O mais legal é ir acompanhando as discussões, se colocando naquele lugar, e decidindo junto em que se votaria - e ir mudando de opinião no decorrer do documentário. Muito bom!
Todos aqueles diálogos entre médico e paciente sustentariam um ótimo clima de tensão, manipulação, empatia etc, mas, pra isso acontecer, é preciso que haja uma troca entre atores: escuta e devolução. Se essa troca é frágil, fica mais difícil acreditar no que se vê. Fotografia bonita, cenários e takes deslumbrantes não dão conta sozinhos. Falta ao filme o que ele pediu de mais básico e importante: a competência do texto.
Zeca da Curva, com seu "jeito especial de falar", desempobrecia a linguagem austera com a linguagem do barro, primeira, inicial, que a gente pega na mão e molda. Para mim, um dos motivos que tornam esse filme especial. Entra para os favoritos como uma grata surpresa. Levarei comigo para nunca deixar de perceber que o mundo assim, sem vento, "fica sem graça, não é? Tudo parece fotografia".
"Assim, jurei que seria um homem prático [...] Procurei viver de coisas positivas, de sentimentos explicáveis [...] Dominei minha tendência para o sonho. Achei que estava para sempre longe do abismo. Até o dia em que vi Zeca da Curva rodopiando ao vento."
Vi ontem à noite. Hoje, pela manhã, foi hora de pensar em tudo que me aconteceu com esse filme. Só consigo ficar emocionado, pensando na beleza das imagens, na solidão dos personagens, na poesia do que se contou. Grato por ter tido a oportunidade de ter A História da Eternidade comigo. Muito grato.
O diferente transformando o espaço e sendo transformado nele, ambos buscando aceitação do outro e um entendimento de si, cotidianamente. Permitir-se. Nada aconteceria se não existisse esse espaço que busca acomodar e misturar tudo e todos. Um filme bom e divertido.
Se a religião é um meio imaginado de ligação ou aproximação entre nós (o profano?) e um algo sagrado, que opera por meio de mitos que explicam à sua maneira e medida o nosso mundo, possibilitando, através de ritos e imaginações, um modo de experimentar o transcendental, gosto de pensar o cinema como essa minha religião que me põe a escancarar nos olhos o que o corpo enérgico e também estático sente. O cinema não como explicação, mas como sentimento. Imagens que chegam e se arrastam por todos os lados, dentro e fora. Um transe. Um lugar que está para além ou abaixo da nossa superfície domesticada. Em Crepúsculo do Caos, assim como em outras obras, eu vivi um deslumbramento. Se Abujamra um dia me perguntasse se eu choro com a beleza, diria que, sim, eu choro. E assim será, até o dia em que não mais puder fazer do Cinema o meu espaço de fantasia.
Ontem, terminado o filme, saí do quarto com um riso fácil no rosto. Quis até que alguém me perguntasse o motivo, mas pensei que, não importasse a resposta, não entenderiam. É só um filme, diriam. Talvez um ou outro que, porventura, visse "Eu não quero dormir sozinho", acharia um grande tédio, um filme hermético, sem explicações maiores para o meu deslumbre. Mas o cinema talvez seja isso: deslumbre pra uns, experiências descartáveis para outros. Com Tsai Ming-liang eu só tenho tido a gratidão da primeira opção.
Pride é desses filmes que arrancam risos, promovem simpatia, ao mesmo tempo em que, já no fim da sessão, depois de um encantamento por personagens e situações, expõem uma lacuna para ser preenchida com questões do tipo: "Ainda seremos (somos) capazes de começar outras histórias extraordinárias de comunidades diferentes que se reúnem por uma causa comum?". A saber: a história comum de pessoas dispostas a encontrar, junto ao outro, um respeito mútuo e um afeto real sobre si e sobre todos. Parece distante, mas Pride confirma: houve (e haverá) momentos na história em que o ser humano fez algo de muito, muito bom.
Sob o amarelo feio da lâmpada redonda, misturado às paredes tristes de um hotel, amassando o chão de concreto velho, olhos fixos em lugar nenhum: o homem decai. Gaspar Noé filma sem dó.
Os personagens de Roy Andersson são, em alguma medida, como os personagens de um teatro do absurdo: desfilam sua decadência, balbuciam suas tristezas, repetem de maneira mecânica suas futilidades cotidianas e adoecem de fragilidade. Somado a isso, toda a concepção estética, que contribui para deixar claro que nós somos, sim, uma grande bobagem.
Destaque para as tomadas longas e verborrágicas, de interpretações pontuais, seja de um drama particular, seja do social. Não existe dispersão estética, apenas texto, paisagens arrebatadoras, personagens em conflitos num filme que se desenvolve sem pressa, cedendo espaço às perguntas e costurando as (possíveis) respostas.
Tempo: esse bicho selvagem que fingimos domesticar nas paredes. Manso e rude. E belo porque assim é, tal como este filme. Uma poesia sobre a memória, essa coisa inefável que vive nas raízes das árvores, nas cabeças, nas pedras que formam as casas, nas pinturas, no preto das fotografias manchadas, nas cruzes fincadas na terra e nas águas, parente mais próxima do: tempo.
- Não existe o céu? - Esta é a única dança que dançamos. Uma obra feliz, que contempla e reflete sobre a vida, ao mesmo tempo que celebra e discute a morte. Muito bom.
O silêncio é contemplativo. Há uma coletânea de tomadas belíssimas. E, apesar de um roteiro que desliza, o filme fica acima da média. Wagner Moura tem domínio de cena. Jesuíta Barbosa tem um olhar cativante, interpreta bem. Não é à toa que ele está merecendo toda essa atenção. E deu vontade de fugir pra Berlim.
As cenas filmadas em plano-detalhe conseguem captar o signo da descoberta, desejo, do olho que passeia pelo corpo e sente. Em geral, é um filme sincero e bonito. Feliz por ver aquele curta lá de trás crescer e virar esse filme afetuoso, que também busca seu lugar.
Chão
4.2 27E viva o MST!
Eleições
3.8 13O mais legal é ir acompanhando as discussões, se colocando naquele lugar, e decidindo junto em que se votaria - e ir mudando de opinião no decorrer do documentário. Muito bom!
Elephant Song
3.6 35Todos aqueles diálogos entre médico e paciente sustentariam um ótimo clima de tensão, manipulação, empatia etc, mas, pra isso acontecer, é preciso que haja uma troca entre atores: escuta e devolução. Se essa troca é frágil, fica mais difícil acreditar no que se vê. Fotografia bonita, cenários e takes deslumbrantes não dão conta sozinhos. Falta ao filme o que ele pediu de mais básico e importante: a competência do texto.
O Menino e o Vento
4.3 62Zeca da Curva, com seu "jeito especial de falar", desempobrecia a linguagem austera com a linguagem do barro, primeira, inicial, que a gente pega na mão e molda. Para mim, um dos motivos que tornam esse filme especial.
Entra para os favoritos como uma grata surpresa. Levarei comigo para nunca deixar de perceber que o mundo assim, sem vento, "fica sem graça, não é? Tudo parece fotografia".
"Assim, jurei que seria um homem prático [...] Procurei viver de coisas positivas, de sentimentos explicáveis [...] Dominei minha tendência para o sonho. Achei que estava para sempre longe do abismo. Até o dia em que vi Zeca da Curva rodopiando ao vento."
O Bandido da Luz Vermelha
3.9 264 Assista Agora"Pelo amor de Deus, um homicídio para a primeira página!"
A História da Eternidade
4.3 448Vi ontem à noite. Hoje, pela manhã, foi hora de pensar em tudo que me aconteceu com esse filme. Só consigo ficar emocionado, pensando na beleza das imagens, na solidão dos personagens, na poesia do que se contou. Grato por ter tido a oportunidade de ter A História da Eternidade comigo. Muito grato.
Favela Gay
4.0 67Exibição no Canal Brasil marcada para o segundo semestre ;)
Bem-Vindos
4.0 47O diferente transformando o espaço e sendo transformado nele, ambos buscando aceitação do outro e um entendimento de si, cotidianamente. Permitir-se. Nada aconteceria se não existisse esse espaço que busca acomodar e misturar tudo e todos. Um filme bom e divertido.
A História da Eternidade
4.3 448Vai passar na TV!
Terça, dia 31/03, às 22h e sábado, dia 04/04, à meia-noite e quinze, no Canal Brasil. Ansioso.
Crepúsculo do Caos
3.9 19Se a religião é um meio imaginado de ligação ou aproximação entre nós (o profano?) e um algo sagrado, que opera por meio de mitos que explicam à sua maneira e medida o nosso mundo, possibilitando, através de ritos e imaginações, um modo de experimentar o transcendental, gosto de pensar o cinema como essa minha religião que me põe a escancarar nos olhos o que o corpo enérgico e também estático sente. O cinema não como explicação, mas como sentimento. Imagens que chegam e se arrastam por todos os lados, dentro e fora. Um transe. Um lugar que está para além ou abaixo da nossa superfície domesticada. Em Crepúsculo do Caos, assim como em outras obras, eu vivi um deslumbramento. Se Abujamra um dia me perguntasse se eu choro com a beleza, diria que, sim, eu choro. E assim será, até o dia em que não mais puder fazer do Cinema o meu espaço de fantasia.
Leviatã
3.8 299"Se eu tivesse acendido velas, teria sido tudo diferente?"
Eu Não Quero Dormir Sozinho
3.7 26Ontem, terminado o filme, saí do quarto com um riso fácil no rosto. Quis até que alguém me perguntasse o motivo, mas pensei que, não importasse a resposta, não entenderiam. É só um filme, diriam. Talvez um ou outro que, porventura, visse "Eu não quero dormir sozinho", acharia um grande tédio, um filme hermético, sem explicações maiores para o meu deslumbre. Mas o cinema talvez seja isso: deslumbre pra uns, experiências descartáveis para outros. Com Tsai Ming-liang eu só tenho tido a gratidão da primeira opção.
Orgulho e Esperança
4.3 291 Assista AgoraPride é desses filmes que arrancam risos, promovem simpatia, ao mesmo tempo em que, já no fim da sessão, depois de um encantamento por personagens e situações, expõem uma lacuna para ser preenchida com questões do tipo: "Ainda seremos (somos) capazes de começar outras histórias extraordinárias de comunidades diferentes que se reúnem por uma causa comum?". A saber: a história comum de pessoas dispostas a encontrar, junto ao outro, um respeito mútuo e um afeto real sobre si e sobre todos. Parece distante, mas Pride confirma: houve (e haverá) momentos na história em que o ser humano fez algo de muito, muito bom.
Sozinho Contra Todos
4.0 313Sob o amarelo feio da lâmpada redonda, misturado às paredes tristes de um hotel, amassando o chão de concreto velho, olhos fixos em lugar nenhum: o homem decai.
Gaspar Noé filma sem dó.
Canções do Segundo Andar
4.1 67Os personagens de Roy Andersson são, em alguma medida, como os personagens de um teatro do absurdo: desfilam sua decadência, balbuciam suas tristezas, repetem de maneira mecânica suas futilidades cotidianas e adoecem de fragilidade. Somado a isso, toda a concepção estética, que contribui para deixar claro que nós somos, sim, uma grande bobagem.
Sono de Inverno
4.0 133 Assista AgoraDestaque para as tomadas longas e verborrágicas, de interpretações pontuais, seja de um drama particular, seja do social. Não existe dispersão estética, apenas texto, paisagens arrebatadoras, personagens em conflitos num filme que se desenvolve sem pressa, cedendo espaço às perguntas e costurando as (possíveis) respostas.
Paraíso: Fé
3.7 55Câmeras estáticas. Simétricas ou quase. Limpeza. Purificação. Retidão. Desvio do pecado. Alinhamento. Ordem. Conforto. Desconforto. Ou simplesmente culpa.
O Céu Gira
4.1 5Tempo: esse bicho selvagem que fingimos domesticar nas paredes. Manso e rude. E belo porque assim é, tal como este filme. Uma poesia sobre a memória, essa coisa inefável que vive nas raízes das árvores, nas cabeças, nas pedras que formam as casas, nas pinturas, no preto das fotografias manchadas, nas cruzes fincadas na terra e nas águas, parente mais próxima do: tempo.
A Excêntrica Família de Antonia
4.3 359- Não existe o céu?
- Esta é a única dança que dançamos.
Uma obra feliz, que contempla e reflete sobre a vida, ao mesmo tempo que celebra e discute a morte. Muito bom.
O Massacre da Serra Elétrica
3.7 1,0K Assista AgoraPuta filme tenso da porra! E a cena final marcou.
Amor à Flor da Pele
4.3 500 Assista AgoraWong Kar-Wai, um esteta.
Praia do Futuro
3.4 934 Assista AgoraO silêncio é contemplativo. Há uma coletânea de tomadas belíssimas. E, apesar de um roteiro que desliza, o filme fica acima da média. Wagner Moura tem domínio de cena. Jesuíta Barbosa tem um olhar cativante, interpreta bem. Não é à toa que ele está merecendo toda essa atenção. E deu vontade de fugir pra Berlim.
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho
4.1 3,2K Assista AgoraAs cenas filmadas em plano-detalhe conseguem captar o signo da descoberta, desejo, do olho que passeia pelo corpo e sente. Em geral, é um filme sincero e bonito. Feliz por ver aquele curta lá de trás crescer e virar esse filme afetuoso, que também busca seu lugar.
Noé
3.0 2,6K Assista AgoraAlgumas passagens são plasticamente interessantes. Afora isso, me pareceu exageradamente apoteótico.