Gustavo Araújo

Apenas mais uma comédia romântica?

Salve a proposta em mostrar três situações corriqueiras no mundo dos relacionamentos protagonizada por personagens masculinos, brincando um pouco com os clichês do gênero e os tornando toleráveis.

Destaque para as atuações de Steve Correll e Ryan Gosling que conseguem de fato protagonizar o filme e passar a concepção masculina no universo do amor (lidando com traição, orgulho, vazio, primeiro amor e conquista) Além disso, a química entre os três casais da trama flui de forma incrível e segura bastante o filme.

Ponto positivo também para a trilha sonora que conquista desde o trailer (artistas como Grizzly Bear, Muse,The Cure, Bonobo e Talking Heads) e para algumas referências dos anos 80.

Algumas cenas de "comédia" são dispensáveis, como o papel de Marisa Tomei, que na minha opinião força e ridiculariza um pouco a trama. Para mim, um filme com potencial para ser grande mas acabou se conformando em ser mediano.

É inegável dizer que The Broken Circle Breakdown não tem uma forte pitada de Blue Valentine, o que não chega a ser um problema, afinal, melhor boas do que más referências.

Assim como em seu predecessor, o filme é construído com desordem cronológica dos fatos, misturando acontecimentos passados com o presente e o futuro dos personagens, evidenciando a construção (e/ou desconstrução) de um relacionamento.

Com atuações e fotografia acima da média e uma trilha sonora feita sob medida, o filme conta a história de amor de um casal belga que enfrenta uma série de problemas durante a luta contra o câncer de sua pequena filha de 6 anos. Os cortes são impecáveis e te ajudam a digerir o filme sem ter uma indigestão com as fortes cenas ao decorrer do filme. A música é usada praticamente como elemento de narração e não apenas complemento.

O filme aborda pontos interessantes como religião, ciência e política, mas ao meu ver, se perde um pouco e acaba pecando no final (apesar de que ainda sim o final condiz com alguns tópicos do filme).

Considero um filme com uma carga emocional mais forte de que Blue Valentine, mas ainda prefiro o predecessor.

Genial! Edgar Wright definitivamente sabe como dirigir uma comédia de ponta. Uma receita aparentemente infalível com cortes impecáveis, efeitos sonoros espalhafatosos, humor britânico referenciando e ridicularizando os "clássicos" populares do cinema americano.

Não bastasse a sátira perfeita, a genialidade em unir uma trilogia com sorvetes, cercas e muito sangue, a 'Blood and Ice Cream Trilogy' ainda conta com o belíssimo entrosamento entre Simon Pegg e Nick Frost.

Ainda não assisti o The World's End, mas por enquanto Hot Fuzz leva o Cornetto de Ouro!