Se você não assistiu o filme ainda, mas sabe em que ele foi baseado, pode ignorar o spoiler alert, não conto nada sobre o enredo, apenas menciono o fato verdadeiro. Caso você não tenha assistido, e ainda não sabe a história real, sugiro que assista antes de procurar saber, parte do suspense se perde com essa informação.
Salta aos olhos o fato de que mesmo após se passarem mais de 50 anos do crime no qual o filme foi inspirado, o enredo segue encontrando correspondência com a realidade, e talvez nem choque mais TANTO quanto chocou a opinião pública nos anos 1960. Quanto à atemporalidade do amor, da paixão, da violência e da traição ninguém tem dúvida, o que assusta é assistir a uma mesma sociedade reproduzindo e tolerando comportamentos escrotos e repulsivos como o machismo, bem ilustrado pelos personagens de Milhem Cortaz e seu colega de trabalho (salve, Paulo Tiefenthaler!) ou pela situação de dependência e vulnerabilidade de todas as mulheres do filme; o comportamento arrogante e abusivo da polícia; e o próprio desenvolvimento social e econômico do nosso país. A reconstituição da história por Fernando Coimbra, que opta por atualizar a trama para os dias de hoje utilizando representações, cenários, figurionos e mesmo nomes mais "modernos" (Rosa, Clara, Sylvia e Bernardo, por exemplo, são utilizados no lugar de Neyde, Tania Maria, Nilza e Antonio, respectivamente), surpreende pela força das cenas e das atuações. O elenco é bom, os diálogos são bons, a fotografia é boa. O final não é tão surpreendente quando já se sabe a história real. Só acho que o filme podia durar um pouco mais, a pressão que faz a Rosa contar a história não se sustenta muito bem, nem a angústia pelo desaparecimento da menina pode ser sentida de fato pelo espectador, o que aumentaria a tensão do filme. Fora isso, ficou bom mesmo! Inspiração pra quem curte cinema no Brasil.
Já é mais que hora de parar com julgamentos: no final das contas ninguém sai limpo. Destaque para os excelentes diálogos, especialmente os que envolvem Eduardo Ruiz (interpretado por Miguel Ferrer), e para atuação do Del Toro - "Esa noche tuve una pesadilla más fea!"
Só merece ser visto por ser uma anunciação do que viria ser a Dunst dos dias de hoje. Uma estrela nata! Tirando isso o filme é um lixo, tem que ter muito saco pra aturar.
No fim acaba que a ousadia na condução das lentes e dos atores, e o bom gosto de Lee Daniels te conquistam e a tua percepção sobre o filme avança. Visualmente o filme é impecável: caracterização, cenários, enquadramentos, tudo! O roteiro deixa a desejar, e alguns furos são quase que imperdoáveis, mas eu gostei bastante.
A angústia existencial é igual para aqueles que nada interpretam, e de nada vale a pena julgar que quem se atreve a enfrentar o absurdo da condição humana será mais feliz, que não o será. O diálogo de Nana com Parain, quase a caminho do martírio final, centra-se nessa inutilidade das palavras, da interpretação e da expressão discursiva, ao mesmo tempo que se conclui, de forma inconclusiva, que o discurso é afim ao amor. Viver sem falar seria tão apaziguante como não amar - mas é impossível. Inútil, isso de querer explicar as coisas, de entendê-las, mas impossível de prescindir, porque faz parte da nossa condição amar - amar uma mulher, um objecto, uma ideia. E quem ama, discursa - e quem discursa, ou conversa (e empresta-se) ou faz poesia (e dá-se).
Lindo! De um bom gosto indescritível, complicadíssimo de assistir, apesar de toda a delicadeza. A simplicidade com que as crianças encaram tudo que vai acontecendo é de uma beleza sincera e, no fundo, deprimente. Pensar nos traumas que são gerados nessa fase da vida, nesse caso em específico e em todos os outros, e em como eles condicionam nossa vida adulta é de apertar o coração. Cinco estrelas!
Há três coisas deliciosas nesse filme: a Laura Neiva, o sotaque do Cassel e a fotografia (provavelmente um dos mais belos retratos de céu, mar e areia que eu vi nos últimos tempos). Por esses e alguns outros motivos, favorito!
Alguém mais notou certa relação com O Anjo Exterminador do Buñuel? A degradação de cada um, a desconstrução da dita civilidade, e a "impossibilidade" de se retirar do local lembram muito.
E não é essa a vida que levamos? Interpretando papéis uns para os outros sem já não sabermos mais quem somos ou onde estão as câmeras? Cada um de nós, escondido em sua própria "Limousine", que aqui ganha vida, sofre, descansa, e diz Amém com muito mais fé e realidade que um ser humano. Destaque pra Paris, mais linda que nunca, e pra algumas cenas simplesmente espetaculares:
toda a sequência com a Eva Mendes, a cena do acordeon, a do motion capture, a dos macacos no final, e a excelente abertura com a passagem em que Leos Carax em pessoa nos tira da sala de cinema em que todos dormem (que agonia!) e nos apresenta a vida, se é que podemos chamar assim, do seu protagonista - uma baita metáfora, não?
Sob a Pele
3.2 1,4K Assista AgoraAi, mas que cara de clássico! Adorei. Quero estar vivo pra ver Scarlett velha sendo lembrada por esse papel.
Samsara
4.6 127humanos e frangos, todos no mesmo barco.
O Lobo Atrás da Porta
4.0 1,3K Assista AgoraSe você não assistiu o filme ainda, mas sabe em que ele foi baseado, pode ignorar o spoiler alert, não conto nada sobre o enredo, apenas menciono o fato verdadeiro. Caso você não tenha assistido, e ainda não sabe a história real, sugiro que assista antes de procurar saber, parte do suspense se perde com essa informação.
Salta aos olhos o fato de que mesmo após se passarem mais de 50 anos do crime no qual o filme foi inspirado, o enredo segue encontrando correspondência com a realidade, e talvez nem choque mais TANTO quanto chocou a opinião pública nos anos 1960. Quanto à atemporalidade do amor, da paixão, da violência e da traição ninguém tem dúvida, o que assusta é assistir a uma mesma sociedade reproduzindo e tolerando comportamentos escrotos e repulsivos como o machismo, bem ilustrado pelos personagens de Milhem Cortaz e seu colega de trabalho (salve, Paulo Tiefenthaler!) ou pela situação de dependência e vulnerabilidade de todas as mulheres do filme; o comportamento arrogante e abusivo da polícia; e o próprio desenvolvimento social e econômico do nosso país. A reconstituição da história por Fernando Coimbra, que opta por atualizar a trama para os dias de hoje utilizando representações, cenários, figurionos e mesmo nomes mais "modernos" (Rosa, Clara, Sylvia e Bernardo, por exemplo, são utilizados no lugar de Neyde, Tania Maria, Nilza e Antonio, respectivamente), surpreende pela força das cenas e das atuações. O elenco é bom, os diálogos são bons, a fotografia é boa. O final não é tão surpreendente quando já se sabe a história real. Só acho que o filme podia durar um pouco mais, a pressão que faz a Rosa contar a história não se sustenta muito bem, nem a angústia pelo desaparecimento da menina pode ser sentida de fato pelo espectador, o que aumentaria a tensão do filme. Fora isso, ficou bom mesmo! Inspiração pra quem curte cinema no Brasil.
Traffic: Ninguém Sai Limpo
3.7 215 Assista AgoraJá é mais que hora de parar com julgamentos: no final das contas ninguém sai limpo. Destaque para os excelentes diálogos, especialmente os que envolvem Eduardo Ruiz (interpretado por Miguel Ferrer), e para atuação do Del Toro - "Esa noche tuve una pesadilla más fea!"
Mais uma estrelinha pro Soderbergh.
O Ultimato Bourne
3.9 553 Assista Agorabem loco, empolgante!
Namorados para Sempre
3.6 2,5K Assista AgoraYou and me,
You and me,
Nobody baby but you and me.
Entrevista Com o Vampiro
4.1 2,2K Assista AgoraSó merece ser visto por ser uma anunciação do que viria ser a Dunst dos dias de hoje. Uma estrela nata! Tirando isso o filme é um lixo, tem que ter muito saco pra aturar.
Quando Duas Mulheres Pecam
4.4 1,1K Assista AgoraMelhor cena de abertura!
Quem Tem Medo de Virginia Woolf?
4.3 497 Assista AgoraGENTE MASOQ É ISSO!
Arizona Nunca Mais
3.6 256 Assista AgoraExistem dois Nicolas Cage: o que fez Raising Arizona (e Adaptacao. e Kick-Ass.) e o que fez todos os outros.
O Tempo e o Vento
3.6 453 Assista AgoraMisericórdia, senhor!
Obsessão
3.0 466No fim acaba que a ousadia na condução das lentes e dos atores, e o bom gosto de Lee Daniels te conquistam e a tua percepção sobre o filme avança. Visualmente o filme é impecável: caracterização, cenários, enquadramentos, tudo! O roteiro deixa a desejar, e alguns furos são quase que imperdoáveis, mas eu gostei bastante.
Viver a Vida
4.2 391A angústia existencial é igual para aqueles que nada interpretam, e de nada vale a pena julgar que quem se atreve a enfrentar o absurdo da condição humana será mais feliz, que não o será. O diálogo de Nana com Parain, quase a caminho do martírio final, centra-se nessa inutilidade das palavras, da interpretação e da expressão discursiva, ao mesmo tempo que se conclui, de forma inconclusiva, que o discurso é afim ao amor. Viver sem falar seria tão apaziguante como não amar - mas é impossível. Inútil, isso de querer explicar as coisas, de entendê-las, mas impossível de prescindir, porque faz parte da nossa condição amar - amar uma mulher, um objecto, uma ideia. E quem ama, discursa - e quem discursa, ou conversa (e empresta-se) ou faz poesia (e dá-se).
Créditos:
A Onda
4.2 1,9Kzzzz
Tomboy
4.2 1,6K Assista AgoraLindo! De um bom gosto indescritível, complicadíssimo de assistir, apesar de toda a delicadeza. A simplicidade com que as crianças encaram tudo que vai acontecendo é de uma beleza sincera e, no fundo, deprimente. Pensar nos traumas que são gerados nessa fase da vida, nesse caso em específico e em todos os outros, e em como eles condicionam nossa vida adulta é de apertar o coração. Cinco estrelas!
A Vida dos Outros
4.3 645Só não surpreendeu mais porque eu já sabia que era bom!
À Deriva
3.6 367Há três coisas deliciosas nesse filme: a Laura Neiva, o sotaque do Cassel e a fotografia (provavelmente um dos mais belos retratos de céu, mar e areia que eu vi nos últimos tempos). Por esses e alguns outros motivos, favorito!
O Lutador
4.0 912Marisa Tomei nesse filme é sem explicação! Talvez seja meu filme favorito do Darren Aronofsky, não sei dizer.
O Homem Que Não Estava Lá
4.0 229 Assista AgoraDemais!
Frida
4.1 1,2K Assista AgoraQue lástima ter sido feito em inglês.. todo caso, o filme é ótimo!
Deus da Carnificina
3.8 1,4KAlguém mais notou certa relação com O Anjo Exterminador do Buñuel? A degradação de cada um, a desconstrução da dita civilidade, e a "impossibilidade" de se retirar do local lembram muito.
O Rei da Comédia
4.0 366 Assista AgoraDe Nirão!
Holy Motors
3.9 652E não é essa a vida que levamos? Interpretando papéis uns para os outros sem já não sabermos mais quem somos ou onde estão as câmeras? Cada um de nós, escondido em sua própria "Limousine", que aqui ganha vida, sofre, descansa, e diz Amém com muito mais fé e realidade que um ser humano. Destaque pra Paris, mais linda que nunca, e pra algumas cenas simplesmente espetaculares:
toda a sequência com a Eva Mendes, a cena do acordeon, a do motion capture, a dos macacos no final, e a excelente abertura com a passagem em que Leos Carax em pessoa nos tira da sala de cinema em que todos dormem (que agonia!) e nos apresenta a vida, se é que podemos chamar assim, do seu protagonista - uma baita metáfora, não?
Amor
4.2 2,2K Assista AgoraVoltei pra comemorar todas essas indicações!!!! O filme é lindo demais, Haneke e Riva merecem demais!! Feliz e na torcida!!