Uma desilusão completa, sobretudo para quem nutre algum interesse pelas técnicas de ASMR. O relacionamento – que se afigura unilateral, a despeito daquela gratificação erótica que concerne, sob uma dada perspectiva, a ambas as partes – causa desconforto, até porque os actores não desempenham o seu papel com o mínimo de acuidade. O final, então, deixou-me estupefacta. De qualquer forma, gostaria de poder compreender qual o critério que presidiu à escolha deste elenco (e, já agora, à própria construção da narrativa). Ou o filme se traduz num fiasco, ou fui eu que não o soube interpretar.
«There is in every madman a misunderstood genius whose idea shining in his head frightened people and for whom delirium was the only solution to the strangulation that life had prepared for him.»
Considero-o acutilante e, sob determinada perspectiva, subversivo. Procurei vê-lo por diversos motivos e as minhas expectativas não saíram goradas. Marcello Mastroianni é um ícone - os seus filmes surpreendem sempre pela positiva, atendendo à versatilidade do actor. Sempre gostei das histórias do Scola: acho-o sagaz e, ao mesmo tempo, divertido, quase impreterivelmente jocoso. Menciono, ainda, o formato peculiar desta obra, que remete para a televisão: embora se apurem as culpas daquilo que concerne ao desmoronar da sociedade italiana, este programa não deixa de ser um sucedâneo da nossa própria vida.
Por muito que não gostemos de o associar ao entretenimento, o cinema começou por ser exibido nas feiras europeias, por não requerer grandes conhecimentos e por sair mais barato que os restantes espectáculos. O testemunho foi transmitido aos americanos, que, atendendo ao número de estrangeiros desempregados, aceitou muito bem esta novidade, contribuindo até para o seu desenvolvimento. Só mais tarde, graças às teorias formativas e à legitimação dos críticos, é que o cinema foi elevado à categoria de arte. É certo que este filme enfatiza o Show Business, mas fá-lo de uma forma sublime. Os números musicais não deixam nada a desejar, e a graciosidade Cyd Charisse faz com que o espectador fique muito empolgado. Um filme ligeiro, com cenas bem pensadas.
Filme pioneiro, mediante o qual se estuda a integridade do espaço. Neste contexto, a sequência temporal é quase irrelevante, já que o importa, em última instância, é dar conta da capacidade de lugar. Caso se dêem ao trabalho de contar o tempo que o bombeiro demora a resgatar a mãe da criança, atentando sempre no ponto de vista interno, hão-de reparar que é muito mais rápido do que aquilo que sucede do ponto de vista externo, quando vemos a casa do lado de fora e a mulher a esbracejar. Porter inspirou Griffith naquilo que concerne ao travelling e ao «last minute rescue». O que constitui o nó da acção, aqui, são os elementos que aparecem em cada plano. Tudo se conta troço a troço, para que o espectador perceba o que está a acontecer sem necessitar de variadíssimos planos. Um filme deveras importante, a par do « The Great Train Robbery», que ainda não tive o privilégio de ver mas acerca do qual já li.
Scola é um realizador magnífico, cuja marca se torna sempre evidente. Este filme, que visa reinventar ou desconstruir a nossa ideia de narrativa, constitui um marco cinematográfico, que também se afigura indispensável para os alunos de História (torna-se complicado interpretá-lo, a menos que se possuam alguns conhecimentos do foro factual). Ressaltando os planos magníficos e tendo em conta alguns Close Ups, clamo que este é um dos filmes mais desafiantes que já vi, por não se tratar, somente, de um exercício estético. À falta de um guião, os personagens vêem a sua intimidade devassada pela música e pela teatralidade, o que faz com que «Le Bal» também convoque, em certos momentos, o cinema mudo. E agora que já desfrutámos desta película, há certas questões que se impõem: Que papel poderia assumir, dentro desta narrativa, o diálogo ou mesmo o monólogo? Em que medida é que este filme inova, atendendo àquilo que se obrava na década de oitenta? Qual a importância do trejeito e da expressão facial (já para não falar da make-up e da indumentária) no contexto deste filme? Isto requer um certo estudo (que eu pretendo, efectivamente, levar a cabo, com o auxílio de professores e de colegas). A obra interessou-me de tal maneira que sou mesmo capaz de empreender numa monografia que lhe faça jus...Recomendadíssimo!
Uma cena do quotidiano, registada pelos irmãos Lumière, numa época em que o cinema ainda nem sequer existia. A par desta gravação, foram mostradas mais nove, cada uma do seu género, ainda que quase todas pendessem para a comédia. Esta foi, de qualquer modo, a primeira de todas. Há quem dê pela câmera e se exiba (ou, no mínimo, esboce um sorriso), sem ter a menor percepção de que aquelas imagens, isentas dos dados complementares que hoje em dia logram criar a ilusão, iriam ficar para a posterioridade (vide Bergson e as suas concepções acerca do movimento). Um marco para qualquer cinéfilo. Sente-se até comoção, pela oportunidade de «ter em mãos» este pedaço de história. Bem-hajam, irmãos Lumière.
Mais do que perfeito, no que tange à rodagem. As cenas em que accionam a locomotiva, e durante as quais vemos túneis ou paisagens, são de cortar a respiração. Simone Simon é uma actriz de alto gabarito, a quem admiro. O seus olhos tão doces, inseridos naquele rosto oval, denotam mesmo alguma fragilidade (o que propicia o sofrimento, a angústia). Considero-o livremente inspirado no livro de Zola: não se trata de uma coisa decalcada, por mais que se detectem semelhanças. Estes filmes, quais obras-primas, merecem ser vistos numa cinemateca. Só lamento que, hoje em dia, saia tão caro pertencer a esse tipo de instituições. Não admira, pois, que tenhamos de recorrer à internet, o único meio através do qual é possível aceder sem grandes encargos económicos.
O filme é muito cativante, pelo modo como o rodaram: cenas bem pensadas, que acarretam sempre algo tenebroso (mesmo as que se passam no exterior, quando Mary passeia pelo jardim). A beleza dos actores principais contrasta com a arquitectura do castelo, qual sítio amaldiçoado. Antonio Margheriti conseguiu realizar aquilo a que se propôs, até porque as cenas, consideradas individualmente, resultam muito bem e causam um impacto relativamente forte. Ressalta-se, ainda, a banda sonora, que é um pouco diferente daquilo que se está à espera (temos algo a fugir para o Jazz, arriscaria eu). Para além de conferir originalidade, torna o filme ainda mais belo. Não conhecia o Margheriti, este é o meu primeiro contacto com a sua obra. Espero ver muitos mais!
Visualizei-o hoje, na aula de História do Cinema. O modo como Godard se expressa, socorrendo-se muitas vezes da repetição, é absolutamente admirável. Os planos, mais ou menos detalhados, levam-nos ao êxtase. É delicioso dar conta daquelas imagens intercaladas, sempre bem escolhidas (cada uma é, por si só, uma obra de arte extraordinária, sem descurar a mensagem ou o impacto). Uma breve introdução à teoria, que desde logo se associa à prática, e a partir da qual se caracterizam períodos históricos, parcialmente documentados pela câmera. Godard coloca a tónica no sonho, no horror da guerra, no sofrimento, no estrelato, na mixoscopia. É absolutamente imprescindível para qualquer cinéfilo. O estro de Jean-Luc G, parece ter desembocado na genialidade (pena que me tenha apercebido disso tão tarde. Preciso de rever quase todos os filmes de Godard, e com uma certa urgência...).
Atendendo à época em que foi feito, trata-se de uma verdadeira obra-prima! É natural que algumas cenas nos pareçam lúgubres (os que não estão familiarizados com o cinema mudo hão-de reforçar essa ideia). «Alice in Wonderland» é um dos meus livros favoritos, pelas temáticas expostas e pelas reflexões que suscita. Um bem-haja a todos os que conservam estas fitas...não deve ser fácil passá-las de geração em geração, até aos dias de hoje.
Adquiri-o cá em Portugal, por uma quantia razoável. Acredito, no entanto, que este espectáculo não tenha preço! Juntar o Ringo Starr, personagem «muy célebre», com o Marc Bolan (que, para além de ser um artista completo, era também um homem cómico e carismático) só podia desembocar numa coisa deste estilo. Para ver e rever, sempre que possível !
Um filme interessantíssimo, até pelo modo como os amantes se relacionam. As cenas são subtis, ou mesmo quotidianas, pese embora a densidade e a paixão. Uma excelente actuação da Lana Turner, que oscilou magistralmente entre a alegria e a tristeza (e o mesmo se diz de Ray Milland).
A mulher que estudava logo pela manhã e que requeria a presença de Descartes (o filósofo veio a morrer de pneumonia, um ano mais tarde). Gosto desta referência ao pai da subjectividade operacional. Elejo a Greta Garbo como uma das melhores actrizes de sempre. Talvez o faça por ingenuidade, ou por uma questão de gosto. O roteiro é interessante (pouco fidedigno, bem se vê).Contudo, admiro a tenacidade da rainha Christina — o gosto pelo estudo; a vontade de ir mais longe; o facto de ser «esperta», como arengava o próprio pai. Garbo soube encarná-la, isto é, trazê-la à nossa presença. Aparece como uma figura majestosa, muito senhora de si. Imagino-a dessa forma, tal e qual. Greta tornou o filme ainda mais interessante, graças à expressividade e aos trejeitos a que sempre nos acostumou. Duas mulheres de fibra, que Rouben Mamoulian logrou fundir. O filme é muito bom, atendendo à época. Do ponto de vista histórico-biográfico, é um tanto ou quanto incongruente. Merece as cinco estrelas, apesar de tudo.
Remete, inevitavelmente, para o filme do Billy Wilder. É uma versão mais clássica, por assim dizer. Atentemos, contudo, nas reacções. O constrangimento da senhora, no momento em que saia enfuna. A expressão do homem que a acompanha, também caricata. É um prato cheio para os historiadores (e para os que se interessam pelo passado, em última análise). Poder-se-ia, também, analisar a indumentária (ou modo como as pessoas flanavam, que até se assemelha ao dos dias de hoje). Temos, ainda, uma ideia de decoro, que já se tornou obsoleta ou ultrapassada. Um registo muito importante, sob os mais diversos prismas.
Só o avalio por causa da Bette Davis. O filme é péssimo, per se. Além disso, faz-me lembrar o «Psycho» (parece-me que o Gordon Hessler bebeu dessa fonte, para não afirmar categoricamente que cometeu plagio).
Gostaria mesmo de o ver. Nem sequer consigo fazer download. Algum site onde o possa visualizar? Agradecia que facultassem qualquer tipo de informação. Os meus cumprimentos, desde já.
Um documentário interessante, que instruí e ainda divulga imagens inéditas ! Para além de ser uma grande actriz, a nossa Clara Bow conseguiu quebrar algumas barreiras (que, na altura, pareciam absolutamente intransitáveis).
A actriz sofria de alguns distúrbios, tal como os seus progenitores. Advoga-se, no próprio documentário, que a mãe atentou conta a integridade física de Clara, recorrendo a um objecto cortante. Na infância, refugiava-se nas salas de cinema, para esquecer os problemas. Graças a essa paixão, conseguiu captar as expressões e os maneirismos dos grandes actores, partindo, desde logo, em busca de uma vida melhor. Encontrou-a, ao que consta, noutro Estado (até se estabelecer em Hollywood, onde foi muito bem recebida)
. A história de um ícone. Uma mulher atraente, portentora da famigerada característica: o «It». Vale mesmo a pena ver !
Comprar Ingressos
Este site usa cookies para oferecer a melhor experiência possível. Ao navegar em nosso site, você concorda com o uso de cookies.
Se você precisar de mais informações e / ou não quiser que os cookies sejam colocados ao usar o site, visite a página da Política de Privacidade.
M.A.S.H.
3.5 147 Assista AgoraUm termo que o define perfeitamente: masculinidade tóxica. Perdoem-me, mas não consegui ver nada para além disso. Que experiência tão confrangedora.
Gatilho
1.8 3Uma desilusão completa, sobretudo para quem nutre algum interesse pelas técnicas de ASMR. O relacionamento – que se afigura unilateral, a despeito daquela gratificação erótica que concerne, sob uma dada perspectiva, a ambas as partes – causa desconforto, até porque os actores não desempenham o seu papel com o mínimo de acuidade. O final, então, deixou-me estupefacta. De qualquer forma, gostaria de poder compreender qual o critério que presidiu à escolha deste elenco (e, já agora, à própria construção da narrativa). Ou o filme se traduz num fiasco, ou fui eu que não o soube interpretar.
A Luz Azul
3.5 8Óptima metáfora para aqueles que foram votados ao ostracismo e que vivem à margem da sociedade.
De Salto Alto
3.7 174 Assista AgoraExcelente alusão ao filme «Sonata de Outono», de Ingmar Bergman.
Uma Página de Loucura
4.1 46 Assista Agora«There is in every madman
a misunderstood genius
whose idea
shining in his head
frightened people
and for whom delirium was the only solution
to the strangulation
that life had prepared for him.»
― Antonin Artaud
Senhoras e Senhores, Boa Noite
3.7 6Considero-o acutilante e, sob determinada perspectiva, subversivo. Procurei vê-lo por diversos motivos e as minhas expectativas não saíram goradas. Marcello Mastroianni é um ícone - os seus filmes surpreendem sempre pela positiva, atendendo à versatilidade do actor. Sempre gostei das histórias do Scola: acho-o sagaz e, ao mesmo tempo, divertido, quase impreterivelmente jocoso. Menciono, ainda, o formato peculiar desta obra, que remete para a televisão: embora se apurem as culpas daquilo que concerne ao desmoronar da sociedade italiana, este programa não deixa de ser um sucedâneo da nossa própria vida.
A Roda da Fortuna
3.9 59 Assista AgoraPor muito que não gostemos de o associar ao entretenimento, o cinema começou por ser exibido nas feiras europeias, por não requerer grandes conhecimentos e por sair mais barato que os restantes espectáculos. O testemunho foi transmitido aos americanos, que, atendendo ao número de estrangeiros desempregados, aceitou muito bem esta novidade, contribuindo até para o seu desenvolvimento. Só mais tarde, graças às teorias formativas e à legitimação dos críticos, é que o cinema foi elevado à categoria de arte. É certo que este filme enfatiza o Show Business, mas fá-lo de uma forma sublime. Os números musicais não deixam nada a desejar, e a graciosidade Cyd Charisse faz com que o espectador fique muito empolgado. Um filme ligeiro, com cenas bem pensadas.
A Vida de um Bombeiro Americano
4.0 15Filme pioneiro, mediante o qual se estuda a integridade do espaço. Neste contexto, a sequência temporal é quase irrelevante, já que o importa, em última instância, é dar conta da capacidade de lugar. Caso se dêem ao trabalho de contar o tempo que o bombeiro demora a resgatar a mãe da criança, atentando sempre no ponto de vista interno, hão-de reparar que é muito mais rápido do que aquilo que sucede do ponto de vista externo, quando vemos a casa do lado de fora e a mulher a esbracejar.
Porter inspirou Griffith naquilo que concerne ao travelling e ao «last minute rescue». O que constitui o nó da acção, aqui, são os elementos que aparecem em cada plano. Tudo se conta troço a troço, para que o espectador perceba o que está a acontecer sem necessitar de variadíssimos planos. Um filme deveras importante, a par do « The Great Train Robbery», que ainda não tive o privilégio de ver mas acerca do qual já li.
O Baile
4.3 73Scola é um realizador magnífico, cuja marca se torna sempre evidente. Este filme, que visa reinventar ou desconstruir a nossa ideia de narrativa, constitui um marco cinematográfico, que também se afigura indispensável para os alunos de História (torna-se complicado interpretá-lo, a menos que se possuam alguns conhecimentos do foro factual). Ressaltando os planos magníficos e tendo em conta alguns Close Ups, clamo que este é um dos filmes mais desafiantes que já vi, por não se tratar, somente, de um exercício estético. À falta de um guião, os personagens vêem a sua intimidade devassada pela música e pela teatralidade, o que faz com que «Le Bal» também convoque, em certos momentos, o cinema mudo. E agora que já desfrutámos desta película, há certas questões que se impõem: Que papel poderia assumir, dentro desta narrativa, o diálogo ou mesmo o monólogo? Em que medida é que este filme inova, atendendo àquilo que se obrava na década de oitenta? Qual a importância do trejeito e da expressão facial (já para não falar da make-up e da indumentária) no contexto deste filme? Isto requer um certo estudo (que eu pretendo, efectivamente, levar a cabo, com o auxílio de professores e de colegas). A obra interessou-me de tal maneira que sou mesmo capaz de empreender numa monografia que lhe faça jus...Recomendadíssimo!
A Saída dos Operários da Fábrica Lumière, [I]
4.0 92Uma cena do quotidiano, registada pelos irmãos Lumière, numa época em que o cinema ainda nem sequer existia. A par desta gravação, foram mostradas mais nove, cada uma do seu género, ainda que quase todas pendessem para a comédia. Esta foi, de qualquer modo, a primeira de todas. Há quem dê pela câmera e se exiba (ou, no mínimo, esboce um sorriso), sem ter a menor percepção de que aquelas imagens, isentas dos dados complementares que hoje em dia logram criar a ilusão, iriam ficar para a posterioridade (vide Bergson e as suas concepções acerca do movimento). Um marco para qualquer cinéfilo. Sente-se até comoção, pela oportunidade de «ter em mãos» este pedaço de história. Bem-hajam, irmãos Lumière.
A Besta Humana
3.9 27Mais do que perfeito, no que tange à rodagem. As cenas em que accionam a locomotiva, e durante as quais vemos túneis ou paisagens, são de cortar a respiração. Simone Simon é uma actriz de alto gabarito, a quem admiro. O seus olhos tão doces, inseridos naquele rosto oval, denotam mesmo alguma fragilidade (o que propicia o sofrimento, a angústia). Considero-o livremente inspirado no livro de Zola: não se trata de uma coisa decalcada, por mais que se detectem semelhanças. Estes filmes, quais obras-primas, merecem ser vistos numa cinemateca. Só lamento que, hoje em dia, saia tão caro pertencer a esse tipo de instituições. Não admira, pois, que tenhamos de recorrer à internet, o único meio através do qual é possível aceder sem grandes encargos económicos.
A Mansão do Homem sem Alma
3.3 17O filme é muito cativante, pelo modo como o rodaram: cenas bem pensadas, que acarretam sempre algo tenebroso (mesmo as que se passam no exterior, quando Mary passeia pelo jardim). A beleza dos actores principais contrasta com a arquitectura do castelo, qual sítio amaldiçoado. Antonio Margheriti conseguiu realizar aquilo a que se propôs, até porque as cenas, consideradas individualmente, resultam muito bem e causam um impacto relativamente forte. Ressalta-se, ainda, a banda sonora, que é um pouco diferente daquilo que se está à espera (temos algo a fugir para o Jazz, arriscaria eu). Para além de conferir originalidade, torna o filme ainda mais belo. Não conhecia o Margheriti, este é o meu primeiro contacto com a sua obra. Espero ver muitos mais!
História(s) do Cinema
4.2 19Visualizei-o hoje, na aula de História do Cinema. O modo como Godard se expressa, socorrendo-se muitas vezes da repetição, é absolutamente admirável. Os planos, mais ou menos detalhados, levam-nos ao êxtase. É delicioso dar conta daquelas imagens intercaladas, sempre bem escolhidas (cada uma é, por si só, uma obra de arte extraordinária, sem descurar a mensagem ou o impacto). Uma breve introdução à teoria, que desde logo se associa à prática, e a partir da qual se caracterizam períodos históricos, parcialmente documentados pela câmera. Godard coloca a tónica no sonho, no horror da guerra, no sofrimento, no estrelato, na mixoscopia. É absolutamente imprescindível para qualquer cinéfilo. O estro de Jean-Luc G, parece ter desembocado na genialidade (pena que me tenha apercebido disso tão tarde. Preciso de rever quase todos os filmes de Godard, e com uma certa urgência...).
Alice no País das Maravilhas
3.8 112Atendendo à época em que foi feito, trata-se de uma verdadeira obra-prima! É natural que algumas cenas nos pareçam lúgubres (os que não estão familiarizados com o cinema mudo hão-de reforçar essa ideia). «Alice in Wonderland» é um dos meus livros favoritos, pelas temáticas expostas e pelas reflexões que suscita. Um bem-haja a todos os que conservam estas fitas...não deve ser fácil passá-las de geração em geração, até aos dias de hoje.
Born to Boogie
4.3 2Adquiri-o cá em Portugal, por uma quantia razoável. Acredito, no entanto, que este espectáculo não tenha preço! Juntar o Ringo Starr, personagem «muy célebre», com o Marc Bolan (que, para além de ser um artista completo, era também um homem cómico e carismático) só podia desembocar numa coisa deste estilo. Para ver e rever, sempre que possível !
Perdidamente Tua
3.5 5Um filme interessantíssimo, até pelo modo como os amantes se relacionam. As cenas são subtis, ou mesmo quotidianas, pese embora a densidade e a paixão. Uma excelente actuação da Lana Turner, que oscilou magistralmente entre a alegria e a tristeza (e o mesmo se diz de Ray Milland).
Rainha Cristina
4.1 62 Assista AgoraA mulher que estudava logo pela manhã e que requeria a presença de Descartes (o filósofo veio a morrer de pneumonia, um ano mais tarde). Gosto desta referência ao pai da subjectividade operacional. Elejo a Greta Garbo como uma das melhores actrizes de sempre. Talvez o faça por ingenuidade, ou por uma questão de gosto. O roteiro é interessante (pouco fidedigno, bem se vê).Contudo, admiro a tenacidade da rainha Christina — o gosto pelo estudo; a vontade de ir mais longe; o facto de ser «esperta», como arengava o próprio pai. Garbo soube encarná-la, isto é, trazê-la à nossa presença. Aparece como uma figura majestosa, muito senhora de si. Imagino-a dessa forma, tal e qual. Greta tornou o filme ainda mais interessante, graças à expressividade e aos trejeitos a que sempre nos acostumou. Duas mulheres de fibra, que Rouben Mamoulian logrou fundir. O filme é muito bom, atendendo à época. Do ponto de vista histórico-biográfico, é um tanto ou quanto incongruente. Merece as cinco estrelas, apesar de tudo.
O Que Aconteceu na Rua 23, Nova Iorque
3.5 13Remete, inevitavelmente, para o filme do Billy Wilder. É uma versão mais clássica, por assim dizer. Atentemos, contudo, nas reacções. O constrangimento da senhora, no momento em que saia enfuna. A expressão do homem que a acompanha, também caricata. É um prato cheio para os historiadores (e para os que se interessam pelo passado, em última análise). Poder-se-ia, também, analisar a indumentária (ou modo como as pessoas flanavam, que até se assemelha ao dos dias de hoje). Temos, ainda, uma ideia de decoro, que já se tornou obsoleta ou ultrapassada. Um registo muito importante, sob os mais diversos prismas.
Clamor do Sexo
4.2 92 Assista AgoraAtribuir-lhe-ia dez estrelas, se isso fosse possível.
Um Grito de Terror
2.9 8Só o avalio por causa da Bette Davis. O filme é péssimo, per se. Além disso, faz-me lembrar o «Psycho» (parece-me que o Gordon Hessler bebeu dessa fonte, para não afirmar categoricamente que cometeu plagio).
Au bonheur des dames
4.0 1Gostaria mesmo de o ver. Nem sequer consigo fazer download. Algum site onde o possa visualizar? Agradecia que facultassem qualquer tipo de informação. Os meus cumprimentos, desde já.
Clara Bow: Discovering the It Girl
4.2 2Um documentário interessante, que instruí e ainda divulga imagens inéditas ! Para além de ser uma grande actriz, a nossa Clara Bow conseguiu quebrar algumas barreiras (que, na altura, pareciam absolutamente intransitáveis).
A actriz sofria de alguns distúrbios, tal como os seus progenitores. Advoga-se, no próprio documentário, que a mãe atentou conta a integridade física de Clara, recorrendo a um objecto cortante. Na infância, refugiava-se nas salas de cinema, para esquecer os problemas. Graças a essa paixão, conseguiu captar as expressões e os maneirismos dos grandes actores, partindo, desde logo, em busca de uma vida melhor. Encontrou-a, ao que consta, noutro Estado (até se estabelecer em Hollywood, onde foi muito bem recebida)