para dentro de si, deixando a sua parcela de beleza eternizada "por acaso" no filme "Amargo Pesadelo" e, vale ressaltar, nenhum dos três (Filho, Pai e Mãe) nunca haviam sequer assistido um filme em suas vidas.
Há mais o que comentar?
O Exterminador do Futuro: A Salvação
3.3 771 Assista AgoraQuarto filme da série Exterminador do Futuro, iniciada em 1984, O Exterminador do Futuro: A Salvação dá um viés totalmente diferente à franquia, sem deixar de explorar os mesmos elementos que fizeram a fama da série protagonizada por Arnold Schwarzenegger.
Aliás, a ausência do entãor governador do Estado da Califórnia neste quarto filme é o mote que o torna diferente dos filmes anteriores. Nesta aventura, ambientada em 2018, o líder da resistência John Connor (Christian Bale) tem a missão de defender o jovem Kyle Reese (Anton Yelchin, o tripulante russo de Star Trek, ganhando bom destaque no elenco), evitando sua morte pelas mãos das máquinas da Skynet, empresa que está sempre empenhada em dominar o planeta por meio de seus violentos e cada vez melhor desenvolvidos robôs. Nessa missão, Marcus Wright (o pouco conhecido e competente Sam Worthington) aparece como um possível aliado.
Claro que nesta trama há muitas voltas e entremeios que cabe ao espectador descobrir. O que é possível dizer sobre este filme da série é que ele investe pesado nas cenas de ação, dirigidas de forma competente por McG (As Panteras: Detonando). Se a ideia é renovar, alguns elementos, espécies de piadas internas para os fãs da franquia, foram preservadas em O Exterminador do Futuro: A Salvação. Um deles é a música You Could Be Mine, dos Guns’n Roses, que esteve na trilha de O Exterminador do Futuro 2, e a emblemática frase I’ll be back (“eu voltarei”). Schwarzenegger, no entanto, recusou atuar no filme, mas McG não deixou barato e colocou digitalmente na Skynet um ciborgue com a aparência do ator no primeiro filme da série. Além disso, Linda Hamilton – que interpreta a mãe de Connor – também aparece neste novo filme, mas somente em voz.
O Exterminador do Futuro: A Salvação mantém os elementos narrativos que construíram as tramas anteriores, embora tenha a intenção clara de renovar a franquia depois do não muito bem-sucedido O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas - com orçamento de US$ 200 milhões, rendeu US$ 150 nas bilheterias dos EUA. Tática que não deu muito certo em resposta nas bilheterias, já que, com o mesmo orçamento do filme anterior, estreou nos EUA faturando somente R$ 52 milhões no primeiro fim de semana. Mesmo assim, o próximo filme da franquia está a caminho, sendo previsto para estrear em 2011, ainda sob a direção de McG.
De fato, O Exterminador do Futuro: A Salvação tem excelentes cenas de ação, que prendem a atenção do espectador de forma bem-sucedida. O roteiro mostra algumas soluções criativas para a complicada trama que envolve um futuro apocalíptico e um herói que, como sempre, tem o objetivo de salvar a humanidade (e Christian Bale se sai bem na função de incorporar esse tipo de personagem). No entanto, quando o longa realmente abraça essa mensagem mais virtuosa, digamos, escorrega. Na conclusão, despenca e acaba deixando o espectador com sabor de decepção por conta do final mal resolvido.
Vale ressaltar que no Brasil arrebanhou 1.316.034 ávidos pagantes de ingressos.
Assista esse e toda a série em Cine Rialto.
Laranja Mecânica
4.3 3,8K Assista AgoraViolento, bombástico, arrebatador, sonoro, dançante e assustador. O alucinado Alex (Malcolm McDowell) tem sua própria forma de se divertir. Sempre às custas da tragédia dos outros. A transformação de Alex de um punk sem moral até um cidadão exemplar doutrinado e sua volta ao estado rebelde, compõe a chocante visão do futuro que Stanley Kubrick elaborou a partir do livro de Anthony Burgess. As imagens inesquecíveis, a música arrebatadora, e a linguagem fascinante utilizada por alex e sua gangue, foram moldadas por Kubrick neste conto sobre os caminhos da moralidade. Extremamente controvertido na época de seu lançamento, Laranja Mecânica ganhou os prêmios de Melhor Filme e Melhor Direção da Associação dos Críticos de Cinema de Nova York, e recebeu quatro indicações ao Oscar®, incluindo Melhor Filme (1971). O poder de sua arte é tamanha que ainda nos atrai, choca e nos mantém preso dem seu domínio.
“... pode-se escolher a vida – e desvalorizar seu aniquilamento – ou pode-se escolher a valorização do sistema (com o conseqüente negativismo ou indiferença pelo aniquilamento da vida humana e não humana), mas também pode-se escolher não pensar e, em semelhante alienação covarde, cair no desprezível otimismo irresponsável. Para nós, a decisão eticamente correta escolhe a valorização da vida, apesar da coragem de pensar.”
(Eugenio Raúl Zaffaroni, Em busca das penas perdidas, p. 157)
O filme advém do romance A Clockwork Orange publicado por Anthony Burgess em 1962. Burgess expõe o mundo dos “droogs”, gíria em russo, que nos remonta à um grupo de jovens delinqüentes.
O trabalho cinematográfico possui um clima amedrontado e atormentado que nos leva a muitas perguntas temáticas na moderna Criminologia: Se possível, como a violência poderá ser erradicada da nossa sociedade moderna? Por que gangues se formam e têm comportamentos extremamente violentos? Poderá, o Estado, privar um indivíduo da sua livre vontade, transformando-o em um robô (ou um animal) que admite programação (ou adestramento) mental? O que isso significa ao analisarmos as tecnologias de modificação de comportamento de castigo contra o crime?
Essas são apenas algumas das indagações que me inquieta no mundo que vivemos hoje.
A questão da violência naturalizada no filme é interpretada tanto de forma social quanto psicológica. Adentra-se na mente do sujeito sociopata, irado com tudo e cínico com as razões que o levam a espancar, estuprar e colidir com as regras sociais. O Alex de Malcolm McDowell é um ser amoral, que não respeita e desconhece as mínimas e convenientes regras da sociedade. Seu personagem é uma disposição para o que seria hoje o tema de intensas e calorosas discussões sobre juventude, violência e quebra de regras morais, sociais e individuais. Por isso o filme é tão utilizado quando o assunto é violência, aprofundando ainda mais a esfera de sua filosofia, o indivíduo criado pelo âmbito influenciável.
Claro, tudo torna-se mais interessante vendo essas sequências acima minimamente relatadas. Os diálogos construídos, a destreza dos ângulos (belamente fotografados), os cortes, a trilha e a magnífica interpretação de McDowell são primordiais para sustentar a proposta do filme. Laranja Mecânica como nenhum outro filme, até então deleta a contribuição do homem como o simples e corrigível culpado de seus atos. Declarar a cura desses indivíduos por um tratamento dão doloroso (lembra do Cura gay de um certo idiota eleito deputado federal?) quanto, é bem amargurante do que aceitar as disposições que assolam a sociedade de crime e porventura o castigo de suas colaborações em dignificar essas relações de culpabilidade. Muitos outros filmes tentam compreender, como este aqui, essas relações entre crime, culpa e cura (A Outra História Americana (1998), Violência Gratuita (1997), Drive (2011), Clube da Luta (1999)), mas nenhum outro é tão poderoso na forma e na classe de refletir o que a sociedade se tornara diante dos olhos dos próprios espectadores (o Outro). Um filme que faz um belo tratamento das falidas instituições da família, da política, da ciência, da religião e do próprio homem corroborado pelos sentimentos e prazeres passageiros. O mesmo prazer que leva à desconstrução de seu próprio Eu.
Assista em Cine Rialto (meu blog).
Evolução
2.7 308 Assista AgoraEsse recado foi MODERADO.
Motivo: Infração dos Termos de Uso. Divulgação de links com conteúdo ilegal.
Equipe Filmow.comViagem Insólita
3.6 177 Assista AgoraEsse recado foi MODERADO.
Motivo: Infração dos Termos de Uso. Divulgação de links com conteúdo ilegal.
Equipe Filmow.comO Enigma de Kaspar Hauser
4.0 328Nem vou tentar comentar e muito menos analisar esse fenômeno. Deixo para que estuda o comportamento humano:
"Para muitas pessoas, é praticamente inimaginável a ideia de conviver em uma sociedade distinta, com costumes quase que antagônicos ao que ela adquiriu em sua vida. Viver em sociedade é, antes de tudo, partilhar costumes e crenças, além de preservar características históricas de seu povo e região. Em maior abrangência e discordância, o mundo ocidental e oriental preservam entre si as discrepâncias de duas características divergentes, mas que nem por isso deixam de funcionar ou, ainda, tornam-se superiores ou inferiores uma a outra. Essa aversão ao diferente, quando ocorrida, transpõe um medo do desconhecido, aquilo que caracteriza-se escuro, duvidoso. Essa análise parcial, ao qual um povo emite sobre outro, propõe uma observância que perdura por toda a história do homem (...)."
(Ler a crítica analítica completa: http://cinemarcocriticas.blogspot.com.br/2011/08/o-enigma...)
Los Angeles: Cidade Proibida
4.1 529 Assista AgoraNão há como não ficar pregado à poltrona desde a sequência de abertura de "Los Angeles – Cidade Proibida": a voz clássica de vendedores de imóveis tentando nos vender a perfeição que é a cidade de Los Angeles, suas oportunidades, o alcance dos sonhos, uma das melhores seguranças do mundo e tudo o que cerca este glamoroso local. É uma questão de minutos para este mesmo narrador contornar toda esta situação e começar a mostrar a podridão que corrompe com muita hipocrisia a cidade. Fica claro ao telespectador que o longa de Curtis Hanson faz, ao seu modo (sem utilizar o preto e branco de fato), uma belíssima reconstrução do cinema noir.
O roteiro é extremamente bem desenvolvido e consegue se distanciar das facilidades empregues no gênero e colocar o telespectador para pensar e analisar todas as situações pelos quais os personagens passam. Ao invés apelar para típicas sacadas como dar falsas pistas e fazer com que o filme pareça ser mais inteligente do que realmente é e causar uma reviravolta onde, geralmente mal feita e cheia de furos, falha. Aqui, o esperto texto carrega de instigar o público com todo o tipo de situação, introduzindo e aproveitando diversos personagens das quais parece passam sem qualquer importância a princípio, mostrando a força e a preparado de uma história precisamente bem construída.
O núcleo narrativo se desenvolve a partir dos personagens vívidos por Crowe e Pearce. Ambos se mostram com personalidades bem distintas: Bud é encarado como a força física, a coragem de se impor em situações de perigo e que exija trabalho em campo, já Exley é o típico sargento que vive atrás de pilhas de papeis e burocracias do departamento, o cérebro da operação. Hanson trabalha o conceito “tira bom e tira mal” dentro da história com muita complexidade e não apela para uma superficialidade banal e nos vemos levado pelo amplo desenvolvimento de seus personagens, conseguindo criar uma ótima análise de ambos e ter duas perspectivas diferentes da história do qual Los Angeles – Cidade Proibida gira em torno.
Composto de excelentes personagens, o filme de Curtis Hanson abusa positivamente de um ótimo elenco. Os já mencionados Russel Crowe e Guy Pearce desenvolve seus personagens com uma incomum força dentro do gênero, fazendo com que o público se importe de verdade eles. Vencedor de melhor atriz coadjuvante, Kim Basinger vive com muito vigor e disposição a prostituta Lynn, esbanjando sensualidade e carisma no papel, o que é uma rara neste tipo de personagem. James Cromwell, Danny DeVito, Kevin Spacey constroem o talentoso elenco secundário.
Sem de fato ser inovador e revolucionário, Los Angeles – Cidade Proibida ganha o espectador por suas inúmeras excelências, venham elas da primorosa técnica de Hanson, do excelente roteiro ou do admirável elenco que contribui para uma excepcional construção de thriller poucas vezes vista com tamanha precisão e força nas últimas décadas. Mas do que para os amantes do gênero, o filme é obrigatório para qualquer amante da sétima arte.
Assista em Cine Rialto.
A História de Adèle H.
3.9 129Filme do cultuado diretor francês François Truffaut. O longa, de 1975, narra a vida da filha de um dos escritores mais célebres de toda a França: Victor Hugo. Para quem não sabe, é o autor responsável por obras do cunho de Os Miseráveis e, além de ser famoso pelos seus títulos, foi marcado por participar ativamente do mundo político francês do questionável século XIX. O roteiro da produção, co-escrito por Jean Gruault, foi feito com base nos diários verídicos da segunda filha do escritor, descobertos anos depois de seu falecimento, aos 85 anos de idade.
A direção de François Truffaut é magnífica e trabalha com mínimos detalhes. Por mais que alguns possam considerar que o longa seja um pouco arrastado, considero o seu desenvolvimento muito importante e rico, pois demonstra o zelo que o diretor possuía com seus trabalhos. A fotografia é tão maravilhosa que temos, durante todo o tempo, a sensação de que estamos diante de um quadro em exposição no museu de Louvre. A direção de arte merece todo o destaque, pois a composição dos cenários e figurinos beiram a perfeição.
A atriz Isabelle Adjani é outro ponto chave da produção. A jovem, que na época tinha apenas 19 anos, encantou a todos e tomou o filme para si. Seu trabalho é esplêndido, magnífico e sublime, merecendo a sua indicação ao Oscar, embora o prêmio naquele ano seria ganho por Louise Fletcher, de Um Estranho no Ninho. A grande verdade é que as indicações ao Prêmio César e a vitória do Prêmio David di Donatello devem-se muito ao desempenho da atriz.
Um clássico, estimulando a conhecer um pouco mais a carreira de Truffaut e que merece ser assistido por todos os adoradores da sétima arte. Além de ser a oportunidade de conferir um trabalho excelente, poderão ver a fundo uma história verídica de uma mulher que literalmente enlouqueceu por conta de um grande amor. Talvez hoje esse seja um tema saturado, mas afirmo que jamais poderá ser esquecido.
O filme está em Cine Rialto
A Vida Secreta das Palavras
4.1 247 Assista AgoraAssim como fez em Minha Vida Sem Mim, a cineasta e roteirista espanhola Isabel Coixet emociona o espectador com uma sensibilidade única em A Vida Secreta das Palavras. Trabalhando novamente com Sarah Polley - protagonista do longa de 2003 -, Isabel constrói um belíssimo drama que gira em torno da solidão.
A forma como o espectador é envolvido é sutil. No começo, não se sabe muito sobre a protagonista, mas, aos poucos, sua história é aberta ao público da mesma forma que ela mesma se envolve com os outros personagens. Quando a nuvem de mistérios em volta de Hannah é dissipada, revela-se uma pessoa traumatizada pelos horrores que passou no passado; quando se descobre o motivo de seu isolamento espontâneo, é difícil evitar as emoções. E esse é o grande mérito de Isabel Coixet nesta produção: envolvendo o espectador de forma delicada e sutil, ela constrói um drama verdadeiro, honesto, digno e completamente arrebatador. O que não seria possível sem a inesquecível atuação de Sarah Polley que, com seu olhar frio e distante, é capaz de construir a personagem de forma verdadeira, bem como mostrar a evolução de seus sentimentos ao longo da trama.
Também merece destaque a belíssima trilha sonora de A Vida Secreta das Palavras, que funciona muito bem para envolver o espectador na solidão de seus personagens. Isolados do mundo - tanto geograficamente quanto nos sentimentos -, eles sofrem e buscam, cada um à sua maneira, encontrar uma saída, mesmo que momentânea.
Tese Sobre um Homicídio
3.4 310 Assista AgoraDarín, o grande ator do cinema argentino de seu tempo, mais uma vez dá profundidade e humanidade a um personagem cheio de nuances e contradições. Confrontado pelo intelecto de seu aluno e ávido por descobrir a verdade, Roberto dá início a uma investigação paralela do crime que o mergulha num espiral perigosa na qual sua bem-sucedida carreira de professor se vê ameaçada aos poucos. O personagem não é tratado pelo bom roteiro como paladino da justiça, mas como homem comum, com dúvidas e ansiedades e que recorre a garrafas de uísque para afogar suas frustrações.
A produção tem técnica impecável, boa fotografia com movimentos de câmera e montagem nem tanto assim, mas que evidenciam o clima de thriller policial, mantendo a expectativa e tensão da audiência em alta. A estética e o desenvolvimento da narrativa, em conjunto, mantêm um clima de dúvida constante para o espectador - ambiguidade imprescindível neste estilo de filme.
Se há um desnível, este diz respeito a Alberto Amman, o jovem ator, que, a despeito dos esforços nítidos, não consegue desenvolver um antagonista à altura de Darín. A trama também se arrasta um pouco em dado momento, sem necessidade, mas nada que a torne cansativa. A sequência final, que finalmente revela se Roberto estava certo ou não, também sofre de certa falta de criatividade. Nada, no entanto, que desmereça esse intrigante suspense.
Apesar de tudo isso não achei um grande filme talvez pela pouca experiência de Hernán Goldfrid (esse é o segundo filme dirigido, o anterior foi Música em Espera em 2009 e sem grande aceitação) que tentou fazer algo próximo a roliude chegando, mesmo, a comprometer o desempenho do elenco com seus cortes e planos imprecisos.
Selvagens Cães de Guerra
3.5 18 Assista AgoraBem poderia começar reclamando do título: onde estão os ganços?
Mas deixemos de lado "Os Gansos Selvagens" original que esse negócio de bicho de pena não é lá coisa de macho.
Selvagens Cães de Guerra é um filme que remete à minha infância quando deixava de comprar lanche, no colégio, e economizar para o filme da tarde de domingo ou no Cine Monte Castelo ou no Rex. Mas sempre coisas de tiro, de guerra ou de índio.
Um filme para os saudosos, mas que bem maravilha aos mais novos!
O Segredo Do Imperador
2.1 4 Assista AgoraOlhe aqui! Se voce tem mais de 6 anos esqueça esse arremedo de desenho vindo da Finlândia. É Ruim que dói!
Eu Me Lembro
3.4 41Eu Me Lembro é um filme cheio de problemas, mas que mesmo assim desperta no espectador um gostar carinhoso. Incursão nas memórias de Edgard Navarro e na história do país, o filme é costurado por uma trilha sonora muito bem selecionada (com direito a canção original de Caetano Veloso), e conta a história de Guiga, da sua infância na ainda provinciana Salvador, passando pela descoberta do sexo na adolescência até a rebeldia da juventude – entre os anos 50 e 70. Assisti-lo é o tipo de experiência que nos coloca dentro do furacão, desperta tantas questões que o filme quase parece ficar perdido no meio de tanta coisa.
A primeira delas, claro, é o fato de que Edgard Navarro demorou tantos anos para fazer seu primeiro longa-metragem. Sintomaticamente, a revista Cine Imperfeito lançava uma edição sobre cineastas desaparecidos, incluindo o Edgard Navarro, na mesma época que o diretor ganhava diversos prêmios no Festival de Brasília. Se é claro que não se pode gostar de um filme só porque ele teve um processo demorado e sofrido de realização, isso vem à mente de forma inevitável quando estamos assistindo ao filme e pensamos em Superoutro, experiência radical dirigida por Navarro no fim dos anos 80 – filme que dá vontade de fazer cinema, escatológico e engraçado, certamente inspirador. Por que tanto tempo entre aquele e este filme? Em relação ao radicalismo de Superoutro, Eu Me Lembro trabalha em chave muito distinta. Está ali o roteiro bem concatenado, os lampejos de loucura que não extrapolam limites, explicações sobre a matriz psicanalítica do filme a disposição no site do filme. Seria ridículo exigir que um cineasta atendesse às nossas expectativas, mas não deixa de ser triste perceber como a estética agressiva e radical de alguns cineastas se apaziguou: sinal dos tempos, ou de que um filme é sempre muito mais do que um filme.
A Loja da Esquina
4.2 70 Assista AgoraA Loja da Esquina é um filme delicioso de ser assistido, com atuações suaves e carismáticas, principalmente de um jovem James Stewart, que faz um verdadeiro gentleman. O filme passa uma ingenuidade perdida, apesar de explorar temas como o adultério. Os personagens são todos extremamente educados o que bem pode ser visto como um "Q" a mais nesse gostoso trama de idas e vindas desencontrados. Margaret Sullavan, apesar de não ser tão bonita quanto outras atrizes de sua época, consegue encarnar bem a mocinha apaixonada e cheia de sonhos; aliás, todo o elenco coadjuvante que dão vida aos outros funcionários da loja passam muito bem, compondo bem as cenas com os protagonistas, principalmente William Tracy, que faz o mensageiro Pepi Katona, que chega a roubar algumas cenas.
Uma das curiosidades dessa obra é ter sido ambientada na Bulgaria, o mesmo local do livro de Miklós Lázló, o que destoa um pouco, já que o filme é falado em inglês e a maioria das inscrições que aparecem também são, talvez devesse ter sido adaptado para Nova York, mas parece que hollywood não se preocupava com isso naquele tempo e também esse detalhe afeta pouco a obra do diretor alemão Ernst Lubitsch, que dirigiu diversos filmes mudos e depois migrou para os EUA e realizou outros clássicos como Ladrão de Alcova e Ninotchka com a lendária atriz Greta Garbo.
Colegas
3.4 606Não, essa crítica não é minha...
Existem muitas maneiras de se abordar o preconceito e o cinema é um ótimo veículo para manifestações. A diferença está na maneira como a mensagem chega e como você se predispõe para comprar esse ou aquele barulho. Disposto a quebrar paradigmas e jogar tudo para o alto, o diretor, produtor, editor e roteirista Marcelo Galvão apresenta o premiado Colegas, uma aventura despretensiosa, protagonizada por um trio de atores portadores da Síndrome de Down. Se curtiu a ideia, siga em frente e sente só a viagem dos carinhas.
Texto completo: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-209826/criticas-adorocinema/
Assino em baixo sem medo de estar errado!
Therese D.
3.4 160Tive que assistir outras vezes antes de me arriscar escrever alguma coisa sobre esse filme e, matutando com meus bigodes (se os tivesse), dei-me a pensar que talvez algumas pessoas simplesmente tenham nascido no lugar e na época errada; e talvez esse seja o caso de Therese D. Para alguém envolvido por um ambiente cheio de preconceitos, perceber o certo e errado para si mesmo torna-se um desafio que pode levar a atitudes equivocadas.
Audrey Tautou, a eterna Amélie Poulain, protagoniza o último longa do diretor Claude Miller, morto em 2012. A atriz deve levar muitos fãs para revê-la. E não será fraca a surpresa desse público alternativo ao se deparar com uma personagem extremamente infeliz diante da própria vida.
Baseado no romance Thérèse Desqueyroux, de Fraçois Mauriac, o filme segue a trama do livro que nasceu a partir de uma notícia de jornal sobre uma mulher acusada de envenenar o marido. Ao ver seu destino traçado por um casamento de interesse com Bernard, a protagonista entra em um estado catatônico. Quando ele passa a se medicar com gotas de arsênico, ela vê uma chance para se libertar daquela história.
Audrey Tautou despeja um desgosto eminente a cada gesto, expondo a infelicidade da personagem de forma expressiva através de seus grandes olhos escuros. A depressão não é colocada em palavras, o que gera uma sensação aflitiva; ela parece sufocada pela falta de compreensão dos outros e pelos próprios pensamentos.
Diferente da Thérèse interpretada por Emmanuelle Riva (Amor) na versão cinematográfica de 1962, Audrey dá vida a uma persona extremamente frágil, sem muita convicção. No primeiro filme, o contraste entre a redoma da ignorância confortável e o sofrimento de uma mente pensamente é perceptível; a narrativa em primeira pessoa expõe uma personalidade forte e dá embasamento à trama. Aqui, sequências pouco marcantes tentam explicar os acontecimentos. Nem sempre funciona.
Planos amplos de fotografia marcante chamam a atenção, algo comum aos bons filmes de época. O longa começa bem, mas acaba perdendo o ritmo com muitos personagens passando de forma ligeira pela trama. Essa aparente pressa para amarrar a história parece ser o destino de várias adaptações literárias nos dias de hoje, talvez o maior desafio a ser superado pelo gênero. Anna Karenina acabou da mesma forma, assim como Os Miseráveis.
Sem dúvida, Audrey Tautou traz uma versão interessante da desiludida senhorita Desqueyroux, baseada em gestos e sutilezas, não em palavras - uma opção audaciosa para a trama tão substancial e filosófica. Porém, se você realmente quer conhecer a dicotomia da personagem no cinema, não deixe de assistir a obra-prima homônima com Emmanuelle Riva para tirar suas conclusões sobre o "crime" de Therese D.
E se você quiser assistir online é só da uma espiada no CINE RIALTO!
Sim, em tempo: Apesar de ter gostado muito mais nessa terceira "assistida" não mudo meu voto, continua as 3 estrelas originais mesmo sabendo que merece mais!
O Escafandro e a Borboleta
4.2 1,2KNão, não vou comentar depois de assistir Isabela Boscov, crítica de cinema da revista Veja, dar uma aula sobre esse filme. Mas não posso deixar de recomendá-lo, é um daqueles filmes que não apenas encanta, mas que deixa a gente estático por tudo o que vemos desfilar na grande tela.
Assista o comentário de Isabela:
http://www.dailymotion.com/video/xiy2um_veja-cinema-o-escafandro-e-a-borboleta_shortfilms
O Grande Gatsby
3.9 2,7K Assista AgoraOs primeiros minutos de “O Grande Gatsby” parecem dizer: “o que vocês, espectadores, estão a ponto de experimentar é algo grandioso. Esqueçam que existem limites, orçamentos ou barreiras tecnológicas. Isso o cinema de Hollywood consegue pisotear. Mas preparem-se: o caminho para esta aventura de época, mesmo que imersivo e estonteante, será também sinuoso durante os 142 minutos em que se alonga”.
Corte seco. Flashback. Flashforward. Cena de baile. Agora um travelling voador sobre a magnífica recriação da Nova York do início do século 20. De volta para o personagem narrador. Este estilo frenético impresso na primeira metade da trama não nega, principalmente a quem já assistiu a “Moulin Rouge – Amor em Vermelho”, que “O Grande Gatsby” é mesmo produto da filmografia de Baz Lurhmann. O diretor “abusa” destes e de outros recursos com os objetivos claros de arrebatar o espectador do cinema de entretenimento e de mostrar virtuosismo e pujança como maestro da produção, orçada em US$ 105 milhões. E ele consegue as duas coisas, por mais que algumas investidas em movimento e angulação de câmera e tantas idas e vindas possam suscitar labirintite no público.
Não é, ou não deveria ser, salutar querer traçar paralelos com as outras versões e eu pequei ao fazê-lo. Não, não foi um pecado mortal daqueles que o bom Papa Chico haveria por me absolver, mas foi um algo que jamais deveria ter em mente ao assistir essa extravagância roliudiana. Tudo brilha ao ponto de ofuscar o espectador fazendo-nos esquecer que há momentos ruins aqui e acolá como também há falhas nas outras versões.
Mas nos frigir dos ovos F. Scott Fitzgerald vem a ser o maior beneficiado e olhe que a versão de 1949, com Alan Ladd e Betty Field, continua sendo a de minha predileção mesmo sem o brilho ofuscante e sem o ex-garoto brilhante Leonardo DiCaprio que nada tem do glamour, mas que deu conta do recado ao lado da estonteante Carey Mulligan que fez vida em sua Daisy Buchanan e que me desculpem Robert Redford e Mia Farrow, da versão de 1974, que também não foram ruins de fato (mas de direito não há como não frisar).
Na hora de fechar a conta, o sentimento ao sair da sessão é de que “O Grande Gatsby” cumpre sua tarefa enquanto obra audiovisual. É visualmente belíssimo, acompanha trilha sonora que tem tudo para ser um sucesso por si só e tem história bem costurada, inclusive com algum suspense. Mas passa longe, vale dizer, de pertencer ao topo de listas de grandes adaptações cinematográficas. Especialmente pela dualidade entre o primeiro e os demais atos, por não assumir uma linha de desenvolvimento narrativo constante, com pequenos buracos no roteiro, e pela escolha do elenco feminino.
Mesmo assim aí vão 4 estrelas!
A Isca Perfeita
2.9 81Depois de uma premiada estréia com o longa-metragem Mojo, de 1997 (inédito no Brasil), o diretor e roteirista inglês Jez Butterworth retorna às telas com esta morna história de amores e de erros. A Isca Perfeita é apenas um entretenimento passageiro, um filme fácil de se ver e de se esquecer. Certamente nem seria lançado em nossos cinemas se não fosse a atrativa (visual e comercialmente) presença de Nicole Kidman, convincente no papel de russa. Faltou uma boa história a ser contada.
Regras da Atração
3.1 179 Assista AgoraEspere, espere!
Não, não antes de uma análise muito fria sobre esse Regras da Atração tentando esquecer daquela série de besteirol American Pie. Sério! Jovens, irresponsabilidades, encanações, sexo, drogas e rock and roll. Mas o filme chega revestido de uma moldura pseudo-pós-moderna conferida pelo seu diretor e roteirista Roger Avary, autor também do badalado (e supervalorizado) roteiro de Pulp Fiction. São recursos gráficos e estilísticos - não exatamente inéditos, é verdade - que dão ao filme uma falsa aura de cinema independente moderninho, mas que não escondem a falta de profundidade da história.
Formalmente, há soluções interessantes, como jogar aqui e ali ações pra lá de secundárias escondidas em planos distantes. Repare, por exemplo, um policial descontraidamente xavecando uma garota ao lado de uma ambulância, numa cena teoricamente de tragédia e de dor. Também é interessante a forma pela qual o diretor revela - afinal - quem era aquela estranha garota que se suicidou na banheira. Sem querer entregar detalhes da trama, é como se Avary atirasse na cara da platéia: "Viu como você não prestou atenção no filme?".
Quer saber mais? Outros recursos, porém, já são bem batidos. Contar a mesma história várias vezes vista sob os diferentes ângulos de seus diversos protagonistas é, no mínimo, pré-Cães de Aluguel. O recurso já foi mais que repetido em Vamos Nessa e em alguns filmes de Tarantino. Recurso, aliás, que o próprio Tarantino copiou deslavadamente de O Grande Golpe, que Stanley Kubrick dirigiu em 1956. Mas outro dia a gente fala disso.
O grande problema de Regras da Atração é que depois de espremidas todas as espinhas técnicas e estéticas da sua forma, resta apenas um rosto de pouco conteúdo. Sim, é um filme bonitinho... mas que fica devendo muito pouco a American Pie, quem diria!
Cultura inútil: o personagem Sean é irmão mais novo de Patrick, personagem do filme Psicopata Americano. Tanto um como outro nasceram na imaginação do escritor Bret Easton Ellis, autor dos livros que originaram os filmes.
Mas não posso sair simplesmente dizendo verdades sobre esse ou aquele, tenho (e devo) classificar. Pô! Classificar o que???
Leva DUAS ESTRELAS, e olhe lá!...