Dos concorrentes do Oscar 2019 só não vi o Mirai, mas (não que considere o Oscar um prêmio necessário para algo) então dentro daqueles que competiram dentro de melhor animação de começo pensei ir para A Ilha dos Cachorros, Mirai pelo trailer vi que não seria grande candidato. E pensei que o Homem-Aranha: No Aranhaverso fosse de fato ganhar, não porque fosse superior, mas mais por sua abordagem mais pop que o filme de Wes Anderson. E agora pude saber mesmo o porquê de ter ganhado; o filme é inovador, mistura vários estilos de animação usando de várias técnicas de várias mídias, como HQ's, e mangás,etc. É criativo, tem o teor dramático, tem a lição de moral, é esteticamente deslumbrante, mesmo que eu saiba que se quis mais se trabalhar dentro da estética do que no roteiro. Tem ainda o elemento cômico, e o final, após os créditos é divertidíssimo, mais um mérito, pois soube dialogar com outra mídia, que é a internet, o meme foi engraçado.
Ao desenrolar do filme as tramas paralelas foram se entrelaçando não pelo seu envolvimento em si, mas como que curtas dentro de uma temática que justamente é a crítica à classe média e a uma elite que acendeu é estabelecida desde tempos coloniais (como podemos ver nas primeiras cenas em p&b).
Sei que Recife é a cidade que mais cresce verticalmente no Brasil, portanto, esta temática é presente na obra do KMF, o tema não é só discutido aqui, como também nalguns outros filmes do diretor - como em Aquarius - a especulação imobiliária tudo devera, quer prédios cada vez mais altos e com mais segurança.
Outro ponto em comum do Som Ao Redor é que a ambientação já foi usada pelo diretor em alguns curtas seus.
Me pegou de surpresa este filme porque pensei ser uma coisa e foi sobre outra, e talvez até seja insinuada no começo, não captei.
Foi assistir pois num vídeo vi uma curiosidade que o Raiden (deus do trovão do Mortal Kombat) surgiu por causa desse filme, aliás, parece que o game foi muito bem inspirado por esse filme. No mais, assisti como curiosidade com o meu sobrinho que também curtiu. Portanto tem um ritmo do filme não se tornou tão velho, e ainda assim cativa um público novo.
Esteticamente os cenários e o figurinos são excelentes, a fotografia, mesmo para um filme destes padrões é muito boa, mas algumas coisas são chatas, desnecessárias, talvez devido ao fato de ter de se adequar a um público maior na sua produção, então, a violência soa meio artificial às vezes, e as cenas de luta ficaram devendo na coreografia. Os monstros toscos foram muito desnecessários, assim como o próprio personagem Jack Burton (Kurt Russel) que não fez muita diferença para a trama, mesmo quanto tenta ser o líder/guia, ficaria melhor nenhuma caminhoneiro patriota com boné da Harley-Davison no filme, e claro, é um requisito para que o público aceite o filme, afinal, é dos EUA.
E o personagem "alien" ali é constrangedor, e a cena mais forçada é a cena em que brincam sobre as cores da bandeira estadunidense e um deles diz "que as asas da liberdade não perca nenhuma pena"- muito dentro do contexto da história fez todo o sentido (irônia).
E pensar que esse filme tem uma década e meia... e só hoje. Havia um certo preconceito meu em torno deste filme, mas ao vê-lo hoje percebi que mesmo com sendo não tão novo assim o filme se destaca em seus gráficos ousados e artisticamente detalhados como nos padrões estéticos e arquitetônicos da época e logo após (15 anos no filme) o visual evolui e a própria estética anda no tempo, para um desenho que eu pensava ser bem bobo e de criança o filme me agradou, apesar de achar muitas cenas frenéticas demais.
Esse documentário é tão chocante e perturbador - foi o que fez comigo - que eu nunca indiquei para ninguém. É algo que abisma a nossa fé na humanidade e em como podemos ser tão ruins uns com os outros e ainda assim haver injustiça, impunidade e, nalguns casos, gozação e em poucos outros algum remorso.
A justiça tarda e falha. E a paranoia daqueles tempos é a vivida agora em nosso país, lá as gangues, aqui milicianos... há eventos previsíveis na sociedade, há leis que devemos compreender para assim evitar outros atos de gente perversa que faz coisas que o próprio Diabo poderia se recusar a fazer.
Estes pertence à classe de filmes que vemos e não saímos incólumes. No começo quase que apostei que seria um filme satírico à la Sacha Baron com algum humor escrachado, mas não, sorte ter visto "Um Instante de Inocência" antes e também ter visto "E Buda Desabou de Vergonha", o primeiro do mesmo diretor, o segundo dirigido por sua filha... e foi outra pancada, daqueles que desloca nossa consciência de lugar e nos faz refletir sobre quem seríamos neste filme, ou o que faríamos.
Sei que há uma ênfase muito grande de teor autobiográfico neste filme, há sutilezas que podem parecer despercebidas, mas se antes lermos a biografia do diretor saberemos digeri-la para melhor entender o que ele nos quis dizer.
O país é fictício, assim como a história, mas bem poderia ser em muitos lugares deste nosso mundo, onde países governados por ditadores entraram em guerras civis, golpes de estados, etc e estão piores ainda do que já estavam.
É interessante pensar que certa vez li um iraquiano que teve quase toda sua família morta pelas forças de Saddam Hussein dizer que preferia as coisas antes, mesmo apesar do que lhe aconteceu, porque ainda assim era melhor do que a guerra que se estendeu com a invasão dos EUA e aliados. É de se pensar, não que devemos apoiar a violência para derrubar tiranos, mas que quando a violência é o que movimenta os homens, e não a razão ou a justiça, aí teremos talvez mais problemas.
Ao contrário do primeiro filme (de 1968) no qual diziam conter uma crítica sobre racismo, não sei se de fato há, mas pode-se abrir essa possibilidade, mesmo que subjetiva. Nesta eu vejo uma crítica à sociedade muito menos velada. A trilha sonora empolga, dá um tom psicodélico, tem Argento no meio, e reproduz um certo mundo onde o caos está aí mas as pessoas tem que se salvarem dos zumbis (que aqui são burros e lerdões), se cria um tipo de mini sociedade dentro de um shopping, onde o consumo de artigos de luxo ofusca até mesmo a própria questão da sobrevivência, e mesmo assim, há tensões e conflitos entre outros sobreviventes, todos poderiam estar de boa se cada tipo de sociedade cooperasse e fosse igualitária em usufruir dos excedentes... a leitura que tiro deste é isso, não entrarei em outros pormenores, talvez nem seja de fato isso sua intenção... mas foi assim que caiu pra mim.
Que filme lixo, os caras (estadunidenses) matando (europeus do leste) e o Capitão América dando uma de bom moço ao não dizer nenhum palavrão e reprimir quem fala algum. Cenas altamente toscas, exagero de CGI, de estereotipação, esses filmes de heróis são tão frenéticos que há partes que parece que estamos em um jogo de videogame. Assisti pelo meu sobrinho... era esperado que seria ruim, mas não tanto assim! E pensar que isso ganha bilhões e uma legião de fãs adultos infantilizados aclamarem e comprarem tudo aquilo que o filme entrega como ideologia, mesmo que às vezes subliminar.
Dentro daquilo que se propõe a ser o filme consegue ser bom, os efeitos práticos são um ponto alto, e impactam hoje porque soam mais verdadeiros que os em CGI, sem contar que mesmo sendo um filme previsível e até mesmo conter uma trama boba e clichê se tornou interessante por criar um personagem ícone do terror, e por usar e abusar da realidade e dos sonhos nas histórias, e fato é, que há um fator moralizante, como nas histórias de contos de fadas antigos, sobre as questões sexuais na adolescência, talvez o que motiva o surgimento de Freddy seja uma força psíquica ligada à libido aflorada destes jovens. No mais a mistura de sonho e realidade no desfecho é um dos pontos altos do filme.
A maestria do filme é em reconstituir todo um cenário passado e conter uma fotografia excelente, para tanto, boas atuações, não é um filme excelente no todo, tem sua trama até mesmo banal, mas a condução é interessante, ainda mais vendo a figura misteriosa de Don Shirley que transmite superioridade e mesmo assim sendo discriminado como um ser inferior.
O filme tendo ou não o consentimento da família de Shirley não importa, do que pude ler, os amigos próximos ao Don Shirley concordaram com o longa, que é bonito, simpático, por demais previsível numa ou outra cena, mas encanta por ser justamente agradável mostrando toda a crueldade dos sulistas racistas estadunidenses, e principalmente do choque da aceitação do outro - o diferente - que é quase sempre aceito mais pelo exotismo como que por um igual. O filme passou longe de ser o melhor, mas talvez ganhou por ser leve, suave, conter violência na dose certa, e não nos instigar a ter raiva, mas em ser como Shirley diz, se mostrar capaz de superar o preconceito de uma forma que ele tem todo o direito de utilizar, ou seja, a não violência, a convivência com racistas.
O filme nesse ponto é apaziguador em encerrar o dilema do racismo pelas vias de que existam pessoas que possam ser racistas e pessoas que sofredoras do racismo podem também conviver com as racistas de uma forma amistosa, alfim o racismo existe e está aí. Portanto Don Shirley na sua elegância pode ter dado apostas erradas. A sociedade de lá pra cá pode ter ficado mais tolerante, mas agora os intolerantes são ainda mais perversos e detém maior poder, como se pode ver na política.
E, por isto penso que o mérito de melhor filme deveria ter ido ao Infiltrados na Klan, pois ele aborda a questão de uma visão mais aprofundada, a montagem conduz magistralmente ao questionamento da ideologia dos grupos antagônicos - em quais deles haveria justiça? - e encerra de uma maneira que deixa em aberto aquilo que se passou, o filme começa justamente no final, onde a realidade é exposta, saímos do filme e voltamos ao presente onde as cenas finais se passam. Por isso Green Book é um filme suave e não tão ousado quanto infiltrados na Klan, mas mesmo assim, nestes tempos, necessário. Em Green Book saímos contentes como se o mundo fosse uma maravilha apesar dos pesares, mas em Infiltrados na Klan saímos sabendo da verdadeira realidade que ronda estes tempos sombrios.
Achei o filme extensivo em certos momentos, onde algumas cenas ficavam estagnadas em objetos luminosos quase que abstratos, acho que isso rompe a dinâmica de um filme de terror, e parece que pretende mais estar ligado com a arte. Embora tenha visto o mesmo em Drive - que considerei um filme por demais pretensioso e com uma história tão banal que (como sempre falam do Refn) parece que não tem um roteiro.- Já aqui não.
A pegada aqui é o próprio mundo da arte/moda, onde as maiores beldades tem que manter seus reinados a todo custo, e guerras, intrigas, ambições e conspirações são mais que comuns. O filme tem um alto teor ocultista e simbólico;
o triângulo sempre está presente nas cenas, tanto como componente visual quanto a angulação das protagonistas canibais, a lua como o olho que tudo, o olho sendo comido ao final , e Jesse, sendo uma virgem, pura, mas que pelo desejo de ambição é atraída ao seu trágico fim, acontece um ritual onde Ruby faz necrofilia com um corpo de uma jovem morta mas aparentemente também com Jesse, não em forma física, mas mental/espiritual, assim tira sua pureza/virgindade, ela é o objeto de sacrifício, Jesse se veste com um vestido branco, como eram vestidas muitas das virgens sacrificiais.
Gigi, Sarah e Ruby são como as 3 bruxas da trilogia de Dário Argento, e aqui eu acredito que Neon Demon faria mais jus se se chamasse "Suspiria" do que o próprio remake de "Suspiria", a essência do que acontece aqui e em Suspiria de Argento é a mesma, obter força através do controle de outras pessoas inocentes que querem adentrar ao mundo da arte/moda e quando menos percebem vendem a alma ao diabo/bruxas. Há também uma clara referência aos felinos, tanto na hora que o puma invade o quarto de Jesse como quando na mansão que Ruby cuida há um Jaguar/onça. A morbidez não para por aí, Ruby aparece em uma cena em uma banheira com o sangue de Jesse, e isto é uma clara referência a Elizabeth Bathory, que acreditava assim se banhando com sangue humano adquirir mais vitalidade e talvez até a imortalidade.
Esse filme é excepcional porque consegue trabalhar usando de uma técnica onde realidade e ficção se misturam de uma forma tão perfeita que não sabemos o limite de uma e o começo de outra. Não sabemos distinguir se aquilo que os atores mostram durante as gravações do filme são reais ou encenações. E se as pessoas que estão a conduzir os atores atuam ou estão sendo eles mesmos. Ou seja, não sabemos se é um documentário sobre como um filme é feito ou sobre se aquilo que vemos é o próprio filme em si e não o seu processo.
Mais espetacular ainda é que para o policial e para o diretor tudo isto é uma história que realmente aconteceu. O diretor era um radical que esfaqueou o policial e o policial o acertou com um tiro, e isto foi a causa do diretor ser preso e na prisão poder ter contato com a arte e assim tornar-se um cineasta. Busquei e assisti ao filme por saber dessas informações por ter lido num livro, onde dizia ser este filme um marco justamente por fundir essas camadas de realidade e ficção numa metalinguagem bem trabalhada com desfecho sensível, como o próprio título sugere - INOCÊNCIA - talvez tanto de vítima quanto a de agressor. A montagem é primorosa, pois mesmo o conteúdo em boa parte sendo não-linear não ficamos atordoados ao vermos a película.
Ainda dá pra se entrar no detalhe de que, o diretor Makhmalbaf, à época quando esfaqueou o policial era um radical de vertente islâmica, eram os tempos do Xá Reza Pahlevi, um regime autoritário pró-secular, altamente corrupto e fantoche dos EUA e do Reino Unido, que proibiu todo tipo de partido comunista e perseguiu dissidentes políticos. O Irã que saiu de um regime autoritário fantoche pró-ocidente para um regime autoritário islâmico, que até hoje vigora sob o comando de uma censura e de leis religiosas, talvez faça com que o diretor seja quem ele é hoje, e daí também podemos concluir que o título - UM INSTANTE DE INOCÊNCIA - faz todo o sentido.
Apesar de ser um comédia bem absurda, tem uma qualidade técnica excelente, vide os planos sequências que o filme oferece e o cenário todo trabalhado e bem enquadrado nos planos. Sem contar as cenas de luta exageradas, mas mesmo assim sensacionais.
Tive que tentar ver duas vezes porque eu dormi, é bem feito, mas ao criar um universo diferente deveriam tê-lo explorado mais um pouco, mas a animação é bem mais do mesmo, mas é assistível, e ficaria melhor se tivessem tirado as músicas, as partes musicais são bem chatas, alias, mesmo as da Disney, acho bem forçadas.
Interessante que a Netflix vem com força ultimamente, mas aqui acho que não faltou capacidade técnica, mas mais ousadia, deixar algo mais dinâmico e um pouco mais impactante, e, talvez seja por que o formato não seja propriamente o cinema que o filme tem esse ritmo.
O filme em si estimula muito a reflexão, principalmente nas últimas partes, onde Hitler diz que ele é um pouco de cada pessoa, e podemos pensar sobre o porquê; todos nós somos movidos pelas paixões (instintos, desejos, ódio, medo, etc), Hitler mais que todos soube mexer com esse lado, não à toa seus discursos eram hipnóticos e catárticos, para a política trouxe um pouco de religião, e mais que tudo, todo tipo de preconceito pseudocientífico aliado com crenças irracionais e misticismo, juntando com momento de crise política e econômica, e pelo desejo (desespero) das pessoas por um "messias" salvador da pátria... então temos aquilo que se espera.
Houve 3 filmes que vi recentemente que os finais se igualam entre si, O Jovem Karl Marx, Infiltrados na Klan (Blakkklansman) e Ele Está de Volta. Filmes altamente questionadores e denunciadores, pois um pouco antes dos créditos, e logo após as cenas finais, todos agem como um documentário mostrando cenas reais para mostrar ao telespectador que aquilo que ele viu não fora mera ficção ou passado, que há ainda no mundo real se reverberando tudo aquilo que se pôs a nós como um filme.
E sobre o filme, comparações são talvez desnecessárias quando óbvias, mas, como dizia Brecht - "Que tempos são estes que se é preciso defender o óbvio?" - mas houve por aí quem disse coisas similares ao que Hitler sempre disse, e que, por incrível que parece, pousou ao lado de uma pessoa fantasiada quase que igual ao Hitler (não igual e nem empunhando suásticas, pois a lei não permite isto por aqui). Está pessoa fora eleita presidente de uma república das bananas. São os tempos decadentes.
Fabuloso, instrutivo de como quando juntos o povo é mais que meia dúzia de engravatados em seus gabinetes a eternizar a exploração dos já explorados. O documentário nos mostra que a solidariedade é o que movimenta a espécie humana e não a competição, que basta termos a consciência de quem somos e o que podemos para mudar todo um contexto social, se cada um com seu tijolo se juntar construiremos um novo mundo mais fraterno e igual.
E sem contar a canção do Zeca Afosno (uma das coisas mais lindas que escutei em língua portuguesa) abrindo o documentário e sendo exposta ao longo dele é de uma energia incrível e contagiante.
"Quem dera que a gente tenha De Agostinho a valentia Para alimentar a sanha De esganar a burguesia"
A Laika arregaça com tudo! Stop motion é com eles! Gosto de como o estúdio consegue fazer algo infantil bonitinho, incrível visualmente, lindo, e sombrio e algo mais macabro e adulto, cativa ambos os públicos e isso é o que torna as animações do estúdio ousadas demais, além de contar com roteiros mais trabalhados que muitas das animações que abarrotam o cinema. Soube somente depois que é proveniente de um conto do Neil Gaiman. Deslumbrante visualmente! Principalmente na referência à Noite Estrelada de Van Gogh.
Achei o visual saturado de cores e mal feito, parece preguiçoso (até porque antes de ver Trolls assisti Coraline), conceitos confusos e uma falta de um estilo característico não me animaram, mas mesmo assim é assistível, isso é, se for uma forma de entretenimento (assisti com meu sobrinho) então é válido porque mostra que a felicidade é possível sem usar drogas... ops quer dizer comer trolls. Vi na versão dublado, e algumas músicas foram mantidas em inglês, e não achei nada de mais a não ser na parte que toca Sounds of Silence (que sacada por causa dos memes!).
E o nome Trolls me fez lembrar do BoxTrolls do estúdio Laika (mesmo de Coralina) então, sei lá, não tem como comparar as produções primorosas e excepcionais da Laika com qualquer outra coisa em computação gráfica, e por isso considerei a arte preguiçosa, assim como o roteiro bem mal elaborado e fraco.
Logo de cara, quando soube desse "remake", senti que seria algo que não me agradaria... e fora justamente isso. Até porque o filme bem poderia ser derivado do clássico de Argento, sem ser de fato um remake. porém acrescentam um outro ambiente, numa cidade dividida por ideologias político-econômicas, num clima de guerra fria e desconfiança... mas, pelo menos para mim, não funcionou. Não há aquela beleza do original, muito menos a desconcertante trilha sonora que penetra na nossa cabeça de uma forma que causa um certo desconforto e favorece para que o clima crie uma tensão.
Nessa nova versão nada me afetou ao ponto de lembrar de alguma cena como memorável, não há nada deslumbrante. Acho que vai mais na vibe de A Bruxa, porém aqui o intento não é feito com nenhuma maestria. A cena final da dança me lembrou Alucarda, mas bem leve, fraca e nenhum pouco original.
No mais o filme é confuso, pretensioso, e, para mim, desnecessário. Se talvez não conhecesse o original daria uma nota melhor, mas aqui não é o caso.
Uma animação incrível da Disney, até porque foge ao clichê dos contos de fadas, histórias com princesas, e das atuais animações em computação gráfica. É uma bela história com uma bela lição sobre a harmonia na natureza. É ótimo ver um filme sobre os nativos norte-americanos (Inuit), que possivelmente foram os primeiros habitantes deste continente, vindos através do estreito de Bering (teoria essa não de todo aceita hoje), o filme se passa na pós-era do gelo, e por esse motivo podemos ver mamutes.
É interessante, mas não chega a tanto, não tem um clímax, e não efetua aquilo que deveria desenvolver ao longo do filme que é justamente mostrar o quão forte é a exploração da mão de obra barata e descartável de uma pessoa que é da classe baixa e não tem posses materiais.
E se aventura para poder sobreviver. Tem um apelo um tanto quanto romântico em certos momentos. Os personagens adolescentes foram desnecessários, não fizeram importância alguma e nem acrescentaram nada ao filme, tanto é que eles lendo ou não o diário, o filme seria o mesmo, talvez até melhor.
No mais, nos minutos finais, nas cenas e no discurso, tive uma breve impressão de que, talvez, o diretor ou roteirista, tenham lido O Germinal do Émile Zola.
Homem-Aranha: No Aranhaverso
4.4 1,5K Assista AgoraDos concorrentes do Oscar 2019 só não vi o Mirai, mas (não que considere o Oscar um prêmio necessário para algo) então dentro daqueles que competiram dentro de melhor animação de começo pensei ir para A Ilha dos Cachorros, Mirai pelo trailer vi que não seria grande candidato. E pensei que o Homem-Aranha: No Aranhaverso fosse de fato ganhar, não porque fosse superior, mas mais por sua abordagem mais pop que o filme de Wes Anderson.
E agora pude saber mesmo o porquê de ter ganhado; o filme é inovador, mistura vários estilos de animação usando de várias técnicas de várias mídias, como HQ's, e mangás,etc. É criativo, tem o teor dramático, tem a lição de moral, é esteticamente deslumbrante, mesmo que eu saiba que se quis mais se trabalhar dentro da estética do que no roteiro. Tem ainda o elemento cômico, e o final, após os créditos é divertidíssimo, mais um mérito, pois soube dialogar com outra mídia, que é a internet, o meme foi engraçado.
O Som ao Redor
3.8 1,1K Assista AgoraAo desenrolar do filme as tramas paralelas foram se entrelaçando não pelo seu envolvimento em si, mas como que curtas dentro de uma temática que justamente é a crítica à classe média e a uma elite que acendeu é estabelecida desde tempos coloniais (como podemos ver nas primeiras cenas em p&b).
Sei que Recife é a cidade que mais cresce verticalmente no Brasil, portanto, esta temática é presente na obra do KMF, o tema não é só discutido aqui, como também nalguns outros filmes do diretor - como em Aquarius - a especulação imobiliária tudo devera, quer prédios cada vez mais altos e com mais segurança.
Outro ponto em comum do Som Ao Redor é que a ambientação já foi usada pelo diretor em alguns curtas seus.
Me pegou de surpresa este filme porque pensei ser uma coisa e foi sobre outra, e talvez até seja insinuada no começo, não captei.
Os Aventureiros do Bairro Proibido
3.7 569 Assista AgoraFoi assistir pois num vídeo vi uma curiosidade que o Raiden (deus do trovão do Mortal Kombat) surgiu por causa desse filme, aliás, parece que o game foi muito bem inspirado por esse filme.
No mais, assisti como curiosidade com o meu sobrinho que também curtiu. Portanto tem um ritmo do filme não se tornou tão velho, e ainda assim cativa um público novo.
Esteticamente os cenários e o figurinos são excelentes, a fotografia, mesmo para um filme destes padrões é muito boa, mas algumas coisas são chatas, desnecessárias, talvez devido ao fato de ter de se adequar a um público maior na sua produção, então, a violência soa meio artificial às vezes, e as cenas de luta ficaram devendo na coreografia. Os monstros toscos foram muito desnecessários, assim como o próprio personagem Jack Burton (Kurt Russel) que não fez muita diferença para a trama, mesmo quanto tenta ser o líder/guia, ficaria melhor nenhuma caminhoneiro patriota com boné da Harley-Davison no filme, e claro, é um requisito para que o público aceite o filme, afinal, é dos EUA.
E o personagem "alien" ali é constrangedor, e a cena mais forçada é a cena em que brincam sobre as cores da bandeira estadunidense e um deles diz "que as asas da liberdade não perca nenhuma pena"- muito dentro do contexto da história fez todo o sentido (irônia).
O final foi o mais tosco, porque quiserem romper o clichê mas ficou muito idiota, muito nada a ver.
Os Incríveis
3.9 1,1K Assista AgoraE pensar que esse filme tem uma década e meia... e só hoje. Havia um certo preconceito meu em torno deste filme, mas ao vê-lo hoje percebi que mesmo com sendo não tão novo assim o filme se destaca em seus gráficos ousados e artisticamente detalhados como nos padrões estéticos e arquitetônicos da época e logo após (15 anos no filme) o visual evolui e a própria estética anda no tempo, para um desenho que eu pensava ser bem bobo e de criança o filme me agradou, apesar de achar muitas cenas frenéticas demais.
O Ato de Matar
4.3 135Esse documentário é tão chocante e perturbador - foi o que fez comigo - que eu nunca indiquei para ninguém. É algo que abisma a nossa fé na humanidade e em como podemos ser tão ruins uns com os outros e ainda assim haver injustiça, impunidade e, nalguns casos, gozação e em poucos outros algum remorso.
A justiça tarda e falha. E a paranoia daqueles tempos é a vivida agora em nosso país, lá as gangues, aqui milicianos... há eventos previsíveis na sociedade, há leis que devemos compreender para assim evitar outros atos de gente perversa que faz coisas que o próprio Diabo poderia se recusar a fazer.
O Presidente
4.0 33 Assista AgoraEstes pertence à classe de filmes que vemos e não saímos incólumes. No começo quase que apostei que seria um filme satírico à la Sacha Baron com algum humor escrachado, mas não, sorte ter visto "Um Instante de Inocência" antes e também ter visto "E Buda Desabou de Vergonha", o primeiro do mesmo diretor, o segundo dirigido por sua filha... e foi outra pancada, daqueles que desloca nossa consciência de lugar e nos faz refletir sobre quem seríamos neste filme, ou o que faríamos.
Sei que há uma ênfase muito grande de teor autobiográfico neste filme, há sutilezas que podem parecer despercebidas, mas se antes lermos a biografia do diretor saberemos digeri-la para melhor entender o que ele nos quis dizer.
O país é fictício, assim como a história, mas bem poderia ser em muitos lugares deste nosso mundo, onde países governados por ditadores entraram em guerras civis, golpes de estados, etc e estão piores ainda do que já estavam.
É interessante pensar que certa vez li um iraquiano que teve quase toda sua família morta pelas forças de Saddam Hussein dizer que preferia as coisas antes, mesmo apesar do que lhe aconteceu, porque ainda assim era melhor do que a guerra que se estendeu com a invasão dos EUA e aliados. É de se pensar, não que devemos apoiar a violência para derrubar tiranos, mas que quando a violência é o que movimenta os homens, e não a razão ou a justiça, aí teremos talvez mais problemas.
Despertar dos Mortos
3.9 318 Assista AgoraAo contrário do primeiro filme (de 1968) no qual diziam conter uma crítica sobre racismo, não sei se de fato há, mas pode-se abrir essa possibilidade, mesmo que subjetiva.
Nesta eu vejo uma crítica à sociedade muito menos velada. A trilha sonora empolga, dá um tom psicodélico, tem Argento no meio, e reproduz um certo mundo onde o caos está aí mas as pessoas tem que se salvarem dos zumbis (que aqui são burros e lerdões), se cria um tipo de mini sociedade dentro de um shopping, onde o consumo de artigos de luxo ofusca até mesmo a própria questão da sobrevivência, e mesmo assim, há tensões e conflitos entre outros sobreviventes, todos poderiam estar de boa se cada tipo de sociedade cooperasse e fosse igualitária em usufruir dos excedentes... a leitura que tiro deste é isso, não entrarei em outros pormenores, talvez nem seja de fato isso sua intenção... mas foi assim que caiu pra mim.
A Noite dos Mortos-Vivos
4.0 549 Assista AgoraMuito bom, a história é até que simples mas o desfecho final faz com nos saia da garganta um "PQP MANO!".
Vingadores: Era de Ultron
3.7 3,0K Assista AgoraQue filme lixo, os caras (estadunidenses) matando (europeus do leste) e o Capitão América dando uma de bom moço ao não dizer nenhum palavrão e reprimir quem fala algum. Cenas altamente toscas, exagero de CGI, de estereotipação, esses filmes de heróis são tão frenéticos que há partes que parece que estamos em um jogo de videogame. Assisti pelo meu sobrinho... era esperado que seria ruim, mas não tanto assim! E pensar que isso ganha bilhões e uma legião de fãs adultos infantilizados aclamarem e comprarem tudo aquilo que o filme entrega como ideologia, mesmo que às vezes subliminar.
A Hora do Pesadelo
3.8 1,2K Assista AgoraDentro daquilo que se propõe a ser o filme consegue ser bom, os efeitos práticos são um ponto alto, e impactam hoje porque soam mais verdadeiros que os em CGI, sem contar que mesmo sendo um filme previsível e até mesmo conter uma trama boba e clichê se tornou interessante por criar um personagem ícone do terror, e por usar e abusar da realidade e dos sonhos nas histórias, e fato é, que há um fator moralizante, como nas histórias de contos de fadas antigos, sobre as questões sexuais na adolescência, talvez o que motiva o surgimento de Freddy seja uma força psíquica ligada à libido aflorada destes jovens.
No mais a mistura de sonho e realidade no desfecho é um dos pontos altos do filme.
Green Book: O Guia
4.1 1,5K Assista AgoraA maestria do filme é em reconstituir todo um cenário passado e conter uma fotografia excelente, para tanto, boas atuações, não é um filme excelente no todo, tem sua trama até mesmo banal, mas a condução é interessante, ainda mais vendo a figura misteriosa de Don Shirley que transmite superioridade e mesmo assim sendo discriminado como um ser inferior.
O filme tendo ou não o consentimento da família de Shirley não importa, do que pude ler, os amigos próximos ao Don Shirley concordaram com o longa, que é bonito, simpático, por demais previsível numa ou outra cena, mas encanta por ser justamente agradável mostrando toda a crueldade dos sulistas racistas estadunidenses, e principalmente do choque da aceitação do outro - o diferente - que é quase sempre aceito mais pelo exotismo como que por um igual. O filme passou longe de ser o melhor, mas talvez ganhou por ser leve, suave, conter violência na dose certa, e não nos instigar a ter raiva, mas em ser como Shirley diz, se mostrar capaz de superar o preconceito de uma forma que ele tem todo o direito de utilizar, ou seja, a não violência, a convivência com racistas.
O filme nesse ponto é apaziguador em encerrar o dilema do racismo pelas vias de que existam pessoas que possam ser racistas e pessoas que sofredoras do racismo podem também conviver com as racistas de uma forma amistosa, alfim o racismo existe e está aí. Portanto Don Shirley na sua elegância pode ter dado apostas erradas. A sociedade de lá pra cá pode ter ficado mais tolerante, mas agora os intolerantes são ainda mais perversos e detém maior poder, como se pode ver na política.
E, por isto penso que o mérito de melhor filme deveria ter ido ao Infiltrados na Klan, pois ele aborda a questão de uma visão mais aprofundada, a montagem conduz magistralmente ao questionamento da ideologia dos grupos antagônicos - em quais deles haveria justiça? - e encerra de uma maneira que deixa em aberto aquilo que se passou, o filme começa justamente no final, onde a realidade é exposta, saímos do filme e voltamos ao presente onde as cenas finais se passam. Por isso Green Book é um filme suave e não tão ousado quanto infiltrados na Klan, mas mesmo assim, nestes tempos, necessário. Em Green Book saímos contentes como se o mundo fosse uma maravilha apesar dos pesares, mas em Infiltrados na Klan saímos sabendo da verdadeira realidade que ronda estes tempos sombrios.
Demônio de Neon
3.2 1,2K Assista AgoraAchei o filme extensivo em certos momentos, onde algumas cenas ficavam estagnadas em objetos luminosos quase que abstratos, acho que isso rompe a dinâmica de um filme de terror, e parece que pretende mais estar ligado com a arte. Embora tenha visto o mesmo em Drive - que considerei um filme por demais pretensioso e com uma história tão banal que (como sempre falam do Refn) parece que não tem um roteiro.- Já aqui não.
A pegada aqui é o próprio mundo da arte/moda, onde as maiores beldades tem que manter seus reinados a todo custo, e guerras, intrigas, ambições e conspirações são mais que comuns. O filme tem um alto teor ocultista e simbólico;
o triângulo sempre está presente nas cenas, tanto como componente visual quanto a angulação das protagonistas canibais, a lua como o olho que tudo, o olho sendo comido ao final , e Jesse, sendo uma virgem, pura, mas que pelo desejo de ambição é atraída ao seu trágico fim, acontece um ritual onde Ruby faz necrofilia com um corpo de uma jovem morta mas aparentemente também com Jesse, não em forma física, mas mental/espiritual, assim tira sua pureza/virgindade, ela é o objeto de sacrifício, Jesse se veste com um vestido branco, como eram vestidas muitas das virgens sacrificiais.
Gigi, Sarah e Ruby são como as 3 bruxas da trilogia de Dário Argento, e aqui eu acredito que Neon Demon faria mais jus se se chamasse "Suspiria" do que o próprio remake de "Suspiria", a essência do que acontece aqui e em Suspiria de Argento é a mesma, obter força através do controle de outras pessoas inocentes que querem adentrar ao mundo da arte/moda e quando menos percebem vendem a alma ao diabo/bruxas. Há também uma clara referência aos felinos, tanto na hora que o puma invade o quarto de Jesse como quando na mansão que Ruby cuida há um Jaguar/onça. A morbidez não para por aí, Ruby aparece em uma cena em uma banheira com o sangue de Jesse, e isto é uma clara referência a Elizabeth Bathory, que acreditava assim se banhando com sangue humano adquirir mais vitalidade e talvez até a imortalidade.
Cemitério Maldito
2.7 891Remake de Cemitério Maldito com uma pitada de O Homem de Vime... será que funciona?
13 Histórias Estranhas
3.0 1Tem a cor que caiu do espaço... porra já quero ver!!!
Um Instante de Inocência
4.3 39Esse filme é excepcional porque consegue trabalhar usando de uma técnica onde realidade e ficção se misturam de uma forma tão perfeita que não sabemos o limite de uma e o começo de outra. Não sabemos distinguir se aquilo que os atores mostram durante as gravações do filme são reais ou encenações. E se as pessoas que estão a conduzir os atores atuam ou estão sendo eles mesmos. Ou seja, não sabemos se é um documentário sobre como um filme é feito ou sobre se aquilo que vemos é o próprio filme em si e não o seu processo.
Mais espetacular ainda é que para o policial e para o diretor tudo isto é uma história que realmente aconteceu. O diretor era um radical que esfaqueou o policial e o policial o acertou com um tiro, e isto foi a causa do diretor ser preso e na prisão poder ter contato com a arte e assim tornar-se um cineasta. Busquei e assisti ao filme por saber dessas informações por ter lido num livro, onde dizia ser este filme um marco justamente por fundir essas camadas de realidade e ficção numa metalinguagem bem trabalhada com desfecho sensível, como o próprio título sugere - INOCÊNCIA - talvez tanto de vítima quanto a de agressor. A montagem é primorosa, pois mesmo o conteúdo em boa parte sendo não-linear não ficamos atordoados ao vermos a película.
Ainda dá pra se entrar no detalhe de que, o diretor Makhmalbaf, à época quando esfaqueou o policial era um radical de vertente islâmica, eram os tempos do Xá Reza Pahlevi, um regime autoritário pró-secular, altamente corrupto e fantoche dos EUA e do Reino Unido, que proibiu todo tipo de partido comunista e perseguiu dissidentes políticos. O Irã que saiu de um regime autoritário fantoche pró-ocidente para um regime autoritário islâmico, que até hoje vigora sob o comando de uma censura e de leis religiosas, talvez faça com que o diretor seja quem ele é hoje, e daí também podemos concluir que o título - UM INSTANTE DE INOCÊNCIA - faz todo o sentido.
Kung-Fusão
3.3 464 Assista AgoraApesar de ser um comédia bem absurda, tem uma qualidade técnica excelente, vide os planos sequências que o filme oferece e o cenário todo trabalhado e bem enquadrado nos planos. Sem contar as cenas de luta exageradas, mas mesmo assim sensacionais.
Pé Pequeno
3.6 163 Assista AgoraTive que tentar ver duas vezes porque eu dormi, é bem feito, mas ao criar um universo diferente deveriam tê-lo explorado mais um pouco, mas a animação é bem mais do mesmo, mas é assistível, e ficaria melhor se tivessem tirado as músicas, as partes musicais são bem chatas, alias, mesmo as da Disney, acho bem forçadas.
Ele Está de Volta
3.8 681Interessante que a Netflix vem com força ultimamente, mas aqui acho que não faltou capacidade técnica, mas mais ousadia, deixar algo mais dinâmico e um pouco mais impactante, e, talvez seja por que o formato não seja propriamente o cinema que o filme tem esse ritmo.
O filme em si estimula muito a reflexão, principalmente nas últimas partes, onde Hitler diz que ele é um pouco de cada pessoa, e podemos pensar sobre o porquê; todos nós somos movidos pelas paixões (instintos, desejos, ódio, medo, etc), Hitler mais que todos soube mexer com esse lado, não à toa seus discursos eram hipnóticos e catárticos, para a política trouxe um pouco de religião, e mais que tudo, todo tipo de preconceito pseudocientífico aliado com crenças irracionais e misticismo, juntando com momento de crise política e econômica, e pelo desejo (desespero) das pessoas por um "messias" salvador da pátria... então temos aquilo que se espera.
Houve 3 filmes que vi recentemente que os finais se igualam entre si, O Jovem Karl Marx, Infiltrados na Klan (Blakkklansman) e Ele Está de Volta. Filmes altamente questionadores e denunciadores, pois um pouco antes dos créditos, e logo após as cenas finais, todos agem como um documentário mostrando cenas reais para mostrar ao telespectador que aquilo que ele viu não fora mera ficção ou passado, que há ainda no mundo real se reverberando tudo aquilo que se pôs a nós como um filme.
E sobre o filme, comparações são talvez desnecessárias quando óbvias, mas, como dizia Brecht - "Que tempos são estes que se é preciso defender o óbvio?" - mas houve por aí quem disse coisas similares ao que Hitler sempre disse, e que, por incrível que parece, pousou ao lado de uma pessoa fantasiada quase que igual ao Hitler (não igual e nem empunhando suásticas, pois a lei não permite isto por aqui). Está pessoa fora eleita presidente de uma república das bananas. São os tempos decadentes.
Continuar a Viver ou Os Índios da Meia-Praia
4.0 1Fabuloso, instrutivo de como quando juntos o povo é mais que meia dúzia de engravatados em seus gabinetes a eternizar a exploração dos já explorados.
O documentário nos mostra que a solidariedade é o que movimenta a espécie humana e não a competição, que basta termos a consciência de quem somos e o que podemos para mudar todo um contexto social, se cada um com seu tijolo se juntar construiremos um novo mundo mais fraterno e igual.
E sem contar a canção do Zeca Afosno (uma das coisas mais lindas que escutei em língua portuguesa) abrindo o documentário e sendo exposta ao longo dele é de uma energia incrível e contagiante.
"Quem dera que a gente tenha
De Agostinho a valentia
Para alimentar a sanha
De esganar a burguesia"
Coraline e o Mundo Secreto
4.1 1,9K Assista AgoraA Laika arregaça com tudo! Stop motion é com eles!
Gosto de como o estúdio consegue fazer algo infantil bonitinho, incrível visualmente, lindo, e sombrio e algo mais macabro e adulto, cativa ambos os públicos e isso é o que torna as animações do estúdio ousadas demais, além de contar com roteiros mais trabalhados que muitas das animações que abarrotam o cinema. Soube somente depois que é proveniente de um conto do Neil Gaiman. Deslumbrante visualmente! Principalmente na referência à Noite Estrelada de Van Gogh.
Trolls
3.5 392 Assista AgoraAchei o visual saturado de cores e mal feito, parece preguiçoso (até porque antes de ver Trolls assisti Coraline), conceitos confusos e uma falta de um estilo característico não me animaram, mas mesmo assim é assistível, isso é, se for uma forma de entretenimento (assisti com meu sobrinho) então é válido porque mostra que a felicidade é possível sem usar drogas... ops quer dizer comer trolls. Vi na versão dublado, e algumas músicas foram mantidas em inglês, e não achei nada de mais a não ser na parte que toca Sounds of Silence (que sacada por causa dos memes!).
E o nome Trolls me fez lembrar do BoxTrolls do estúdio Laika (mesmo de Coralina) então, sei lá, não tem como comparar as produções primorosas e excepcionais da Laika com qualquer outra coisa em computação gráfica, e por isso considerei a arte preguiçosa, assim como o roteiro bem mal elaborado e fraco.
Suspíria: A Dança do Medo
3.7 1,2K Assista AgoraLogo de cara, quando soube desse "remake", senti que seria algo que não me agradaria... e fora justamente isso. Até porque o filme bem poderia ser derivado do clássico de Argento, sem ser de fato um remake. porém acrescentam um outro ambiente, numa cidade dividida por ideologias político-econômicas, num clima de guerra fria e desconfiança... mas, pelo menos para mim, não funcionou.
Não há aquela beleza do original, muito menos a desconcertante trilha sonora que penetra na nossa cabeça de uma forma que causa um certo desconforto e favorece para que o clima crie uma tensão.
Nessa nova versão nada me afetou ao ponto de lembrar de alguma cena como memorável, não há nada deslumbrante. Acho que vai mais na vibe de A Bruxa, porém aqui o intento não é feito com nenhuma maestria. A cena final da dança me lembrou Alucarda, mas bem leve, fraca e nenhum pouco original.
No mais o filme é confuso, pretensioso, e, para mim, desnecessário. Se talvez não conhecesse o original daria uma nota melhor, mas aqui não é o caso.
Irmão Urso
3.9 623 Assista AgoraUma animação incrível da Disney, até porque foge ao clichê dos contos de fadas, histórias com princesas, e das atuais animações em computação gráfica. É uma bela história com uma bela lição sobre a harmonia na natureza. É ótimo ver um filme sobre os nativos norte-americanos (Inuit), que possivelmente foram os primeiros habitantes deste continente, vindos através do estreito de Bering (teoria essa não de todo aceita hoje), o filme se passa na pós-era do gelo, e por esse motivo podemos ver mamutes.
Arábia
4.2 167 Assista AgoraÉ interessante, mas não chega a tanto, não tem um clímax, e não efetua aquilo que deveria desenvolver ao longo do filme que é justamente mostrar o quão forte é a exploração da mão de obra barata e descartável de uma pessoa que é da classe baixa e não tem posses materiais.
E se aventura para poder sobreviver. Tem um apelo um tanto quanto romântico em certos momentos. Os personagens adolescentes foram desnecessários, não fizeram importância alguma e nem acrescentaram nada ao filme, tanto é que eles lendo ou não o diário, o filme seria o mesmo, talvez até melhor.
No mais, nos minutos finais, nas cenas e no discurso, tive uma breve impressão de que, talvez, o diretor ou roteirista, tenham lido O Germinal do Émile Zola.