Excelente a animação (aguardando muito o longa), faz um passeio pela obra da artista brasileira Tarsila do Amaral (tive o privilégio de ver exposição no MASP), participante da Semana de Arte Moderna de 1922. Em 2 minutos, uma delícia de viagem, ao som dessa canção linda, de Zeca Baleiro com a especial participação de Ná Ozzetti, cantora que eu gosto muito. Este comentário é sobre o trailer. O filme é excelente, foi apresentado na Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis. Os diretores transpuseram as pinturas de Tarsila para a tela, fazendo com que fossem cenário, personagens, enfim, a história contada está toda embasada no acervo de sua obra, que é maravilhosa. Grande animação nacional.
Nas primeiras cenas eu pensei: vai tratar da síndrome do ninho vazio. Era isso, mas foi bem além. Interessante que a quase toda a historia não passou de projeção da mãe, daquilo que poderia vir a ser a vida do filho, e "perdê-lo" era uma opção fora de seus planos. Egoísmo, psicose e incapacidade de deixar o filho experienciar a sua vida são temas abordados no curta. Bonnie Bedelia é uma atriz que sempre aparecia como coadjuvante. Aqui é a protagonista. Ressaltando ainda que a cultura dos EUA, muito mais que a de outros países, é a de jogar os filhos no mundo. Os jovens trabalham pra cobrir as despesas da educação. Esse filme mostra uma face pouco vista dos americanos.
O curta trata da aceitação dos demais. Ser diferente não torna ninguém menor que outrem, em qualquer aspecto que essa diferença possa se apresentar. Os olhinhos rasgados do menino parecem indicar uma etnia (indígena ou oriental) que já o torna "fora do padrão" branco. Sua habilidade de flutuar faz com que seu pai primeiro o esconda por proteção e depois por medo do julgamento que a sociedade possa fazer. Ele mesmo, o pai, acaba sendo afetado e ficando refém (o aspecto desleixado dele e da casa, quando o menino já está mais crescido) dessa decisão de esconder o filho. Acho a mensagem muito válida e sensível. Diferenças não são defeitos.
Curta de traço sem grandes elaborações, o que o torna agradável. Faz uma boa correlação com a vida, as idas e vindas a que estamos sujeitos. Mostra que mesmo na aridez do ambiente (ou da vida) algo de bom pode acontecer. Ao final o gatinho encontrou seu companheiro e amigo.
Eita Nordeste, de cabras da peste. O traço quadrado e duro dos rostos representa a vida dura do nordestino do agreste. Adaptação muito bem realizada do clássico João e o Pé de Feijão para as terras do sertão nordestino. A casa do "gigante", inatingível para a imensa maioria do povo, só o destemido Josué pode chegar, e lá depara-se com a exploração do coronelismo. As vestimentas de cangaceiro colaboram para a imagem de imposição pela força. Mas Josué não é só destemido, seu coração de homem bom não poderia deixar os aprisionados da exploração continuar sua sina. Liberta-os como um heroi, mas o coronel se dá conta e quer "o couro" deles. Na fuga, até o pé de macaxeira dá uma forcinha e ajuda a derrotar o vilão explorador. E pra arrematar, a constatação de que nordestino é trabalhador e tem visão de negócio. O pé de macaxeira gera emprego e renda, faz a alegria da comunidade e da mãe de Josué. É chegado o tempo da fartura, que a terra nordestina bem sabe entregar aos seus (nesse caso não é com as chuvas 😃). Excelente trabalho, com o acompanhamento de música bem representando o cancioneiro popular por meio dos tocadores de baião, forró e demais ritmos.
Por meio da animação, que nos entretém, o curta passa a mensagem do quanto é cruel a realização dos testes da indústria da beleza nos animais. Já assisti documentário com cenas horríveis de práticas dessa indústria. É desumano o que acontece. Cada voz que se levante contra isso, como a de Rodrigo Santoro (na dublagem brasileira), é muito importante.
Quantas realidades distintas do que é o padrão normal da sociedade. O rapaz não tinha onde dormir, por ser sem-teto depende de outros para ter um lugar e encontra um surdo-cego, tb dependendo de terceiros para conseguir voltar para casa. Gestos simples e sensações provocadas ou despertadas podem fazer a diferença na vida de alguém. A empatia que ele sentiu pelo homem o fez modificar-se. Curta sensível. A produção executiva é de Marlee Matlin, atriz surda-muda que ganhou o globo de ouro de melhor atriz dramática e o Oscar de melhor atriz por Os Flhos do Silêncio, em 1986.
Bons exemplos podem ser a inspiração e incentivo para alguém descobrir sua vocação, liberar sua imaginação e até tornar-se excelente naquilo que faça. E homenagear quem participa da sua vida com essa inspiração é muito bom. Desenho com traço bonito, boa produção.
O país das bicicletas venceu o Oscar com esse curta tocante. Como, em tão pouco tempo, os curtas podem passar tantas emoções. São mágicos. E com traços tão simples. Não precisa de muito pra transmitir a essência, neste a mensagem é passada magnificamente. O tema central é o amor da filha pelo pai, sua ausência, a saudade e a esperança do reencontro. As estações passam, os anos também. Sua vida segue, crescimento, adolescência, casamento, filhos, envelhecimento. No entanto sua esperança segue. O retorno ao lugar da despedida do pai, as bicicletas (esse símbolo da vida dos holandeses) fazendo parte de todos os momentos. No final, é sonho ou a morte que a leva ao abraço do querido pai? Cada um vai escolher que final é esse. Merecidíssimo o Oscar, filme emocionante, lindo. 👏👏
O tratamento desrespeitoso e autoritário por parte de israelenses para com palestinos é muito danoso para a convivência desses dois povos que vivem lado a lado, mas com poder muito distinto de cada parte. A supremacia de Israel se traduz em arrogância e humilhação frequente e contribui, para a constante animosidade. Que bom que esse curta foi indicado ao Oscar, pois dá visibilidade, por meio da arte, a essas questões tão prementes nas relações humanas dos dois povos. A solução da menina se assemelha bastante ao final do filme A Noiva Síria, vale conferir.
O tema abordado é atualíssimo, o preconceito contra o diferente, seja ele de que natureza for. Pode-se fazer analogia do Zero com muitos que são vítimas de tratamento depreciativo - o refugiado/exilado, o gay, o negro, o gordo, a mulher (sim, quantas sociedades a tratam como ser inferior?), enfim, tantos que sofrem algum tipo de exclusão. Antes da invenção do numeral Zero pelos árabes a matemática era outra. Zero foi uma revolução, sem ele não é possível o decimal => 0,01 p.ex. O curta também mostra que a aceitação, compreensão produz felicidade, no encontro de si mesmo e do outro que o trata como um igual. E o final é fantástico, pois dois zeros juntos dá o número que representa o infinito. E aí pode-se fazer novas analogias, com sentido muito positivo e promissor. É a vitória do zero sobre seus opressores.
Com traço simples, consegue passar a diversidade de sentimentos dos personagens. O luto é por vezes muito difícil de ser superado, ainda mais se for de uma criança. O espírito da menina quer ajudar seus pais a seguir em frente. O curta é também uma homenagem às vítimas de massacres como o de Columbine. Tá no páreo pro Oscar.
A mensagem que me passa é a de que quando se ama, tudo o que esteja ao alcance deve ser feito por esse ser. O perdido da historia era o senhor, não os objetos. Sua esposa não desistiu. Alzheimer é uma doença cruel. O amor dela e a tentativa de resgatar as memórias dele são uma lição.
Difícil não se emocionar com esse curta. Tem uma mensagem poderosa, de persistência no alcance do objetivo, superação das dificuldades, valorização da negritude, e sobretudo o amor que une essa família. Vibrei quando foi anunciado como vencedor do Oscar.
Esse poderia ser o 1o Oscar para um curta de animação brasileiro (infelizmente não foi indicado, mas é merecedor). É muito emocionante, retrata a dura realidade dos imigrantes que deixam seus países em busca de uma vida melhor. Nenhum pai deveria ter que se separar de seu flho, para garantir que ele tenha o que comer, muito triste. Esse é um drama universal - Rohingya fugindo de Mianmar, Sírios de sua guerra, Africanos de diversos países, Venezuelanos, Haitianos. Penso que os realizadores quiseram ambientar em um país europeu (possivelmente) e usar o inglês para torná-lo mais universal. E também, o lapso de tempo (do menino até ele já idoso), a historia indique algo que ocorreu há tempos, com refugiados, do mesmo modo que nos tempos atuais, indo para outro lugar.
A mente da menina em coma produziu as imagens dos lugares que visitou. O som da música era o incentivo pra se manter conectada ao seu pai (que entoa a canção quando já não tem a caixinha de música para manter essa ligação). Mensagem bonita de perseverança pelo restabelecimento da saúde dela, força viva que estava em ambos. A caracterização dos ambientes, principalmente externos é muito boa.
A nota é pelo desenho. A historia não me cativou. Enriquecimento sem esforço (?), só se for às custas de outros. Não gostei disso. Os esforços do responsável pelo atendimento dos pedidos até são louváveis, mas é só mais ou menos a msg dessa animação.
Crítica contundente. Contudo a família não é formada somente por uma mulher e um homem. Família pode ser uma avó que cria o neto sozinha, um casal hetero sem filhos, um casal gay com filho adotado, etc, há múltiplas possibilidades. Notei tb que não há referência à reciclagem. Talvez na época isso não tivesse ainda uma importância econômica, mas já existia. No mais, tem uma mensagem impactante, a construção do texto é bem interessante. O reducionismo de seres humanos sem dinheiro a uma categoria inferior a animais irracionais é cruel, mas verdadeira, como bem mostra o documentário. Prêmio merecido, que bom que o Festival de Berlim reconheceu.
Tem seu valor, mas não acho aquilo tudo não, a trilha sonora é boa e a caracterização também. O desempenho dos atores mostra que, a meu ver, são amadores. O peão aparece pra instaurar a discórdia, pois some sem maiores explicações (seria uma alusão ao demo?). De qualquer maneira é uma homenagem nacional aos filmes de faroeste.
Muito boa a representação da seca na caatinga, o Calango é simpático, a morte com cabeça de res e a N.Sra.Aparecida, todos bem desenhados. A música tb acompanha o roteiro. Bom filme brasileiro. Faz alusão a grandes escritores também - Morte e Vida Serverina de João Cabral de Melo Neto, O Auto da Compadecida de Ariano Suassuna, Vidas Secas de Graciliano Ramos. Me fez lembrar da música Festa, de Luiz Gonzaga, canção que expressa muito bem a seca e depois a fartura com a chuva no Nordeste.
Muito bom, trata de educação (e do desprezo por ela), trabalho infantil, vida na dureza do Nordeste, famílias com número grande de filhos (reproduzindo a ideia de que qtos mais tiver, mais mão de obra pra trabalhar). O caderno mostra as Marias da família, que só ensaiavam uma vontade de melhorar por meio da instrução. Mas fica também a esperança, o olhar com sonho, qdo a Maria está na janela, "desenhando nome".
Filmaço (o cinema italiano tem umas pérolas). A persistência do menino Mirco em ir atrás de seus sonhos e não se submeter ao "status quo" imposto pelo diretor, aliado pela amizade a toda prova de Francesca nos entrega essa belíssima obra. É fácil se emocionar com essa história e a atuação, em especial dos atores mirins.
A atuação de Valeria está luminosa. Sua personagem, Grazia, como se diria em italiano é "una donna senza padrone", uma mulher fora dos padrões. Ela é libertária. O elenco, exceto a própria Valeria, é na sua maioria de habitantes de Lampedusa, onde o filme foi rodado. A fotografia é outro ponto alto do filme.
Filmaço, um elenco muito bom, fotografia belíssima, paisagens de tirar o fôlego (filmado nas Cataratas do Iguaçu), trilha sonora (fabulosa) do Maestro Ennio Morricone e roteiro muito fiel à verdade da história, da vergonhosa aliança de portugueses e espanhois pra dizimar os 7 Povos da Missões. Emocionante, em especial a cena em que no povoado sob ataque toca On Earth as it is in Heaven (Assim na Terra Como É no Céu). Ver cada guarani abatido, sob uma música dessas, é de chorar mesmo.
Tarsilinha
3.2 6Excelente a animação (aguardando muito o longa), faz um passeio pela obra da artista brasileira Tarsila do Amaral (tive o privilégio de ver exposição no MASP), participante da Semana de Arte Moderna de 1922. Em 2 minutos, uma delícia de viagem, ao som dessa canção linda, de Zeca Baleiro com a especial participação de Ná Ozzetti, cantora que eu gosto muito.
Este comentário é sobre o trailer. O filme é excelente, foi apresentado na Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis. Os diretores transpuseram as pinturas de Tarsila para a tela, fazendo com que fossem cenário, personagens, enfim, a história contada está toda embasada no acervo de sua obra, que é maravilhosa. Grande animação nacional.
Munchausen
3.6 17Nas primeiras cenas eu pensei: vai tratar da síndrome do ninho vazio. Era isso, mas foi bem além. Interessante que a quase toda a historia não passou de projeção da mãe, daquilo que poderia vir a ser a vida do filho, e "perdê-lo" era uma opção fora de seus planos. Egoísmo, psicose e incapacidade de deixar o filho experienciar a sua vida são temas abordados no curta. Bonnie Bedelia é uma atriz que sempre aparecia como coadjuvante. Aqui é a protagonista.
Ressaltando ainda que a cultura dos EUA, muito mais que a de outros países, é a de jogar os filhos no mundo. Os jovens trabalham pra cobrir as despesas da educação. Esse filme mostra uma face pouco vista dos americanos.
Flutuar
4.1 46 Assista AgoraO curta trata da aceitação dos demais. Ser diferente não torna ninguém menor que outrem, em qualquer aspecto que essa diferença possa se apresentar. Os olhinhos rasgados do menino parecem indicar uma etnia (indígena ou oriental) que já o torna "fora do padrão" branco. Sua habilidade de flutuar faz com que seu pai primeiro o esconda por proteção e depois por medo do julgamento que a sociedade possa fazer. Ele mesmo, o pai, acaba sendo afetado e ficando refém (o aspecto desleixado dele e da casa, quando o menino já está mais crescido) dessa decisão de esconder o filho. Acho a mensagem muito válida e sensível. Diferenças não são defeitos.
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El Gatito
3.7 3Curta de traço sem grandes elaborações, o que o torna agradável. Faz uma boa correlação com a vida, as idas e vindas a que estamos sujeitos. Mostra que mesmo na aridez do ambiente (ou da vida) algo de bom pode acontecer. Ao final o gatinho encontrou seu companheiro e amigo.
Josué e o Pé de Macaxeira
3.7 25Eita Nordeste, de cabras da peste. O traço quadrado e duro dos rostos representa a vida dura do nordestino do agreste. Adaptação muito bem realizada do clássico João e o Pé de Feijão para as terras do sertão nordestino. A casa do "gigante", inatingível para a imensa maioria do povo, só o destemido Josué pode chegar, e lá depara-se com a exploração do coronelismo. As vestimentas de cangaceiro colaboram para a imagem de imposição pela força. Mas Josué não é só destemido, seu coração de homem bom não poderia deixar os aprisionados da exploração continuar sua sina. Liberta-os como um heroi, mas o coronel se dá conta e quer "o couro" deles. Na fuga, até o pé de macaxeira dá uma forcinha e ajuda a derrotar o vilão explorador. E pra arrematar, a constatação de que nordestino é trabalhador e tem visão de negócio. O pé de macaxeira gera emprego e renda, faz a alegria da comunidade e da mãe de Josué. É chegado o tempo da fartura, que a terra nordestina bem sabe entregar aos seus (nesse caso não é com as chuvas 😃).
Excelente trabalho, com o acompanhamento de música bem representando o cancioneiro popular por meio dos tocadores de baião, forró e demais ritmos.
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Salve o Ralph
4.4 62Por meio da animação, que nos entretém, o curta passa a mensagem do quanto é cruel a realização dos testes da indústria da beleza nos animais. Já assisti documentário com cenas horríveis de práticas dessa indústria. É desumano o que acontece. Cada voz que se levante contra isso, como a de Rodrigo Santoro (na dublagem brasileira), é muito importante.
Feeling Through
3.8 55 Assista AgoraQuantas realidades distintas do que é o padrão normal da sociedade. O rapaz não tinha onde dormir, por ser sem-teto depende de outros para ter um lugar e encontra um surdo-cego, tb dependendo de terceiros para conseguir voltar para casa. Gestos simples e sensações provocadas ou despertadas podem fazer a diferença na vida de alguém. A empatia que ele sentiu pelo homem o fez modificar-se. Curta sensível. A produção executiva é de Marlee Matlin, atriz surda-muda que ganhou o globo de ouro de melhor atriz dramática e o Oscar de melhor atriz por Os Flhos do Silêncio, em 1986.
To: Gerard
3.8 6Bons exemplos podem ser a inspiração e incentivo para alguém descobrir sua vocação, liberar sua imaginação e até tornar-se excelente naquilo que faça. E homenagear quem participa da sua vida com essa inspiração é muito bom. Desenho com traço bonito, boa produção.
Pai e Filha
4.2 59O país das bicicletas venceu o Oscar com esse curta tocante. Como, em tão pouco tempo, os curtas podem passar tantas emoções. São mágicos. E com traços tão simples. Não precisa de muito pra transmitir a essência, neste a mensagem é passada magnificamente.
O tema central é o amor da filha pelo pai, sua ausência, a saudade e a esperança do reencontro. As estações passam, os anos também. Sua vida segue, crescimento, adolescência, casamento, filhos, envelhecimento. No entanto sua esperança segue. O retorno ao lugar da despedida do pai, as bicicletas (esse símbolo da vida dos holandeses) fazendo parte de todos os momentos. No final, é sonho ou a morte que a leva ao abraço do querido pai? Cada um vai escolher que final é esse. Merecidíssimo o Oscar, filme emocionante, lindo. 👏👏
O Presente
4.0 49 Assista AgoraO tratamento desrespeitoso e autoritário por parte de israelenses para com palestinos é muito danoso para a convivência desses dois povos que vivem lado a lado, mas com poder muito distinto de cada parte. A supremacia de Israel se traduz em arrogância e humilhação frequente e contribui, para a constante animosidade. Que bom que esse curta foi indicado ao Oscar, pois dá visibilidade, por meio da arte, a essas questões tão prementes nas relações humanas dos dois povos. A solução da menina se assemelha bastante ao final do filme A Noiva Síria, vale conferir.
Zero
4.3 137O tema abordado é atualíssimo, o preconceito contra o diferente, seja ele de que natureza for. Pode-se fazer analogia do Zero com muitos que são vítimas de tratamento depreciativo - o refugiado/exilado, o gay, o negro, o gordo, a mulher (sim, quantas sociedades a tratam como ser inferior?), enfim, tantos que sofrem algum tipo de exclusão.
Antes da invenção do numeral Zero pelos árabes a matemática era outra. Zero foi uma revolução, sem ele não é possível o decimal => 0,01 p.ex.
O curta também mostra que a aceitação, compreensão produz felicidade, no encontro de si mesmo e do outro que o trata como um igual.
E o final é fantástico, pois dois zeros juntos dá o número que representa o infinito. E aí pode-se fazer novas analogias, com sentido muito positivo e promissor. É a vitória do zero sobre seus opressores.
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Se Algo Acontecer... Te Amo
4.2 356Com traço simples, consegue passar a diversidade de sentimentos dos personagens. O luto é por vezes muito difícil de ser superado, ainda mais se for de uma criança. O espírito da menina quer ajudar seus pais a seguir em frente. O curta é também uma homenagem às vítimas de massacres como o de Columbine. Tá no páreo pro Oscar.
[spoiler][/spoiler]
Achados e Perdidos
4.0 15A mensagem que me passa é a de que quando se ama, tudo o que esteja ao alcance deve ser feito por esse ser. O perdido da historia era o senhor, não os objetos. Sua esposa não desistiu. Alzheimer é uma doença cruel. O amor dela e a tentativa de resgatar as memórias dele são uma lição.
Hair Love
4.5 127Difícil não se emocionar com esse curta. Tem uma mensagem poderosa, de persistência no alcance do objetivo, superação das dificuldades, valorização da negritude, e sobretudo o amor que une essa família.
Vibrei quando foi anunciado como vencedor do Oscar.
Umbrella
3.7 46Esse poderia ser o 1o Oscar para um curta de animação brasileiro (infelizmente não foi indicado, mas é merecedor). É muito emocionante, retrata a dura realidade dos imigrantes que deixam seus países em busca de uma vida melhor. Nenhum pai deveria ter que se separar de seu flho, para garantir que ele tenha o que comer, muito triste.
Esse é um drama universal - Rohingya fugindo de Mianmar, Sírios de sua guerra, Africanos de diversos países, Venezuelanos, Haitianos.
Penso que os realizadores quiseram ambientar em um país europeu (possivelmente) e usar o inglês para torná-lo mais universal. E também, o lapso de tempo (do menino até ele já idoso), a historia indique algo que ocorreu há tempos, com refugiados, do mesmo modo que nos tempos atuais, indo para outro lugar.
Windup
3.9 9A mente da menina em coma produziu as imagens dos lugares que visitou. O som da música era o incentivo pra se manter conectada ao seu pai (que entoa a canção quando já não tem a caixinha de música para manter essa ligação). Mensagem bonita de perseverança pelo restabelecimento da saúde dela, força viva que estava em ambos. A caracterização dos ambientes, principalmente externos é muito boa.
The Wishgranter
4.0 9A nota é pelo desenho. A historia não me cativou. Enriquecimento sem esforço (?), só se for às custas de outros. Não gostei disso. Os esforços do responsável pelo atendimento dos pedidos até são louváveis, mas é só mais ou menos a msg dessa animação.
Ilha das Flores
4.5 1,0KCrítica contundente. Contudo a família não é formada somente por uma mulher e um homem. Família pode ser uma avó que cria o neto sozinha, um casal hetero sem filhos, um casal gay com filho adotado, etc, há múltiplas possibilidades. Notei tb que não há referência à reciclagem. Talvez na época isso não tivesse ainda uma importância econômica, mas já existia. No mais, tem uma mensagem impactante, a construção do texto é bem interessante. O reducionismo de seres humanos sem dinheiro a uma categoria inferior a animais irracionais é cruel, mas verdadeira, como bem mostra o documentário. Prêmio merecido, que bom que o Festival de Berlim reconheceu.
Meu Nome é Dinheiro
3.5 4Tem seu valor, mas não acho aquilo tudo não, a trilha sonora é boa e a caracterização também. O desempenho dos atores mostra que, a meu ver, são amadores. O peão aparece pra instaurar a discórdia, pois some sem maiores explicações (seria uma alusão ao demo?).
De qualquer maneira é uma homenagem nacional aos filmes de faroeste.
Calango Lengo: Morte e Vida Sem Ver Água
4.3 36Muito boa a representação da seca na caatinga, o Calango é simpático, a morte com cabeça de res e a N.Sra.Aparecida, todos bem desenhados. A música tb acompanha o roteiro. Bom filme brasileiro. Faz alusão a grandes escritores também - Morte e Vida Serverina de João Cabral de Melo Neto, O Auto da Compadecida de Ariano Suassuna, Vidas Secas de Graciliano Ramos.
Me fez lembrar da música Festa, de Luiz Gonzaga, canção que expressa muito bem a seca e depois a fartura com a chuva no Nordeste.
Vida Maria
4.3 133Muito bom, trata de educação (e do desprezo por ela), trabalho infantil, vida na dureza do Nordeste, famílias com número grande de filhos (reproduzindo a ideia de que qtos mais tiver, mais mão de obra pra trabalhar). O caderno mostra as Marias da família, que só ensaiavam uma vontade de melhorar por meio da instrução. Mas fica também a esperança, o olhar com sonho, qdo a Maria está na janela, "desenhando nome".
Vermelho Como o Céu
4.4 277Filmaço (o cinema italiano tem umas pérolas). A persistência do menino Mirco em ir atrás de seus sonhos e não se submeter ao "status quo" imposto pelo diretor, aliado pela amizade a toda prova de Francesca nos entrega essa belíssima obra. É fácil se emocionar com essa história e a atuação, em especial dos atores mirins.
Respiro
3.7 19A atuação de Valeria está luminosa. Sua personagem, Grazia, como se diria em italiano é "una donna senza padrone", uma mulher fora dos padrões. Ela é libertária. O elenco, exceto a própria Valeria, é na sua maioria de habitantes de Lampedusa, onde o filme foi rodado. A fotografia é outro ponto alto do filme.
A Missão
3.8 226Filmaço, um elenco muito bom, fotografia belíssima, paisagens de tirar o fôlego (filmado nas Cataratas do Iguaçu), trilha sonora (fabulosa) do Maestro Ennio Morricone e roteiro muito fiel à verdade da história, da vergonhosa aliança de portugueses e espanhois pra dizimar os 7 Povos da Missões. Emocionante, em especial a cena em que no povoado sob ataque toca On Earth as it is in Heaven (Assim na Terra Como É no Céu). Ver cada guarani abatido, sob uma música dessas, é de chorar mesmo.