Muito bem dirigido, muito bem editado e roteirizado, mas ideologicamente terrível. Por JFK como herói com direito a musiquinha heróica de fundo e o governo americano - aquele mesmo que, inclusive durante o governo kennedy, apoiou ditaduras na america do sul visando a batalha contra os comunistas- como os campeões da liberdade é algo no mínimo mal intencionado. Não que os soviéticos fossem exemplos de meiguice, porém não dá pra ignorar o fato deste filme simplesmente omitir quase que por completo que o motivo da ação russa era uma represália aos mísseis dos EUA na turquia com os mesmos motivos. Resumindo: filme bem feito, mas chapa branca até o talo. Vale ver, mas deixe a inocência na caixa de O Pequeno Príncipe.
Fico constrangido em pensar nos atores filmando cada cena deste lixo. Se o estupro do clássico japonês não fosse suficiente ainda montam um poster picareta pondo nosso amigo "pagando as contas" Hamil numa foto que o indica como herói, sendo que isto é um verdadeiro crime de enganação ao público consumidor. Só se salva a linda vestimenta do herói - mas, desconfio que foi obtida por meio de algum acordo com a produtora japonesa.
Engraçado, nunca vi um filme de tão pouca expressão artística ser tão defendido. Porque é tão difícil enxergar que o fato do filme ser ruim não significa que estão desmerecendo Deus, Jesus ou qualquer religião? Isso me soa a fanatismo. É difícil entender que todos têm direito a pensar diferente e que o que estão defendendo não é Jesus, sua mensagem, mas o produto de uma indústria que faturou mais de 60 milhões com um produto de baixa qualidade que só obteve sucesso graças a sua ignorância ou baixa exigência? Pelo menos me dê um filme memorável, não um descartável. É isso, ser fiel é aceitar o ruim em nome da bandeira que carrega? Não importa o conteúdo desde que fale de Deus? Ser for assim, faz sentido no porque a indústria hoje investe tanto no seu dinheirinho.
Pelo amor de Deus! Já faz muito tempo que não vejo um filme tão preconceituoso em tantas instâncias diferentes. Comunistas, mulçumanos, ateus, professores de filosofia, cientistas, ningum escapa. Onde está a beleza da mensagem do generoso criador? Pois, o que este filme passa é intolerância, vingança divina, a benevolência passa longe. É como se o tempo o padre ou pastor fizesse o ritual de conversão do espectador com uma arma apontada para nossas cabeças.Deplorável ver que ainda têm gente que vê beleza em um filme que não tenta cristianizar mostrando os méritos de ser cristão, mas a feiúra em não acreditar em "dels", pois não acreditar, como é proposto, é ser mal ou rancoroso. Pois, eu digo: Depois de ver esse filme questiono muito mais a existência de Deus. "dels" certamente não.
O filme original de 1954: um filme de monstro que eleva o subgênero dominado pelo King Kong a uma pesada crítica social sobre os ataques americanos ao Japão, o uso da bomba atômica e a irresponsabilidade da comunidade científica frente ao domínio da natureza que pouco conhece. O filme apesar de um marco na história do cinema, nunca foi tratado como tal e é visto com preconceito. Se isto não fosse problema suficiente, os americanos já utilizando do material original lançaram ainda nos anos cinquenta, uma versão reeditada com cenas e trama alteradas do filme pondo a si próprio como heróis. No japão o filme ganha sequências que tiram a carga de criatura maléfica do Gojira, consequentemente também a carga maléfica da ação dos EUA. O filme de 2008 segue a linha dos filmes de catástrofe e fixa mais nos efeitos especiais que no drama atômico do filme original. Contudo, observo uma espécie de reversão ideológica no enredo quando vejo que não só o problema acontece com os americanos como vítimas como também são os militares franceses que o prvocam. Entretando, o filme que lançaram este ano de 2014 pareceu-me ainda pior neste sentido que o besteirol de ação de 98. Este claro remake faz do militar americano um herói vitimizado pela guerra - e escancara isto numa cena de salvação infantil clichê que é análoga a um problema provindo da natureza que tanto fez mal aos japoneses recentemente. Se não fosse suficiente, subverte o antigo problema científico ligado a guerra e dominação um problema ecológico. O antigo monstro vilão vira herói -.seguindo a pior escolha feita pelos produtores japoneses nas sequências da franquia - e o filme se fantasia de blockbuster respeitoso para transmitir a ideologia de quem anteriormente era criticado pela obra que deu origem a tudo isso: a obra-prima, Gojira de 1954. Como filme: até divertido, mas ideologicamente perigoso, deturpado.
Se há uma verdade sobre esse documentário é que bom ou ruim, bem ou mal produzido, editado, dirigido, bem ou mal intencionado, inocente ou não, ele não passa despercebido. Só por isso já entra para histria não só do cinema ou dos direitos dos animais, mas fixa-se como grande narrador dos percalços daquilo que se chama vida.
Todos já falaram bem dos acertos do filme, do clima melancólico, do retrato minucioso dos efeitos da bomba. Porém, ideologicamente acho um tanto carregado de americanismos. Não é atoa que foi produzido sobre encomenda como estratégia de apoio ao governo Regan e sua proposta armamentista. Em momento algum o filme assume alguma culpa dos americanos seja por hiroshima, seja por não conduzir ao pacifismo como solução, mas simplesmente causar temor e servir em favor de mais armamento.
Não é uma obra-prima e como era de se esperar depende muito de você ter visto a produção que originou esse "extra de DVD". Porém ele não é só um complemento dispensável de "Cabra Marcado para Morrer". Ele serve para mostrar-nos, ainda mais, que essas pessoas são realmente pessoas. São de carne e osso com suas falhas, desvios de caráter, ingenuidade, mas também com sutis toques de genialidade. Ao proferir sua análise da própria vida - e da perda da expectativa que é gerada ao atingirmos na vida a aquilo que está na mente - por meio de uma analogia com o cinema, uma das "personagens" quebra a barreira entre nós espectadores e a tela. Diria mais: Sua ação serve de analogia com a própria obra de Eduardo Coutinho e sua incessante busca pela fantasia que se encontra escondida atrás de tudo que não é fantástico, afinal ele próprio declarava que cinema é tornar o "nada" alguma coisa. Coutinho - ou "Coitinho", como é chamado por muitos dos atores de sua antologia - é aquele que faz a mesma transição que a personagem genial. É aquele que usa do cinema como veículo. Que usa da imaginação para mostrar não a vida "como ela é", pois essa sempre nos parece desinteressante com seu suor e lágrimas sem trilha, iluminação, montagem, edição. Ele nos presenteava com a vida "como ela deveria ser". Mas, isso não se dá de forma a nos iludir e carregar-nos a um lugar de ignorância e dor, mas um lugar que traduz porque podemos confiar nele. É como uma mãe que nos ensina e nos guia sempre pelo caminho do bem, por um caminho de que não é possível duvidar, pois é indubitável o seu amor e os seus acertos. Ou será que não? Ou será que a dona Elizabeth de "Cabra marcado para Morrer" agora não é mais a heroína desta his... desta estória? Acho que ela é só humana, acho que pessoas são só pessoas, política é sempre política e governos são só governos. Porém, os filmes de Eduardo Coutinho não são só filmes, mas também não são a vida. Então, sou inclinado a dizer que pelo menos enquanto me desligo do meu próprio mundo para encontrar com aquilo que está na tela, a vida simulada - aquela que é sempre mais emocionante - é, sim, maior que a própria vida.
Complementado: Diria eu que a maior perda da versão do longa em relação a série está na exploração da figura do Otaku e suas características. Não se trata somente do caso da série ter mais tempo para fazer isso ao meu ver. Aqui, no entanto, optam por tratar mais de timidez do que os problemas decorrentes em ser muito fã de algo - ou uma pessoa doente se for o caso. Contudo repito: Ainda assim é um bom filme.
As minhas opiniões são as de alguém que ama e até se sente um pouco órfão da versão desta história apresentada na série de TV. Digo que gostei muito deste filme. Ele é sim muito diferente e até perde um pouco no quesito carisma em relação a alguns personagens da outra versão (Hermes principalmente), mas é também uma alternativa mais sóbria. Acaba por isso fugindo do característico estilo cartunesco dos doramas de uma forma geral. No entanto, também não dá pra dizer que este seja um filme que se livra por completo dessas "coisinhas" do estilo. Na verdade elas acabam sendo um tanto incômodas e inconsistentes, visto que apesar de tentar tomar uma postura mais "séria", por vezes o filme parece um tanto perdido em que caminho escolher, se o do cartunesco ou do robusto drama romântico, porém nada que comprometa por completo a experiência. O filme acaba por ser um interessante complemento que vale para fãs, mas também para quem não conhece a série ou não costuma ver coisas do gênero. Na verdade quem viu a série sabe da sábia decisão de usa-lo como algo real, presente e complementar ao mundo do dorama e só por isso já vale a olhada.
Documentário sobre o uso de esteroides que vai além da cartilha básica repassada pela mídia, pelos moralistas ignorantes de plantão e por pais desenformados, porém mais que isso. Este é um corajoso e grandioso retrato dos Estados Unidos e da busca da perfeição - não muito distante da realidade aqui no Brasil também. É interessante notar o quão somos - brasileiros e americanos - manipulados pelos governos e meios de comunicação e vivemos nossas vidas saciados pela ignorância e hipocrisia que gira em torno de uma competitividade estimulada por empresários que não dão a mínima para o ser humano por trás do cartão do crédito e de políticos que pouco sabem ou se importam sobre ética e direitos humanos, mas mesmo assim citam tais termos em prol de uma cadeira no parlamento, senado e afins. Veja ídolos serem exterminados e porque ninguém é tão herói assim. Conheça os efeitos colaterais de ser americano, mas não esqueça que ser brasileiro também é ser americano.
"Walt nos bastidores de Mary Poppins" é verdadeiramente agradável. A trilha é boa e funcional - apesar de não achar que seja suficiente para ganhar o Oscar deste ano na categoria, pois temos concorrentes melhores neste quesito como "Gravidade". Atuações competentes por parte de Emma Thompson, como já era esperado. De forma geral, o filme funciona porque entrega o que promete: um drama biográfico sobre os bastidores de um musical clássico. Nisto, destaco como ponto forte da trama a relação entre autor e criatura e como tudo que elas criam acaba inevitavelmente refletindo suas próprias experiencias de vida. Contudo, ele não é perfeito. O maior problema deste filme é, talvez, "fantasiar" um pouco demais em relação ao homem Walt Disney - como não podia deixar de ser, pois é um filme produzido pela casa do Mickey. É verdade que Disney é um dos maiores nomes da história do cinema, da animação, do marketing, do entretenimento em geral. Porém, é verdade também que a Disney não se diferenciava - e não se diferencia - de qualquer grande empresa em um país capitalista. Walt queria sim trazer acalanto e fantasia para nossos lares, acredito, mas também queria fazer dinheiro. Tanto que no decorrer da história da empresa ocorreram greves entre animadores, roteiristas e demais cargos em função de uma reconhecida exploração do trabalho. Logo, esta historinha de entregador de jornais na neve não deu pra engolir muito bem. Tenho apreço pelo mundo que este homem criou, pelo produto que entregou, mas é preciso também que sejamos realistas como Pamela Travers era. Até porque a redenção do seu personagem parece representar mais uma tentativa de lavar roupa do suja do homem que criou a Dineylandia do que uma forma de mostrar que Pamela tinha um coração jovial. Na verdade fico até tentado a preferir a "Pamela Poppins pé no chão" do inicio do filme. Ela pelo menos sabe que a mão que move os pinguins dançarinos pode pertencer a um bom mago, mas esse mago as vezes também consegue ser bruxa.
"E daí que se parece com Scarface?" - me perguntava enquanto degustava admirada outro bom filme do Scorsese. Realmente, a corrida pelo Oscar deste ano está com uma linha de frente muito interessante - sobretudo quanto equiparada com os irregulares últimos anos, ao menos no que se refere aos concorrentes da linha de frente. Porém, pelo mesmo fato, acredito, as pessoas tem sustentado seus filmes prediletos como verdadeiras torcidas de futebol e olhado com uma rivalidade que me parece acima do cinefilamente saudável. "O Lobo de Wall Street" por certo não é um filme que irá figurar em todas as listas de maiores filmes da história do cinema - não na minha por exemplo - mas, é inegável que é, sim, um bom filme e digo mais: muito acima da média, sobretudo ao que é convencionalmente posto em cartaz e destaque. Na verdade não o acho sequer o melhor dos concorrentes a estatueta de melhor filme entre os que vi até agora - "Ela", "12 anos de Escravidão", "Trapaça", "Clube de compras: Dallas", "Gravidade" e Capitão Philips " além dele próprio. Contudo, o julgamento feito baseado na referência ao maior filme de gângster já feito - já feito pelo De Palma, seu cinéfilo esquentadinho fã dos Corleone - ou até a falta de originalidade pelo mesmo motivo não só me parece injusta, visto que todo filme com exceção, talvez, a uma dúzia de filmes dos Lumière, faz referência a outros filmes ou a qualquer outra coisa. Fora isso cabe perguntar: Será mesmo um grande problema fazer referência a algo bom? Ao que parece não é por ser um filme onde a referência é mal feita, mal colocada, mas simplesmente por uma busca por originalidade que excede a sobriedade pra ganhar o exagero de torcedores de times opostos. Com isso, digo que a mim mais parece que a rejeição ao "amigo lobo" tem mais haver com a adoção de outros filmes concorrentes a premiações que pela qualidade do canino em si. Concluo dizendo a você, amigo cinéfilo, que faça suas escolhas conforme mais lhe agrade. Torça pro filme que mais gostar. Eu também tenho minhas preferências, mas sem medo, digo que prefiro ver muitos filmes agradáveis como este que me contentar a um único em nome de uma competição cuja qual minha opinião não está sendo levada em conta.
A ficção científica está salva. Isso mesmo. O gênero que certamente está entre os que mais sofrem por mal adaptações no cinema tem aqui mais que um respiro de alívio - leia minha crítica do filme "Lunar" para uma melhor compreensão destes pontos. Ela é inteligente, cativante, divertido e complexo sem ser maçante ou incompreensível. Porém, ele só atende a todas essas nuances porque é também muito atual, muito real. Na tradição de grandes filmes do gênero, ele não se prende a simplesmente prever futuros aparatos tecnológicos, mas sim discutir as nuances da vida no presente. Ele eleva o discurso de filmes como "2001: Uma Odisseia no espaço" e "Blade Runner" a questionamentos mais próximos dos nossos dias - ou seja, não repete os dilemas da sociedade dos anos 60 e 80 como os filmes citados. Afinal, quem nesta geração não teve algum interesse, romântico ou não, que dependia do virtual ou mais: era puramente virtual? Joaquin Phoenix, Scarlett Johansson, Amy Adams e Chris Pratt - da minha amada série Everwood - encabeçam o filme na trama escrita e dirigida pelo senhor Spike Jonze - moço que tem meu eterno obrigado por "Onde vivem os monstros" entre outras coisas - e servem ao propósito do filme de nos fazer refletir o que está na tela e fora dela com maestria. Tudo funciona muito bem. Por isso mesmo não pude deixar de comparar este filme com o seu concorrente no Oscar 2014: "Gravidade" - leia minha crítica. Mas, porque citei "Gravidade" aqui? Justamente porque os seus erros consequentemente acabam por evidenciar-nos os acertos de "Ela". Jonze acerta porque conduz-nos com mais sobriedade que Cuarón. Porque nos dá tempo para degustar a história sem fazer-nos perder o interesse, sem tirar nossos pés do mundo que criara e do compartilhamento dele com os personagens da trama a fim de jogar objetos na nossa cara em virtude de um espetáculo em IMAX que acaba por dizer "sim, isso é um filme e eu estou tentando entretê-lo". Não digo isso porque sou contra um bom blockbuster, mas porque considero que diferente de Cuarón, Jonze tomou melhores decisões na sua construção que tornou a reprodução da sua obra mais fluida apesar de dividir enormes pretensões com seu colega de profissão. Pretensões, ao meu ver, que foram somente por ele alcançadas. "Ela" impressiona porque faz jus não só a ficção científica ou mesmo a história do cinema, mas por ser uma obra que demostra a nossa capacidade como seres humanos de discutir a si próprio. Neste caso, também a capacidade de discutir a capacidade de discutir a si próprio. É isto que nos define e difere dos outros animais. Será? Será que por muito tempo?
- falo da cena em que o "fantasma" de Elise levanta e interage com Didler -
, mas vamos deixar isso por último. "Alabama Monroe" é verdadeiramente uma das grandes surpresas que tive este ano. E sem dúvida um filme intrigante e instigante. A escolha pela pelo elenco, - acentuo o par romântico, mas também a doçura necessária da garotinha filha do casal - a maravilhosa trilha sonora de country de alta classe que se mistura com a trama vêm pra saudar-nos como alguns dos pontos mais altos do filme. Aliais a trilha é realmente pertinente e propositada. O personagem Didier é um ateu apaixonado pela cultura e música americana tradicional - geralmente associada ao homem branco protestante. Enquanto isso, Elise gosta de rock, de Elvis - o garoto que começou a carreira cantando gospel, até tornar-se ícone do rock and roll para finalmente terminar voltando-se ao gospel, o louvor ao divino, novamente. Esta dualidade acentuada pela música concorre espaço com a própria trama, com os diálogos que transmitem os temas: compreensão da vida, da morte, do nascimento e do fim, da possibilidade do pós-vida. Tudo parece se encaixar muito bem na não linearidade de um roteiro cheio de surpresas, reviravoltas. No entanto vejo problemas nele sim. Agora voltamos para onde começamos. Porque digo que o problema deste filme esta em tomar partido? Bom, enquanto o filme deixa pairar certas dúvidas no ar, ele nos permite pensar por si e escolher nossas crenças, porém quando o roteiro e direção de Felix van Groeningen resolvem expor suas opiniões, ele nos priva de escolher um final pra si e, sim, ficar com o dele - que ele considera MELHOR, julgo. Isto tira nosso direito, enquanto expectadores, de pensarmos por si próprio e força-nos a tomar a posição de conformidade com o que nos foi entregue - uma das reclamações do Didler quanto as religiões. O filme acaba por nos dizer com este final que nosso querido tocador de banjo é que estava sendo egoísta, cego pela suas próprias crenças errôneas e ilusórias. Tanto que suas decepções políticas trazem a tona a verdade sobre aquilo que admira e vê como algo tão lúdico - e que contraditoriamente é tratado por ele de maneira quase religiosa. Porém, com isso "Alabama Monroe" torna-se também uma tese sobre como um lado está errado por não ter motivos a descrença, enquanto o outro lado que não parece ter muitos motivos para crença está certo.
Torci pra que não acabasse. Isso mesmo. Mal chegou na metade de sua duração e eis que me pego torcendo pra que esta história não tivesse um fim. Acabo de ver, sim, o melhor filme que vi este ano ou talvez, simplesmente, o melhor filme deste ano. Mas, não só isso. Acabo de ver um dos melhores filmes que já vi em minha vida. Matthew McConaughey mostrou pra mim e pra qualquer outro que pode estar entre os melhores de sua geração. Jared Leto supera sua já indiscutível grande performance em "O Assassinato de John Lennon" e o faz com folga pra dizer o mínimo dos mínimos. Jennifer Garner só aumenta a paixão que já sentia por ela. Não sei se é possível uma mulher ter mais doçura que isso. Agora cabe perguntar: O segredo do sucesso de "Dallas" - já me sinto íntimo, por isso chamo apenas pelo primeiro nome - vem das atuações? Sim. Mas, não apenas isso. O sucesso de Dallas vem do grande roteiro, da grande história no qual foi inspirado? Sim, mas não só. Então vem de uma excelente direção do senhor Jean-Marc Vallée? Não somente. Vem da edição e montagem? Também. Vem dos temas que trata como preconceito, amor e aceitação, além de política, denúncia, clandestinidade? Claro que sim, mas muito mais. Este filme tem uma alma própria. Esta característica é particular as grandes obras, aos grandes artistas. O que diferencia estes é algo que vai além de todo o aparato técnico. O poder de não apenas tentar reproduzir a vida, mas realmente fazer o expectador, o agraciado, viver aquilo que está na tela junto dos personagens que deixam de ser simples personagens para se tonar apenas "pessoas". É quando a arte penetra tão forte em nossos corações e mentes que ela deixa de ser arte pra ser apenas "você". Inseparável de quem você é, porque agora isto faz parte do que és, afinal o homem é fruto de suas experiências e digo com esta mesma certeza que "Dallas" é um filme que não está aí pra ser só mais um filme, só mais uma ferramenta pra passar o tempo. Ele está aí pra completar-lhe. E diria eu: Torna-lhe alguém melhor. Agora percebo outra grata surpresa. Ele realmente não teve fim. Estará sempre comigo, pois ele sou eu também.
Este não é um novo "2001". Sem dúvida "Gravidade" é um filme que não será facilmente esquecido. Ele é um filme que impressiona. É tecnicamente impecável. O som, os efeitos funcionam por que alcançam tamanha fluidez que nos fazem, enquanto espertadores, sentir-se, realmente, flutuando no vazio do espaço. Por isso mesmo é um filme angustiante quando tem que ser, quando quer ser. Bullock e Clooney cumprem o que lhes é requerido e não só não comprometem a trama, como traduzem nas atuações aquilo que o filme quer passar. Mas, então por que não dar a nota máxima para ele? Bom, ele é sim memorável, mas apesar de ter tudo que é nos oferecido em termos de técnica e até ter um roteiro bem construído, bem amarrado, ele peca, em minha concepção, em tentar fazer - como em "2001" - de um drama/suspense, algo filosófico e contemplativo. Algo além de uma grande experiência audiovisual, mas uma experiência mental, comportamental. Se, inicialmente o tema "solidão" deixa-nos grudados na cadeira e nos faz tomar o lado de "Sandrinha astronauta trapalhona", aos poucos isto parece ser um pouco excessivo e desfuncional, dado que filmes que seguem essa linha - como o caso Kubrickiano - tem tempo, foco maior neste interesse, dando suporte suficiente a fazer o público pensar. "Gravidade" parece hora querer agradar-nos com imagem e ação, hora querer nos fazer refletir sobre coisas como origem, sobre vida. Isto não é por si só um problema, porém ele o faz de maneira um tanto desnivelada e ligeiramente artificial. A toda hora parece que quando ele começa a virar "Lunar" alguém vestindo os óculos 3D grita do fundo da sala "Armagedon, mais Armagedon". Não é um filme ruim - se você achou que quis dizer isso em algum momento desta crítica ou você não entendeu ou está sendo um pouco tendencioso e extremista. Porém, não é aquilo que muitos estão falando. Digo agora para vocês: Ele não é um obra-prima. Mas, valerá cada centavo do seu bolso investido nele enquanto experiência sensorial. Resumindo: Sim, compre todos os boxes e bonequinhos, mas não diga que o mundo do cinema foi finalmente salvo pela gatinha do "Velocidade Máxima". Pelo menos não dessa vez.
Como a grande maioria dos brasileiros na mesma faixa etária que eu, já fui um fã de Fórmula 1 por conta do grande Aírton Senna. Na verdade, acredito, que por esse mesmo motivo já ouvi, sim, os nomes Niki Lauda e James Hunt. Mas, fora
não ouvi mais muita coisa. Este filme me trouxe parte da emoção que era torcer durante as corridas. Por sinal, ele é provavelmente um dos maiores já feitos sobre o gênero. Ao menos de forma ficcional - não o culpo, pois é certamente impossível concorrer com a realidade, por isso os documentários sempre saem na frente dos filmes biográficos. "Senna", a exemplo, ultrapassa em muito este filme. "Rush" fez valer cada minuto. Havia tempo que não via um filme que me prendesse na poltrona do início ao fim, sem pausas, mesmo pra ir ao banheiro. Isto deixa claro o quão bem ele media a diversão e o drama. Contudo, mesmo não havendo em primeiro momento nenhum grande defeito visível a mim, não pude deixar de notar que parece-me faltar algo no que se refere a satisfação enquanto expectador deste filme. Talvez o filme seja bom o suficiente para fazer-me querer ainda mais dele. Não sei. Porém, sinto que o mal retrospecto com filmes de corrida - os ficcionais, repito - foi finalmente quebrado. Acredito que temos a chance de finalmente haverem mais representantes deste tipo de história. Até superiores. Um grande começo. Uma grande largada.
Será que gostei desse filme do Kevin Smith? Será que este é um filme do Kevin Smith? Realmente é difícil saber o que pensar desse filme. Diante de um diretor/roteirista que já fez tantas coisas interessantes - coisas que já estão arcadas em minha vida inclusive - como "Procura-se Amy", "O Balconista", "Dogma" e "Menina dos Olhos" como dizer que esse é um filme de Kevin Smith? Se me dissessem que ele foi pressionado a escolhas de direção por algum dos produtores sabichões de quem ele tanto fala ficaria mais conformado. Em um momento específico há até o uso de flashback típico de filmes que julgam que o espectador não está atento o suficiente pra entender. Execrável. Até porque aquilo que deve ser compreendido na cena em que esse recurso é usado é completamente dispensável. O filme é tão ruim? Não. Há até certos "flertes" a uma possível maior profundidade nos conceitos abordados, mas é algo logo dispensado em nome de Deus sabe lá o que- desculpem, preciso recorrer a alguma crença, já que Kevin Smith neste filme falhou como porta-voz daqueles que optam por outros fundamentos. Não digo que vê-lo é uma total perda de tempo caso não esteja esperando muito dele ou não conheça o Smith - ou ligue de alguma forma pra ele ou o que vai ver. Na verdade, este filme pode até levar a discussões interessantes, mas se você tiver um pouquinho mais de instrução - ou tiver a disposição de pesquisar um pouco a respeito, quem sabe, no veículo de comunicação que está usando pra ler isso aqui - você poderá alcançar o mesmo esfeito ou melhor. Agora resta-me apenas lamentar - ainda que não seja lá dos piores filmes que vi essa semana. Aliais, um abraço para "Projeto x" - mas lamentar, sim.
Realmente cogitei dar 4 estrelas - ou até mais - pra este filme. Sim, ele tem muitos problemas. São visíveis desde o início. A escolha de fazê-lo como pseudo-documentário por exemplo é completamente desnecessária e até incomoda um pouco por ser - como muito acontece em filmes do gênero - forçosa e improvável na maior parte do tempo. Porém, ele é por certo bem produzido e mais: Eleva o gênero - sim, vejo o típico roteiro de festa colegial secreta que dá errado quase como um gênero - a uma instância nunca alcançada. Impressiona pelo tanto que dá errado. Qual é então o grande problema? A obviedade da trama, do roteiro? Sim, são óbvios, mas gosto deste tipo de trama juvenil, logo este não é um problema para mim. Então, são os personagens estereotipados? Não, também não. A exemplo adoro "Superbad". Os estereótipos são muitas vezes formas de tornar a trama familiar e portanto agradável. Se bem feito, e é o caso, funciona comigo. O grande problema desse filme esta na sua mensagem final. Aqui a ideologia dos bem sucedidos, da luta para não ser um "loser" fala alto e isto, sim, me desagrada e muito. Em dado momento da reprodução a notória figura paterna demonstra que sente certo descontentamento pelo seu filho ser um perdedor - alguém não popular no seu próprio seio social. Porém o filme não demonstra que isto é uma ideia ruim, ofensiva e desonesta em relação aqueles que não conseguem chegar lá, obter "sucesso", neste caso: POPULARIDADE. Ao contrário, ele se movimenta em torno da burrice, da futilidade. Em seu fim deixa evidente que postura toma: A de que não importa se cometes um erro ou até se te usaram para obter favorecimento próprio. O que vale é você obter estatus, fama, que deixes de ser mais um perdedor e faça parte do grupinho social que tanto te excluiu. Não é contudo inútil vê-lo. Serve pelo menos para ver o quanto ideias como estas a inda são predominantes. Me espanta - na verdade nem tanto - que mesmo fora do seu país de origem -Estados Unidos - coisas assim obtenham tanta aceitação. Afinal nós brasileiros não temos essa cultura de engrandecimento de si, de querer elevar-se pela popularidade, pelas roupas que veste, pelo ano do carro, não é? Ou será que não? Não posso deixar de premiar pela diversão que proporcionou-me na maior parte do tempo, porém falha comigo ideologicamente e não é suficientemente inovador apesar de ser ímpar na categoria. Ou seja, cumpre sua proposta de diversão na maior parte do tempo, mas vai ao fundo do poço do desagradável no fim. A nota é 3 estrelas, mas daria um 3.2 se fosse possível. Ele ofende, mas nem tanto. Entretém, mas só até descobrir que há visões muito negativas e destorcidas no enredo que vão além da piada, mas beliscam - talvez mais que isso - o preconceito real.
"É com se Os Vingadores fosse a continuação de Batman, o cavaleiro das trevas". Era o que pensava enquanto viu a este filme. Explico. Acho o primeiro Kick-Ass uma verdadeira obra-prima no gênero. Atinge quesitos como inovação, roteiro excelente, inteligente e conciso, boas atuações, trilha marcante, boas cenas de ação. Um verdadeiro milagre da cultura Pop. Um representante da nossa época de tecnologia, cultura de celebridades e de adaptações de quadrinhos pro cinema. Porém, o mesmo não se dá em Kick Ass 2. Este é só um filme divertido, que vai gerar algumas boas risadas e alguma diversão, mas que nada trás de novo e pior: É completamente desnecessário como continuação de uma estória que não dava deixas a uma evolução dos personagens, tanto que, como já disse, nada evolui neste filme. Contrário a isso, tenta repetir a trama precedente tanto na ideia de descoberta adolescente como na réplica de certos motivadores - a afetividade emocional por exemplo. O filme é ruim? Não, mas - agora explicando o inicio desta conversa - se a trilogia do Batman é uma tentativa de adaptar para tela um herói essencialmente inverosímel de maneira que não seja extremamente realista - ele só o é quando o roteiro precisa que seja - mas, sobretudo "sóbrio" o suficiente para o público se identificar e apegar a ele, "Os Vingadores" é um filme de SUPER-herói "descarado" - que não nega ou esconde isso e ganha seu público justamente por isso. O problema de Kick-Ass 2 não é ter simplesmente escolhido a segunda opção, mas ter escolhido a segunda opção sendo que o material que o precedeu e do qual assume sua origem - isto não é um recomeço a estória, mas uma continuação direta - entrar em discordância com ele. Logo, não é um filme sumariamente ruim. Mas, é um divertida decepção.
Kevin Smith tem uma maneira particular de contar suas histórias. Isto é inegável e perceptível em toda a sua obra. Por certo isto acaba gerando mais coisas boas que ruins na maior parte do tempo, é verdade. Afinal, apesar dele acabar ganhando tantos repudiadores, ganha tantos seguidores quanto. Além disso ele demonstra também uma certa liberdade no feitio de sua obra. Me pergunto, inclusive, se é possível fazer arte em essência, arte verdadeira - não simples produto de uma indústria cultural, mas o expressar do sentimento com liberdade - sem ter uma marca própria, sem o artista expôr sua própria alma. "Procura-se Amy" ultrapassa o estatus de "mais um filme de Kevin Smith" e tudo que costumamos esperar dele - comédia, referências a cultura Pop, Jay e Silent Bob, diálogos marcantes beirando o nonsense e personagens estilizados. Este é um filme sobre relacionamentos. Não que ele não tenha anteriormente tocado no assunto - e como sabemos, assim o fez posteriormente, já que este filme é apenas o terceiro de uma carreira de décadas. Porém, este é certamente o que mais se destaca neste quesito, pois na maior parte do tempo este filme gera identificação em, sem exageros, todo homem e mulher. Aí está a força do seu texto. Ele chega a ser provocador e faz-nos enxergar a fundo nossos defeitos, nossa mesquinhes, mas também nossa grandeza em superar-se. Ele nos diz o quando podemos ser hipócritas, egocêntricos e, sim, covardes diante de um dos maiores - talvez o maior - temores do ser humano: Descobrir-se a si mesmo como nada mais que um humano. Que tem preconceitos, sim. Que as vezes é mesquinho e insensível, sim. Este é um filme sobre escolhas, sobre preconceito, sobre a ordem e a natureza das coisas, sobre sexualidade e prova que pra fazer isso Kevin Smith não precisa reescrever - ou "psicografar" no caso de você leitor ser um purista em relação a temporalidade e cronologia das citações - "Meninos não choram" ou "Milk". Ele nos faz refletir sobre isto com algo tão bom quanto a grande carga dramática desses filmes, faz com sorrisos e ao faze-lo de maneira tão própria, tão particular, acaba atingindo a todos nós.
Este não é o melhor filme sobre os temas vida de celebridades, loucura, beleza, indústria cultural e afins. Nem mesmo é a melhor produção oriental sobre isto - a exemplo veja a obra prima "Perfect Blue" de Satoshi Kon - porém isto não o torna, nem de longe, um filme menos válido, interessante, satisfatório. Contudo, ele vem carregado de estética e recursos estilísticos muito comuns neste tipo de produção, por isso as vezes é necessário já vir preparado a isto, a fim de não confundir estilo com falta de qualidade. Fotografia, figurinos e atuações - propositalmente exageradas, repito - ambos me agradaram em cheio - tanto quanto a beleza de Erika Sawajiri. Este filhote de "Crepúsculo dos Deuses" e "Gia" é certamente um entre muitos bons filmes japoneses que vi este ano. Recomendo principalmente a marinheiros de segunda viagem.
Demorei muito pra ver esse filme, não só porque ele é um tanto difícil de se encontrar, mas pela tensão, o mau estar que me causa o tema. Sou um fã dos beatles e de John Lennon. Ambos são muito importantes em minha vida ao ponto de influenciarem-me em gostos - tanto musicais, quanto intelectuais no geral - e até escolhas - e não falo só de música e arte, mas de vida. Por isso a incerteza de ver um filme relacionado a cruel morte de Lennon, alguém que me importa, um filme cujo qual já sei o final, acaba causando-me grande desconforto. No entanto o dia de vê-lo chegou. Jared Leto alcança um nível mais alto em sua carreira com esta interpretação - Lindsay Lohan também está bem. Eu a acho uma boa atriz, mas o personagem não pede muito. Leto atinge justamente tudo aquilo que espero de um ator: Entrega total ao personagem. O seu esforço não se resume a atuação ou imitação dos trejeitos de Chapman, também ganhou peso e a semelhança é impressionante - um esforço que, ao meu ver, vale todo o reconhecimento, ainda que não fosse ele um bom ator, o que provou que é. O fato é que Leto, como era de se esperar, leva esse filme nas costas e o risco, posso dizer, foi completamente sanado. Os minutos finais são angustiantes - minha gastrite nervosa atacava-me durante a reprodução e ainda ataca enquanto escrevo isto - e me fizeram concluir que este é sim um bom filme, pois, apesar de não ser nenhuma obra-prima - afinal o tema "psicopata" já foi explorado muitas vezes e até com mais competência em roteiro e direção - não é um uma obra vazia e muito menos perda de tempo. Vale para fãs - exceto aqueles ainda mais frágeis ao assunto que eu - e não fãs interessados em conhecer a história de um ícone da música, assim como a mente de um psicopata - se é que isto é possível a este último. Recomendado e aprovado.
Treze Dias que Abalaram o Mundo
3.5 89 Assista AgoraMuito bem dirigido, muito bem editado e roteirizado, mas ideologicamente terrível. Por JFK como herói com direito a musiquinha heróica de fundo e o governo americano - aquele mesmo que, inclusive durante o governo kennedy, apoiou ditaduras na america do sul visando a batalha contra os comunistas- como os campeões da liberdade é algo no mínimo mal intencionado. Não que os soviéticos fossem exemplos de meiguice, porém não dá pra ignorar o fato deste filme simplesmente omitir quase que por completo que o motivo da ação russa era uma represália aos mísseis dos EUA na turquia com os mesmos motivos. Resumindo: filme bem feito, mas chapa branca até o talo. Vale ver, mas deixe a inocência na caixa de O Pequeno Príncipe.
Mutronics: O Futuro da Raça Humana
2.4 14Fico constrangido em pensar nos atores filmando cada cena deste lixo. Se o estupro do clássico japonês não fosse suficiente ainda montam um poster picareta pondo nosso amigo "pagando as contas" Hamil numa foto que o indica como herói, sendo que isto é um verdadeiro crime de enganação ao público consumidor. Só se salva a linda vestimenta do herói - mas, desconfio que foi obtida por meio de algum acordo com a produtora japonesa.
Deus Não Está Morto
2.8 1,4K Assista AgoraEngraçado, nunca vi um filme de tão pouca expressão artística ser tão defendido. Porque é tão difícil enxergar que o fato do filme ser ruim não significa que estão desmerecendo Deus, Jesus ou qualquer religião? Isso me soa a fanatismo. É difícil entender que todos têm direito a pensar diferente e que o que estão defendendo não é Jesus, sua mensagem, mas o produto de uma indústria que faturou mais de 60 milhões com um produto de baixa qualidade que só obteve sucesso graças a sua ignorância ou baixa exigência? Pelo menos me dê um filme memorável, não um descartável. É isso, ser fiel é aceitar o ruim em nome da bandeira que carrega? Não importa o conteúdo desde que fale de Deus? Ser for assim, faz sentido no porque a indústria hoje investe tanto no seu dinheirinho.
Deus Não Está Morto
2.8 1,4K Assista AgoraPelo amor de Deus! Já faz muito tempo que não vejo um filme tão preconceituoso em tantas instâncias diferentes. Comunistas, mulçumanos, ateus, professores de filosofia, cientistas, ningum escapa. Onde está a beleza da mensagem do generoso criador? Pois, o que este filme passa é intolerância, vingança divina, a benevolência passa longe. É como se o tempo o padre ou pastor fizesse o ritual de conversão do espectador com uma arma apontada para nossas cabeças.Deplorável ver que ainda têm gente que vê beleza em um filme que não tenta cristianizar mostrando os méritos de ser cristão, mas a feiúra em não acreditar em "dels", pois não acreditar, como é proposto, é ser mal ou rancoroso. Pois, eu digo: Depois de ver esse filme questiono muito mais a existência de Deus. "dels" certamente não.
Godzilla
3.1 2,1K Assista AgoraO filme original de 1954: um filme de monstro que eleva o subgênero dominado pelo King Kong a uma pesada crítica social sobre os ataques americanos ao Japão, o uso da bomba atômica e a irresponsabilidade da comunidade científica frente ao domínio da natureza que pouco conhece. O filme apesar de um marco na história do cinema, nunca foi tratado como tal e é visto com preconceito. Se isto não fosse problema suficiente, os americanos já utilizando do material original lançaram ainda nos anos cinquenta, uma versão reeditada com cenas e trama alteradas do filme pondo a si próprio como heróis. No japão o filme ganha sequências que tiram a carga de criatura maléfica do Gojira, consequentemente também a carga maléfica da ação dos EUA. O filme de 2008 segue a linha dos filmes de catástrofe e fixa mais nos efeitos especiais que no drama atômico do filme original. Contudo, observo uma espécie de reversão ideológica no enredo quando vejo que não só o problema acontece com os americanos como vítimas como também são os militares franceses que o prvocam. Entretando, o filme que lançaram este ano de 2014 pareceu-me ainda pior neste sentido que o besteirol de ação de 98. Este claro remake faz do militar americano um herói vitimizado pela guerra - e escancara isto numa cena de salvação infantil clichê que é análoga a um problema provindo da natureza que tanto fez mal aos japoneses recentemente. Se não fosse suficiente, subverte o antigo problema científico ligado a guerra e dominação um problema ecológico. O antigo monstro vilão vira herói -.seguindo a pior escolha feita pelos produtores japoneses nas sequências da franquia - e o filme se fantasia de blockbuster respeitoso para transmitir a ideologia de quem anteriormente era criticado pela obra que deu origem a tudo isso: a obra-prima, Gojira de 1954. Como filme: até divertido, mas ideologicamente perigoso, deturpado.
Projeto Nim
4.0 47Se há uma verdade sobre esse documentário é que bom ou ruim, bem ou mal produzido, editado, dirigido, bem ou mal intencionado, inocente ou não, ele não passa despercebido. Só por isso já entra para histria não só do cinema ou dos direitos dos animais, mas fixa-se como grande narrador dos percalços daquilo que se chama vida.
O Dia Seguinte
3.5 90 Assista AgoraTodos já falaram bem dos acertos do filme, do clima melancólico, do retrato minucioso dos efeitos da bomba. Porém, ideologicamente acho um tanto carregado de americanismos. Não é atoa que foi produzido sobre encomenda como estratégia de apoio ao governo Regan e sua proposta armamentista. Em momento algum o filme assume alguma culpa dos americanos seja por hiroshima, seja por não conduzir ao pacifismo como solução, mas simplesmente causar temor e servir em favor de mais armamento.
A Família de Elizabeth Teixeira
3.9 9Não é uma obra-prima e como era de se esperar depende muito de você ter visto a produção que originou esse "extra de DVD". Porém ele não é só um complemento dispensável de "Cabra Marcado para Morrer". Ele serve para mostrar-nos, ainda mais, que essas pessoas são realmente pessoas. São de carne e osso com suas falhas, desvios de caráter, ingenuidade, mas também com sutis toques de genialidade.
Ao proferir sua análise da própria vida - e da perda da expectativa que é gerada ao atingirmos na vida a aquilo que está na mente - por meio de uma analogia com o cinema, uma das "personagens" quebra a barreira entre nós espectadores e a tela. Diria mais: Sua ação serve de analogia com a própria obra de Eduardo Coutinho e sua incessante busca pela fantasia que se encontra escondida atrás de tudo que não é fantástico, afinal ele próprio declarava que cinema é tornar o "nada" alguma coisa. Coutinho - ou "Coitinho", como é chamado por muitos dos atores de sua antologia - é aquele que faz a mesma transição que a personagem genial. É aquele que usa do cinema como veículo. Que usa da imaginação para mostrar não a vida "como ela é", pois essa sempre nos parece desinteressante com seu suor e lágrimas sem trilha, iluminação, montagem, edição.
Ele nos presenteava com a vida "como ela deveria ser". Mas, isso não se dá de forma a nos iludir e carregar-nos a um lugar de ignorância e dor, mas um lugar que traduz porque podemos confiar nele. É como uma mãe que nos ensina e nos guia sempre pelo caminho do bem, por um caminho de que não é possível duvidar, pois é indubitável o seu amor e os seus acertos. Ou será que não? Ou será que a dona Elizabeth de "Cabra marcado para Morrer" agora não é mais a heroína desta his... desta estória?
Acho que ela é só humana, acho que pessoas são só pessoas, política é sempre política e governos são só governos. Porém, os filmes de Eduardo Coutinho não são só filmes, mas também não são a vida. Então, sou inclinado a dizer que pelo menos enquanto me desligo do meu próprio mundo para encontrar com aquilo que está na tela, a vida simulada - aquela que é sempre mais emocionante - é, sim, maior que a própria vida.
Homem do Trem - Uma Verdadeira História de Amor
3.4 8Complementado: Diria eu que a maior perda da versão do longa em relação a série está na exploração da figura do Otaku e suas características. Não se trata somente do caso da série ter mais tempo para fazer isso ao meu ver. Aqui, no entanto, optam por tratar mais de timidez do que os problemas decorrentes em ser muito fã de algo - ou uma pessoa doente se for o caso.
Contudo repito: Ainda assim é um bom filme.
Homem do Trem - Uma Verdadeira História de Amor
3.4 8As minhas opiniões são as de alguém que ama e até se sente um pouco órfão da versão desta história apresentada na série de TV.
Digo que gostei muito deste filme. Ele é sim muito diferente e até perde um pouco no quesito carisma em relação a alguns personagens da outra versão (Hermes principalmente), mas é também uma alternativa mais sóbria. Acaba por isso fugindo do característico estilo cartunesco dos doramas de uma forma geral. No entanto, também não dá pra dizer que este seja um filme que se livra por completo dessas "coisinhas" do estilo. Na verdade elas acabam sendo um tanto incômodas e inconsistentes, visto que apesar de tentar tomar uma postura mais "séria", por vezes o filme parece um tanto perdido em que caminho escolher, se o do cartunesco ou do robusto drama romântico, porém nada que comprometa por completo a experiência.
O filme acaba por ser um interessante complemento que vale para fãs, mas também para quem não conhece a série ou não costuma ver coisas do gênero. Na verdade quem viu a série sabe da sábia decisão de usa-lo como algo real, presente e complementar ao mundo do dorama e só por isso já vale a olhada.
Maior, Mais Forte, Mais Rápido*
3.8 26Documentário sobre o uso de esteroides que vai além da cartilha básica repassada pela mídia, pelos moralistas ignorantes de plantão e por pais desenformados, porém mais que isso. Este é um corajoso e grandioso retrato dos Estados Unidos e da busca da perfeição - não muito distante da realidade aqui no Brasil também.
É interessante notar o quão somos - brasileiros e americanos - manipulados pelos governos e meios de comunicação e vivemos nossas vidas saciados pela ignorância e hipocrisia que gira em torno de uma competitividade estimulada por empresários que não dão a mínima para o ser humano por trás do cartão do crédito e de políticos que pouco sabem ou se importam sobre ética e direitos humanos, mas mesmo assim citam tais termos em prol de uma cadeira no parlamento, senado e afins.
Veja ídolos serem exterminados e porque ninguém é tão herói assim. Conheça os efeitos colaterais de ser americano, mas não esqueça que ser brasileiro também é ser americano.
Walt nos Bastidores de Mary Poppins
3.8 580 Assista Agora"Walt nos bastidores de Mary Poppins" é verdadeiramente agradável. A trilha é boa e funcional - apesar de não achar que seja suficiente para ganhar o Oscar deste ano na categoria, pois temos concorrentes melhores neste quesito como "Gravidade". Atuações competentes por parte de Emma Thompson, como já era esperado.
De forma geral, o filme funciona porque entrega o que promete: um drama biográfico sobre os bastidores de um musical clássico. Nisto, destaco como ponto forte da trama a relação entre autor e criatura e como tudo que elas criam acaba inevitavelmente refletindo suas próprias experiencias de vida. Contudo, ele não é perfeito.
O maior problema deste filme é, talvez, "fantasiar" um pouco demais em relação ao homem Walt Disney - como não podia deixar de ser, pois é um filme produzido pela casa do Mickey.
É verdade que Disney é um dos maiores nomes da história do cinema, da animação, do marketing, do entretenimento em geral. Porém, é verdade também que a Disney não se diferenciava - e não se diferencia - de qualquer grande empresa em um país capitalista. Walt queria sim trazer acalanto e fantasia para nossos lares, acredito, mas também queria fazer dinheiro. Tanto que no decorrer da história da empresa ocorreram greves entre animadores, roteiristas e demais cargos em função de uma reconhecida exploração do trabalho. Logo, esta historinha de entregador de jornais na neve não deu pra engolir muito bem.
Tenho apreço pelo mundo que este homem criou, pelo produto que entregou, mas é preciso também que sejamos realistas como Pamela Travers era. Até porque a redenção do seu personagem parece representar mais uma tentativa de lavar roupa do suja do homem que criou a Dineylandia do que uma forma de mostrar que Pamela tinha um coração jovial. Na verdade fico até tentado a preferir a "Pamela Poppins pé no chão" do inicio do filme. Ela pelo menos sabe que a mão que move os pinguins dançarinos pode pertencer a um bom mago, mas esse mago as vezes também consegue ser bruxa.
O Lobo de Wall Street
4.1 3,4K Assista Agora"E daí que se parece com Scarface?" - me perguntava enquanto degustava admirada outro bom filme do Scorsese.
Realmente, a corrida pelo Oscar deste ano está com uma linha de frente muito interessante - sobretudo quanto equiparada com os irregulares últimos anos, ao menos no que se refere aos concorrentes da linha de frente. Porém, pelo mesmo fato, acredito, as pessoas tem sustentado seus filmes prediletos como verdadeiras torcidas de futebol e olhado com uma rivalidade que me parece acima do cinefilamente saudável.
"O Lobo de Wall Street" por certo não é um filme que irá figurar em todas as listas de maiores filmes da história do cinema - não na minha por exemplo - mas, é inegável que é, sim, um bom filme e digo mais: muito acima da média, sobretudo ao que é convencionalmente posto em cartaz e destaque. Na verdade não o acho sequer o melhor dos concorrentes a estatueta de melhor filme entre os que vi até agora - "Ela", "12 anos de Escravidão", "Trapaça", "Clube de compras: Dallas", "Gravidade" e Capitão Philips " além dele próprio.
Contudo, o julgamento feito baseado na referência ao maior filme de gângster já feito - já feito pelo De Palma, seu cinéfilo esquentadinho fã dos Corleone - ou até a falta de originalidade pelo mesmo motivo não só me parece injusta, visto que todo filme com exceção, talvez, a uma dúzia de filmes dos Lumière, faz referência a outros filmes ou a qualquer outra coisa. Fora isso cabe perguntar: Será mesmo um grande problema fazer referência a algo bom?
Ao que parece não é por ser um filme onde a referência é mal feita, mal colocada, mas simplesmente por uma busca por originalidade que excede a sobriedade pra ganhar o exagero de torcedores de times opostos.
Com isso, digo que a mim mais parece que a rejeição ao "amigo lobo" tem mais haver com a adoção de outros filmes concorrentes a premiações que pela qualidade do canino em si.
Concluo dizendo a você, amigo cinéfilo, que faça suas escolhas conforme mais lhe agrade. Torça pro filme que mais gostar. Eu também tenho minhas preferências, mas sem medo, digo que prefiro ver muitos filmes agradáveis como este que me contentar a um único em nome de uma competição cuja qual minha opinião não está sendo levada em conta.
Ela
4.2 5,8K Assista AgoraA ficção científica está salva. Isso mesmo. O gênero que certamente está entre os que mais sofrem por mal adaptações no cinema tem aqui mais que um respiro de alívio - leia minha crítica do filme "Lunar" para uma melhor compreensão destes pontos.
Ela é inteligente, cativante, divertido e complexo sem ser maçante ou incompreensível. Porém, ele só atende a todas essas nuances porque é também muito atual, muito real.
Na tradição de grandes filmes do gênero, ele não se prende a simplesmente prever futuros aparatos tecnológicos, mas sim discutir as nuances da vida no presente. Ele eleva o discurso de filmes como "2001: Uma Odisseia no espaço" e "Blade Runner" a questionamentos mais próximos dos nossos dias - ou seja, não repete os dilemas da sociedade dos anos 60 e 80 como os filmes citados. Afinal, quem nesta geração não teve algum interesse, romântico ou não, que dependia do virtual ou mais: era puramente virtual?
Joaquin Phoenix, Scarlett Johansson, Amy Adams e Chris Pratt - da minha amada série Everwood - encabeçam o filme na trama escrita e dirigida pelo senhor Spike Jonze - moço que tem meu eterno obrigado por "Onde vivem os monstros" entre outras coisas - e servem ao propósito do filme de nos fazer refletir o que está na tela e fora dela com maestria. Tudo funciona muito bem. Por isso mesmo não pude deixar de comparar este filme com o seu concorrente no Oscar 2014: "Gravidade" - leia minha crítica.
Mas, porque citei "Gravidade" aqui? Justamente porque os seus erros consequentemente acabam por evidenciar-nos os acertos de "Ela". Jonze acerta porque conduz-nos com mais sobriedade que Cuarón. Porque nos dá tempo para degustar a história sem fazer-nos perder o interesse, sem tirar nossos pés do mundo que criara e do compartilhamento dele com os personagens da trama a fim de jogar objetos na nossa cara em virtude de um espetáculo em IMAX que acaba por dizer "sim, isso é um filme e eu estou tentando entretê-lo". Não digo isso porque sou contra um bom blockbuster, mas porque considero que diferente de Cuarón, Jonze tomou melhores decisões na sua construção que tornou a reprodução da sua obra mais fluida apesar de dividir enormes pretensões com seu colega de profissão. Pretensões, ao meu ver, que foram somente por ele alcançadas.
"Ela" impressiona porque faz jus não só a ficção científica ou mesmo a história do cinema, mas por ser uma obra que demostra a nossa capacidade como seres humanos de discutir a si próprio. Neste caso, também a capacidade de discutir a capacidade de discutir a si próprio. É isto que nos define e difere dos outros animais. Será? Será que por muito tempo?
Alabama Monroe
4.3 1,4K Assista AgoraUma preciosidade, porém o maior problema deste filme está em tomar partido no fim de tudo
- falo da cena em que o "fantasma" de Elise levanta e interage com Didler -
"Alabama Monroe" é verdadeiramente uma das grandes surpresas que tive este ano. E sem dúvida um filme intrigante e instigante.
A escolha pela pelo elenco, - acentuo o par romântico, mas também a doçura necessária da garotinha filha do casal - a maravilhosa trilha sonora de country de alta classe que se mistura com a trama vêm pra saudar-nos como alguns dos pontos mais altos do filme. Aliais a trilha é realmente pertinente e propositada.
O personagem Didier é um ateu apaixonado pela cultura e música americana tradicional - geralmente associada ao homem branco protestante. Enquanto isso, Elise gosta de rock, de Elvis - o garoto que começou a carreira cantando gospel, até tornar-se ícone do rock and roll para finalmente terminar voltando-se ao gospel, o louvor ao divino, novamente.
Esta dualidade acentuada pela música concorre espaço com a própria trama, com os diálogos que transmitem os temas: compreensão da vida, da morte, do nascimento e do fim, da possibilidade do pós-vida. Tudo parece se encaixar muito bem na não linearidade de um roteiro cheio de surpresas, reviravoltas. No entanto vejo problemas nele sim. Agora voltamos para onde começamos. Porque digo que o problema deste filme esta em tomar partido? Bom, enquanto o filme deixa pairar certas dúvidas no ar, ele nos permite pensar por si e escolher nossas crenças, porém quando o roteiro e direção de Felix van Groeningen resolvem expor suas opiniões, ele nos priva de escolher um final pra si e, sim, ficar com o dele - que ele considera MELHOR, julgo. Isto tira nosso direito, enquanto expectadores, de pensarmos por si próprio e força-nos a tomar a posição de conformidade com o que nos foi entregue - uma das reclamações do Didler quanto as religiões.
O filme acaba por nos dizer com este final que nosso querido tocador de banjo é que estava sendo egoísta, cego pela suas próprias crenças errôneas e ilusórias. Tanto que suas decepções políticas trazem a tona a verdade sobre aquilo que admira e vê como algo tão lúdico - e que contraditoriamente é tratado por ele de maneira quase religiosa. Porém, com isso "Alabama Monroe" torna-se também uma tese sobre como um lado está errado por não ter motivos a descrença, enquanto o outro lado que não parece ter muitos motivos para crença está certo.
Clube de Compras Dallas
4.3 2,8K Assista AgoraTorci pra que não acabasse. Isso mesmo. Mal chegou na metade de sua duração e eis que me pego torcendo pra que esta história não tivesse um fim. Acabo de ver, sim, o melhor filme que vi este ano ou talvez, simplesmente, o melhor filme deste ano. Mas, não só isso. Acabo de ver um dos melhores filmes que já vi em minha vida.
Matthew McConaughey mostrou pra mim e pra qualquer outro que pode estar entre os melhores de sua geração. Jared Leto supera sua já indiscutível grande performance em "O Assassinato de John Lennon" e o faz com folga pra dizer o mínimo dos mínimos. Jennifer Garner só aumenta a paixão que já sentia por ela. Não sei se é possível uma mulher ter mais doçura que isso.
Agora cabe perguntar: O segredo do sucesso de "Dallas" - já me sinto íntimo, por isso chamo apenas pelo primeiro nome - vem das atuações? Sim. Mas, não apenas isso. O sucesso de Dallas vem do grande roteiro, da grande história no qual foi inspirado? Sim, mas não só. Então vem de uma excelente direção do senhor Jean-Marc Vallée? Não somente. Vem da edição e montagem? Também. Vem dos temas que trata como preconceito, amor e aceitação, além de política, denúncia, clandestinidade? Claro que sim, mas muito mais.
Este filme tem uma alma própria. Esta característica é particular as grandes obras, aos grandes artistas. O que diferencia estes é algo que vai além de todo o aparato técnico. O poder de não apenas tentar reproduzir a vida, mas realmente fazer o expectador, o agraciado, viver aquilo que está na tela junto dos personagens que deixam de ser simples personagens para se tonar apenas "pessoas".
É quando a arte penetra tão forte em nossos corações e mentes que ela deixa de ser arte pra ser apenas "você". Inseparável de quem você é, porque agora isto faz parte do que és, afinal o homem é fruto de suas experiências e digo com esta mesma certeza que "Dallas" é um filme que não está aí pra ser só mais um filme, só mais uma ferramenta pra passar o tempo. Ele está aí pra completar-lhe. E diria eu: Torna-lhe alguém melhor.
Agora percebo outra grata surpresa. Ele realmente não teve fim. Estará sempre comigo, pois ele sou eu também.
Gravidade
3.9 5,1K Assista AgoraEste não é um novo "2001". Sem dúvida "Gravidade" é um filme que não será facilmente esquecido. Ele é um filme que impressiona. É tecnicamente impecável. O som, os efeitos funcionam por que alcançam tamanha fluidez que nos fazem, enquanto espertadores, sentir-se, realmente, flutuando no vazio do espaço. Por isso mesmo é um filme angustiante quando tem que ser, quando quer ser.
Bullock e Clooney cumprem o que lhes é requerido e não só não comprometem a trama, como traduzem nas atuações aquilo que o filme quer passar.
Mas, então por que não dar a nota máxima para ele? Bom, ele é sim memorável, mas apesar de ter tudo que é nos oferecido em termos de técnica e até ter um roteiro bem construído, bem amarrado, ele peca, em minha concepção, em tentar fazer - como em "2001" - de um drama/suspense, algo filosófico e contemplativo. Algo além de uma grande experiência audiovisual, mas uma experiência mental, comportamental.
Se, inicialmente o tema "solidão" deixa-nos grudados na cadeira e nos faz tomar o lado de "Sandrinha astronauta trapalhona", aos poucos isto parece ser um pouco excessivo e desfuncional, dado que filmes que seguem essa linha - como o caso Kubrickiano - tem tempo, foco maior neste interesse, dando suporte suficiente a fazer o público pensar.
"Gravidade" parece hora querer agradar-nos com imagem e ação, hora querer nos fazer refletir sobre coisas como origem, sobre vida. Isto não é por si só um problema, porém ele o faz de maneira um tanto desnivelada e ligeiramente artificial. A toda hora parece que quando ele começa a virar "Lunar" alguém vestindo os óculos 3D grita do fundo da sala "Armagedon, mais Armagedon".
Não é um filme ruim - se você achou que quis dizer isso em algum momento desta crítica ou você não entendeu ou está sendo um pouco tendencioso e extremista. Porém, não é aquilo que muitos estão falando. Digo agora para vocês: Ele não é um obra-prima. Mas, valerá cada centavo do seu bolso investido nele enquanto experiência sensorial. Resumindo: Sim, compre todos os boxes e bonequinhos, mas não diga que o mundo do cinema foi finalmente salvo pela gatinha do "Velocidade Máxima". Pelo menos não dessa vez.
Rush: No Limite da Emoção
4.2 1,3K Assista AgoraComo a grande maioria dos brasileiros na mesma faixa etária que eu, já fui um fã de Fórmula 1 por conta do grande Aírton Senna. Na verdade, acredito, que por esse mesmo motivo já ouvi, sim, os nomes Niki Lauda e James Hunt. Mas, fora
"o grande ocorrido" com Lauda
"Rush" fez valer cada minuto. Havia tempo que não via um filme que me prendesse na poltrona do início ao fim, sem pausas, mesmo pra ir ao banheiro. Isto deixa claro o quão bem ele media a diversão e o drama.
Contudo, mesmo não havendo em primeiro momento nenhum grande defeito visível a mim, não pude deixar de notar que parece-me faltar algo no que se refere a satisfação enquanto expectador deste filme. Talvez o filme seja bom o suficiente para fazer-me querer ainda mais dele. Não sei. Porém, sinto que o mal retrospecto com filmes de corrida - os ficcionais, repito - foi finalmente quebrado.
Acredito que temos a chance de finalmente haverem mais representantes deste tipo de história. Até superiores. Um grande começo. Uma grande largada.
Seita Mortal
2.6 312 Assista AgoraSerá que gostei desse filme do Kevin Smith? Será que este é um filme do Kevin Smith?
Realmente é difícil saber o que pensar desse filme. Diante de um diretor/roteirista que já fez tantas coisas interessantes - coisas que já estão arcadas em minha vida inclusive - como "Procura-se Amy", "O Balconista", "Dogma" e "Menina dos Olhos" como dizer que esse é um filme de Kevin Smith? Se me dissessem que ele foi pressionado a escolhas de direção por algum dos produtores sabichões de quem ele tanto fala ficaria mais conformado. Em um momento específico há até o uso de flashback típico de filmes que julgam que o espectador não está atento o suficiente pra entender. Execrável. Até porque aquilo que deve ser compreendido na cena em que esse recurso é usado é completamente dispensável.
O filme é tão ruim? Não. Há até certos "flertes" a uma possível maior profundidade nos conceitos abordados, mas é algo logo dispensado em nome de Deus sabe lá o que- desculpem, preciso recorrer a alguma crença, já que Kevin Smith neste filme falhou como porta-voz daqueles que optam por outros fundamentos.
Não digo que vê-lo é uma total perda de tempo caso não esteja esperando muito dele ou não conheça o Smith - ou ligue de alguma forma pra ele ou o que vai ver. Na verdade, este filme pode até levar a discussões interessantes, mas se você tiver um pouquinho mais de instrução - ou tiver a disposição de pesquisar um pouco a respeito, quem sabe, no veículo de comunicação que está usando pra ler isso aqui - você poderá alcançar o mesmo esfeito ou melhor.
Agora resta-me apenas lamentar - ainda que não seja lá dos piores filmes que vi essa semana. Aliais, um abraço para "Projeto x" - mas lamentar, sim.
Projeto X: Uma Festa Fora de Controle
3.5 2,2K Assista AgoraRealmente cogitei dar 4 estrelas - ou até mais - pra este filme. Sim, ele tem muitos problemas. São visíveis desde o início. A escolha de fazê-lo como pseudo-documentário por exemplo é completamente desnecessária e até incomoda um pouco por ser - como muito acontece em filmes do gênero - forçosa e improvável na maior parte do tempo. Porém, ele é por certo bem produzido e mais: Eleva o gênero - sim, vejo o típico roteiro de festa colegial secreta que dá errado quase como um gênero - a uma instância nunca alcançada. Impressiona pelo tanto que dá errado. Qual é então o grande problema? A obviedade da trama, do roteiro? Sim, são óbvios, mas gosto deste tipo de trama juvenil, logo este não é um problema para mim. Então, são os personagens estereotipados? Não, também não. A exemplo adoro "Superbad". Os estereótipos são muitas vezes formas de tornar a trama familiar e portanto agradável. Se bem feito, e é o caso, funciona comigo.
O grande problema desse filme esta na sua mensagem final. Aqui a ideologia dos bem sucedidos, da luta para não ser um "loser" fala alto e isto, sim, me desagrada e muito. Em dado momento da reprodução a notória figura paterna demonstra que sente certo descontentamento pelo seu filho ser um perdedor - alguém não popular no seu próprio seio social. Porém o filme não demonstra que isto é uma ideia ruim, ofensiva e desonesta em relação aqueles que não conseguem chegar lá, obter "sucesso", neste caso: POPULARIDADE. Ao contrário, ele se movimenta em torno da burrice, da futilidade. Em seu fim deixa evidente que postura toma: A de que não importa se cometes um erro ou até se te usaram para obter favorecimento próprio. O que vale é você obter estatus, fama, que deixes de ser mais um perdedor e faça parte do grupinho social que tanto te excluiu.
Não é contudo inútil vê-lo. Serve pelo menos para ver o quanto ideias como estas a inda são predominantes. Me espanta - na verdade nem tanto - que mesmo fora do seu país de origem -Estados Unidos - coisas assim obtenham tanta aceitação. Afinal nós brasileiros não temos essa cultura de engrandecimento de si, de querer elevar-se pela popularidade, pelas roupas que veste, pelo ano do carro, não é? Ou será que não?
Não posso deixar de premiar pela diversão que proporcionou-me na maior parte do tempo, porém falha comigo ideologicamente e não é suficientemente inovador apesar de ser ímpar na categoria. Ou seja, cumpre sua proposta de diversão na maior parte do tempo, mas vai ao fundo do poço do desagradável no fim. A nota é 3 estrelas, mas daria um 3.2 se fosse possível. Ele ofende, mas nem tanto. Entretém, mas só até descobrir que há visões muito negativas e destorcidas no enredo que vão além da piada, mas beliscam - talvez mais que isso - o preconceito real.
Kick-Ass 2
3.6 1,8K Assista Agora"É com se Os Vingadores fosse a continuação de Batman, o cavaleiro das trevas". Era o que pensava enquanto viu a este filme. Explico. Acho o primeiro Kick-Ass uma verdadeira obra-prima no gênero. Atinge quesitos como inovação, roteiro excelente, inteligente e conciso, boas atuações, trilha marcante, boas cenas de ação. Um verdadeiro milagre da cultura Pop. Um representante da nossa época de tecnologia, cultura de celebridades e de adaptações de quadrinhos pro cinema. Porém, o mesmo não se dá em Kick Ass 2. Este é só um filme divertido, que vai gerar algumas boas risadas e alguma diversão, mas que nada trás de novo e pior: É completamente desnecessário como continuação de uma estória que não dava deixas a uma evolução dos personagens, tanto que, como já disse, nada evolui neste filme. Contrário a isso, tenta repetir a trama precedente tanto na ideia de descoberta adolescente como na réplica de certos motivadores - a afetividade emocional por exemplo.
O filme é ruim? Não, mas - agora explicando o inicio desta conversa - se a trilogia do Batman é uma tentativa de adaptar para tela um herói essencialmente inverosímel de maneira que não seja extremamente realista - ele só o é quando o roteiro precisa que seja - mas, sobretudo "sóbrio" o suficiente para o público se identificar e apegar a ele, "Os Vingadores" é um filme de SUPER-herói "descarado" - que não nega ou esconde isso e ganha seu público justamente por isso. O problema de Kick-Ass 2 não é ter simplesmente escolhido a segunda opção, mas ter escolhido a segunda opção sendo que o material que o precedeu e do qual assume sua origem - isto não é um recomeço a estória, mas uma continuação direta - entrar em discordância com ele. Logo, não é um filme sumariamente ruim. Mas, é um divertida decepção.
Procura-se Amy
3.6 179 Assista AgoraKevin Smith tem uma maneira particular de contar suas histórias. Isto é inegável e perceptível em toda a sua obra. Por certo isto acaba gerando mais coisas boas que ruins na maior parte do tempo, é verdade. Afinal, apesar dele acabar ganhando tantos repudiadores, ganha tantos seguidores quanto. Além disso ele demonstra também uma certa liberdade no feitio de sua obra. Me pergunto, inclusive, se é possível fazer arte em essência, arte verdadeira - não simples produto de uma indústria cultural, mas o expressar do sentimento com liberdade - sem ter uma marca própria, sem o artista expôr sua própria alma. "Procura-se Amy" ultrapassa o estatus de "mais um filme de Kevin Smith" e tudo que costumamos esperar dele - comédia, referências a cultura Pop, Jay e Silent Bob, diálogos marcantes beirando o nonsense e personagens estilizados. Este é um filme sobre relacionamentos. Não que ele não tenha anteriormente tocado no assunto - e como sabemos, assim o fez posteriormente, já que este filme é apenas o terceiro de uma carreira de décadas. Porém, este é certamente o que mais se destaca neste quesito, pois na maior parte do tempo este filme gera identificação em, sem exageros, todo homem e mulher. Aí está a força do seu texto. Ele chega a ser provocador e faz-nos enxergar a fundo nossos defeitos, nossa mesquinhes, mas também nossa grandeza em superar-se. Ele nos diz o quando podemos ser hipócritas, egocêntricos e, sim, covardes diante de um dos maiores - talvez o maior - temores do ser humano: Descobrir-se a si mesmo como nada mais que um humano. Que tem preconceitos, sim. Que as vezes é mesquinho e insensível, sim.
Este é um filme sobre escolhas, sobre preconceito, sobre a ordem e a natureza das coisas, sobre sexualidade e prova que pra fazer isso Kevin Smith não precisa reescrever - ou "psicografar" no caso de você leitor ser um purista em relação a temporalidade e cronologia das citações - "Meninos não choram" ou "Milk". Ele nos faz refletir sobre isto com algo tão bom quanto a grande carga dramática desses filmes, faz com sorrisos e ao faze-lo de maneira tão própria, tão particular, acaba atingindo a todos nós.
Helter Skelter
3.9 70Este não é o melhor filme sobre os temas vida de celebridades, loucura, beleza, indústria cultural e afins. Nem mesmo é a melhor produção oriental sobre isto - a exemplo veja a obra prima "Perfect Blue" de Satoshi Kon - porém isto não o torna, nem de longe, um filme menos válido, interessante, satisfatório. Contudo, ele vem carregado de estética e recursos estilísticos muito comuns neste tipo de produção, por isso as vezes é necessário já vir preparado a isto, a fim de não confundir estilo com falta de qualidade. Fotografia, figurinos e atuações - propositalmente exageradas, repito - ambos me agradaram em cheio - tanto quanto a beleza de Erika Sawajiri.
Este filhote de "Crepúsculo dos Deuses" e "Gia" é certamente um entre muitos bons filmes japoneses que vi este ano. Recomendo principalmente a marinheiros de segunda viagem.
Capítulo 27 - O Assassinato de John Lennon
3.3 268 Assista AgoraDemorei muito pra ver esse filme, não só porque ele é um tanto difícil de se encontrar, mas pela tensão, o mau estar que me causa o tema. Sou um fã dos beatles e de John Lennon. Ambos são muito importantes em minha vida ao ponto de influenciarem-me em gostos - tanto musicais, quanto intelectuais no geral - e até escolhas - e não falo só de música e arte, mas de vida. Por isso a incerteza de ver um filme relacionado a cruel morte de Lennon, alguém que me importa, um filme cujo qual já sei o final, acaba causando-me grande desconforto. No entanto o dia de vê-lo chegou.
Jared Leto alcança um nível mais alto em sua carreira com esta interpretação - Lindsay Lohan também está bem. Eu a acho uma boa atriz, mas o personagem não pede muito. Leto atinge justamente tudo aquilo que espero de um ator: Entrega total ao personagem. O seu esforço não se resume a atuação ou imitação dos trejeitos de Chapman, também ganhou peso e a semelhança é impressionante - um esforço que, ao meu ver, vale todo o reconhecimento, ainda que não fosse ele um bom ator, o que provou que é. O fato é que Leto, como era de se esperar, leva esse filme nas costas e o risco, posso dizer, foi completamente sanado. Os minutos finais são angustiantes - minha gastrite nervosa atacava-me durante a reprodução e ainda ataca enquanto escrevo isto - e me fizeram concluir que este é sim um bom filme, pois, apesar de não ser nenhuma obra-prima - afinal o tema "psicopata" já foi explorado muitas vezes e até com mais competência em roteiro e direção - não é um uma obra vazia e muito menos perda de tempo. Vale para fãs - exceto aqueles ainda mais frágeis ao assunto que eu - e não fãs interessados em conhecer a história de um ícone da música, assim como a mente de um psicopata - se é que isto é possível a este último. Recomendado e aprovado.