Até agora este é o filme noir mais fraco que vi (sem contar "A Face do Crime", de Ed Wood). Pra começar é difícil ter qualquer empatia pelo insosso protagonista (Wendell Corey). O cara tem um bom emprego, uma bela esposa que o ama, é bem visto na sociedade e mesmo assim não valoriza nada disso. Nem com os filhos ele parece se importar. Já Barbara Stanwyck parece estar no piloto automático, sem criar uma personagem tão memorável quanto a de "Pacto de Sangue". Mas provavelmente a culpa não é dela e sim do roteiro, que se revela muito previsível e enfadonho, embora tenha alguns bons momentos de suspense. Não é um filme ruim mas é insatisfatório.
O diretor Michael Radford oferece um olhar sobre o cotidiano de stripers em um clube de Los Angeles. Um tema que Paul Verhoeven tentou explorar em seu pavoroso Showgirls (1995), aqui o roteiro foi desenvolvido pelos atores, que criaram as personalidades e os diálogos vistos no filme. Sandra Oh cria uma interessante personagem que, apesar de se despir na frente de dezenas de homens, sente vergonha de ler suas poesias em público. Já Daryl Hannah investe num jeito de falar infantilizado que não combina com uma mulher de cerca de 40 anos. Ela esteve mais convincente em Kill Bill. O diretor Radford conduz o filme em um tom distanciado, quase documental, com câmera na mão grande parte do tempo.
Comédia anárquica com elenco quase todo amador (mas que se sai esplendidamente bem), uma crítica tragicômica às instituições tchecoeslovacas. Impossível não rir com o velhinho marchando todo pomposo em direção ao palco.
Um competente e pouco conhecido filme noir, com uma trama recorrente no gênero, o da dupla identidade. Ótima fotografia do mestre John Alton (o melhor fotógrafo do ciclo noir).
Assistido pela 2ª vez. Petr é uma espécie de versão tcheca de Antoine Doinel, personagem criado por François Truffault. Mesmo sendo um filme de baixo orçamento tem uma bela fotografia.
O diretor Jeff Burr aposta numa fotografia em tons sépia para criar um clima opressivo. As cenas de batalha lembram bastante os filmes de Sam Peckinpah, enquanto o terceiro ato do filme é uma referência à "Assalto à 13ª DP", de John Carpenter. Produção independente feita com bastante competência. Mas o roteiro poderia ter se debruçado melhor sobre a origem e o treinamento dos orfãos. Acabou ficando muito solto, com rápidos flashbacks que ficam piscando na tela.
Esta foi a produção mais problemática da carreira de Chaplin: um vendaval destruiu os cenários e algum tempo depois um incêndio voltou a destruir tudo. As filmagens se prolongaram por 11 meses! Pra piorar a mãe de Chaplin morreu nessa época e ele enfrentou o tumultuado divórcio de Lita Grey. Não é a toa que ele ficou esquecido, sequer sendo citado na autobiografia de Chaplin. Mas em 1969 o diretor resolveu relançá-lo e ainda gravou a música do créditos de abertura. A cena em que Carlitos come o pão de uma criança foi homenageada por Pier Paolo Pasolini em Os Contos de Canterbury (1972).
Baseado em evento real ocorrido em 1933, denuncia a imprensa marrom e como ela inflama o desejo de vingança da população. O diretor Cy Endfield, assim como Jules Dassin e Joseph Losey emigrou para a Europa por causa da perseguição machartista. Um detalhe macabro, segundo o IMDb
O ator infantil Jackie Coogan (O Garoto, de Chaplin) era colega de Universidade da vítima real, Brooke Hart e foi um dos que ajudaram no linchamento dos suspeitos.
Chaplin hilário até quando vira um frango! Aqui ele faz uma genial sátira ao desejo de enriquecer mesmo pondo a vida em risco. Já rico e famoso ele não poupou despesas na construção dos cenários, usando toneladas de gesso e farinha para simular a neve no verão californiano. E ele obtém uma ótima química com Mack Swain, no papel de Big Jim.
Robert Altman foi um dos grandes nomes do cinema americano da década de 70 mas caiu no ostracismo na década seguinte. Felizmente recuperou prestígio com este neo-noir que alfineta Hollywood e seus vícios como nenhum outro filme desde Crepúsculo dos Deuses (1950), que é apropriadamente citado em uma cena. Tim Robbins encabeça um dos maiores elencos já reunidos da história do cinema, encarnando um arrogante produtor que vê sua carreira e sua vida ameaçadas por um rival e um anonimo roteirista. A direção de Altman é um show a parte, desde o plano sequencia inicial de 8 minutos até as inúmeras referências visuais e metalinguísticas a outros filmes. Apesar de ser tão ácido com a indústria cinematográfica foi um dos maiores sucessos do diretor. Destaque também para a trilha sonora de Thomas Newman, que cria um clima inquietante.
Uma comédia sexual adolescente que entre os muitos clichês até consegue divertir. É meio como um American Pie, caso fosse dirigido pelo cineasta John Waters dos anos 70. Ou seja, pode esperar situações bem absurdas e escatológicas. O roteiro é pra lá de pífio, caberia em uma sitcom de 25 minutos, mas o elenco até que consegue manter o interesse, em especial Geraldine Viswanathan, que se mostra bem expressiva. Espero que ela tenha chance de mostrar seu talento em filmes melhores. Não creio que outro filme não pornográfico
Neste filme a violência e a ação servem de pano de fundo para a verdadeira discussão do filme: o medo e a paranoia. Nos EUA do inicio da década de 70, com a iminente derrota na guerra do Vietnã muitos filmes assumiram um clima derrotista e uma visão ácida da classe média.
Após o estupro, a morte do agressor e a ocultação de seu cadáver, os quatro amigos suburbanos veem perigo por todos os lados. A morte de um deles é logo encarada como um tiro dado por um inimigo embora eles não encontrem perfuração de bala no corpo. A ideia de perseguição dura, literalmente, até o último segundo.
O filme já começa com uma das operações de resgate mais toscas da história do cinema. Os "atores" sequer sabem segurar as armas direito. Depois esses policiais heróis são mandados (sem saber porque) para uma ilha em Nova Guiné onde encontram turistas (entre eles um sósia do cantor Belchior) que também servirão de lanche para os zumbis azuis. Margit Newton é uma séria candidata a pior atriz da história e seus colegas de elenco não ficam atrás. Para completar, o título brasileiro é absurdo, já que não há uma única cena noturna no filme.
Mais uma excelente direção de Raoul Walsh, um filme de gângster "cru" feito no auge do cinema noir americano. James Cagney se despede do gênero fazendo seu personagem mais psicótico e cruel. A famosa frase "Mamãe, estou no topo do mundo!" foi usada até na novela Rainha da Sucata, que assisti quando criança. Só agora entendi a referência.
Porcaria trash que diverte pela incompetência. Nada funciona direito, seja o roteiro, a maquiagem, a montagem (há erros de continuidade do inicio ao fim), as atuações pavorosas (especialmente a atriz pornô Brigitte Lahaie). Jean Rollin (o equivalente francês de Jesús Franco) faria, três anos depois, o melhorzinho O Lago dos Zumbis.
Este é provavelmente o faroeste mais realista já feito. Altman desconstrói a conquista do oeste, agora não mais com pioneiros destemidos e patriotas e sim com jogadores, prostitutas e operários miseráveis em primeiro plano.
Sem grandes tiroteios ou heroísmos. Em vez disso temos um protagonista que não hesita em atirar em seus inimigos pelas costas, já que sabe que não tem chance frente a frente.
Ótimo filme de tribunal militar que lembra muito "Glória Feita de Sangue" (1957) e "Pelo Rei e Pela Pátria" (1964). Em nenhum instante o filme tenta suavizar os personagens ou suas ações violentas. Não há heróis e sim uma condenação do colonialismo britânico. O filme tem como subtexto a ideia de Hannah Arendt da "banalidade do mal", quando pessoas normais cometem atrocidades só por estar "seguindo ordens", sem questioná-las. O diretor Bruce Beresford tenta disfarçar a origem teatral do roteiro com uma montagem rápida e cenas repetidas sob diversos pontos de vista. Grandes interpretações do elenco, em especial Jack Thompson e Edward Woodward (quase um clone de Michael Caine).
Baseado no mesmo romance que originou o clássico noir O Segredo das Joias (1950), de John Huston, mas com resultado bem inferior. Os personagens não são tão complexos quanto os da primeira adaptação e a trama demora a engrenar (embora o filme seja curto). Mas o diretor consegue criar bastante tensão no clímax que se passa em uma mina, e Ernest Bornigne consegue cativar o espectador com seu personagem que tenta endireitar a vida mas é novamente arrastado para o crime.
Faroeste revisionista do diretor Anthony Mann, que sempre prezava pela profundidade psicológica dos personagens. Aqui é possível entender as motivações de todos os personagens, até mesmo do coronel belicista inconsequente interpretado por Robert Preston. Já Victor Mature faz o tipo bruto, anti-social, embora bem intencionado. Sendo assim a última cena do filme me decepcionou:
É difícil aceitar seu personagem transformado em soldado, até porque ele próprio tinha renegado o uniforme como um "trapo sujo". Ok, ele salvou o batalhão mas isso por si só não garante que ele fosse disciplinado o suficiente para entrar para o exército. Teria feito mais sentido se ele fosse embora do forte após a batalha ou tivesse morrido no combate.
Faroeste dirigido por um mestre do gênero, Budd Boetticher, mas que sofre de alguns problemas, sendo o principal deles o anacronismo: várias armas e figurinos vistos aqui só foram criados muitos anos depois do embate entre o Texas e o México. Também é difícil compreender porque o protagonista fica tanto tempo sem revelar suas motivações, sendo acusado de traição por todos. Mesmo assim a direção de Boetticher tem um ótimo ritmo e cenas de ação realistas (não é a toa que Glenn Ford quebrou três costelas como comentaram abaixo).
Tive dificuldade em assimilar este filme principalmente por cause de seu protagonista (o esquecido Rory Calhon), um sujeito bruto, ignorante e misógino (ok, ficamos esperando que o personagem evolua durante a trama mas essa evolução não convence totalmente). Parece que a única coisa que os gaúchos desse filme sabiam fazer é cavalgar pelos pampas e brigar. Já o major Salinas (Richard Boone) se mostra bem mais interessante e complexo, fugindo da unidimensionalidade dos demais personagens.
Esta produção francesa é um drama antropológico que lida com temas universais, tais como conflito de gerações e apego às tradições. O diretor Eric Valli alterna planos abertos, que revelam a extensão das montanhas onde vive aquele povo, com closes que nos mostram os rostos do elenco marcados pelo tempo e pelo ambiente. E o elenco composto por amadores (com exceção de Lhapka Tsanchoe que já havia trabalhado em Sete Anos no Tibet) confere imensa verossimilhança à historia. As filmagens (que duraram 9 meses!) foram um verdadeiro tour de force para a equipe, devido ao frio e a altitude. Mas valeu a pena já que o resultado foi um belíssimo filme.
Um pequeno grande filme, com ótimas atuações (Jane Darwell surpreende em um papel muito, muito diferente da sofrida matriarca da família Joad, de As Vinhas da Ira) e um terceiro ato bastante tenso. O roteiro só peca por introduzir uma subtrama descartável sobre uma ex-namorada de Gil (Henry Fonda). Para ver e refletir.
A Confissão De Thelma
3.7 6 Assista AgoraAté agora este é o filme noir mais fraco que vi (sem contar "A Face do Crime", de Ed Wood).
Pra começar é difícil ter qualquer empatia pelo insosso protagonista (Wendell Corey). O cara tem um bom emprego, uma bela esposa que o ama, é bem visto na sociedade e mesmo assim não valoriza nada disso. Nem com os filhos ele parece se importar.
Já Barbara Stanwyck parece estar no piloto automático, sem criar uma personagem tão memorável quanto a de "Pacto de Sangue". Mas provavelmente a culpa não é dela e sim do roteiro, que se revela muito previsível e enfadonho, embora tenha alguns bons momentos de suspense. Não é um filme ruim mas é insatisfatório.
As Divas do Blue Iguana
2.9 6O diretor Michael Radford oferece um olhar sobre o cotidiano de stripers em um clube de Los Angeles. Um tema que Paul Verhoeven tentou explorar em seu pavoroso Showgirls (1995), aqui o roteiro foi desenvolvido pelos atores, que criaram as personalidades e os diálogos vistos no filme. Sandra Oh cria uma interessante personagem que, apesar de se despir na frente de dezenas de homens, sente vergonha de ler suas poesias em público. Já Daryl Hannah investe num jeito de falar infantilizado que não combina com uma mulher de cerca de 40 anos. Ela esteve mais convincente em Kill Bill.
O diretor Radford conduz o filme em um tom distanciado, quase documental, com câmera na mão grande parte do tempo.
O Baile dos Bombeiros
3.8 45 Assista AgoraComédia anárquica com elenco quase todo amador (mas que se sai esplendidamente bem), uma crítica tragicômica às instituições tchecoeslovacas. Impossível não rir com o velhinho marchando todo pomposo em direção ao palco.
A Cicatriz
3.8 8 Assista AgoraUm competente e pouco conhecido filme noir, com uma trama recorrente no gênero, o da dupla identidade. Ótima fotografia do mestre John Alton (o melhor fotógrafo do ciclo noir).
Pedro, O Negro
3.8 14 Assista AgoraAssistido pela 2ª vez.
Petr é uma espécie de versão tcheca de Antoine Doinel, personagem criado por François Truffault. Mesmo sendo um filme de baixo orçamento tem uma bela fotografia.
Combate na Escuridão
2.8 6O diretor Jeff Burr aposta numa fotografia em tons sépia para criar um clima opressivo. As cenas de batalha lembram bastante os filmes de Sam Peckinpah, enquanto o terceiro ato do filme é uma referência à "Assalto à 13ª DP", de John Carpenter. Produção independente feita com bastante competência. Mas o roteiro poderia ter se debruçado melhor sobre a origem e o treinamento dos orfãos. Acabou ficando muito solto, com rápidos flashbacks que ficam piscando na tela.
O Circo
4.4 228 Assista AgoraEsta foi a produção mais problemática da carreira de Chaplin: um vendaval destruiu os cenários e algum tempo depois um incêndio voltou a destruir tudo. As filmagens se prolongaram por 11 meses! Pra piorar a mãe de Chaplin morreu nessa época e ele enfrentou o tumultuado divórcio de Lita Grey. Não é a toa que ele ficou esquecido, sequer sendo citado na autobiografia de Chaplin. Mas em 1969 o diretor resolveu relançá-lo e ainda gravou a música do créditos de abertura. A cena em que Carlitos come o pão de uma criança foi homenageada por Pier Paolo Pasolini em Os Contos de Canterbury (1972).
Justiça Injusta
3.9 5Baseado em evento real ocorrido em 1933, denuncia a imprensa marrom e como ela inflama o desejo de vingança da população. O diretor Cy Endfield, assim como Jules Dassin e Joseph Losey emigrou para a Europa por causa da perseguição machartista.
Um detalhe macabro, segundo o IMDb
O ator infantil Jackie Coogan (O Garoto, de Chaplin) era colega de Universidade da vítima real, Brooke Hart e foi um dos que ajudaram no linchamento dos suspeitos.
Em Busca do Ouro
4.4 276 Assista AgoraChaplin hilário até quando vira um frango!
Aqui ele faz uma genial sátira ao desejo de enriquecer mesmo pondo a vida em risco. Já rico e famoso ele não poupou despesas na construção dos cenários, usando toneladas de gesso e farinha para simular a neve no verão californiano. E ele obtém uma ótima química com Mack Swain, no papel de Big Jim.
O Jogador
4.0 85 Assista AgoraRobert Altman foi um dos grandes nomes do cinema americano da década de 70 mas caiu no ostracismo na década seguinte. Felizmente recuperou prestígio com este neo-noir que alfineta Hollywood e seus vícios como nenhum outro filme desde Crepúsculo dos Deuses (1950), que é apropriadamente citado em uma cena. Tim Robbins encabeça um dos maiores elencos já reunidos da história do cinema, encarnando um arrogante produtor que vê sua carreira e sua vida ameaçadas por um rival e um anonimo roteirista.
A direção de Altman é um show a parte, desde o plano sequencia inicial de 8 minutos até as inúmeras referências visuais e metalinguísticas a outros filmes. Apesar de ser tão ácido com a indústria cinematográfica foi um dos maiores sucessos do diretor. Destaque também para a trilha sonora de Thomas Newman, que cria um clima inquietante.
O Pacote
2.6 248 Assista AgoraUma comédia sexual adolescente que entre os muitos clichês até consegue divertir. É meio como um American Pie, caso fosse dirigido pelo cineasta John Waters dos anos 70. Ou seja, pode esperar situações bem absurdas e escatológicas. O roteiro é pra lá de pífio, caberia em uma sitcom de 25 minutos, mas o elenco até que consegue manter o interesse, em especial Geraldine Viswanathan, que se mostra bem expressiva. Espero que ela tenha chance de mostrar seu talento em filmes melhores.
Não creio que outro filme não pornográfico
tenha mostrado o bilau humano com tantos closes. Nem Peter Greenaway ousou fazer isso.
Amargo Pesadelo
3.9 199 Assista AgoraNeste filme a violência e a ação servem de pano de fundo para a verdadeira discussão do filme: o medo e a paranoia. Nos EUA do inicio da década de 70, com a iminente derrota na guerra do Vietnã muitos filmes assumiram um clima derrotista e uma visão ácida da classe média.
Após o estupro, a morte do agressor e a ocultação de seu cadáver, os quatro amigos suburbanos veem perigo por todos os lados. A morte de um deles é logo encarada como um tiro dado por um inimigo embora eles não encontrem perfuração de bala no corpo. A ideia de perseguição dura, literalmente, até o último segundo.
Os Predadores da Noite
2.7 34O filme já começa com uma das operações de resgate mais toscas da história do cinema. Os "atores" sequer sabem segurar as armas direito. Depois esses policiais heróis são mandados (sem saber porque) para uma ilha em Nova Guiné onde encontram turistas (entre eles um sósia do cantor Belchior) que também servirão de lanche para os zumbis azuis.
Margit Newton é uma séria candidata a pior atriz da história e seus colegas de elenco não ficam atrás. Para completar, o título brasileiro é absurdo, já que não há uma única cena noturna no filme.
Canibais do Apocalipse
3.1 15Tema semelhante tinha sido explorado por Bob Clarke no ótimo Sonho de Morte (1974). Surpreendentemente bem realizado (com exceção da fraca dublagem).
Fúria Sanguinária
4.2 56 Assista AgoraMais uma excelente direção de Raoul Walsh, um filme de gângster "cru" feito no auge do cinema noir americano. James Cagney se despede do gênero fazendo seu personagem mais psicótico e cruel. A famosa frase "Mamãe, estou no topo do mundo!" foi usada até na novela Rainha da Sucata, que assisti quando criança. Só agora entendi a referência.
As Uvas da Morte
3.4 31Porcaria trash que diverte pela incompetência. Nada funciona direito, seja o roteiro, a maquiagem, a montagem (há erros de continuidade do inicio ao fim), as atuações pavorosas (especialmente a atriz pornô Brigitte Lahaie). Jean Rollin (o equivalente francês de Jesús Franco) faria, três anos depois, o melhorzinho O Lago dos Zumbis.
Onde os Homens São Homens
4.0 43 Assista AgoraEste é provavelmente o faroeste mais realista já feito. Altman desconstrói a conquista do oeste, agora não mais com pioneiros destemidos e patriotas e sim com jogadores, prostitutas e operários miseráveis em primeiro plano.
Sem grandes tiroteios ou heroísmos. Em vez disso temos um protagonista que não hesita em atirar em seus inimigos pelas costas, já que sabe que não tem chance frente a frente.
Breaker Morant
3.6 7Ótimo filme de tribunal militar que lembra muito "Glória Feita de Sangue" (1957) e "Pelo Rei e Pela Pátria" (1964). Em nenhum instante o filme tenta suavizar os personagens ou suas ações violentas. Não há heróis e sim uma condenação do colonialismo britânico.
O filme tem como subtexto a ideia de Hannah Arendt da "banalidade do mal", quando pessoas normais cometem atrocidades só por estar "seguindo ordens", sem questioná-las. O diretor Bruce Beresford tenta disfarçar a origem teatral do roteiro com uma montagem rápida e cenas repetidas sob diversos pontos de vista. Grandes interpretações do elenco, em especial Jack Thompson e Edward Woodward (quase um clone de Michael Caine).
Os Homens das Terras Bravas
3.4 5Baseado no mesmo romance que originou o clássico noir O Segredo das Joias (1950), de John Huston, mas com resultado bem inferior. Os personagens não são tão complexos quanto os da primeira adaptação e a trama demora a engrenar (embora o filme seja curto). Mas o diretor consegue criar bastante tensão no clímax que se passa em uma mina, e Ernest Bornigne consegue cativar o espectador com seu personagem que tenta endireitar a vida mas é novamente arrastado para o crime.
O Tirano da Fronteira
3.3 12Faroeste revisionista do diretor Anthony Mann, que sempre prezava pela profundidade psicológica dos personagens. Aqui é possível entender as motivações de todos os personagens, até mesmo do coronel belicista inconsequente interpretado por Robert Preston. Já Victor Mature faz o tipo bruto, anti-social, embora bem intencionado. Sendo assim a última cena do filme me decepcionou:
É difícil aceitar seu personagem transformado em soldado, até porque ele próprio tinha renegado o uniforme como um "trapo sujo". Ok, ele salvou o batalhão mas isso por si só não garante que ele fosse disciplinado o suficiente para entrar para o exército. Teria feito mais sentido se ele fosse embora do forte após a batalha ou tivesse morrido no combate.
Sangue por Sangue
3.5 7Faroeste dirigido por um mestre do gênero, Budd Boetticher, mas que sofre de alguns problemas, sendo o principal deles o anacronismo: várias armas e figurinos vistos aqui só foram criados muitos anos depois do embate entre o Texas e o México. Também é difícil compreender porque o protagonista fica tanto tempo sem revelar suas motivações, sendo acusado de traição por todos.
Mesmo assim a direção de Boetticher tem um ótimo ritmo e cenas de ação realistas (não é a toa que Glenn Ford quebrou três costelas como comentaram abaixo).
O Gaúcho
3.7 6Tive dificuldade em assimilar este filme principalmente por cause de seu protagonista (o esquecido Rory Calhon), um sujeito bruto, ignorante e misógino (ok, ficamos esperando que o personagem evolua durante a trama mas essa evolução não convence totalmente). Parece que a única coisa que os gaúchos desse filme sabiam fazer é cavalgar pelos pampas e brigar. Já o major Salinas (Richard Boone) se mostra bem mais interessante e complexo, fugindo da unidimensionalidade dos demais personagens.
Himalaia
4.1 19Esta produção francesa é um drama antropológico que lida com temas universais, tais como conflito de gerações e apego às tradições. O diretor Eric Valli alterna planos abertos, que revelam a extensão das montanhas onde vive aquele povo, com closes que nos mostram os rostos do elenco marcados pelo tempo e pelo ambiente. E o elenco composto por amadores (com exceção de Lhapka Tsanchoe que já havia trabalhado em Sete Anos no Tibet) confere imensa verossimilhança à historia.
As filmagens (que duraram 9 meses!) foram um verdadeiro tour de force para a equipe, devido ao frio e a altitude. Mas valeu a pena já que o resultado foi um belíssimo filme.
Consciências Mortas
4.2 72Um pequeno grande filme, com ótimas atuações (Jane Darwell surpreende em um papel muito, muito diferente da sofrida matriarca da família Joad, de As Vinhas da Ira) e um terceiro ato bastante tenso. O roteiro só peca por introduzir uma subtrama descartável sobre uma ex-namorada de Gil (Henry Fonda). Para ver e refletir.