Na parte da animação, percebi segmentos bem fluidos e outros truncados. Mas, no geral, há um trabalho de design muito caprichado, criaturinhas inspiradas na cultura hippie/boho, com direito a Minimoy maconheiro e um vilão à la Voldemort. Surpreso com a Madonna envolvida nesse projeto, acho que a Selenia não tem muito a ver com ela.
A história é infanto-juvenil e não tem medo de ser boba. Incomoda quem vê depois de anos, mas impressiona pela construção de mitologia. Experiência aceitável, vou procurar as sequências.
American Horror Story nunca foi um primor narrativo, reassistir as primeiras temporadas hoje em dia torna a percepção pior. Ainda assim, no meio dos furos de roteiro e decisões forçadas podia se perceber um traço legal de autoria, busca por originalidade e uma estética diferente do que normalmente aparece na TV. Hoje em dia a série se perdeu totalmente, e até se desvincula cada vez mais do seu autor original (Ryan Murphy).
Dei uma chance para Delicate por conta do "hype" do elenco e na esperança de ver um respiro do baixo astral que foram as últimas temporadas. Mas, novamente, o que se aproveita de divertido é mínimo perto da grande porção tediosa contida nesse roteiro. Os últimos episódios foram curtos e corridos e me fizeram ter a certeza de que tudo que eu assisti foi um conjunto de nada com nada. Para não dizer que foi totalmente tenebroso: as referência ao Bebê de Rosemary e todo esse terror de maternidade são interessantes, mas se pensarmos bem, são ideias derivadas de um livro que já existe (Delicate) e que, provavelmente, executa a ideia muito melhor.
Infelizmente, o que se aproveita de legal desse material são as imagens promocionais, teasers e a abertura, que sempre será icônica.
Seria um alerta de tendência para o cinema essa mistura de esporte com homoerotismo, vide a estreia colada de "Rivais" e "Love Lies Bleeding"? Queria assistir (e escrever sobre) os dois juntos, mas "Rivais" foi melhor circulado na minha região.
O filme é episódico (no melhor sentido possível): uma partida de tênis em que os sets são costurados por flashbacks dos envolvidos, formando uma teia de conexões, amores frustrados e atração. O trio principal protagoniza quase tudo aqui e sustenta os dramas com primor.
O esporte é a culminância do desejo, da frustração, do ímpeto humano. Tudo que não se dá conta na vida pessoal (as faltas e os excessos) são articulados na linguagem do tênis: na força que se rebate a bola, nos grunhidos de cansaço, na posição em que ocupa na quadra. O tênis é uma dança de pares rivais.
Destaque para a câmera subjetiva, que assumia os personagens no dinamismo da partida de tênis. As bolas em direção à câmera adicionaram um nível de realismo muito impressionante.
Minha crítica maior fica na parte do homoerotismo, parece que o filme não decidiu bem a direção que iria levar a tensão entre o Patrick e o Art.
É preciso selecionar entre texto ou subtexto, o filme escolheu (corajosamente) montar uma cena erótica entre os dois, no início, para depois retrai-los de um jeito totalmente anticlimático. A cena que eles se reencontram na sauna poderia ser muito mais do que foi.
Na tentativa recorrente dos anos 90 e 2000 de emplacar a protagonista feminina de ação perfeita (Aeon Flux, Ultravioleta, Bayonetta, Resident Evil, etc), Barb Wire foi a grande mãe (ao lado da Tank Girl, discutivelmente).
Ainda que feita para o olhar masculino, Barb Wire foi ganhando novas significações com o passar dos anos. De uma sensualidade caricata que transmite poder, da silhueta perfeita intacta na distopia. É quase um paralelo poético com a carreira da atriz Pamela Anderson, que hoje em dia atrai simpatia pela postura bem resolvida para com as polêmicas de sua vida e das suas personagens.
Eu, como fã do gênero, aprecio Barb Wire pelo o que ele é: um trash divertido, que ajudou a transformar Pamela Anderson em uma potência midiática.
Em pleno 2024, um CGI como o do Aang voando deveria ser considerado criminoso. Aliás, a série toda é um compilado de incertezas, ainda mais para quem consumiu o material original. Eu não esperava fidelidade quadro por quadro, mas gostaria do impacto dramático preservado em certas decisões.
Por exemplo: a ligação do Aang com o mundo espiritual, que poderia ser menos premeditada e controlada; O primeiro episódio, que é uma exposição narrativa muito excessiva e vazia de toda a mágica do storytelling.
Visualmente tem altos e baixos, gostei da recriação dos cenários. Quanto às dobras dos elementos: fogo e ar canalizaram bem os espíritos de destruição e leveza (respectivamente). A dobra de pedra poderia impactar mais os ambientes e os tapas da dobra de água não convenceram em alguns momentos.
O casting foi muito bem resolvido, a maioria dos atores se parece com o material original. Há uma mudança brusca em algumas personalidades em prol da "adultização" do roteiro, que eu até compreendo.
Esperava as lendas sendo narradas de uma forma mais mitológica, também. Faltou apelo visual. No mais, a experiência foi divertida. Só não vai ser a experiência definitiva para o fã da animação.
Um filme em que a premissa principal gira em torno do descobrimento sexual de uma mulher com o cérebro infantil é, de fato, controversa. Pode-se argumentar que, dentro do próprio material escrito, o diretor justifica um desenvolvimento excessivo desse cérebro. Eu já acredito que não há pretensão moral ao retratar os personagens dessa forma.
Por meio dessas reflexões, compreendo as pobres criaturas do título não apenas como as quimeras deformadas e vítimas do Dr. God. As pobres criaturas são os dominados pela ignorância, é o intelectualismo (que vive apenas como discurso) acima da pobreza de Alexandria. É a obsessão cientifíca que não se deixa fruir a vida e as emoções. É a fixação sexual que termina em frustração, por aí vai..
Todas essas criaturas não se deixam observar Bella como o que ela é: uma esponja do mundo, inocente e incapaz de exercer distinção.
É uma cena de crime muito simplória que seria solucionada facilmente na perícia policial. Para uma melhor imersão é necessário ignorar a parte forense e apreciar a discussão filosófica (que muito me encanta): tratando-se de justiça, não há verdade, há, sim, narrativas dominantes.
E, dito isso, entre Sandra e Samuel, Sandra se mostra uma exímia narradora, no inglês e até no francês arranhado. Tudo que Samuel deixou no pós-morte foi um quebra-cabeças nebuloso e conspiratório.
Fazia tempo que não assistia um anime tão fraco. Personagens com design genérico e desinteressante. A comédia auto-consciente de apocalipse zumbi é muito batida, e aqui ainda é acompanhada de um humor meio sexista (que não tem graça nenhuma). Vão assistir "Highschool of the dead", que é mais escrachado e mais bem resolvido.
Kinnporsche é uma montanha-russa que me fisgou de um jeito que poucas séries conseguiram. Entretanto, é importante assistir entendendo que o dorama é derivado do fenômeno dos "dark romance", logo, cai em muitas escolhas duvidosas e relacionamentos tóxicos e violentos.
Minha crítica maior fica para as pontas soltas, que poderiam ser revividas nas próximas temporadas, mas que, por razões de bastidores, talvez nunca aconteçam.
E faltou explorar o passado e os traumas do Pete, para que o estocolmo criado com o Vegas não aparentasse ser algo tão arbitrário e absurdo.
Quase todos os personagens são cativantes, se for para apontar alguém que me incomodou, diria o Porschay. O ator é muito desafinado e tentaram vender ele como talentoso, não desceu. Vale destacar o crescimento do Tankhum durante o dorama, começou como um personagem detestável (mas com uma inocência engraçada) e terminou se mostrando uma figura muito intuitiva e carinhosa (dos seus modos). Achei legal saber que ele foi a figura materna para os seus irmãos mais novos, faz muito sentido.
Bayonetta já está na categoria de ícone da cultura pop, a personagem por si só é um combinado muito bem sucedido de referências inusitadas. Uma espécie de "Barb Wire" ocultista, que protagoniza uma versão feminina e sexy da aventura de Dante em "Devil May Cry". O corpo de supermodelo, a atitude performática e os óculos de grau desenham a excêntrica (e grandiosa) Bayonetta. Nesse sentido, tudo que é derivado desse universo já me ganha gratuitamente.
O anime me surpreendeu em certos aspectos, algumas liberdades criativas frente ao material original me agradaram mais aqui do que no jogo. Por exemplo: o prólogo na catedral com o piano de fundo, uma sacada belíssima.
Fiquei com medo da animação ser muito estática e truncada, mas as cenas tiveram bom dinamismo. Narrativamente, é caótico (tal como o jogo), entretanto, aqui no anime o tempo curto da obra prejudica ainda mais, quem assistir esse material sem contato prévio com Bayonetta ficará confuso.
O saldo é positivo, mas com certeza deixou vontade de assistir uma produção melhor amarrada, mais longa e narrativamente controlada do universo de Bayonetta. Creio que isso ainda é possível, considerando a abrangência da franquia.
A mise-en-scène mais potente do cinema. Cada micro-expressão da personagem Erika é um mergulho em sua complexidade psicossexual. Esse filme merece ser estudado com uma lupa.
Quando o rosto da protagonista, de sofrimento fatalista, não está em foco, o que vemos é o corpo masculino de Walter invadindo Erika, ocupando o seu íntimo mais reprimido e dolorido. Esta cena, que poderia ser passional, confunde-se facilmente com o cenário de um ataque, agressão. A mesma excitação voyeur de Erika, que a faz urinar no cinema drive-in, repete-se na crueldade concretizada contra sua aluna de piano.
Não há prazer sem dor aqui, Erika é tão acostumada a se punir, que causar dor também lhe traz familiaridade, prazer.
Os tons sóbrios e modestos das primeiras cenas encontram, gradativamente, manchas de sangue e sujeira. A força erudita da música clássica transforma-se em horror materializado, o Haneke, acima de tudo, soube como pintar essa tela.
O que me impressionou mais em "Barbie" foi toda a pesquisa e referência que a Greta Gerwig investiu para criar a "artificialidade programada" do Barbieland, é muito divertido ver elementos da lógica dos brinquedos serem traduzidos em um pseudo realismo. As referências ao cinema antigo são várias e evidenciam a potência da diretora. E o figurino é minha parte preferida, destaque para a colaboração frequente com a Chanel.
No roteiro, o filme acabou caindo em alguns maniqueísmos da tal "guerra dos sexos", mas, ainda assim, a Barbie aqui é existencial, e, de certa forma, aberta a filtrar a dualidade de gênero que o filme traz. Aliás, os roteiristas tinham uma ótima tela em branco: imaginar que tipo de existencialidades teria uma boneca tão esteriotipada.
A presença da Mattel parece uma constante "mea-culpa" mascarada de autocrítica, não sei se foi de bom gosto. Mas certamente é engraçado, a Gerwig soube tirar sarro dessa situação com maestria.
É um retrato bem exagerado da insalubridade e da ignorância medieval, absolutamente todos os personagens caem no vale da estranheza. Por mais que a proposta seja chocar e causar desconforto, acredito que o design dos personagens poderia ter sido mais suavizado, é quase um desafio chegar no final do filme.
Não fui fisgado mas entendi o motivo disso aqui existir, só faltou cuidado na direção de arte, um roteiro menos escrachado ia bem também.
É daqueles filmes que sabem onde tem que ir com o (pouco) tempo que tem. Dá para sentir o roteiro tentando estabelecer toda hora algum elemento do universo Mario, mesmo que sem o desenvolvimento que merece. Ainda assim, o volume de referências é muito impressionante, inunda cada canto da tela a todo segundo. Uma carta de amor da Nintendo para a Nintendo.
Estou revisitando Skins depois de mais de uma década que assisti pela primeira vez. A série se segura bem na atualidade e se tornou referência de representação da adolescência na televisão.
Por episódio:
1x01: Aqui tem tudo que um episódio introdutório precisa ter, estabelece o tom da temporada inteira e revela discretamente os dramas dos personagens. Quem não gostou daqui, provavelmente não vai gostar do resto.
1x02: Episódio da minha personagem preferida (Cassie), narrativamente surpreende, fantasioso e artístico como ela. A relação da personagem com os pais é sufocante e difícil de assistir.
1x03: Com foco na Jal, esse episódio é morno. No mais, acho a personagem subestimada, ela é um respiro sensato no meio do caos, e isso é necessário para a série.
1x04: O Chris é o personagem conflituoso que é impossível odiar, funciona como um alívio cômico muito bom também. Acho a relação dele com a professora meio jogada e estranha, mas esse estranhamento faz parte de Skins.
1x05: Aqui o narcisismo extremo do Tony começa a ficar danoso. Gosto de acompanhar o Sid, é um personagem que você não necessariamente entende as atitudes, mas torce para que fique bem.
1x06: Maxxie e Anwar têm uma dinâmica muito bonitinha de assistir, e a série traz um comentário legal sobre religião e homossexualidade, ainda mais considerando a época. Esse episódio é bem diferente, parece até uma outra série dentro de Skins, é tudo muito escrachado, mas acho de bom tom em vista das partes mais obscuras que estão por vir.
1x07: Michelle também sofre com o narcisismo do Tony. A personagem tem muitas camadas, mas algumas resoluções do roteiro para os seus problemas são fracas.
1x08: Esse episódio é sensacional, icônico para a história de Skins. A atmosfera é obscura e remete ao suspense. Aqui o roteiro começa a caminhar para uma possível redenção do Tony, o tão falado amor por sua irmã Effy soa mais como hipocrisia, ele a coloca em perigo constantemente.
1x09: É um bom desfecho dos dramas levantados durante a temporada, com muitos ganchos para a próxima. O número musical é brega mesmo, mas não destoa do que a série é: um caos magnético.
Uma das partes mais mágicas que a primeira temporada trouxe - designers de muitos países diferentes - foi deixada de lado. Apesar disso, ainda senti que o programa manteve sua melhor qualidade: o exercício da criatividade na moda, que aqui me agrada mais que em Making the Cut e Project Runway,
a Bao entregou isso com maestria, o resto só tentou.
A Gigi como Host começou morna e se soltou com o tempo, foi até uma boa surpresa. Em relação às críticas dos jurados, senti falta de maior clareza e fundamento, provavelmente muita coisa relevante foi cortada, mas não compromete a experiência. Quanto à decisão final:
o Nigel traz uma estética que impacta, tem referência, criatividade e é realmente algo que eu enxergaria como "Next in Fashion", já faz valer o esforço de assistir essa temporada aqui.
Achei que haveriam comentários, até onde me lembro esse filme marcou muitas infâncias. Claro que a animação não se segura até hoje, mas até que é uma aventura bacana. Tem voz da Jamie Lee Curtis e música do Tony Bennett, vale a pena relembrar.
Fiquei meio dividido. Acho que a série tem um problema de tom. Quando parece que vai virar um thriller com consequências mais concretas tudo começa a destoar, caminham para o humor besta ou drama repetitivo.
A imagem da Masha é muito bonita, mas não contrasta bem com o resto do elenco, parece mais um elfo de Tolkien. A atuação da Nicole Kidman não ajuda muito também, exagerada.
O desenrolar dos personagens no final pareceu mais uma regressão, principalmente do Lars.
com o primeiro Jogos Mortais, principalmente no plot do verdadeiro organizador estar sempre ali do lado, a doença terminal, a relação entre brinquedo/infância e morte.
Assisti a pré-estreia na UFES, filme ótimo e fiel ao tom da obra de Hilda Hilst. Unicórnio é repleto de alegorias utilizadas para tratar aspectos acerca da psique da personagem Maria, que se mostra bem construída e interpretada, muitas de suas ações partem de situações sugestivas e imaginativas, abrindo os horizontes do filme para a reflexão e pensamento filosófico.
Os planos abertos (no campo) acompanhados da trilha sonora fantasiosa criam um ambiente vasto e fértil, e formam um contraste com a sobriedade da sala branca e a figura do unicórnio.
Na visão semântica, o colorido representa as construções criativas da mente de Maria, e os tons brancos (da sala, unicórnio e rato) sugerem a quebra e a fuga dessa ludicidade, ou seja, uma conexão mais palpável com o real.
A relação da mãe (Patrícia Pillar) com a filha é outro ponto alto, há traços de identificação e ao mesmo tempo, inveja, entre as duas. E a figura masculina aparece no filme como um aspecto de perturbação e indagação, na figura de Lee Taylor ou do pai de Maria, que despertam reações e questionamentos inconvencionais na protagonista.
A resolução do envenenamento é uma resposta lúdica de Maria aos acontecimentos incomuns dentro da sua fantasia. A aparição do unicórnio e do outro homem lhe faz questionar a união com sua mãe, ou seja, faz questionar si mesma, pois a mãe se tratava da projeção de sua própria personalidade, como é revelado no desfecho.
Filme incrível, os tons serenos e pouco saturados marcam uma abordagem nova e refrescante para a filmografia da Sofia Coppola. A sutileza do suspense e a câmera estática nos colocam em frames hipnotizantes, que trabalham a favor dos impecáveis figurino e cenografia.
Em termos narrativos, O Estranho que Nós Amamos é comedido, suas cenas se desenrolam de modo discreto e aguçam o sentido do espectador de forma gradativa. O clímax é morno mas prepara o território para a atmosfera dramática do último ato.
A forma que John se adapta as características de cada uma das garotas é certeira, Colin Farrell cria com êxito uma figura masculina que representa, acima de tudo, a liberdade que foi privada das personagens.
O desfecho é quase lúdico, o envenenamento foi arquitetado como um "acidente trágico", para reduzir a culpa cristã. O olhar frio de Martha ao presenciar a morte de John foi primoroso, simbolizou toda a ambiguidade da personagem de ter criado apreço pelo estranho mas prezar pela segurança e espiritualidade da casa.
Nicole Kidman está em um dos seus melhores momentos, me marcou.
Assisti na mostra da UFES e foi uma experiência agradável. Bergman aposta num road movie situado em um curto período de tempo (com retomadas temporais e imagens provindas de sonhos).
O filme funciona perfeitamente como estudo de personagem, Isak se vê encarando aspectos nostálgicos da sua vida, atribuindo significado aos acontecimentos marcantes. Estes que são retomados na mente do personagem de forma criativa e pontual e dizem muito a respeito da forma que o inconsciente processa questões passadas. Marianne opera como uma eficaz contrapartida ao comportamento habitual de Isak, e carrega um arco dramático independente, que convence, mas que se desenrola de forma contida.
Dito isso, apesar da simplicidade da forma, "Morangos Silvestres" é bem-sucedido em atribuir caráter aos seus personagens, que nos ajudam a pensar sobre questões palpáveis. Nunca é tarde para reorganizar a mente, rever atitudes e lidar com a vida por um viés mais receptivo, e tornar marcante momentos simples, livrando-se de arrependimentos.
Interessantíssimo, os trabalhos de figurinos e reconstrucão de época são sensacionais e imersivos. Porém, o grande atrativo está na Glenn Close e Janet McTeer, é incrível como consegui desvincular completamente a fisionomia das atrizes com a de seus personagens. Que entrega, que comprometimento, é tudo físico e real.
Aaron Taylor-Johson e Mia Wasikowska também estão competentes, retratando o típico casal de marido manipulador e parceira vulnerável. O que ajuda a pontuar algo bem crucial no decorrer do filme: as diferenças do tratamento social que cada um dos gêneros recebem.
Temos aqui um filme dramático, esperançoso e puro. Albert Nobbs foi uma figura nobre, e assisti-lo foi uma experiência gratificante e enriquecedora. Levarei para a vida.
Mais uma temporada incrível se passa e é até difícil descrever tamanha importância que esse reality show representa, muito mais do que uma competição, uma lição valiosa sobre aceitação e diversidade. RuPaul é maravilhosa e talentosa, umas das melhores comunicadoras que já vi, amo.
Quanto a temporada, não foi minha favorita mas com certeza é uma das melhores e mais bem disputadas. Só fiquei duvidoso com algumas decisões tomadas durante o percurso.
A April e a Vivacious terem saído tão cedo foi um pecado, e eu não acho que Darienne mereceu a posição que chegou.
Mas tudo nos encaminhou para uma final perfeita e justíssima.
Me apaixonei pelo espírito jovem e rebelde da Adore e pela acidez e perspicácia da Bianca, tenho algum receio quanto à Courtney, mas não nego sua beleza e voz impecáveis. Ben De La Creme também foi especial e levou doçura pra competição.
Arthur e os Minimoys
3.2 121 Assista AgoraNa parte da animação, percebi segmentos bem fluidos e outros truncados. Mas, no geral, há um trabalho de design muito caprichado, criaturinhas inspiradas na cultura hippie/boho, com direito a Minimoy maconheiro e um vilão à la Voldemort. Surpreso com a Madonna envolvida nesse projeto, acho que a Selenia não tem muito a ver com ela.
A história é infanto-juvenil e não tem medo de ser boba. Incomoda quem vê depois de anos, mas impressiona pela construção de mitologia. Experiência aceitável, vou procurar as sequências.
American Horror Story: Delicate (12ª Temporada)
2.6 62American Horror Story nunca foi um primor narrativo, reassistir as primeiras temporadas hoje em dia torna a percepção pior. Ainda assim, no meio dos furos de roteiro e decisões forçadas podia se perceber um traço legal de autoria, busca por originalidade e uma estética diferente do que normalmente aparece na TV. Hoje em dia a série se perdeu totalmente, e até se desvincula cada vez mais do seu autor original (Ryan Murphy).
Dei uma chance para Delicate por conta do "hype" do elenco e na esperança de ver um respiro do baixo astral que foram as últimas temporadas. Mas, novamente, o que se aproveita de divertido é mínimo perto da grande porção tediosa contida nesse roteiro. Os últimos episódios foram curtos e corridos e me fizeram ter a certeza de que tudo que eu assisti foi um conjunto de nada com nada. Para não dizer que foi totalmente tenebroso: as referência ao Bebê de Rosemary e todo esse terror de maternidade são interessantes, mas se pensarmos bem, são ideias derivadas de um livro que já existe (Delicate) e que, provavelmente, executa a ideia muito melhor.
Infelizmente, o que se aproveita de legal desse material são as imagens promocionais, teasers e a abertura, que sempre será icônica.
Rivais
3.9 229Seria um alerta de tendência para o cinema essa mistura de esporte com homoerotismo, vide a estreia colada de "Rivais" e "Love Lies Bleeding"? Queria assistir (e escrever sobre) os dois juntos, mas "Rivais" foi melhor circulado na minha região.
O filme é episódico (no melhor sentido possível): uma partida de tênis em que os sets são costurados por flashbacks dos envolvidos, formando uma teia de conexões, amores frustrados e atração. O trio principal protagoniza quase tudo aqui e sustenta os dramas com primor.
O esporte é a culminância do desejo, da frustração, do ímpeto humano. Tudo que não se dá conta na vida pessoal (as faltas e os excessos) são articulados na linguagem do tênis: na força que se rebate a bola, nos grunhidos de cansaço, na posição em que ocupa na quadra. O tênis é uma dança de pares rivais.
Destaque para a câmera subjetiva, que assumia os personagens no dinamismo da partida de tênis. As bolas em direção à câmera adicionaram um nível de realismo muito impressionante.
Minha crítica maior fica na parte do homoerotismo, parece que o filme não decidiu bem a direção que iria levar a tensão entre o Patrick e o Art.
É preciso selecionar entre texto ou subtexto, o filme escolheu (corajosamente) montar uma cena erótica entre os dois, no início, para depois retrai-los de um jeito totalmente anticlimático. A cena que eles se reencontram na sauna poderia ser muito mais do que foi.
Barb Wire: A Justiceira
2.1 26Na tentativa recorrente dos anos 90 e 2000 de emplacar a protagonista feminina de ação perfeita (Aeon Flux, Ultravioleta, Bayonetta, Resident Evil, etc), Barb Wire foi a grande mãe (ao lado da Tank Girl, discutivelmente).
Ainda que feita para o olhar masculino, Barb Wire foi ganhando novas significações com o passar dos anos. De uma sensualidade caricata que transmite poder, da silhueta perfeita intacta na distopia. É quase um paralelo poético com a carreira da atriz Pamela Anderson, que hoje em dia atrai simpatia pela postura bem resolvida para com as polêmicas de sua vida e das suas personagens.
Eu, como fã do gênero, aprecio Barb Wire pelo o que ele é: um trash divertido, que ajudou a transformar Pamela Anderson em uma potência midiática.
Avatar: O Último Mestre do Ar (1ª Temporada)
3.8 167 Assista AgoraEm pleno 2024, um CGI como o do Aang voando deveria ser considerado criminoso. Aliás, a série toda é um compilado de incertezas, ainda mais para quem consumiu o material original. Eu não esperava fidelidade quadro por quadro, mas gostaria do impacto dramático preservado em certas decisões.
Por exemplo: a ligação do Aang com o mundo espiritual, que poderia ser menos premeditada e controlada; O primeiro episódio, que é uma exposição narrativa muito excessiva e vazia de toda a mágica do storytelling.
Visualmente tem altos e baixos, gostei da recriação dos cenários. Quanto às dobras dos elementos: fogo e ar canalizaram bem os espíritos de destruição e leveza (respectivamente). A dobra de pedra poderia impactar mais os ambientes e os tapas da dobra de água não convenceram em alguns momentos.
O casting foi muito bem resolvido, a maioria dos atores se parece com o material original. Há uma mudança brusca em algumas personalidades em prol da "adultização" do roteiro, que eu até compreendo.
Esperava as lendas sendo narradas de uma forma mais mitológica, também. Faltou apelo visual. No mais, a experiência foi divertida. Só não vai ser a experiência definitiva para o fã da animação.
Pobres Criaturas
4.1 1,2K Assista AgoraUm filme em que a premissa principal gira em torno do descobrimento sexual de uma mulher com o cérebro infantil é, de fato, controversa. Pode-se argumentar que, dentro do próprio material escrito, o diretor justifica um desenvolvimento excessivo desse cérebro. Eu já acredito que não há pretensão moral ao retratar os personagens dessa forma.
Por meio dessas reflexões, compreendo as pobres criaturas do título não apenas como as quimeras deformadas e vítimas do Dr. God. As pobres criaturas são os dominados pela ignorância, é o intelectualismo (que vive apenas como discurso) acima da pobreza de Alexandria. É a obsessão cientifíca que não se deixa fruir a vida e as emoções. É a fixação sexual que termina em frustração, por aí vai..
Todas essas criaturas não se deixam observar Bella como o que ela é: uma esponja do mundo, inocente e incapaz de exercer distinção.
Exposta aos prazeres do outro, Bella se tornou uma figura próxima daquilo que mais a aprisionou: uma doutora sem escrúpulos.
Anatomia de uma Queda
4.0 811 Assista AgoraÉ uma cena de crime muito simplória que seria solucionada facilmente na perícia policial. Para uma melhor imersão é necessário ignorar a parte forense e apreciar a discussão filosófica (que muito me encanta): tratando-se de justiça, não há verdade, há, sim, narrativas dominantes.
E, dito isso, entre Sandra e Samuel, Sandra se mostra uma exímia narradora, no inglês e até no francês arranhado. Tudo que Samuel deixou no pós-morte foi um quebra-cabeças nebuloso e conspiratório.
Zom 100: Bucket List of The Dead
3.7 30 Assista AgoraFazia tempo que não assistia um anime tão fraco. Personagens com design genérico e desinteressante. A comédia auto-consciente de apocalipse zumbi é muito batida, e aqui ainda é acompanhada de um humor meio sexista (que não tem graça nenhuma). Vão assistir "Highschool of the dead", que é mais escrachado e mais bem resolvido.
KinnPorsche
4.1 34Kinnporsche é uma montanha-russa que me fisgou de um jeito que poucas séries conseguiram. Entretanto, é importante assistir entendendo que o dorama é derivado do fenômeno dos "dark romance", logo, cai em muitas escolhas duvidosas e relacionamentos tóxicos e violentos.
Minha crítica maior fica para as pontas soltas, que poderiam ser revividas nas próximas temporadas, mas que, por razões de bastidores, talvez nunca aconteçam.
Queria entender melhor o porquê da frieza do Kim e tamanho interesse (mascarado) nos esquemas de seu pai, seria alguma experiência da infância?
E faltou explorar o passado e os traumas do Pete, para que o estocolmo criado com o Vegas não aparentasse ser algo tão arbitrário e absurdo.
Quase todos os personagens são cativantes, se for para apontar alguém que me incomodou, diria o Porschay. O ator é muito desafinado e tentaram vender ele como talentoso, não desceu. Vale destacar o crescimento do Tankhum durante o dorama, começou como um personagem detestável (mas com uma inocência engraçada) e terminou se mostrando uma figura muito intuitiva e carinhosa (dos seus modos). Achei legal saber que ele foi a figura materna para os seus irmãos mais novos, faz muito sentido.
Bayonetta: Destino Sangrento
3.2 56 Assista AgoraBayonetta já está na categoria de ícone da cultura pop, a personagem por si só é um combinado muito bem sucedido de referências inusitadas. Uma espécie de "Barb Wire" ocultista, que protagoniza uma versão feminina e sexy da aventura de Dante em "Devil May Cry". O corpo de supermodelo, a atitude performática e os óculos de grau desenham a excêntrica (e grandiosa) Bayonetta. Nesse sentido, tudo que é derivado desse universo já me ganha gratuitamente.
O anime me surpreendeu em certos aspectos, algumas liberdades criativas frente ao material original me agradaram mais aqui do que no jogo. Por exemplo: o prólogo na catedral com o piano de fundo, uma sacada belíssima.
Fiquei com medo da animação ser muito estática e truncada, mas as cenas tiveram bom dinamismo. Narrativamente, é caótico (tal como o jogo), entretanto, aqui no anime o tempo curto da obra prejudica ainda mais, quem assistir esse material sem contato prévio com Bayonetta ficará confuso.
O saldo é positivo, mas com certeza deixou vontade de assistir uma produção melhor amarrada, mais longa e narrativamente controlada do universo de Bayonetta. Creio que isso ainda é possível, considerando a abrangência da franquia.
A Professora de Piano
4.0 685 Assista AgoraA mise-en-scène mais potente do cinema. Cada micro-expressão da personagem Erika é um mergulho em sua complexidade psicossexual. Esse filme merece ser estudado com uma lupa.
Quando o rosto da protagonista, de sofrimento fatalista, não está em foco, o que vemos é o corpo masculino de Walter invadindo Erika, ocupando o seu íntimo mais reprimido e dolorido. Esta cena, que poderia ser passional, confunde-se facilmente com o cenário de um ataque, agressão. A mesma excitação voyeur de Erika, que a faz urinar no cinema drive-in, repete-se na crueldade concretizada contra sua aluna de piano.
Os tons sóbrios e modestos das primeiras cenas encontram, gradativamente, manchas de sangue e sujeira. A força erudita da música clássica transforma-se em horror materializado, o Haneke, acima de tudo, soube como pintar essa tela.
Barbie
3.9 1,6K Assista AgoraO que me impressionou mais em "Barbie" foi toda a pesquisa e referência que a Greta Gerwig investiu para criar a "artificialidade programada" do Barbieland, é muito divertido ver elementos da lógica dos brinquedos serem traduzidos em um pseudo realismo. As referências ao cinema antigo são várias e evidenciam a potência da diretora. E o figurino é minha parte preferida, destaque para a colaboração frequente com a Chanel.
No roteiro, o filme acabou caindo em alguns maniqueísmos da tal "guerra dos sexos", mas, ainda assim, a Barbie aqui é existencial, e, de certa forma, aberta a filtrar a dualidade de gênero que o filme traz. Aliás, os roteiristas tinham uma ótima tela em branco: imaginar que tipo de existencialidades teria uma boneca tão esteriotipada.
A presença da Mattel parece uma constante "mea-culpa" mascarada de autocrítica, não sei se foi de bom gosto. Mas certamente é engraçado, a Gerwig soube tirar sarro dessa situação com maestria.
Uma Fazenda Maluca
2.2 41É um retrato bem exagerado da insalubridade e da ignorância medieval, absolutamente todos os personagens caem no vale da estranheza. Por mais que a proposta seja chocar e causar desconforto, acredito que o design dos personagens poderia ter sido mais suavizado, é quase um desafio chegar no final do filme.
Não fui fisgado mas entendi o motivo disso aqui existir, só faltou cuidado na direção de arte, um roteiro menos escrachado ia bem também.
Super Mario Bros.: O Filme
3.9 786 Assista AgoraÉ daqueles filmes que sabem onde tem que ir com o (pouco) tempo que tem. Dá para sentir o roteiro tentando estabelecer toda hora algum elemento do universo Mario, mesmo que sem o desenvolvimento que merece. Ainda assim, o volume de referências é muito impressionante, inunda cada canto da tela a todo segundo. Uma carta de amor da Nintendo para a Nintendo.
Obviamente senti falta do Yoshi, Toadette, Daisy e Koopalings.
Skins - Juventude à Flor da Pele (1ª Temporada)
4.4 767 Assista AgoraEstou revisitando Skins depois de mais de uma década que assisti pela primeira vez. A série se segura bem na atualidade e se tornou referência de representação da adolescência na televisão.
Por episódio:
1x01: Aqui tem tudo que um episódio introdutório precisa ter, estabelece o tom da temporada inteira e revela discretamente os dramas dos personagens. Quem não gostou daqui, provavelmente não vai gostar do resto.
1x02: Episódio da minha personagem preferida (Cassie), narrativamente surpreende, fantasioso e artístico como ela. A relação da personagem com os pais é sufocante e difícil de assistir.
1x03: Com foco na Jal, esse episódio é morno. No mais, acho a personagem subestimada, ela é um respiro sensato no meio do caos, e isso é necessário para a série.
1x04: O Chris é o personagem conflituoso que é impossível odiar, funciona como um alívio cômico muito bom também. Acho a relação dele com a professora meio jogada e estranha, mas esse estranhamento faz parte de Skins.
1x05: Aqui o narcisismo extremo do Tony começa a ficar danoso. Gosto de acompanhar o Sid, é um personagem que você não necessariamente entende as atitudes, mas torce para que fique bem.
1x06: Maxxie e Anwar têm uma dinâmica muito bonitinha de assistir, e a série traz um comentário legal sobre religião e homossexualidade, ainda mais considerando a época. Esse episódio é bem diferente, parece até uma outra série dentro de Skins, é tudo muito escrachado, mas acho de bom tom em vista das partes mais obscuras que estão por vir.
1x07: Michelle também sofre com o narcisismo do Tony. A personagem tem muitas camadas, mas algumas resoluções do roteiro para os seus problemas são fracas.
1x08: Esse episódio é sensacional, icônico para a história de Skins. A atmosfera é obscura e remete ao suspense. Aqui o roteiro começa a caminhar para uma possível redenção do Tony, o tão falado amor por sua irmã Effy soa mais como hipocrisia, ele a coloca em perigo constantemente.
1x09: É um bom desfecho dos dramas levantados durante a temporada, com muitos ganchos para a próxima. O número musical é brega mesmo, mas não destoa do que a série é: um caos magnético.
Next In Fashion (2ª Temporada)
3.8 24 Assista AgoraUma das partes mais mágicas que a primeira temporada trouxe - designers de muitos países diferentes - foi deixada de lado. Apesar disso, ainda senti que o programa manteve sua melhor qualidade: o exercício da criatividade na moda, que aqui me agrada mais que em Making the Cut e Project Runway,
embora muitas das visões não tenham se concretizado na versão final dos looks.
Acho que um programa como esse pede uma versatilidade extrema dos participantes,
a Bao entregou isso com maestria, o resto só tentou.
o Nigel traz uma estética que impacta, tem referência, criatividade e é realmente algo que eu enxergaria como "Next in Fashion", já faz valer o esforço de assistir essa temporada aqui.
Rudolph, A Rena do Nariz Vermelho - Na Ilha dos …
2.8 1Achei que haveriam comentários, até onde me lembro esse filme marcou muitas infâncias. Claro que a animação não se segura até hoje, mas até que é uma aventura bacana. Tem voz da Jamie Lee Curtis e música do Tony Bennett, vale a pena relembrar.
Nove Desconhecidos (1ª Temporada)
3.4 229 Assista AgoraFiquei meio dividido. Acho que a série tem um problema de tom. Quando parece que vai virar um thriller com consequências mais concretas tudo começa a destoar, caminham para o humor besta ou drama repetitivo.
A imagem da Masha é muito bonita, mas não contrasta bem com o resto do elenco, parece mais um elfo de Tolkien. A atuação da Nicole Kidman não ajuda muito também, exagerada.
O desenrolar dos personagens no final pareceu mais uma regressão, principalmente do Lars.
Não querer ter um filho é um problema moral tão grande assim?
Round 6 (1ª Temporada)
4.0 1,2K Assista AgoraO que me incomodou muito foi a semelhança
com o primeiro Jogos Mortais, principalmente no plot do verdadeiro organizador estar sempre ali do lado, a doença terminal, a relação entre brinquedo/infância e morte.
Muito tempo investido no
policial infiltrado e pouco desdobramento interessante, ele morreu com as provas
Unicórnio
3.0 50Assisti a pré-estreia na UFES, filme ótimo e fiel ao tom da obra de Hilda Hilst. Unicórnio é repleto de alegorias utilizadas para tratar aspectos acerca da psique da personagem Maria, que se mostra bem construída e interpretada, muitas de suas ações partem de situações sugestivas e imaginativas, abrindo os horizontes do filme para a reflexão e pensamento filosófico.
Os planos abertos (no campo) acompanhados da trilha sonora fantasiosa criam um ambiente vasto e fértil, e formam um contraste com a sobriedade da sala branca e a figura do unicórnio.
Na visão semântica, o colorido representa as construções criativas da mente de Maria, e os tons brancos (da sala, unicórnio e rato) sugerem a quebra e a fuga dessa ludicidade, ou seja, uma conexão mais palpável com o real.
A relação da mãe (Patrícia Pillar) com a filha é outro ponto alto, há traços de identificação e ao mesmo tempo, inveja, entre as duas. E a figura masculina aparece no filme como um aspecto de perturbação e indagação, na figura de Lee Taylor ou do pai de Maria, que despertam reações e questionamentos inconvencionais na protagonista.
A resolução do envenenamento é uma resposta lúdica de Maria aos acontecimentos incomuns dentro da sua fantasia. A aparição do unicórnio e do outro homem lhe faz questionar a união com sua mãe, ou seja, faz questionar si mesma, pois a mãe se tratava da projeção de sua própria personalidade, como é revelado no desfecho.
O Estranho que Nós Amamos
3.2 617 Assista AgoraFilme incrível, os tons serenos e pouco saturados marcam uma abordagem nova e refrescante para a filmografia da Sofia Coppola. A sutileza do suspense e a câmera estática nos colocam em frames hipnotizantes, que trabalham a favor dos impecáveis figurino e cenografia.
Em termos narrativos, O Estranho que Nós Amamos é comedido, suas cenas se desenrolam de modo discreto e aguçam o sentido do espectador de forma gradativa. O clímax é morno mas prepara o território para a atmosfera dramática do último ato.
A forma que John se adapta as características de cada uma das garotas é certeira, Colin Farrell cria com êxito uma figura masculina que representa, acima de tudo, a liberdade que foi privada das personagens.
O desfecho é quase lúdico, o envenenamento foi arquitetado como um "acidente trágico", para reduzir a culpa cristã. O olhar frio de Martha ao presenciar a morte de John foi primoroso, simbolizou toda a ambiguidade da personagem de ter criado apreço pelo estranho mas prezar pela segurança e espiritualidade da casa.
Morangos Silvestres
4.4 658Assisti na mostra da UFES e foi uma experiência agradável. Bergman aposta num road movie situado em um curto período de tempo (com retomadas temporais e imagens provindas de sonhos).
O filme funciona perfeitamente como estudo de personagem, Isak se vê encarando aspectos nostálgicos da sua vida, atribuindo significado aos acontecimentos marcantes. Estes que são retomados na mente do personagem de forma criativa e pontual e dizem muito a respeito da forma que o inconsciente processa questões passadas. Marianne opera como uma eficaz contrapartida ao comportamento habitual de Isak, e carrega um arco dramático independente, que convence, mas que se desenrola de forma contida.
Dito isso, apesar da simplicidade da forma, "Morangos Silvestres" é bem-sucedido em atribuir caráter aos seus personagens, que nos ajudam a pensar sobre questões palpáveis. Nunca é tarde para reorganizar a mente, rever atitudes e lidar com a vida por um viés mais receptivo, e tornar marcante momentos simples, livrando-se de arrependimentos.
Albert Nobbs
3.6 576 Assista AgoraInteressantíssimo, os trabalhos de figurinos e reconstrucão de época são sensacionais e imersivos. Porém, o grande atrativo está na Glenn Close e Janet McTeer, é incrível como consegui desvincular completamente a fisionomia das atrizes com a de seus personagens. Que entrega, que comprometimento, é tudo físico e real.
Aaron Taylor-Johson e Mia Wasikowska também estão competentes, retratando o típico casal de marido manipulador e parceira vulnerável. O que ajuda a pontuar algo bem crucial no decorrer do filme: as diferenças do tratamento social que cada um dos gêneros recebem.
Temos aqui um filme dramático, esperançoso e puro. Albert Nobbs foi uma figura nobre, e assisti-lo foi uma experiência gratificante e enriquecedora. Levarei para a vida.
RuPaul's Drag Race (6ª Temporada)
4.6 339 Assista AgoraMais uma temporada incrível se passa e é até difícil descrever tamanha importância que esse reality show representa, muito mais do que uma competição, uma lição valiosa sobre aceitação e diversidade. RuPaul é maravilhosa e talentosa, umas das melhores comunicadoras que já vi, amo.
Quanto a temporada, não foi minha favorita mas com certeza é uma das melhores e mais bem disputadas. Só fiquei duvidoso com algumas decisões tomadas durante o percurso.
A April e a Vivacious terem saído tão cedo foi um pecado, e eu não acho que Darienne mereceu a posição que chegou.
Me apaixonei pelo espírito jovem e rebelde da Adore e pela acidez e perspicácia da Bianca, tenho algum receio quanto à Courtney, mas não nego sua beleza e voz impecáveis. Ben De La Creme também foi especial e levou doçura pra competição.