"Are you food or are you sex?" O roteiro em si não é dos melhores, a história por vezes dá a impressão de que caberia melhor num curta-metragem. Mas, que exercício estético poderoso, que plasticidade incrível a desse filme repleto de símbolos e metáforas em meio a uma inebriante e atmosférica trilha synthpop, e uma boa dose de humor negro no seu final. Como bem pede um filme fashion. Cada frame que dá vontade de pendurar na parede como um quadro recém-saído de uma galeria de artes ou feira de design. Um deleite visual, uma espécie de belíssima peça publicitária que oculta um descartável, insidioso, nefasto e predatório mundo da moda, sedento pela beleza natural e pelo sangue de meninas cujo modelo é bem representado pela Elle Fanning. Bônus para a Jena Malone, ótima na pele da misteriosa e excêntrica maquiadora repleta de segundas intenções
Um faroeste com uma moderna roupagem, em que o real inimigo não é um caubói, nem um índio (aliás, o personagem do índio assistente do xerife rende ácidos diálogos). O real bandido agora é o sistema bancário, alfinetado e criticado ora sutil, ora explicitamente, ao longo de toda a trama. Talvez nem haja mocinhos, afinal, tanto os assaltantes como os homens-da-lei têm seu momentos de violência e de redenção (ou justificação). "A qualquer custo" aparenta ser o menos comentado da temporada de premiações, mas não o menos interessante. Muito pelo contrário.
O drama e o tormento de um luto incessante. A dor internalizada de um homem que se enterrou em vida, incapaz de superar um trauma e seguir em frente, muito bem transmitida pelo Casey Affleck (bônus para a curta mas arrebatadora e emotiva participação de Michelle Williams).
Surpreendente. Mais importante que o jogo de gato e rato e descoberta da identidade do estuprador, é o desenvolvimento da rica personalidade da protagonista. Mais desconcertante que a violência sofrida, é a forma nada convencional como ela lida com o trauma. Isabelle Huppert, que maravilhosa vida dada a uma personagem tão controversa e cheia de camadas.
Um grupo de amigos da alta classe tenta marcar um jantar - uma mera trivialidade, caso o evento não fosse interrompido por inusitadas e bizarras situações (que vão desde
). Com humor, ironia e surrealismo, Luis Buñuel mistura fantasia e realidade para expor a hipocrisia existente por baixo de toda a finesse, "moralidade" e bons modos das elites - nem mesmo a Igreja é poupada de alfinetadas. Imperdível.
O grande trunfo é a atuação do Di Caprio, perfeito e carismático na pele da personagem-título. Mas a direção over e caricata não se mostrou adequada à proposta, à temática de O Grande Gatsby. Esse apelo pop e berrante típico do Baz Luhrmann funcionou perfeitamente no espetáculo visual e musical de Moulin Rouge, mas em O Grande Gatsby não surtiu efeito, foi de encontro ao tom exigível da história. Provavelmente teríamos um melhor e mais sofisticado resultado nas mãos de Martin Scorsese, por exemplo.
É emocionante o cinema mais soturno, pesado e angustiante que Ingmar Bergman nos apresenta ao retratar os mais íntimos sentimentos em Gritos e Sussurros. É um filme difícil, muito reflexivo, por vezes duro em seu choque de realidade. Expõe de forma visceral a alma daquelas mulheres que clamam por alguma felicidade em meio à dor de serem elas mesmas. Atuações rascantes das quatro excelentes atrizes, roteiro riquíssimo que explora as mais variadas e nada óbvias nuances e traumas de suas personagens e uma direção milimetricamente construída, repleta de detalhes e metáforas (especialmente no uso constante da cor vermelha). Para quem admira um cinema mais reflexivo e soco-no-estômago, recomendo essa joia de Ingmar Bergman. Um filme forte, humano e por vezes incômodo em razão dos profundos sentimentos expostos. Gritos e Sussurros inevitavelmente fica gravado na retina e na memória.
Filme extremamente cansativo, com pouca substância que justifique a longa duração. Há passagens extremamente cansativas e outras constrangedoras, dotadas de um humor farsesco de fazer ruborizar. Só vale mesmo pela nova tecnologia em 48 quadros, os efeitos especiais e algumas eficientes sequências de batalha/aventura (a luta entre as montanhas é algo épico). Muita técnica para um parco conteúdo: a trilogia Senhor dos Anéis conseguiu unir ambos os elementos de maneira bem mais eficaz.
Spileberg ultimamente tem encontrado dificuldade de se posicionar: quando sua direção não é melodramática, tendenciosa e extremamente lacrimosa (como em Cavalo de Guerra), é completamente seca e nada autoral ou original, como visto em Lincoln. O roteiro tem boas intenções ao retratar vários aspectos da vida política do presidente Abrahan Lincoln - inclusive manobras fraudulentas em prol da aprovação da emenda de abolição da escravidão - , mas o conjunto acabou se tornando enfadonho e arrastado. Sally Field esteve exagerada e Tomy Lee Jones fez mais do mesmo. Sinceramente, Lincoln, apesar de bem intencionado, não serve sequer como reflexão, e mais uma vez a salvaguarda se encontra na bela atuação de Daniel Day Lewis (e elogie-se também a ótima maquiagem, injustamente ignorada pelo Oscar 2013).
Filme bonito, gracioso, com efeitos especiais bem dignos para época, uma fotografia belíssima e sequências de encher os olhos (a aparição da nave, o garotinho sendo abduzido e posteriormente devolvido pelos extraterrestres). Contatos Imediatos do Terceiro Grau é reconfortante e sublime.
Fraquíssimo. Se, por um lado, a direção do Ron Howard melhorou timidamente em relação a O Código da Vinci, por outro a adaptação ficou ainda mais rasa e superficial. Personagens foram extremamente reduzidos, alguns simplesmente desapareceram e o que restou na tela foi frívolo e vazio. Tom Hanks, a despeito do ótimo ator que é (ou já foi), não combina em nada com o estilo do astuto simbologista Robert Langdon; o drama familiar que justificou a personagem Vittoria Vetra no livro simplesmente não existe no roteiro (sem contar a má atuação da atriz), que reduziu demais sua importância. Ao menos Evan McGregor conseguiu dar alguma dignidade ao personagem-chave do Carmelendo, a despeito dos péssimos rumos que o roteiro lhe concedeu. Obviamente não se pode exigir uma adaptação 100% fiel de um filme para o cinema até pela questão pragmática de tempo, mas desestrutrar os perfis e tramas básicas de personagens é inadmissível. E é aí que reside o calcanhar de Aquiles de Anjos e Demônios.
Um filme que dividiu a crítica e o público no ano de 2002: houve os que aclamaram a suposta grandiosidade do filme, e quem o detratasse justamento pelos excessos. Particularmente gostei do filme, embora reconheça certos defeitos no roteiro e na direção em si (há cenas incríveis de batalha, por exemplo, que pecam pela longa duração, comprometendo um pouco o conjunto). Não é a melhor obra do Martin Scorsese, mas passa longe da mediocridade. Ao menos Daniel Day Lewis, dando o seu show habitual na pele do visceral The Butcher (o Açougueiro), hipnotizou.
Um dos melhores, senão o melhor filme nacional de 2012. Direção, produção, fotografia, reconstituição de primeira, em nada devendo ao cinema estrageiro. Destaque especial para João Miguel, emocionante na pele do desbravador que respeita e se integra à cultura indígena, se esforçando ao máximo para preservar as terras e os direitos daquele povo. Xingu é o representante do que se tem de melhor atualmente em termos de cinema nacional.
A Hora Mais Escura é mediano, embora represente uma considerável evolução de Bigelow em relação ao engodo chamado Guerra ao Terror. A direção e o roteiro estiveram menos hipócritas comparados à do filme (injustamente) vencedor do Oscar 2009, não poupando o telespectador de cenas tensas e realistas de tortura ''em nome da segurança nacional''. O porém vai para a superficial construção da personagem Maya, a agente obcecada em capturar Osama Bin Laden: extremamente mal concebida, prejudicou a atuação da muito boa atriz Jessica Chastain, que teve de se virar como pôde para dar veracidade a uma personagem jogada de qualquer forma na telona. Há boas passagens, como o atentado ao hotel e a invasão ao local onde se encontraria Osama Bin Laden (embora se alongue além do devido, reclamando uma melhor edição). Em suma, um filme mediano que se compromete pelo excesso da direção e pela superficialidade do roteiro no que se refere à protagonista. Mas mais honesto que o superestimado Guerra ao Terror.
A proposta do filme, no geral, pouco ou nada acrescenta de contundente ou de novo à história do eterno vilão Hannibal Lecter. O personagem, inclusive, funciona mais como um (hipnotizante) coadjuvante de luxo para a história do agente Will Grahan em busca do perturbado serial killer Lady Kill. Edward Norton está apenas OK na pele do agente que se vê obrigado a recorrer à perigosa genialidade de Hannibal para cumprir sua missão, enquanto Anthony Hopkins dá o show habitual na pele do icônico vilão, e Ralph Fiennes arrasa como o assassino em série alvo das investigações. A direção é sofisticada e consegue construir um bom clima de suspense com alguns sustos eficientes. O roteiro, porém, derrapa na construção do serial killer: muito superficial o drama familiar do passado de Lady Kill e extremamente forçada a reviravolta final do personagem, que soou como mero pretexto para aumentar o filme em 10 ou 15 minutos. A cena derradeira evocando O Silêncio dos Inocentes já tinha o impacto suficiente para um 'grand finale'. Assim, coube a Ralph Fiennes neutralizar tais defeitos com sua magistral atuação. No geral, Dragão Vermelho se apresenta como um filme assistível: não tem o impacto e genialidade de O Silêncio dos Inocentes, mas não faz tão feio dentro de seus próprios limites, servindo de bom entretenimento.
Um clássico do terror-suspense-ficção científica. Direção inovadora que, aliada ao ótimo roteiro, fez um incrível exercício de suspense progressivo, asfixiante e claustrofóbico. A recriação da imponente Nave Nostromo, ameaçada pela aterrorizante criatura do título, é indefectível e cenas impactantes, como a do nascimento do Alien, foram etermizadas. Sigourn Weaver marcou época com a destemida e astuta Tenent Ripley, a grande heroína do filme. Alien o Oitavo `Passageiro é um marco, um clássico obrigatório.
Eficiente blockbuster, com roteiro repleto de clichês e personagens arquétipos inerentes ao gênero ação. James Cameron filmou com muita competência, idealizando um belo espetáculo de efeitos especiais (o monstro título do filme está bem mais evidente e maior que no de 1979) e de sequências convidativas. Mas prefiro o exercício do suspense progressivo e asfixiante e a tensão claustrofóbica dos estreitos corredores da Nave Nostromo conduzidos por Ridley Scott no primeiro filme.
Belíssimo filme o clássico de Frank Capra "A Felicidade Não se Compra": um roteiro cativante, que discute com leveza e sem pieguice ou moralismo valores humanos, repleto de momentos deliciosos e instigantes. James Stewart maravilhoso como o bondoso e carismático protagonista, indo da comédia ingênua ao drama com maestria, e forma um gracioso casal com Dona Reed. "A Felicidade Não se Compra" é um dos filmes mais graciosos e confortantes já realizados, um verdadeiro clássico.
Kon Tiki retrata a expedição marítima comandada por um explorador norueguês em 1947, pelo Oceano Pacífico entre a América do Sul e a Polinésia, com fins científicos/antropológicos. O filme é super diferente e vale a pena: primeiro por ser um típico filme de aventura e entretenimento feito fora dos limites de Hollywood, segundo por cumprir muito bem o seu papel de blockbuster com uma direção de primeira e uma fotografia convidativa. As sequências envolvendo a aparição de um tubarão-baleia diante da diminuta jangada e do ataque de um cardume de tubarões são tensas e bem feitas. Vale a pena dar uma conferida nesse curioso filme norueguês.
É incrível como o Tarantino consegue se renovar mesmo dentro de um estilo já definido e conhecido. Em Django Livre ele praticamente homenageia e une o western ao drama histórico sulista, realizando o filme mais dramático e sério da sua carreira. Mas o humor anárquico com toques irônicos de violência está presente: as cena da ridicularização do capuz da Ku Klux Klan é hilária, e a literalmente explosiva participação do próprio Tarantino no final do filme, idem. Até um momento mais contemplativo é valorizado em Django Livre: linda a cena em que Django e King Schultz cavalgam pelos campos gelados de inverno em busca da esposa do escravo, com "I Got a Name" de Jim Croce ao fundo. Jammie Foxx e Christoph Waltz arrasam como os protagonistas e Leonardo di Caprio impressiona como o sádico fazendeiro sulista. Samuel L Jackson ótimo como o puxa-saco e encrenqueiro escravo racista. Pulp Fiction, Kill Bill e Bastardos Inglórios são melhores, mas Django Livre tem o seu valor (e que valor!).
Após as últimas bombas que seguiram em sua fimografia após Gladiador, Ridley Scott parece se recuperar com a ótima ficção cientítifca de Prometheus. Ele tanto funciona como o filme próprio que é, como prólogo de Alien O Oitavo Passageiro. As referências ao clássico de 1979 estão todas lá, mas com personalidade e não mera cópia, o roteiro empolga (e deixa brechas para a continuação) e o elenco se sobressai, com destaque para Michael Fassbender, cativante como o andróide David. Destaque para a cena próxima ao fim,
Argo é muito bom. A história real do agente da CIA que, para resgatar americanos do Irã durante a Revolução Islâmica, simula a produção de um falso filme de ficção científica, já é interessante por si só. O roteiro, então, a explora e adapta muito bem, prendendo a atenção. A direção do Ben Affleck (que funciona bem melhor atrás das câmeras do que atuando diante delas) é madura e de primeira, recriando muito bem aquele período entre 1979 e 1980, desde o figurino e cenários até a fotografia de filme antigo, passando por interessantes referências culturais (como os filmes de ficcção científica em alta na época e canções do Dire Straits e Van Halen). Uma interessante visão de poder da ficção - mais especificamente o cinema - sobre uma difícil realidade.
Demônio de Neon
3.2 1,2K Assista Agora"Are you food or are you sex?"
O roteiro em si não é dos melhores, a história por vezes dá a impressão de que caberia melhor num curta-metragem. Mas, que exercício estético poderoso, que plasticidade incrível a desse filme repleto de símbolos e metáforas em meio a uma inebriante e atmosférica trilha synthpop, e uma boa dose de humor negro no seu final. Como bem pede um filme fashion. Cada frame que dá vontade de pendurar na parede como um quadro recém-saído de uma galeria de artes ou feira de design. Um deleite visual, uma espécie de belíssima peça publicitária que oculta um descartável, insidioso, nefasto e predatório mundo da moda, sedento pela beleza natural e pelo sangue de meninas cujo modelo é bem representado pela Elle Fanning. Bônus para a Jena Malone, ótima na pele da misteriosa e excêntrica maquiadora repleta de segundas intenções
A Qualquer Custo
3.8 803 Assista AgoraUm faroeste com uma moderna roupagem, em que o real inimigo não é um caubói, nem um índio (aliás, o personagem do índio assistente do xerife rende ácidos diálogos). O real bandido agora é o sistema bancário, alfinetado e criticado ora sutil, ora explicitamente, ao longo de toda a trama. Talvez nem haja mocinhos, afinal, tanto os assaltantes como os homens-da-lei têm seu momentos de violência e de redenção (ou justificação). "A qualquer custo" aparenta ser o menos comentado da temporada de premiações, mas não o menos interessante. Muito pelo contrário.
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista AgoraO drama e o tormento de um luto incessante. A dor internalizada de um homem que se enterrou em vida, incapaz de superar um trauma e seguir em frente, muito bem transmitida pelo Casey Affleck (bônus para a curta mas arrebatadora e emotiva participação de Michelle Williams).
Elle
3.8 886Surpreendente. Mais importante que o jogo de gato e rato e descoberta da identidade do estuprador, é o desenvolvimento da rica personalidade da protagonista. Mais desconcertante que a violência sofrida, é a forma nada convencional como ela lida com o trauma. Isabelle Huppert, que maravilhosa vida dada a uma personagem tão controversa e cheia de camadas.
O Discreto Charme da Burguesia
4.1 284 Assista AgoraUm grupo de amigos da alta classe tenta marcar um jantar - uma mera trivialidade, caso o evento não fosse interrompido por inusitadas e bizarras situações (que vão desde
um velório a um treinamento militar
O Grande Gatsby
3.9 2,7K Assista AgoraO grande trunfo é a atuação do Di Caprio, perfeito e carismático na pele da personagem-título. Mas a direção over e caricata não se mostrou adequada à proposta, à temática de O Grande Gatsby. Esse apelo pop e berrante típico do Baz Luhrmann funcionou perfeitamente no espetáculo visual e musical de Moulin Rouge, mas em O Grande Gatsby não surtiu efeito, foi de encontro ao tom exigível da história. Provavelmente teríamos um melhor e mais sofisticado resultado nas mãos de Martin Scorsese, por exemplo.
Gritos e Sussurros
4.3 472É emocionante o cinema mais soturno, pesado e angustiante que Ingmar Bergman nos apresenta ao retratar os mais íntimos sentimentos em Gritos e Sussurros.
É um filme difícil, muito reflexivo, por vezes duro em seu choque de realidade. Expõe de forma visceral a alma daquelas mulheres que clamam por alguma felicidade em meio à dor de serem elas mesmas. Atuações rascantes das quatro excelentes atrizes, roteiro riquíssimo que explora as mais variadas e nada óbvias nuances e traumas de suas personagens e uma direção milimetricamente construída, repleta de detalhes e metáforas (especialmente no uso constante da cor vermelha).
Para quem admira um cinema mais reflexivo e soco-no-estômago, recomendo essa joia de Ingmar Bergman. Um filme forte, humano e por vezes incômodo em razão dos profundos sentimentos expostos. Gritos e Sussurros inevitavelmente fica gravado na retina e na memória.
O Hobbit: Uma Jornada Inesperada
4.1 4,7K Assista AgoraFilme extremamente cansativo, com pouca substância que justifique a longa duração. Há passagens extremamente cansativas e outras constrangedoras, dotadas de um humor farsesco de fazer ruborizar. Só vale mesmo pela nova tecnologia em 48 quadros, os efeitos especiais e algumas eficientes sequências de batalha/aventura (a luta entre as montanhas é algo épico). Muita técnica para um parco conteúdo: a trilogia Senhor dos Anéis conseguiu unir ambos os elementos de maneira bem mais eficaz.
Lincoln
3.5 1,5KSpileberg ultimamente tem encontrado dificuldade de se posicionar: quando sua direção não é melodramática, tendenciosa e extremamente lacrimosa (como em Cavalo de Guerra), é completamente seca e nada autoral ou original, como visto em Lincoln. O roteiro tem boas intenções ao retratar vários aspectos da vida política do presidente Abrahan Lincoln - inclusive manobras fraudulentas em prol da aprovação da emenda de abolição da escravidão - , mas o conjunto acabou se tornando enfadonho e arrastado. Sally Field esteve exagerada e Tomy Lee Jones fez mais do mesmo. Sinceramente, Lincoln, apesar de bem intencionado, não serve sequer como reflexão, e mais uma vez a salvaguarda se encontra na bela atuação de Daniel Day Lewis (e elogie-se também a ótima maquiagem, injustamente ignorada pelo Oscar 2013).
Guerra dos Mundos
3.2 1,3K Assista AgoraO que tem de excelente em termos técnicos e direção artística, tem de péssimo em matéria de roteiro/história, completamente perdido.
Contatos Imediatos do Terceiro Grau
3.7 578 Assista AgoraFilme bonito, gracioso, com efeitos especiais bem dignos para época, uma fotografia belíssima e sequências de encher os olhos (a aparição da nave, o garotinho sendo abduzido e posteriormente devolvido pelos extraterrestres). Contatos Imediatos do Terceiro Grau é reconfortante e sublime.
Anjos e Demônios
3.5 1,6K Assista AgoraFraquíssimo. Se, por um lado, a direção do Ron Howard melhorou timidamente em relação a O Código da Vinci, por outro a adaptação ficou ainda mais rasa e superficial. Personagens foram extremamente reduzidos, alguns simplesmente desapareceram e o que restou na tela foi frívolo e vazio. Tom Hanks, a despeito do ótimo ator que é (ou já foi), não combina em nada com o estilo do astuto simbologista Robert Langdon; o drama familiar que justificou a personagem Vittoria Vetra no livro simplesmente não existe no roteiro (sem contar a má atuação da atriz), que reduziu demais sua importância. Ao menos Evan McGregor conseguiu dar alguma dignidade ao personagem-chave do Carmelendo, a despeito dos péssimos rumos que o roteiro lhe concedeu. Obviamente não se pode exigir uma adaptação 100% fiel de um filme para o cinema até pela questão pragmática de tempo, mas desestrutrar os perfis e tramas básicas de personagens é inadmissível. E é aí que reside o calcanhar de Aquiles de Anjos e Demônios.
Gangues de Nova York
3.8 790Um filme que dividiu a crítica e o público no ano de 2002: houve os que aclamaram a suposta grandiosidade do filme, e quem o detratasse justamento pelos excessos. Particularmente gostei do filme, embora reconheça certos defeitos no roteiro e na direção em si (há cenas incríveis de batalha, por exemplo, que pecam pela longa duração, comprometendo um pouco o conjunto). Não é a melhor obra do Martin Scorsese, mas passa longe da mediocridade. Ao menos Daniel Day Lewis, dando o seu show habitual na pele do visceral The Butcher (o Açougueiro), hipnotizou.
Curtindo a Vida Adoidado
4.2 2,3K Assista AgoraHilário diveridíssimo, politicamente incorreto, ícone dos anos 80!
O descolado e irreverente Ferris Bueller é mito!
Xingu
3.6 426Um dos melhores, senão o melhor filme nacional de 2012. Direção, produção, fotografia, reconstituição de primeira, em nada devendo ao cinema estrageiro. Destaque especial para João Miguel, emocionante na pele do desbravador que respeita e se integra à cultura indígena, se esforçando ao máximo para preservar as terras e os direitos daquele povo.
Xingu é o representante do que se tem de melhor atualmente em termos de cinema nacional.
A Hora Mais Escura
3.6 1,1K Assista AgoraA Hora Mais Escura é mediano, embora represente uma considerável evolução de Bigelow em relação ao engodo chamado Guerra ao Terror. A direção e o roteiro estiveram menos hipócritas comparados à do filme (injustamente) vencedor do Oscar 2009, não poupando o telespectador de cenas tensas e realistas de tortura ''em nome da segurança nacional''. O porém vai para a superficial construção da personagem Maya, a agente obcecada em capturar Osama Bin Laden: extremamente mal concebida, prejudicou a atuação da muito boa atriz Jessica Chastain, que teve de se virar como pôde para dar veracidade a uma personagem jogada de qualquer forma na telona. Há boas passagens, como o atentado ao hotel e a invasão ao local onde se encontraria Osama Bin Laden (embora se alongue além do devido, reclamando uma melhor edição). Em suma, um filme mediano que se compromete pelo excesso da direção e pela superficialidade do roteiro no que se refere à protagonista. Mas mais honesto que o superestimado Guerra ao Terror.
Dragão Vermelho
4.0 894 Assista AgoraA proposta do filme, no geral, pouco ou nada acrescenta de contundente ou de novo à história do eterno vilão Hannibal Lecter. O personagem, inclusive, funciona mais como um (hipnotizante) coadjuvante de luxo para a história do agente Will Grahan em busca do perturbado serial killer Lady Kill. Edward Norton está apenas OK na pele do agente que se vê obrigado a recorrer à perigosa genialidade de Hannibal para cumprir sua missão, enquanto Anthony Hopkins dá o show habitual na pele do icônico vilão, e Ralph Fiennes arrasa como o assassino em série alvo das investigações. A direção é sofisticada e consegue construir um bom clima de suspense com alguns sustos eficientes. O roteiro, porém, derrapa na construção do serial killer: muito superficial o drama familiar do passado de Lady Kill e extremamente forçada a reviravolta final do personagem, que soou como mero pretexto para aumentar o filme em 10 ou 15 minutos. A cena derradeira evocando O Silêncio dos Inocentes já tinha o impacto suficiente para um 'grand finale'. Assim, coube a Ralph Fiennes neutralizar tais defeitos com sua magistral atuação. No geral, Dragão Vermelho se apresenta como um filme assistível: não tem o impacto e genialidade de O Silêncio dos Inocentes, mas não faz tão feio dentro de seus próprios limites, servindo de bom entretenimento.
Alien: O Oitavo Passageiro
4.1 1,3K Assista AgoraUm clássico do terror-suspense-ficção científica. Direção inovadora que, aliada ao ótimo roteiro, fez um incrível exercício de suspense progressivo, asfixiante e claustrofóbico. A recriação da imponente Nave Nostromo, ameaçada pela aterrorizante criatura do título, é indefectível e cenas impactantes, como a do nascimento do Alien, foram etermizadas. Sigourn Weaver marcou época com a destemida e astuta Tenent Ripley, a grande heroína do filme. Alien o Oitavo `Passageiro é um marco, um clássico obrigatório.
Aliens: O Resgate
4.0 810 Assista AgoraEficiente blockbuster, com roteiro repleto de clichês e personagens arquétipos inerentes ao gênero ação. James Cameron filmou com muita competência, idealizando um belo espetáculo de efeitos especiais (o monstro título do filme está bem mais evidente e maior que no de 1979) e de sequências convidativas. Mas prefiro o exercício do suspense progressivo e asfixiante e a tensão claustrofóbica dos estreitos corredores da Nave Nostromo conduzidos por Ridley Scott no primeiro filme.
A Felicidade Não Se Compra
4.5 1,2K Assista AgoraBelíssimo filme o clássico de Frank Capra "A Felicidade Não se Compra": um roteiro cativante, que discute com leveza e sem pieguice ou moralismo valores humanos, repleto de momentos deliciosos e instigantes. James Stewart maravilhoso como o bondoso e carismático protagonista, indo da comédia ingênua ao drama com maestria, e forma um gracioso casal com Dona Reed. "A Felicidade Não se Compra" é um dos filmes mais graciosos e confortantes já realizados, um verdadeiro clássico.
Expedição Kon Tiki
3.9 283 Assista AgoraKon Tiki retrata a expedição marítima comandada por um explorador norueguês em 1947, pelo Oceano Pacífico entre a América do Sul e a Polinésia, com fins científicos/antropológicos. O filme é super diferente e vale a pena: primeiro por ser um típico filme de aventura e entretenimento feito fora dos limites de Hollywood, segundo por cumprir muito bem o seu papel de blockbuster com uma direção de primeira e uma fotografia convidativa. As sequências envolvendo a aparição de um tubarão-baleia diante da diminuta jangada e do ataque de um cardume de tubarões são tensas e bem feitas. Vale a pena dar uma conferida nesse curioso filme norueguês.
Django Livre
4.4 5,8K Assista AgoraÉ incrível como o Tarantino consegue se renovar mesmo dentro de um estilo já definido e conhecido. Em Django Livre ele praticamente homenageia e une o western ao drama histórico sulista, realizando o filme mais dramático e sério da sua carreira. Mas o humor anárquico com toques irônicos de violência está presente: as cena da ridicularização do capuz da Ku Klux Klan é hilária, e a literalmente explosiva participação do próprio Tarantino no final do filme, idem. Até um momento mais contemplativo é valorizado em Django Livre: linda a cena em que Django e King Schultz cavalgam pelos campos gelados de inverno em busca da esposa do escravo, com "I Got a Name" de Jim Croce ao fundo. Jammie Foxx e Christoph Waltz arrasam como os protagonistas e Leonardo di Caprio impressiona como o sádico fazendeiro sulista. Samuel L Jackson ótimo como o puxa-saco e encrenqueiro escravo racista. Pulp Fiction, Kill Bill e Bastardos Inglórios são melhores, mas Django Livre tem o seu valor (e que valor!).
Prometheus
3.1 3,4K Assista AgoraApós as últimas bombas que seguiram em sua fimografia após Gladiador, Ridley Scott parece se recuperar com a ótima ficção cientítifca de Prometheus. Ele tanto funciona como o filme próprio que é, como prólogo de Alien O Oitavo Passageiro. As referências ao clássico de 1979 estão todas lá, mas com personalidade e não mera cópia, o roteiro empolga (e deixa brechas para a continuação) e o elenco se sobressai, com destaque para Michael Fassbender, cativante como o andróide David. Destaque para a cena próxima ao fim,
com a aparição do Alien
Argo
3.9 2,5KArgo é muito bom. A história real do agente da CIA que, para resgatar americanos do Irã durante a Revolução Islâmica, simula a produção de um falso filme de ficção científica, já é interessante por si só. O roteiro, então, a explora e adapta muito bem, prendendo a atenção. A direção do Ben Affleck (que funciona bem melhor atrás das câmeras do que atuando diante delas) é madura e de primeira, recriando muito bem aquele período entre 1979 e 1980, desde o figurino e cenários até a fotografia de filme antigo, passando por interessantes referências culturais (como os filmes de ficcção científica em alta na época e canções do Dire Straits e Van Halen). Uma interessante visão de poder da ficção - mais especificamente o cinema - sobre uma difícil realidade.