Uma série irretocável. As referências são todas muito bem costuradas e o final é épico. O que mais me perturba no entanto é perceber que mesmo diante de um retrato tão escandaloso da burguesia, o público já domesticado se atém pouco às questões políticas que a série suscita e não se abala com o absurdo da nossa realidade esfregado na cara. E é por isso que os Ushers da vida real permitem que mesmo uma série com elementos tão radicais seja financiada.
Uma das melhores séries brasileiras. Acho todos os personagens ao mesmo tempo detestáveis (exceto a Mila, é claro) e humanizados. Show de atuações, trilha sonora. Embora com algumas inverossimilhanças (realmente, os dois maridos podiam ter uma profissão um pouco mais condizente com a realidade social), de resto mostra bem a realidade da classe média emergente da Barra.
A atmosfera me lembrou muito Repulsion e Pearl. O vazio interior da personagem permeia toda a série, através um trabalho muito cuidadoso de direção que estabelece bem esse tom e a atuação inexpressiva da protagonista.
Uma belíssima alegoria das cadeias de sofrimento em que nos enredamos, bem como da misericórdia que por detrás delas nos espreita.
A escalada do conflito é linda, com seu início cômico, até seu clímax absolutamente caótico e trágico. Me lembrou muito os filmes dos irmãos Coen. E o final me marcou e emocionou profundamente. Mais uma vez, a A24 divulgando obras de primeiríssima qualidade.
Comecei BoJack, esperando só mais uma animação cínica e sarcástica, e terminei chorando, lamentando e torcendo pelo destino de todos esses personagens, complexos, ambíguos, absolutamente frágeis.
Apreciei as primeiras 5 temporadas por sua quebra de expectativa constante, ao satirizar clichês narrativos onde todo conflito se resolve com uma mensagem positiva (que aqui jamais é oferecida, nos deixando tanto com uma satisfação amarga diante de sua originalidade quanto com um conforto de quem se reconhece nesses animais demasiado humanos).
Porém, esta última temporada consegue quebrar as expectativas até mesmo desse recurso de quebra de expectativa já consolidado até aqui. Todas as questões espinhosas tratadas, nas temporadas anteriores, com certa ironia azeda e blasé que as atenua, embora já com sua dose crítica, são nesta última temporada entregues com o realismo mais duro. À medida que BoJack desperta e se confronta com todas as suas sombras, vendo seus mecanismos de justificativa serem derrubados, um a um, eu sinto a dor intensamente em mim, como quem esteve até então vendo as mazelas humanas retratadas somente através de um filtro de humor negro. O drama vem como uma avalanche finalmente neste final que não deixa uma ponta solta, nem oferece falsas saídas para a dor. Mas nos deixa com um coração reconfortado que se reconhece na mesma fragilidade, ambiguidade e persistência inabalável de BoJack, Caroline, Diane, Todd e Mr. Peanutbutter.
Vou ignorar que, politicamente, a série se acovardou totalmente ao concentrar todo o mal do mundo na figura de uma pessoa excêntrica, alienando o espectador sobre todas as interconexões da elite com o sistema bancário, os governos, a imprensa, etc (logo não dando resposta nenhuma aos conflitos políticos que dominaram a série por 3 temporadas).
Feita essa ressalva, o o drama psicológico é algo de primeiro nível. O plot twist é sensacional, e fecha um grande arco de desenvolvimento de personagem de forma maestral. Não tem como não se emocionar com a saga do protagonista na busca da integração da personalidade. Terei muita saudade de Elliott, Darlene, Angela, e, no fundo, todos os personagens, que são igualmente muito bem elaborados. E o Sam Esmail teve realmente uma visão cinematográfica muito ampla, tornando esta muito mais do que só uma série. Todas as misturas de linguagem, gêneros, a metalinguagem no fim, foi realmente visionário.
É bem interessante a crescente complexidade da trama, com todos os personagens ganhando nuances que vão além do bem e do mal e das expectativas iniciais, transcendendo o esquema dos grupos a que pertencem na conspiração.
A série é basicamente uma mistura de Clube da Luta com V de Vingança. Mas alguns dos recursos tomados de empréstimo, como o narrador não confiável, são aprofundados e explorados com originalidade, deixando o espectador em desnorteio total e constante. A conspiração se torna cada vez mais complexa e misteriosa, com o crescimento exponencial de agentes envolvidos, entregando muito mais do que a primeira temporada prometia.
A melhor temporada junto com Asylum. Uma mistura de linguagens muito interessante, satirizando documentários sensacionalistas à la Discovery. A duplicidade dos personagens (atores em conflito com as figuras retratadas) e as diferentes camadas metalinguísticas tornam tudo ainda mais tenso. E foi a temporada que mais levou o horror a sério, sem praticamente nenhum alívio cômico trash. Uma trama macabra do início ao fim, repleta de excelentes jumpscares, tensão e gore. Desnecessário falar da genialidade de Kathy Bates mais uma vez aqui presente, com todos os recursos que podia para demonstrar seu talento.
Embora contenha um dos melhores episódios de toda a série, o do monólogo do funeral, foi a temporada de que menos gostei. Talvez por achar a Gina uma das personagens menos interessantes de toda a série.
Uma das melhores temporadas, principalmente pela relação que se constrói entre o BoJack e a Hollyhock. O episódio 11 me fez chorar. E foi o fim de temporada que mais acalentou meu coração.
Quem diria que o casamento de dois narcisistas resultaria na temporada mais depressiva da série. Conseguiu me deixar realmente mal. Grande sátira do subúrbio americano. Sherry é uma personagem deliciosamente insuportável.
Sei que a série tem seus problemas, mas meu coração escolheu amá-la. Achei o final sensacional. Acho incrível o insight que a narração em primeira pessoa dá da percepção narcisista, com todas suas autojustificações.
Uma mistura de Dark, Lost, Black Mirror, Matrix e Oxigênio na forma de uma bela alegoria do inconsciente.
Me apeguei a todos os personagens e tramas paralelas. E a atriz que faz a protagonista é linda e talentosíssima, uma mistura de Nicole Kidman com Amy Adams. Espero que deem um jeito de fazer a segunda e a terceira temporadas.
Harry vingou Diana. Fica muito claro como ele projeta a mãe na Meghan ao tentar salvá-la. Não dá pra ter certeza de nada, mas eu sei que ele realmente ama sua família. Um grande homem.
O caso é muito interessante mas achei que os três primeiros episódios não foram conduzidos de forma tão interessante. Meu interesse acendeu mesmo só da passagem do terceiro para o quarto episódio, que aí é realmente sensacional.
A Queda da Casa de Usher
4.0 287 Assista AgoraUma série irretocável. As referências são todas muito bem costuradas e o final é épico. O que mais me perturba no entanto é perceber que mesmo diante de um retrato tão escandaloso da burguesia, o público já domesticado se atém pouco às questões políticas que a série suscita e não se abala com o absurdo da nossa realidade esfregado na cara. E é por isso que os Ushers da vida real permitem que mesmo uma série com elementos tão radicais seja financiada.
Os Outros (1ª Temporada)
4.0 254Uma das melhores séries brasileiras. Acho todos os personagens ao mesmo tempo detestáveis (exceto a Mila, é claro) e humanizados. Show de atuações, trilha sonora. Embora com algumas inverossimilhanças (realmente, os dois maridos podiam ter uma profissão um pouco mais condizente com a realidade social), de resto mostra bem a realidade da classe média emergente da Barra.
Enxame
3.8 95 Assista AgoraA atmosfera me lembrou muito Repulsion e Pearl. O vazio interior da personagem permeia toda a série, através um trabalho muito cuidadoso de direção que estabelece bem esse tom e a atuação inexpressiva da protagonista.
Flordelis: Em Nome da Mãe
3.5 41E o Oscar de melhor atriz vai para...
Treta
4.1 310 Assista AgoraUma belíssima alegoria das cadeias de sofrimento em que nos enredamos, bem como da misericórdia que por detrás delas nos espreita.
A escalada do conflito é linda, com seu início cômico, até seu clímax absolutamente caótico e trágico. Me lembrou muito os filmes dos irmãos Coen. E o final me marcou e emocionou profundamente. Mais uma vez, a A24 divulgando obras de primeiríssima qualidade.
BoJack Horseman (6ª Temporada)
4.6 296 Assista AgoraComecei BoJack, esperando só mais uma animação cínica e sarcástica, e terminei chorando, lamentando e torcendo pelo destino de todos esses personagens, complexos, ambíguos, absolutamente frágeis.
Apreciei as primeiras 5 temporadas por sua quebra de expectativa constante, ao satirizar clichês narrativos onde todo conflito se resolve com uma mensagem positiva (que aqui jamais é oferecida, nos deixando tanto com uma satisfação amarga diante de sua originalidade quanto com um conforto de quem se reconhece nesses animais demasiado humanos).
Porém, esta última temporada consegue quebrar as expectativas até mesmo desse recurso de quebra de expectativa já consolidado até aqui. Todas as questões espinhosas tratadas, nas temporadas anteriores, com certa ironia azeda e blasé que as atenua, embora já com sua dose crítica, são nesta última temporada entregues com o realismo mais duro. À medida que BoJack desperta e se confronta com todas as suas sombras, vendo seus mecanismos de justificativa serem derrubados, um a um, eu sinto a dor intensamente em mim, como quem esteve até então vendo as mazelas humanas retratadas somente através de um filtro de humor negro. O drama vem como uma avalanche finalmente neste final que não deixa uma ponta solta, nem oferece falsas saídas para a dor. Mas nos deixa com um coração reconfortado que se reconhece na mesma fragilidade, ambiguidade e persistência inabalável de BoJack, Caroline, Diane, Todd e Mr. Peanutbutter.
Mr. Robot (4ª Temporada)
4.6 370Vou ignorar que, politicamente, a série se acovardou totalmente ao concentrar todo o mal do mundo na figura de uma pessoa excêntrica, alienando o espectador sobre todas as interconexões da elite com o sistema bancário, os governos, a imprensa, etc (logo não dando resposta nenhuma aos conflitos políticos que dominaram a série por 3 temporadas).
Feita essa ressalva, o o drama psicológico é algo de primeiro nível. O plot twist é sensacional, e fecha um grande arco de desenvolvimento de personagem de forma maestral. Não tem como não se emocionar com a saga do protagonista na busca da integração da personalidade. Terei muita saudade de Elliott, Darlene, Angela, e, no fundo, todos os personagens, que são igualmente muito bem elaborados. E o Sam Esmail teve realmente uma visão cinematográfica muito ampla, tornando esta muito mais do que só uma série. Todas as misturas de linguagem, gêneros, a metalinguagem no fim, foi realmente visionário.
Mr. Robot (3ª Temporada)
4.5 256É bem interessante a crescente complexidade da trama, com todos os personagens ganhando nuances que vão além do bem e do mal e das expectativas iniciais, transcendendo o esquema dos grupos a que pertencem na conspiração.
Mr. Robot (2ª Temporada)
4.4 518A série é basicamente uma mistura de Clube da Luta com V de Vingança. Mas alguns dos recursos tomados de empréstimo, como o narrador não confiável, são aprofundados e explorados com originalidade, deixando o espectador em desnorteio total e constante. A conspiração se torna cada vez mais complexa e misteriosa, com o crescimento exponencial de agentes envolvidos, entregando muito mais do que a primeira temporada prometia.
Você (4ª Temporada)
3.1 254 Assista AgoraAté que gostei do plot twist. Mas já tá mais que bom terminar logo na próxima temporada.
American Horror Story: Roanoke (6ª Temporada)
3.9 716 Assista AgoraA melhor temporada junto com Asylum. Uma mistura de linguagens muito interessante, satirizando documentários sensacionalistas à la Discovery. A duplicidade dos personagens (atores em conflito com as figuras retratadas) e as diferentes camadas metalinguísticas tornam tudo ainda mais tenso. E foi a temporada que mais levou o horror a sério, sem praticamente nenhum alívio cômico trash. Uma trama macabra do início ao fim, repleta de excelentes jumpscares, tensão e gore. Desnecessário falar da genialidade de Kathy Bates mais uma vez aqui presente, com todos os recursos que podia para demonstrar seu talento.
O Mundo por Philomena Cunk (1ª Temporada)
4.2 31 Assista AgoraRi tanto que deu até fadiga! Que atriz sensacional!
BoJack Horseman (5ª Temporada)
4.5 193 Assista AgoraEmbora contenha um dos melhores episódios de toda a série, o do monólogo do funeral, foi a temporada de que menos gostei. Talvez por achar a Gina uma das personagens menos interessantes de toda a série.
BoJack Horseman (4ª Temporada)
4.5 240 Assista AgoraUma das melhores temporadas, principalmente pela relação que se constrói entre o BoJack e a Hollyhock. O episódio 11 me fez chorar. E foi o fim de temporada que mais acalentou meu coração.
BoJack Horseman (3ª Temporada)
4.6 266 Assista AgoraA morte
da Sarah Lynn,
BoJack Horseman (2ª Temporada)
4.4 173Bem melhor que a primeira temporada. Teve episódios que me deixaram realmente mal, principalmente o do término.
Você (3ª Temporada)
3.5 361 Assista AgoraQuem diria que o casamento de dois narcisistas resultaria na temporada mais depressiva da série. Conseguiu me deixar realmente mal. Grande sátira do subúrbio americano. Sherry é uma personagem deliciosamente insuportável.
Você (2ª Temporada)
3.5 611 Assista AgoraSei que a série tem seus problemas, mas meu coração escolheu amá-la. Achei o final sensacional. Acho incrível o insight que a narração em primeira pessoa dá da percepção narcisista, com todas suas autojustificações.
1899 (1ª Temporada)
3.6 394 Assista AgoraEu adorei. O mote não é tão original (assim como o de Dark também não era), mas a roupagem dada ao tema é encantadora.
Uma mistura de Dark, Lost, Black Mirror, Matrix e Oxigênio na forma de uma bela alegoria do inconsciente.
Harry & Meghan
3.6 33 Assista AgoraHarry vingou Diana. Fica muito claro como ele projeta a mãe na Meghan ao tentar salvá-la. Não dá pra ter certeza de nada, mas eu sei que ele realmente ama sua família. Um grande homem.
Bem-Vindos à Vizinhança
3.1 261 Assista AgoraEmbora não tenha solução no final...
A atmosfera paranoica é fantástica. Remeteu-me muito a Polanski e David Lynch.
Rezar e Obedecer (1ª Temporada)
4.0 67O caso é muito interessante mas achei que os três primeiros episódios não foram conduzidos de forma tão interessante. Meu interesse acendeu mesmo só da passagem do terceiro para o quarto episódio, que aí é realmente sensacional.
The Crown (4ª Temporada)
4.5 246 Assista AgoraAs presenças singulares de Diana e Thatcher roubam toda a cena no seriado, como o fizeram na vida real. De repente, parece até outra série.
The Crown (2ª Temporada)
4.5 254 Assista AgoraO episódio com a Jackie Kennedy é sensacional.