Estou um pouco decepcionado, mas ao mesmo tempo, encantado com o esforço de adaptarem aquele que considero um dos melhores livros de fantasia infanto-juvenil já feitos. O problema do filme é que a adaptação não fez jus à história original: com o tempo de duração limitado, eliminaram sequências inteiras e personagens que só agregariam e trariam mais camadas à história. Ao mesmo tempo em que tentaram ser respeitosos com os personagens que permaneceram, ficou uma grandiosa lacuna entre cada aventura vivida por Lug e seu cavaleiro Ben ao lado da divertida, porém muito apaga se comparada ao livro, Sulfrônia. Ao menos tem várias paisagens belíssimas e um visual minimamente competente, é o típico filme que as crianças poderão amar e os adultos irão se esquecer com o tempo. Espero que um dia adaptem esse livro para uma versão carne-e-osso pois merece demais. Até lá, é o que temos pra hoje.
Assisti a esse filme sem saber nada sobre ele, então não vi nem trailer e nem li sinopse; e a experiência foi absurdamente interessante, embora, num primeiro momento, um pouco incompleta; incompleta porque eu não entendi todos os elementos de cara - e isso é uma coisa que estamos sujeitos a passar quando damos o play sem nenhum embasamento antes -, mas não menos intensa e impactante, veja bem!
O Refúgio conta a história de uma família que se desintegra por obra da ganância e das falsas aparências e que perde o fio de prata que os une porque não existe mais sintonia entre cada membro que compõe o elemento familiar; o importante aqui não é necessariamente o que acontece, mas a forma como acontece, e o diretor Sean Durkin sabe muito bem capturar a forma e lapidá-la ao ponto mais elegante possível para transmitir uma história que é sufocante em sua natureza, ao mesmo tempo um drama e um terror da vida real!
Na psicologia a casa simboliza o ser humano em seus elementos mais fundamentais; a essência, a pedra angular da personalidade, além da interação entre natureza e cultura, entre o indivíduo e a sociedade. Oras, sendo assim, fica fácil entender porque Durkin escolheu a casa para representar os dramas e os terrores daquela família. Cada um reage à casa de uma forma particular: a mãe acredita que é grande e opressora demais, a filha mais velha cada vez se fecha no seu próprio mundo de rebeldia e insolência, o filho mais novo sente medo e, às vezes, desespero; enquanto o pai olha tudo aquilo de forma deslumbrada, mas a sensação de que algo ainda falta não deixa de acompanhá-lo. O trabalho do diretor fica ainda mais evidente ao subverter as expectativas do que seria um filme de terror tradicional ao colocar a casa como um personagem-testemunha mas, no lugar de trabalhar com o sobrenatural por si só, trabalha com o sobrenatural dos sentimentos humanos e da fragilidade das relações. E a isso devemos saudar a forma como a atmosfera criada pelo diretor possibilita essas percepções: enquanto a família vivia em NY, o clima do filme era mais solar, familiar, amigável e alegre; quando a família se muda para a velha casa em Londres, as sombras adentram a tela e é como se os personagens se apequenassem diante de uma atmosfera escura, sombria e deveras opressora, simbolizando o vazio existencial e o abismo profundo que começam a imperar sobre aquela família.
Também na psicologia o cavalo pode ser um símbolo de poder, de liberdade, autoconfiança, espiritualidade e beleza. Às vezes pode até representar os desejos mais impulsivos das pessoas. Acho que foi uma analogia incrível pois Allison se sentia livre e autoconfiante quando estava nos EUA, mas passa a se sentir oprimida e vazia quando se muda para Londres. Seu cavalo reage a esses acontecimentos e é também mais uma das vítimas da Casa. Assim como o relacionamento do casal, o cavalo de Allison também começa a minguar quando muda a geografia - e depois de determinado acontecimento na história provoca uma mudança ainda mais profunda e praticamente irreversível.
No fim, não é um filme de fácil degustação porque pode ser considerado lento e parado para muitos, algo que acho compreensível. Mas não acreditem em quem diz que nada de relevante acontece, pois não existe horror mais absoluto e poderosamente destruidor do que o horror de assistir a tudo o que você conhece e ama se desvanecer na sua frente. Nada de sólido pode ser construído na mentira e nada de fértil pode crescer ou vingar quando a ganância eclipsa o que se tem de melhor. E nenhuma falsa aparência pode camuflar a verdade do coração dos homens.
Havia assistido apenas uma vez no fim dos anos 2000. Me lembrava de pouquíssima coisa, mas na minha memória eu havia gostado. Revi hoje e continuei gostando, mas achei que o filme não atinge toda a sua potencialidade. Inegavelmente tem uma boa produção, mas assistindo hoje, em 2021, a sensação é de que parece um filme feito para a TV (acima da média, mas ainda assim para TV...) e falo isso porque a direção poderia ter se aventurado e explorado muito mais das cenas de batalha e também da própria ambientação da história. Outra coisa que me incomodou foi a montagem do filme, achei um pouco apressada e, embora as atuações tenham sido boas, o que releva minha crítica, ainda assim achei que faltou mais interação e profundidade entre os sentimentos mostrados em tela.
Eu conheço algumas variações da lenda de Tristão e Isolda e, para minha surpresa, o filme seguiu um rumo totalmente desconhecido (o que encarei de forma positiva, visto que eu não achava muito interessante as versões que continham uma segunda Isolda, por exemplo) que me fez ficar mais apreensivo por não saber exatamente como chegaríamos ao derradeiro final (este, bem conhecido). Encaro isso como um ponto extremamente positivo.
Mas esse ponto está atrelado a outro que me desagradou: o acontecimento final. Não o acontecimento em si, pois eu já sabia que o sucederia, mas a forma. Prefiro a forma como é retratada nas lendas, nas lendas o final é ainda mais "romeujulietizado" o possível, o que passa mais carga dramática. No filme eu não senti a emoção que o diretor tentou emular no público; pra falar a verdade, não senti uma conexão suficiente com os dois protagonistas a ponto de chegar a sentir a emoção esperada. Como falei antes, gostei das atuações, mas o que me prejudicou a sentir essa conexão com eles foi a montagem mesmo...
Apesar de tudo é um bom filme: entretém e nos faz passar pela raiva, pela calmaria, pela emoção e pela ansiedade. Mas acho que poderia ter sido bem mais e sinto que a lenda de Tristão e Isolda, ao contrário de Romeu e Julieta, ainda não encontrou sua versão definitiva nas telonas.
Eu deixei o hype passar pra poder assistir e ter uma impressão melhor livre de influências externas. Devo dizer que a experiência foi, num todo, muito melhor do que as minhas baixas expectativas esperavam, mas ainda foi bem aquém das experiências que tive com o primeiro e o segundo filme da franquia!
Por um lado, achei corajosa a decisão de redirecionar o protagonismo quase que totalmente apenas para o casal Warren, afinal, são personagens extremamente carismáticos que se sustentam por si só e que nos fazem torcer por eles, independente de qualquer coisa. Fico pensando que talvez os produtores temeram que se seguissem a mesma fórmula dos dois primeiros filmes, teriam um grande problemão de originalidade nesse. Se foi esse o pensamento, eu não condeno e acho plausível. Só que se isso por um lado serviu para dar uma "refrescada" no tom, também prejudicou um pouco da qualidade da obra. Mas talvez o problema nem tenha sido essa decisão em si, mas o roteiro mesmo.
O caso por si só já é bem controverso na vida real, né? Eu não conhecia, fiquei sabendo durante o lançamento do filme, mas vi que muita gente condenou a ideia. Também não julgo quem preferia que outro caso tivesse sido abordado, mas aí vai de opinião pessoal mesmo...
O filme tá longe de ser ruim, sinceramente. Toda a parte técnica tá bem ok, tem uma direção de arte interessante, uma reconstituição de época legal e um clima sombrio e muitas vezes claustrofóbico bem imersivo. Mas algo ficou faltando... Não sei dizer bem o quê, mas ficou. O roteiro tinha potencial para mais, sabe? Sinto que poderiam ter explorado a dinâmica toda de uma forma ainda mais imersiva... No final, o "terror" da vez acabou não me assustando como nos filmes anteriores. Não tivemos um vilão marcante, memorável ou qualquer coisa do tipo... Em outras palavras, o filme é legal, mas parece que deixou o charme que os filmes anteriores tinham pra escanteio.
Eu esperava só um apanhado de clichês, mas gostei do contexto trabalhado aqui. Um bom filme, não é grandioso ou impactante, mas é um filme honesto e cumpre com o papel.
Juro que tentei assistir de muita boa vontade, apesar dos pesares que senti quando vi o trailer. Algumas pessoas apontavam que a existência de um Fado Madrinho era um problema, mas isso nunca me incomodou nem antes e nem agora vendo o filme. O que me incomodou está muito mais embaixo: o péssimo roteiro.
Okay, okay, o filme nunca se propôs em ser uma obra cultuadíssima; se vendeu como uma "farofa", um filme para entretenimento, e assim o foi. A questão é que existem vários tipos de entretenimentos e esse, pra mim, definitivamente não foi do melhor tipo.
Uma frase pra descrever esse roteiro seria "uma tentativa desesperada de simular vários tabus sendo quebrados o tempo todo" e sério, a cada troca de cena era um tabu sendo quebrado (hahahahaha). Não veria nenhum problema nas variadas bandeiras e discussões que o filme tenta levantar se elas não fossem só tentativas, se tivessem realmente profundidade e fossem bem trabalhadas. Infelizmente não foi o que aconteceu.
O roteiro se contenta em ficar na superfície, e pior, no limiar do limiar da superfície; sim, na parte mais rasa possível. E isso impede qualquer análise de que esse filme realmente tenha sido inovador com o conto. Oras, o marketing do filme o vendeu como a versão mais inovadora e moderna de todas e, até certo ponto é, mas não é de todo. Ficou muito mais no "poderia ser" do que no "foi", o que pra mim foi frustrante. Como todos os temas foram trabalhados da forma mais rasa possível, foi basicamente impossível para o filme largar o osso do conto de fadas original. Não vou negar que ele tentou, porque realmente tentou, mas no final o conto ficou ali como muleta e não tivemos realmente nenhuma mudança tão transgressora ou inovadora assim. E pra quem já assistiu todas as adaptações existentes de Cinderela, inclusive as modernas e feitas para a TV como a franquia "A Nova Cinderela", "O Outro Conto da Nova Cinderela" e outros tantos de "novas Cinderelas" que nem me lembro o nome vividas por Hilary Duff, Selena Gomez, Lucy Hale, Sofia Carson e afins, sabe do que tô falando. O Cinderela estrelado por Camila não inventou a roda: no fim, não trouxe nada de substancialmente impactante e verdadeiramente novo que as versões de baixo orçamento não tenham feito antes ao longo dos anos 00 e 10. Com isso, tentativas de realmente sair fora da casinha como em dar um pouquinho de profundidade na Madrasta e na Rainha acabam perdidas e fadadas ao fracasso no meio de tantos elementos que não conseguiram superar o raso. É uma pena.
Sobre as músicas, não achei que todas combinaram com o filme. Algumas eram legais e divertidas, mas nada muito empolgante. O que mais me incomodou é que todas foram filmadas como videoclipes e a sensação que me deu é de que o filme é um apanhado de vários videoclipes intercalados com alguns momentos de drama e humor (um humor duvidoso, diga-se de passagem, principalmente por causa do James Corden que é péssimo em tudo).
Os melhores são Idina Menzel e Billy Porter, mas nada surpreendente. Apesar de tudo, dá pra ver que eles tentaram fazer algo com seus papéis e visivelmente se divertiram. É um ponto a favor.
O ator que faz o príncipe é PÉSSIMO, atua como uma porta, tem uma voz cansativa e a representação dele de Somebody To Love foi uma das maiores vergonhas alheias dos últimos dez anos.
A Camilla não está necessariamente ruim, mas também não está necessariamente boa. Para uma estreante, até que foi bem na comédia, embora no drama a tenha achado meio forçada.
Os efeitos especiais são horríveis e datados, principalmente o dos ratinhos. E aproveitando a deixa: Por que o vestido da Cinderela não era o mais bonito do baile? Sério, eu contei dez vestidos melhores.
É certamente um filme feito pro público infanto-juvenil, e possivelmente eles vão gostar, mas eu acho que é dever dos pais os colocarem pra assistir Cinderela de 97, uma versão de TV da Disney e Para Sempre Cinderela. Até mesmo Cinderela 2015 é muito melhor e mais aprazível e emocionante.
Independente de você gostar ou não, eu tenho certeza de que esse filme será esquecível. É a natureza dele, afinal, não passa de um produto pré-fabricado, ainda mais pela escolha da protagonista.
O final é previsível mesmo com as "inovações" da história. E é isso que mais me incomodou, porque dava pra ser ainda mais diferente e muito melhor, mas preferiram não sair do lugar-comum. Apesar de ter uma mensagem interessante sobre o papel da mulher, essa mensagem ainda assim fica muito rasa quando
[/spoiler] em questão de segundos, depois do baile, a Ella já tá chorando com o coração partido porque não pode ficar com o príncipe como se eles tivessem MESMO tido tempo pra se apaixonar. Nem a Cinderela de 2015 se apaixonou tão rápido assim e, se bobear, nem a da animação de 1950
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Pra mim isso foi muito Anna e Hans. E quem for um bom entendedor, vai sacar kkk.
No mais, é isso. Fico feliz por quem gostar e tirar algo de bom. Eu achei que dava pra ter ido além, principalmente
[/spoiler] com a história da Madrasta que daria um ótimo background se melhor explorada. O fato dela contar sobre ter estudado piano não foi o suficiente e só desperdiçou uma trama em potencial evidenciando o contraponto entre madrasta e enteada. E a Rainha poderia ter tido mais profundidade também; a personagem nem foi desenvolvida e já tacaram um plot de ela se sentir menor do que o Rei. Sabe quando faz sentido mas não faz? Foi essa a impressão.
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E era aí que poderiam REALMENTE ter inovado e feito o Cinderela mais diferente de todos, mas não fizeram. Preferiram o velho feijão com arroz.
Fama é um filme muito gostoso de se ver que consegue se equilibrar perfeitamente entre entreter e provocar reflexões enquanto nos presenteia com ótimos momentos musicais de pura descontração e grande energia. A direção é muito boa, a fotografia é bonita e o roteiro, embora peque em muitos pontos, consegue dar conta de diferenciar cada um dos personagens que compõem o universo dessa obra que, no duro, fala sobre sonhos e objetivos de vida. Achei extremamente positivo como um filme de 1980 conseguiu abordar a sexualidade de um rapaz homossexual de uma forma bem leve e humana e, num geral, achei muito positivo como o filme, se comparado com os irmãos e primos (Os Embalos de Sábado à Noite, Grease, Footloose, Dirty Dancing e Flashdance), consegue ser o mais representativo dentre todos naquele período: temos destaque para personagens latinos, negros, uma judia e um LGBTQIA+, algo que para 1980 me soa bastante progressista & promissor.
Ainda assim, rola uma fetichização das mulheres. Mas como não quero tentar analisar esse filme por uma ótica moderna, apesar de não ter gostado desse ponto em específico, eu tentei relevar e não deixar isso influenciar (muito) na nota.
O que mais me pegou negativamente é que talvez o excesso de personagens tenha impedido o roteiro de se desenvolver mais. A sensação que ficou é de que aqueles personagens tinham muito mais história para contar! E ainda que alguns deles tenham amadurecido bastante do início do filme para o final (afinal, foram retratados os 4 anos de escola deles), eu não senti isso com outros. A transição de um ano para o outro não me soou tão orgânica ao ponto de eu conseguir acompanhar realmente o crescimento deles. E isso acabou, de uma forma ou de outra, puxando para um final que eu considerei bem apressado e inacabado. Não foi exatamente ruim, mas também não foi bom.
No mais, apesar desses pontos negativos, é um filme divertido e ao mesmo tempo nos permite refletir sobre nossos sonhos, objetivos e desejos próprios. E é muito interessante como joga uma ótica sobre o lado ruim da fama (ou de se obter a fama) com momentos que nos mostram que nem tudo são flores e muitas vezes o sucesso vem de concessões e abdicações (e infelizmente das piores formas possíveis, como acontece com a Coco) injustas e cruéis.
Vale a pena, principalmente pela música na hora do almoço!!
Hoje estou sem palavras! Acho que é o filme mais grandioso, colossal e épico que já vi até o momento da vida. E dificilmente algum outro vai superar tão cedo, acredito.
Eu estou realmente chocado com esse filme. Okay, se passa nos anos 70 e foi feito nos anos 70, mas acho que mesmo nos anos 70 certas coisas já eram repudiadas - e muito - pela sociedade.
O protagonista não passa, no linguajar atual, de um "boy lixo", enquanto todas as personagens femininas na trama só servem pro """"""desenvolvimento""""""" dos homens, e acreditem, da maneira mais porca, horrível e desnecessária possível.
As duas estrelas vão, respectivamente, para a trilha sonora que é fantástica, marcante e atemporal e para as cenas de dança e toda a composição da discoteca 2001 que realmente ficou perfeita e faz com que nos sintamos lá dentro, dançando o melhor da disco music com os personagens. De resto, honestamente, os mais velhos podem até considerar um clássico, mas eu acho um clássico bem, mas bem esquecível. Prefiro meu Dirty Dancing, que ao rever esses dias, percebi que envelheceu como vinho, enquanto esse envelheceu como leite no Sol.
[/spoiler] Eu acho que o filme tem boas tentativas aqui e ali, mas a história nunca se aprofunda de fato, né? Tipo, a gente começa sabendo que a Clara tem algum problema, mas nunca temos certeza de que problema é esse. Eu sei que nem tudo precisa de explicação no cinema (ainda bem), mas nesse caso, parece que ficou faltando algo mesmo. Que vozes eram aquelas que ela ouvia antes de se consultar com o Dr. Bruno? Que problema a Clara tinha? Ou ela era só uma receptora de espíritos? Não fecharam muito bem esse arco, na verdade, não fecharam muito bem quase nenhum arco se formos analisar, né...
[spoiler]
Mas apesar dos muitos pesares e da atuação da Cleo que não distinguia muito bem a personalidade de cada gêmea, eu até gostei.
Como referenciador da cultura pop, por exemplo, acho Jogador Nº 1 muito mais interessante porque não soa como propaganda gratuita. Ao mesmo tempo, não posso negar que eu me diverti com Space Jam 2. Em alguns momentos eu ri demais, demais mesmo, em outros eu deitei e viajei na maionese com os nossos personagens queridos. Acontece que nem tudo é só nostalgia na vida e, ainda que o primeiro Space Jam não tivesse um roteiro brilhante (nem minimamente bom, para falar a verdade), era mais competente no desenvolvimento dos personagens e na interação do Jordan com os Looneys. Aqui o filme prefere focar mais na 'saga' do LeBron e, ao fazer isso, se esquece da própria alma; daquilo que realmente nos faz ter interesse em assistir ao filme. AInda assim, um entretenimento (vazio, é verdade) pra se ver num dia qualquer e se esquecer dos problemas.
Tive uma impressão de que o diretor não fugiu de uma abordagem rasa e estereotipada do tema. Não estou dizendo que a homofobia como retratada no filme é impossível - eu bem sei que não é -, mas a sensação que me deu é de que a história não casa muito com o ano em que se passa (2016 se levarmos em conta o lançamento, 2015 se levarmos em conta as gravações). Digo isso porque nesse período eu estagiei em três escolas, lidei com crianças e adolescentes, e a situação era bem diferente. Encontrei alunos claramente LGBTQIA+ que sim, lidavam com questões de homofobia no dia a dia, mas também contavam com um apoio enorme das outras pessoas que era uma verdadeira beleza de se ver, ainda mais comparando ao período que eu estudei (2006 a 2012). Isso numa cidadezinha do interior de SP. Quando penso que o filme se passa em um país como a França, não sei, parece um pouco forçado... Cenas como toda a escola parando pra olhar o Nathan enquanto ele entra/passa, por exemplo, é tão... anos 90/00, não? A forma como TODOS os alunos da escola basicamente são homofóbicos (tipo, 2015/16 a gente já tinha pautas bem mais avançadas, os adolescentes com mais liberdade de serem quem são do que na década passada) me soou definitivamente raso. E fora isso, o filme nem trabalha com todos os plots abertos; a questão dos dois professores e do diretor nem teve um desenvolvimento... Mas reconheço que o roteiro acertou na construção familiar do Nathan e do Louis: é perfeitamente comum encontrar um pai como o do Nathan, que aos poucos aprende a aceitar e abraça a diversidade, e um pai como o do Louis: um preconceituoso praticamente incorrigível e intolerante ao extremo.
Tudo nesse filme em excelente equilíbrio, uma ótima dramédia sobre uma família nada comum, sobre ser quem realmente se é em um mundo em que todos vivem apenas por aparência e com medo do julgamento alheio. Nenhuma cena poderia descrever melhor o filme do que a
Mais um filme subestimado pelo público. Não entendo o que vocês estavam esperando, exatamente...
Pois bem, Cinderela se propôs a recontar uma história amplamente conhecida para uma nova geração e, claro, se utilizou dos conceitos morais que predominam a geração atual para contextualizar a narrativa. O filme até pode soar bem bobinho para alguns, mas aí fica a cargo de vocês colocarem a mão na consciência e refletirem sobre o que esperavam, de fato, para um filme da Disney cuja único objetivo - além de faturar rios de dinheiro - é contar uma história pra crianças.
Gosto muito de como a Ella é desenvolvida. Ela é uma protagonista doce, humilde, gentil e amável, mas não é boba e nem fraca por isso. Hoje em dia criou-se uma concepção de que personagens bons de natureza são chatos, mas não é o caso aqui. Muito pelo carisma da Lily James, a personagem é construída com serenidade e honestidade e é muito bonito ver como ela valoriza demais a memória da mãe, a ponto de engolir seus achismos para que as pessoas ao seu redor se sintam bem. Alguns podem alegar que Ella se anula, mas eu enxergo o contrário, acho que a personagem compreende que não adianta reagir de forma contrária à gentileza se o que ela busca é algo verdadeiro (e esse algo pode ser qualquer coisa). Percebo muito isso na cena que o pai conta que está interessado na Lady Tremaine: Ella, lá no fundo, sabe que esse interesse amoroso dele pode dar muito errado por N fatores, mas engole qualquer achismo porque sabe que o pai merece ter outra chance e dá o apoio que ele precisa.
Direção de arte muito boa. Os figurinos nem se fala, uma explosão de cores, de brilhos, de formas. Tudo muito bem arquitetado para transmitir os sentimentos e as emoções de cada personagem. O verde "tóxico" de Lady Tremaine, o azul sereno, tranquilizador e acalentador de Ella, os tons de rosa/laranja e amarelo/verde bem "cheguei" para representar a futilidade de Anastasia e Drizella... Os efeitos especiais não são dos melhores e tenho a impressão que a Disney economizou nisso, mas cumprem seu papel.
Adorei a construção da Lady Tremaine. É uma mulher ambiciosa que precisa ser alimentada pelos seus vícios e desejos. Quando perde o combustível, se volta para a única coisa que lhe dá prazer: torturar a enteada. Mas também sabe ser """"flexível""" por conta de seus interesses, acho BEM legal a cena que ela propõe uma "parceria" com a Ella.
Aqui tá um caso de um filme que superou o desenho. AMO o desenho de paixão, é um dos meus favoritos, mas o live-action conseguiu fazer de tudo: dar mais sentido a uma ótima vilã defendida pela maravilhosa Cate Blanchett, construir o relacionamento Cinderela-Príncipe de forma natural e orgânica e deixar a própria Cinderela mais dona de si, mas sem perder a gentileza.
Acho Malévola um filme completamente subestimado pelas pessoas que esperavam que a personagem título fosse construída quase como num processo de copiar e colar à base da personagem do desenho animado. Entendo as expectativas que foram destruídas, mas acho que o filme nunca se propôs a isso mesmo, desde a sua sinopse que sempre entregou que seria uma visão diferente ao seu trailer, que também não fez questão de ocultar. Dito isso, o filme é extremamente competente enquanto entretenimento: usa do humor em vários momentos, debocha de si mesmo algumas vezes, tem efeitos especiais muito bons, uma produção de arte muito bem articulada, um roteiro simples e até bobo, mas que funciona e a presença imaculada da Jolie que com certeza se divertiu MUITO interpretando a vilã-heroína Malévola. Gosto de como a Disney subverteu a mensagem do amor verdadeiro para os tempos modernos e de como pequenos diálogos, com a finalidade de fazer parte de um processo educativo para as crianças de hoje, foram colocados estrategicamente para a condução da narrativa, como por exemplo quando o Príncipe Phillip questiona se beijar Aurora sem o consentimento dela não seria errado. Claro que o filme poderia ter ousado mais, mas ainda é uma produção voltada pro público juvenil e, considero, muito bem feita. Não é o melhor da leva dos live-actions, mas pra mim, é o que tem a cena mais memorável de todos eles: a chegada de Malévola no batizado de Aurora.
Dois dos meus filmes favoritos foram dirigidos pelo Joe Wright (Orgulho e Preconceito e Desejo e Reparação), meu ep. favorito de Black Mirror também foi dirigido por ele e de quebra adoro outros filmes dele como Anna Karenina, Hanna e Destino de uma Nação; e apesar de o diretor às vezes ser meio inconsistente (só olharmos pra Pan), jamais esperaria que ele fosse capaz de dirigir uma bomba atômica sem precedentes. O filme é mal editado, se colapsa em si mesmo com um roteiro capenga, diálogos infelizes e uma condução narrativa bem confusa (do tipo não sabe pra que lado vai). Tentou emular tanto "Janela Indiscreta" do Hitchcock, que se perdeu nas referências e acabou soando como uma tentativa vã de recriar o suspense do clássico. Daí soma-se ao fato de que o livro por si só também não é bom, temos um dos piores filmes de 2021 e um dos piores dos últimos anos. E tinha potencial, hein? Pobre Amy Adans, não anda acertando ultimamente... Única coisa que se salva é a fotografia mesmo, bem interessante o uso do azul e do amarelo. De resto... tragédia. A trilha-sonora então? Péssima.
Tá aí um filme de catástrofe atual bem bom, que foca bastante em desenvolver as relações humanas e os dramas que as rodeiam com a catástrofe de plano de fundo. Tem efeitos muito bons e é muito bacana fugir do cinema hollywoodiano no que concerne a catástrofes modernas que parecem se preocupar demais com os efeitos especiais e se esquecem de desenvolver uma história crível e coerente. Só que já deixo a dica: parem nesse filme. A família principal retorna na sequência Terremoto, mas Terremoto nem de longe tem o glamour de A Onda.
A produção é totalmente louvável e a história, por mais que careça de aprofundamentos aqui e ali, é bem contada e usa o Titanic como plano de fundo para as relações humanas e seus conflitos. A levar em conta a época em que foi lançado, foi mesmo uma super produção, mas fica aqui uma crítica para a caracterização dos personagens; os figurinos não parecem condizer com 1912, assim como os penteados e etc. Parece até um monte de gente vestida como nas décadas de 40/50 só que no Titanic. Pode ser um detalhe bobo para a maioria das pessoas, mas essa imprecisão histórica me tira a atenção às vezes.
Ps.: Confesso que fiquei incomodado com o apagamento da terceira classe nessa versão.
Não tive sentimentos ruins pelo filme, em muitos momentos ele funcionou para mim, mas também estou longe de dizer que foram sentimentos totalmente satisfatórios. Se eu tivesse relido o livro há pouco tempo ou mesmo revisto o filme de 93 antes, provavelmente teria uma crítica muitooo mais ferrenha e negativa para fazer e possivelmente não tiraria nada de agradável da obra. Minha última leitura do livro foi no ano passado e o filme de 93 eu optei por rever logo em seguida.
Basicamente, é um filme bacana quando pensamos numa obra cinematográfica separada da obra literária e sem comparação com as versões anteriores. Tem uma fotografia belíssima, as cores são lindas e todo o visual é maravilhoso. Faz um bom uso de efeitos especiais, o figurino é bonito e etc, etc. O roteiro é previsível, falho e mediano, mas quando pensamos nas crianças como público alvo, funciona. É um típico filme pra família assistir em uma sessão da tarde com bastante pipoca!!
Mas quando analisamos o filme dentro do contexto da adaptação, perde a cor. Ficou faltando escopo, conteúdo e... a ALMA. O filme não tem a alma do livro ou da versão de 93. O elenco é ótimo e as crianças dão conta do recado, mas ninguém é tão inumano assim pra dar alma pra um roteiro fraco. O contexto principal da trama se perde com uma mudança abrupta de perspectiva. Não nos aprofundamos na aura depressiva e triste que se abate sobre o Sr. Craven, o filho, a propriedade e o próprio jardim; mudamos o foco da depressão para a mãe de Mary - e o roteiro respinga isso nos outros personagens. Mary por sua vez pode até evoluir e amadurecer, mas nunca que é a mesma personagem que já conhecíamos, totalmente mimada e detestável no começo, cinza por dentro e que, pouco a pouco, enquanto entra em contato com o jardim e com os habitantes da propriedade, começa a florescer. O Jardim não tem o mesmo peso e o mesmo significado e isso acaba atrapalhando a experiência de quem via toda a profundidade desse signo dentro da história.
E o filme ainda cria plots desnecessários para causar alguma emoção forçada, como um incêndio no final. No fim, não acrescentou em nada. As relações humanas em si ficaram relegadas ao segundo plano e nem sempre as atitudes de alguns personagens se justificam. E Colin Firth e Julie Walter estão, literalmente, fazendo figuração de luxo, nem de longe com a mesma importância de seus personagens no livro ou no filme anterior.
Um belo filme esteticamente falando, de encher os olhos e emocionar com a beleza das cores, mas vazio na essência.
Fico triste em dizer isso, ainda mais por ter terminado o livro há poucos dias - e adorado a história, com todas suas questões morais e éticas -, mas essa adaptação é bem medíocre. Roteiro péssimo, péssimo mesmo! Adaptação ruim, quase nada fiel ao espírito do livro. Muita gente aqui diz que é uma adaptação fiel, mas eu não posso concordar de maneira alguma. Passagens extremamente importantes foram retiradas, algumas circunstâncias foram totalmente alteradas e tudo isso afetou na construção dos personagens. Aliás, tudo é tão corrido e desajeitado, que não existe construção de personagens. Alguns atores tentam salvar incrementando vida ao texto, mas quando algo está condenado à falha, é difícil tirar a impressão. A protagonista Billie Piper até tenta dar personalidade para sua Fanny, mas falha em muitos momentos. Não há emoção, não há aprofundamento: apenas cenários bonitos, um figurino bem feito, boas locações e paisagens e um elenco relativamente bonitinho. Fora isso, é a PIOR adaptação de uma história da Rainha Austen que eu já vi. =(
Uma adaptação muito fiel e interessante, com poucas mudanças de fato. É um filme bonito, porém em alguns momentos com ritmo um pouco lento e arrastado, mas nada que comprometa a obra no final. Kate esteve bem como Emma, mais jovem que a versão cinematográfica, porém prefiro a caracterização do filme estrelado pela Gywneth. Gosto de pensar na Emma loira haha. Para um filme realizado para a TV, teve uma produção muito boa, com boas locações, figurinos e cenários, embora esteticamente o Emma dirigido pelo Douglas McGrath seja mais bonito (e algumas cenas, eu acredito, também foram melhores e mais intensas). Contudo, a construção do romance da protagonista com o Sr. Knightley foi melhor explorada nessa adaptação, assim como a história de Jane Fairfax e Sr. Churchill. Harriet também foi incrível. Não é tão cômico quanto o filme de cinema, mas tem toda a elegância e a graça de um filme tipicamente inglês, o que é ótimo. Acho que gostei das duas adaptações na mesma intensidade, mas ainda acho que a melhor Emma na verdade é a Cher, de As Patricinhas de Beverly Hills. Por enquanto. Pretendo assistir à série de 2009 agora.
Achei leve, despretensioso, divertido, gostoso. Capta o clima do livro muito bem em vários momentos, porém há uma considerável perda de detalhes adicionais em muitas situações. A visão que eu tenho de Jane Fairfax no livro é totalmente oposta a do filme, em que a personagem esteve apagada, com todos os detalhes de sua história reduzidos e com uma atuação bem afetada. O Sr. Knightley também foi diferente do que eu imaginei, mas eu o adorei e amei a química com a Emma, que achei incrivelmente bem representada. De uma certa forma, o roteiro adaptado foi fiel, mas se comparado aos roteiros de Razão e Sensibilidade e Orgulho e Preconceito, fica um pouco aquém. Achei que em determinado ponto começaram a correr com a história e a resolverem as coisas de maneira muito simples: senti falta do drama da Jane, dos venenos da Sra. Elton, de uma explicação e uma resolução mais concisa do romance do Frank com a Jane - com a carta e tudo o mais , além da conversa dele com Emma e a "reconciliação" da Emma com a Jane. Mas okay, para um filme de duas horas, conseguiram manter bastante coisa. Produção muito boa, fotografia bonita, locações lindas, cenários também...figurino primoroso e uma ótima trilha-sonora. Não é a melhor adaptação de um livro de Austen para o cinema, mas cumpre seu papel e entretém. Acredito, entretanto, que a série da BBC deva ser melhor!
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O Cavaleiro do Dragão
3.1 13 Assista AgoraEstou um pouco decepcionado, mas ao mesmo tempo, encantado com o esforço de adaptarem aquele que considero um dos melhores livros de fantasia infanto-juvenil já feitos. O problema do filme é que a adaptação não fez jus à história original: com o tempo de duração limitado, eliminaram sequências inteiras e personagens que só agregariam e trariam mais camadas à história. Ao mesmo tempo em que tentaram ser respeitosos com os personagens que permaneceram, ficou uma grandiosa lacuna entre cada aventura vivida por Lug e seu cavaleiro Ben ao lado da divertida, porém muito apaga se comparada ao livro, Sulfrônia. Ao menos tem várias paisagens belíssimas e um visual minimamente competente, é o típico filme que as crianças poderão amar e os adultos irão se esquecer com o tempo. Espero que um dia adaptem esse livro para uma versão carne-e-osso pois merece demais. Até lá, é o que temos pra hoje.
O Refúgio
3.3 69 Assista AgoraAssisti a esse filme sem saber nada sobre ele, então não vi nem trailer e nem li sinopse; e a experiência foi absurdamente interessante, embora, num primeiro momento, um pouco incompleta; incompleta porque eu não entendi todos os elementos de cara - e isso é uma coisa que estamos sujeitos a passar quando damos o play sem nenhum embasamento antes -, mas não menos intensa e impactante, veja bem!
O Refúgio conta a história de uma família que se desintegra por obra da ganância e das falsas aparências e que perde o fio de prata que os une porque não existe mais sintonia entre cada membro que compõe o elemento familiar; o importante aqui não é necessariamente o que acontece, mas a forma como acontece, e o diretor Sean Durkin sabe muito bem capturar a forma e lapidá-la ao ponto mais elegante possível para transmitir uma história que é sufocante em sua natureza, ao mesmo tempo um drama e um terror da vida real!
Na psicologia a casa simboliza o ser humano em seus elementos mais fundamentais; a essência, a pedra angular da personalidade, além da interação entre natureza e cultura, entre o indivíduo e a sociedade. Oras, sendo assim, fica fácil entender porque Durkin escolheu a casa para representar os dramas e os terrores daquela família. Cada um reage à casa de uma forma particular: a mãe acredita que é grande e opressora demais, a filha mais velha cada vez se fecha no seu próprio mundo de rebeldia e insolência, o filho mais novo sente medo e, às vezes, desespero; enquanto o pai olha tudo aquilo de forma deslumbrada, mas a sensação de que algo ainda falta não deixa de acompanhá-lo. O trabalho do diretor fica ainda mais evidente ao subverter as expectativas do que seria um filme de terror tradicional ao colocar a casa como um personagem-testemunha mas, no lugar de trabalhar com o sobrenatural por si só, trabalha com o sobrenatural dos sentimentos humanos e da fragilidade das relações. E a isso devemos saudar a forma como a atmosfera criada pelo diretor possibilita essas percepções: enquanto a família vivia em NY, o clima do filme era mais solar, familiar, amigável e alegre; quando a família se muda para a velha casa em Londres, as sombras adentram a tela e é como se os personagens se apequenassem diante de uma atmosfera escura, sombria e deveras opressora, simbolizando o vazio existencial e o abismo profundo que começam a imperar sobre aquela família.
Também na psicologia o cavalo pode ser um símbolo de poder, de liberdade, autoconfiança, espiritualidade e beleza. Às vezes pode até representar os desejos mais impulsivos das pessoas. Acho que foi uma analogia incrível pois Allison se sentia livre e autoconfiante quando estava nos EUA, mas passa a se sentir oprimida e vazia quando se muda para Londres. Seu cavalo reage a esses acontecimentos e é também mais uma das vítimas da Casa. Assim como o relacionamento do casal, o cavalo de Allison também começa a minguar quando muda a geografia - e depois de determinado acontecimento na história provoca uma mudança ainda mais profunda e praticamente irreversível.
No fim, não é um filme de fácil degustação porque pode ser considerado lento e parado para muitos, algo que acho compreensível. Mas não acreditem em quem diz que nada de relevante acontece, pois não existe horror mais absoluto e poderosamente destruidor do que o horror de assistir a tudo o que você conhece e ama se desvanecer na sua frente. Nada de sólido pode ser construído na mentira e nada de fértil pode crescer ou vingar quando a ganância eclipsa o que se tem de melhor. E nenhuma falsa aparência pode camuflar a verdade do coração dos homens.
Tristão & Isolda
3.6 393Havia assistido apenas uma vez no fim dos anos 2000. Me lembrava de pouquíssima coisa, mas na minha memória eu havia gostado. Revi hoje e continuei gostando, mas achei que o filme não atinge toda a sua potencialidade. Inegavelmente tem uma boa produção, mas assistindo hoje, em 2021, a sensação é de que parece um filme feito para a TV (acima da média, mas ainda assim para TV...) e falo isso porque a direção poderia ter se aventurado e explorado muito mais das cenas de batalha e também da própria ambientação da história. Outra coisa que me incomodou foi a montagem do filme, achei um pouco apressada e, embora as atuações tenham sido boas, o que releva minha crítica, ainda assim achei que faltou mais interação e profundidade entre os sentimentos mostrados em tela.
Eu conheço algumas variações da lenda de Tristão e Isolda e, para minha surpresa, o filme seguiu um rumo totalmente desconhecido (o que encarei de forma positiva, visto que eu não achava muito interessante as versões que continham uma segunda Isolda, por exemplo) que me fez ficar mais apreensivo por não saber exatamente como chegaríamos ao derradeiro final (este, bem conhecido). Encaro isso como um ponto extremamente positivo.
Mas esse ponto está atrelado a outro que me desagradou: o acontecimento final. Não o acontecimento em si, pois eu já sabia que o sucederia, mas a forma. Prefiro a forma como é retratada nas lendas, nas lendas o final é ainda mais "romeujulietizado" o possível, o que passa mais carga dramática. No filme eu não senti a emoção que o diretor tentou emular no público; pra falar a verdade, não senti uma conexão suficiente com os dois protagonistas a ponto de chegar a sentir a emoção esperada. Como falei antes, gostei das atuações, mas o que me prejudicou a sentir essa conexão com eles foi a montagem mesmo...
Apesar de tudo é um bom filme: entretém e nos faz passar pela raiva, pela calmaria, pela emoção e pela ansiedade. Mas acho que poderia ter sido bem mais e sinto que a lenda de Tristão e Isolda, ao contrário de Romeu e Julieta, ainda não encontrou sua versão definitiva nas telonas.
Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio
3.2 959 Assista AgoraEu deixei o hype passar pra poder assistir e ter uma impressão melhor livre de influências externas. Devo dizer que a experiência foi, num todo, muito melhor do que as minhas baixas expectativas esperavam, mas ainda foi bem aquém das experiências que tive com o primeiro e o segundo filme da franquia!
Por um lado, achei corajosa a decisão de redirecionar o protagonismo quase que totalmente apenas para o casal Warren, afinal, são personagens extremamente carismáticos que se sustentam por si só e que nos fazem torcer por eles, independente de qualquer coisa. Fico pensando que talvez os produtores temeram que se seguissem a mesma fórmula dos dois primeiros filmes, teriam um grande problemão de originalidade nesse. Se foi esse o pensamento, eu não condeno e acho plausível. Só que se isso por um lado serviu para dar uma "refrescada" no tom, também prejudicou um pouco da qualidade da obra. Mas talvez o problema nem tenha sido essa decisão em si, mas o roteiro mesmo.
O caso por si só já é bem controverso na vida real, né? Eu não conhecia, fiquei sabendo durante o lançamento do filme, mas vi que muita gente condenou a ideia. Também não julgo quem preferia que outro caso tivesse sido abordado, mas aí vai de opinião pessoal mesmo...
O filme tá longe de ser ruim, sinceramente. Toda a parte técnica tá bem ok, tem uma direção de arte interessante, uma reconstituição de época legal e um clima sombrio e muitas vezes claustrofóbico bem imersivo. Mas algo ficou faltando... Não sei dizer bem o quê, mas ficou. O roteiro tinha potencial para mais, sabe? Sinto que poderiam ter explorado a dinâmica toda de uma forma ainda mais imersiva... No final, o "terror" da vez acabou não me assustando como nos filmes anteriores. Não tivemos um vilão marcante, memorável ou qualquer coisa do tipo... Em outras palavras, o filme é legal, mas parece que deixou o charme que os filmes anteriores tinham pra escanteio.
Só espero que o James Wan volte no quarto filme.
JJ+E
2.4 19 Assista AgoraEu esperava só um apanhado de clichês, mas gostei do contexto trabalhado aqui. Um bom filme, não é grandioso ou impactante, mas é um filme honesto e cumpre com o papel.
Cinderela
2.7 296 Assista AgoraJuro que tentei assistir de muita boa vontade, apesar dos pesares que senti quando vi o trailer. Algumas pessoas apontavam que a existência de um Fado Madrinho era um problema, mas isso nunca me incomodou nem antes e nem agora vendo o filme. O que me incomodou está muito mais embaixo: o péssimo roteiro.
Okay, okay, o filme nunca se propôs em ser uma obra cultuadíssima; se vendeu como uma "farofa", um filme para entretenimento, e assim o foi. A questão é que existem vários tipos de entretenimentos e esse, pra mim, definitivamente não foi do melhor tipo.
Uma frase pra descrever esse roteiro seria "uma tentativa desesperada de simular vários tabus sendo quebrados o tempo todo" e sério, a cada troca de cena era um tabu sendo quebrado (hahahahaha). Não veria nenhum problema nas variadas bandeiras e discussões que o filme tenta levantar se elas não fossem só tentativas, se tivessem realmente profundidade e fossem bem trabalhadas. Infelizmente não foi o que aconteceu.
O roteiro se contenta em ficar na superfície, e pior, no limiar do limiar da superfície; sim, na parte mais rasa possível. E isso impede qualquer análise de que esse filme realmente tenha sido inovador com o conto. Oras, o marketing do filme o vendeu como a versão mais inovadora e moderna de todas e, até certo ponto é, mas não é de todo. Ficou muito mais no "poderia ser" do que no "foi", o que pra mim foi frustrante. Como todos os temas foram trabalhados da forma mais rasa possível, foi basicamente impossível para o filme largar o osso do conto de fadas original. Não vou negar que ele tentou, porque realmente tentou, mas no final o conto ficou ali como muleta e não tivemos realmente nenhuma mudança tão transgressora ou inovadora assim. E pra quem já assistiu todas as adaptações existentes de Cinderela, inclusive as modernas e feitas para a TV como a franquia "A Nova Cinderela", "O Outro Conto da Nova Cinderela" e outros tantos de "novas Cinderelas" que nem me lembro o nome vividas por Hilary Duff, Selena Gomez, Lucy Hale, Sofia Carson e afins, sabe do que tô falando. O Cinderela estrelado por Camila não inventou a roda: no fim, não trouxe nada de substancialmente impactante e verdadeiramente novo que as versões de baixo orçamento não tenham feito antes ao longo dos anos 00 e 10. Com isso, tentativas de realmente sair fora da casinha como em dar um pouquinho de profundidade na Madrasta e na Rainha acabam perdidas e fadadas ao fracasso no meio de tantos elementos que não conseguiram superar o raso. É uma pena.
Sobre as músicas, não achei que todas combinaram com o filme. Algumas eram legais e divertidas, mas nada muito empolgante. O que mais me incomodou é que todas foram filmadas como videoclipes e a sensação que me deu é de que o filme é um apanhado de vários videoclipes intercalados com alguns momentos de drama e humor (um humor duvidoso, diga-se de passagem, principalmente por causa do James Corden que é péssimo em tudo).
Os melhores são Idina Menzel e Billy Porter, mas nada surpreendente. Apesar de tudo, dá pra ver que eles tentaram fazer algo com seus papéis e visivelmente se divertiram. É um ponto a favor.
O ator que faz o príncipe é PÉSSIMO, atua como uma porta, tem uma voz cansativa e a representação dele de Somebody To Love foi uma das maiores vergonhas alheias dos últimos dez anos.
A Camilla não está necessariamente ruim, mas também não está necessariamente boa. Para uma estreante, até que foi bem na comédia, embora no drama a tenha achado meio forçada.
Os efeitos especiais são horríveis e datados, principalmente o dos ratinhos. E aproveitando a deixa: Por que o vestido da Cinderela não era o mais bonito do baile? Sério, eu contei dez vestidos melhores.
É certamente um filme feito pro público infanto-juvenil, e possivelmente eles vão gostar, mas eu acho que é dever dos pais os colocarem pra assistir Cinderela de 97, uma versão de TV da Disney e Para Sempre Cinderela. Até mesmo Cinderela 2015 é muito melhor e mais aprazível e emocionante.
Independente de você gostar ou não, eu tenho certeza de que esse filme será esquecível. É a natureza dele, afinal, não passa de um produto pré-fabricado, ainda mais pela escolha da protagonista.
O final é previsível mesmo com as "inovações" da história. E é isso que mais me incomodou, porque dava pra ser ainda mais diferente e muito melhor, mas preferiram não sair do lugar-comum. Apesar de ter uma mensagem interessante sobre o papel da mulher, essa mensagem ainda assim fica muito rasa quando
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em questão de segundos, depois do baile, a Ella já tá chorando com o coração partido porque não pode ficar com o príncipe como se eles tivessem MESMO tido tempo pra se apaixonar. Nem a Cinderela de 2015 se apaixonou tão rápido assim e, se bobear, nem a da animação de 1950
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Pra mim isso foi muito Anna e Hans. E quem for um bom entendedor, vai sacar kkk.
No mais, é isso. Fico feliz por quem gostar e tirar algo de bom. Eu achei que dava pra ter ido além, principalmente
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com a história da Madrasta que daria um ótimo background se melhor explorada. O fato dela contar sobre ter estudado piano não foi o suficiente e só desperdiçou uma trama em potencial evidenciando o contraponto entre madrasta e enteada. E a Rainha poderia ter tido mais profundidade também; a personagem nem foi desenvolvida e já tacaram um plot de ela se sentir menor do que o Rei. Sabe quando faz sentido mas não faz? Foi essa a impressão.
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E era aí que poderiam REALMENTE ter inovado e feito o Cinderela mais diferente de todos, mas não fizeram. Preferiram o velho feijão com arroz.
Fama
3.7 75 Assista AgoraFama é um filme muito gostoso de se ver que consegue se equilibrar perfeitamente entre entreter e provocar reflexões enquanto nos presenteia com ótimos momentos musicais de pura descontração e grande energia. A direção é muito boa, a fotografia é bonita e o roteiro, embora peque em muitos pontos, consegue dar conta de diferenciar cada um dos personagens que compõem o universo dessa obra que, no duro, fala sobre sonhos e objetivos de vida. Achei extremamente positivo como um filme de 1980 conseguiu abordar a sexualidade de um rapaz homossexual de uma forma bem leve e humana e, num geral, achei muito positivo como o filme, se comparado com os irmãos e primos (Os Embalos de Sábado à Noite, Grease, Footloose, Dirty Dancing e Flashdance), consegue ser o mais representativo dentre todos naquele período: temos destaque para personagens latinos, negros, uma judia e um LGBTQIA+, algo que para 1980 me soa bastante progressista & promissor.
Ainda assim, rola uma fetichização das mulheres. Mas como não quero tentar analisar esse filme por uma ótica moderna, apesar de não ter gostado desse ponto em específico, eu tentei relevar e não deixar isso influenciar (muito) na nota.
O que mais me pegou negativamente é que talvez o excesso de personagens tenha impedido o roteiro de se desenvolver mais. A sensação que ficou é de que aqueles personagens tinham muito mais história para contar! E ainda que alguns deles tenham amadurecido bastante do início do filme para o final (afinal, foram retratados os 4 anos de escola deles), eu não senti isso com outros. A transição de um ano para o outro não me soou tão orgânica ao ponto de eu conseguir acompanhar realmente o crescimento deles. E isso acabou, de uma forma ou de outra, puxando para um final que eu considerei bem apressado e inacabado. Não foi exatamente ruim, mas também não foi bom.
No mais, apesar desses pontos negativos, é um filme divertido e ao mesmo tempo nos permite refletir sobre nossos sonhos, objetivos e desejos próprios. E é muito interessante como joga uma ótica sobre o lado ruim da fama (ou de se obter a fama) com momentos que nos mostram que nem tudo são flores e muitas vezes o sucesso vem de concessões e abdicações (e infelizmente das piores formas possíveis, como acontece com a Coco) injustas e cruéis.
Vale a pena, principalmente pela música na hora do almoço!!
Guerra e Paz
4.4 34Hoje estou sem palavras! Acho que é o filme mais grandioso, colossal e épico que já vi até o momento da vida. E dificilmente algum outro vai superar tão cedo, acredito.
Os Embalos de Sábado à Noite
3.4 661 Assista AgoraEu estou realmente chocado com esse filme. Okay, se passa nos anos 70 e foi feito nos anos 70, mas acho que mesmo nos anos 70 certas coisas já eram repudiadas - e muito - pela sociedade.
O protagonista não passa, no linguajar atual, de um "boy lixo", enquanto todas as personagens femininas na trama só servem pro """"""desenvolvimento""""""" dos homens, e acreditem, da maneira mais porca, horrível e desnecessária possível.
As duas estrelas vão, respectivamente, para a trilha sonora que é fantástica, marcante e atemporal e para as cenas de dança e toda a composição da discoteca 2001 que realmente ficou perfeita e faz com que nos sintamos lá dentro, dançando o melhor da disco music com os personagens. De resto, honestamente, os mais velhos podem até considerar um clássico, mas eu acho um clássico bem, mas bem esquecível. Prefiro meu Dirty Dancing, que ao rever esses dias, percebi que envelheceu como vinho, enquanto esse envelheceu como leite no Sol.
Terapia do Medo
2.5 71Me senti um pouco burro e não entendi a cena final, alguém gostaria de tentar me explicar? HAHAHAHA
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Eu acho que o filme tem boas tentativas aqui e ali, mas a história nunca se aprofunda de fato, né? Tipo, a gente começa sabendo que a Clara tem algum problema, mas nunca temos certeza de que problema é esse. Eu sei que nem tudo precisa de explicação no cinema (ainda bem), mas nesse caso, parece que ficou faltando algo mesmo. Que vozes eram aquelas que ela ouvia antes de se consultar com o Dr. Bruno? Que problema a Clara tinha? Ou ela era só uma receptora de espíritos? Não fecharam muito bem esse arco, na verdade, não fecharam muito bem quase nenhum arco se formos analisar, né...
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Mas apesar dos muitos pesares e da atuação da Cleo que não distinguia muito bem a personalidade de cada gêmea, eu até gostei.
Space Jam: Um Novo Legado
2.9 350 Assista AgoraComo referenciador da cultura pop, por exemplo, acho Jogador Nº 1 muito mais interessante porque não soa como propaganda gratuita. Ao mesmo tempo, não posso negar que eu me diverti com Space Jam 2. Em alguns momentos eu ri demais, demais mesmo, em outros eu deitei e viajei na maionese com os nossos personagens queridos. Acontece que nem tudo é só nostalgia na vida e, ainda que o primeiro Space Jam não tivesse um roteiro brilhante (nem minimamente bom, para falar a verdade), era mais competente no desenvolvimento dos personagens e na interação do Jordan com os Looneys. Aqui o filme prefere focar mais na 'saga' do LeBron e, ao fazer isso, se esquece da própria alma; daquilo que realmente nos faz ter interesse em assistir ao filme. AInda assim, um entretenimento (vazio, é verdade) pra se ver num dia qualquer e se esquecer dos problemas.
Beijos Escondidos
3.4 98 Assista AgoraTive uma impressão de que o diretor não fugiu de uma abordagem rasa e estereotipada do tema. Não estou dizendo que a homofobia como retratada no filme é impossível - eu bem sei que não é -, mas a sensação que me deu é de que a história não casa muito com o ano em que se passa (2016 se levarmos em conta o lançamento, 2015 se levarmos em conta as gravações). Digo isso porque nesse período eu estagiei em três escolas, lidei com crianças e adolescentes, e a situação era bem diferente. Encontrei alunos claramente LGBTQIA+ que sim, lidavam com questões de homofobia no dia a dia, mas também contavam com um apoio enorme das outras pessoas que era uma verdadeira beleza de se ver, ainda mais comparando ao período que eu estudei (2006 a 2012). Isso numa cidadezinha do interior de SP. Quando penso que o filme se passa em um país como a França, não sei, parece um pouco forçado... Cenas como toda a escola parando pra olhar o Nathan enquanto ele entra/passa, por exemplo, é tão... anos 90/00, não? A forma como TODOS os alunos da escola basicamente são homofóbicos (tipo, 2015/16 a gente já tinha pautas bem mais avançadas, os adolescentes com mais liberdade de serem quem são do que na década passada) me soou definitivamente raso. E fora isso, o filme nem trabalha com todos os plots abertos; a questão dos dois professores e do diretor nem teve um desenvolvimento... Mas reconheço que o roteiro acertou na construção familiar do Nathan e do Louis: é perfeitamente comum encontrar um pai como o do Nathan, que aos poucos aprende a aceitar e abraça a diversidade, e um pai como o do Louis: um preconceituoso praticamente incorrigível e intolerante ao extremo.
O Primeiro que Disse
3.8 221 Assista AgoraTudo nesse filme em excelente equilíbrio, uma ótima dramédia sobre uma família nada comum, sobre ser quem realmente se é em um mundo em que todos vivem apenas por aparência e com medo do julgamento alheio. Nenhuma cena poderia descrever melhor o filme do que a
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cena em que a avó comete o suicídio, ali, como um ato de extrema liberdade. Foi poético, profundo, bonito e, ao mesmo tempo, extremamente triste.
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Só uma coisinha que senti falta, mas entendo a decisão do diretor, que foi
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o fato do Tommaso não chegar a admitir que também era gay. Aliás, fica meio subentendido se ele não seria também bissexual, né? Mas enfim.
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Cinderela
3.4 1,4K Assista AgoraMais um filme subestimado pelo público. Não entendo o que vocês estavam esperando, exatamente...
Pois bem, Cinderela se propôs a recontar uma história amplamente conhecida para uma nova geração e, claro, se utilizou dos conceitos morais que predominam a geração atual para contextualizar a narrativa. O filme até pode soar bem bobinho para alguns, mas aí fica a cargo de vocês colocarem a mão na consciência e refletirem sobre o que esperavam, de fato, para um filme da Disney cuja único objetivo - além de faturar rios de dinheiro - é contar uma história pra crianças.
Gosto muito de como a Ella é desenvolvida. Ela é uma protagonista doce, humilde, gentil e amável, mas não é boba e nem fraca por isso. Hoje em dia criou-se uma concepção de que personagens bons de natureza são chatos, mas não é o caso aqui. Muito pelo carisma da Lily James, a personagem é construída com serenidade e honestidade e é muito bonito ver como ela valoriza demais a memória da mãe, a ponto de engolir seus achismos para que as pessoas ao seu redor se sintam bem. Alguns podem alegar que Ella se anula, mas eu enxergo o contrário, acho que a personagem compreende que não adianta reagir de forma contrária à gentileza se o que ela busca é algo verdadeiro (e esse algo pode ser qualquer coisa). Percebo muito isso na cena que o pai conta que está interessado na Lady Tremaine: Ella, lá no fundo, sabe que esse interesse amoroso dele pode dar muito errado por N fatores, mas engole qualquer achismo porque sabe que o pai merece ter outra chance e dá o apoio que ele precisa.
Direção de arte muito boa. Os figurinos nem se fala, uma explosão de cores, de brilhos, de formas. Tudo muito bem arquitetado para transmitir os sentimentos e as emoções de cada personagem. O verde "tóxico" de Lady Tremaine, o azul sereno, tranquilizador e acalentador de Ella, os tons de rosa/laranja e amarelo/verde bem "cheguei" para representar a futilidade de Anastasia e Drizella... Os efeitos especiais não são dos melhores e tenho a impressão que a Disney economizou nisso, mas cumprem seu papel.
Adorei a construção da Lady Tremaine. É uma mulher ambiciosa que precisa ser alimentada pelos seus vícios e desejos. Quando perde o combustível, se volta para a única coisa que lhe dá prazer: torturar a enteada. Mas também sabe ser """"flexível""" por conta de seus interesses, acho BEM legal a cena que ela propõe uma "parceria" com a Ella.
Aqui tá um caso de um filme que superou o desenho. AMO o desenho de paixão, é um dos meus favoritos, mas o live-action conseguiu fazer de tudo: dar mais sentido a uma ótima vilã defendida pela maravilhosa Cate Blanchett, construir o relacionamento Cinderela-Príncipe de forma natural e orgânica e deixar a própria Cinderela mais dona de si, mas sem perder a gentileza.
Malévola
3.7 3,8K Assista AgoraAcho Malévola um filme completamente subestimado pelas pessoas que esperavam que a personagem título fosse construída quase como num processo de copiar e colar à base da personagem do desenho animado. Entendo as expectativas que foram destruídas, mas acho que o filme nunca se propôs a isso mesmo, desde a sua sinopse que sempre entregou que seria uma visão diferente ao seu trailer, que também não fez questão de ocultar. Dito isso, o filme é extremamente competente enquanto entretenimento: usa do humor em vários momentos, debocha de si mesmo algumas vezes, tem efeitos especiais muito bons, uma produção de arte muito bem articulada, um roteiro simples e até bobo, mas que funciona e a presença imaculada da Jolie que com certeza se divertiu MUITO interpretando a vilã-heroína Malévola. Gosto de como a Disney subverteu a mensagem do amor verdadeiro para os tempos modernos e de como pequenos diálogos, com a finalidade de fazer parte de um processo educativo para as crianças de hoje, foram colocados estrategicamente para a condução da narrativa, como por exemplo quando o Príncipe Phillip questiona se beijar Aurora sem o consentimento dela não seria errado. Claro que o filme poderia ter ousado mais, mas ainda é uma produção voltada pro público juvenil e, considero, muito bem feita. Não é o melhor da leva dos live-actions, mas pra mim, é o que tem a cena mais memorável de todos eles: a chegada de Malévola no batizado de Aurora.
A Mulher na Janela
3.0 1,1K Assista AgoraDois dos meus filmes favoritos foram dirigidos pelo Joe Wright (Orgulho e Preconceito e Desejo e Reparação), meu ep. favorito de Black Mirror também foi dirigido por ele e de quebra adoro outros filmes dele como Anna Karenina, Hanna e Destino de uma Nação; e apesar de o diretor às vezes ser meio inconsistente (só olharmos pra Pan), jamais esperaria que ele fosse capaz de dirigir uma bomba atômica sem precedentes. O filme é mal editado, se colapsa em si mesmo com um roteiro capenga, diálogos infelizes e uma condução narrativa bem confusa (do tipo não sabe pra que lado vai). Tentou emular tanto "Janela Indiscreta" do Hitchcock, que se perdeu nas referências e acabou soando como uma tentativa vã de recriar o suspense do clássico. Daí soma-se ao fato de que o livro por si só também não é bom, temos um dos piores filmes de 2021 e um dos piores dos últimos anos. E tinha potencial, hein? Pobre Amy Adans, não anda acertando ultimamente... Única coisa que se salva é a fotografia mesmo, bem interessante o uso do azul e do amarelo. De resto... tragédia. A trilha-sonora então? Péssima.
A Onda
3.2 306 Assista AgoraTá aí um filme de catástrofe atual bem bom, que foca bastante em desenvolver as relações humanas e os dramas que as rodeiam com a catástrofe de plano de fundo. Tem efeitos muito bons e é muito bacana fugir do cinema hollywoodiano no que concerne a catástrofes modernas que parecem se preocupar demais com os efeitos especiais e se esquecem de desenvolver uma história crível e coerente. Só que já deixo a dica: parem nesse filme. A família principal retorna na sequência Terremoto, mas Terremoto nem de longe tem o glamour de A Onda.
Náufragos do Titanic
3.4 37 Assista AgoraA produção é totalmente louvável e a história, por mais que careça de aprofundamentos aqui e ali, é bem contada e usa o Titanic como plano de fundo para as relações humanas e seus conflitos. A levar em conta a época em que foi lançado, foi mesmo uma super produção, mas fica aqui uma crítica para a caracterização dos personagens; os figurinos não parecem condizer com 1912, assim como os penteados e etc. Parece até um monte de gente vestida como nas décadas de 40/50 só que no Titanic. Pode ser um detalhe bobo para a maioria das pessoas, mas essa imprecisão histórica me tira a atenção às vezes.
Ps.: Confesso que fiquei incomodado com o apagamento da terceira classe nessa versão.
O Jardim Secreto
3.0 91 Assista AgoraNão tive sentimentos ruins pelo filme, em muitos momentos ele funcionou para mim, mas também estou longe de dizer que foram sentimentos totalmente satisfatórios. Se eu tivesse relido o livro há pouco tempo ou mesmo revisto o filme de 93 antes, provavelmente teria uma crítica muitooo mais ferrenha e negativa para fazer e possivelmente não tiraria nada de agradável da obra. Minha última leitura do livro foi no ano passado e o filme de 93 eu optei por rever logo em seguida.
Basicamente, é um filme bacana quando pensamos numa obra cinematográfica separada da obra literária e sem comparação com as versões anteriores. Tem uma fotografia belíssima, as cores são lindas e todo o visual é maravilhoso. Faz um bom uso de efeitos especiais, o figurino é bonito e etc, etc. O roteiro é previsível, falho e mediano, mas quando pensamos nas crianças como público alvo, funciona. É um típico filme pra família assistir em uma sessão da tarde com bastante pipoca!!
Mas quando analisamos o filme dentro do contexto da adaptação, perde a cor. Ficou faltando escopo, conteúdo e... a ALMA. O filme não tem a alma do livro ou da versão de 93. O elenco é ótimo e as crianças dão conta do recado, mas ninguém é tão inumano assim pra dar alma pra um roteiro fraco. O contexto principal da trama se perde com uma mudança abrupta de perspectiva. Não nos aprofundamos na aura depressiva e triste que se abate sobre o Sr. Craven, o filho, a propriedade e o próprio jardim; mudamos o foco da depressão para a mãe de Mary - e o roteiro respinga isso nos outros personagens. Mary por sua vez pode até evoluir e amadurecer, mas nunca que é a mesma personagem que já conhecíamos, totalmente mimada e detestável no começo, cinza por dentro e que, pouco a pouco, enquanto entra em contato com o jardim e com os habitantes da propriedade, começa a florescer. O Jardim não tem o mesmo peso e o mesmo significado e isso acaba atrapalhando a experiência de quem via toda a profundidade desse signo dentro da história.
E o filme ainda cria plots desnecessários para causar alguma emoção forçada, como um incêndio no final. No fim, não acrescentou em nada. As relações humanas em si ficaram relegadas ao segundo plano e nem sempre as atitudes de alguns personagens se justificam. E Colin Firth e Julie Walter estão, literalmente, fazendo figuração de luxo, nem de longe com a mesma importância de seus personagens no livro ou no filme anterior.
Um belo filme esteticamente falando, de encher os olhos e emocionar com a beleza das cores, mas vazio na essência.
Mansfield Park
3.4 37Fico triste em dizer isso, ainda mais por ter terminado o livro há poucos dias - e adorado a história, com todas suas questões morais e éticas -, mas essa adaptação é bem medíocre. Roteiro péssimo, péssimo mesmo! Adaptação ruim, quase nada fiel ao espírito do livro. Muita gente aqui diz que é uma adaptação fiel, mas eu não posso concordar de maneira alguma. Passagens extremamente importantes foram retiradas, algumas circunstâncias foram totalmente alteradas e tudo isso afetou na construção dos personagens. Aliás, tudo é tão corrido e desajeitado, que não existe construção de personagens. Alguns atores tentam salvar incrementando vida ao texto, mas quando algo está condenado à falha, é difícil tirar a impressão. A protagonista Billie Piper até tenta dar personalidade para sua Fanny, mas falha em muitos momentos. Não há emoção, não há aprofundamento: apenas cenários bonitos, um figurino bem feito, boas locações e paisagens e um elenco relativamente bonitinho. Fora isso, é a PIOR adaptação de uma história da Rainha Austen que eu já vi. =(
Emma
3.3 14Uma adaptação muito fiel e interessante, com poucas mudanças de fato. É um filme bonito, porém em alguns momentos com ritmo um pouco lento e arrastado, mas nada que comprometa a obra no final. Kate esteve bem como Emma, mais jovem que a versão cinematográfica, porém prefiro a caracterização do filme estrelado pela Gywneth. Gosto de pensar na Emma loira haha. Para um filme realizado para a TV, teve uma produção muito boa, com boas locações, figurinos e cenários, embora esteticamente o Emma dirigido pelo Douglas McGrath seja mais bonito (e algumas cenas, eu acredito, também foram melhores e mais intensas). Contudo, a construção do romance da protagonista com o Sr. Knightley foi melhor explorada nessa adaptação, assim como a história de Jane Fairfax e Sr. Churchill. Harriet também foi incrível. Não é tão cômico quanto o filme de cinema, mas tem toda a elegância e a graça de um filme tipicamente inglês, o que é ótimo. Acho que gostei das duas adaptações na mesma intensidade, mas ainda acho que a melhor Emma na verdade é a Cher, de As Patricinhas de Beverly Hills. Por enquanto. Pretendo assistir à série de 2009 agora.
Emma
3.4 144 Assista AgoraAchei leve, despretensioso, divertido, gostoso. Capta o clima do livro muito bem em vários momentos, porém há uma considerável perda de detalhes adicionais em muitas situações. A visão que eu tenho de Jane Fairfax no livro é totalmente oposta a do filme, em que a personagem esteve apagada, com todos os detalhes de sua história reduzidos e com uma atuação bem afetada. O Sr. Knightley também foi diferente do que eu imaginei, mas eu o adorei e amei a química com a Emma, que achei incrivelmente bem representada. De uma certa forma, o roteiro adaptado foi fiel, mas se comparado aos roteiros de Razão e Sensibilidade e Orgulho e Preconceito, fica um pouco aquém. Achei que em determinado ponto começaram a correr com a história e a resolverem as coisas de maneira muito simples: senti falta do drama da Jane, dos venenos da Sra. Elton, de uma explicação e uma resolução mais concisa do romance do Frank com a Jane - com a carta e tudo o mais , além da conversa dele com Emma e a "reconciliação" da Emma com a Jane. Mas okay, para um filme de duas horas, conseguiram manter bastante coisa. Produção muito boa, fotografia bonita, locações lindas, cenários também...figurino primoroso e uma ótima trilha-sonora. Não é a melhor adaptação de um livro de Austen para o cinema, mas cumpre seu papel e entretém. Acredito, entretanto, que a série da BBC deva ser melhor!