É curioso ver como O Incrível Hulk se desloca totalmente do MCU, seja do início onde tudo era mato ou atualmente, onde nada é novidade (e na maioria das vezes apenas maçante). De certa forma, acho que isso dá a ele o posto de um dos melhores da franquia, ainda que não seja um grande filme - por pouco não é.
E dificilmente seria feito hoje. A primeira e única vez que um ator (e não o produtor) peitou como seria um filme da Marvel Studios.
Diferente de muita gente, eu gosto bastante do Hulk/Banner de Mark Ruffalo, assim como me diverti muito vendo a série da Mulher-Hulk (e também rindo dos nerdolas espumando pelo fato dela simplesmente existir). Mas a encarnação perfeita de ambos os personagens (o doutor, o monstro) ainda pertence a Edward Norton. E dificilmente vai ser superada.
Bem basicão. Mas vale pelos depoimentos pessoais de quem o conhecia mais proximamente e de músicos da época que o admiravam, como Eric Clapton e Pete Townshend, ou que deram uma oportunidade antes do estrelato, como Little Richard (Hendrix foi guitarrista da banda de Richard em suas apresentações).
O filme ganharia mais pontos se não fosse esse sentimentalismo típico dos filmes hollywoodianos dos anos 90, com aquela trilha sonora chorosa. Algo que ao meu ver envelheceu super mal.
As cenas do clímax com a Jodie Foster seriam excelentes se não fosse isso.
É o tipo de coisa que só Steven Spielberg sabe usar na dose certa - e Zemeckis, um dos seus vários protegidos, só faz exagerar no açúcar. Nada surpreendente vindo de quem fez Forrest Gump.
Um Paul Thomas Anderson muito seguro aqui, mas mais preocupado em impressionar e mostrar que sabe fazer um filme excelente, entretanto, sem soar autêntico. Vemos elementos bem explícitos de Scorsese e Altman. Não necessariamente algo ruim, até porque o filme é uma obra-prima. Mas temos que assumir: todos os filmes que ele fez entre 2002 e 2021 são trabalhos mais autorais, sem necessariamente tentar soar como outro diretor (ok, Sangue Negro lembra Kubrick e Tarkovsky em várias cenas, mas perceba como as referências são mais sutis neste caso). Não apenas autorais, como a maior parte dos filmes desse período também são melhores - incluindo o subestimado Embriagado de Amor.
Mas como falei antes, ainda que imperfeito, Magnólia é uma obra-prima (e obras-primas não precisam ser perfeitas). Um dos 10 melhores filmes daquele ano especial que foi 1999.
Outro grande mérito do diretor e saber tirar leite de pedra de seu elenco. Principalmente Tom Cruise, que entrega a performance da sua vida.
Parece um quadro do Pollock. E eu nunca gostei de suas pinturas.
Não que o filme seja exatamente ruim. Mas aquela poluição visual me incomodou bastante. Funcionou no primeiro filme. No segundo já fica desgastado, com excessos, inchado. E ainda vem o terceiro...
Não é o máximo quando filmes de hq se parecem com uma hq de fato e não uma tentativa de algo "sério, sombrio e realista"? Não? Então tá...
The Flash já nasceu como o filme de super-herói mais subestimado de todos (ou pelo menos do finado DCEU). É divertido pra caralho.
E nada me preparava para "aquela" participação inesperada. Sem dúvidas, o melhor fanservice já feito. Bom, pelo menos para alguém (eu) que gosta da obra que originou essa participação. Saber rir de si mesmo é uma dádiva pra poucos.
Num mundo justo, seria considerado o melhor filme sobre multiverso.
A melhor coisa do piloto foram os créditos finais com "Darling Nikki" (do Prince - que é citado em um diálogo entre os protagonistas) tocando ao fundo. O resto é resto. Num geral, me lembrou o vazio estético de Demônio de Neon - ainda que o filme seja muito bom, diferente desse primeiro episódio.
Vez ou outra fico convencido de ser esse o melhor filme de Glauber Rocha.
Revendo o filme no MUBI numa cópia restaurada - antes tarde que nunca - , essa afirmação fica mais precisa.
Falando em restauração: as cores desse filme são as mais bonitas do cinema nacional, ao lado de Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade. Consegue transparecer toda aquela ideia de país tropical que o Brasil possui.
Cinema nacional (da era pré-Collor, principalmente) tem um colorido muito bonito, inclusive.
Um filme extremamente comum, com uma fotografia igualmente apenas ok.
Tenho a impressão que a Academia nos anos 90 se impressionava muito fácil com certos indicados, premiando filmes de qualidade suspeita.
Nunca que a fotografia desse filme é melhor que a d'Os Imperdoáveis - de longe a melhor entre os indicados. Isso só atesta uma coisa óbvia sobre a maioria dos vencedores: ganhar um Oscar não quer dizer nada. E o valor de ter um Oscar dura pouco.
O título genérico infelizmente afasta os desavisados. Mas não se engane: o filme é uma pequena obra prima sobre a adolescência, sobre crescer e amadurecer, sobre se machucar por amar e não ser amado, sobre essa ponte dolorida que é a mudança da fase da juventude para a adulta.
Em meio a tantos filmes genéricos e rasos sobre adolescentes, Greg Mottola entrega sensibilidade e poesia, evita soluções fáceis e estereótipos, fazendo de Adventureland um dos melhores coming of age dos últimos anos - senão o melhor.
John Hughes teria muito orgulho dele.
E Deus: perdoe quem acha Kristen Stewart uma atriz limitada.
É impressionante ver como Godard amadureceu como cineasta em tão pouco tempo - do seu primeiro longa, Acossado, lançado em 1960 até O Desprezo foram apenas 3 anos de distância (nesse período já tinha dirigido 5 longas - 7 se contarmos os longas feitos em coletivo com outros diretores).
Um filme extremamente seguro, conduzido por alguém que já parecia ter anos e anos de carreira. Sua experiência como crítico na Cahiers Du Cinema certamente foi um aprendizado, pois o próprio se dizia um cineasta enquanto escrevia sobre filmes e fez questão de permanecer crítico quando começou a fazer filmes. Filmava para escrever e escrevia para filmar.
Conseguiu nesse meio tempo o que diretores formados em cinema nunca conseguiram em décadas de experiência: mudar a história da sétima arte e entregar algumas obras primas em um período curto de tempo.
Godard foi um dos artistas que criou a década de 1960.
Não me lembro de ver algum personagem tão apaixonado pelo cinema como o protagonista deste filme, por sinal o melhor da década de 1990. Ainda que eu jamais cometeria o que Hossain Sabzian fez, consigo sentir o amor que ele sente pela sétima arte, a ponto de, talvez, compreender seu ato. Cinema, quando bem feito, mexe com a gente de um jeito que meu Deus...
Quando o protagonista finalmente consegue o que queria, é impossível não chorar junto com ele. Se nós aqui como expectadores nos emocionamos com o que vemos em tela (seja lá o filme que for), imagina a sensação de ver cara-a-cara alguém que é responsável por dar sentido a própria vida. É praticamente divino isso.
"Cada vez que me sinto triste na prisão eu penso no verso do Corão que diz: 'Diz o nome de Alá e teu coração será confortado', mas não sinto conforto nenhum. Sempre que estou deprimido ou transtornado, sinto o desejo de gritar ao mundo a angústia da minha alma, os tormentos que passei, todas as minhas tristezas - mas ninguém as quer ouvir."
Muitos buscam conforto e paz com si mesmo na Bíblia, na fé, etc, o credo que for. Para alguns, como o personagem deste filme, talvez Truffaut, talvez Tarantino, entre outros cineastas e certamente eu, o cinema me dá essa "resposta" para o que procuro/procuramos, digamos assim. Chega a ser terapêutico. Não há remédio melhor.
Poucas obras-primas conseguem esse feito. Close-Up é uma delas. Um filme sobre a farsa e sobre o amor pela farsa - aqui, no caso, representação e ficção.
E nunca um título foi tão certeiro quanto esse. Os melhores closes do cinema estão aqui.
Stanley Kubrick, em seu último (e melhor) trabalho, brinca de verdade e consequência sobre as responsabilidades em se manter um casamento firme, mesmo com todas as incertezas, inseguranças e traumas que esse compromisso para a vida possa trazer em uma relação conjugal.
Não apenas é disso que o filme trata, claro, mas também sobre aparências. Kubrick pagou um preço alto por mostrar uma suposta verdade que a alta sociedade omite dos reles mortais (alguns teóricos da conspiração dizem que pagou com a própria vida). De Olhos bem Fechados é um filme sobre o ato de mentir. E omitir. Contrariando o título, ele abre nossos olhos. Ironia pura. Afinal, a mentira é o cimento que ergue a sociedade, não?
Mas se tem alguma beleza nisso é que o diretor realizou o melhor canto do cisne da sétima arte, uma obra-prima incompreendida em seu lançamento e que, mesmo 20 anos depois, ainda tem certa resistência de um público que provavelmente esperava o óbvio - algo que ele nunca foi.
Um dos 5 melhores filmes da década de 1990. O melhor filme de um diretor genioso e genial. O melhor filme de 1999. O melhor filme natalino. O melhor filme sobre casamento - e também sobre tentar mantê-lo firme. Ou...
Muitos exaltam a vibe retrô/vintage do cinema de Wes Anderson, como se seus filmes pertencessem à uma época distante do cinema contemporâneo.
Mas acho que ninguém emula melhor um período clássico (no caso, o cinema da Nova Hollywood dos anos 70) como James Gray. Depois dele, acho que só Paul Thomas Anderson, Kleber Mendonça Filho e Tarantino chegam nesse nível de realizar um cinema mais saudosista no século 21.
Seus filmes urbanos, crus e com os pés no chão são obras (primas) modernas, mas podem facilmente serem colocadas lado a lado de chavões do período citado acima, como Operação França, Um dia de Cão ou Serpico.
Os Donos da Noite talvez seja seu trabalho mais emblemático nessa relação. Soa como um filme policial dos anos 2000, mas sem escorregar nos clichês batidos do gênero. Afinal, é dirigido por um cineasta autoral, um artesão, que faz cinema à moda antiga - mas também não abre mão das facilidades que a tecnologia oferece quando precisa: toda aquela chuva na cena da perseguição foi inserida digitalmente na pós-produção.
Falando na perseguição, periga ser a melhor sequência do tipo dos últimos, sei lá, 50 anos.
Se o mundo realmente fosse um lugar justo e notas do IMDB e porcentagem do Rotten fossem de fato relevantes, esse filme e outros da filmografia do diretor seriam melhor avaliados e ninguém daria bola pra diretores que não merecem a audiência que possuem (não preciso citar nomes, mas alguns deles fazem filmes "realistas e sombrios" e pensam que estão salvando o cinema - do quê eu não sei).
Aliás: James Gray é o melhor cineasta dos Estados Unidos que surgiu nos últimos 30 anos.
Os melhores são sempre os mais subestimados. O tempo há de consertar isso.
O Incrível Hulk
3.1 880 Assista AgoraÉ curioso ver como O Incrível Hulk se desloca totalmente do MCU, seja do início onde tudo era mato ou atualmente, onde nada é novidade (e na maioria das vezes apenas maçante). De certa forma, acho que isso dá a ele o posto de um dos melhores da franquia, ainda que não seja um grande filme - por pouco não é.
E dificilmente seria feito hoje. A primeira e única vez que um ator (e não o produtor) peitou como seria um filme da Marvel Studios.
Diferente de muita gente, eu gosto bastante do Hulk/Banner de Mark Ruffalo, assim como me diverti muito vendo a série da Mulher-Hulk (e também rindo dos nerdolas espumando pelo fato dela simplesmente existir). Mas a encarnação perfeita de ambos os personagens (o doutor, o monstro) ainda pertence a Edward Norton.
E dificilmente vai ser superada.
Jimi Hendrix
4.3 13 Assista AgoraBem basicão. Mas vale pelos depoimentos pessoais de quem o conhecia mais proximamente e de músicos da época que o admiravam, como Eric Clapton e Pete Townshend, ou que deram uma oportunidade antes do estrelato, como Little Richard (Hendrix foi guitarrista da banda de Richard em suas apresentações).
Contato
4.1 804 Assista AgoraO filme ganharia mais pontos se não fosse esse sentimentalismo típico dos filmes hollywoodianos dos anos 90, com aquela trilha sonora chorosa. Algo que ao meu ver envelheceu super mal.
As cenas do clímax com a Jodie Foster seriam excelentes se não fosse isso.
É o tipo de coisa que só Steven Spielberg sabe usar na dose certa - e Zemeckis, um dos seus vários protegidos, só faz exagerar no açúcar. Nada surpreendente vindo de quem fez Forrest Gump.
Magnólia
4.1 1,3K Assista AgoraUm Paul Thomas Anderson muito seguro aqui, mas mais preocupado em impressionar e mostrar que sabe fazer um filme excelente, entretanto, sem soar autêntico. Vemos elementos bem explícitos de Scorsese e Altman. Não necessariamente algo ruim, até porque o filme é uma obra-prima. Mas temos que assumir: todos os filmes que ele fez entre 2002 e 2021 são trabalhos mais autorais, sem necessariamente tentar soar como outro diretor (ok, Sangue Negro lembra Kubrick e Tarkovsky em várias cenas, mas perceba como as referências são mais sutis neste caso). Não apenas autorais, como a maior parte dos filmes desse período também são melhores - incluindo o subestimado Embriagado de Amor.
Mas como falei antes, ainda que imperfeito, Magnólia é uma obra-prima (e obras-primas não precisam ser perfeitas). Um dos 10 melhores filmes daquele ano especial que foi 1999.
Outro grande mérito do diretor e saber tirar leite de pedra de seu elenco. Principalmente Tom Cruise, que entrega a performance da sua vida.
Homem-Aranha: Através do Aranhaverso
4.3 527 Assista AgoraParece um quadro do Pollock. E eu nunca gostei de suas pinturas.
Não que o filme seja exatamente ruim. Mas aquela poluição visual me incomodou bastante. Funcionou no primeiro filme. No segundo já fica desgastado, com excessos, inchado. E ainda vem o terceiro...
The Flash
3.1 754 Assista AgoraNão é o máximo quando filmes de hq se parecem com uma hq de fato e não uma tentativa de algo "sério, sombrio e realista"?
Não? Então tá...
The Flash já nasceu como o filme de super-herói mais subestimado de todos (ou pelo menos do finado DCEU). É divertido pra caralho.
E nada me preparava para "aquela" participação inesperada. Sem dúvidas, o melhor fanservice já feito. Bom, pelo menos para alguém (eu) que gosta da obra que originou essa participação.
Saber rir de si mesmo é uma dádiva pra poucos.
Num mundo justo, seria considerado o melhor filme sobre multiverso.
Chão
4.2 27Infeliz quem chama sem-terra de vagabundo. Não dá pra entender.
The Idol (1ª Temporada)
1.7 147 Assista AgoraA melhor coisa do piloto foram os créditos finais com "Darling Nikki" (do Prince - que é citado em um diálogo entre os protagonistas) tocando ao fundo. O resto é resto. Num geral, me lembrou o vazio estético de Demônio de Neon - ainda que o filme seja muito bom, diferente desse primeiro episódio.
A Idade da Terra
3.6 52 Assista AgoraVez ou outra fico convencido de ser esse o melhor filme de Glauber Rocha.
Revendo o filme no MUBI numa cópia restaurada - antes tarde que nunca - , essa afirmação fica mais precisa.
Falando em restauração: as cores desse filme são as mais bonitas do cinema nacional, ao lado de Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade. Consegue transparecer toda aquela ideia de país tropical que o Brasil possui.
Cinema nacional (da era pré-Collor, principalmente) tem um colorido muito bonito, inclusive.
O Festival do Amor
3.3 45 Assista AgoraUm típico filme "mais do mesmo" dessa safra europeia/cartão-postal do Woody Allen.
Mas como tenho um fraco por filmes sobre cinema/metalinguagem, acabo tendo um apreço especial.
Seu melhor trabalho desde Roda Gigante.
Nada É Para Sempre
3.6 191 Assista AgoraUm filme extremamente comum, com uma fotografia igualmente apenas ok.
Tenho a impressão que a Academia nos anos 90 se impressionava muito fácil com certos indicados, premiando filmes de qualidade suspeita.
Nunca que a fotografia desse filme é melhor que a d'Os Imperdoáveis - de longe a melhor entre os indicados. Isso só atesta uma coisa óbvia sobre a maioria dos vencedores: ganhar um Oscar não quer dizer nada. E o valor de ter um Oscar dura pouco.
A Espada do Imortal
3.3 90Uma das melhores adaptações de hq dos últimos anos - senão a melhor.
Era Uma Vez em... Hollywood
3.8 2,3K Assista AgoraDescanse em paz, Rick Dalton.
Esse filme honrou seu legado.
Triplo X
2.8 367 Assista AgoraNem pra cinema farofa serve.
Acho que nada protagonizado pelo Vin Diesel, na verdade.
Ilha
4.0 26Uma releitura fictícia de "Close-Up", do Kiarostami, feita em território brasileiro.
Só a cena do beijo grego já vale pelo menos uma estrela.
Pequenos Guerreiros
3.2 520 Assista AgoraMelhor que Toy Story.
Retratos Fantasmas
4.1 233 Assista AgoraO filme que mais quero ver em 2023.
Tem tudo pra ser um dos melhores do ano - senão o melhor.
-
[COMENTÁRIO ATUALIZADO EM 28/08/2023]
Filme visto em 28/08/2023.
De fato é o melhor filme do ano - até agora.
A Árvore da Vida
3.4 3,1K Assista AgoraNota referente à versão estendida, com 3h08 de duração (pra versão original com 2h18 dou meia estrela a mais).
Esse corte estendido é bem cansativo. Um caso raro onde a versão de cinema se mostra superior à uma versão alternativa.
Ainda assim, continua um belo filme.
Férias Frustradas de Verão
3.2 715 Assista AgoraO título genérico infelizmente afasta os desavisados. Mas não se engane: o filme é uma pequena obra prima sobre a adolescência, sobre crescer e amadurecer, sobre se machucar por amar e não ser amado, sobre essa ponte dolorida que é a mudança da fase da juventude para a adulta.
Em meio a tantos filmes genéricos e rasos sobre adolescentes, Greg Mottola entrega sensibilidade e poesia, evita soluções fáceis e estereótipos, fazendo de Adventureland um dos melhores coming of age dos últimos anos - senão o melhor.
John Hughes teria muito orgulho dele.
E Deus: perdoe quem acha Kristen Stewart uma atriz limitada.
O Desprezo
4.0 267É impressionante ver como Godard amadureceu como cineasta em tão pouco tempo - do seu primeiro longa, Acossado, lançado em 1960 até O Desprezo foram apenas 3 anos de distância (nesse período já tinha dirigido 5 longas - 7 se contarmos os longas feitos em coletivo com outros diretores).
Um filme extremamente seguro, conduzido por alguém que já parecia ter anos e anos de carreira. Sua experiência como crítico na Cahiers Du Cinema certamente foi um aprendizado, pois o próprio se dizia um cineasta enquanto escrevia sobre filmes e fez questão de permanecer crítico quando começou a fazer filmes. Filmava para escrever e escrevia para filmar.
Conseguiu nesse meio tempo o que diretores formados em cinema nunca conseguiram em décadas de experiência: mudar a história da sétima arte e entregar algumas obras primas em um período curto de tempo.
Godard foi um dos artistas que criou a década de 1960.
Não é pouca coisa.
Close Up
4.3 117Não me lembro de ver algum personagem tão apaixonado pelo cinema como o protagonista deste filme, por sinal o melhor da década de 1990. Ainda que eu jamais cometeria o que Hossain Sabzian fez, consigo sentir o amor que ele sente pela sétima arte, a ponto de, talvez, compreender seu ato. Cinema, quando bem feito, mexe com a gente de um jeito que meu Deus...
Quando o protagonista finalmente consegue o que queria, é impossível não chorar junto com ele. Se nós aqui como expectadores nos emocionamos com o que vemos em tela (seja lá o filme que for), imagina a sensação de ver cara-a-cara alguém que é responsável por dar sentido a própria vida. É praticamente divino isso.
"Cada vez que me sinto triste na prisão eu penso no verso do Corão que diz: 'Diz o nome de Alá e teu coração será confortado', mas não sinto conforto nenhum. Sempre que estou deprimido ou transtornado, sinto o desejo de gritar ao mundo a angústia da minha alma, os tormentos que passei, todas as minhas tristezas - mas ninguém as quer ouvir."
Muitos buscam conforto e paz com si mesmo na Bíblia, na fé, etc, o credo que for. Para alguns, como o personagem deste filme, talvez Truffaut, talvez Tarantino, entre outros cineastas e certamente eu, o cinema me dá essa "resposta" para o que procuro/procuramos, digamos assim.
Chega a ser terapêutico. Não há remédio melhor.
Poucas obras-primas conseguem esse feito. Close-Up é uma delas.
Um filme sobre a farsa e sobre o amor pela farsa - aqui, no caso, representação e ficção.
E nunca um título foi tão certeiro quanto esse.
Os melhores closes do cinema estão aqui.
De Olhos Bem Fechados
3.9 1,5K Assista AgoraStanley Kubrick, em seu último (e melhor) trabalho, brinca de verdade e consequência sobre as responsabilidades em se manter um casamento firme, mesmo com todas as incertezas, inseguranças e traumas que esse compromisso para a vida possa trazer em uma relação conjugal.
Não apenas é disso que o filme trata, claro, mas também sobre aparências.
Kubrick pagou um preço alto por mostrar uma suposta verdade que a alta sociedade omite dos reles mortais (alguns teóricos da conspiração dizem que pagou com a própria vida). De Olhos bem Fechados é um filme sobre o ato de mentir. E omitir. Contrariando o título, ele abre nossos olhos. Ironia pura.
Afinal, a mentira é o cimento que ergue a sociedade, não?
Mas se tem alguma beleza nisso é que o diretor realizou o melhor canto do cisne da sétima arte, uma obra-prima incompreendida em seu lançamento e que, mesmo 20 anos depois, ainda tem certa resistência de um público que provavelmente esperava o óbvio - algo que ele nunca foi.
Um dos 5 melhores filmes da década de 1990.
O melhor filme de um diretor genioso e genial.
O melhor filme de 1999.
O melhor filme natalino.
O melhor filme sobre casamento - e também sobre tentar mantê-lo firme.
Ou...
O melhor sonho já filmado. Essa é só uma outra interpretação sobre o que pode ser o que assistimos.
Os Donos da Noite
3.5 163 Assista AgoraMuitos exaltam a vibe retrô/vintage do cinema de Wes Anderson, como se seus filmes pertencessem à uma época distante do cinema contemporâneo.
Mas acho que ninguém emula melhor um período clássico (no caso, o cinema da Nova Hollywood dos anos 70) como James Gray. Depois dele, acho que só Paul Thomas Anderson, Kleber Mendonça Filho e Tarantino chegam nesse nível de realizar um cinema mais saudosista no século 21.
Seus filmes urbanos, crus e com os pés no chão são obras (primas) modernas, mas podem facilmente serem colocadas lado a lado de chavões do período citado acima, como Operação França, Um dia de Cão ou Serpico.
Os Donos da Noite talvez seja seu trabalho mais emblemático nessa relação. Soa como um filme policial dos anos 2000, mas sem escorregar nos clichês batidos do gênero. Afinal, é dirigido por um cineasta autoral, um artesão, que faz cinema à moda antiga - mas também não abre mão das facilidades que a tecnologia oferece quando precisa: toda aquela chuva na cena da perseguição foi inserida digitalmente na pós-produção.
Falando na perseguição, periga ser a melhor sequência do tipo dos últimos, sei lá, 50 anos.
Se o mundo realmente fosse um lugar justo e notas do IMDB e porcentagem do Rotten fossem de fato relevantes, esse filme e outros da filmografia do diretor seriam melhor avaliados e ninguém daria bola pra diretores que não merecem a audiência que possuem (não preciso citar nomes, mas alguns deles fazem filmes "realistas e sombrios" e pensam que estão salvando o cinema - do quê eu não sei).
Aliás: James Gray é o melhor cineasta dos Estados Unidos que surgiu nos últimos 30 anos.
Os melhores são sempre os mais subestimados.
O tempo há de consertar isso.
Arábia
4.2 169 Assista AgoraSe não é o melhor filme nacional da década de 2010, certamente entra fácil em um top 5.
Mas talvez seja o melhor mesmo. Méritos não faltam.