cara, haneke é gênio! que filme! é impressionante o que esse homem faz! fotografia maravilhosa, ritmo, planos, tudo impecável.
é impressionante como um enquadramento pode dizer tanta coisa! haneke não mostra violência em momento algum, é pior que isso. só ouvimos, somos sugeridos, fica tudo a cargo da imaginação do espectador. dá pra ser mais assustador do que isso? nos colocando como agressores, também. outra coisa genial, a diferença entre as cenas externas e as interiores. as externas sempre são amplas, vemos tudo o que acontece, passam segurança, ao contrário das internas, fechadas, closes em rostos cheios de culpa e mágoa. fica claro que o medo, a intolerância, se esconde em casa.
aliás, não acho que "a fita branca" seja sobre o nazismo, puramente, como andei lendo por aí. acho que, até pelo filme se passar pouco antes da primeira guerra -e não da segunda, o que o haneke nos sugere é uma ampliação da análise, em vez de limitar ela a um fato específico. pra mim, o que ele se propôs a analisar aqui vai muito além de um mero fato histórico (por mais perverso que ele possa ter sido), são as razões e predisposições que levam a QUALQUER tipo de pensamento autoritário, seja ele o nazismo, o stalinismo, a religião ou/e até questões como a intolerância que se vê todo dia na rua, na tv, nos jornais...
aliás, acho que fazer um filme sobre o passado não é do feitio do haneke. o que ele quer, aqui, é falar do presente, da nossa sociedade, que vive em um mundo, teoricamente, livre, mas que tem uma 'predisposição' assombrosa a se submeter ao controle (do governo, do capital, do mercado, da mídia, da religião, do fundamentalismo, das ideologias, etc) e ao moralismo, seja por 'razão' de segurança, auto-afirmação, conforto, o que for.
é só dar uma olhada ao redor pra ver que a gente não tá muito distante do vilarejo do filme.
e pra quem reclamou do final, assim como em "caché" ele só faz o mistério todo pra frustrar os desavisados. pra ele o que importa não é "quem" e sim "por que".
filmão não só com "f" maiúsculo, mas com o alfabeto inteiro!
incrível! maravilhoso! darin é um monstro! aliás, os quatro, darin, villamil, francella e godino estão demais. também troquei de preferido entre os indicados ao oscar de melhor filme estrangeiro. até por que "a fita branca" já levou um prêmio realmente significativo (cannes) e um meramente comercial/business (globo de ouro). deixa o campanella levar o oscar (que de significativo não tem nada, mas, como negócio/business, pode levar "o segredo dos seus olhos" a lugares que talvez ele jamais chegasse), ele merece!
a uns bons atrás, esse era um dos filmes que eu mais queria ver.
antes mesmo do livro sair, uma das minhas diretoras favoritas, a escocesa lynne ramsay (de "ratcatcher" de 1999 e "morvern callar" de 2002), foi escalada pra dirigir sua adaptação pro cinema. mas as coisas começaram a desandar quando o livro saiu e, pra surpresa de todos, virou um best-seller nos estados unidos. o que era pra ser um projeto independente nada convencional e extremamente sensível (como de praxe são os filmes de ramsay) se tornou um potencial blockbuster e ramsay começou a ser cortejada por gente como steven spielberg.
o problema é que ela tinha focado o seu roteiro só na primeira parte do manuscrito, onde a menina morta narra as circunstâncias do seu estupro e assassinato. ela nunca gostou da segunda parte sentimentalóide, na qual a menina volta pra terra como um anjo, e queria cortá-la. mas o sucesso do livro não deixou espaço pra manobras criativas e ela lutou 18 meses defendendo seu roteiro, até que, finalmente, com o apoio de grandes produtoras comerciais, ela foi desligada do projeto em favor da admissão de peter jackson, figurinha carimbada da indústria do entretenimento.
uma potencial obra-prima transformada em um produto da indústria do entretenimento. perdi completamente a vontade de assistir. e a vasta quantidade de críticas negativas só me faz ter certeza de que o peter jackson nunca mais vai ser aquele de "almas gêmeas" (1994). uma pena...
esse é um daqueles filmes que, já nos primeiros minutos, se tem certeza de que é algo especial. não foi por acaso que "ratcatcher" foi eleito um dos melhores filmes britânicos dos últimos 25 anos. as atuações são maravilhosas, especialmente das crianças, a direção é super segura, ainda mais em tratando-se de um filme de estréia, e a fotografia é belíssima.
a forma como o filme é narrado e se desenvolve também é demais, pode parecer que a lynne, praticamente, esquece o fato que desenrola a história, até descobrirmos que foi uma escolha consciente. aliás, outro grande trunfo deste filme -mérito total da sra. ramsay- é fazer com que o espectador saia com um sorriso da exibição. ela transforma o que poderia ser um filme extremamente triste e pesado em algo cheio de esperança e ternura.
de fato, um filme belíssimo! sem dúvida nenhuma, um dos meus favoritos, desde a primeira vez que o assisti, anos atrás.
lynne ramsey é uma diretora extremamente talentosa. é mesmo uma pena que ela não tenha condições de filmar mais seguidamente e que seja criminosamente negligenciada pelas grandes distribuidoras. seu currículo é impecável. com apenas cinco filmes, sendo eles tres curtas e dois longas, a diretora tem mais de 20 premios e 11 indicações (seus tres primeiros curtas foram premiados em cannes). espero que com seu novo filme, a adaptação do best-seller "we need to talk about kevin", ela ganhe notoriedade e possa passar a filmar mais seguido.
enfim, "ratcatcher" é uma obra-prima, recomendadíssimo pra qualquer apreciador do bom cinema.
___ ah, um fato interessante: "ratcacher" foi um dos dois filmes nos quais o spike jonze se inspirou pra fazer o "where the wild things are". o outro foi "the quiet room", um belíssimo filme australiano da metade dos anos 90.
o grande problema do shyamalan é que ele foi adotado por hollywood.
é um grande diretor, talentoso, inteligente e extremamente competente, também como roteirista. a questão é que, sendo patrocinado por grandes estudios, ele tem que dar lucro. e aí começam os seus problemas.
os filmes do shyamalan tem simbolismo, tem conteúdo, e, no caso de "a vila", até uma questão filosófica, o que demanda um certo grau de atenção e de reflexão, e isso não combina com hollywood, já que a grande maioria do seu público-alvo assiste filmes passivamente. na verdade, isso acaba, até, acrescentando ao talento do diretor, já que ele consegue fazer filmes com conteúdo e, de certa forma, acessíveis ao grande público, não dificultando muito o entendimento do que rola na tela. um legítimo autor, perdido no mundo dos filmes feitos por demanda. "a vila" sofreu com isso, sendo vendido como um mero filme de terror, o que acabou frustrando o público.
quanto ao filme, "a vila" é um grande suspense e faz uma análise/analogia muito legal da/à cultura do medo e de como o medo pode ser um mecanismo de manipulação (mecanismo, esse, muito utilizado pela mídia, especialmente a norte americana), além de uma crítica social. o roteiro é bem amarrado, a fotografia é deslumbrante (como de costume nos filmes do diretor), a direção é firme, o elenco é bom, produz boas atuações e a trilha sonora funciona muito bem. shyamalan se diz um discípulo de hitckcock e em "a vila" ele explora muito bem os ensinamentos do seu mestre, não mostrando muita coisa, mantendo o mistério e o suspense durante, praticamente, o filme todo. afinal de contas, o medo/suspense é muito maior quando não se conhece o perigo, só se sabe que ele existe.
só uma ultima observação: o jorge machado f. schumacher disse que o filme é "inverossímel (aceitar que a cega fez aquilo tudo sozinha é difícil)". cara, cegos não são inválidos. é sabido que eles se locomovem muito bem em lugares que conhecem e a ivy nasceu naquela vila e nunca saiu de lá. e isso fica mais evidente ainda quando ela encontra dificuldades pra se locomover na floresta.
o primeiro plano do primeiro filme do tarkovsky mostra uma criança de pé, do lado de uma árvore jovem. o último plano de "o sacrifício", último filme do diretor, mostra uma criança deitada ao pé de uma árvore morta.
uma obra inteira compreendida entre dois meninos e duas árvores.
quando tarkovsky rodou esse plano ele ainda não sabia que tava doente (o filme foi rodado em 85 e só no finalzinho desse ano ele foi diagnosticado, começando o tratamento em janeiro de 86), o que, na verdade, só deixa as coisas mais fantásticas ainda. não se pode dizer que foi, conscientemente, um testamento, embora tudo aponte pra isso (desde o início, com o quadro do leonardo da vinci, ao som da 'paixão segundo são mateus' de bach, até a alusão à teoria do eterno retorno de nietzsche, além dele ter sonhado um tempo antes com um grande artista -não lembro qual, talvez bresson ou renoir- que disse que ele realizaria somente sete filmes, exatamente como aconteceu -excluindo-se o documentário e os tres filmes acadêmicos).
o filme, própriamente dito, é um tarkovsky legítimo. talvez o mais metafísico e profundo do diretor. o making of desse filme é emocionante. andrei, já bastante debilitado pelo câncer, esgotado, orientando sven nykvist a respeito da finalização do filme, no hospital. um legítimo sacrifício pela arte. mas valeu a pena! andrei encontrou o caminho da imortalidade e deixou o seu corpo de lado pra viver eternamente na sua obra e no coração de quem foi tocado por ela.
não tem muito o que falar, quem assistiu sabe do que eu NÃO tô falando. e bergman já dizia: "tarkovsky for me is the greatest, the one who invented a new language, true to the nature of film, as it captures life as a reflection, life as a dream"
além do filme, a história da produção desse filme - da obseção de pai e filho, kirk e michael douglas, os perrengues e as décadas que se passaram até que o filme fosse, de fato, lançado - é inspiradora!
grande filme do seu leos carax! um tech-noir poético sobre a disseminação da aids, a alienação da juventude parisiense dos anos 80, o amor, complexo de édipo, tudo empacotado num belíssimo senso estético e cheio de referências a cocteau e godard. nos anos 80 foi o supra sumo da modernidade, hoje em dia pode ter envelhecido um pouco, mas ainda assim é um belo filme!
certa feita godard disse que tudo que se precisa em um filme é de uma arma e de uma garota. "mauvais sang" tem juliette binoche com 22 anos de idade e, convenhamos, são pouquíssimas as coisas dessa vida que podem ser mais bonitas do que ela nesse filme! :~
uma das obras primas do mestre! rola aquele papo de que não existe perfeição, mas chinatown foi o mais próximo disso que o cinema já chegou. tudo é impecável, até o jack nicholson! belíssimo filme, uma celebração do cinema!
pra ficar perfeito só faltou cortarem o nariz do jack nicholson de verdade como cogitou o polansky! hahaha
isso que dá o cidadão assistir demais aos filmes do béla tarr: filime bom! haha claro, "elefante" é bem distante da genialidade do diretor húngaro, mas é um ótimo filme, sim senhor!
muito bom! gostei bem mais desse modelo, mais solto, menos engessado, mais orgânico, com as histórias acontecendo, se misturando, sem avisar, sem cartelas com títulos ou créditos. e a idéia da personagem coringa pra amarrar todo o filme no final foi uma sacada muito boa!
claro que um filme com segmentos tão curtos e tantos diretores diferentes (alguns ótimos, outros de talento quastionável) tem, proporcionalmente, tanto altos quanto baixos. "nova york, eu te amo" não é diferente, mas é surpreendentemente coeso, bem amarrado, e deixa bem claro que o grande facínio dessa cidade não é a cidade em sí, o objeto, mas sim essa sua natureza cosmopolita e a diversidade do povo que mora na megalópole mais famosa do mundo.
achei bem melhor do que o antecessor da franquia! e que venha o "rio, eu te amo" (embora eu ache que são paulo, hoje em dia, mereça muito mais a homenagem do que o rio).
ótimo filme! depois de muito tempo assisti de novo essa semana. excelênte!
o grande trunfo aqui é a subversão do gênero vampiros. nada de capas pretas, castelos sinistros, caninos pontiagudos, morcegos, sotaque do leste europeu (hahaha), sensibilidde ao sol, etc. aliás, é interessante que a palavra "vampiro" não é dita nenhuma vez no filme inteiro! o diretor evita, também, colocar o vampiro como algo sobrenatural, tratando eles como só uma outra raça de seres vivos.
é um grandioso filme de estréia! pena que o irmãozinho mais novo do ridley scott se perdeu, depois, em hollywood...
e po, se a originalidade na abordagem do tema, o estilo e a trilha sonora maravilhosa não forem motivos suficientes pra ver esse filme, só digo que tem uma cena de sexo com a catherine deneuve e a susan sarandon que é capaz de levantar o finado bela lugosi da tumba! hahaha
uhum! bélo filme. rola um melodraminha desnecessário no final da cena final, mas nada que prejudique o todo. típico do oscar. tudo certinho por aqui. bonito, engraçadinho nas horas certas, sensível. ah, esses orientais (russia, irã, europa oriental, etc, included)...
gondry depende de um roteiro bom pra fazer coisas boas. o segmento dele funcionaria melhor como um clipe, mas até que não é de todo mal, assim... a parceiria leos carax + denis lavant continua imbatível e o segmento do bong joon-ho é demais!
ainda não sei qual foi o melhor, o do leos carax ou o do bong joon-ho... hm... ...acho que o do bong joon-ho vence! por que eu sou fresco e gosto é de romance. haha ...e também por que, comparando com o resto da filmografia do leos carax (vide les amants du pont-neuf, pola x, etc), o "merde'" é menor...
enfim, um bom split. dois ótimos segmentos e um meia boca. acho que vale um quatrinho, bem de querido...
"Marcelo DiColdfer disse: pergunta, a primeira de muitas é: Seria necessário recriar a obra cena por cena pelo mesmo diretor com elenco americano?."
bom, se tu assistiu o original, sabe do que se trata o filme e conhece a obra do haneke, a resposta é claríssima, gritante e muito preocupante: sim, é extremamente necessário e urgente. o que o haneke criticava no funny games de 97 não só continua acontecendo, mas também aumentou brutalmente em quantidade. a pertinência e a urgência do chamado do haneke é tanta que valeria a pena fazer um remake por ano. "cena por cena"? é claro! por que absolutamente nada mudou, pelo contrário, piorou fatalmente. __ "Marcelo DiColdfer disse: (...) aí vem Hollywood e faz a cabeça do vendido Michael Haneke e põe caca no ventilador."
acho que 'vendido' não é um adjetivo que serve pra um cara que faz questão de enfiar o dedo na cara do seu espectador e mostrar o quão podre ele (o espectador) é. acho que 'oportunista' cairia melhor, e no melhor sentido da palavra. haneke viu a oportunidade e aproveitou que, atualmente, hollywood só vive de remakes pra levar a sua mensagem pro povo que é responsável pela maioria esmagadora do combustível do objeto do filme. elenco americano? é obvio que sim! ainda mais estes queridinhos como a naomi watts e michael pitt. quem sabe assim o pessoal lá pare pra pensar um pouco sobre a sua mídia, já que só "tiros em columbine" não tem adiantado. __ um julgamento sobre a qualidade ou não de um filme só pode ser feita em questões técnicos, por que arte depende de identificação e, como já dizia o poéta, "gosto é quenem c*: cada um tem o seu". aí sim, concordo contigo! os atores da versão original são indubitavelmente melhores do que os da versão americana. mas a crítica que o haneke fez a mais de uma decada atras merece ser conhecida pela maior quantidade de pessoas possível pra ver se algo muda nesse mundo doente em que a gente vive... __ p.s.: pra quem quiser sacar melhor qual é desse filme é interessante ver uma entrevista que o haneke deu na época do lançamento do original, especialmente na parte dois, nesses links aqui: pt1 - http://www.youtube.com/watch?v=c2U9kcpepoo / pt2 - http://www.youtube.com/watch?v=roOl9PvEPjs / pt3 - http://www.youtube.com/watch?v=dJ48tEdV2Fo
eu discordo. existe, sim, um argumento claríssimo e personagens bem construídos. é um filme que respeita muito seu espectador. de maneira alguma é hermético e entender ou não não é tanto o propósito da coisa. sentir é palavra chave.
eu concordo. marienbad é uma orgia visual absolutamente maravilhosa! :)
Os Olhares De Tóquio
4.0 10me passei um pouco na descrição! haha enfim, um dos meus filmes favoritos.
A Fita Branca
4.0 756 Assista Agoracara, haneke é gênio! que filme! é impressionante o que esse homem faz! fotografia maravilhosa, ritmo, planos, tudo impecável.
é impressionante como um enquadramento pode dizer tanta coisa! haneke não mostra violência em momento algum, é pior que isso. só ouvimos, somos sugeridos, fica tudo a cargo da imaginação do espectador. dá pra ser mais assustador do que isso? nos colocando como agressores, também. outra coisa genial, a diferença entre as cenas externas e as interiores. as externas sempre são amplas, vemos tudo o que acontece, passam segurança, ao contrário das internas, fechadas, closes em rostos cheios de culpa e mágoa. fica claro que o medo, a intolerância, se esconde em casa.
aliás, não acho que "a fita branca" seja sobre o nazismo, puramente, como andei lendo por aí. acho que, até pelo filme se passar pouco antes da primeira guerra -e não da segunda, o que o haneke nos sugere é uma ampliação da análise, em vez de limitar ela a um fato específico. pra mim, o que ele se propôs a analisar aqui vai muito além de um mero fato histórico (por mais perverso que ele possa ter sido), são as razões e predisposições que levam a QUALQUER tipo de pensamento autoritário, seja ele o nazismo, o stalinismo, a religião ou/e até questões como a intolerância que se vê todo dia na rua, na tv, nos jornais...
aliás, acho que fazer um filme sobre o passado não é do feitio do haneke. o que ele quer, aqui, é falar do presente, da nossa sociedade, que vive em um mundo, teoricamente, livre, mas que tem uma 'predisposição' assombrosa a se submeter ao controle (do governo, do capital, do mercado, da mídia, da religião, do fundamentalismo, das ideologias, etc) e ao moralismo, seja por 'razão' de segurança, auto-afirmação, conforto, o que for.
é só dar uma olhada ao redor pra ver que a gente não tá muito distante do vilarejo do filme.
e pra quem reclamou do final, assim como em "caché" ele só faz o mistério todo pra frustrar os desavisados. pra ele o que importa não é "quem" e sim "por que".
filmão não só com "f" maiúsculo, mas com o alfabeto inteiro!
O Segredo dos Seus Olhos
4.3 2,1K Assista Agoraincrível! maravilhoso! darin é um monstro! aliás, os quatro, darin, villamil, francella e godino estão demais. também troquei de preferido entre os indicados ao oscar de melhor filme estrangeiro. até por que "a fita branca" já levou um prêmio realmente significativo (cannes) e um meramente comercial/business (globo de ouro). deixa o campanella levar o oscar (que de significativo não tem nada, mas, como negócio/business, pode levar "o segredo dos seus olhos" a lugares que talvez ele jamais chegasse), ele merece!
muito obrigado por essa pérola, seu campanella!
Um Homem Sério
3.5 574 Assista Agorafilmão! concordo com o wesley, o comentário do zumbi resume tudo em uma frase.
coen dos bons!
Um Olhar do Paraíso
3.7 2,7K Assista Agoraa uns bons atrás, esse era um dos filmes que eu mais queria ver.
antes mesmo do livro sair, uma das minhas diretoras favoritas, a escocesa lynne ramsay (de "ratcatcher" de 1999 e "morvern callar" de 2002), foi escalada pra dirigir sua adaptação pro cinema. mas as coisas começaram a desandar quando o livro saiu e, pra surpresa de todos, virou um best-seller nos estados unidos. o que era pra ser um projeto independente nada convencional e extremamente sensível (como de praxe são os filmes de ramsay) se tornou um potencial blockbuster e ramsay começou a ser cortejada por gente como steven spielberg.
o problema é que ela tinha focado o seu roteiro só na primeira parte do manuscrito, onde a menina morta narra as circunstâncias do seu estupro e assassinato. ela nunca gostou da segunda parte sentimentalóide, na qual a menina volta pra terra como um anjo, e queria cortá-la. mas o sucesso do livro não deixou espaço pra manobras criativas e ela lutou 18 meses defendendo seu roteiro, até que, finalmente, com o apoio de grandes produtoras comerciais, ela foi desligada do projeto em favor da admissão de peter jackson, figurinha carimbada da indústria do entretenimento.
uma potencial obra-prima transformada em um produto da indústria do entretenimento. perdi completamente a vontade de assistir. e a vasta quantidade de críticas negativas só me faz ter certeza de que o peter jackson nunca mais vai ser aquele de "almas gêmeas" (1994). uma pena...
Vício Frenético
3.1 447 Assista Agoraherzog não tem erro, né? mas ainda prefiro o do ferrara!
O Lixo e o Sonho
4.1 58esse é um daqueles filmes que, já nos primeiros minutos, se tem certeza de que é algo especial. não foi por acaso que "ratcatcher" foi eleito um dos melhores filmes britânicos dos últimos 25 anos. as atuações são maravilhosas, especialmente das crianças, a direção é super segura, ainda mais em tratando-se de um filme de estréia, e a fotografia é belíssima.
a forma como o filme é narrado e se desenvolve também é demais, pode parecer que a lynne, praticamente, esquece o fato que desenrola a história, até descobrirmos que foi uma escolha consciente. aliás, outro grande trunfo deste filme -mérito total da sra. ramsay- é fazer com que o espectador saia com um sorriso da exibição. ela transforma o que poderia ser um filme extremamente triste e pesado em algo cheio de esperança e ternura.
de fato, um filme belíssimo! sem dúvida nenhuma, um dos meus favoritos, desde a primeira vez que o assisti, anos atrás.
lynne ramsey é uma diretora extremamente talentosa. é mesmo uma pena que ela não tenha condições de filmar mais seguidamente e que seja criminosamente negligenciada pelas grandes distribuidoras. seu currículo é impecável. com apenas cinco filmes, sendo eles tres curtas e dois longas, a diretora tem mais de 20 premios e 11 indicações (seus tres primeiros curtas foram premiados em cannes). espero que com seu novo filme, a adaptação do best-seller "we need to talk about kevin", ela ganhe notoriedade e possa passar a filmar mais seguido.
enfim, "ratcatcher" é uma obra-prima, recomendadíssimo pra qualquer apreciador do bom cinema.
___
ah, um fato interessante: "ratcacher" foi um dos dois filmes nos quais o spike jonze se inspirou pra fazer o "where the wild things are". o outro foi "the quiet room", um belíssimo filme australiano da metade dos anos 90.
Irreversível
4.0 1,8K Assista Agorasuperestimado. bem superestimado.
A Vila
3.3 1,6Ko grande problema do shyamalan é que ele foi adotado por hollywood.
é um grande diretor, talentoso, inteligente e extremamente competente, também como roteirista. a questão é que, sendo patrocinado por grandes estudios, ele tem que dar lucro. e aí começam os seus problemas.
os filmes do shyamalan tem simbolismo, tem conteúdo, e, no caso de "a vila", até uma questão filosófica, o que demanda um certo grau de atenção e de reflexão, e isso não combina com hollywood, já que a grande maioria do seu público-alvo assiste filmes passivamente. na verdade, isso acaba, até, acrescentando ao talento do diretor, já que ele consegue fazer filmes com conteúdo e, de certa forma, acessíveis ao grande público, não dificultando muito o entendimento do que rola na tela. um legítimo autor, perdido no mundo dos filmes feitos por demanda. "a vila" sofreu com isso, sendo vendido como um mero filme de terror, o que acabou frustrando o público.
quanto ao filme, "a vila" é um grande suspense e faz uma análise/analogia muito legal da/à cultura do medo e de como o medo pode ser um mecanismo de manipulação (mecanismo, esse, muito utilizado pela mídia, especialmente a norte americana), além de uma crítica social. o roteiro é bem amarrado, a fotografia é deslumbrante (como de costume nos filmes do diretor), a direção é firme, o elenco é bom, produz boas atuações e a trilha sonora funciona muito bem. shyamalan se diz um discípulo de hitckcock e em "a vila" ele explora muito bem os ensinamentos do seu mestre, não mostrando muita coisa, mantendo o mistério e o suspense durante, praticamente, o filme todo. afinal de contas, o medo/suspense é muito maior quando não se conhece o perigo, só se sabe que ele existe.
só uma ultima observação: o jorge machado f. schumacher disse que o filme é "inverossímel (aceitar que a cega fez aquilo tudo sozinha é difícil)". cara, cegos não são inválidos. é sabido que eles se locomovem muito bem em lugares que conhecem e a ivy nasceu naquela vila e nunca saiu de lá. e isso fica mais evidente ainda quando ela encontra dificuldades pra se locomover na floresta.
O Sacrifício
4.3 147o primeiro plano do primeiro filme do tarkovsky mostra uma criança de pé, do lado de uma árvore jovem. o último plano de "o sacrifício", último filme do diretor, mostra uma criança deitada ao pé de uma árvore morta.
uma obra inteira compreendida entre dois meninos e duas árvores.
quando tarkovsky rodou esse plano ele ainda não sabia que tava doente (o filme foi rodado em 85 e só no finalzinho desse ano ele foi diagnosticado, começando o tratamento em janeiro de 86), o que, na verdade, só deixa as coisas mais fantásticas ainda. não se pode dizer que foi, conscientemente, um testamento, embora tudo aponte pra isso (desde o início, com o quadro do leonardo da vinci, ao som da 'paixão segundo são mateus' de bach, até a alusão à teoria do eterno retorno de nietzsche, além dele ter sonhado um tempo antes com um grande artista -não lembro qual, talvez bresson ou renoir- que disse que ele realizaria somente sete filmes, exatamente como aconteceu -excluindo-se o documentário e os tres filmes acadêmicos).
o filme, própriamente dito, é um tarkovsky legítimo. talvez o mais metafísico e profundo do diretor. o making of desse filme é emocionante. andrei, já bastante debilitado pelo câncer, esgotado, orientando sven nykvist a respeito da finalização do filme, no hospital. um legítimo sacrifício pela arte. mas valeu a pena! andrei encontrou o caminho da imortalidade e deixou o seu corpo de lado pra viver eternamente na sua obra e no coração de quem foi tocado por ela.
não tem muito o que falar, quem assistiu sabe do que eu NÃO tô falando. e bergman já dizia: "tarkovsky for me is the greatest, the one who invented a new language, true to the nature of film, as it captures life as a reflection, life as a dream"
As Duas Faces Da Felicidade
4.0 120 Assista Agoramaravilhoso! uma genuína obra-prima! sutil, humano, tenro e super delicado na abordagem de uma questão polêmica.
Um Estranho no Ninho
4.4 1,8K Assista Agoraalém do filme, a história da produção desse filme - da obseção de pai e filho, kirk e michael douglas, os perrengues e as décadas que se passaram até que o filme fosse, de fato, lançado - é inspiradora!
Sangue Ruim
4.0 83 Assista Agoragrande filme do seu leos carax! um tech-noir poético sobre a disseminação da aids, a alienação da juventude parisiense dos anos 80, o amor, complexo de édipo, tudo empacotado num belíssimo senso estético e cheio de referências a cocteau e godard. nos anos 80 foi o supra sumo da modernidade, hoje em dia pode ter envelhecido um pouco, mas ainda assim é um belo filme!
certa feita godard disse que tudo que se precisa em um filme é de uma arma e de uma garota. "mauvais sang" tem juliette binoche com 22 anos de idade e, convenhamos, são pouquíssimas as coisas dessa vida que podem ser mais bonitas do que ela nesse filme! :~
ah, my corazon...
Chinatown
4.1 636 Assista Agorauma das obras primas do mestre! rola aquele papo de que não existe perfeição, mas chinatown foi o mais próximo disso que o cinema já chegou. tudo é impecável, até o jack nicholson! belíssimo filme, uma celebração do cinema!
pra ficar perfeito só faltou cortarem o nariz do jack nicholson de verdade como cogitou o polansky! hahaha
mas, "forget it, jake. it's chinatown..."
Elefante
3.6 1,2K Assista Agoraisso que dá o cidadão assistir demais aos filmes do béla tarr: filime bom! haha
claro, "elefante" é bem distante da genialidade do diretor húngaro, mas é um ótimo filme, sim senhor!
Nova York, Eu Te Amo
3.2 607 Assista Agoramuito bom! gostei bem mais desse modelo, mais solto, menos engessado, mais orgânico, com as histórias acontecendo, se misturando, sem avisar, sem cartelas com títulos ou créditos. e a idéia da personagem coringa pra amarrar todo o filme no final foi uma sacada muito boa!
claro que um filme com segmentos tão curtos e tantos diretores diferentes (alguns ótimos, outros de talento quastionável) tem, proporcionalmente, tanto altos quanto baixos. "nova york, eu te amo" não é diferente, mas é surpreendentemente coeso, bem amarrado, e deixa bem claro que o grande facínio dessa cidade não é a cidade em sí, o objeto, mas sim essa sua natureza cosmopolita e a diversidade do povo que mora na megalópole mais famosa do mundo.
achei bem melhor do que o antecessor da franquia!
e que venha o "rio, eu te amo" (embora eu ache que são paulo, hoje em dia, mereça muito mais a homenagem do que o rio).
Tudo Sobre Lily Chou-Chou
4.1 59 Assista Agoragosto bastante da shunji iwai! "love letter" é maravilhoso!
Fome de Viver
3.8 349 Assista Agoraótimo filme! depois de muito tempo assisti de novo essa semana. excelênte!
o grande trunfo aqui é a subversão do gênero vampiros. nada de capas pretas, castelos sinistros, caninos pontiagudos, morcegos, sotaque do leste europeu (hahaha), sensibilidde ao sol, etc. aliás, é interessante que a palavra "vampiro" não é dita nenhuma vez no filme inteiro! o diretor evita, também, colocar o vampiro como algo sobrenatural, tratando eles como só uma outra raça de seres vivos.
é um grandioso filme de estréia! pena que o irmãozinho mais novo do ridley scott se perdeu, depois, em hollywood...
e po, se a originalidade na abordagem do tema, o estilo e a trilha sonora maravilhosa não forem motivos suficientes pra ver esse filme, só digo que tem uma cena de sexo com a catherine deneuve e a susan sarandon que é capaz de levantar o finado bela lugosi da tumba! hahaha
Abraços Partidos
3.9 661um dos piores filmes do amodovar, com certeza. se não "O". difícil, bem difícil...
Doces Encontros
2.8 247nada de mais. bem gostosinho de assistir. bom pra um domingo maldito ou uma sessão da tarde de verão...
A Partida
4.3 523 Assista Agorauhum! bélo filme. rola um melodraminha desnecessário no final da cena final, mas nada que prejudique o todo. típico do oscar. tudo certinho por aqui. bonito, engraçadinho nas horas certas, sensível. ah, esses orientais (russia, irã, europa oriental, etc, included)...
Tokyo!
4.0 126 Assista Agoragondry depende de um roteiro bom pra fazer coisas boas. o segmento dele funcionaria melhor como um clipe, mas até que não é de todo mal, assim... a parceiria leos carax + denis lavant continua imbatível e o segmento do bong joon-ho é demais!
ainda não sei qual foi o melhor, o do leos carax ou o do bong joon-ho... hm... ...acho que o do bong joon-ho vence! por que eu sou fresco e gosto é de romance. haha ...e também por que, comparando com o resto da filmografia do leos carax (vide les amants du pont-neuf, pola x, etc), o "merde'" é menor...
enfim, um bom split. dois ótimos segmentos e um meia boca. acho que vale um quatrinho, bem de querido...
Violência Gratuita
3.4 1,3K"Marcelo DiColdfer disse: pergunta, a primeira de muitas é: Seria necessário recriar a obra cena por cena pelo mesmo diretor com elenco americano?."
bom, se tu assistiu o original, sabe do que se trata o filme e conhece a obra do haneke, a resposta é claríssima, gritante e muito preocupante: sim, é extremamente necessário e urgente. o que o haneke criticava no funny games de 97 não só continua acontecendo, mas também aumentou brutalmente em quantidade. a pertinência e a urgência do chamado do haneke é tanta que valeria a pena fazer um remake por ano. "cena por cena"? é claro! por que absolutamente nada mudou, pelo contrário, piorou fatalmente.
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"Marcelo DiColdfer disse: (...) aí vem Hollywood e faz a cabeça do vendido Michael Haneke e põe caca no ventilador."
acho que 'vendido' não é um adjetivo que serve pra um cara que faz questão de enfiar o dedo na cara do seu espectador e mostrar o quão podre ele (o espectador) é. acho que 'oportunista' cairia melhor, e no melhor sentido da palavra. haneke viu a oportunidade e aproveitou que, atualmente, hollywood só vive de remakes pra levar a sua mensagem pro povo que é responsável pela maioria esmagadora do combustível do objeto do filme. elenco americano? é obvio que sim! ainda mais estes queridinhos como a naomi watts e michael pitt. quem sabe assim o pessoal lá pare pra pensar um pouco sobre a sua mídia, já que só "tiros em columbine" não tem adiantado.
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um julgamento sobre a qualidade ou não de um filme só pode ser feita em questões técnicos, por que arte depende de identificação e, como já dizia o poéta, "gosto é quenem c*: cada um tem o seu". aí sim, concordo contigo! os atores da versão original são indubitavelmente melhores do que os da versão americana. mas a crítica que o haneke fez a mais de uma decada atras merece ser conhecida pela maior quantidade de pessoas possível pra ver se algo muda nesse mundo doente em que a gente vive...
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p.s.: pra quem quiser sacar melhor qual é desse filme é interessante ver uma entrevista que o haneke deu na época do lançamento do original, especialmente na parte dois, nesses links aqui: pt1 - http://www.youtube.com/watch?v=c2U9kcpepoo / pt2 - http://www.youtube.com/watch?v=roOl9PvEPjs / pt3 - http://www.youtube.com/watch?v=dJ48tEdV2Fo
O Ano Passado em Marienbad
4.2 156 Assista Agoraeu discordo. existe, sim, um argumento claríssimo e personagens bem construídos. é um filme que respeita muito seu espectador. de maneira alguma é hermético e entender ou não não é tanto o propósito da coisa. sentir é palavra chave.
eu concordo. marienbad é uma orgia visual absolutamente maravilhosa! :)